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Direito
Constitucional
2º Semestre
Porto, 2005/2006
2º SEMESTRE
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Faculdade de direito da Universidade Lusíada do Porto
Objecto e várias categorias de leis.
Poderes:
Legislativo
Executivo
- Regulamentos
- Actos administrativos
Judicial
- Sentenças
Nota: Os actos administrativos e as sentenças não são objecto de controlo da
constitucionalidade.
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1. Material – Tem que se tratar de uma regra ou padrão de comportamento.
2. Orgânico – Tem que ser emanada por uma entidade pública com poderes
normativos.
Actos normativos primários, por exemplo, as leis
Actos normativos secundários, por exemplo, os regulamentos
ESTRUTURAS NORMATIVAS:
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Constituição:
1. É fonte de Direito
2. É a norma que organiza as fontes de direito (a produção jurídica)
Art.º 8; 56/4; 112; 115; 161; 164; 165; 198; 227; 241.
A maneira tradicional de avaliar o ordenamento jurídico, é a pirâmide de
Kelsen, contudo, actualmente, o ordenamento tem a forma de um trapézio:
2.º Lei
3.º Regulamentos
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1. Leis Constitucionais (art.º 119/1/a; 166/1; 161/a; 284 a 289 CRP)
– São as leis de revisão.
2. Leis Orgânicas (art.º 112 CRP) – tiveram origem em França e são leis
ordinárias que dizem respeito a questões constitucionais. Na CRP, este
conceito foi introduzido pela lei constitucional (de revisão de 1989, art.º
112/3; 166/2).
3. Leis de Bases
4. Leis de Autorização Legislativa
5. Leis Estatuárias
6. Leis Reforçadas
LEIS ORGÂNICAS
Características jurídico-constitucionais:
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Todas as leis orgânicas são legisladas por um legislador orgânico, e este tem que
esgotar toda a disciplina jurídica.
5 – Reserva de plenário (art.º 168/4 e 5), com maioria absoluta – a maior parte
das leis orgânicas são votadas e aprovadas na especialidade em plenário. Exige-
se um procedimento mais gravoso.
6 – Fiscalização Preventiva – art.º 278/4
Podem pedir a fiscalização o PM. 1/5 dos deputados e o PR.
7 – Superação veto politico do Presidente da República – art.º 136/3.
8 – Forma da lei orgânica – a menção diz apenas “Lei orgânica”, não tem um
número específico (com numeração própria, não sendo incluídas juntamente com
as outras).
LEIS DE BASES
Saber:
1. Origem do conceito.
2. Se este foi acolhido na CRP.
3. Qual a intenção do legislador constituinte ao estabelecer leis de bases em
matérias reservadas.
4. Saber se as leis de bases são sempre parâmetro normativo dos dec-leis de
desenvolvimento.
5. Quais os vícios que resultam da contradição do dec-lei de desenvolvimento
relativamente à lei de bases.
Leis de bases (lois cadres) – são leis que estabelecem os princípios vectores
fundamentais de um determinado regime jurídico, ou as grandes opções politicas-
legislativas de um determinado regime jurídico, deixando a sua complementação
para o governo através de Decretos-leis de desenvolvimento.
São leis incompletas do ponto de vista legislativo (e não regulamentar). São
depois completadas com os dec-leis de desenvolvimento.
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A Lei de bases ou lei-quadro em que a moldura é feita pelo Parlamento e os
decretos-leis de desenvolvimento são os desenhos feitos pelo governo.
Surgiram em França em 1936, através do estabelecimento de férias pagas.
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4 - Saber se as leis de bases são sempre parâmetro material dos dec-leis de
desenvolvimento
b. Outros autores (como o Dr. Vital Moreira), referem que o artº 112/2,
apareceu expressamente para limitar os poderes do governo (na
revisão de 1982 – 115/2), na medida em que o governo, antes,
poderia alterar ou revogar a lei de bases, este tinha poderes muito
extensos. Esta norma, inicialmente era o art.º 115/2, passando
actualmente a 112/2. Este excesso de poderes legislativos do
governo advém da Constituição de 1933.
c. Outro argumento (também do Dr. Vital Moreira), diz que se não fosse
para limitar os poderes do governo, relativamente às bases em
matéria de competência concorrente, não se justificava o artº 112/2.
Porque quando as leis de bases são em matérias reservadas, o
governo não as pode contrariar sob pena de se gerar uma
inconstitucionalidade orgânica e formal.
Há quem entenda que só existe subordinação dos dec-leis de
desenvolvimento relativamente às leis de bases em matérias reservadas:
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Argumentos a favor da subordinação:
Vícios:
Leis de bases em matérias reservadas
- dec-lei de desenvolvimento contraria lei de bases - há uma ilegalidade mas
também uma inconstitucionalidade orgânica e formal. Para o Dr. Canotillo, aqui
há uma inconstitucionalidade.
Há uma inconstitucionalidade orgânica e formal porque se a AR não
intervém sobre as matérias do 164 e 165, o governo vai legislar.
Quem controla a ilegalidade é o T.C.
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Lei de bases (dec-leis desenvolvimento) - Quando um dec-lei de desenvolvimento
contraria uma lei de base (hierarquicamente superior), há uma ilegalidade atípica
(é um acto legislativo a contrariar outro – art.º 281/1/b)
Quem controla?
Inconstitucionalidade – TC
Ilegalidade – Tribunais administrativos
Ilegalidade atípica – TC
Leis de autorização (artº 112/2; artº 198/1/b; artº 165/2/3/4/5; artº 227/1/b)
1. Destinatários
2. Limites das leis de autorização legislativa
3. Cessação da autorização
4. Vícios que derivam da contradição dos dec-leis autorizados relativamente à
lei de autorização.
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Artº 227/1/b – Assembleias Legislativas Regionais, em matérias
de interesse das regiões autónomas, mas nunca em matérias do art.º 165 (uma
vez que estas estão reservadas à autorização ao governo).
Limites materiais
Limites temporais
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Formas de cessação da autorização legislativa:
Esgotamento do prazo
Utilização pelo Governo – artº 165/3 – Principio da irrepetibilidade
(depois de publicado)
Revogação (*)
Caducidade (art.º 165/4) (**)
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Estamos perante uma INVALIDADE CONSEQUENCIAL – Se uma lei de
autorização legislativa tem um vício, esse vício transmite-se ao dec-lei autorizado,
porque é uma consequência da lei de autorização.
LEIS ESTATUÁRIAS
Noção - (art. 166º/3; art161º/b; art. 226º) – São as leis da AR que aprovam os
estatutos politico-administrativos das regiões autónomas.
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Assembleias Legislativas Regionais:
- Têm um momento impulsivo que se traduz no:
- Direito de iniciativa - art.º 226/1;
- Direito de alteração - art.º 226/4
- Há também um momento deliberativo:
- Por parte da AR.
1 - Artº 226 e ss. – São leis da AR, mas com certa especificidade, na medida em
que há uma reserva de iniciativa legislativa, a favor das regiões autónomas
(Assembleias legislativas regionais).
2 - As leis estatuárias são leis da A.R. (porque a AR tem a palavra final), mas com
valor reforçado relativamente a todos os outros actos legislativos. São as mais
reforçadas de todas as leis reforçadas.
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LEIS REFORÇADAS
Leis orgânicas
Leis que carecem da aprovação por maioria de dois terços (artº 168/6)
Leis que sejam pressuposto normativo de outras leis (leis de bases e de
autorização legislativa)
As leis que por outras devam ser respeitadas (leis estatutárias)
Esta distinção foi clarificada na revisão de 1997
Constituição
Leis de revisão
Leis reforçadas
Regulamentos
Critérios que a doutrina tem procurado elaborar, para definir as leis com
valor reforçado:
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4. Critério da forma e especificidade procedimentais - não são parâmetro
material de outras leis, porque o legislador tem que disciplinar toda a
matéria - Leis orgânicas.
5. Critério de parametricidade geral - não podem ser contrariadas, nem
pelos decretos legislativos regionais nem pelas leis da república - Leis
estatuárias
DECRETOS-LEIS
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Nota: Aprovação C.M.
Promulgação (o acto só existe depois de promulgado – art.º 140)
Publicação (art.º 119/2 – sem publicação apenas é ineficaz).
A CRP foi muito contida porque diz que na lei de autorização tem sempre
que constar a sua duração.
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DECRETOS – LEIS
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A ratificação pode ser:
2. Tácita
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Na ratificação expressa com emendas o procedimento é igual, porém,
alguém apresentava propostas de alteração ao decreto-lei (emendas). Caso as
emendas fossem aprovadas iniciava-se um novo procedimento legislativo, que
começava com uma proposta de alteração, que caso fossem aprovadas saíam
com a forma de lei (ex: decreto-lei nº x, com alterações aprovadas da lei nº y).
As propostas de emenda são as actuais propostas de alteração – artº 169/2
Constituição).
• Alterações
• Recusa de ratificação
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Nota: Os decretos-leis não têm obrigatoriamente que passar pela aprovação da
A.R.
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• Têm que respeitar os princípios fundamentais das leis gerais da república
(vem contra a Constituição, segundo o texto primitivo. Isto foi posterior,
porque o respeito pela Constituição está pressuposto)
Foi na revisão de 97 que o art.º 112/5 - são leis gerais da república, as leis
e os decretos-leis, cuja razão de ser, envolva a sua aplicação a todo o território
nacional e que assim o decretem. (passou a ter o assim o decretem)
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o Interesse especifico das regiões autónomas art.º 228º - foi alargada
a matéria de interesse especifico
o Matérias não reservadas à A.R. (de competência própria dos órgãos
de soberania)
Características:
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Nota: O art.º 169 (apreciação parlamentar de actos legislativos), art.º 162/c).
Só os decretos legislativos regionais autorizados é que podem ter apreciação
parlamentar.
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O seu discípulo Forsthoff continuou este pensamento e, após a 1ª Grande
Guerra, analisou outra realidade na medida em que era o Parlamento quem
elaborava estas leis diferentes que eram individuais e concretas, pois intervinha
directamente em casos concretos de ordem económica e social. Chamou-lhes
Leis-medida prestando assim homenagem ao seu mestre.
LEIS-MEDIDA
São leis individuais, concretas e transitórias.
≠
LEIS CLÁSSICAS
São leis gerais, abstractas e duradouras.
Actos legislativos:
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Decreto Legislativo Regional - é um acto normativo das Assembleias
Legislativas Regionais.
Porque é que hoje só podemos dar uma definição formal de lei, ao contrário do
que se fazia nos outros séculos?
REGULAMENTOS
-- Constituição
__ Lei
-- Regulamentos
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TIPOS DE REGULAMENTOS:
Regulamentos de execução
Regulamentos independentes
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PRINCIPIO DA LEGALIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
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Principio da precedência da lei – art.º 112/7
Art.º 112º/8
Não existe poder regulamentar sem fundamento numa lei anterior. Não
pode haver regulamento sem lei, ou seja, há precedência da lei relativamente a
toda a actividade regulamentar e há o dever de citação da lei habilitante por parte
de todos os regulamentos. Se assim não acontecer, surge um vício formal.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS
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RAÍZES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
- Os vários momentos da consciencialização da ideia dos direitos do
homem.
2.º Cristianismo
Veio chamar a atenção para que, todos os homens são iguais diante de
Deus. Há uma identidade não só biológica mas também da alma, igual.
Alguns autores concordam com este momento, outros acham que o
cristianismo abafou os movimentos revolucionários – resignação do homem
relativamente à luta uma vez que a recompensa era a nível divino.
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Estes direitos aparecem em Inglaterra com a Magna Carta datada de 1215
de João Sem Terra.
Eram direitos não individuais, mas das classes, dos estamentos (nobres)
Não são direitos fundamentais, visto que eram direitos de cada uma das
classes sociais e não do homem, pelo facto de ser homem.
Foi um movimento muito importante para a ideia dos direitos do homem.
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EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
(aqueles que já estão positivados)
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Existem várias gerações / níveis de cristalização / níveis de sedimentação de
direitos fundamentais – obedecem a um critério cronológico
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Tem relação com o desenvolvimento técnico e científico. É preciso controlar
a indústria nuclear porque sabe-se que o mundo pode ser destruído de uma
maneira muito simples. Com o desenvolvimento científico e tecnológico, o homem
está a ir contra a qualidade de vida e do ambiente.
Este principio tem origem na Constituição dos EUA de 1787, que só tinha 7
artigos e diziam respeito à organização política. Os povos do sul tinham a
escravatura logo não tinham direitos fundamentais. Só mais tarde com as
emendas (10) é que esta situação foi alterada. Esta Constituição foi publicada em
1789 e ratificada em 1791.
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Normas de direito internacional
- Ninguém é preso por dívidas
- Ninguém pode ser julgado por uma língua que não conhece
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Pré – compreensão - considera só os direitos humanos individualmente.
Pós – compreensão - considera os direitos de grupos de pessoas.
No que respeita por exemplo aos direitos dos trabalhadores, o Dr. Vieira de
Andrade quer tirá-los do regime dos direitos, liberdades e garantias já que não os
pode tirar da própria Constituição.
Direitos Fundamentais:
- Direitos, Liberdades e Garantias (art.º 24º a 57º)
- Pessoais
- Participação Política
- Trabalhadores
- Direitos Económicos, Sociais e Culturais
REGIME GERAL
Conjunto de normas que se aplicam a todos os direitos fundamentais:
- Art.º 12º – Principio da universalidade
- Art.º 13º – Principio da igualdade
- Art.º 20º – Acesso à justiça
- Art.º 16º/2 – Principio da interpretação da Declaração Universal dos
Direitos do Homem e do Cidadão
- Art.º 23º – Principio do acesso ao Provedor de Justiça
REGIME ESPECIFICO
Conjunto de normas que se aplicam a direitos, liberdades e garantias
- Art.º 18º, art.º 19/1, art.º 21º, art.º 22º, art.º 165/2/d, art.º 272/3 e
art.º 288/d
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REGIME GERAL
Art.º 15º
Temos que distinguir entre:
- Cidadãos portugueses
- Cidadãos dos Estados membros da UE
- Cidadãos dos países de língua portuguesa
- Estrangeiros e apátridas
Logo há:
- Direitos exclusivos dos cidadãos portugueses – art. 15º nº 2
- Direitos dos cidadãos dos Estados membros da UE
- Direitos dos cidadãos dos Países de língua portuguesa
- Direitos dos cidadãos estrangeiros residente em Portugal
- Direitos políticos (48º a 52º) – temos que conjugar com os art.º 15/ 3, 4 e 5
Mas no art.º 15º nº 3, 4 e 5 existem direitos que são atribuídos a cidadãos
estrangeiros.
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- Exercício de funções públicas que não tenham carácter predominante-
mente técnico (chefias específicas em que se praticam actos de
autoridade), (cargos de altíssima responsabilidade)
- Direitos reservados pela CRP e pela Lei exclusivamente aos cidadãos
portugueses.
Art.º 12º nº 2
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Direitos inseparáveis da personalidade singular são incompatíveis com a sua
natureza:
- direito à vida
- direito à integridade física
- direito a constitiuição familiar
- direito a liberdade de consciência
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Argumento a favor de que as pessoas colectivas de direito público são titulares de
direitos fundamentais:
Tem-se a ideia que os direitos fundamentais são direitos de defesa do
cidadão contra o Estado – concepção clássica.
Estas pessoas colectivas de direito público (autarquias, universidades,
fundações) integram o Estado em sentido amplo, por isso são titulares (sujeitos
activos) e destinatários (sujeitos passivos) de direitos fundamentais,
simultaneamente.
Argumento contra o facto das pessoas colectivas de direito público serem titulares
de direitos fundamentais:
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2ª Posição – outros autores defendem que as pessoas colectivas de direito
público são titulares de direitos fundamentais
- Art.º 18º, art.º 19/1, art.º 21º, art.º 22º, art.º 165/2/d, art.º 272/3 e art.º 288/d
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O que são direitos, liberdades e garantias de natureza análoga?
Existem 3 critérios:
Critica: Este critério não tem base legal na própria Constituição, uma vez que nela
está consagrado que as pessoas colectivas também são titulares de direitos,
liberdades e garantias (art.º 12.º/2). Ex: Direito ao nome, liberdade de associação.
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3.º - Critério da determinação ou da determinabilidade constitucional
Segundo este critério, são direitos, liberdades e garantias aqueles cujo
conteúdo é determinado (ou determinável) ao nível das opções constitucionais,
isto é, da própria Constituição.
Já os direitos económicos, sociais e culturais são aqueles que só se tornam
líquidos (certos) depois da intervenção do legislador. Ex: Direito à saúde – só se
torna certo depois do legislador legislar sobre esta matéria.
Critica: Este último critério é o que tem maior apoio da doutrina (jurisprudência),
no entanto podemos dizer que este critério tem ainda uma certa pré-compreensão
relativamente aos direitos económicos, sociais e culturais, porque se parte do
princípio de que eles ficam na disponibilidade do legislador. Enquanto o legislador
não intervier, eles ficam suspensos. Dá ideia que eles são de menor valor pois
ficam na dependência do legislador ordinário.
Aula prática:
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ART.º 18º – FORÇA JURÍDICA
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b) Os direitos fundamentais muitas vezes não constavam do articulado das
constituições, mas de declarações de direitos e dos preâmbulos das
constituições – o legislador era quem tornava os direitos tecnicamente
perfeitos.
c) No séc. XVIII / XIX havia uma grande confiança no legislador ordinário –
burguesia – aquela que fez a revolução, que mudou os rumos. (a lei
traduzia a "volonté générale").
O legislador podia tomar 2 atitudes que podiam ser lesivos dos direitos
fundamentais:
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SUPERAÇÃO da Doutrina Francesa da Regulamentação da Liberdade
Os direitos valem contra a lei que os vem restringir fora das condições
estabelecidas nos art. 18º / 2 / 3
Todos os direitos que estão na constituição têm que ser regulados por leis
ordinárias.
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Art.º 18º nº1 – 2ª parte
(1) Legislador
Estado / Executivo
Cidadão
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O legislador tem também de emanar leis (art. 40º - "a definir por lei" - se
não o fizer, há uma inconstitucionalidade por omissão). - Tem de haver uma
intervenção legislativa.
(2) Administração
A administração está sob o princípio da legalidade da administração.
"KAGI"
Durante muito tempo os direitos giravam em torno da lei. Hoje é a lei que se
move no âmbito dos direitos fundamentais.
VINCULAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
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2º - Se se tratar de leis que sejam inconstitucionais (leis que estão em contradição
com direitos, liberdades e garantias): (como as lei acima referidas)
No entanto:
Nos termos do art.º 271º / 2 / 3
♦ Deve comunicar ao superior hierárquico que diz que a lei deve ser cumprida,
passando uma confirmação por escrito.
♦ Não deve obediência a ordens de onde possa ficar implícito a prática de
qualquer crime - cessa o dever de obediência.
♦ Direito de residência do cidadão (21).
(3) Tribunais
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VINCULAÇÃO DAS ENTIDADES PRIVADAS – art.º 18º / 1
Exemplos
Designação; - DRITTWIRKUNG
ORIGEM – Onde e porque surgiu a problemática da vinculação de
entidades privadas
Que problemas coloca esta vinculação
Eficácia mediata ou eficácia imediata
Análise global
Sanções que decorrem do desrespeito dos direitos, liberdades e
garantias por parte das entidades privadas
EXEMPLOS
E a clausula de celibato?
Só se aceitam professoras que não se casem enquanto leccionarem num colégio
religioso.
Esta cláusula é válida ou não?
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DESIGNAÇÃO
DRITTWIRKUNG
Estado
Cidadão Cidadão
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ORIGEM – Onde e porque surgiu a problemática da vinculação de entidades
privadas
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QUE PROBLEMAS COLOCA ESTA VINCULAÇÃO?
2) Os civilistas não gostam desta vinculação e dizem que com esta eficácia
externa se asfixiam os princípios fundamentais do direito civil (autonomia da
vontade e liberdade contratual).
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EFICÁCIA MEDIATA OU IMEDIATA
ANÁLISE GLOBAL
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Quando nem a CRP se refere à eficácia horizontal nem o legislador
intervém.
Eficácia horizontal imediata e mediação do juiz.
A viola os direitos de B
O que acontece?
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a) Dever-se-ão ter por nulos os contratos ou cláusulas contratuais violadoras
dos direitos fundamentais. Art.º 280º CC
b) A agressão ilícita da esfera individual de outra pessoa deve dar origem a
uma obrigação de indemnização; em casos restritos, como de restaurantes
e cinemas onde existe uma prévia oferta de contratos ao público, poderá
mesmo eventualmente ser de emitir a possibilidade de execução específica.
c) Ainda quando sejam postos em causa valores fundamentais da ordem
jurídica, devidamente tutelados, poderá haver lugar à responsabilidade
penal.
Para uma lei que seja restritiva de direitos, liberdades e garantias ser
constitucionalmente legítima tem que obedecer a:
7 REQUISITOS:
1) Pressupostos materiais:
a) Só se podem restringir direitos para salvaguardar direitos ou interesses
constitucionalmente protegidos.
b) Que a restrição seja expressamente admitida (ou imposta) pela CRP.
c) A lei restritiva deve respeitar o princípio da proporcionalidade em sentido
amplo.
d) A lei restritiva não pode aniquilar o conteúdo essencial do direito
fundamental que vai ser restringido.
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2) Requisitos quanto ao carácter da própria lei
a) A lei restritiva deve revestir carácter geral e abstracto.
b) A lei restritiva não pode ter efeito retroactivo.
c) A lei restritiva deve ser uma lei da AR ou um decreto-lei autorizado-165º1/b
Para sabermos se estamos perante uma lei restritiva temos que ter em
conta:
Actividade do legislador
Âmbito de protecção do direito
Prostituiçã
o Dtº à
Trafico de calúnia 58
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ÂMBITO POTENCIAL – quando a CRP protege um certo bem e protegendo todas
as formas pensáveis de exercícios de um direito (lícitas e ilícitas).
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b) Restrição de um direito
Existem os dois direitos e estão numa situação de colisão, pelo que tem de
ser feita uma compressão dos dois direitos.
Exemplo:
Os médicos têm o direito à greve, no entanto, são obrigados a assegurar os
serviços mínimos de saúde.
Aqui estamos perante limites e condicionamentos recíprocos. Limitamos um
direito e outro direito.
Tira-se um bocadinho aos médicos no direito à greve (têm que assegurar os
serviços mínimos de saúde), e tiramos um bocadinho aos cidadãos no direito à
saúde.
Direito de propriedade direito de propaganda política
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REQUISITOS DAS LEIS RESTRITIVAS DE DIREITOS, LIBERDADES E
GARANTIAS
ARTS. 18º / 2º / 3º
7 REQUISITOS
Art. 47º / 1
Art. 34º / 4 "salvas as restrições legais"
Art. 57 / 3
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- Limites imanentes (limites constitucionais não escritos)
É inconstitucional?
Não.
Tem de se aplicar aos limites constitucionais não escritos – quando há colisão
de direitos
A CRP previu um direito e outro que não pode entrar em colisão com o 1º.
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O legislador pode restringir esse direito, utilizando os limites e
condicionamentos recíprocos ou a concordância prática para restringir um
bocadinho de cada direito.
Ex: Art.º 44º e 42º
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O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE em sentido amplo ou da proibição
do excesso é um SUPER CONCEITO que:
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Por vezes os meios coactivos podem ser tão desproporcionados que não
justifiquem os fins conseguidos.
Expl. Lei que vem restringir a liberdade de propaganda para garantir a segurança
rodoviária
Lei que proíbe a propaganda politica sonora
todo o dia
da 12h às 16h
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A nossa CRP não proíbe as leis medida (leis individuais e concretas), proíbe-as
apenas no domínio das leis restritivas de direitos, liberdades e garantias.
São leis que do ponto de vista do enunciado linguístico (formal) são gerais e
abstractas, mas do ponto de vista material, isto é, segundo o conteúdo e efeitos
dirigem-se na realidade a um círculo determinado ou determinável de pessoas
sendo por isso individuais e concretas.
Exemplo:
Depois de 25 de Abril de 1974 passam à reserva certos militares (era
apenas um militar que se queria tirar do activo)
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Só no momento da aplicação destas leis é que se consegue ver se elas são
individuais camufladas, pois aplicam-se a um caso concreto e individual (a uma ou
grupo de pessoas).
Como o Estado Liberal que seria, nas constituições do séc. XIX muitas
vezes se proibia o princípio da retroactividade das leis (para proteger a segurança
jurídica).
Nenhuma lei civil ou criminal pode ter efeitos retroactivos.
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Constituições actuais
- Matéria penal (não há crime sem lei): domínio clássico (mais antigo) (29 / 1 / 4).
A lei não pode criminalizar factos passados, nem punir mais severamente crimes
anteriormente praticados – PRINCÍPIO DA RETROACTIVIDADE DA
PENALIZAÇÃO implica que:
a) A lei não pode qualificar como crimes factos passados, nem aplicar a
crimes anteriores penas mais graves.
b) Que deixa de ser considerado crime o facto que a lei posterior vem
despenalizar ou que passa a ser menos severamente penalizado se a lei
posterior o sancionar com pena mais leve (PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO
RETROACTIVA DA LEI PENAL MAIS FAVORÁVEL) (porque na sociedade
já deixou de ser crime).
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Então pode haver a retroactividade de leis em domínios diferentes
(penal, leis restritivas ou fiscal)? As leis retroactivas são sempre
inconstitucionais?
Não.
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Pode ser lei formal da A.R. - Alíneas do 164º - a), f), h), j), l), m), i) e o)
Art. 241º
Os municípios têm por atribuição velar pela elegância e salubridade das
edificações confinantes com ruas e lugares públicos, ou seja, nestas matérias,
agindo designadamente em defesa de valores estéticos e paisagísticos visando
preservar a beleza, as panorâmicas ou a salubridade dos locais, a Assembleia
Municipal pode editar disciplina normativa inicial com eficácia regulamentar
(regulamentos autónomos).
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Este poder regulamentar tem, porém, como limite o domínio reservado à lei.
Aí só é permitida a intervenção do legislador ou do governo quando munido de
autorização legislativa.
O regulamento, designadamente o dos órgãos autárquicos, só é aí
permitido quando for de simples execução. Decorre daí que a disciplina integral
destas matérias, salvo pormenores de execução, sempre susceptíveis de serem
versados em regulamentos, cabe em princípio à lei, excepcionalmente a decreto-
lei e nunca a regulamento.
Acordão 74/84
Doutrina do T.C.
Os regulamentos autónomos nunca podem ser regulamentos independentes; têm
de ser de simples execução
Inconstitucionalidade orgânica
Inconstitucionalidade material – 37 / 2
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ARTIGO 18º Nº3
NÚCLEO (CONTEÚDO) ESSENCIAL
Teorias Absolutas
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Teorias Relativas
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MEIOS DE DEFESA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
ESTADO DE DIREITO
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1 – CRP – Preâmbulo, artigos 2.º e 9.º/b)
2 – Origem do conceito
3 – Institucionalização
4 – Elementos (características)
5 – Fórmula Estado de Direito – aparecimento
6 – Evolução do conceito – formalização
7 – Sentido actual do Estado de Direito
8 – Elementos constitutivos
9 – Sub-principios densificadores do Estado de Direito
2 – Origem do conceito
Estado ligado à revolução francesa e americana. Conceito de luta contra a
monarquia absoluta. A monarquia absoluta intervinha na esfera dos particulares e
estes não tinham maneira de se protegerem.
Mas o homem tinha direitos naturais que através de um contrato social o
Estado tinha como função defendê-los. Esses direitos naturais depois passaram a
direitos fundamentais. Criou-se nesta altura o princípio da separação de poderes.
3 – Institucionalização
Revoluções francesa e americana que vieram consagrar o liberalismo vivido
em Inglaterra.
4 – Elementos (características)
O Estado de Direito é um Estado Constitucional
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- Legalidade da administração
- Independência dos Tribunais
- Catálogo dos direitos fundamentais
- Preâmbulo
- Art.º 2º
- Art.º 9º
SEPARAÇÃO DE PODERES
- Império da lei
- Legalidade da administração não vistos em pé de igualdade
- Independência dos tribunais
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Apareceu no século XIX pela mão dos administrativistas alemães - deram
grande contributo para o princípio da subordinação da administração à lei.
Começaram a falar no princípio da legalidade de administração.
Começaram a contemplar as formas que os cidadãos podiam usar para se
defenderem da administração.
Não se falou em direitos fundamentais porque eles já estavam na
consciência.
Caminhou-se para a formalização do Estado de Direito.
No sentido de apagar a ideia dos direitos naturais.
Passou a estudar os mecanismos para a subordinação da administração à
lei.
CARL SCHMITH
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a) - actos normativos
b) - actos jurisdicionais
c) - actos administrativos
- Princípio da segurança e das garantias processuais
Garantias de processo jurídico – art.º 20º
- Processo penal;
- Processo administrativo;
ESTRUTURAS ORGANIZATÓRIAS
Órgãos constitucionais de soberania – art.º 110º CRP – são os órgãos que são
os titulares do poder supremo do Estado (poder de auctoritas, magestas).
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Existiam 2 centros de legitimidade de poder
Executivo Parlamento
– 1.º
Ministro
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b) Controlo primário do Rei sobre a Câmara Alta (câmara dos pares)
nomeadamente quando esta era fundamentalmente composta por membros de
nomeação régia.
nomeação
base de confiança
direito de
PR eleição dissolução
Executivo
Parlamento
ELEITORADO
CARACTERISTICAS:
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a) Responsabilidade do gabinete (executivo) perante o Parlamento: o
gabinete (1.º Ministro) é nomeado pelo chefe de Estado (Rei ou PR)
mas deve antes obter a confiança do Parlamento tendo a obrigação de
demitir-se no caso de aprovação de moções de censura ou de rejeição
de votos de confiança.
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Depois foi copiado pela América latina e degenerou em Presidencialismo.
Governo –
Sec Estado
eleição
eleição
ELEITORADO
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SISTEMA PARLAMENTAR PRESIDENCIAL OU SEMI-PARLAMENTAR
Governo
eleição
eleição
ELEITORADO
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c) Referenda ministerial: o governo e o PR partilham certas tarefas,
cabendo a este último comprometer-se quanto a certos actos.
______________________________ FIM____________________________
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