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LEANDRO FLORES PEREIRA E LUCAS SILVA DE FREITAS

INFLUÊNCIA DO MATERIAL PULVERULENTO EM AREIAS ARITIFICIAIS NA


PRODUÇÃO DE CONCRETOS

Artigo apresentado ao curso de graduação em


Engenharia Civil da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para a
obtenção de Título de Bacharel em Engenharia
Civil.

Orientador: MSc. Luciana Nascimento Lins.

Brasília
2015
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Artigo de autoria de Leandro Flores Pereira e Lucas Silva de Freitas intitulado INFLUÊNCIA
DO MATERIAL PULVERULENTO EM AREIAS ARITIFICIAIS NA PRODUÇÃO DE
CONCRETOS, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil da Universidade Católica de Brasília, em 11/06/2015, defendido e aprovado
pela banca examinadora abaixo assinada:

__________________________________________________

Prof. MSc. Luciana Nascimento Lins


Orientadora
Curso de Engenharia Civil – UCB

__________________________________________________

Prof. Msc. Robson Donizeth Gonçalves da Costa


Examinador
Curso de Engenharia Civil – UCB

Brasília
2015
iii

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo à Deus, pelo dom da vida, por ter nos concedido saúde e força para
superar as dificuldades, não deixando que desviássemos dos nossos objetivos.
Às nossas famílias, por todo apoio que nos deram para que chegássemos até aqui.
À nossa orientadora, professora MSc. Luciana Nascimento Lins que, com muita
paciência e disponibilidade, dedicou do seu valioso tempo para nos orientar em cada passo
desse trabalho.
À empresa Concretecno que disponibilizou toda infraestrutura para a realização desse
trabalho.
À todos professores, por contribuírem para a formação do nosso conhecimento.
À todos que, mesmo não citados aqui, direto ou indiretamente, fizeram parte da nossa
formação acadêmica, o nosso muito obrigado!
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INFLUÊNCIA DO MATERIAL PULVERULENTO EM AREIAS ARITIFICIAIS NA


PRODUÇÃO DE CONCRETOS

LEANDRO FLORES PEREIRA E LUCAS SILVA DE FREITAS

RESUMO

Na tecnologia do concreto, acreditava-se que os agregados tinham apenas o papel de


enchimento, tratava-se apenas de um material granular inerte destinado a diminuir o custo
final da produção do concreto. Apesar dos agregados não entrarem em reações químicas com
a água, alguns fatores podem influenciar diretamente nas propriedades do concreto, como o
teor de material pulverulento presente nos agregados. Este trabalho tem por finalidade
analisar, por meio de ensaios experimentais de laboratório, a influência de materiais
pulverulentos nas propriedades dos concretos de cimento Portland. Foram executados cinco
traços de concreto alterando sua dosagem, com a adição proporcional e progressiva de
material pulverulento (fíler), na composição da areia artificial. Foram determinados índices de
consistência, relação a/c e realizados ensaios de resistência à compressão a fim de avaliar as
possíveis influências na qualidade do concreto.

Palavras-chave: Agregados. Material pulverulento. Trabalhabilidade. Resistência à


compressão.
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1 INTRODUÇÄO

Diante de um mercado de trabalho competitivo, as empresas têm buscado formas de


aperfeiçoar seus produtos. Em particular, a indústria da construção civil, mais especificamente
sobre a produção de concretos de cimento Portland, concreteiras e construtores têm investido
recursos à procura de soluções mais eficazes e econômicas.
Na tecnologia do concreto, o excesso de ênfase sobre a relação água/cimento,
proporção dos materiais, quantidade e tipos de cimento, e alguns outros fatores, negligencia a
influência dos agregados na resistência do concreto (MEHTA; MONTEIRO, 2008, p. 56).
No fim do século XIX e início do século XX, com o desenvolvimento dos primeiros
estudos do concreto de cimento Portland, acreditava-se que os agregados tinham
apenas o papel de enchimento, que embora ocupando de 70% a 80% do volume em
concretos convencionais, tratava-se apenas de um material granular inerte destinado
a baratear o custo final de produção do concreto. (CECHELLA, 2011, p. 233).

Mehta e Monteiro (2008, p. 259) afirmam:

Devido a uma melhor compreensão do papel desempenhado pelos agregados na


determinação de muitas propriedades importantes do concreto, a visão tradicional do
agregado como um material inerte vem sendo seriamente questionada.

Apesar dos agregados não entrarem em complexas reações químicas com a água,
alguns fatores podem influenciar diretamente nas propriedades do concreto, como, o teor de
material pulverulento presente nos agregados.
A presença desses materiais na constituição do concreto é indesejável. Um agregado
com alto teor de materiais pulverulentos diminui a aderência do agregado à argamassa
aumentando a relação água cimento e prejudicando, assim, a resistência mecânica e a
trabalhabilidade do concreto.
A presente pesquisa tem como objetivo analisar, por meio de ensaios de laboratório, a
influência de materiais pulverulentos na resistência mecânica à compressão e na
trabalhabilidade dos concretos de cimento Portland.
A partir desses ensaios será observado, ainda, o quanto a mais de água será necessária
para que os concretos com diferentes teores de material pulverulento atinjam a mesma
trabalhabilidade.
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1.1 Concreto

É o material de construção civil estrutural mais utilizado no mundo, denomina-se


concreto a mistura homogênea de cimento, água e agregados, sendo os agregados miúdos
(areias) e graúdos (britas), podendo ou não conter aditivos e/ou adições, variando suas
proporções de acordo com a necessidade.
No seu estado fresco o concreto deve apresentar plasticidade suficiente para as
operações de manuseio transporte e lançamento em fôrmas, consistência plástica, podendo ser
moldado na forma ou dimensão desejada. No seu estado endurecido, apresenta características
próprias como, baixa resistência à tração, boa resistência à compressão, comportamento frágil,
isto é, rompe com pequenas deformações e sofre menor deterioração quando exposto à água
comparado ao aço e a madeira.
Dentre os tipos de concreto existentes podemos citar: Concreto convencional, auto
adensável, com alta resistência inicial, dosado em central, virado na obra, pré-moldado,
protendido e vários outros.
Aplicações do concreto: Edifícios, rodovias, galpões, pontes entre outras estruturas
diversas.

1.2 Elementos constituintes

1.2.1 Agregados

Os agregados são materiais granulares sem forma e volume definidos, geralmente


inertes e com dimensões e propriedades adequadas para o uso na construção civil
(PETRUCCI, 1982).
Os agregados devem ser compostos por grãos de minerais duros, compactos, estáveis,
duráveis e limpos, e não devem conter substâncias de natureza e em quantidade que possam
afetar o endurecimento do cimento, a proteção da armadura contra a corrosão, a durabilidade
e, quando requerido, o aspecto visual externo do concreto. (NBR 7211:2009).
As propriedades do agregado afetam as características de dosagem e o comportamento
do concreto nos estados fresco e endurecido, portanto, certas características dos agregados
devem ser muito bem conhecidas como a massa específica, composição granulométrica e teor
de umidade. (MEHTA; MONTEIRO, 2008, p. 273).
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No concreto, o agregado aumenta o volume da mistura, reduzindo o seu custo, além de


contribuir para a estabilidade volumétrica. Dividem-se em dois grupos, dependendo das
dimensões e características, sendo eles, agregados miúdos e agregados graúdos.

1.2.2 Agregado miúdo

Agregados cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm (NBR
7211:2009).

1.2.3 Agregado graúdo

Agregados cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam
retidos na peneira com abertura de malha de 4,75 mm (NBR 7211:2009).

1.2.4 Agregado natural

Encontrados na natureza já preparados para o uso sem outro beneficiamento que não seja
a lavagem. (CECHELLA, 2011, p. 237).

1.2.5 Agregado britado

Submetido a processo de cominuação, geralmente por britagem, para que possam


adequar-se ao uso como agregados para concreto, como pedra britada, como pedrisco, como
pedregulho britado, dentre outros. (CECHELLA, 2011, p. 237).

1.2.6 Agregado artificial

Derivado de processos industriais, como argila expandida e peletizada, o folhelho


expandido por tratamento térmico e vermiculita expandida. (CECHELLA, 2011, p. 237).
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1.2.7 Agregado reciclado

Pode ser resíduos industriais granulares que tenham propriedades adequadas ao uso
como agregado ou proveniente do beneficiamento de entulho de construção ou demolição
selecionado para esta aplicação. (CECHELLA, 2011, p. 237).

1.2.8 Materiais pulverulentos

Por definição, materiais pulverulentos são partículas com dimensão inferior a


0,075mm, inclusive os materiais solúveis em água, presentes nos agregados (NBR NM
46:2003).
Esses materiais pétreos minerais ou terras finamente moídas que adicionados ao
concreto, durante o seu preparo, podem modificar suas características físicas e mecânicas.
Esses materiais podem ser: inertes, cimentantes, pozolantes ou agentes de cristalização. Os
efeitos da aplicação de materiais classificáveis entre os tipos supramencionados variam com
sua natureza característica, bem como, com o proporcionamento e ainda, em relação ao
concreto que está sendo adicionado (BAUER, 2011, p. 178).
A presença desse material é limitada pela norma NBR 7211:2009, no agregado miúdo
em 3%, em massa do agregado, para concreto submetido a desgaste superficial, e 5% em
concretos protegidos do desgaste superficial. No agregado graúdo, o limite é de 1%, porém,
quando se tratar de finos originados pela britagem de rocha com absorção de água inferior a
1%, este limite passa para 2%.

1.2.9 Cimento

Um aglomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer Portland ao qual se


adiciona, durante a operação a quantidade necessária de sulfato de cálcio, definição dada pela
norma NBR 5732:1991.
Alterando-se a composição do cimento é possível obter diversos tipos, com diferentes
características variando quanto ao calor de hidratação, tempo de pega, resistência a sulfato,
resistência mecânica, etc.
Os principais tipos de cimento são:
a) Cimento Portland Comum (CP I);
 CP I - Cimento Portland Comum;
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 CP I-S - Cimento Portland comum com adição;


b) Cimento Portland Composto (CP II);
 CP II-E - Cimento Portland Composto com Escória;
 CP II-Z - Cimento Portland Composto com Pozolana;
 CP II-F - Cimento Portland Composto com Fíler;
c) Cimento Portland de Alto-Forno (CP III);
d) Cimento Portland Pozolânico (CP IV);
e) Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI);
f) Cimento Portland Resistente a sulfatos (RS);
g) Cimento Portland de Baixo Calor de hidratação (BC);
h) Cimento Portland Branco (CPB).

1.2.10 Água

A água é essencial para a mistura homogênea do concreto e tem basicamente as


funções de provocar a reação de hidratação dos compostos do cimento e aumentar a
trabalhabilidade do concreto para que possa preencher adequadamente as fôrmas, deve ser, de
preferência, potável, não devendo conter resíduos industriais ou substâncias orgânicas.
Entretanto, a adição de água diminui a resistência da mistura, sendo necessário uma dosagem
adequada entre as quantidades, de água e cimento, visto que esse conjunto forma uma pasta,
que preenche a maior parte dos vazios entre os agregados.

1.2.11 Aditivo

Para se alcançar propriedades específicas do concreto, utilizam-se aditivos em suas


composições para diferentes fins. Eles atuam no aprimoramento de certas características ou
modificando suas propriedades básicas, sempre buscando o melhoramento do concreto, como,
por exemplo, compacidade, durabilidade, resistência, fluidez, permeabilidade,
trabalhabilidade, retração, entre outros, adequando-o às exigências da obra e do projeto.
Os principais aditivos são: plastificantes, retardadores de pega, aceleradores de pega,
incorporadores de ar, superplastificantes.
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1.3 Trabalhabilidade

Bauer (2011, p. 270) afirma que, quando os concretos no estado fresco apresentam
características adequadas ao tipo de obra a que se destinam e aos métodos de lançamento, de
adensamento e de acabamento, diz-se que eles são trabalháveis.
O componente físico mais importante da trabalhabilidade é a consistência, termo que,
aplicado ao concreto, traduz propriedades intrínsecas da mistura fresca relacionadas com a
mobilidade da massa e a coesão entre os elementos componentes, tendo em vista a
uniformidade, compacidade e o bom rendimento da execução.
Os fatores que afetam a consistência é a granulometria dos agregados. Se houver uma
redução na superfície específica do agregado, o concreto tornar-se-á mais plástico; em caso
contrário, menos plástico.
O principal fator que influi na consistência é o teor de água na mistura, e outros como
aditivos, tempo e temperatura. Os métodos para a avaliação e medição da trabalhabilidade do
concreto podem-se incluir nos seguintes tipos:
a) ensaios de abatimento;
b) ensaios de penetração;
c) ensaios de escorregamento;
d) ensaios de compactação;
e) ensaios de remoldagem.

1.4 Resistência à compressão

A resistência mecânica do concreto é o parâmetro mais empregado para se avaliar a


qualidade do material e pode ser definida como a capacidade do material de suportar as cargas
aplicadas sobre ele, sem que o mesmo entre em ruína (CECHELLA, 2011, p. 615).
Mehta e Monteiro (2008, p. 14) explicam que, o concreto pode ser dividido em três
categorias gerais com base na resistência à compressão:
a) Concreto de baixa resistência: menos de 20 MPa;
b) Concreto de resistência moderada: de 20 MPa a 40 MPa;
c) Concreto de alta resistência: mais de 40 MPa.
Concretos de baixa resistência, normalmente, são mais utilizados em obras
provisórias. Concretos de resistência moderada são usados para a maioria das obras estruturais
e concretos de alta resistência são empregados em casos excepcionais.
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Para a determinação da resistência à compressão do concreto utiliza-se os


procedimentos de moldagem dos corpos de prova, segundo a NBR 5738:2015, e o ensaio
especificado pela norma NBR 5739:2007.

1.5 Superfície específica

Como refere Bauer (2011, p. 98), superfície específica é a soma das áreas das
superfícies de todos os grãos contidos na massa unitária do agregado. Quanto menores forem
os grãos necessários para determinada massa de agregado, tanto maiores serão a quantidade e
a superfície específica deles.
Por suas características, a superfície específica tem aplicação quase que somente em
materiais de grande finura. O módulo de finura e a superfície específica do agregado miúdo
influem na definição da quantidade de água e, portanto, na da quantidade de cimento: Quanto
menor o módulo de finura, ou quanto maior a superfície específica, tanto mais água será
necessária e, portanto, mais cimento para manter o fator água/cimento preestabelecido.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Materiais e Equipamentos

Para a apresentação da metodologia utilizada no presente trabalho, utilizaram-se os


seguintes materiais e equipamentos:
 Cimento Portland CP-V ARI;
 Areia artificial e areia rosa;
 Brita 0 e brita 1;
 Aditivo polifuncional (Ação combinada de aditivos plastificante e retardador);
 Fíler calcário;
 Betoneira;
 Fôrmas Cilíndricas 10x20 cm;
 Aparelho para Ensaio de Slump Test
 Máquina de determinação de resistência à compressão (Prensa FORNEY).
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2.2 Métodos

Os experimentos foram realizados no laboratório de materiais de construção civil da


concreteira Concretecno, localizada na cidade de Ceilândia-DF, com o objetivo de observar o
comportamento do concreto no estado fresco e endurecido, alterando sua dosagem, com a
adição proporcional e progressiva de material pulverulento, fíler calcário, na composição da
areia artificial.
Para a realização dos ensaios o material pulverulento foi dosado em 5%, 10%, 15% e
20% em relação à quantidade de areia artificial, comparados com um traço padrão com 0% de
material pulverulento.
Segue a identificação dos traços realizados na Tabela 1.

Tabela 1 - Traços
Areia Areia
Cimento Brita 0 Brita 1 Aditivo Fíler Fíler
Traço artificial lavada Água (L)
(Kg) (Kg) (Kg) (Kg) (Kg) (% )
(Kg) (Kg)
1 9,6 12,97 12,97 5,7 22,79 6,26 0,77 0,00 0%
2 9,6 12,32 12,97 5,7 22,79 6,61 0,77 0,65 5%
3 9,6 11,7 12,97 5,7 22,79 6,76 0,77 1,30 10%
4 9,6 11,12 12,97 5,7 22,79 6,96 0,77 1,95 15%
5 9,6 10,56 12,97 5,7 22,79 7,16 0,77 2,60 20%
Fonte: Os autores, 2015.

Estabeleceu-se um traço padrão onde não houve adição de fíler (traço 1) e, a partir
dele, calculou-se os traços subsequentes, adicionando-se fíler à areia artificial e corrigindo o
consumo de água de acordo com o necessário para obtenção do slump exigido.
Foram realizadas 5 dosagens, sendo moldados 15 corpos-de-prova por traço, seguindo
as orientações da ABNT NBR 5739:2007. O concreto foi dosado objetivando atingir uma
resistência de 25,0 MPa e todos os procedimentos de mistura e moldagem foram mantidos
constantes para a realização de todos os traços.

2.2.1 Eliminação do material pulverulento

Utilizando uma areia artificial de calcário, coletada no pátio da Central Dosadora, foi
realizada uma lavagem para eliminação do seu material pulverulento utilizando-se das
peneiras nº 200 e nº 18 até que a água de lavagem se tornasse límpida e todo material passante
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na peneira nº 200 fosse removido (Figura 1), objetivando conseguir uma areia artificial isenta
de material pulverulento.

Figura 1 - Lavagem da areia para retirada de material pulverulento


Fonte: Os autores, 2015.

A Figura 2 apresenta uma comparação da água de lavagem com o material


pulverulento em suspensão comparado à água límpida.

Figura 2 - Comparação da água de lavagem inicial em relação à água límpida


final
Fonte: Os autores, 2015.
11

2.2.2 Preparo da mistura

Após a definição do traço, iniciou-se o processo de separação dos componentes


necessários para a confecção, sendo esses pesados e medidos em massa. Para a etapa de
mistura dos materiais envolvidos, utilizou-se uma betoneira, com capacidade para 120 litros.
Primeiramente, colocou-se os materiais granulares, britas (0 e 1), areias (rosa e
artificial), cimento e material pulverulento, este último quando necessário, dentro da betoneira
para a mistura e adicionou-se água para a obtenção da homogeneização dos materiais.
Manteve-se a mistura até os componentes do concreto adquirissem a aparência de uma massa
homogênea.
A relação água / cimento partiu de 0,6 e variou até que se atingisse um abatimento de
100 mm +- 20 mm, em cada traço.

2.2.3 Determinação da consistência

Para a determinação do índice de consistência realizaram-se os ensaios de abatimento


do tronco de cone, seguindo os procedimentos prescritos pela NBR NM 67:1998.
O ensaio consiste em encher o molde com concreto em três camadas, cada uma com
aproximadamente 1/3 da altura do molde, compactar cada camada com vinte e cinco golpes
da haste de socamento, distribuindo uniformemente os golpes sobre a seção de cada camada,
retirar o molde de concreto levantando-o cuidadosamente na direção vertical e, por fim, medir
o abatimento do concreto, determinando a diferença entre a altura do molde e a altura do eixo
do corpo de prova. Como representado na Figura 3.

Figura 3 - Esquema do ensaio de consistência


Fonte: Dantas, 2012.
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2.2.4 Moldagem dos corpos-de-prova

Para a moldagem dos corpos-de-prova utilizou-se moldes cilíndricos com dimensões


de 10 cm x 20 cm, onde se introduziu o concreto em duas camadas de volume
aproximadamente iguais, e adensadas cada camada de forma manual utilizando a haste,
penetrando no concreto com seu extremo em forma semiesférica doze vezes em cada camada.
A última camada foi moldada com quantidade de concreto em excesso, de forma que, ao ser
adensado, completou-se todo o volume do molde sendo possível proceder seu rasamento e
eliminando o material em excesso, conforme recomenda a ABNT NBR 5738:2015.

2.2.5 Cura úmida

Aproximadamente 24 horas após a moldagem os corpos-de-prova foram desmoldados,


identificados e submersos em água para, assim, serem curados. Como mostra a Figura 4.

Figura 4 - Cura dos corpos-de-prova


Fonte: Os autores, 2015.

2.2.6 Determinação da resistência à compressão

2.2.6.1 Preparo da base do corpo de prova

Antes do ensaio de resistência à compressão, foi feito o preparo da base de cada corpo-
de-prova, de modo que sua superfície ficasse plana e perpendicular ao eixo longitudinal. Essa
preparação consistiu na remoção, por meios mecânicos (Figura 5), de uma fina camada de
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material das bases que foram preparadas, propiciando assim uma superfície lisa e livre de
ondulações e abaulamentos, de acordo com a norma NBR 5738:2015.

Figura 5 - Retificação dos corpos-de-prova


Fonte: Os autores, 2015.

2.2.6.2 Ensaio de resistência à compressão

Anteriormente ao ensaio para determinação da resistência à compressão simples,


houve a conferência dos pratos da prensa e das faces dos corpos-de-prova. Utilizou-se a
prensa FORNEY (Figura 6), com capacidade de carga de 1000 KN.
Logo após, os corpos-de-prova foram cuidadosamente acoplados, sendo centralizados
no prato inferior, empregando-se com neopreme na face superior a fim de regularizar a
superfície.
Assim efetivou-se o ensaio, com o carregamento aplicado continuamente e sem
choques, a velocidade foi mantida constante durante todo o ensaio, realizado em
conformidade com as NBR 5738:2015 e NBR 5739:2007, até a ocorrência de uma queda de
força indicativa de ruptura. Anotando os valores da carga adotada para o rompimento.
14

Figura 6 - Prensa
Fonte: Os autores, 2015.

Foram moldados 15 corpos de prova para cada traço, 3 para cada idade, sendo
rompidos nas idades de 1 dia, 4 dias, 7 dias, 28 dias e 42 dias.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segue a apresentação dos resultados com a aplicação da metodologia descrita acima.

3.1 Determinação da consistência do concreto no estado fresco

Visto que o material pulverulento em excesso aumenta o consumo de água no concreto


devido a maior superfície de contato dos agregados, a Tabela 2 mostra a variação da relação
água/cimento em função do teor de fíler de cada traço, mantendo o slump exigido.

Tabela 2 - Variação dos traços experimentais


Teor de Consumo de Slump
Traço
Fíler Cimento (Kg) Água Adicional (mm) Relação a/c
(%) (L) 100±2
1 0% 9,6 0.50 120 0,65
2 5% 9,6 0.85 120 0,69
3 10% 9,6 1,00 120 0,70
4 15% 9,6 1,20 120 0,73
5 20% 9,6 1,40 120 0,75
Fonte: Os autores, 2015.
15

No Gráfico 1, é possível observar a variação da relação a/c em função do teor


de fíler.

0,76
0,75
0,74
Relação água / cimento

0,73
0,72

0,70 0,70
0,69
0,68

0,66
0,65
0,64
0% 5% 10% 15% 20% 25%

Material pulverulento (%)

Gráfico 1 - Relação água/cimento x material pulverulento


Fonte: Os autores, 2015.

Constatou-se que, à medida que houve a variação no teor de fíler na mistura,


aumentava-se a quantidade de água para manter o índice de consistência definido, slump test,
devido ao aumento da superfície específica dos grãos.
Durante a realização do ensaio, observou-se, mediante análise visual que, com o
aumento do teor de material pulverulento as misturas se mostravam mais homogêneas e
coesas, devido à alta superfície específica.

3.2 Avaliação da resistência do concreto

A avaliação foi realizada através do ensaio de resistência à compressão, conforme a


NBR 5738 (ABNT, 2015), em seguida, utilizou-se a Equação 2, para a determinação da
resistência em MPa.

(MPa) (2)

Onde:
é a resistência a compressão em megapascais (MPa);
F é força máxima alcançada em newtons (N);
D é o diâmetro do corpo de prova, expressa em milímetros (mm);
A Tabela 3 apresenta a totalidade dos dados obtidos através do ensaio de resistência à
compressão, em todas as idades que foram moldados.
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Tabela 3 - Variação dos traços experimentais


Resistência à Resistência à Resistência à Resistência à Resistência à
Teor de
Compressão Compressão Compressão Compressão Compressão
fíler
1 dia (MPa) 4 dias (MPa) 7 dias (MPa) 28 dias (MPa) 42 dias (MPa)
11,8 34,9 40,2 43,5 43,8
0% 11,5 37,1 40,6 42,5 43,4
12,2 36,2 39,4 43,1 44,5
11,4 36,4 39,3 42,8 43,1
5% 11,9 36,2 38,4 42,9 41,7
11,5 35,6 39 42,1 42,3
11,4 32,4 38 41,5 40,9
10% 10,6 33,9 36,3 42,2 43
10,7 33,1 36,6 42 42,3
9,8 30,1 35 39,5 40,7
15% 9,1 31,5 34,3 39,2 41,4
10,1 30,7 35,6 39,9 41,4
9,4 29,3 32,9 37,9 39,1
20% 8,3 28,8 33,5 38,6 37,6
9,5 30 32,8 38,3 39,3
Fonte: Os autores, 2015.

Na Tabela 4 apresenta-se os resultados dos ensaios de resistência à compressão do


concreto, considerando-se as médias obtidas do rompimento das três amostras moldadas para
cada idade.

Tabela 4 - Variação dos traços experimentais


Teor Resistência Resistência Resistência Resistência Resistência
de Compressão 1 Compressão 4 Compressão 7 Compressão Compressão
fíler dia (MPa) dias (MPa) dias (MPa) 28 dias (MPa) 42 dias (MPa)
0% 11,83 36,07 40,07 43,03 43,90
5% 11,60 36,07 38,90 42,60 42,37
10% 10,90 33,13 36,97 41,90 42,07
15% 9,67 30,77 34,97 39,53 41,17
20% 9,07 29,37 33,07 38,27 38,67
Fonte: Os autores, 2015.

Observou-se nas Tabelas 3 e 4 a diminuição da resistência à compressão com o


aumento da quantidade de material fino presente na dosagem do concreto.
Para melhor compreensão dos dados apresentados nas Tabela, apresenta-se a seguir o
Gráfico 2, que mostra o comportamento das curvas das médias de resistência à compressão do
concreto em função do teor de material pulverulento.
17

45,00

Resistência à compressão (MPa)


40,00
Teor de
35,00
Fíler
30,00 0%
25,00 5%
20,00 10%
15,00 15%
10,00
20%
5,00
0,00
1 Dia 4 Dias 7 Dias 28 Dias 42 Dias

Idade de Rompimento

Gráfico 2 - Variação da resistência em função do teor de fíler


Fonte: Os autores, 2015.

Conforme a Tabela 5 verifica-se uma variação significativa nos resultados


influenciados pelo teor de material pulverulento. Considerando a idade de 28 dias, o concreto
com 5% de material pulverulento, quantidade máxima permitida pela norma, apresentou uma
queda de 1,0% na resistência à compressão em relação ao concreto com 0% de material
pulverulento, variação pouco significativa.
No entanto, o concreto com 10% de material pulverulento apresentou uma queda de
2,6% em relação ao concreto com 0% de material pulverulento. O concreto com 15%
apresentou uma queda de 8,1%. E, por fim, o concreto com 20% de material pulverulento
apresentou uma queda, na resistência, de 11,1%.

Tabela 5 - Variação da resistência em relação ao traço padrão


Resistência aos 28 dias
Teor de fíler Resistência Média Variação

0% 43,03 0,0%

5% 42,60 1,0%

10% 41,90 2,6%

15% 39,53 8,1%

20% 38,27 11,1%


Fonte: Os autores, 2015.
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4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A pesquisa realizada mostrou-se satisfatória em relação aos seus objetivos alcançando


os resultados esperados.
Diante dos resultados obtidos verificou-se que o teor elevado de material pulverulento
em agregados influencia diretamente nas propriedades do concreto, principalmente, no que se
refere à relação a/c e consequentemente a resistência à compressão.
Entretanto, verificou-se que o traço executado com teor máximo permitido pela
norma, isto é 5%, não apresentou variações significativas em relação ao traço sem material
pulverulento, fato que confirma a eficácia da norma em vigor.
No que se refere à relação água / cimento, constatou-se que, à medida que se
aumentava a quantidade de finos na mistura, aumentava-se o teor de água para manter o
índice de consistência definido. Esse aumento está atribuído à teoria inicial de que a relação
água / cimento é diretamente proporcional à superfície específica dos grãos.
Ao analisar os resultados de resistência à compressão, constatou-se uma significativa e
progressiva redução de desempenho nos concretos que tiveram, na sua composição, parte de
seu agregado miúdo substituído por material pulverulento quando comparados ao traço
padrão. Fato que pode ser explicado pelo aumento do teor de água e diminuição do teor de
cimento na mistura.
Portanto, a presença de materiais pulverulentos, em grande quantidade, altera a
distribuição granulométrica que, por conseguinte, eleva a absorção de água o que altera a
trabalhabilidade e resistência do concreto.
Recomenda-se, como sugestões de trabalhos futuros, a análise da influência do
material pulverulento nas propriedades de concretos auto adensáveis variando o teor de finos
tanto na areia artificial quanto na lavada.
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THE INFLUENCE OF POWDERY MATERIAL FROM ARTIFICIAL SANDS AT


MANUFACTURING CONCRETE

ABSTRACT

It was thought in concrete technology that the aggregate just had character to fill the
mixture, just an inert granular material designed to reduce the final cost of concrete
production. Despite the aggregates do not get into chemical reactions with water, some factors
can influence directly in properties of concrete, such as material powdery present in
aggregates. This study aims to analyze, through laboratory tests experimental, the influence of
materials powdery on the properties of concrete Portland cement. Was executed five concrete
dosing, with the proportional and progressive addition of materials powdery in the
composition of artificial sand. It was determined consistency indexes, water-to-cement w/c
and conducted compressive strength tests in order to evaluate the possible influences on the
quality of concrete.

Keywords: Aggregates. Powdery material. Compression resistance. Workability.


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REFERÊNCIAS

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______. NBR 5738: Concreto – Procedimento para moldagem e cura de copos-de-prova. Rio
de Janeiro: ABNT, 2015.
______. NBR 5739: Concreto – Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2007.

______. NBR 7211: Agregados para concreto – Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.

______. NBR 7215: Cimento Portland – Determinação da resistência á compressão. Rio de


Janeiro: ABNT, 1997.

______. NBR NM 46: Agregados – Determinação do material fino que passa através da
peneira 75 um, por lavagem. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

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BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. Rio Grande do Sul: LTC, 1982, v. 1.

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test-3/>. Acesso em: 31 mai. 2015.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrurura, propriedades e materiais.


São Paulo: Nicole Pagan Hasparyk, 2008.

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