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Delia Steinberg Guzmán

A ARTE DE

TRIUNFAR NA VIDA

Edições Nova Acrópole


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ÍNDICE

PREFÁCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

TRIUNFAR NA VIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

A ACÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

O QUE TEMOS E O QUE QUEREMOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

TODOS QUEREMOS MAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

AS MOTIVAÇÕES HUMANAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

MUDANÇAS DE PERSONALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

O MEDO À MUDANÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

AS COISAS QUE NOS CANSAM E AS QUE NOS RELAXAM . . . . . . . 49

QUALIDADE DE VIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

SABER OUVIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

O FÁCIL E O DIFÍCIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

A REPETIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

A MARAVILHOSA ARTE DE SERMOS NÓS PRÓPRIOS . . . . . . . . . . . . 67

A RESPONSABILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
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AS NOSSAS CONVICÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

CONVICÇÃO E FANATISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

A AMIZADE FILOSÓFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

A FELICIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

ADENDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

A FILOSOFIA DA NOVA ACRÓPOLE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93


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PREFÁCIO

«Viver é criar, aspirar e triunfar…»

Esta máxima, escrita por um sábio indiano, resume muito bem a


importância que na vida tem «criar, aspirar e triunfar». A consciência,
se não foi petrificada pelos hábitos, cria minuto a minuto, abre espaço,
um leito para este inesgotável caudal que é a Vida.
Criar é um atributo da alma humana, ou melhor, uma chama di-
vina presente na alma: é o dom de Prometeu que nos torna semelhantes
a Deus.
Aspirar é «querer com a alma», é dar vida a tudo o que imaginamos,
é sonhar com o melhor de nós mesmos e projectar esses sonhos para
diante, como uma ponte que penetra no invisível e no mistério. É es-
tender as asas e, impulsionados pelo vento de tudo quanto amamos, voar.
Mas quem coroa a obra alquímica da nossa existência é triunfar.
Sem o triunfo a vida cristaliza as suas experiências amargas em jóias de
futuras realizações, de futuras vitórias. Nenhum esforço sincero se perde,
é certo, mas todos sabemos que, intimamente, a vida exige-nos o triunfo.
A vitória é o canto triunfal desta corrente impetuosa que é a vida, a
espuma de branca e imaculada beleza que se agita nas suas ondas, como
a melhor oferenda a Deus. É, talvez, por esta razão, que na arte grega
Zeus, Pai dos Deuses, é mostrado com uma vitória na palma da mão.
Todos queremos triunfar, necessitamos de triunfar como necessi-
tamos de viver. Para que este triunfo seja verdadeiramente humano não
é necessário que se erga sobre os cadáveres da derrota, dos vencidos,

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mas sim sobre o cadáver do passado que nos aprisiona, sobre o cadáver
daquilo que nos quer submergir na insensibilidade e no caos, sobre o
cadáver do nosso egoísmo, das nossas limitações e das sombras inúteis
que projectamos no espelho da vida. Quer dizer, necessitamos de um
triunfo e de uma vitória que seja como uma tocha para guiar os outros
nas sendas da vida, para dar luz e calor, para romper as cadeias, as nos-
sas e as suas ou, se isso não for possível, torná-las mais leves. Um triun-
fo que irradie luz desde o coração e que desde o coração queira dar-se
aos outros, sem medida.
Quem é que não quer encontrar um triunfo assim? Quem é que
não quer ser de luz? Quem é que não quer arder na noite e reproduzir,
na terra, aqui e agora, o mistério das estrelas na imensidão? Quem não
quer amar, amar… e, como o Sol, levar os raios deste amor aos confins
do infinito, consumindo-se no abismo de Deus?
Os filósofos sumérios ensinavam que a vida é uma flecha e que to-
dos queremos que esta flecha acerte no alvo, que não se perca, que che-
gue, que acerte. E do mesmo modo que existe uma arte e uma discipli-
na para que o arqueiro acerte no alvo, também existe uma arte e uma
disciplina para triunfar na vida. A diferença é que aqui o alvo somente
é visto com os olhos da alma, e existe uma infinidade de alvos errados
que nos reclamam, que nos aturdem, que nos são impostos como fan-
tasmas e nos quais a flecha, a nossa vida, se pode perder no abismo do
que não é, nunca foi e nunca será.
Milhares de discípulos sentem-se em dívida para com a autora deste
livro, a professora Delia Steinberg Guzmán, pelos seus ensinamentos
na arte de viver, pelo seu afã bondoso e perseverante em abrir o cami-
nho da Filosofia, e em cuidar dos caminhantes, por ser um exemplo vi-
vo destes ensinamentos, algo tão difícil nos tempos em que vivemos.
Aquele que escreve estas linhas sente que o maior galardão da sua vida
é ser seu discípulo e que a sua maior felicidade é transmitir o seu lega-
do, que é o legado da sabedoria atemporal.
Mais de mil artigos, mais de dez mil horas (tantas como as estrelas
que observamos no céu) derramando, desde o seu coração, águas de vi-
da. Outorgando-a generosamente, como na alegoria do pelicano que
alimenta as suas crias com o seu próprio sangue. De um modo tão pe-

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culiar que fez o seu Mestre, o Professor Jorge Angel Livraga, Fundador
da Organização Internacional Nova Acrópole, afirmar «que é muito di-
fícil dizer coisas tão profundas com palavras tão claras e acessíveis».
Quantas jóias do conhecimento! E em áreas tão distintas! Todas
elas estão unidas pelo fio inquebrantável da sabedoria e da tradição ini-
ciática, todas elas luminosas pelo amor com que eram e são apresenta-
das. Filosofia da História; Ética; Psicologia; Estética Metafísica; Orató-
ria; Antropogénese (doutrinas esotéricas sobre a origem e evolução da
Humanidade); Cosmogénese (sobre a origem e evolução do nosso Uni-
verso); História da Filosofia Antiga, Oriental, Medieval, Moderna; So-
ciopolítica, Fenomenologia Teológica e todo um compêndio de doutri-
nas herméticas dedicado aos seus discípulos mais directos.
A obra que tem nas suas mãos é uma pequena recompilação de
artigos dirigidos, em princípio, a todos os estudantes da Nova Acrópole
ou editados em diferentes revistas.
No prefácio deste livro, numa edição anterior, escrevemos: «Esta
obra constitui um desafio para cada leitor na descoberta de si próprio. Nela
apresenta-se, de uma forma profunda e clara, o labirinto das dificuldades
sentidas e vividas no mundo de hoje: a angústia, a dor, a incompreensão,
a intolerância, o stress e tantas outras que cada vez mais lançam o homem
na confusão e no desalento.
A verdadeira arte da autora foi encontrar a chave de análise dos
problemas que nos afectam sob todos os prismas e propor soluções no âmbito
do conhecimento humano.»
Creio que é útil acrescentar mais algumas ideias, que possam servir
de recordação para quem entrar no jardim encantado dos seus ensina-
mentos vivos:

• Embora a leitura seja muito fácil porque, como dissemos an-


teriormente, um dom da autora é tornar fácil o difícil, os te-
mas e ideias expostos são muito profundos, com cada vez
maior beleza se forem estudados com atenção; e férteis para
os cultivos internos da alma, se forem meditados madura-
mente e mais ainda se as referidas verdades forem, como di-
zia H.P.B., honradas com a prática.

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• A melhor forma de ler estas páginas é, na medida do possível,


alcançando antes um estado de calma interior, afastando a
nossa mente dos contínuos requisitos do mundo: problemas,
inquietudes, desejos, dispersão, etc… Platão dizia que Filo-
sofia é a música que se faz com a alma, e estes escritos são, se
nos encontrarmos num estado de paz, uma constatação fácil
desta verdade. Não é poesia, mas as ideias expressas vibram
«musicalmente», o curso do seu pensamento flui cheio de
harmonia e beleza, de uma harmonia e beleza que são uma
dádiva para o coração.
• É evidente que a presença do Mestre é insubstituível na hora
de acender a chama da busca interior e de sentir vivas as fon-
tes que emanam desde o mais profundo do Ser. Não há dis-
cípulo sem Mestre, mas é tão fácil sentir-se discípulo com en-
sinamentos oferecidos com tanto amor, sentir alegria nas ve-
las do nosso barco (o da alma), as brisas da sabedoria. Há que
fazer um exercício de imaginação, ou talvez não seja neces-
sário, e mais do que ler, ouvir estes ensinamentos (todas estas
afirmações são válidas, desde logo, para todos os livros que
instruem a alma) numa espécie de «diálogo amistoso».
• Há uma lógica do pensamento e outra lógica que rege a vida.
Há que sentir, quando lemos estes ensinamentos, como se
entrelaçam, sem causarem oposição, mas sim complemen-
tando-se, unindo a coerência lógica e objectiva da mente às
certezas intuitivas que o coração percebe e que brotam, como
flores, do reino dos sentimentos puros. Recordemos Buda:
«não devemos aceitar nada que o coração e a mente, ambos em
mútuo acordo, não aceitem.»
• Esta Filosofia é Prática e de nada serve se não é posta em prá-
tica, se não se extraem dela elementos que possamos consi-
derar como próprios. Não são produto da especulação nem
da fantasia, não está escrita como um resumo de outras obras,
nem para «ganhar dinheiro». São vivências, experiências de
vida, destilações alquímicas destas mesmas experiências e um
contributo generoso de uma alma para outra, nesta divina

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irmandade que é a condição humana, que nos faz a uns respon-


sáveis pelos outros.

No Dhammapada lemos que mais vitorioso é aquele que se vence a


si próprio do que aquele que vence em batalha mil vezes mil homens.
É nossa ânsia fervente que os ensinamentos desta obra, A Arte de Triun-
far na Vida, possam libertar no ânimo do leitor potências ocultas e lu-
minosas, para a eterna luta do homem contra as suas próprias sombras;
para, peregrinos como somos todos, caminharmos mais felizes nas sen-
das do tempo, que são as sendas da evolução.

José Carlos Fernández

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TRIUNFAR NA VIDA

A História é um extraordinário mostruário onde aparecem, como


cristais de cores que variam de tonalidade conforme a luz, as diferentes
ideias que configuraram os estilos de vida do homem. Cada período tem
os seus parâmetros e, no caminho incessante da busca, os seres humanos
regem-se por esses modelos, procurando segui-los e obedecê-los, tanto
como não o fariam com nenhuma outra ideia que proviesse de outra
fonte. O que é comummente aceite toma foros de lei, chegando mesmo
a haver modelos aceites que têm mais força do que as leis.
Assim, em todas as épocas o êxito foi uma meta a atingir, embora
nem sempre se entendesse o êxito da mesma forma. O que era conside-
rado um triunfo há um século ou há umas décadas atrás, pode ser, ho-
je, um anseio desfocado e fora de moda, substituído por outras ambi-
ções. Apenas uma coisa permanece: o desejo do êxito, a necessidade de
triunfar, o querer ser aceite e considerado pelos outros, ajustando-se à lei
que faz do conjunto – nós e os outros – uma massa coerente da qual não
se pode sobressair nem sequer para encontrar esse êxito por outras vias.
As estatísticas ocupam páginas e mais páginas em dezenas de publi-
cações. É bem claro que nestes anos do final do nosso século, o triunfo
está delimitado pelo prestígio social e pelo poder económico, dos quais
podem derivar outras formas de poder que, por sua vez, aumentam o
prestígio. É certo que a investigação, as ciências, as artes, o conheci-
mento em geral, ocupam um lugar, mas cada vez mais pequeno. O sa-
ber é um belo adorno que, salvo excepções, vem com o mencionado

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prestígio de uma sólida posição social abalizada por uma respeitável for-
tuna económica.
Não é de estranhar, portanto, que sobretudo os jovens canalizem as
suas aspirações para essas fórmulas de êxito se quiserem ver-se inseridos
na sociedade em que vivem, se não quiserem fazer parte da longa lista
dos «marginalizados». Hoje, o futuro é encarado sob essa perspectiva;
uma vocação deve ser acompanhada por um questionário indispensável
sobre a praticidade dessa vocação quanto a poder e riqueza. Aumenta a
lista de carreiras que podem ser cursadas pensando sempre na possibili-
dade de um êxito rápido e fecundo, de uma posição social entendida
como sólida e duradoura.
Mas nem tudo o que reluz é ouro.
Se estas fossem realmente fórmulas para triunfar na vida, deveria ha-
ver muitos mais seres felizes do que os que encontramos. A menos que
se aceite que uma coisa é o triunfo e outra a felicidade.
Há muitíssima gente – embora haja ainda mais que não encaixa
nestes parâmetros – que conseguiu adaptar-se às exigências do nosso
tempo. Aparentemente têm tudo mas, no entanto, as estatísticas de-
monstram-nos que aumentam progressivamente os estados de psicose,
de depressão, de angústia, de insatisfação, de solidão, de agressividade,
de tédio, de corrupção e muitas outras situações psicológicas que cons-
tituem o quadro geral do «stress».
Deveremos pensar então que essas pessoas não triunfaram? Ou que
o seu triunfo não é total e que não preenche as suas vidas? Que é uma lu-
ta constante para nunca chegar a porto algum?
Deveremos, talvez, encarar outros tipos de triunfo que, embora saiam
das modalidades vulgarmente aceites, podem chegar a ser mais efectivos?
Inclinamo-nos, sem dúvida alguma, para a última pergunta e para
as respostas nela implícitas.
Uma das questões que mais nos preocupa a todos é a falibilidade
das coisas que conseguimos, a pouca duração daquilo que julgávamos
perdurável, a instabilidade do que supunhamos inamovível.
Com o êxito sucede precisamente o mesmo: necessitamos de um
êxito que, por pequeno que seja, não se desvaneça de imediato e nos dei-
xe ao menos uma dose de satisfação e de paz.

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Propomos, assim, umas chaves simples para a obtenção, nos mais


variados terrenos, de um triunfo mais humano, mais estável, mais em
harmonia com os nossos sonhos e aspirações.
É evidente que não basta sonhar para nos convertermos em triun-
fadores. Há que actuar, há que saber desenvolver uma actividade sã ba-
seada na vontade. Não actuar porque sim, mas escolher as melhores e
mais adequadas acções.
O velho conselho de conhecer-se a si mesmo não perdeu actua-
lidade; não podemos considerar uma acção proveitosa se não souber-
mos quem somos e quais as nossas habilidades e possibilidades. E uma
vez que as conhecemos, há que exercitá-las de modo a termos alguma
actividade que seja útil a nós e aos outros.
Há que fazer bem todos os trabalhos que empreendemos, não só
pelo prémio que podemos receber, mas pela satisfação de comprovar a
nossa própria eficácia. Saber conformar-se com o que vamos obtendo
e, ao mesmo tempo, nunca nos conformarmos, procurando sempre uma
quota mais alta de rendimento.
Nunca nos deixarmos sucumbir face aos problemas, por mais difí-
ceis que pareçam. Pelo contrário, há que forçar a imaginação a encon-
trar saídas e soluções. Conceber as dificuldades como provas para a
nossa inteligência e vontade. E, no pior dos casos, converter os fracassos
em novas oportunidades para voltar a começar.
Saber aproveitar as oportunidades. A vida está cheia de oportuni-
dades, mas se caminharmos com os olhos fechados, jamais as descobri-
remos. Se nos fechamos nos nossos próprios conflitos e os ruminamos
constantemente, perdemos energias e não saímos desse círculo vicioso,
desprezando as mil e uma portas que o pretenso labirinto nos estava a
oferecer.
Esforçar-se continuamente em amar, que é a melhor forma de com-
preender os outros. Ajudar alegre e generosamente os outros, que é a
melhor forma de sentir-se bem consigo próprio.
Procurar o sentido da Vida e esforçar-se por encontrar o sentido da
nossa própria vida. Nada sucede por acaso, e só obtém respostas aquele
que as procura com espírito de sabedoria, com o valor de quem dá co-
mo certa a conquista.

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Melhorar diariamente tudo o que fazemos; melhorar sem desfale-


cimento tudo o que nos rodeia. Pôr beleza em todos os cantos; pôr luz
em todos os sítios – externos e internos – em que estamos.
Quem conseguir aplicar estas poucas chaves será uma pessoa segura
de si mesma, uma pessoa satisfeita na medida em que a satisfação é ali-
mento dos humanos. Será, realmente, um triunfador. E embora nin-
guém o confesse, porque a moda não permite, todos gostariam de al-
cançar este tipo de êxito.
Se fôssemos muitos a trabalhar assim, até valeria a pena converter
em moda esta forma tão particular de triunfar na vida.

Artigo escrito em Março de 1992


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A ACÇÃO

A desgraçada deformação das ideias, e das palavras que as represen-


tam, fez com que quase sempre se confundisse a Filosofia com uma ati-
tude passiva e meditativa, como uma fórmula mental que não tem ra-
zão para pôr em marcha o nosso corpo físico nem influir nos nossos
sentimentos. No máximo, sonha-se com uma «mente em branco» que
deveria ser repouso mas que não passa do vazio ou da banalidade.
Talvez se tenha utilizado a Filosofia erradamente, como mais uma
fuga ao trabalho, à acção, os quais pesam sobre nós como uma verda-
deira maldição bíblica. Mas se o trabalho fosse um castigo imposto aos
homens por estes terem caído no pecado, qual não seria então o pecado
cometido por Deus que também trabalha e mantém o Universo em
acção?
A acção, o trabalho, constituem uma Lei da Vida. A Vida é uma
corrente que flui, que está em movimento e nós não podemos estar fora
da Vida. Assim, também nós temos de fluir, mover, actuar, trabalhar.
O trabalho não é apenas «ganhar a vida», porque se trabalha em to-
dos os planos e não é maior o esforço mental do que o físico; infeliz-
mente assim nos fizeram crer, mas toda a acção vale por si e pelos resul-
tados obtidos. O homem é um produto das suas acções em todos os
planos e do seu trabalho constante.
A acção é uma enorme fonte de energia e é através dela que gozamos
a vida, mais do que sofrê-la. Essa energia torna-nos criativos, ajuda-nos a
resolver as mais difíceis situações e permite-nos ver as coisas sem necessi-
dade de sermos «adivinhos». E isto porque a acção tem em si a magia do

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movimento. Aquele que trabalha desenvolve e aumenta as suas aptidões,


na maioria das vezes ocultas e adormecidas; é o trabalho que nos ajuda a
activar os nossos poderes latentes, a descobrir as nossas vocações ocultas
e a conseguir realizações insuspeitadas. Fortalece a nossa vontade e a
nossa inteligência; ensina-nos a amar.
Em síntese, mais do que uma maldição, o trabalho acaba por ser a
nossa oportunidade de redenção. É deste modo que tomamos contacto
com o melhor de nós próprios e com a vitalidade que circula por todo
o Universo.

SERÁ O TRABALHO UM SACRIFÍCIO?

Só o é se for considerado uma obrigação, uma imposição da qual


temos de nos libertar. Em vez de procurar a libertação na acção, procu-
ra-se a libertação da acção, e como isso é impossível, então sim, acaba
por ser um sacrifício no mau sentido da palavra.
Pelo contrário, se fizermos do nosso trabalho um «sacro ofício»,
um ofício sagrado, uma oferenda constante à Divindade e à nossa pró-
pria condição humana, ele torna-se num princípio de libertação.

HAVERÁ TRABALHOS INÚTEIS?

Não, ainda que possa parecer. Neste constante ensaio que a Vida
nos oferece e na soma dos nossos equívocos enquanto adquirimos ha-
bilidades, por vezes pensamos que realizamos trabalhos inúteis e que
perdemos o nosso tempo… Mas, que melhor maneira de ganhar o tem-
po do que aprender com os nossos erros e com a experiência que a Vi-
da nos dá? E como aprender sem actuar? O trabalho é uma forma de
aprendizagem e, por isso mesmo, cada um de nós não deve considerar
os seus fracassos como uma perda, mas como uma nova oportunidade
para voltar a começar. Todo o êxito é o resultado de muitas pequenas
batalhas, que às vezes ganhamos e outras perdemos. Porém, não há
derrotas definitivas nem energias desperdiçadas na valiosa acção de cres-
cer e melhorar tudo o que existe

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O TRABALHO E O SERVIÇO

O trabalho, como acção em todos os planos, está relacionado com


o serviço. O melhor trabalho é aquele que, longe das atitudes de quei-
xume e de protesto, se realiza com espírito de serviço. Servir é estar à dis-
posição, o que não significa ser escravo de alguém; pelo contrário,
significa estar sempre preparado para fazer o melhor no melhor momen-
to. Às vezes sabemos decidir por nós próprios, outras vezes necessitamos
de conselhos; mas o importante é a condição generosa da acção, que não
procura a recompensa nem elogios. O melhor trabalho é aquele que não
utiliza a energia e o esforço dos outros, mas que põe em jogo a própria
energia e o próprio esforço. Então, sim, a acção torna-se Serviço.

Artigo escrito em Novembro de 1995

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