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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE NOVA FÁTIMA


COMPETÊNCIA DELEGADA DE NOVA FÁTIMA - PROJUDI
Rua Wenceslau Augusto Ross, 356 - Prédio do Fórum - Nova Fátima/PR - Fone: (43) 3552-1172

Autos nº. 0000574-40.2017.8.16.0120

Processo: 0000574-40.2017.8.16.0120
Classe Processual: Procedimento Comum
Assunto Principal: Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
Valor da Causa: R$1.000,00
Autor(s): MARIA RITA GONÇALVES RODRIGUES
Réu(s): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

SENTENÇA

I. RELATÓRIO.

Trata-se de “Ação Previdenciária” proposta por MARIA RITA GONÇALVES RODRIGUES em face do
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. Alega a parte requerente que, em 28/11/2016, protocolou
pedido administrativo perante o INSS de aposentadoria por tempo de contribuição, o que foi indeferido sob o
argumento de não ter alcançado o tempo mínimo de contribuição exigida na legislação para a concessão da
benesse.

Contudo, aduz que o INSS não considerou para o cálculo do tempo de contribuição o período de
serviço rural laborado pela parte autora sem registro em CTPS como trabalhadora rural com os seus pais e
irmãos entre 03/10/1976 a 31/01/1984, bem como deixou de averbar o período laborado em atividade
especial, como técnica de química, no período de 01/02/1991 a 28/11/2016.

Por fim, pleiteou pela averbação do período de 03/10/1976 a 31/01/1984, em relação ao labor rural
desenvolvido, bem como o reconhecimento do período que exerceu atividade especial de 01/02/1991 até
28/11/2016. Por consequência, requereu a concessão do benefício de aposentadoria por tempo especial, ou
alternativamente, aposentadoria por tempo de contribuição, com a condenação do INSS ao pagamento das
parcelas vencidas e vincendas desde a data do pedido administrativo até a implantação do benefício. Instruiu
a inicial com os documentos nos movs. 1.2 a 1.13.

Devidamente citado, o requerido apresentou contestação (mov. 17.1), insurgindo-se, no mérito, sobre
a ausência de início de prova material e a impossibilidade de concessão de benefício a partir da prova
exclusivamente testemunhal, bem como a ausência de comprovação da exposição habitual e permanente a
agentes nocivos em níveis fora dos padrões de tolerância.

Ao final, pugnou pela improcedência do pedido inicial. Juntou documentos (movs. 17.2 e 17.5).

Réplica no mov. 20.1.

As partes especificaram as provas (movs. 25.1 e 27.1).

Foi proferida decisão saneadora (mov. 29.1), fixando os pontos controvertidos e deferindo a produção
das provas documental, testemunhal e pericial.

Laudo juntado no mov. 79.1 e sua complementação no mov. 98.1.


Realizada audiência de instrução e julgamento (mov. 91.1), foi tomado o depoimento pessoal da
autora, sendo, ainda, ouvida uma testemunha arrolada pela requerente.

O requerido apresentou alegações remissivas (mov. 114.1).

Vieram os autos conclusos.

É em síntese o relato.

DECIDO.

II. FUNDAMENTAÇÃO

DA ATIVIDADE RURAL

Nos termos do artigo 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91, o trabalhador rural, ora enquadrado como segurado
empregado, autônomo ou segurado especial pode ter reconhecido o tempo de serviço anterior a novembro
de 1991, independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeitos
de carência.

Saliente-se que tão somente a prova testemunhal não é suficiente para comprovar o efetivo exercício
de atividade rural, sendo necessário que haja início razoável de prova material (Súmula 149, STJ).

Da detida análise do caderno processual, foram juntados os seguintes documentos:

a) Certidão de casamento dos genitores da autora, registrada em 14/10/1950, constando a profissão


de seu pai como lavrador, e de sua mãe como serviços domésticos (mov. 1.7);

b) Certidão de nascimento da autora, lavrada em 03/10/1964, constando a profissão dos pais como
lavradores (mov. 1.8);

c) Certidão de óbito do pai da autora 22/03/1976, constando a profissão de agricultor (mov. 1.10);

d) Fichas de inscrição escolar da autora, constando a profissão de seu pai como lavrador, residentes
na Fazenda Santa Rita, datadas em 1975 e 1976 (mov. 1.9);

e) CTPS – com um único registro, com admissão em 01/08/2013 sem data de saída, no Município de
Nova Fátima, como agente administrativo.

f) Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP, do período de 01/02/1991 até os dias atuais.

g) Declaração emitida pelo Serviço de Água e Esgoto de Nova Fátima - SAAE e Decretos de
nomeação e exoneração (movs. 1.11/1.12)

Nota-se que a documentação apresentada não abrange todo o período de atividade que se deve
comprovar. No entanto, isto não impediria o reconhecimento do exercício de atividade rural.

Afinal, não se exigem documentos para todo o período de carência, devendo ser a exigência de início
de prova material analisada com seu devido temperamento, em razão da informalidade das relações de
trabalho no campo e a natural dificuldade da produção de tal prova em juízo pelos interessados, sob pena de
se inviabilizar o acesso ao benefício.
Com efeito, é dispensável que o início de prova material abranja o período de carência, desde que a
prova testemunhal amplie a eficácia probatória da documentação juntada.

Ainda, insta destacar que os documentos hábeis à comprovação da atividade rural não se restringem
apenas aos indicados no art. 106 da Lei 8213/91, vez que se trata de rol exemplificativo.

Apesar de tais considerações, o pedido autoral deve ser rejeitado.

Primeiro, porque os documentos encartados nos autos, em verdade, não são aptos como início de
prova material, uma vez que são extemporâneos ao período que se pretende reconhecer.

A documentação que comprova a atividade rurícola familiar é do período de 1950, 1964 e 1976,
sendo que o período que se quer reconhecer, nestes autos, é relativo a 03/10/1976 a 31/01/1984. Assim, os
documentos não são suficientes para provar a dedicação da requerente à atividade rural no período descrito
na exordial

Segundo, porque de acordo com depoimento da requerente em sede de audiência de instrução e


julgamento (mov. 91.1), a propriedade familiar possuía a área de 26 alqueires, com a posse de maquinário na
propriedade. Em textual:

"Que, em 1976, tinha 12 anos. Que estudou na Fazenda Santa Rita. Que morou na
Fazenda Santa Rita até uns 19/20 anos. Que estudou até o ensino primário na
fazenda e depois estudava na cidade. Que da Fazenda para a cidade eram 7
quilômetros. Que alguns irmãos estudavam de manhã e à noite. Que a Fazenda Santa
Rita era fundada pelos avós da autora dela. Que o pai cultivava uma parte da fazenda
maior. Que o pai cultivava na maioria das vezes o café até o falecimento dele. Que
antes teve uma geada, daí começou a aparecer outras culturas. Que tinha um trator.
Que os irmãos mais velhos ficavam trabalhando no trator, e os mais novos ficam
colhendo algodão, arroz, sem maquinário. Que são em 11 irmãos. Que o pai faleceu
até 76. Que trabalhava no período da tarde, depois que chegava da escola. Que não
tinham empregados. Que antes do pai falecer tinham alguns empregados, aí depois
do falecimento do pai não tinham mais condições (...). Que estudou em Maringá
engenharia química. Que vendiam o que plantavam. Que o dinheiro que ganhavam
não era suficiente. Que um irmão formou em medicina na época, porque o pai ajudou,
sendo que depois que o pai faleceu esse irmão passou a auxiliar os demais. Que
quando o pai faleceu, só não trabalhava na lavoura dois irmãos, o médico e uma irmã
que era professora (...). Que o sítio existe ainda, sendo que a mãe arrenda
atualmente. Que o sítio tem 26 alqueires, contudo, não eram os 26 alqueires
plantados, porque tinha uma parte que era pasto, sendo que plantavam em 18
alqueires. Que, na época de colheita, era alugado maquinário, que não lembra quanto
era pago (...). Que hoje a mãe é aposentada rural".

No mesmo sentido está a declaração da testemunha ouvida, Francisco Luís Ribeiro:

"Que conhece a Maria da Santa Rita. Que morava no sítio São José que era vizinho
do sítio Santa Rita. Que o depoente conheceu a Maria bem pequena, ela morava com
o pai no sítio. Que, quando a conheceu, o pai dela ainda era vivo e ele faleceu em
1976. Que lembra do falecimento porque teve enfarto durante um jogo de futebol, que
ele era juiz do jogo. Que Maria morava com seus pais e 11 irmãos. Que a autora
ajudava os pais que, na época, era algodão, milho, soja. Que plantavam café e,
depois da geada, mudaram a lavoura. Que o sítio tinha uns 20 e poucos alqueires com
plantação e pasto. Que tinham um trator e um arado. Que o depoente morava no sítio
vizinho, também trabalhador rural. Que, na época que o pai era vivo, tinham
empregados. Que com o seu falecimento repartiram o sítio e não tinham empregados.
Que a Maria deixou o sítio antes do depoente. Que ela saiu do sítio com uns 19, 20
anos. Que ela saiu do sítio para estudar. Que a família permaneceu no sítio. Que o
sítio ainda é da família, mas não trabalham mais lá. Que eles faziam de tudo,
trabalhavam na roça, plantando algodão, e a autora ia ajudar de baixo do sol. Que o
serviço doméstico era a mãe. Que a autora ia junto com os irmãos. Que eles vendiam
a sobra, que sempre guardava para consumo. Que todos estudavam, que um foi
ajudando o outro, mas não sabe se só com a renda da fazenda era possível (...). Que,
na época do pai dela, a fazenda era uma só, que depois do falecimento foi repartido
entre os irmãos do pai dela. Que os 20 alqueires já era a parte repartida da família
dela, mas antes essa era maior".

Desta forma, é conclusivo pelos depoimentos colhidos em Juízo que a autora não trabalhava em
regime de economia familiar, tratando-se, pois, de hipótese de família que cultivava o ramo empresarial rural
e com maquinário próprio, de modo que deveria comprovar haver vertido as devidas contribuições
previdenciárias.

O Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região resumiu bem qual foi o verdadeiro espírito do
legislador ao instituir o regime de economia familiar, salientando que a finalidade é conferir tratamento
especial “àquele que não tem capacidade econômica para ingressar no sistema previdenciário, com o
pagamento das respectivas contribuições, mas que não pode permanecer à margem da proteção, ainda que
mínima, conferida pela previdência social” (TRF1, AC 2005.01.99.0732917).

Com efeito, a família da autora ostenta uma realidade que se distancia, e muito, da condição do labor
rural exercício em regime de econômica familiar.

Sabe-se que o regime de economia familiar foi criado para quem não pode (e não para aquele que
não quer) contribuir com a Previdência Social.

Assim, no período que pretende ver reconhecido a autora, embora alegue que tenha se dedicado ao
campo, não o fez na condição de mera lavradora ou para a subsistência do núcleo familiar, mas sim porque
apenas fazia parte da família de produtores rurais, restando descaracterizada a condição de segurada
especial para o reconhecimento do período requerido.

Nesse sentido:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REGIME DE


ECONOMIA FAMILIAR. ATIVIDADE RURAL. REQUISITOS NÃO CUMPRIDOS. 1. O
tempo de serviço rural pode ser comprovado mediante a produção de prova material
suficiente, ainda que inicial, complementada por prova testemunhal idônea. 2.
Demonstrado, com clareza, que o núcleo familiar exerce a atividade rural na condição
de grande produtor e havendo disponibilidade financeira a indicar a existência de
substanciosa fonte de renda advinda desta produção, resta descaracterizada a
condição de segurada especial, impondo-se a improcedência do pedido de
aposentadoria rural por idade”. (TRF4, AC 5017834-93.2016.4.04.9999, SEXTA
TURMA, Relatora para Acórdão VÂNIA HACK DE ALMEIDA, juntado aos autos em
19/06/2017)”.

Assim, rejeito o pedido nesse ponto.

DO LABOR EM CONDIÇÕES ESPECIAIS

Tratando do reconhecimento dos períodos trabalhados em condições especiais, tem-se que o


serviço/contribuição é regido pela norma vigente à época da prestação do serviço.

O segurado que trabalhou alternativamente em atividade comum e especial tem direito a ter
convertido o seu tempo de serviço especial incompleto, para efeitos de concessão de aposentadoria por
tempo de contribuição, na forma do art. 57, § 5º da Lei nº 8.213/91 e art. 58, inciso XXII, e art. 64 do Decreto
nº 2.172/97.

Isto posto, e considerando a diversidade de diplomas legais que se sucederam na disciplina da


matéria, faz-se mister definir qual a legislação aplicável ao caso concreto, ou seja, qual a legislação vigente
quando da prestação da atividade pela parte autora.

Tem-se, então, a seguinte evolução legislativa quanto ao tema:

a) até 29/04/1995, é possível o reconhecimento da especialidade do trabalho quando


houver a comprovação do exercício de atividade profissional que se enquadre como
especial nos decretos regulamentadores ou houver laudo técnico (imprescindível em
caso de ruído).

Em verdade, era presumida a insalubridade para as categorias profissionais


(elencadas nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79), cujas atividades eram consideradas
insalubres, perigosas ou danosas para fins de cômputo de tempo de serviço especial,
carecendo, apenas, da verificação da habitualidade e permanência do seu exercício.

b) a partir de 29/04/1995, inclusive, foi definitivamente extinto o enquadramento por


categoria profissional, de modo que, entre esta data e 05/03/1997, necessária a
demonstração efetiva de exposição, de forma permanente, não ocasional nem
intermitente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, por qualquer meio
de prova, considerando-se suficiente, para tanto, a apresentação de formulário padrão
preenchido pela empresa, sem a exigência de embasamento em laudo técnico;

c) após 06/03/1997, passou-se a exigir, para fins de reconhecimento de tempo de


serviço especial, a comprovação da efetiva sujeição do segurado a agentes
agressivos por meio da apresentação de formulário padrão, embasado em laudo
técnico, ou por meio de perícia técnica. Importante destacar, ainda, que é admitida a
conversão de tempo especial em comum após maio de 1998, consoante entendimento
firmado pelo STJ, em decisão no âmbito de recurso repetitivo, (REsp nº
1.151.363/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção, julgado em 23/03/2011, DJe
05/04/2011).

Além dessas hipóteses de enquadramento, sempre possível também à verificação da especialidade


da atividade no caso concreto, mediante perícia técnica, nos termos da Súmula nº 198 do extinto Tribunal
Federal de Recursos.
No presente caso, a alegada condição especial do trabalho realizado no período de 01/02/1991 até
28/11/2016, fora comprovada por meio de laudo pericial (mov. 79.1), o qual trouxe que a autora:

“Exerceu atividades ESPECIAIS, durante o período A, devido à sua exposição habitual


e permanente a agentes químicos do grupo CLORO E SEUS COMPOSTOS
TÓXICOS. Este perito deve destacar que a NR 15 também considera insalubre o
manuseio de álcalis cáusticos realizado pela autora”.

Contudo, apesar de a parte autora ter realizado o pedido com relação ao período lavorado em
01/02/1991 a 28/11/2016, de forma contínua, ao contrário do alegado, observo por meio da declaração
emitida pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Nova Fátima, que o período foi fracionado, tendo
diversas nomeações e exonerações, motivo pelo qual referidas datas serão as observadas na presente
decisão.

De acordo com a declaração referida, consta que os períodos trabalhados pela requerente são os
seguintes:

De 01/02/1991 a 23/02/1994 – cargo: prestadora de serviços Técnico-químicos, controle e


responsabilidade técnica de produtos químicos usados pelo SAAE;

De 24/02/1994 a 31/12/1996 – cargo: provimento em Comissão Técnica Química - enquadrada


no símbolo CC-03, de acordo com a Lei n°774/91;

De 02/01/1997 a 30/12/2000 – cargo: provimento em Comissão de Assessor 11, técnica


química enquadrada no Símbolo CC-03 em conformidade com a Lei Municipal n°774/91;

De 02/01/2001 a 28/02/2001 - cargo: provimento em comissão de diretora do departamento de


engenharia química, enquadrada no símbolo CC-4;

De 01/03/2001 a 27/12/2004 – cargo: diretora de engenharia química enquadrada no símbolo


CC-03 Leis n° 1053/2001 e o Art. 4° da Lei Municipal n°859/93;

De 04/01/2005 a 30/12/2008 – cargo: provimento em comissão de diretora engenharia química,


de acordo com as Leis n°1117/2002, 1186/2004 e o Art. 4° da Lei n°859/93 Símbolo CC-3, Decreto
n°23/2005;

De 01/01/2009 a 01/01/2013 – cargo: provimento em comissão de chefe do setor de


engenharia química, Lei n°1361/2007 e Lei n°1117/2002 Símbolo CC-1, Decreto n°06/2009;

De 01/01/2013 a 01/08/2013 – cargo: provimento em comissão de chefe do setor de


engenharia química, Lei n°1361/2007 e Lei n°1117/2002, Símbolo CC-1, Decreto n°24/2013;

De 01/08/2013 a 31/12/2016 – cargo: provimento em comissão de Chefe do Setor de


engenharia química, Lei n°1785/2013 Símbolo CC-2;

De 03/01/2017, até a data em que a declaração foi emitida (10/01/2017) – cargo: provimento
em comissão de chefe do setor de engenharia química, Lei n°1185/2013, símbolo CC-2, Decreto
n°10/2017.

Porém, o pedido do presente feito, é com relação ao período laborado de 01/02/1991 a 28/11/2016:
a) 01/02/1991 a 23/02/1994: 3 anos e 23 dias;

b) 24/02/1994 a 31/12/1996: 2 anos, 10 meses e 8 dias;

c) 02/01/1997 a 30/12/2000: 3 anos, 11 meses e 29 dias;

d) 02/01/2001 a 28/02/2001: 1 mês e 27 dias;

e) 01/03/2001 a 27/12/2004: 3 anos, 9 meses e 27 dias;

f) 04/01/2005 a 30/12/2008: 3 anos, 11 meses e 27 dias;

g) 01/01/2009 a 01/01/2013: 4 anos e 1 dia;

h) 01/01/2013 a 01/08/2013: 7 meses e 1 dia;

i) 01/08/2013 a 28/11/2016 (data da DER): 3 anos, 3 meses e 28 dias;

Destarte, reconheço a especialidade da atividade exercida nos períodos de: 01/02/1991 a


23/02/1994, 24/02/1994 a 31/12/1996, 02/01/1997 a 30/12/2000, 02/01/2001 a 28/02/2001, 01/03/2001 a
27/12/2004, 04/01/2005 a 30/12/2008, 01/01/2009 a 01/01/2013, 01/01/2013 a 01/08/2013 e 01/08/2013 a
28/11/2016.

Da Aposentadoria Especial.

A aposentadoria especial é devida ao segurado que tenha trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos,
conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

Para a sua concessão exige-se o preenchimento dos seguintes requisitos: a) tempo de trabalho
sujeito a condições especiais; b) carência: comprovação de um mínimo de 15 anos de contribuição (180
contribuições mensais), observada a regra de transição do artigo 142 da Lei 8.213/91.

Tal benefício visa a atender segurados que são expostos a agentes físicos, químicos e biológicos, ou
uma combinação destes, acima dos limites de tolerância aceitos, o que se presume produzir a perda da
integridade física e mental em ritmo acelerado, sendo que esta exposição deverá ser efetivamente
comprovada pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício, através do perfil
profissiográfico previdenciário (PPP), emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de
condições ambientais do trabalho, expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

Quanto à qualidade de segurado, constitui ponto incontroverso.

Destarte, a controvérsia da demanda recai sobre o cumprimento da carência exigida e do efetivo


exercício de labor exposto a agentes nocivos, os quais possibilitam a concessão do benefício de
aposentadoria especial.

No tocante à carência, consoante se verifica da relação de tempo de contribuição e de carência


juntada pela autarquia (mov. 1.13 e 17.5), a parte autora havia vertido 168 contribuições à Previdência Social
na data do requerimento administrativo.

A despeito disso, verifica-se do CNIS (mov. 128.3) a existência de períodos extemporâneos


pendentes de comprovação, referentes aos exercícios de 2001, de 2005, e de 2009 até a DER.

Embora não tenha havido, por parte do empregador, o recolhimento de TODAS as contribuições
previdenciárias devidas, o empregado não poderá ser penalizado por tal irregularidade, uma vez que a
fiscalização e arrecadação das contribuições é responsabilidade da autarquia previdenciária, não podendo
ensejar óbice à concessão de benefício a que o segurado tem direito.

Ainda, não se diga que as anotações na CTPS não constituem prova plena do exercício de atividade
em relação à Previdência Social, uma vez que é pacífico o entendimento no sentido de que as anotações
efetuadas em CTPS, desde que não comprovada fraude, constituem prova plena para efeitos de contagem
de tempo de contribuição, ainda que o beneficiário seja servidor público e tenha contribuído para um regime
próprio de previdência durante o seu tempo de contribuição. Neste sentido o seguinte julgado do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.


CONCESSÃO. CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. SERVIDORA PÚBLICA
MUNICIPAL. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA. AVERBAÇÃO. REAFIRMAÇÃO
DA DER. MARCO INICIAL DO BENEFÍCIO. CONSECTÁRIOS LEGAIS DA
CONDENAÇÃO. PRECEDENTE DO STF NO RE Nº 870.947. TUTELA ESPECÍFICA.
1. A certidão de tempo de contribuição comprova o exercício da atividade como
servidor público vinculado a Regime Próprio de Previdência Social, a qual, aliada a
outros elementos, como a anotação da relação de emprego na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, é suficiente ao reconhecimento e à averbação do respectivo tempo
junto ao Regime Geral de Previdência Social. 2. O fato de o segurado requerer o
benefício em momento posterior ao preenchimento dos requisitos não é óbice para
que se realize o cálculo da renda mensal inicial de acordo com o critério mais
favorável, ainda que se considere data anterior, desde que atendidos todos os
requisitos para o deferimento da aposentadoria. Recurso extraordinário nº 630501, do
Supremo Tribunal Federal, submetido ao regime da repercussão geral. 3. A data do
início do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição é a da entrada do
requerimento administrativo (art. 49, inciso II, c/c 54 da Lei n.° 8.213/91). O direito não
se confunde com a prova do direito. Se, ao requerer o benefício na primeira
oportunidade, o segurado já havia cumprido os requisitos necessários à sua
inativação, como no caso concreto, o que estava era exercendo um direito de que já
era titular. A comprovação posterior não compromete a existência do direito adquirido,
não traz prejuízo algum à Previdência Social, nem confere ao segurado nenhuma
vantagem que já não estivesse em seu patrimônio jurídico. Por tais razões, deve ser
concedido ao segurado o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição na
primeira DER. 4. Consectários legais da condenação de acordo com o precedente do
STF no RE nº 870.947. (TRF4 5005823-31.2014.4.04.7015, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DO PR, Relator FERNANDO QUADROS DA SILVA, juntado aos
autos em 23/04/2018) (Grifei).

A declaração apresentada pela autarquia comprova o labor exercido pela parte autora durante
aludidos períodos extemporâneos (mov. 1.11), o qual é corroborado pela CTPS (mov. 1.13).

Portanto, restou devidamente comprovada a carência exigida para a concessão do benefício.

Quanto ao exercício de labor exposto a agentes nocivos, considerando os períodos acima


considerados como especiais, e que totalizam 25 anos, 9 meses e 21 dias, o pedido é procedente.

Reconhecida a aposentadoria especial, pedido principal da parte autora, resta prejudicada a análise
do pedido subsidiário de aposentadoria por tempo de contribuição.

III. DISPOSITIVO

Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido formulado pela parte requerente e coloco termo ao
feito com resolução do mérito, com base no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil para o fim de
CONDENAR o INSS a:

a) RECONHECER como atividade especial os períodos de 01/02/1991 a 23/02/1994; 24/02/1994 a


31/12/1996; 02/01/1997 a 30/12/2000; 02/01/2001 a 28/02/2001; 01/03/2001 a 27/12/2004; 04/01/2005 a
30/12/2008; 01/01/2009 a 01/01/2013; 01/01/2013 a 01/08/2013; 01/08/2013 a 28/11/2016;

b)CONCEDER em favor da parte autora o benefício previdenciário de aposentadoria especial,


valendo-se do tempo de serviço especial de 25 anos, no valor equivalente a 100% (cem por cento) do
salário-de-benefício, sem a incidência do fator previdenciário, com a implantação a partir da data da DER
(28/11/2016);

Quanto às parcelas do benefício em atraso, deverão ser corrigidas monetariamente a partir das datas
em que deveriam ser pagas e acrescidas dos juros de mora a partir da citação, observando-se o seguinte:
correção monetária pelo INPC e juros moratórios que corresponderão aos incidentes sobre a caderneta de
poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei nº 11.960/09, considerando
o disposto no RE nº 870947, do E. Supremo Tribunal Federal, Tema 810.

Condeno o INSS, ainda, ao pagamento das custas judiciais e honorários advocatícios, os quais fixo
em 10% (dez por cento) das prestações vencidas até a data desta sentença (Súmula 111 do STJ).

Diante do disposto no art. 496, § 3º, inc. I, do Código de Processo Civil, da constatação de que o
valor dos atrasados não se revela ilíquido, mas depende apenas de cálculos aritméticos e que não
ultrapassará o limite de 1.000 (mil) salários mínimos, bem como face ao recente entendimento do E. TRF4,
deixo de determinar a remessa necessária dos autos ao E. Tribunal.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Oportunamente arquivem-se, observadas as cautelas legais.

Nova Fátima, datado e assinado digitalmente.

Elvis Nivaldo dos Santos Pavan

Juiz Substituto

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