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“Encontro de dores, amores e histórias”

Dois amores, duas dores que se encontram. A mãe e o Filho. O amor do Filho é o amor infinito de Deus que
entrou na nossa história e quis fazer-se pequenino como nós, viver a nossa vida, chorar as nossas lágrimas,
rir os nossos sorrisos, carregar as nossas dores. Esse é o amor do Filho que atravessou toda a sua vida.
Com a sua mãe, aprendeu desde pequenino, a amar as pessoas. Crescendo, deixou a sua mãe por um amor
ainda maior, que é pelo reino, pelo Pai, por todos aqueles que hoje somos nós. Percorreu as estradas da
Palestina, e hoje o encontramos carregando a cruz, caminhando para aquele primeiro amor que conheceu,
que foi o de sua mãe. O amor de Maria também foi crescendo. Concebeu, deu à luz, ensinou seu Filho a
falar, ensinou-lhe os primeiros gestos humanos. O amor de mãe seguiu o Filho em todo o seu crescimento e
vai encontrá-lo agora, nesse momento tão difícil de sua vida, quando caminha para a morte. São dois grandes
amores que se encontram para nos dizer que também teremos grandes encontros em nossa vida, ora na
alegria, ora na tristeza. Hoje, Maria e Jesus se encontram numa grande dor. O Filho não precisaria sofrer,
pois, desde toda a eternidade, participou da alegria e felicidade do Pai. Mas resolveu deixar o trono celeste
para assumir a humanidade e conhecer, não apenas o amor humano, como também a dor humana. As
pequenas dores de criança, as angústias e decepções de adolescentes e jovens, as dores da fome, da sede,
do cansaço, do frio e do calor nas grandes caminhadas. Mas hoje a dor chega ao seu grau máximo: agonia,
flagelação, coroa de espinho, humilhação, cruz. É com essa dor que Ele caminha em direção à dor de Maria.
Como toda mãe, Maria também sofreu com as preocupações de um filho doente, com o futuro que o
esperava, o sono sobressaltado, noites insones. Ela terá vivido as mesmas angústias, as mesmas
inquietações de qualquer mãe. Jesus não correu os riscos dos jovens e adolescentes de hoje, mas terá vivido
outros riscos. Hoje podemos saber que terá ido trabalhar nas cidades vizinhas, corrido riscos nas estradas,
enquanto sua mãe vivia todas as surpresas, alegres e tristes, felizes e dolorosas. Quando hoje ela encontra o
seu Filho, sente a diferença. Não vê mais o rosto sereno, mas desfigurado pela dor, sofrimento, agonia,
tristeza. Diante desta cena, eu teria coragem de dizer que todos nós, adultos, já encontramos dores terríveis.
Talvez uma das piores dores que podemos sentir é quando nos deparamos com a morte de uma pessoa
querida. Pais se veem esperando o corpo de um filho morto num terrível acidente; filhos surpreendidos pela
morte repentina de um pai ou de uma mãe. São encontros com a dor que também nós vivemos e diante dos
quais precisamos nos lembrar desse encontro da mãe com o Filho. Hoje estamos bem, com saúde, mas essa
meditação não é para agora, mas para a vida. Quem sabe, amanhã, precisaremos do olhar doloroso de Jesus
e de Maria para se cruzar com o nosso olhar também doloroso nos encontros de dores que temos em nossa
existência, e que são muitos. Quantas lágrimas rolam de nossas faces, porque as dores nos marcam
enquanto vivermos nesta história? Um último encontro é o de duas histórias. Uma terá talvez quarenta e cinco
ou cinquenta anos, e a outra uns trinta e poucos anos. Mesmo que Maria carregue mais anos, Jesus traz
consigo mais experiências de um Deus feito homem. Ele carrega a eternidade feita história, a experiência
profunda de Deus Pai que Maria viveu de modo diferente. Ela sabia-se filha amada, mas filha por ser mãe do
Filho, enquanto Jesus era verdadeiramente o Filho. São duas histórias que se encontram, depois de terem se
encontrado tantas vezes ao longo da vida. Os poucos anos da vida adulta de Jesus se passaram longe dos
olhos de Maria, pois Ele viveu como um peregrino, um andarilho pelas terras da Palestina. Ele tinha uma
história bem diferente da de sua mãe, e aqui essas duas histórias se encontram. Cada um de nós também
carrega uma história, desde as crianças que já vão construindo a sua história de vida. Em cada encontro que
temos também encontramos uma outra história. Caminhando nesta procissão, eu olhava para as pessoas que
passavam, algumas alheias ao que estava acontecendo, e eu me perguntava sobre as histórias escondidas
por trás de tantos rostos. Olhando para cada um de vocês, eu posso ver os rostos, mas não posso saber de
nenhuma história que carregam, algumas leves, outras pesadas, umas longas. Assim, o encontro de Jesus
com Maria é uma espécie de símbolo, sacramento de todas as histórias que vamos encontrando. Se
aprendêssemos a ver isso, a nossa vida seria bem mais profunda. Se olhássemos cada rosto com mais
profundidade, em cada ruga, em cada fio de cabelo branco, em cada cacoete, perceberíamos muitas dores,
alegrias e sofrimentos. Se aprendêssemos a ver Maria e Jesus como duas histórias que se encontram,
perceberíamos as pessoas de um modo diferente. Neste ano, a partir do encontro de Maria com Jesus, a
Igreja nos sugere um outro encontro com a natureza em seus mais de dois bilhões de anos. Quando
olharmos para a beleza desta lua, para o brilho do sol, para a força das árvores, pensemos que toda esta
natureza carrega uma imensa quantidade de história. Percebendo isso, o nosso olhar será diferente, não será
mais distraído, mas respeitoso. Quando a astronomia nos fala que o cosmo tem mais de treze bilhões de
anos, nos espantamos. A Igreja quer que pensemos mais nisso, para cuidar melhor deste jardim no qual
vivemos, para que tenhamos um encontro diferente com a natureza. Dois amores se encontraram, como os
nossos também se encontram. Duas dores se encontraram, como as nossas dores também se encontram.
Duas histórias se encontraram, assim como as nossas histórias se encontram com as pessoas e com a
natureza. Amém.

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