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https://novaescola.org.br/conteudo/450/mediador-
escola
Formação
Orientador Educacional:
o mediador da escola
Elo entre educadores, pais e estudantes, esse profissional
atua para administrar diferentes pontos de vista
Daniela Almeida
Para ter sucesso, precisa construir uma relação de confiança que permita
administrar os diferentes pontos de vista, ter a habilidade de negociar e
prever ações. Do contrário, passa a se dedicar aos incêndios diários. "Garantir
a integração dos atores educacionais e avaliar o processo evita a dispersão",
explica Sônia Aidar, titular do posto na Escola Projeto Vida, em São Paulo.
É também seu papel manter reuniões semanais com as classes para mapear
problemas, dar suporte a crianças com questões de relacionamento e
estabelecer uma parceria com as famílias, quando há a desconfiança de que a
dificuldade esteja em casa. "Antes, o cargo tinha mais um enfoque clínico. A
rotina era ser o responsável por encaminhar alunos a especialistas, como
médicos, fonoaudiólogos etc.", explica Sônia.
Maria Eugênia de Toledo, da Escola Projeto Vida, fala sobre como é lidar
diretamente com crianças e jovens. O relato de Lidnei Ventura, da EBM
Brigadeiro Eduardo Gomes, em Florianópolis, é um bom exemplo da rotina
de quem trabalha lado a lado com os professores. E Suzana Moreira Pacheco,
titular do posto na EMEF Professor Gilberto Jorge Gonçalves da Silva, em
Porto Alegre, conta como é ser o elo com a comunidade.
Recentemente, precisei sentar e conversar com um aluno que fez uma coisa
errada. Os professores reclamavam que ele dava trabalho e provocava os
colegas. Em nossa conversa, ele chorou muito e desabafou: ninguém
enxergava suas qualidades. Eu disse: 'Você tem de mostrar seu lado bom. É
sua meta. Combinado?' Ele respondeu que sim. Estávamos de acordo. Uma
semana depois, a escola promoveu um passeio à exposição Diálogos no
Escuro (ambiente em que se simula o cotidiano dos deficientes visuais) , na
cidade de Campinas, a 98 quilômetros de São Paulo. Esse estudante foi. Para
minha surpresa, quando estávamos no escuro para conversar com os guias
cegos, ele fez as melhores perguntas. Queria saber se os guias eram vaidosos,
como era o dia-a-dia deles etc. No fim do programa, um deles perguntou o
nome do aluno e disse: 'Eu enxergo muitas coisas boas em você'. A reação do
estudante foi incrível. Ele me disse, comovido: 'Puxa, o cara não enxerga, mas
viu minhas qualidades'. Essas situações trazem um efeito positivo para toda a
vida da pessoa.
Para fazer parte do convívio dos estudantes, chego meia hora antes do início
das aulas, às 7 da manhã. Acho que o orientador não pode atuar só em
classe, por isso acompanho a circulação no pátio, nos intervalos e nas
atividades de grupo fora de sala. Estou sempre circulando entre eles.
Além disso, temos um encontro semanal com cada uma das turmas. Funciona
como se fosse uma aula dentro da grade curricular, mas tem uma
especificidade de temas. Por exemplo, do 6º ao 9º, eles passam pelo Projeto
Vida e Saúde, no qual discutimos questões como alimentação, drogas,
sexualidade, mídia e relação com o corpo.
O resultado foi incrível. Pouco a pouco, o aluno foi voltando à escola. Se não
fossem os educadores atuantes, fazendo essa ponte com a orientação,
perderíamos o jovem. E ele ficaria atrasado nos estudos.
Outra questão é que acredito ser fundamental o contato dos professores com
os pais. Nossa unidade não é uma ilha. É preciso discutir em conjunto o
desenvolvimento das crianças. Com esse objetivo, programamos alguns
eventos de interação - previstos para esse ano. Queremos chamá-los para
alguns ciclos de palestras sobre as problemáticas da adolescência. É o nosso
desafio em 2009: desenvolver projetos que tragam a comunidade para
dentro do espaço da unidade de ensino de forma planejada e produtiva."
"A EMEF Professor Gilberto Jorge Gonçalves da Silva, em Porto Alegre, foi uma
conquista da comunidade do Morro Alto - que se mobilizou pela construção
da escola junto à prefeitura. Por isso, o entorno está muito presente em
nosso dia-a-dia. Tudo isso representa uma satisfação para mim, Suzana
Moreira Pacheco, orientadora da unidade.
Em poucos dias, a aluna começou a faltar. Não pensei duas vezes: fui até a
casa da família buscá-la. Às vezes, chegava e eles me diziam: 'Ela se atrasou
hoje...' Eu respondia que não tinha importância. Esperava que eles a
aprontassem e levava a menina para a aula, mesmo atrasada. Cansei de ir
buscar essa aluna em sua residência.
Depois, o problema virou o material escolar. Vira e mexe, ela chegava sem
nada para anotar. O fato é que todas as pessoas da família utilizavam o
caderno. Ela, com 7 anos, não conseguia se organizar naquele espaço.
Cheguei a sugerir que ela guardasse as coisas em uma caixa. Aos poucos,
consegui pontuar com a família a importância de cuidar do material.
CONTATOS
EBM Brigadeiro Eduardo Gomes, Av. Pequeno Príncipe, 2939, 88063-
100, Florianópolis, SC, tel. (48) 3237-4780
EMEF Professor Gilberto Jorge Gonçalves da Silva, R. Morro Alto, 433,
91751-650, Porto Alegre, RS, tel. (51) 3246-4603
Escola Projeto Vida, R. Waldemar Martins, 148, 02535-000, São Paulo, SP,
tel. (11) 2236-1425
Lugar de Vida, R. Miragaia, 174, 05511-020, São Paulo, SP, tel. (11) 3097-
9365
BIBLIOGRAFIA
Orientação Educacional e Intervenção Psicopedagógica, Isabel Solé,
260 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 49 reais