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Resenha do primeiro capítulo da tese Saberes e práticas docentes para a inovação curricular: uma análise das práticas de sala de aula (George Kouzo Shinomiya)
Resenha do primeiro capítulo da tese Saberes e práticas docentes para a inovação curricular: uma análise das práticas de sala de aula (George Kouzo Shinomiya)
Resenha do primeiro capítulo da tese Saberes e práticas docentes para a inovação curricular: uma análise das práticas de sala de aula (George Kouzo Shinomiya)
CAMPUS II – CAJAZEIRAS/PB UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA DISCIPLINA: PRÁTICA DO ENS. DE FÍSICA PARA O ENS. MÉDIO DOCENTE: PROF. DR. DIEGO ROCHA SEMESTRE: 2019.1
SHINOMIYA, George Kouzo. Capítulo 1: Revisão da Literatura. In:_________.
Saberes e práticas docentes para a inovação curricular: uma análise das práticas da sala de aula. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação. Área de Concentração: Ensino de Ciências e Matemática – Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo: s.n., 2013
Cícero Marcos Meneses da Silva
Aluno de Licenciatura em Física – UFCG/CFP
George Kouzo Shinomiya é Licenciado em Física pela Universidade de São
Paulo (1998), mestre em Ensino de Ciências (Modalidade Física e Química) pela Universidade de São Paulo (2003) e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. É professor da Universidade Estadual de Santa Cruz desde 2005. Tem experiência na área de Educação, com ênfase na formação inicial e continuada de professores de Física. Atua também na área de divulgação científica, desenvolvendo projetos relacionados com museus de ciência itinerantes. Sua tese de doutorado: Saberes e práticas docentes para a inovação curricular: uma análise das práticas da sala de aula; está dividida em cinco capítulos, dos quais, se pretende resenhar sobre o primeiro capítulo: Revisão da Literatura, que, no geral, faz um apanhado bibliográfico entre as linhas de pesquisas dos professores canadenses Maurice Tardif e Clermont Gauthier, a partir de temas elencados pelo autor: O(s) Saber(es); Os tipos de saberes (disciplinares, curriculares, da ciência da educação, da tradição pedagógica, da ação pedagógica, experienciais); Os saberes profissionais e sua relação com o tempo; As concepções sobre o saber. No geral trata do avanço das pesquisas nessa área nas ultimas décadas afirmando que houve um grande aumento dos estudos relacionados aos saberes docentes, tornando esse campo relevante para a compreensão do trabalho docente. Ao tratar sobre o(s) saber(es), o autor questiona: “Mas o que é realmente o saber? Há uma definição sobre o que é saber? É possível definir o saber ou saberes do professor? Quais são seus atributos?” (SHINOMIYA, 2013, p. 27), esses questionamentos representam uma busca de sintetizar a natureza dos saberes das diversas áreas de profissionalização, para se chegar aqueles movimentados e empregados pelos professores, seja através de pesquisa empírica, seja através de questões teóricas. “Independente de como foram estabelecidas as bases teóricas sobre os atributos de cada profissão, os saberes ocupam um lugar de destaque, sendo o principal meio de se compreender o saber fazer de cada ocupação” (SHINOMIYA, 2013, p. 27). Neste momento, o autor enfatiza que a noção de saber possui dois aspectos principais: à natureza do trabalho e o tempo, portanto, “(...) independentemente de cada profissão ou do estilo de vida de cada um, todos devem mobilizar saberes teóricos ou técnicos cada vez mais numerosos e mais sofisticados” (SHINOMIYA, 2013, p. 29). No caso dos professores, numa visão mais abrangente, o autor aponta que o saber docente não surge do indivíduo (professor), nem só da experiência cotidiana de sala de aula, pois cada dia terá que se confrontar com algo totalmente novo, mas sim de diferentes fontes, tais como: “(...) a instituição formadora, o local de trabalho (a escola), as experiências pessoais dentro e fora da escola, a vida em família e em grupos de amigos, entre outras, pelas quais o professor convive no decorrer de sua vida” (SHINOMIYA, 2013, p. 33); esse aspecto caracteriza uma origem social patente ao saber docente. Ao relacionar os tipos de saber, o autor, seguindo o pensamento de Gauthier (1998), elenca seis saberes como aqueles formadores do saber docente: os disciplinares, os curriculares, das ciências da educação, da tradição pedagógica, da ação pedagógica e os experienciais. O disciplinar corresponde aos vários campos do conhecimento, tais como a Física, a Matemática, a Química, entre outras. No curricular o autor cita a definição de Tardif (2012), afirmando que esse saber condiz aos elementos que fundamentam os currículos, como os “discursos, objetivos, conteúdos e métodos a partir dos quais a instituição escolar categoriza e apresenta os saberes sociais por ela definidos e selecionados como modelos da cultura erudita e de formação para a cultura erudita” (SHINOMIYA, 2013, p. 37). Os saberes da ciência da educação representam aqueles oriundos da pesquisa que, geralmente, se tornam em pedagogias, fazendo parte de programas curriculares. Os saberes da tradição pedagógica reflete “o fazer docente”, que desde o século XVII apresenta um modelo de organizar os alunos em classes para serem “ensinados” por um professor, perdurando esse arquétipo até os dias atuais. Os saberes da ação pedagógica dizem respeito à experiência do professor posta em ação prática na sala de aula, que “(...) poderiam (ou podem) influir na formação inicial dos futuros professores, provendo-os de saberes essenciais ao trabalho em sala de aula e que até hoje ainda estão guardados na memória dos professores” (SHINOMIYA, 2013, p. 40). Os saberes experienciais são saberes de natureza complexa e referem-se aos saberes específicos aprimorados pelos próprios professores durante a execução de suas atividades docentes no decorrer do seu tempo de magistério. Essa classificação permite entender que o saber do magistério é diversificado e relacionado ao tempo de atividade docente, já vez que é adquirido no contexto de uma história de vida e de uma carreira profissional, ou seja, ensinar supõe aprender a ensinar, aprender progressivamente os saberes necessários à realização do trabalho docente através da experiência profissional e pessoal do professor. Importa o que ele aprende sozinho em sua atividade e o que ele aprende com seus colegas de profissão durante sua carreira. Tratando dos saberes profissional e sua relação com o tempo, o autor salienta que tanto Gauthier (1998) quanto Tardif (2012), dizem que o trabalho do professor é o fator principal na geração do saber docente. “Os saberes desenvolvidos pelos professores estão intimamente ligados ao ofício de professor, pois os mesmos são utilizados em seu trabalho cotidiano, sendo desenvolvidos ao longo de sua carreira docente” (SHINOMIYA, 2013, p. 44). Percebe-se que os saberes necessários à profissão docente, não será suprido apenas pelos conteúdos, mas por diversas fontes; a prática do dia a dia da sala de aula, parece ser a fonte privilegiada dos saberes necessários ao saber ensinar. Um educador de profissão é aquele sujeito que assume sua prática a partir dos significados que ele mesmo constrói, sua execução do magistério fundem ações caracterizadas pela repetência de acontecimentos e pelo surgimento de situações completamente novas, permitindo que o professor produza novos saberes sobre saberes anteriormente adquiridos. Concluindo, o texto de George Shinomiya esboça que os saberes docentes são construídos entre a produção do conhecimento docente e execução do trabalho cotidiano do professor; essa constante deve ser tema de pesquisa, capaz de produzir novos conhecimentos para a ação docente e de gerar conexões com as práticas profissionais. Levar em consideração o saber docente cotidiano permite renovar concepções a respeito da formação do professor, bem como de sua identidade e contribuição profissional. O texto apresenta-se bastante organizado, descrevendo caminhos para a valorização do fazer docente, enquanto área de conhecimento, para a formação de novos professores; profissionais cada vez mais “desconsiderados” nos dias atuais. A forma que o texto foi escrito possibilita uma linguagem simples e envolvente, revelando, talvez que o autor, se propunha em facilitar o acesso à produção acadêmica. O professor que tiver a oportunidade de ler a produção ora resenhada, reencontrará, talvez, valores esquecidos e, quem sabe, se tornem mais esperançosos, no tocante aos questionamentos sobre a importância de sua prática como fonte geradora de conhecimento para a formação docente, implicando assim, em um reconhecimento e valorização real da “profissão professor”.