Na modernidade, temos equivalentes universais para pretensão punitiva do
Estado, para, por exemplo, os dias em que a pessoa passa privada de liberdade É só no horizonte em que a forma valor surge, em que ela determina todas as relações de trabalho, e determina o tempo socialmente gasto das coisas, é que a esfera penal dá-se como é hoje. Os diferentes e distitos tipos penais, podem ser equivalentes na pena. Não imposta, afinal, o que foi cometido. Na Idade Média, para atos distintos, há penas distintas. Na modernidade, há uma equivalência entre as penas para os atos distintos, e é a partir daí que se dá o garantismo penal. O Direito permite que base econômica funcione livremente, e dá a sensação de que não há uma opressão em curso. A opressão não se dá diretamente pelo direito, ele, de fato, assegura a igualdade. Então, o Direito auxilia na opressão indiretamente, uma vez que permite que a exploração econômica aconteça livremente e se desenvolva. Portanto, não é o Direito que domina, diretamente, ele assegura uma exploração econômica que assegura a dominação. A forma valor que se apresenta como equivalente universal que regula abstratamente as relações sociais de produção (tempo socialmente gasto, o que importa é a ideia de valor, o trabalho em si perde o valor), é a partir do momento em que essa abstração real se dissipa na sociedade, é que ela começa regular outras áreas da sociedade, como a do Direito Penal. Essa equivalência pode ser exemplificada com o fato de que, por exemplo, com alguém que comete cinco roubos e alguém que comete homicídio, acabam sofrendo a mesma pena. Isso não existia no medievo. Passa-se a exigir que o quantum do equivalente universal seja equivalente ao quantum do que equivale o ato cometido; Pachukanis coloca o Direito Penal como uma troca, sendo assim, Prevenção social (dar exemplo aos outros, para que não cometam o mesmo ato), prevenção especial, individual (fazer com que o indivíduo não cometa aquilo novamente) e ressocialização, são algumas das finalidade da penalidade. A questão é, que se essa é a finalidade, punir com equivalência, não faz o menor sentido. Portanto, para Pachukanis, a finalidade é nada mais que “vingança equitativa”, isto é, fazer com que a pessoa pague pelo que fez. Outro fato que evidencia que a ressocialização não é uma finalidade do Direito Penal, é o fato de que, por exemplo, nenhum curso de Direito realmente se importa, ou tem como matéria, a execução penal, como deve ser aplicada a pena, etc. Por outro lado, no contexto burguês, a própria ideia de crime, acaba a ser individualizada. Deixa de ser algo que atinge a sociedade, e passa a ser algo que o indivíduo praticou. E o caráter social se esvai. Para Pachukanis... ele elabora uma alternativa para o Direito Penal. Garantismo penal. O Direito Penal revela claramente quais são as maiores finalidades sociais da punição estatal, que, na verdade, acaba sendo proteger a dinâmica da economia de trocas, como o fato de o latrocínio ser o crime de maior pena no ordenamento jurídico brasileiro. Só há direito enquanto há escassez, porque o que o direito regula a situação de escassez das coisas, atribuindo-se relações recíprocas para troca. O Direito Penal advém daí (forma jurídica), só faz sentido falar no Direito Penal, em um regime de propriedade, em uma sociedade capitalista. Extinguir-se-ia o Direito Penal em um estágio pós-capitalista. Enquanto houver regime de propriedade, que só existe em um regime de escassez, continuará existindo o Direito Penal e sua necessidade. Só é possível extinguir-se o Direito Penal, caso haja uma revolução proletária, caso extinga-se o meio que faz com que seja possível a existência do Direito Penal como temos hoje, o capitalismo. Tudo é simplesmente uma questão de valor, tudo se resume nele. (multas para redimir crimes penais deixam isso claro)