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Às vezes não é o amor que acaba, e sim a paciência

Às vezes não é o amor que acaba, e sim a paciência, essa que dizem que é santa, porque resiste a ventos e marés e
sempre acaba dando mais do que deveria. Agora, como não oferecer tudo por essa pessoa com quem você construiu
um vínculo afectivo e vital e, inclusive, um projecto de vida? Fica claro que está justificado ceder tantas vezes mais
do que deveria, que se exerça o perdão hoje, amanhã e depois de amanhã, e que se espere um pouco mais com a
esperança de que as coisas melhorem… Às vezes, a realidade acaba caindo pelo seu próprio peso para nos abrir os
olhos. O nosso coração não pode apagar da noite para o dia o que sente, mas quando se perde a paciência, todas as
vendas que cegavam começam a cair uma trás outra. Há quem diga que a paciência é uma virtude, mas está
claro que esta dimensão não pode ser aplicada a todos os âmbitos, e que além disso, deve ter certos limites.
Você não pode passar uma vida inteira sendo paciente, vendo os seus direitos ficarem vulneráveis, sendo que
você precisa de reciprocidade, cuidado, afecto e reconhecimento.

O amor requer compromisso, vontade e paciência… mas até certo ponto. A paciência no amor não é a mesma coisa
que passividade. Assim como dissemos anteriormente, é comum definir o conceito de paciência como uma virtude.
É a faculdade que as pessoas tem de postergar determinadas coisas que nos trazem satisfação, porque pensamos que
essa espera, a longo prazo, trará coisas melhores. Também se define a paciência como uma habilidade: a que temos
para tolerar situações desfavoráveis frente às quais podemos ou não ter o controle. Agora, quando se fala de amor, é
necessário manter o leme da nossa própria realidade. Há quem se justifique usando essa palavra como uma
dimensão que há que se assumir. As coisas estão mal, mas o que se pode fazer? É preciso ter paciência. “O que eu
posso fazer se ele é assim? Não posso mudá-lo, portanto é melhor ter paciência”…

É preciso não confundir paciência com passividade Na verdade aí está a chave autêntica. Podemos ser pacientes,
podemos fazer da paciência a nossa melhor virtude porque ela nos ajuda a analisar melhor a situação, a saber
observar, a sermos reflexivos. Contudo, todo esse processo interior deve nos permitir ver a realidade autêntica. Uma
pessoa paciente não tem motivo para ser passiva. A pessoa passiva faz da tolerância a sua forma de vida, permitindo
abuso até experimentar na própria pele como a sua integridade fica vulnerável. E isso é algo que não se deve
permitir jamais.

Os benefícios de ser paciente mas não passivo

Na hora de estabelecer um relacionamento afectivo, a paciência é um pilar no dia a dia que devemos reconhecer. É
claro que você não precisa gostar de cada aspecto, comportamento ou costume do seu companheiro, mas nem por
isso você vai agir de forma impulsiva jogando o fato na cara e terminando o relacionamento. Somos pacientes,
respeitamos e toleramos porque amamos. Porque também sabemos que em todo casal existe um tempo para que as

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coisas se amorteçam, para que tudo se encaixe e por sua vez, compreendamos as necessidades de cada um. A
paciência deve ser mútua e levada a cabo quase como um exercício. Eu sou paciente contigo porque te respeito e
gosto de você, porque te reconheço como pessoa, e sei que amar não é só gostar das coincidências, e sim
respeitar também as diferenças. Agora, a paciência requer por sua vez clareza emocional. É preciso saber onde
estão os limites e compreender em que momento estamos ficando vulneráveis como pessoas. Como membros de
um relacionamento afectivo. Não é preciso ser passivo frente às exigências carregadas de egoísmos, frente à posição
de se priorizar antes do outro. Não se deve fechar os olhos às carências, nem ser impassível à dor emocional que os
vazios provocam, os desprezos ou os maus tratos sutis exercidos através de palavras envenenadas. É aqui onde a
paciência deve cair, puxar o seu véu para ver a verdade. Quando a paciência termina… O que fazer? Quando a
paciência acaba, chega a decepção porque já somos conscientes da nossa realidade em todas as suas nuances. Em
todos os seus contrastes.

Agora, isto não significa que se deva terminar na hora esse relacionamento obrigatoriamente, se ainda se está
amando a outra pessoa. É momento de falar, de colocar às claras qual é a situação e dizer o que você sente e o que
você precisa. Não se trata de evadir o problema. Se esse compromisso lhe interessa, você dará tudo que for possível
para mantê-lo. Agora, para que um relacionamento prospere ou cure essas carências que machucam, o esforço deve
ser mútuo. Na hora em que um oferece mais e o outro só apresenta as suas desculpas, a paciência se perde
completamente, e com ela, a decepção se transforma em um abismo. A paciência não é a capacidade de esperar, e
sim a habilidade de compreender que merecemos coisas melhores.

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Chegamos a um momento em que não sabemos o que somos. Sabemos que não somos modernos, pois a razão não é
tão poderosa quanto outrora, mas também, ainda não sabemos em que estágio estamos. Assim, a contemporaneidade
é chamada de pós-moderna, ou como prefere o sociólogo Polonês Zygmunt Bauman – Modernidade Líquida. Nesse
universo, tudo é fluído e muda com extrema rapidez, não há espaço para coisas sólidas, já que em tempos líquidos,
tudo que é sólido desmancha no ar. Dessa maneira, o amor também assume uma nova face diante de todas essas
mudanças, assumindo uma forma líquida. Como dito, o mundo pós-moderno é marcado pela extrema fluidez e
velocidade que as relações possuem, de tal modo que a facilidade em desconectar é o principal elemento das
relações. Uma relação que nos prende e finca raízes e que, por conseguinte, não permite desconectar com tanta
facilidade é um fardo que o homem contemporâneo parece não querer carregar. Assim, como se estivessem numa
grande feira, os indivíduos compram, trocam e vendem relacionamentos. Tudo isso graças a facilidade de
desconectar. Acreditam que com as suas inúmeras experiências, tornam-se experts no amor. Entretanto, o que
adquirem é apenas a: “Habilidade de terminar rapidamente e começar do início.” Ou seja, os muitos
relacionamentos não significam necessariamente mais amor. A rapidez com que se troca de parceiros e se

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descarta os relacionamentos não permite conhecer o outro a ponto se relacionar verdadeiramente. Em verdade
essa fluidez chega a ser um contrassenso a ideia de relacionamento, uma vez que relacionar-se significa levar
consigo, e portar alguém está fora do cardápio pós-moderno. “É tentador afirmar que o efeito dessa aparente
aquisição de habilidades tende a ser, como no caso de Don Giovanni, o desaparecimento do amor – uma exercitada
incapacidade para amar.” Estamos presos ao nosso próprio eu, o que se tornou ainda mais viável com o
desenvolvimento dos aparelhos tecnológicos e a internet. Não queremos nos dar o trabalho de investir numa
relação, tudo é uma questão de custo benefício. Os relacionamentos transformaram-se em meras
mercadorias, de forma que o que se busca é sempre lucrar com o produto final.

Não há tempo para a sêmea dura, a qual além de levar tempo é desgastante. Queremos somente usufruir o
produto acabado, e quando este já não nos serve, trocamos por outro, afinal, essa é a lógica do mercado, e o
amor nesse contexto, também se encontra na vitrine. “E assim é numa cultura consumista como a nossa que
favorece o produto pronto para o uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não
exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução de dinheiro.” Os
relacionamentos, assim, são vistos como investimentos comerciais. Não há tempo a perder, é preciso estar
atento ao mercado, pois, quando este acenar com possibilidades melhores, tenho que estar pronto para me
desfazer dos relacionamentos que possuo e usufruir de outros melhores.

“Para o parceiro, você é a acção a ser vendida ou o prejuízo a ser eliminado – e ninguém consulta as acções antes de
devolvê-las ao mercado, nem os prejuízos antes de cortá-los.” O amor líquido é a transformação dos homens em
mercadorias, é a solidão de uma sociedade individualista que busca relacionar-se, mas sem se envolver, como
se as pessoas fossem descartáveis. A insegurança impede que raízes sejam fincadas, que o produto acabado
transforme-se em produto construído, que alguém esteja dentro de mim. No máximo o que são permitidos são os
“relacionamentos de bolso”, os quais você guarda no bolso de modo a poder lançar mãos deles quando for preciso.
Amar significa perder tempo, ter dor de cabeça, estar pronto a arriscar, pois nada é um produto acabado,
mas antes uma construção perene. É impossível saber se está certo ou errado, pois ainda não se chegou ao fim do
caminho. E amar é investir na sêmea dura, mesmo antes de saber se os frutos nascerão. É preciso esforça-se
numa relação, estar pronto em alguns momentos a abdicar do seu eu, colocar-se no lugar do outro, o que em:
“Uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar será sempre, necessariamente, uma
rara conquista.” Vivemos numa sociedade hedonista, em que tudo que retarda a satisfação é visto de forma
inadequada, e o amor, o qual precisa de tempo, encontra-se nessa inadequação.

Dessa forma, os relacionamentos de bolso escondem a insegurança e o medo das pessoas se envolverem, assim
como a incapacidade de saírem da zona de conforto e perder tempo com algo. Queremos um amor que nos satisfaça
e que por algum momento nos afaste a solidão, mas não queremos ter o trabalho de nem por um momento ter um
peso que nos impeça de flutuar, afinal. O amor é feito pelos amantes a todo momento, é um ato criativo que apenas
no envolvimento dos amantes é capaz de se manifestar. É apenas para os corajosos, que não têm medo de se arriscar

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e que sabem que há mágicas que apenas o inesperado possui. Assim: “Não é ansiado por coisas prontas, completas e
concluídas que o amor encontra o seu significado, mas o estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é
afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de
uma criação nunca é certo.”

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Zélia Gattai, (1916-2008), escritora, fotógrafa, memorialista brasileira e também esposa do escritor Jorge Amado,
em uma entrevista, quando interrogada acerca do seu segredo por ter vivido um casamento duradouro, respondeu: “o
segredo para o casamento durar é simples. É nunca brigar por causa da toalha molhada em cima cama”.

É de singela sabedoria o conselho de Zélia. Ela nos ensina que o valor das coisas não se mede por meio dos
grandes acontecimentos, mas nos detalhes. Não nos aborrecermos com coisas sem importância alguma. Pedimos a
dez casais que mantêm um relacionamento duradouro e feliz para nos indicar quatro coisas responsáveis para que,
eles permanecessem juntos e felizes por tanto tempo e não nos surpreendemos quando as respostas foram
unanimes. (Grifamos “felizes”, pois há muitos que têm um casamento duradouro, mas isso não significa que seja
feliz). É preciso ressalvar que estas dicas somente funcionam com relacionamentos bilaterais. Ou seja, quando
ambos compreendem que o sucesso ou o fracasso de um relacionamento é dos dois e sendo assim, os dois
sempre estarão dispostos a fazerem concessões e se dedicarem para que dê certo.

Vamos a lista? Ela somente funciona necessariamente nesta ordem:


1 – 100% de respeito

É um clichê dizer que o respeito é a coisa mais importante em qualquer tipo de relacionamento. Não é possível
admirarmos uma pessoa sem antes respeitá-la. Logo não é possível amá-la e tampouco se dedicar às demais
coisas da lista. Portanto, sem a decisão mútua do casal em manter 100% do respeito um pelo outro, não há razão
para ler o restante das dicas. Pois sem o respeito nenhuma delas funcionará. Mas há casais que não se respeitam.
Fazem piadinhas sobre o outro em público sabendo de antemão que aquilo o deixará magoado. Há casais que se
“digladiam” na frente dos outros. Quem respeita o outro não entra em guerra em público porque quem respeita o
outro nunca entra em guerra. Há casais que se xingam, que mostram o dedo em riste e que falam mal um do outro
para os parentes, amigos e até para estranhos. Isso é desrespeitoso demais. Como é possível, por anos e anos, sentir
desejo sexual por uma pessoa que lhe mostra o dedo e o manda ‘se foder’? Como é possível sentir vontade de
abraçar e beijar uma pessoa que está sempre, sempre falando mal de você para os outros e consequentemente
fazendo os outros sentirem raiva de você?

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Nunca fale mal da pessoa que você se relaciona a ninguém. Porque amanhã vocês farão as pazes e a outra
pessoa vai continuar detestando-a. E quando você a defender para justificar o fato de tê-la perdoado, será em
vão. Você ficará como aquela pessoa que gosta de sofrer. Respeitar o outro é compreendê-lo acima de tudo como
um ser humano sujeito à falha, ódios, mentiras deliberadas, picuinhas passionais, imaturidades e intolerância.
Compreenda-o assim. Busque em cada momento em que essas atitudes se manifestarem a sabedoria do
silêncio e da boa vontade em compreendê-lo.

2 – 100% de confiança

A maioria de nós se espanta com esse 100% antes da palavra “confiança”. Mas quem disse que para ter um
relacionamento longo e feliz seria fácil? Quando você decide (e a palavra certa é mesmo “decide”) confiar 100% em
alguém, dá a ela a responsabilidade de ser 100% confiável. Ora, reflicta comigo sobre estas duas situações: O
cônjuge parte numa longa viagem sozinho e ao seu lado, no voo, está uma criatura atraente e disposta a seduzi-lo.
Suponhamos que ele seja o indivíduo que não tem 100% de confiança de sua parceira e assim pensará: “fazendo ou
não, ela vai dizer que eu fiz. Então, o que me impede de fazer?”. Mas se ele é o indivíduo que adquiriu 100% da
responsabilidade de ser confiável, pois recebe 100% de confiança, pensará: “Eu não faria isso com alguém que
confia 100% em mim”. Quando um casal decide confiar 100% no que outro diz, uma mágica extraordinária
acontece no relacionamento. O ciúme, a mentira, os segredos, as desculpas esfarrapadas… desaparecem. No
começo é bem difícil. Ligar para pessoa no meio da tarde e ela não atender ou estar com o celular desligado…
Mil coisas passam por sua cabeça. Mas se você a respeita saberá que ela teve um motivo relevante para agir
assim e quando ela chegar vai lhe dizer sem precisar ser questionado para isso. Acredite, 100% de confiança
funciona. Você se liberta. Você tem paz. Não vai questionar onde e com quem esteve. Não vai bisbilhotar as
roupas, o celular, o computador, etc. Talvez você diga que isso facilitará que a pessoa venha lhe trair com
muita tranquilidade.

Mas pergunto-lhe: você quer ter o controle da vida de uma pessoa por quê? Só para dizer que a você ninguém
engana? Só para dizer que você sabe que o outro está lhe ferindo e por isso merece revide? Que tipo de relação pode
sobreviver a isso? Do tipo entre tapas e beijos? Isso não é relação, isso não é amor. Isso é um pesadelo. Se o outro
trair, mentir e blá blá blá é problema dele. Sua mente estará em paz, você não sofrerá. Melhor confiar 100% e morrer
inocente do que ser ‘muito esperto’ e viver doente.

3 – 100% de aceitação da individualidade do outro

Se você respeita o seu cônjuge 100% e confia 100% nele, aceitar a sua individualidade será moleza. Porque você
também terá liberdade para viver a sua. “Semana que vem quero viajar com minha amiga”; “hoje eu quero ir ao
cinema sozinho”; “amanhã quero ficar o dia todo no quarto com meus livros e meus vinis…”. Que coisa linda é
amar o fato de o outro amar aquilo que não lhe dá a menor satisfação. “Eu amo você amar esses quadros que não me

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dizem coisa alguma e por isso vou sempre lhe presentear com um”. “Eu amo a pessoa que sai de seu momento de
prazer sem mim porque essa é a pessoa que eu respeito e confio 100%”. “Eu amo vê-la feliz independente de onde
tenha vindo essa felicidade”.

4 – 100% de cumplicidade

Chegamos no melhor de tudo. Na fonte de água fresca que nos recompensa pela deliberação das três outras dicas.
Quando há 100% de respeito, de confiança e de aceitação da individualidade do outro serem cúmplices em tudo é
uma delícia. Nas alegrias, nas travessuras, nas artimanhas e até nas mentirinhas bobas ditas aos outros. Um
relacionamento duradouro e feliz é uma casa erguida sobre estes 4 pilares e sem eles não é possível levar uma vida a
dois harmoniosa. As quatro dicas (pilares) precisam estar fortalecidas com a “decisão” de cada membro do
relacionamento em assim fazer com desapego e liberdade. Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de
levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que eu queria
dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se
dar aos outros e às circunstâncias. Pretendia apenas lhe contar o meu novo carácter, ou falta de carácter. Os últimos
quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse
pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? Assim fiquei eu… em que pese a dura
comparação… Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar
meus grilhões – cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também minha
força. Espero que você nunca me veja assim resignada, porque é quase repugnante. Uma amiga, um dia desses,
encheu-se de coragem, como ela disse, e me perguntou: você era muito diferente, não era? Ela disse que me achava
ardente e vibrante, e que quando me encontrou agora se disse: ou essa calma excessiva é uma atitude ou então ela
mudou tanto que parece quase irreconhecível. Uma outra pessoa disse que eu me movo com lassidão de mulher de
cinquenta anos. O que pode acontecer com uma pessoa que fez pacto de boa vontade com todos e que se esqueceu
de que o seu nó vital deve ser respeitado? Ouça: respeite a você mais do que aos outros, respeite suas exigências,
respeite mesmo o que é ruim em você – respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você – pelo
amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita – não copie uma pessoa ideal, copie você mesma
– é esse o único meio de viver.

Clarice Lispector, in “Carta a Tânia [irmã de Clarice] (1947)”.

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Nem tudo é fácil

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.


É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas…
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se alguém errou com você, perdoa-o…
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga…
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça…
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o…
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida…Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos, realidade!

Texto atribuído a Cecília Meireles, mas não podemos precisar.


Encontramos o texto publicado em dois livros: O Narrador, Uma Experiência De Vida – Por Jobert Aparecido
Pereira; Fragmentos Da Valiosa Palavra – Por Ely Damasceno.

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Não quero o primeiro beijo:


basta-me
O instante antes do beijo.

Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão do sismo.

O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.

Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser boca.

Mia Couto, in ‘Tradutor de Chuvas’

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Quem Te Ama De Verdade Nunca Vai Te Prender, Sempre Te
Ajudará A Voar

Quando falamos de amor e amizade pensamos estar pactuado que, entre as pessoas envolvidas, existe um acordo de
que trabalharão em prol do outro com a intenção plena de ajudá-lo a voar ou em servir de apoio para ele alcançar os
seus sonhos. E, em caso de não tê-los, procurar juntos no sentido de que o outro se apaixone de tal forma com a vida
que lhe seja inevitável sonhar. Esta é uma prova de bons sentimentos.

Muitas vezes encontramos o amor e a amizade em pessoas que nos impedem de voar e ainda querem cortar
nossas asas. Este tipo de pessoas diz que não somos capazes de voar sozinhos. Daí, simplesmente, aprisiona nossa
vontade para que sejamos impedidos.

De um modo geral este amor ou amizade é uma cobertura ou um disfarce da insegurança, do medo e do
ciúme de ver o outro crescer. Quem diz que ama com pensamento egoísta esconde o temor que o faz pensar que, se
permitir que voemos alto, estará nos afastando para sempre do seu convívio. Por essas causas se sente mais seguro
quando nossos sonhos estão presos, sob o controle dele. Com isso sente-se mais tranquilo, confortável. A tal ponto
que o leva a pensar assim: “Se não pode voar por causa dos seus medos, desejará ter copiloto para sua vida. Por
isso vou ajudá-lo a alcançar o que quer, a chegar aonde sempre queria estar, mas será por minha causa que vai
conseguir”. É uma forma de maquiar o que está na alma. Impor limites a quem amamos para nos fazer sentir
melhor é uma das atitudes mais egoístas que podemos ter. Amar alguém é justamente agir de forma diferente.
É impulsioná-lo a voar cada vez mais alto. Precisas saber que o voo de quem ama é voo com “efeito
bumerangue”; vai, mas volta. Mas que isso não seja motivo de frustração, de medo, e do desejo de que a
vontade do outro vai passar.

E, muito menos, que esta forma de agir não seja movida pela inveja, pois este é um jeito de quem te prende e
não te ama. Por isso dê à outra pessoa boas condições para ela voar. Na aviação há um dizer muito
interessante: O melhor dia para voar é quando tem “céu de brigadeiro”: A expressão significa um céu sem nuvens
ou um céu limpo; brigadeiro porque na aeronáutica convencionou-se de que o comandante – brigadeiro do ar – só
viaja com o céu nestas condições.

Muitas vezes, apenas pela necessidade de controlar, de sentir que somente ele tem poder para voar, o outro limita e
sabota a nossa chance, talvez a única que tivemos na vida. Ocorre com frequência que, diante da falta de
objetivos na vida, a outra pessoa deseja, simplesmente, destruir os nossos desejos e permanecer em sua zona
de conforto.

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A capacidade de sabotar a vida de alguém que deseja se superar pode tomar rumos imprevisíveis. Primeiro aquele
outro diz que não temos capacidade necessária para voar, que é muito cedo, que somos jovens ou muito velhos para
fazer alguma coisa. Noutras vezes diz que a oportunidade já passou, que as coisas mudaram para pior, que vamos
nos sacrificar para conseguir algo sem valor. Enfim, vai usa milhões de argumentos para desmotivar quem já
assumiu suas asas e está consciente de que elas podem voar.

Por causa desses motivos rodeia-te somente de pessoas que te aprovem, que te impulsionem e te motivem. Rodeia-te
de quem te ama, respeita a tua vontade de voar, de brilhar como as estrelas, por tua própria luz.

Publicado originalmente em Rincón del Tibet – Tradução livre de Doracino Naves especial para o Portal Raízes

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Se precisa forçar, é porque não é o seu tamanho (anéis, sapatos,


relacionamentos…)

Se precisa forçar, é porque não é o seu tamanho. Esta afirmação é válida para qualquer elemento que de
alguma forma tenha que encaixar com você, sejam peças de vestimenta ou relacionamentos, amizades, etc.
Imagino que a grande maioria dos leitores se identificarão com essa situação na qual você vê uma peça de roupa que
gosta, entra para perguntar e respondem que o seu tamanho está esgotado. Então você pede um tamanho maior ou
menor, para ver se dá sorte.

Muitas vezes nos empenhamos para que uma determinada coisa se encaixe a nós e não percebemos que, na
verdade, está nos machucando. A inércia, as mensagens prejudiciais que a sociedade nos envia, as expectativas, as
oportunidades… Tudo isso, traduzido em um relacionamento disfuncional, só pode ter um resultado: a dor. O que
origina isto é a falta de amor. Mas não qualquer tipo de amor, e sim o amor próprio especificamente. É um
verdadeiro triunfo abrir os olhos para perceber que os bons sentimentos nunca se acompanham de
submissão.

O amor não deve ser mendigado, nem implorado.

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Se a pessoa não gostar de você, se empenhar para que goste é um suicídio emocional garantido. Não se pode
esperar que aconteça um milagre e que o amor apareça. Muito menos podemos manter essas expectativas às
custas da nossa saúde emocional e da nossa liberdade.

Nisto, a educação que recebemos tem muita culpa. Por exemplo, estamos cansados de filmes que fomentam a
dependência e que atribuem a qualquer relacionamento a capacidade de superar qualquer tipo de obstáculo. Isto não
funciona assim. Um relacionamento que aperta e dói está impedindo você de crescer e está oprimindo a sua
capacidade de respirar livremente. É quase tão simples como se estivermos nos afogando, é preciso sair da
água. Agora, sair de um relacionamento tortuoso normalmente não é fácil e dá muito medo…

Cicatrizar as feridas que foram geradas tentando forçar o relacionamento

Existe uma realidade muito bonita com relação as pérolas que nos ajuda a ilustrar como podemos curar as feridas
que surgiram de um relacionamento amoroso ou de uma amizade forçada. Vejamos como é isto… A primeira coisa a
saber é que uma ostra que não foi ferida de alguma forma não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
As pérolas são produto da dor, resultado da entrada de uma substância estranha ou indesejada no interior da ostra,
como um parasita ou um grão de areia. Na parte interna da ostra encontra-se uma substâncias lustrosa chamada de
nácar. Quando um grão de areia penetra nela, as células de nácar começam a trabalhar e o cobrem com camadas e
mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, forma-se uma linda pérola. Sabendo disto,
podemos nos apropriar deste processo em forma de metáfora. Cicatrizar as feridas não é nada fácil, mas é o único
caminho que ajuda a fechar uma dolorosa etapa de nossas vidas. Que o mundo vem abaixo, que estamos tocando
fundo, que não vamos conseguir estabilizar a própria vida sem a presença dessa pessoa ou desse grupo de
relacionamentos que tanto importava… Todas estas sensações são normais em situações de adversidade emocional.
Contudo, esta mesma “fraqueza” que tanto nos assusta pode ser usada para nos fortalecer. Para ilustrar isto vamos
lançar mão da técnica chamada de Kintsugi que os japoneses usam para reparar peças quebradas. Esta consiste em
recompor os pedaços das peças de cerâmica quebradas com ouro, de tal forma que o que estava quebrado agora se
transforma na parte mais bela e forte do objeto em questão.

Se lançarmos mão da sabedoria oriental para compreender isto, entendemos que aquilo que nos fez sofrer
também nos proporciona valor. E mais, a beleza das nossas feridas dependerá do que produzirmos em nosso
interior e de como trabalharmos as nossas dores.

Atendendo a isto, é bom colocarmos empenho em bordar com ouro as lágrimas nas nossas vestimentas, aceitar a
necessidade de fechar círculos, dizer adeus e não se complicar demais tentando vez após vez fazer caber um vestido
que não serve.

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Tentar reescrever um livro com uma história que já se mostrou sem futuro em outras ocasiões é enganar a si
mesmo. Por isso precisamos ser conscientes de que uma ferida não consegue se curar se estamos emaranhados
nela de forma constante.

Talvez fiquem as cicatrizes, sim, mas sempre poderemos exibi-las com orgulho e, acima de tudo, com total liberdade
sem que nada nos aperte.

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