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ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA DO IMPACTO DO EXAME ANDROLÓGICO EM


TOUROS NA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

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6 authors, including:

Silvio Renato Oliveira Menegassi Julio Barcellos


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Federal University of Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
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ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA DO IMPACTO DO EXAME
ANDROLÓGICO EM TOUROS NA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE
vinlampert@bol.com.br

Apresentação Oral-Economia e Gestão no Agronegócio


SÍLVIO RENATO OLIVEIRA MENEGASSI; VINÍCIUS DO NASCIMENTO
LAMPERT; JÚLIO OTÁVIO JARDIM BARCELLOS; VANESSA PERIPOLLI;
ALESSANDRA CARLA CEOLIN.
NESPRO / UFRGS, PORTO ALEGRE - RS - BRASIL.

ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA DO IMPACTO DO EXAME


ANDROLÓGICO EM TOUROS NA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

Grupo de Pesquisa: ECONOMIA E GESTÃO NO AGRONEGÓCIO

Resumo

Um dos fatores determinantes da eficiência reprodutiva de um sistema de produção


de bovinos de corte é a fertilidade dos touros, que apresenta um impacto multiplicador
sobre os índices técnicos e econômicos do rebanho. A fertilidade potencial do touro é
conhecida pelo exame andrológico. O objetivo deste trabalho foi analisar os impactos
técnicos e econômicos do exame na produção de bovinos de corte. A taxa de touros inaptos
verificada no primeiro exame foi de 22,8%. Os benefícios técnico-econômicos foram o
incremento no índice de prolificidade em 16 pontos percentuais, aumento da produção de
bezerros em 31%, aumento da produtividade anual dos touros em 5,9 bezerros e da
produtividade anual por matrizes em 24 kg de bezerros. A relação benefício / custo foi de
R$ 38,49. Como recomendação, sugere-se a implantação de políticas governamentais que
incentivem o desenvolvimento de programas de avaliação reprodutiva de touros. Estas
políticas poderão aumentar a renda do produtor, a produção de bezerros, gerar novos
empregos e conseqüentemente afetar positivamente outros segmentos da cadeia de carne
bovina do Rio Grande do Sul.

Palavras-chaves: eficiência; fertilidade, sistemas de produção, políticas governamentais;


renda do produtor.

Abstract
One of the determinants of reproductive efficiency of a production system for beef
cattle is the fertility of bulls, which has a multiplier impact on the technical and economic
indices. The fertility potential of the bull is known by the andrologic. The objective of this
study was to analyze the technical and economic impacts of the examination in the
production of beef cattle. The rate of unfit bulls found in the first examination was 22.8%.
The technical and economic benefits were the increased rate of prolificacy in 16
percentage point increase in the production of calves in 31% of the annual productivity of
bulls in 5.9 calves and in the annual productivity per kg of matrices in 24 calves. The
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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
benefit / cost was R$ 36.67. As a recommendation, it is suggested the implementation of
government policies that encourage the development of reproductive evaluation of bulls.
These policies may increase the income of the producer, the production of calves, generate
new jobs and therefore positively affect other segments of the beef chain in Rio Grande do
Sul.

Key Words: efficiency, fertility, production system, government policies, income.

1. INTRODUÇÃO

Apesar do avanço das biotecnologias aplicadas na reprodução animal nos últimos


anos, a monta a campo ainda é o processo de manejo reprodutivo mais utilizado no sistema
de gado de cria no mundo todo. Os índices produtivos e econômicos desse sistema
dependem em grande parte da fertilidade dos touros.
Os sistemas de produção de bovinocultura de corte gaúcha ainda apresentam
índices médios de produtividade baixos. O índice de desmama é de 55%, o percentual de
touros é de 3,8%, a monta natural é utilizada por mais de 90% dos produtores e apenas
10,5% realizam exame andrológico como rotina anual (UFRGS, 2005).
Para aumentar a eficiência em sistemas de produção de cria deve-se buscar
adequadas taxa de desmama, peso dos bezerros e peso das vacas de descarte. Uma variável
que mostra-se fundamental neste processo é a prolificidade do rebanho. É senso comum no
setor produtivo que a natalidade seja superior a 75% (Barcellos, 2007).
Apesar da presença física do touro ser de apenas 5% ele é responsável por mais de
90% da genética de um rebanho tendo a oportunidade de produzir de 100 a 300 filhos,
dependendo da relação touro/vaca e taxas de prenhez obtidas (Amaral, 2003).
A utilização de vários touros em um mesmo grupo de vacas tem dificultado a
identificação dos touros de baixa fertilidade e suas causas de descartes. A maioria dos
criadores ainda tem pouca ou nenhuma informação sobre a fertilidade de seus touros.
A identificação desses animais e suas causas de descartes são imperiosas, pois esses
touros podem não ser identificados até o final da estação reprodutiva, quando então é
observado um alto número de vacas vazias, ou até nunca serem identificados, dependendo
do nível de controle do rebanho (Amann, 2000).
Um dos fatores determinantes da eficiência reprodutiva de um sistema de produção
de bovinos de corte é a fertilidade dos touros, que apresenta um impacto multiplicador
sobre os índices zootécnicos e econômicos do rebanho. A importância do conhecimento da
fertilidade potencial do touro é expressa pelo exame andrológico e tem sido reportada por
vários autores como Lagerloff (1936), Vale Filho (1997), Silva et al (1981), Fonseca et al
(1997), Moraes et al (1998) e Menegassi et al (2006) e Menegassi (2008).
A avaliação do potencial reprodutivo de um touro verificada através do exame
andrológico tem a finalidade de identificar suas aptidões ou inaptidões e fundamenta-se na
observação da saúde geral, saúde genital, potentia couendi (habilidade física e libido) e
potentia generandi (capacidade espermática), aliado a uma eficiente anamnese dos animais
e da análise do sistema de produção que estão inseridos. Esta avaliação é descrita nas
normas elaboradas pelo Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA, 1998).

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Neste contexto, pergunta-se: a realização do Exame Andrológico em touros
melhora a eficiência reprodutiva do rebanho e traz benefícios técnicos e econômicos para a
produção pecuária?
O objetivo deste trabalho foi analisar os impactos técnicos e econômicos do
referido exame em um sistema de produção de bovinos de corte.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 Fonte de dados

Os dados desta análise foram obtidos do Programa de Avaliação de Touros a campo


(PAT), criado pelo Sindicato Rural de Júlio de Castilhos em 1998. As normas utilizadas
pelo programa são as preconizadas por CBRA (1998). Entre os anos de 1998 e 2001, o
programa realizou o exame em 15,75% da população de touros dos municípios de Júlio de
Castilhos, Cruz Alta, São Sepé, Itaara, São Martinho da Serra e Pinhal Grande totalizando
553 touros.
Neste trabalho, avaliou-se se o impacto técnico-econômico do exame andrológico
em propriedades do município de Júlio de Castilhos e nos três anos subseqüentes à
implantação do programa nas propriedades ocorrido em 1998.
O sistema de produção das propriedades é a pecuária de cria em campo nativo,
caracterizando as condições básicas do sistema produtivo do estado do RS. Para este
trabalho foram analisadas doze propriedades da II zona sanitária do município de Júlio de
Castilhos.
Os animais examinados pertenciam às raças Aberdeen Angus, Hereford, Charoles,
Devon, Limousin e Nelore com idades variáveis, entre 2 e 10 anos. Os touros em sua
maioria nunca haviam sido submetidos ao exame andrológico.
A avaliação considerou o incremento na produção de bezerros medido pelo Índice
de Prolificidade (IP)1. Este incremento e sua variabilidade foram avaliados pela análise de
variância das médias do IP das propriedades. É comum utilizar a taxa de desmame,
entretanto devido ao período de coleta dos dados não foi calculado esta taxa.
A base da análise foi verificar se o incremento nominal do IP observado não foi
aleatório, mas devido ao efeito do exame andrológico. Para isso, as propriedades foram
divididas em dois grupos sendo um grupo testemunha e o outro participante do programa.
As propriedades foram analisadas durante os anos de 1998 a 2001 e eram representativas,
pois detinham 25% do rebanho existente na zona sanitária em questão. Detalhadamente os
grupos eram os seguintes:
- Grupo 1 (não-participantes do PAT): Compararam-se as médias do índice de
prolificidade (IP) entre os anos a fim de testar a hipótese de que não há diferença no IP
entre os quatro anos. Como eram mais de duas médias, utilizou-se a análise de variância a

* considerou-se o índice de prolificidade como o quociente entre o número de bezerros e o número de vacas
de cria existentes na propriedade no mês fevereiro de cada ano.
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fim de verificar se a variabilidade entre as médias era maior que dentro das médias a 5% de
probabilidade.
- Grupo 2 (participantes do PAT): Considerando a hipótese anterior de que o ano
não influenciou o IP das propriedades, testou-se a hipótese de que o IP do primeiro ano
(1998) não diferenciava da média dos anos subseqüentes 1999, 2000 e 2001. Utilizou-se o
teste t, pois compara duas médias e acrescentou-se o intervalo de confiança (IC) devido a
adicionar mais informações ao teste t. O IC estima a diferença verdadeira de duas médias a
uma dada probabilidade (95%). A estatística descrita dos dois grupos é apresentada nas
Tabelas 1 e 2.

TABELA 1. Índices de Prolificidade (IP) e Estatística Descritiva: Não-Participantes do


PAT – Programa de Avaliação de Touros (Grupo 1)

PROPRIEDADES NÃO-PARTICIPANTES
IP - Índice de Prolificidade
1998 1999 2000 2001
Propriedade 1 0,33 0,40 0,44 0,43
Propriedade 2 0,54 0,65 0,62 0,47
Propriedade 3 0,79 0,81 0,67 0,68
Propriedade 4 0,44 0,49 0,58 0,59
Propriedade 5 0,40 0,43 0,47 0,63
Propriedade 6 0,42 0,42 0,58 0,52
Estatística Descritiva
Média 0,49 0,53 0,56 0,55
Mediana 0,43 0,46 0,58 0,56
D. Padrão 0,16 0,16 0,09 0,09
C.V. (%) 33% 31% 16% 17%

Observa-se que a média entre os anos foram semelhantes. A ANOVA irá verificar
se está diferença é significativa a 5% de probabilidade. A média é semelhante a mediana,
indicando um possível ajustamento à normalidade.

TABELA 2. Índices da Prolificidade (IP) e Estatística Descritiva: Participantes do PAT –


Programa de Avaliação de Touros (Grupo 2).

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PROPRIEDADES PARTICIPANTES
IP - Índice de Prolificidade
1998 1999 2000 2001
Propriedade 7 0,41 0,64 0,64 0,61
Propriedade 8 0,49 0,64 0,70 0,73
Propriedade 9 0,58 0,64 0,69 0,71
Propriedade 10 0,47 0,59 0,62 0,76
Propriedade 11 0,56 0,71 0,79 0,58
Propriedade 12 0,60 0,69 0,69 0,73
Estatística Descritiva
Média 0,52 0,65 0,69 0,69
Mediana 0,52 0,64 0,69 0,72
D. Padrão 0,07 0,04 0,06 0,07
C.V. (%) 14% 7% 9% 11%
Média (2 períodos) 0,52 0,68

O aumento do IP nos anos subseqüentes deve-se ao efeito do exame andrológico ou


a outros fatores? Para verificar se outros fatores afetaram o IP analisou-se as propriedades
não-participantes a fim de verificar se existiam diferenças significativas entre os anos.
Desta forma, verificou-se se o aumento do IP ocorreu por motivos aleatórios ou devido ao
exame andrológico realizado pelo programa.
Em um sistema de cria o impacto da avaliação reprodutiva em touros é verificado
pela magnitude das oscilações nos aspectos reprodutivos, especialmente pelo índice de
prolificidade, desencadeando mudanças em outros indicadores zootécnicos. Utilizou o
intervalo de confiança a 95% a fim de estabelecer os limites inferior e superior do IP e
calcular o benefício econômico a partir do IP médio. A determinação dos IP’s dos dois
grupos foi o ponto de chave para o cálculo dos indicadores técnico-econômicos.

2.2 Análise técnico-econômica

Os sistemas de produção animal podem ser avaliados por variáveis técnicas e


econômicas que medem a eficiência na utilização dos recursos produtivos da atividade.
Um sistema é um grupo de componentes que podem funcionar reciprocamente para
alcançar um objetivo comum. São capazes de reagirem juntos quando recebem uma
influência externa. Esses componentes ou processos atuam interligados, por meio de
conexões entre partes e quando recebem uma ação individual respondem como um todo
(Barcellos, 2007).
Neste trabalho utilizaram-se dados, informações e medidas de benefício técnicos e
econômicos que refletem como as partes que compõe o sistema produtivo das propriedades
participantes e não-participantes do Programa de Avaliação de Touros a campo (PAT) se
relacionam entre si (Figura 1).

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Dados Informações Medidas de benefício técnico- econômico

FIGURA 1. Fluxo de geração dos impactos técnicos e econômicos.

Os dados (inputs) foram classificados em técnicos e econômicos. Esses dados


geraram novas informações Essas informações resultaram em medidas de benefício ou
também chamadas de medidas de impacto (outputs).
Essas medidas de benefício representam, neste trabalho, o valor adicional, ou seja, a
contribuição da avaliação reprodutiva de touros na melhoria dos aspectos técnico e
econômico da atividade. As tabelas 3 e 4 apresentam estas variáveis.

TABELA 3. Dados, Informações e Medidas de Benefício dos aspectos técnicos.

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TABELA 4. Dados, Informações e Medidas de Benefício dos aspectos econômicos.

A metodologia adotada para a obtenção do impacto econômico foi a orçamentação


parcial (Noronha, 1987) sendo utilizada a planilha do Excel para avaliar o sistema. O
benefício técnico e econômico representa a variação percentual ou absoluta das medidas
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das propriedades participantes em relação às propriedades não-participantes do PAT. A fim
de padronizar os resultados nas diferentes propriedades foram consideradas para fins de
cálculo duas propriedades com 1.000 matrizes.

3. RESULTADOS

As propriedades não-participantes do programa não apresentaram diferenças


significativas a 5% em seus Índices de Prolificidade (IP) entre os anos de 1998 e 2001.
Nestas anos não evidenciou-se variações significativas do IP.
Isto pôde ser observado através da análise de variância de propriedades não-
participantes do PAT – Programa de Avaliação de Touros (Tabela 5).

TABELA 5. Análise de Variância do Índice de Prolificidade (IP) do Grupo 1 entre os


anos de 1998 e 2001.

Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico


Entre os anos 0,11946 3 0,03982 9,93388 0,00032 3,09839
Dentro dos anos 0,08017 20 0,00401
Total 0,19962 23

O valor-p evidencia que as diferenças são significativas a uma probabilidade de


bem inferior a 1%. Constata-se que em condições de produção semelhantes a prolificidade
não varia entre propriedades nos anos analisados. Embora existam variações climáticas
entre os anos, que afetam a produtividade, todas as propriedades foram submetidas a essas
mesmas condições adversas e por isso apresentaram índices de prolificidade semelhantes.
O mesmo não foi observado nas propriedades participantes do PAT. O Índice de
Prolificidade apresentou diferença significativa entre o ano inicial de realização do exame
(1998) e a os demais anos (1999, 2000 e 2001). O efeito do exame andrológico foi
observado na produção de bezerros. Através do intervalo de confiança verificou-se que a
estimativa da diferença verdadeira da média do Índice de Prolificidade entre propriedades
que realizam e daquelas que não realizam o exame andrológico é de 0,0532 (0,5956 –
0,4411) para o limite inferior e 0,2657 (0,7048 – 0,6463) para o limite superior (Quadro 1).
Como o zero não pertence ao intervalo existe diferença significativa.

QUADRO 1. Teste t e intervalo de confiança do Grupo 2..

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One-Sample Test

Test Value = 0
95% Confidence
Interval of the
Mean Difference
t df Sig. (2-tailed) Difference Lower Upper
T1998 17,251 5 ,000 ,51833 ,4411 ,5956
T1999_01 48,799 17 ,000 ,67556 ,6463 ,7048

Em termos percentuais a prolificidade de um rebanho que realiza exame


andrológico pode aumentar de 5,32 a 26,57 pontos percentuais. Para análise econômica
considerou-se um aumento na IP na ordem de 16 pontos percentuais, pois é um valor
intermediário entre os valores estimados. Com isso, verificou-se que os anos não
resultaram em índices de prolificidade diferentes, e, portanto, quaisquer variações não se
devem a fatores aleatórios, mas à influência do exame andrológico. OLIVEIRA (2002)
estimou um benefício de 13 pontos percentuais após a realização do exame andrológico.
Salienta-se que as propriedades não participantes do programa apresentaram um IP
de 0,52 menor mesmo utilizando mais touros em seus rebanhos de cria.
A taxa de touros inaptos verificada no exame foi de 22,8% no primeiro ano e de
16% na média dos três anos subseqüentes. Adotou-se a primeiro valor como a taxa de
eliminação de touros que as propriedades que não realizam o exame obteriam ao realizar a
avaliação de touros pela primeira vez. O segundo valor representa a taxa para propriedades
já estabilizadas para quem realiza o exame anualmente.
A taxa de reposição técnica anual quando não se utiliza o exame é de 16,7%. Esta
reposição refere-se a problemas explícitos detectados sem o exame como, por exemplo,
limitações físicas evidentes, idade, consangüinidade ou outros motivos determinados pelo
produtor.
Já para as propriedades participantes a taxa de reposição sobe para 21,6%. Note que
embora a taxa de reposição seja maior, a quantidade de touros é menor e neste caso a
demanda anual de touros não se alterou com a realização do exame. Esta demanda
constante foi uma pressuposição da análise.
A fim de facilitar o cálculo dos benefícios, os dois grupos foram padronizados em
rebanhos de igual tamanho (1.000 matrizes). Esta padronização serviu apenas para
melhorar a visualização dos benefícios e possibilitar a comparação absoluta das
informações técnicas e econômicas obtidas dos dois grupos. Os dados técnicos e
econômicos estão apresentados na Tabela 6.

TABELA 6. Dados técnicos e econômicos padronizados para um rebanho de 1.000


matrizes em propriedades participantes e não-participantes do PAT.
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PROPRIEDADES
NÃO-PARTICIPANTE PARTICIPANTE
DADOS TÉCNICOS
Matrizes (cab) 1000 1000
Relação vacas por touro (vacas/touro) 31 40
Taxa de inaptos - 1º ano (%) - 22,8%
Taxa média de inaptos - 2º, 3º e 4º anos (%) - 16,0%
Taxa de reposição anual (%) 16,7% 21,6%
Vida útil dos touros (anos) 6,0 4,6
Peso dos Bezerros (kg) 150 150
Índice de Prolificidade 0,52 0,68

DADOS ECONÔMICOS
Preço de aquisição do Touro (R$/cab) 8.000,00 8.000,00
Preço do touro no fim da vida útil (R$) 1.700,00 1.700,00
Preço do kg Vivo (R$/kg) 2,50 2,50
Custo do exame andrológico (R$/touro) - 50,00
Custo de manutenção (R$/touro/ano) 400,00 400,00
Taxa de juros (% a.a.) - 6%

Os dados foram processados resultando em informações técnicas e econômicas


(Tabela 7). Como as informações dos dois grupos estavam padronizadas foi possível obter
por diferença as medidas de benefício técnico e econômico do exame de avaliação
reprodutiva em touros.

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TABELA 7. Informações técnicas e econômicas padronizadas para um rebanho
de 1.000 matrizes em propriedades participantes e não-participantes.
PROPRIEDADES
NÃO-PARTICIPANTE PARTICIPANTE
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Taxa de eliminação pré-exame (%) - 5,6%
Taxa latente de touros inaptos (%) 22,8% 0%
Estoque anual (touros em serviço/ano) 32 25
Touros inaptos (cab) 7 0
Relação vacas por touro fértil (vacas/touro fértil) 40 40
Demanda média anual de touros (touros/ano) 5,4 5,4
Demanda de touros em 3 anos (ciclo de produção) 16,1 16,1
Produção de bezerros por touro na vida útil (cab) 97 126
Produção anual de bezerros (cab) 520 680
Produtividade dos touros (bezerros/touro/ano) 16,1 27,3
Produtividade das vacas (kg bezerros/vaca/ano) 78 102

INFORMAÇÕES ECONÔMICAS
Valor da Produção de Bezerros na vida útil (R$/touro) 36.270,00 47.429,67
Aumento da receita em bezerros (R$) 50,00
Juros pela antecipação da receita de touros de descarte 750,22
Redução no custo de manutenção de touros (R$) 2.941,94
Custo total do exame andrológico (R$) 1.612,90
Benefício Total do exame andrológico (R$) 62.079,25

A partir dos dados e informações obtidas obteve-se a orçamentação parcial (Tabela


8) que representa a comparação entre as propriedades que realizam e não realizam o exame
andrológico. Observa-se que os benefícios do exame são reflexos do aumento na produção
de bezerros devido ao aumento do índice de prolificidade. Os valores utilizados revelaram
que houve um equilíbrio entre a taxa de descarte (maior) e a variação no estoque de touros
(menor).

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TABELA 8. Orçamentação parcial com a realização do exame andrológico em touros.

ORÇAMENTAÇÃO PARCIAL VALOR (R$)

Aumento da Receita (+):


Aumento da receita em bezerros (R$) + 60.000,00
Juros pela antecipação da venda de touros de
+ 750,22
descarte (R$)

Redução do Custo (+):


Redução no custo de manutenção de touros (R$) + 2.941,94

Aumento do Custo (-):


Custo total do exame andrológico (R$) - 1.612,90

Redução da Receita (-):


-
Benefício Total do exame andrológico (R$) 62.079,25

O valor obtido com a venda de touros não altera a receita na orçamentação parcial,
pois este valor refere-se apenas à uma antecipação da mesma. O que é considerado é o
juros obtido pela antecipação do valor monetário obtido com a venda de touros de descarte
em 1,4 anos (6 anos – 4,6 anos) a uma taxa de 6% a.a..
A realização do exame de avaliação reprodutiva em touros apresentou um aumento
na produção de bezerros de 31%; cada touro produzirá em 31 bezerros a mais ao longo de
sua vida útil; cada vaca produziu 24 de bezerros a mais por ano e a eficiência reprodutiva
aumentou em 31%.
Em um rebanho de 1.000 matrizes obteve-se um aumento no valor da produção de
bezerros em R$ 11.159,67 por touro por ano. O benefício financeiro anual por vaca foi de
R$ 62,08 e por touro foi de R$ 2.492,82. Ou seja, com este benefício por touro obteve-se
um valor potencial para aquisição de touros superiores de R$ 10.492,82. O benefício total
com o programa foi de R$ 62.079,25. A relação benefício / custo do exame foi de 38,49
(Tabela 9).

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TABELA 9. Medidas de benefício técnico e econômico em propriedades que utilizam o
exame.
EFEITO VALOR
BENEFÍCIOS TÉCNICOS*
Produção de Bezerros (%) + 31%
Produtividade anual do touro (bezerros/touro/ano) + 6,0
Produtividade na vida útil do touro (bezerros/vida útil) + 29,8
Produtividade anual das matrizes (kg de bezerros/vaca/ano) + 24,0
Eficiência reprodutiva do rebanho (%) + 31%

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS*
Valor da produção de bezerros (R$/touro/vida útil) + 11.159,67
Benefício financeiro por vaca (R$/vaca/ano) + 62,08
Benefício financeiro por touro (R$/touro/ano) + 2.492,82
Valor Potencial para aquisição de touros superiores (R$/touro) + 10.492,82
Benefício total com o programa (R$) + 62.079,25
Relação Benefício / Custo do exame (R$) + 38,49
* Incrementos

4. DISCUSSÃO

O exame andrológico para a produção de bovinos de corte beneficia os aspectos


técnicos e econômicos num sistema de produção de bovinos de corte. Este fato é
confirmado por OLIVEIRA (2002).
Ressalta-se que embora o benefício foi calculado para um incremento de 16 pontos
percentuais no índice de prolificidade, caso o índice aumenta-se em apenas 1 ponto
percentual os benefícios financeiros ainda seriam superiores aos custos do exame.
Neste trabalho, a relação touro:vaca foi de 1:31 no grupo não-participante e 1:40 no
grupo participante. Aparentemente, um grupo demanda mais touros que outro, entretanto
quando se analisa a relação touro fértil / vaca, observa-se que não há diferença na demanda
anual de touros. As propriedades que realizam o exame andrológico de fertilidade possuem
um estoque de touros menor devido à eliminação dos touros inaptos, mas a rotatividade de
touros é maior, e neste caso, que estes valores estão equilibrados não alterando a demanda
por touros no ciclo de produção. Adotou-se a pressuposição que o exame andrológico não
diminui e nem aumenta a demanda por touros.
O custo do exame em touros é considerado baixo em relação ao benefício. Neste
trabalho obteve-se um valor de 36 reais, sendo semelhante ao encontrado por Wiltbank &
Parish (1986) que foi de 20-25 dólares (aprox. 50 reais). O ganho marginal na adoção
dessa tecnologia é alto, entretanto apenas 10,5% dos produtores gaúchos adotam este tipo
de prática.
O custo crescente no valor dos touros pode dificultar a aquisição de touros de boa
qualidade, entretanto umas das grandes vantagens da avaliação reprodutiva de touros é a
possibilidade de ser coadjuvante no financiamento para aquisição de touros. O benefício
financeiro por touro foi de R$ 2.492,82, representando mais de 30% de um touro novo no
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valor de R$ 8.000,00. Isto representa um valor adicional aos produtores que pode ser
utilizado na aquisição de touros superiores
O estado do Rio Grande do Sul possui quase seis milhões de matrizes. Se as
propriedades aumentarem em apenas 10% a realização do exame andrológico em touros,
considerando um incremento na produtividade por vaca de R$ 62,08 com condições
semelhantes ao deste estudo, a renda desses produtores aumentaria em quase de 38 milhões
de reais.

5. CONCLUSÕES

O exame andrológico em touros beneficia os aspectos técnicos e econômicos na


produção de bovinos de corte. Recomenda-se a implantação de políticas governamentais
que incentivem o desenvolvimento de programas de avaliação reprodutiva de touros. Estas
políticas poderão aumentar a renda do produtor, a produção de bezerros, gerar novos
empregos e conseqüentemente afetar positivamente outros segmentos da cadeia de carne
bovina do Rio Grande do Sul.

6. REFERÊNCIAS

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