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capital constante em capital variável. "A Primeira República herda, pois, uma economia
cujas condições de acumulação e crescimento haviam sido grandemente
potencializadas”. Em primeiro lugar, avançam os processos de acumulação primitiva,
que a nova classe revertia agora pro domo suo, e que significavam, não apenas a
ampliação da posse e propriedade da terra, mas o controle das nascentes trocas entre
unidades de produção distintas, desfeita a autarquia anterior, por intermédio de todas as
instituições que depois vão caracterizar a estrutura política e social da República Velha,
como o coronelismo, o complexo latifúndio - minifúndio, os agregados. Em segundo
lugar, a instauração do trabalho livre no coração das próprias unidades produtivas do
complexo agroexportador significa uma inversão de situação da economia escravocrata
predominando agora o capital variável e fazendo crescer a rentabilidade das
explorações. Quantitativamente, pois, o volume do excedente sob controle dos “barões
do café” , assim como dos barões do açúcar e dos outros barões era, agora, maior que
em épocas anteriores.
Na república, virá a ter a “intermediação comercial e financeira da agro-
exportação”, uma intermediação “quase totalmente externa”, realizada por instituições e
capital estrangeiros. Neste sentido, afirma o autor, a reiteração da “vocação agro-
exportadora” do país e as formas pelas quais se financiava essa “vocação” chegaram ao
ponto de converter a libra esterlina, então à moeda internacional por excelência, quase
em moeda interna. O autor segue chamando a atenção mostrando que a partir da
Independência em que o Brasil reconfigura sua relação entre apropriação de excedente-
acumulação capitalista, com a inserção de trabalhadores “livres”, os mesmos são
expulsos do custo constante de manutenção da terra e são deslocados para o jogo das
forças de mercado. O custo com o capital constante, que incluía o escravo e sua
subsistência, na produção agroexportadora é jogado para fora da mesma promovendo o
aumento da taxa de lucro. A ruptura das relações escravocratas e a instauração do
trabalho assalariado não podiam elevar a renda derivada do trabalho, o nível global da
renda permanecia constante.
A passagem para o trabalhado assalariado expulsou para fora dos custos de
produção do café a manutenção da massa trabalhadora. Existe uma mudança de
conteúdo fundamental, para a existência de um modo de produção de mercadorias. A
produção de subsistência pelos próprios escravos não fundava nenhuma troca. A partir
desse momento no campo brasileiro a produção de renda da terra passa a transformar a
acumulação de riquezas em acumulação substancial de capital. Esses processos já
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