Vous êtes sur la page 1sur 52

ADMINISTRAÇÃO II

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD

Administração II – Prof. Ms. Francisco de Assis Breda; Prof. Ms. Neivaldo Hakime Dutra e
Profa. Dra. Sonia Valle Walter de Oliveira

Olá! Meu nome é Francisco de Assis Breda. Sou mestre em Gestão Empresarial
pela UNI-Facef e graduado em Administração de Empresas pela mesma
instituição. Atualmente, sou coordenador do curso de Administração do
Claretiano, nas modalidades presencial e EaD. Também coordeno os MBAs em
Administração. Tenho experiência de ensino em diversas disciplinas da área
de Administração, principalmente Marketing e Logística, além de experiência
profissional em consultoria e pesquisa.
E-mail: breda@claretiano.edu.br

Meu nome é Neivaldo Hakime Dutra. Sou mestre em Gestão Empresarial pela
UNI-Facef/Franca/SP. Em meu mestrado, desenvolvi um estudo a respeito
dos estilos de liderança em evidência nas indústrias de calçados de Franca/
SP. Concluí minha graduação em Administração de Empresas no Instituto
Tecnológico de Osasco-SP e minha Especialização em Gestão de Recursos
Humanos e Financeiros na UNI-Facef/Franca/SP. Atuo como professor
universitário no curso de graduação em Administração de Empresas do Centro
Universitário Claretiano de Batatais e como professor do Módulo de Liderança
do curso de pós-graduação MBA da FGV-COC. Vejo na EaD uma importante
ferramenta de inclusão social, uma vez que ela permite a um número maior da população o
acesso ao ensino universitário e à especialização profissional. Como sabemos, a educação, seja na
formação acadêmica ou na especialização profissional, é uma das ferramentas mais importantes
para o desenvolvimento social de um país. Por isso, acredito que o estudo do binômio "sociedade e
educação" seja extremamente relevante para a formação de um educador.
E-mail: neivaldo@claretiano.edu.br

Meu nome é Sonia Valle Walter Borges de Oliveira. Sou livre-docente


em Administração Geral pela FEA-RP-USP. Além disso, sou doutora em
Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabi-
lidade da Universidade de São Paulo, mestre em Engenharia Civil – Hi-
dráulica e Saneamento – pela Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo e graduada em Arquitetura e Urbanismo pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Pau-
lo. Sou, também, professora associada do Departamento de Adminis-
tração da FEA-RP da Universidade de São Paulo, com atuação nas áreas de Administração Ge-
ral, Planejamento Estratégico, Responsabilidade Socioambiental e Gestão do Meio Ambiente.
E-mail: soniavw@terra.com.br

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Francisco de Assis Breda
Neivaldo Hakime Dutra
Sonia Valle Walter de Oliveira

ADMINISTRAÇÃO II
Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013

658 B842a

  Breda, Francisco de Assis


Administração II / Francisco de Assis Breda, Neivaldo Hakime Dutra, Sonia
Valle Walter Borges de Oliveira – Batatais, SP : Claretiano, 2013.
208 p.
  ISBN: 978-85-67425-01-6

1. A abordagem da teoria burocrática, suas vantagens e disfunções. 2. O


  desenvolvimento organizacional no ambiente empresarial e a aplicação da
teoria estruturalista.3. Abordagem à teoria sistêmica. 4. Teoria contingencial.
5. Novos paradigmas e modelos de administração. 6. Ética e responsabilidade
social nas empresas. 7. A ação das lideranças nas organizações. I. Dutra,
Neivaldo Hakime. II Oliveira, Sonia Valle Walter Borges de. III. Administração II.

CDD 658

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.

Claretiano - Centro Universitário


Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
cead@claretiano.edu.br
Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO.............................................................................. 11
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 30

Unidade  1 – ABORDAGEM À TEORIA DA BUROCRACIA


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 31
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 31
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 32
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 33
5 ORIGENS DA BUROCRACIA.................................................................................. 33
6 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA .............................................. 36
7 VANTAGENS DA BUROCRACIA ............................................................................ 42
8 DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA ........................................................................... 45
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 50
10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 50
11 E-REFERÊNCIAS................................................................................................... 51
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 51

Unidade  2 – ABORDAGEM À TEORIA ESTRUTURALISTA


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 53
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 53
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 54
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 54
5 ORIGENS DA TEORIA ESTRUTURALISTA............................................................... 55
6 CONCEITO DE ESTRUTURALISMO ....................................................................... 56
7 TIPOS DE ESTRUTURALISMO............................................................................... 57
8 A SOCIEDADE DE ORGANIZAÇÕES....................................................................... 58
9 ORGANIZAÇÕES SEGUNDO ETZIONI................................................................... 61
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 63
11 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 63
12 E- REFERÊNCIAS ................................................................................................. 63
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 63

Unidade  3 – ABORDAGEM SISTÊMICA DAS ORGANIZAÇÕES


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 65
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 65
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 66
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 66
5 ORIGENS DA TEORIA SISTÊMICA......................................................................... 67
6 CIBERNÉTICA ...................................................................................................... 71
7 APRENDENDO A USAR O ENFOQUE SISTÊMICO................................................. 74
8 ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ..................................................................... 75
9 EFICÁCIA GLOBAL................................................................................................ 77
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 78
11 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 78
12 E-REFERÊNCIAS................................................................................................... 79
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 79

Unidade  4 – ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 81
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 81
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 82
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 82
5 CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL ......................... 83
6 MUDANÇA ORGANIZACIONAL ........................................................................... 84
7 AS FASES DAS ORGANIZAÇÕES............................................................................ 86
8 CONCEITO E FASES DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL......................... 88
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 90
10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 90
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 91

Unidade  5 – CULTURA ORGANIZACIONAL


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 93
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 93
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 93
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 95
5 CONCEITUALIZANDO A CULTURA ....................................................................... 96
6 AMBIGUIDADE ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA................................................ 97
7 MUDANÇA DE CONCEITOS.................................................................................. 99
8 CULTURA NACIONAL E CULTURA ORGANIZACIONAL ......................................... 101
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 104
10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 104
11 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 105
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 105
Unidade  6 – TEORIA CONTINGENCIAL
1 OBJETIVOS........................................................................................................... 107
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 107
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 108
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 108
5 CONCEITO DE CONTINGÊNCIA ........................................................................... 109
6 BURNS E STALKER: SISTEMAS MECÂNICOS E ORGÂNICOS.................................. 110
7 VARIÁVEIS CONTINGENCIAIS QUE AFETAM A ESTRUTURA
ORGANIZACIONAL............................................................................................... 112
8 LAWRENCE E LORCSH: PARADOXO ENTRE INTEGRAÇÃO E
DIFERENCIAÇÃO DOS SISTEMAS ORGANIZACIONAIS ......................................... 115
9 CHANDLER E AS ESTRATÉGIAS E ESTRUTURAS DAS EMPRESAS ......................... 116
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 118
11 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 119
12 E-REFERÊNCIAS................................................................................................... 119
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 120

Unidade  7 – LIDERANÇA ORGANIZACIONAL


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 121
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 121
3 SUGESTÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE......................................................... 122
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 125
5 LIDERANÇA ORGANIZACIONAL........................................................................... 127
6 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TEORIA DA LIDERANÇA............................................. 129
7 TEORIA DOS TRAÇOS .......................................................................................... 131
8 ESTILOS DE LIDERANÇA ...................................................................................... 132
9 LIDERANÇA SITUACIONAL................................................................................... 133
10 ABORDAGEM DA TEORIA DA NOVA LIDERANÇA................................................. 135
11 CARACTERÍSTICAS DO LÍDER .............................................................................. 137
12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 138
13 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 140
14 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 140
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 141

Unidade  8 – ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 143
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 144
3 SUGESTÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE......................................................... 144
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 145
5 ÉTICA .................................................................................................................. 146
6 A CONCEPÇÃO FILOSÓFICA DA PALAVRA ÉTICA ................................................. 146
7 O ENSINO DA ÉTICA NAS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO.................................... 148
8 ÉTICA EMPRESARIAL .......................................................................................... 149
9 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL ....................................................... 153
10 ABORDAGENS SOBRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL ........................................ 154
11 A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL NO BRASIL................................... 162
12 GOVERNANÇA CORPORATIVA............................................................................. 164
13 COMPLIANCE...................................................................................................... 169
14 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 175
15 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 175
16 E- REFERÊNCIAS ................................................................................................. 176
17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 176

Unidade  9 – NOVOS PARADIGMAS E TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 179
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 179
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 180
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 181
5 GLOBALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS NAS EMPRESAS............................................ 181
6 FUSÕES, INCORPORAÇÕES E ALIANÇAS ESTRATÉGICAS ..................................... 188
7 NOVOS PARADIGMAS EM ADMINISTRAÇÃO....................................................... 194
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 205
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 206
10 E-REFERÊNCIAS................................................................................................... 206
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 206
Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A abordagem da teoria burocrática, suas vantagens e disfunções. O desenvolvimento
organizacional no ambiente empresarial e a aplicação da teoria estruturalista. Abor-
dagem à teoria sistêmica. Teoria contingencial. Novos paradigmas e modelos de ad-
ministração. Ética e responsabilidade social nas empresas. A ação da liderança nas
organizações.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo de Administração II. Neste Cader-
no de Referência de Conteúdo, você encontrará o conteúdo básico
das nove unidades que serão desenvolvidas ao longo das doze se-
manas.

Que conhecimentos você vai adquirir


Com este estudo você irá aprofundar seus conhecimentos
sobre a Administração. Inicialmente, abordaremos as estruturas
organizacionais, explorando os conceitos e a aplicação de algumas
teorias, como a Burocrática, a Estruturalista e a Sistêmica.
10 © Práticas Corporais Alternativas

Ao absorver os conhecimentos sobre a estrutura das organi-


zações, você possuirá requisitos para constituir uma visão crítica
das empresas.
Em um segundo momento, o aluno aprenderá os princípios do
Desenvolvimento Organizacional, da Contingência Administrativa e
de aspectos da Cultura Organizacional, para, finalmente, conhecer
um pouco mais sobre a liderança nas organizações, a ética, a res-
ponsabilidade social e os novos paradigmas em Administração.
A unidade que versa sobre os novos paradigmas da Admi-
nistração encerra o módulo. Esses conceitos visam a capacitar o
aluno para adquirir um perfil administrativo, não somente na apli-
cação de técnicas, mas também na solução de conflitos.
Sua participação e dedicação são fundamentais, não apenas
para garantir a compreensão dos conceitos que vamos abordar,
mas também para ampliar e aprofundar as discussões sobre o
tema.
Venha participar deste processo de construção do conheci-
mento!

Que habilidades você desenvolverá


Você irá aprimorar seus conhecimentos administrativos ao
aprender as origens da Teoria Burocrática, dos Princípios Estrutu-
ralistas e das teorias Cibernética e Sistêmica. Desse modo, poderá
compreender os aspectos formais e a dinâmica da estrutura orga-
nizacional das empresas.
Ao conhecer as abordagens situacionais de liderança e cul-
tura organizacional, ética e responsabilidade social, você será ca-
paz de aprimorar o seu perfil – não só de gestor administrativo,
mas também de líder de pessoas –, incorporando os princípios de
trabalho em equipe e de relacionamento pessoal, condições re-
levantes para que o administrador possa conduzir as pessoas nas
organizações.
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

Com a finalidade de possibilitar que você desenvolva um


aprendizado contínuo, a última unidade discorre sobre os novos
paradigmas da Administração, bem como sobre algumas tendên-
cias que influenciam o mundo corporativo. Nesse contexto está in-
serido o processo de reengenharia, além dos processos de bench-
marking, de organizações virtuais e de administração participativa.
Como você pode perceber, é de extrema relevância a intera-
tividade entre você, seu tutor, seus colegas de curso e a instituição
de ensino. Você está convidado a fazer parte deste novo caminho
da educação e do saber.
Desejamos que seu estudo seja proveitoso e o ajude a trilhar
o caminho para novas descobertas e novos conhecimentos.
Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare-
mos, a seguir, no tópico Orientações para estudo, algumas orienta-
ções de caráter motivacional, além de dicas e estratégias de apren-
dizagem que poderão facilitar seu estudo.

2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Abordagem Geral
Prof. Ms. Neivaldo Hakime Dutra

Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste


conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar
essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abor-
dagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a
partir do qual você possa construir um referencial teórico com base
sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua pro-
fissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi-
lidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das
ideias e dos princípios básicos que fundamentam a admistração.
Hoje vamos iniciar o estudo de Administração II. Teremos
muito prazer em desenvolver este estudo com você.

Claretiano - Centro Universitário


12 © Práticas Corporais Alternativas

Acompanhe os eventos de aprendizagem com dedicação,


interagindo constantemente com seus professores (tutores) e co-
legas de curso, para, assim, ficar sempre atualizado não só com o
conteúdo, mas também com as discussões no Fórum e na Lista.
Dessa forma, se permanecer atento, participando e intera-
gindo, ficará mais fácil acompanhar o desenvolvimento do conte-
údo e, com isso, beneficiar-se do alargamento de ideias que tra-
zem as discussões e os debates. Você se sentirá estimulado a levar
adiante mais este projeto de vida.
Com este estudo, esperamos que você aprimore seus conhe-
cimentos relativos à dinâmica das organizações.
Temos de ir passo a passo na construção de nosso conheci-
mento. Por isso, este Caderno de Referência de Conteúdo, como
todas as outras, está dividida em unidades.
Inicialmente, abordaremos as estruturas organizacionais,
explorando os conceitos e a aplicação das teorias burocrática, es-
truturalista e sistêmica. Após absorver os conhecimentos sobre a
estrutura das organizações, vocês possuirão requisitos para cons-
truir uma visão crítica das empresas.
Em um segundo momento, vocês aprenderão os princípios
do Desenvolvimento Organizacional, da Contingência Administra-
tiva e de aspectos da Cultura Organizacional, para depois, final-
mente, conhecer um pouco mais sobre a Liderança nas Organiza-
ções, a ética, a responsabilidade social e os novos paradigmas da
Administração. Mas vamos por partes.

O que é burocracia?
Toda vez que ouvimos o termo "burocracia", ele nos lembra
excesso de papéis ou excesso de procedimentos para se conseguir
algo. No estudo das teorias administrativas, a abordagem burocráti-
ca consiste em um sistema de normas, regras, leis e procedimentos
formais, aos quais nós chamamos de "burocracia". Entretanto, por
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

ser utilizado em excesso, às vezes o sistema burocrático obtém uma


má conceituação. A sociedade, por sua vez, clama pela eliminação da
burocracia, sem entender que ela é importante para as organizações.
Na verdade, o sistema burocrático foi desenvolvido, inicial-
mente, para atender às necessidades das antigas organizações,
principalmente no aspecto político e militar, abrangendo as civili-
zações do Egito, da China e do Império Romano.
Neste estudo, vamos aprender sobre a estrutura das organiza-
ções em uma amplitude maior do que no estudo do módulo Admi-
nistração I, pois estaremos contemplando o complexo organizacional.
A burocracia, que é baseada em premissas racionais, se ade-
quou satisfatoriamente a organizações complexas.
E daí vem outra questão: o que é Estruturalismo?
A abordagem estruturalista mostra um redesenho da Teoria
Burocrática. Todavia, as premissas da Teoria das Relações Huma-
nas são consideradas relevantes, porque a visão estruturalista é
crítica em relação à organização formal.
Vamos aprender que os estudiosos do estruturalismo são de
origem predominantemente europeia, e que buscam a interdisci-
plinaridade das ciências.
O início dos estudos dessa teoria se baseou primeiramente
na oposição entre a Teoria Clássica e a das Relações Humanas, na
necessidade de considerar a organização como uma organização
social, na integração da abordagem estrutural com as ciências so-
ciais e no aprimoramento do conceito de estrutura.
No estudo das primeiras unidades, relembramos que os pri-
meiros estudos das teorias administrativas deram ênfase à efici-
ência e à organização das empresas, em que destacavam a impor-
tância da divisão do trabalho, a perfeita seleção do indivíduo, a
especialização das atividades, além do agrupamento dos trabalha-
dores, na busca de produção em escala.

Claretiano - Centro Universitário


14 © Práticas Corporais Alternativas

Essas abordagens demonstraram a relevância direcionada à


internalização dos processos organizacionais. Sendo assim, as em-
presas ganharam em eficiência, produtividade e formalismo em
detrimento dos aspectos sociais implícitos na organização.
Nesta unidade, vamos conhecer o conceito de estrutura, a
sua aplicação na sociedade burocrática de Weber, além de sua uti-
lidade no desenvolvimento das organizações.
Mas as organizações continuam se expandindo! E qual é o
procedimento correto? Como vamos conduzir as organizações?
No final Segunda Guerra Mundial, surge a Teoria Sistêmica.
A ênfase dos estudos da abordagem sistêmica está direcionada à
compreensão dos estudos dos sistemas organizacionais. Ela surgiu
na década de 1950, divulgando o conceito de sistemas abertos em
diversas disciplinas.
Os estudos iniciais da Administração tinham como enfoque
o princípio do reducionismo, ou seja: estimulados pela busca da
eficiência máxima, os precursores da Administração Cientifica e da
Clássica desenvolveram princípios de gestão destacando a divisão
e a especialização do trabalho, a rotinização das tarefas e o desen-
volvimento do homem econômico.
Portanto, as pesquisas realizadas referentes à ação do indi-
víduo nas organizações culminaram no advento das teorias huma-
nísticas. Em consequência, o desenvolvimento dos estudos empre-
sariais foi contemplado com estudos relevantes que provocaram
inúmeras mudanças no cenário administrativo organizacional.
A partir do final da Segunda Guerra Mundial, uma nova con-
cepção teve início em relação aos estudos da ciência, da sociedade
e das organizações. Todos os ramos do conhecimento, que até en-
tão praticavam o modelo do reducionismo, passaram a considerar
que uma parte do sistema modificada refletia nas demais partes
do sistema como um todo.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Em função disso, inúmeros conhecimentos que valiam ape-


nas para uma ciência passaram a ser aproveitados também em
outras ciências. Consequentemente, foi constatado que os ramos
do conhecimento, que antes eram isolados, faziam parte de um
sistema maior, aplicando-se a eles regras e princípios comuns.
Vamos apresentar os conceitos de Von Bertalanffy, além de
destacar o trabalho de outros autores que muito contribuíram no
campo da teoria das organizações.
Além da Teoria Sistêmica, iremos estudar a teoria do De-
senvolvimento Organizacional. Assim, poderemos comparar o en-
foque das duas teorias: a primeira aborda a importância de cada
uma das partes para a formação do todo no complexo organiza-
cional, enquanto a segunda estuda a dinâmica das mudanças no
ambiente empresarial.
Na metade da década de 1960, o mundo passava por in-
tensas mudanças. O complexo organizacional estava diante de
uma sociedade caracterizada pela intensidade do socialismo, do
preconceito racial, de confrontos revolucionários e nacionalistas,
além do alcance de ditaduras militares em inúmeros países do Ter-
ceiro Mundo e emergentes.
Nesse cenário, as organizações também protagonizavam
um novo desenho que permitia continuar com seu desempenho
e, consequentemente, alavancar alternativas suficientes com a fi-
nalidade de dar prosseguimento ao desenvolvimento de seus am-
bientes institucionais.
Em nosso estudo anterior, constatamos principalmente os
princípios das teorias Cientifica, Clássica e Burocrática, que são co-
nhecidas por alguns autores como "abordagens mecanicistas", as
quais tinham como foco a eficiência no trabalho, a especialização
das atividades, a divisão do trabalho e a eleição do homem ideal –
aquele que tivesse aptidões físicas, técnicas e emocionais.

Claretiano - Centro Universitário


16 © Práticas Corporais Alternativas

O segundo momento do estudo da Administração abordou


as teorias humanísticas das organizações, destacando a relevância
dos recursos humanos no ambiente empresarial.
Entretanto, a divergência entre a abordagem mecanicista e
a abordagem humanística gerou a necessidade de uma teoria que
suprisse essa lacuna. Se, por um lado, as organizações precisam ser
eficientes no processo operacional e, assim, alcançar seus objetivos,
por outro, as pessoas, conforme os estudiosos das teorias humanís-
ticas, devem estar motivadas para exercer suas atividades.
A abordagem da teoria do Desenvolvimento Organizacional
(DO) tem como premissa a atuação na formação de equipes, dan-
do ênfase às relações grupais dentro das organizações, de forma a
proporcionar maior eficácia ao trabalho.
Neste momento, vamos conhecer os pressupostos básicos
dos autores do DO, os estudos das características da teoria, da mu-
dança organizacional, do clima e da cultura organizacional.
No início, os princípios administrativos tinham o perfil me-
canicista, pois eram voltados para as tarefas, funções e desenvol-
vimento de unidades organizacionais, o que hoje chamamos de
"departamentos". Depois, surgiram os estudos para obter-se um
melhor controle e implantar-se a legalidade dos procedimentos.
Todavia, não há possibilidade de se controlar totalmente o
comportamento humano, com suas variações, pretensões e sen-
timentos.
Portanto, as empresas percebem que em seu ambiente de
trabalho (assim como na sociedade) existe a criação de uma cul-
tura por meio do clima organizacional. Com efeito, a influência da
cultura pode se constituir de maneira positiva ou negativa na con-
dução dos rumos da organização.
Além disso, o ambiente empresarial acompanha as tendên-
cias e as mutações do contexto socioeconômico.
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

A partir desse momento, vamos abordar alguns conceitos


relacionados à cultura organizacional, à ética e à responsabilidade
social, à liderança, à contingência e aos novos paradigmas da ad-
ministração.
As empresas são constituídas de pessoas, e, como a variação
cultural refere-se basicamente aos hábitos e comportamentos de um
grupo ou da sociedade, podemos concluir que empresas possuem
culturas diferentes. Todavia, podemos considerar que o estudo das
diferenças entre as formas e maneiras de administrar uma empresa
é relativamente recente, pois havia uma crença de que regras gerais
se aplicavam a todas as situações de administração, trabalho e orga-
nização, independentemente do contexto e da situação. A partir da
década de 1970, passou-se a perceber que o sucesso das empresas
japonesas devia muito à cultura desenvolvida por elas, destacando-
-se o trabalho em equipe, a qualidade e as respostas às mudanças.
Dessa forma, pode-se chegar a uma definição da cultura
organizacional como sendo o conjunto de princípios e valores vi-
gentes em uma empresa, suas relações com o ambiente interno e
externo e sua hierarquia, que definem sua postura e seus padrões
de comportamento.
Edgar Schein, uma das maiores autoridades sobre o assunto,
citado praticamente por todos autores de livros e artigos a respeito
do tema, afirma que a cultura de uma organização é percebida por
meio da linguagem, dos símbolos e das imagens, das histórias e dos
mitos, dos rituais e das cerimônias, dos hábitos e dos valores que
interpõem essa organização, além de seus objetos visíveis e físicos,
tais como a arquitetura, os móveis, o espaço físico e a decoração.
Para entender melhor as nuances da cultura organizacional,
pode-se analisá-las sob três aspectos:
• ambiguidade entre o discurso e a prática;
• mudança de conceitos;
• cultura nacional e cultura organizacional.

Claretiano - Centro Universitário


18 © Práticas Corporais Alternativas

Estudaremos, também, a questão das variações de aplicações


dos conceitos administrativos em face da diversidade de teorias e
também da dinâmica pela qual as organizações vêm passando.
A Teoria Geral da Administração inclui grande diversidade de te-
mas específicos, que correspondem a teorias específicas ou campos do
conhecimento. Portanto, abrange diversos princípios de forma distinta
ou interdependente. Novos estudos, técnicas e práticas gerenciais des-
pontam em períodos cada vez mais curtos. Dessa forma, geram diferen-
tes abordagens e modelos de como gerenciar as empresas.
E fica sempre a pergunta no ar: qual ideia é melhor?
Poderíamos simplesmente responder: depende. Mas depen-
de de quê? E responderíamos: depende do problema, depende da
situação, enfim, depende de vários fatores.
Para Maximiano (2010), à medida que a administração ama-
durece, constata-se que muitas ideias são úteis em determinadas
situações, porém não são úteis em outras. Algumas teorias servem
para determinados gerentes, mas não para outros. Isso fez surgir
uma escola de pensamento administrativo chamada de teoria si-
tuacional ou, simplesmente, teoria da contingência.
Mas qual é o significado da palavra "contingência"? Confor-
me o Dicionário Eletrônico Michaelis:
• Contingência: Fato possível, mas incerto.
• Contingente: que pode, ou não, suceder ou existir; duvi-
doso, eventual, incerto.
Na sequência, vamos estudar a definição e a importância da
ação da liderança nas organizações.
Desde o início de nossos estudos sobre a administração nas
organizações, aprendemos as técnicas administrativas e como elas
são úteis na condução das empresas.
Em função disso, a gestão das organizações é estruturada
por métodos de planejamento, execução e controle, formalizados
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

em manuais, procedimentos, normas ou outros recursos legais,


em que os funcionários seguem as instruções para exercer essas
atividades.
Embora os aspectos formais da organização auxiliem na pro-
dutividade, na eficiência e na eficácia, por si só eles não garantem os
resultados finais dos objetivos pretendidos pelas empresas. É preci-
so que haja a ação da liderança, a qual, na maioria das vezes, é exer-
cida pelos chefes que ocupam cargos de comando nas organizações.
Vamos fazer uma reflexão sobre a evolução nas organizações
com a formação do capital humano, o qual vem crescendo, em
importância, com o avanço tecnológico e com a expansão do setor
de serviços.
Tanto as capacidades físicas como o aperfeiçoamento téc-
nico das pessoas são necessários para aumentar a eficiência do
trabalho, gerir adequadamente o capital material, além de propor-
cionar subsídios para o controle do capital financeiro.
Consequentemente, é nesse capital humano que estão con-
solidados inúmeros estudos das últimas décadas. Os resultados
das pesquisas mostram divergências em suas considerações, o que
causa constantemente interesse pela investigação dos respectivos
temas.
Livros, artigos, bem como investigações científicas, propa-
gam conceitos sobre relações humanas, motivação, liderança, in-
teligência emocional, correspondentes à ação dos indivíduos nas
organizações.
Em função disso, o grande desafio das organizações moder-
nas, devido ao fenômeno da globalização, é a competitividade.
Produtos, processos e serviços estão em constante mudança, em
uma velocidade muito difícil de ser calculada. Tais condições pro-
duzem, indubitavelmente, ameaças e oportunidades.
Evidentemente, as instituições que pretendem se destacar e se
perpetuar no cenário econômico necessitam de recursos humanos ca-

Claretiano - Centro Universitário


20 © Práticas Corporais Alternativas

pazes de enfrentar a concorrência, a competitividade e a grande varie-


dade de mudanças geradas pela interligação de povos e economia.
A relação entre empresa e empregado já não pode mais ser
pautada por uma organização burocrática, conduzida simplesmen-
te ao estabelecimento de metas e ao cumprimento de deveres
dentro de certos limites de controle.
As pressões competitivas estão forçando os líderes mais an-
tigos à criação desse novo clima de relações industriais, pois não
se mudam relações antagônicas estabelecidas durante décadas
apenas com administração ou gerenciamento.
Em função disso, é extremamente relevante fazer com que
mais pessoas pensem em liderança, porque essa prática forçaria
uma reavaliação das ações atuais que moldam as carreiras de um
grande número de pessoas dentro das organizações.
Se, por um lado, é importante entender as políticas e prá-
ticas que norteiam as empresas nesse cenário de turbulências e
competitividade, por outro, é necessário conhecer quem são os
líderes que conduzem pessoas e empreendimentos.
Portanto, serão contemplados o conceito de liderança e a
abordagem das Teorias da Liderança – traços, estilos, contingen-
cial, nova liderança, conceito de líder e sua participação no con-
texto das empresas.
A liderança é, com toda certeza, um fator importante nos
assuntos humanos. Nossa realidade apresenta a necessidade de
estudar a ação da liderança em cargos gerenciais, conhecer os di-
ferentes estilos de liderança e compreender as dificuldades encon-
tradas no exercício da liderança eficaz.
A ética será outro foco de nosso estudo. Uma grande virtude
dos profissionais é conduzir sua profissão com responsabilidade,
dignidade, respeito ao seu semelhante e honestidade - diferen-
ciais relevantes, principalmente na profissão de administrador,
pois ele será responsável direto pela empresa.
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

O homem, durante sua vida e em todas as ações, precisa op-


tar entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. Essa opção o
obriga a fazer considerações sobre o significado de bem e de mal.
A ética, entre inúmeras outras reflexões, trata do enfrentamento
dessa constante redefinição na busca da melhor escolha para si e
para a sociedade em que se vive.
Etimologicamente, a palavra "ética" significa:
[...] estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana
suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto
(FERREIRA, 1986, não paginado).

A origem da palavra vem do grego ethos, que significa cos-


tume, maneira habitual de agir, índole. Genericamente, ética pode
ser entendida como um conjunto de princípios e valores que guiam
e orientam as relações humanas.
Já o termo "responsabilidade", de uso tão comum, encerrava
a ideia de prestação de contas: alguém deve justificar a própria atu-
ação perante outrem. Indicava a obrigação, imposta ao administra-
dor e assumida por ele, de prestar contas sobre os bens recebidos
e sobre como os aplicou. Tal acepção firmou-se na área econômica.
É difícil conceituar o termo "Responsabilidade Social Empresa-
rial", pois ele está relacionado a diversas correntes de pensamento.
Para alguns, está relacionado a obrigações legais; para outros, a com-
portamentos éticos; há também quem defenda que, ao gerar empre-
gos, a empresa está tendo responsabilidades sociais; já para outros, ter
responsabilidade social seria desenvolver ações sociais pela empresa.
Finalmente, vamos abordar as tendências que afetam ou
modificam o estudo da administração no mundo corporativo.
Após os anos 1950, observou-se uma revolução científica e
tecnológica nas formas de produção. As empresas ficaram mais
complexas e as formas de gerenciá-las variaram profundamente
quanto às inovações em produtos e serviços.

Claretiano - Centro Universitário


22 © Práticas Corporais Alternativas

Essa revolução, que ainda está ocorrendo no mundo empre-


sarial, é resultado de uma série de transformações que ocorrem
de forma separada ou interligada, visando a uma maior eficiência
e criando um contexto empresarial diversificado. Essas transfor-
mações atingem as organizações industriais, comerciais e presta-
doras de serviços, onde constata-se uma revolução administrativa
sem precedentes na história das empresas.
Funcionários de grandes empresas passaram de operários
manuais a operadores de máquinas, robôs ou sistemas de infor-
matizados, tornando-se supervisores ou analistas de informações.
Dessa forma, esses funcionários assumiram tarefas de planeja-
mento e de estratégia que não estavam presentes em suas atribui-
ções e preocupações diárias.
Nesta última parte, abordaremos algumas mudanças de pa-
radigmas ou tendências da administração, que estão modifican-
do ou influenciando as práticas administrativas. Dentre os temas
que serão apresentados, destacam-se a reengenharia, o benchma-
rking, as organizações virtuais e a administração participativa.
Ao final dos seus estudos, você estará capacitado a desen-
volver uma solução de conflitos tanto no ambiente interno como
no ambiente externo das organizações, além de adquirir um perfil
de administrador, aplicando as técnicas administrativas.
Portanto, este estudo foi desenvolvido com o objetivo de ca-
pacitar o aluno para a compreensão estrutural dos temas relacio-
nados a esta área, para as novas técnicas de gestão empresarial,
para o estudo da ética e da responsabilidade social e para a ação
da liderança no ambiente organizacional.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados em Administração II. Veja, a se-
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

guir, a definição dos principais conceitos baseados em Maximiano


(2010, p. 476-481) e Chiavenato (2003, p. 628-630).
1) Administração: processo de tomar e colocar em prática
decisões sobre objetivos e utilização de recursos. Gerên-
cia, gestão, management.
2) Aprendizagem organizacional: aquisição de competên-
cias coletivas, por meio do processo de enfrentamento e
resolução de problemas.
3) Autoridade formal: dispositivo legal que fornece aos
ocupantes de determinados cargos ou posições o poder
de dar ordens e fazer-se obedecidos.
4) Benchmark: significa um padrão de excelência que deve
ser identificado, conhecido, copiado e ultrapassado.
5) Benchmarking: é o processo de localizar benchmarks no
mercado, analisá-los, aprender com eles e, se possível,
ultrapassá-los.
6) Capital de clientes: é o valor das relações de uma organi-
zação com seus clientes, incluindo a intangível lealdade
de seus consumidores para companhia ou produto, ba-
seado na reputação, padrões de compra ou capacidade
de compra do cliente.
7) Capital estrutural: são os processos, sistemas de infor-
mação e patentes que permanecem em uma organiza-
ção quando os funcionários dela se desligam.
8) Capital humano: é o conjunto integrado de conhecimen-
tos, habilidades e competências das pessoas em uma or-
ganização. Como o capital estrutural, o capital humano é
possuído pelas pessoas que os detêm e não pela organi-
zação que as emprega.
9) Capital intelectual: é o conhecimento que tem valor
para a organização. É constituído pelos capitais humano,
estrutural e de clientes.
10) Cibernética: ciência do controle nos organismos de to-
dos os tipos.
11) Cultura: todos os recursos e comportamentos, incluin-
do hábitos e valores, desenvolvidos por um grupo social,

Claretiano - Centro Universitário


24 © Práticas Corporais Alternativas

como resultado do processo de resolução de problemas


de convivência interna e adaptação ao ambiente.
12) Disfunção: desarranjo ou desvio do comportamento de
um sistema, que compromete qualquer aspecto de seu
desempenho. Na administração, aplica-se a organiza-
ções, culturas, sistemas e comportamento gerencial.
13) Downzing ou enxugamento: é a redução de níveis hie-
rárquicos de uma organização para manter o essencial e
a aproximação da base em relação à cúpula. Geralmente
é acompanhado de descentralização.
14) Eficácia: relação entre resultados alcançados e objetivos.
15) Eficiência: relação entre resultados alcançados e recur-
sos empregados.
16) Efetividade: alcance da eficiência e eficácia.
17) Gestão de processos: é uma forma de administração fo-
cada nos processos e não nos programas cotidianos da
empresa.
18) Gestão do conhecimento: é o processo sistemático de
buscar, selecionar, organizar e apresentar informações
no intuito de melhorar a compreensão de um emprega-
do em uma área específica de interesse.
19) Just in time: princípio administrativo baseado na filoso-
fia de se fazer algo no momento certo, utilizando o míni-
mo de recursos.
20) Kaizen: significava um processo de gestão e uma cultura
de negócios e passou a significar aprimoramento contí-
nuo e gradual, implementado por meio do envolvimento
ativo e comprometido de todos os membros da organiza-
ção, no que ela faz e na maneira como as coisas são feitas.
21) Melhoria contínua: constitui a aplicação da filosofia kai-
zen nos processos produtivos da organização.
22) Objetivos: resultados esperados ou fins que as organiza-
ções desejam atingir.
23) Outsourcing: é o mesmo que terceirização.
24) Paradigma: modelo ou padrão de referência.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

25) Processo: sequência de atividades que dependem da


entrada de insumos e que resulta um produto ou entra-
da para outro processo.
26) Reengenharia: é o redesenho radical dos processos em-
presariais para cortar despesas, reduzir custos, melhorar
qualidade e serviço e maximizar benefícios da TI, ques-
tionando como e por que as coisas estão sendo feitas.
27) Stakeholders: pessoas ou instituições envolvidas ou afe-
tadas por uma empresa, tais como: acionistas, funcioná-
rios, consumidores, fornecedores e comunidade.
28) Teoria da complexidade: é o estágio da ciência atual que
abandona o determinismo e aceita o indeterminismo e
a incerteza; abandona a ideia da simplicidade dos fenô-
menos da natureza e abraça a complexidade; abandona
o ideal de objetividade como forma de conhecimento,
assumindo a subjetividade como condição humana.
29) Teoria do caos: salienta que tudo na natureza muda e
evolui continuamente, nada no universo é passivo ou es-
tável. Não há equilíbrio, mas mudança. A realidade está
sujeita a perturbações e ruídos. O caos é uma ordem
mascarada de aleatoriedade.
30) Terceirização: é quando uma operação interna da orga-
nização é transferida para outra organização que consi-
ga fazê-la melhor e a um valor mais baixo. Significa uma
transformação de custos fixos em custos variáveis e uma
simplificação da estrutura e do processo decisorial da
organização.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú-
do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações a partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-

Claretiano - Centro Universitário


26 © Práticas Corporais Alternativas

tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais


complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com
© Caderno de Referência de Conteúdo 27

o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do


site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Administração II.

Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como


dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-

Claretiano - Centro Universitário


28 © Práticas Corporais Alternativas

portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre


os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu
processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, você pode perce-
ber que os estudos iniciais sobre as organizações estavam preocu-
pados somente como o ambiente interno das empresas. Somente
mais tarde perceberam que também é preciso perceber/entender
o ambiente fora das organizações.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como re-
lacioná-las com a prática do ensino de Administração pode ser uma
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se
preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso,
essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos
e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.

As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta


apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por ques-
tões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemá-
ticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada.
Já as questões abertas dissertativas obtêm por resposta uma in-
terpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não
há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar
suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma.
© Caderno de Referência de Conteúdo 29

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con-
ceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade EaD,
necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso,
você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, so-
bretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize
bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.

Claretiano - Centro Universitário


30 © Práticas Corporais Alternativas

Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie


seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da Administração: uma visão abrangente da
moderna administração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução
digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
EAD
Abordagem à Teoria da
Burocracia

1
1. OBJETIVOS
• Conhecer os princípios e as origens da burocracia com
base na sociedade das organizações de Max Weber.
• Compreender o significado da burocracia a partir da defi-
nição de sociedade paternalista, democrática e racional-
-legal burocrática.
• Identificar as vantagens e desvantagens da burocracia e
compará-las com as disfunções burocráticas.
• Entender a necessidade da aplicação da burocracia nas
organizações complexas.

2. CONTEÚDOS
• As origens da burocracia.
• Conceito e características da burocracia.
• Vantagens da burocracia.
• Disfunções da burocracia.
32 © Práticas Corporais Alternativas

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Para acompanhar o conteúdo desta unidade, leia os li-
vros da bibliografia indicada para que você possa am-
pliar seus horizontes teóricos. Além disso, procure discu-
tir a unidade com seus colegas e com o tutor.
2) Assista ao filme O processo (Inglaterra, 1993), de David
Jones, no qual uma pessoa é acusada pelo Estado de um
crime que ele não sabe qual foi. Esse filme, baseado na
obra de Franz Kafka, permite que seja analisada a inten-
sificação do controle sobre o indivíduo diante da rigidez
da estrutura em que ele se insere.
3) Busque sempre informações suplementares ao conteú-
do, pois elas enriquecerão seus conhecimentos e possi-
bilitarão uma formação profissional mais completa.
4) Durante o estudo desta unidade, você perceberá que é
fundamental comunicar-se. A interação com seus cole-
gas de curso e com seu tutor facilita a compreensão dos
conteúdos das unidades estudadas.
5) Antes de iniciar os estudos desta unidade, acompanhe
os seguintes casos:
a) 1º caso: um cidadão, para adquirir casa própria por
meio de financiamento, segue este procedimento: bus-
ca um sistema financeiro, preenche uma ficha cadastral,
apresenta os documentos pessoais, retira certidões ne-
gativas em cartórios, preenche formulários e atende a
outras exigências previstas no regulamento interno da
instituição financeira.
b) 2º caso: uma indústria fabricante de autopeças desen-
volve o processo de usinagem dos eixos, especificamen-
te em um torno controlado por um programa de siste-
ma numérico, no qual se encontra um dispositivo que
é montado na máquina. Atendendo a especificações de
engenharia do produto, o operador segue as instruções
determinadas no procedimento de montagem e ajuste
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 33

da máquina, com a finalidade de que o produto seja con-


feccionado conforme o projeto estabelecido.
6) Você pôde observar nos exemplos anteriores que os in-
divíduos são direcionados por um sistema de normas,
regras, leis e procedimentos formais, aos quais chama-
mos de burocracia.
7) Entretanto, o sistema burocrático às vezes é mal inter-
pretado em sua conceituação, pois é utilizado em exces-
so por instituições e organizações. A sociedade, por sua
vez, tende a eliminar todo processo burocrático, sem
entender o quanto ele é importante para estes orgãos.
8) Esse sistema foi desenvolvido, inicialmente, para aten-
der às necessidades das antigas organizações, principal-
mente as organizações políticas e militares, das civiliza-
ções do antigo Egito, da China e do Império Romano.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, você vai conhecer as origens da burocracia, seu
conceito e suas características, além de suas vantagens e disfunções.
Primeiramente, é importante que você conheça a Teoria da Burocracia.
Você conhecerá mais profundamente a estrutura das organi-
zações, o chamado "complexo organizacional", além de compreen-
der o que é burocracia, as premissas racionais que a constituem e
como ela se adequou satisfatoriamente a organizações complexas.
Inicialmente, estudaremos as origens da burocracia e suas
definições.

5. ORIGENS DA BUROCRACIA
Os primeiros estudos sobre os fenômenos burocráticos são
atribuídos a Max Weber. Ele nasceu em Erfurt, na Turíngia, no ano
de 1864. Aos cinco anos, mudou-se para Berlim, Alemanha. Era
sociólogo, cientista político e economista.

Claretiano - Centro Universitário


34 © Práticas Corporais Alternativas

Em 1920, Weber faleceu, após ter contraído a gripe que se


alastrara na Europa nessa época (e que matou mais gente que a
Primeira Guerra Mundial). À época de sua morte, seus escritos en-
contravam-se em estado caótico; em meados da década de 1940,
seus escritos sobre a burocracia foram traduzidos para o inglês e
publicados por estudiosos de sua obra.
Embora sua contribuição para o estudo da Administração te-
nha sido relevante, ele era mais conhecido mundialmente por seus
estudos das relações entre sistemas religiosos e políticos.
O modelo burocrático de organização surgiu em reação à cruelda-
de, o nepotismo e os julgamentos tendenciosos e parcialistas, típi-
cos das práticas administrativas desumanas e injustas do início da
revolução Industrial (CHIAVENATO, 2000, p. 299).

Na década de 1940, as organizações necessitavam de uma


teoria que abrangesse com mais eficiência o trabalho do adminis-
trador. A Teoria da Burocracia introduziu-se no estudo da Adminis-
tração devido aos aspectos abordados no quadro a seguir:
Quadro 1 Origens da Teoria da Burocracia.
ORIGENS DEFINIÇÕES
1) A fragilidade e parcialidade da Teorias oponentes e contraditórias, a primeira
Teoria Clássica e da Teoria das visa à eficiência e a segunda aos integrantes da
Relações Humanas. organização.

2) A necessidade de um modelo As empresas necessitavam de uma teoria que


de organização racional. abrangesse toda a sua estrutura organizacional.

A expansão das empresas exigia que houvesse


3) O crescente tamanho e uma teoria capaz de nortear os processos
complexidade das empresas. organizacionais, a fim de que a gestão fosse mais
racional.
A proposta da Sociologia da Burocracia é
4) O ressurgimento da Sociologia apresentar um modelo de organização baseado
da Burocracia. na formalidade, na impessoalidade e no
profissionalismo.
Fonte: Elaborado pelos autores baseados em Chiavenato (2000, p. 304).

A abordagem da Teoria Burocrática possui como enfoque a


organização formal, isto é, os métodos racionais usados para con-
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 35

duzir as atividades de muitos indivíduos que ocupam funções es-


pecíficas mas que possuem o mesmo objetivo.
Dessa forma, a concepção da burocracia está baseada na for-
mação de uma instituição humana racional, ou seja, na adequação
dos meios aos objetivos pretendidos. Assim, a proposta do sistema
burocrático busca garantir a máxima eficiência na obtenção desses
objetivos.
É importante identificar que o surgimento da burocracia e o
aparecimento do capitalismo são coincidentes em virtude de diver-
sos acontecimentos, como, por exemplo, a economia baseada no
instituto monetário, o avanço do mercado de mão-de-obra, a cen-
tralização do estado-nação e a propagação da ética protestante, na
qual o trabalho era comparado a um dom de Deus.

Informação!––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os indivíduos ingressam nas organizações e permanecem lá por um bom tempo
de sua vida. Alguns são admitidos, mas, por vontade própria ou da própria orga-
nização, afastam-se da empresa. Todavia, tanto na primeira como na segunda si-
tuação, as organizações podem continuar em funcionamento por muitas gerações.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Weber (1971) ressalta que o sistema moderno de produção
racional e capitalista não surgiu das inúmeras mudanças tecnoló-
gicas, como salientava Karl Marx, mas das mudanças religiosas ve-
rificadas após o Renascimento.
Nessa premissa, Max Weber, apesar de não ser um profissio-
nal da Administração, era um sociólogo interessado em detectar o
que estava acontecendo nas sociedades industriais em compara-
ção a sociedades que estavam em outros estágios de desenvolvi-
mento.
Para compreender o sistema burocrático e por que os indiví-
duos pertencentes às organizações obedeciam tantas ordens, We-
ber estudou três tipos de sociedades e de autoridades, dispostos
no quadro a seguir.

Claretiano - Centro Universitário


36 © Práticas Corporais Alternativas

Quadro 2 Tipos de sociedade e de autoridade.


TIPOS SOCIEDADE AUTORIDADE
Os subordinados acatam e
As características da
executam as tarefas porque
sociedade tradicional ou
1) Tradicional acreditam que sempre foram
paternalista são advindas da
feitas daquela maneira. Não há
família, do clã, da monarquia.
contestação.
Na sociedade carismática,
Os subordinados acatam e
existe a predominância dos
executam as tarefas porque
2) Carismática grupos revolucionários, os
acreditam na personalidade e na
partidos políticos ou estados
liderança de seu superior.
em revolução.
Os subordinados acatam
A evidência na sociedade
e executam as tarefas
3) Legal, racional-legal está baseada na
porque existem normas
Racional ou opção das normas impessoais,
preestabelecidas. Portanto, a
Burocrática assim como nos exércitos,
autoridade está vinculada ao
empresas, estados modernos.
cargo e não ao indivíduo.
Fonte: adaptado de Chiavenato (2000).

6. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA


Antes de se levantarmos as primeiras considerações, cabe
questionar: o que você entende por burocracia? Tente responder e
compare suas respostas com os conceitos dispostos a seguir.

Conceito da Teoria da Burocracia


Segundo Chiavenato (2000, p. 304),
A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na
racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins)
pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no al-
cance dos objetivos.

O Quadro 3 apresenta as principais características do tipo


ideal de burocracia destacadas por Weber.
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 37

Quadro 3 – Principais características do tipo ideal de burocracia.


As burocracias são essencialmente sistemas de normas.
A figura da autoridade é definida pela lei, que tem como
FORMALIDADE
objetivo a racionalidade das decisões baseadas em critérios
impessoais.
As pessoas são ocupantes de cargos ou posições formais.
Alguns dos cargos são de figuras de autoridade. A obediência
IMPESSOALIDADE
é devida aos cargos, não aos ocupantes. Todas as pessoas
seguem a lei.
As burocracias são formadas por funcionários. Os
funcionários são remunerados, obtendo os meios para sua
PROFISSIONALISMO
subsistência. As burocracias funcionam como sistemas de
subsistência para os funcionários.
Fonte: Maximiano (2004, p. 134).

Para Weber, a burocracia é o padrão mais eficiente de Admi-


nistração. Ela se baseia em princípios definidos em normas, regras
e leis que objetivam a padronização e a imparcialidade nas rela-
ções de trabalho.
Portanto, a burocracia tem o objetivo de colocar em ordem
o trabalho participativo de pessoas, de forma estável e duradou-
ra, sendo que cada um terá a sua atividade específica. A intenção
da burocracia é separar as atividades profissionais das familiares.
Separam-se as esferas pessoais, privadas e familiares da esfera do
trabalho, vista como esfera pública de atuação do indivíduo.
A seguir, apresentaremos cada um dos princípios da estrutu-
ra burocrática.

Caráter legal das normas e regulamentos


O caráter legal das normas e regulamentos constitui um
sistema burocrático composto por normas, leis e regulamentos
preestabelecidos por escrito. Assim, como as leis são escritas e
instituídas e definem os direitos e obrigações dos indivíduos, a bu-
rocracia, por sua vez, constitui-se de procedimentos que a organi-
zação deverá seguir.
Essas normas conferem às pessoas investidas de autoridade
a capacidade de utilizar meios coercitivos para impor a ordem e a

Claretiano - Centro Universitário


38 © Práticas Corporais Alternativas

disciplina, a fim de que os subordinados sigam as leis contidas nos


regulamentos. Por isso, a burocracia é uma sociedade legalmente
organizada.

Caráter formal das comunicações


O meio de comunicação da burocracia está alicerçado na for-
malidade. Assim, as ações, as tarefas ou as ordens precisam ser reali-
zadas por escrito. Portanto, todos os procedimentos de uma organiza-
ção possuem formulários específicos para comprovar a sua realização.
O processo de comunicação entre o emissor e o codificador
é legalizado por meio de formulários. Tendo em vista que as comu-
nicações acontecem cotidianamente, o sistema burocrático esta-
belece o uso de rotinas escritas para legalizar as ações.

Caráter racional e divisão do trabalho


Assim como na Teoria Científica, a burocracia busca a máxi-
ma eficiência do trabalho. Cada indivíduo participante da organi-
zação burocrática possui um cargo específico, funções especializa-
das e limite de ação, ou seja, competência para exercer o poder.
Neste princípio, as regras são bem definidas para que os par-
ticipantes sigam os limites de ação, sem prejudicar a eficiência e a
estrutura organizacional da empresa. Consequentemente, a buro-
cracia é uma organização social racional.

Impessoalidade nas relações


O caráter impessoal da burocracia nas relações determina
que seja estabelecida uma administração que considere apenas
os cargos e funções das pessoas. Não importa a pessoa que vai
ocupar o cargo, mas sim as funções que lhe são atribuídas. Tanto a
ordem como a obediência são realizadas de uma forma impessoal.
No caráter impessoal, são abomináveis os comportamentos
de "nepotismo" e "filhotismo".
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 39

Hierarquia da autoridade
Os cargos previstos na burocracia para serem ocupados pe-
los indivíduos seguem o princípio da hierarquia. Isso significa que
todos os cargos inferiores ficam sob a supervisão e controle de um
posto superior.
Entretanto, na hierarquia burocrática, o subordinado está
protegido de ações arbitrárias de seu superior, porque as ações de
ambos estão previamente estabelecidas por regras conhecidas em
todas as esferas da organização.

Rotinas e procedimentos padronizados


No desempenho das tarefas em uma organização burocrá-
tica, o funcionário não faz aquilo que deseja, mas sim o que lhe
foi atribuído pelo cargo ocupado. Suas atividades, seus limites de
ação, sua autoridade e seu poder são conferidos de acordo com as
rotinas e procedimentos da instituição.
Os funcionários seguem com disciplina um conjunto de re-
gras e normas que os acomodam aos objetivos da organização.
Dessa forma, a racionalização do trabalho permite que o desem-
penho seja alcançado dentro de parâmetros específicos que vão
levar a organização ao alcance de uma performance eficiente.

Competência técnica e meritocracia


Reflita: na teoria burocrática, que fatores são levados em
conta para a promoção de um funcionário?
A organização burocrática é projetada na competência pro-
fissional e no mérito das pessoas, em detrimento da simpatia pes-
soal. Por isso, a escolha de um novo funcionário e até mesmo sua
promoção são processos baseados em critérios de conhecimentos
técnicos e de aproveitamento profissional.
Vale ressaltar que o processo de valorização profissional se-
gue o princípio universal racional, abrangendo todos os funcioná-

Claretiano - Centro Universitário


40 © Práticas Corporais Alternativas

rios da organização. Para comprovar essa questão, o evento pro-


mocional é feito por meio de concursos, exames e comprovação
de títulos.

Especialização da administração
O sistema burocrático é baseado na profissionalização espe-
cializada do participante. O participante não é dono da burocra-
cia, nem seu proprietário, mas sim um elemento que faz parte da
organização burocrática. Os recursos, os meios de produção e a
estrutura que compõem o sistema burocrático, necessários para
a consecução dos objetivos previstos, não são propriedades dos
burocratas.

Profissionalização dos participantes


A caracterização da burocracia prevalece na profissionaliza-
ção dos participantes. Os funcionários da organização burocrática
caracterizam-se como profissionais, quando:
1) recebem salário;
2) ocupam um cargo;
3) são especialistas;
4) são nomeados pelo superior hierárquico;
5) seu mandato se estabelece por tempo indeterminado;
6) desenvolve sua carreira dentro da administração;
7) não possuem a propriedade dos meios de produção e
administração;
8) seguem os objetivos da empresa e são fiéis a ela;
9) possuem o perfil de controle.

Completa previsibilidade do funcionamento


O pressuposto estabelecido por Weber é de que a burocracia
é um sistema que permite a completa previsibilidade do compor-
tamento de seus membros. Assim, todos os funcionários devem
se comportar conforme as normas, regulamentos e regimentos da
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 41

organização, a fim de que os objetivos sejam alcançados com a


máxima eficiência possível.
A variação do comportamento humano não foi prevista, foi
ignorada. A organização informal foi descartada por Weber, pois
o comportamento humano dever ser baseado num sistema social
racional que o torna completamente previsível.

Sistema burocrático desenhado por Max Weber


Na figura a seguir, podemos visualizar como o sistema buro-
crático foi desenhado por Weber; entenderemos as consequências
e os objetivos desse sistema.

Fonte: adaptado de Chiavenato (2000, p. 314).


Figura 1 Características da burocracia.

Nesta unidade, aprendemos que a burocracia, segundo We-


ber, é o padrão mais eficiente para a administração. A burocracia
é baseada em um conjunto de normas e princípios bem definidos.
Ela compreende um sistema apoiado em regras, as quais es-
tabelecem a solução de problemas, a padronização e a igualdade
de tratamento, com ênfase nas relações sociais do trabalho.
Para apoiar a organização burocrática, existe o seguimento
de um complexo hierárquico, a divisão do trabalho, a nomeação
dos trabalhadores conforme sua competência, além de profissio-
nalismo e do aspecto comportamental definido.

Claretiano - Centro Universitário


42 © Práticas Corporais Alternativas

Vimos que a burocracia tem como base a racionalidade, ou


seja, a adequação dos métodos às metas preestabelecidas para
que se alcancem os melhores resultados possíveis.
Portanto, principalmente nas organizações complexas, é pra-
ticamente impossível conduzir os processos administrativos sem
a burocracia. Acontece que, na maioria das vezes, as instituições
agem com excesso de burocracia, razão pela qual ocorre o proces-
so que os estudiosos chamam de "burocratismo".
A burocracia é todo o processo formal que existe nas empre-
sas. Os formulários, o regimento, as normas, os processos adminis-
trativos e fabris, os projetos, enfim, qualquer elemento pertencen-
te à estrutura formal da empresa.
Agora, mostraremos as vantagens do sistema burocrático
nas organizações sociais. Em um segundo momento, estudaremos
as desvantagens burocráticas que os estudiosos conceituaram
como "disfunções burocráticas".

Informação!––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para auxiliar na reflexão sobre o tema, assista ao trecho do filme "Os doze trabalhos
de Asterix" onde Asterix e seu companheiro Obelix precisam conseguir a licença A38!
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=stjfdosZQk4&feature=relat
ed>. Acesso em: 06 jun. 2012.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

7. VANTAGENS DA BUROCRACIA
Max Weber, em seus estudos sobre as organizações sociais,
descreveu inúmeras razões para explicar a amplitude de alcance
da burocracia nas instituições.
Para Weber (apud Chiavenato, 2000), as vantagens da buro-
cracia são:
1) Racionalidade: os objetivos propostos pela organização
têm que ser alcançados de uma maneira racional, ou
seja, as metas são traçadas para que os processos utili-
zados sejam eficientes, possibilitando a sua consecução
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 43

dentro dos limites propostos. Visões ideológicas, abstra-


tas, não fazem parte do sistema burocrático.
2) Precisão na definição do cargo e na operação: o conhe-
cimento, a responsabilidade e a execução das ativida-
des são perfeitamente determinados aos funcionários
da organização social burocrática. Portanto, na visão de
Weber, o sistema burocrático proporciona a exatidão no
cumprimento dos deveres.
3) Rapidez nas decisões: todos os funcionários conhecem
os seus deveres, por isso a organização social burocráti-
ca permite uma rapidez maior nas decisões.
4) Univocidade de interpretação: as normas, regulamentos
e leis estabelecidas na organização burocrática permitem
uma interpretação única, sem problemas de variação no
processo de comunicação. Além disso, a informação é dis-
creta, pois é realizada apenas para quem deve recebê-la.
5) Uniformidade de rotinas e procedimentos: os produtos
são projetados com especificações (padrões) de enge-
nharia. Na organização burocrática, devido à padroniza-
ção de rotinas e procedimentos, a redução de erros e
custos do produto é reduzida.
6) Continuidade da organização: as organizações sociais
são baseadas em cargos e em funções. Isto significa que
os critérios de seleção e promoção do pessoal baseiam-
-se em competência técnica, capacidade e meritocracia.
7) Redução do atrito entre as pessoas: todos os funcioná-
rios sabem o que devem fazer, quais são os limites de
responsabilidade e o que será exigido deles. Por isso, é
do conhecimento deles, também, as responsabilidades
dos seus colegas de trabalho.
8) Constância: as tarefas, as ações, as ordens são realizadas
de uma maneira uniforme; não importa a circunstância,
mas sim a padronização das atividades.
9) Confiabilidade: o processo organizacional é conduzido
por meio de procedimentos conhecidos. Os problemas
são resolvidos de uma maneira metódica e rotinizada.
Além disso, as ordens e as decisões são tomadas racio-
nalmente, sem considerar as dimensões ocultas (amor,
ódio, raiva, preconceito e outras preferências pessoais).

Claretiano - Centro Universitário


44 © Práticas Corporais Alternativas

10) Benefícios para as pessoas: a divisão racional do traba-


lho e a formalização da hierarquia proporcionam uma
melhor organização, pois os funcionários sabem que to-
dos agem por competência técnica e mérito. A organiza-
ção burocrática reprime o uso do "apadrinhamento", do
"nepotismo" ou do "filhotismo".
Observemos que a burocracia visa à eficiência dos processos
organizacionais. Por isso, a padronização de atividades permite a
cooperação entre grande número de pessoas, sem que elas se sin-
tam necessariamente cooperadoras.
Concluindo, as vantagens da organização burocrática estão ba-
seadas na equidade das normas e regulamentos, os quais são cons-
tituídos de acordo com padrões universais de justiça e tratamento.
Todavia, na opinião de estudiosos como Merton, Perrow e
Roth, as organizações burocráticas inibem os funcionários no alcan-
ce de outros perfis necessários para as organizações, como a cria-
tividade, a iniciativa e a participação nas decisões organizacionais.
Para esses estudiosos, a organização burocrática não pode
ser totalmente racional e a estrutura formal não possui tanto al-
cance como é defendido por Weber. Na verdade, o tipo ideal de
burocracia sofre alterações quando é conduzido por homens.
Vejamos, no quadro a seguir, os principais estudiosos das or-
ganizações sociais.
Quadro 4 Organizações sociais.
AUTORES PRINCIPAIS IDEIAS
1) Max Weber Tipo ideal de burocracia.

2) Amitai Etzioni Tipologia das organizações com base nos tipos de poder.

Tipologia das organizações com base nos tipos de


3) Blau e Scott
beneficiários.
4) Charles Perrow,
Robert K. Merton e Disfunções organizacionais.
William Roth
5) Burns e Stalker Modelo mecanicista e orgânico de organização.
Fonte: Maximiano (2000, p. 125).
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 45

Agora que você identificou as vantagens do sistema buro-


crático, apresentaremos as consequências imprevistas – ou disfun-
ções – que podem ocorrer nas organizações burocráticas.

8. DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA
Para Weber, as consequências imprevistas (ou indesejadas)
que levam a burocracia à ineficiência e às imperfeições são chama-
das de "disfunções da burocracia".
No sistema burocrático, apesar da previsibilidade de funcio-
namento, a disfunção é uma consequência não prevista, ou inde-
sejada, que resulta em ineficiências ou imperfeições. Vejamos, a
seguir, algumas disfunções burocráticas:

Internalização das regras e apego aos regulamentos


A especialização, juntamente com as normas e regulamentos im-
postos pela burocracia, exaltam atividades rotineiras, as quais condu-
zem os indivíduos de uma maneira fiel ao atendimento dos objetivos.
Por isso, o funcionário burocrata torna-se um especialista e per-
de toda a flexibilidade de alterar processos, métodos e produtos. Mui-
tas vezes, a ação flexível não acontece porque o funcionário é treina-
do para seguir as normas e regulamentos da organização burocrática.

Excesso de formalismo e papelório


Excesso de formalismo e papelório: no modelo burocrático,
existe a necessidade de documentar e de formalizar todas as co-
municações a fim de que tudo possa ser devidamente testemu-
nhado por escrito. Essa tendência conduz ao excesso de formalis-
mo, de documentação.
Um dos princípios da burocracia é a formalização por escrito
de todas as ações e comunicações realizadas no ambiente organi-
zacional. O propósito é muito bom; entretanto, o uso excessivo de

Claretiano - Centro Universitário


46 © Práticas Corporais Alternativas

formulários, registros, comunicações, pode provocar controles e


atividades desnecessários, que emperram a produção.
O excesso de formalismo e de papelório torna-se, assim, a
disfunção burocrática de maior destaque, pois apresenta-se de
uma forma visual e que pode ser quantificada.

Resistência a mudanças
As atividades realizadas pelos funcionários da organização
burocrática são desempenhadas de acordo com um padrão insti-
tuído por normas e regulamentos. Como vimos nas características
da burocracia, todas as variáveis do processo devem ser previstas.
Em relação ao cumprimento dos objetivos, a previsibilidade é
uma ação satisfatória; todavia, o excesso de normatização conduz
os indivíduos a uma estabilidade prejudicial, porque eles se acomo-
dam e dificilmente aceitam desafios e mudanças no processo.

Despersonalização do relacionamento
A imparcialidade e a impessoalidade conduzem a comunida-
de social com um tratamento mais equitativo aos participantes da
sociedade organizacional. O tratamento imparcial evita o nepotis-
mo, o "filhotismo" e o "patrimonialismo".
Entretanto, na sociedade burocrática, os indivíduos seguem
as orientações racionais de uma forma tão mecânica e fiel que
muitas vezes esquecem o ambiente de relacionamento humano
na formação das organizações.

Categorização como base do processo decisorial


Na organização burocrática, as decisões são tomadas por
quem tem um cargo mais elevado na categoria hierárquica, mes-
mo que ele não tenha conhecimento sobre o assunto. A burocracia
se constata em uma organização apoiada na hierarquização rígida
de sua estrutura organizacional.
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 47

Superconformidade às rotinas e procedimentos


O funcionário burocrata executa suas tarefas seguindo re-
ligiosamente as normas, regulamentos e procedimentos estabe-
lecidos pela organização. Em um determinado momento, essas
"leis" impostas superam os objetivos desejados pela organização,
ou seja, o apego à superconformidade das normas torna-se muito
mais importante do que a própria realização correta do trabalho.
Assim, o funcionário burocrata perde a flexibilidade de exe-
cução das atividades, razão pela qual ele é induzido, gradativamen-
te, a perder a capacidade de inovação, a iniciativa e a criatividade.

Exibição de sinais de autoridade


Em razão de a organização burocrática estar apoiada fiel-
mente na hierarquização da autoridade, a atuação do poder tor-
na-se uma forma integrada de coação do funcionário. Portanto, é
comum o uso intensivo de jargões, símbolos, uniformes, crachás e
inúmeros meios de identificar as diferentes posições hierárquicas
na organização.

Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público


O sistema organizacional burocrático é previsível, composto
de normas e regulamentos que definem um comportamento ho-
mogêneo das pessoas e exigem a devoção do que foi estabelecido
criteriosamente.
O funcionário fica à mercê dessa internalização, restrito em
seu relacionamento humano, perde flexibilidade nas ações e, con-
sequentemente, sua maneira de agir é refletida em sua forma pa-
dronizada de atender ao público.

Estudo de Caso–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A empresa Alfa atua no segmento de calçados de segurança, atualmente produz
cerca de 800.000 mil pares de calçados por mês de um total de 100 modelos
disponíveis para vários segmentos. A seguir, Spengler, Barros e Otofuji (2011, p.
4) descrevem quatro situações referentes à burocracia interna nesta empresa:

Claretiano - Centro Universitário


48 © Práticas Corporais Alternativas

Primeiro caso
A empresa tem como procedimento não realizar contratações e demissões entre
o dia 20 e o último dia útil de cada mês com o objetivo de facilitar o fechamento
da folha de pagamento dos funcionários e evitar atrasos.
Caso algum colaborador cometa um ato grave de indisciplina ou realize um tra-
balho errado propositalmente causando prejuízo para a empresa, não poderá ser
demitido entre o dia 20 e o último dia do mês.
Um exemplo de complicação causada pela regra aconteceu quando houve au-
mento de demanda na produção e era necessária a contratação de 3 cortadores.
Como a necessidade foi identificada no dia 20, foram aguardados 11 dias para
que a solicitação fosse atendida pelo setor de Recursos Humanos.
Como cada cortador produz em média 330 pares por dia e foram aguardados
ao todo 9 dias úteis, a empresa deixou de produzir 8.910 pares. O preço médio
de venda dos calçados é de R$ 29,00, assim a empresa deixou de faturar R$
258.390,00, além de ter seus clientes sendo atendidos por outros fornecedores.

Segundo caso
Na empresa Alfa o processo de compra de matéria-prima inicia com o encami-
nhamento da necessidade para o almoxarifado, que emite um documento deno-
minado Solicitação de Compras.
Antes de o documento ser emitido, o almoxarifado checa a necessidade da com-
pra, as especificações do material solicitado e se o mesmo já possui cadastro
interno. Caso o material não possua cadastro interno, o mesmo precisa ser soli-
citado ao setor de cadastro.
Cumprida essa etapa, a Solicitação de Compras segue para o setor de Compras
que verifica os dados, os fornecedores aprovados para o fornecimento e, caso
não haja nenhum, é preciso desenvolver um novo fornecedor.
Neste caso, é preciso envolver o setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), que
realiza os testes necessários para aprovação do material e também o setor de pro-
dução que deve dar o seu aval para que o material e fornecedor sejam aprovados.
Definidos o material e o fornecedor, o setor de compras abre uma Ordem de
Compras onde estão relacionados o prazo de entrega e todas as outras especi-
ficações importantes para realização da transação.
Na recepção, quando o material chega à empresa, a transportadora deve en-
tregar a nota fiscal na portaria. A nota é encaminhada para o setor de compras,
onde são checadas todas as informações constantes na nota. Caso haja algum
erro, o material não é recebido e é devolvido até mesmo por erros de digitação.

Terceiro caso
Na empresa Alfa, para toda prestação de serviços de terceiros, precisa ser aber-
to um documento de Solicitação de Compra e, posteriormente, uma Ordem de
Compra antes da realização do mesmo.
Para este procedimento,exigem-se o orçamento prévio e descrição do que será
feito. Após tudo estar devidamente preenchido e acertado é que o serviço pode
ser realizado.
Em certa data, uma injetora de solados teve um problema na mangueira hidráu-
lica. Como o supervisor não tinha certeza de que conseguiria uma peça idêntica,
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 49

por se tratar de uma máquina importada, teve que retirar a referida peça da má-
quina e levá-la a um fornecedor para fazer uma avaliação.
Neste caso, como era preciso levar uma peça danificada para verificação, uma
nota fiscal de saída devia ser emitida e, ao retornar, outra nota fiscal de retorno
devia ser emitida pelo fornecedor. Como o caso era urgente, o supervisor não
seguiu o procedimento.
Em função de seu bom relacionamento com o fornecedor, conseguiu encontrar
a peça correta. Caso não encontrasse, a opção seria comprar outra peça em um
fornecedor na Alemanha, o que levaria 20 dias aproximadamente.
Ao chegar à portaria com a peça, o supervisor foi barrado, pois não podia entrar
com a peça sem a nota fiscal do serviço prestado e por que não havia seguido
o procedimento correto. Isto atrasou mais uma hora até que o responsável pela
controladoria da empresa liberou a entrada do material.
Com a parada extra, a injetora ficou mais uma hora parada. A máquina produz
125 pares/hora que custam em média R$ 29,00; ou seja, a empresa deixou de
faturar R$ 3.625,00 neste período.

Quarto caso
Para organizar o recebimento de materiais e entradas de notas fiscais, a em-
presa Alfa aceita a entrada das mesmas até às 17h com o objetivo de facilitar a
conferência e o recebimento dos materiais no almoxarifado.
Na empresa Alfa, o controle da entrada e saída de materiais é rígido. Tudo que
entra ou sai da empresa precisa ser acompanhado pela nota fiscal correspon-
dente, mesmo matérias e utensílios utilizados em outras unidades.
Como a empresa Alfa possui uma unidade produtiva em uma cidade que fica a 50
km da matriz, vários materiais são enviados para esta unidade.
A programação do que deve ser produzido nesta filial é feita pelo setor de Plane-
jamento e Controle da Produção (PCP), que fica na matriz.
Em determinada data, houve uma situação em que foi programado o mesmo nú-
mero de um determinado modelo para as duas unidades. Isto criou um problema,
pois havia somente um gabarito, que deveria ser usado nos dois lugares.
A supervisora do setor, percebendo a situação, pediu para anteciparem a pro-
dução para que pudesse levar o gabarito para a matriz no final da tarde. Tomou
esta decisão para evitar perdas nas duas unidades, tendo o cuidado de emitir a
nota fiscal para transportar o gabarito, conforme o procedimento estabelecido.
Contudo, ao chegar à matriz às 17h30, a norma que impede o recebimento após
as 17h, lhe impediu de entrar com a peça.
Após explicar o que aconteceu e a importância do gabarito, o responsável pela
controladoria permitiu sua entrada.
Spengler, Barros e Otofuji (2011) ressaltam que o procedimento foi criado para
disciplinar a entrega de materiais por parte das transportadoras e acabou se es-
tendendo para todos os recebimentos, inclusive para transações entre unidades
da própria empresa.
(Adaptado de SPENGLER; BARROS; OTOFUJI, 2011).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Claretiano - Centro Universitário


50 © Práticas Corporais Alternativas

Reflita: você consegue identificar alguma disfunção burocrá-


tica nos casos apresentados?

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Nessa unidade você viu diversos conceitos relacionados à Teoria Burocráti-
ca. Monte um breve resumo retomando cada um desses conceitos, relacio-
nando-os com o cotidiano da empresa em que trabalha.

2) Cite alguns prejuízos que a burocracia poderia causar para uma empresa.

3) Sua empresa pretende lançar um programa de redução de procedimentos


burocratizantes. Cite algumas medidas que poderiam contribuir para isso.

10. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, você pôde conhecer um pouco mais
sobre burocracia: seus princípios, sua origem, seus significados,
suas vantagens, desvantagens e disfunções. Por fim, você teve a
oportunidade de entender a necessidade da aplicação da burocra-
cia nas organizações complexas.
Na próxima unidade, abordaremos a Teoria Estruturalista.
© U1 - Abordagem à Teoria da Burocracia 51

11. E-REFERÊNCIAS

Site pesquisado
SPENGLER, A. J.; BARROS, L. B.; OTOFUJI, T. S. A burocracia destruindo valor: Estudos de
casos. COGNITIVO, v. 2, n. 1, p. 1-9, 2011. Disponível em: <http://revista.unilins.edu.br/
index.php/cognitio/article/view/174>. Acesso em: 6 jun. 2012.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 2000.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2000.
_________. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. São
Paulo: Atlas, 2004.
WEBER, M. Os fundamentos da organização burocrática: uma construção do tipo ideal.
In: CAMPOS, E. Sociologia da burocracia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1971.

Claretiano - Centro Universitário


Claretiano - Centro Universitário

Vous aimerez peut-être aussi