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Leonardo Duarte de Albuquerque

SISTEMA DE CONEXÃO E SUPERVISÃO DE


PAINÉIS SOLARES EM MICROGRID DE
CORRENTE CONTÍNUA

Natal - RN
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENERGIA ELÉTRICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

SISTEMA DE CONEXÃO E SUPERVISÃO DE PAINÉIS


SOLARES EM MICROGRID DE CORRENTE CONTÍNUA

LEONARDO DUARTE DE ALBUQUERQUE

Orientador: Prof. Dr. José Alberto Nicolau de Oliveira

Natal - RN
2017
Leonardo Duarte de Albuquerque

SISTEMA DE CONEXÃO E SUPERVISÃO DE PAINÉIS


SOLARES EM MICROGRID DE CORRENTE
CONTÍNUA

Trabalho de Conclusão de curso de Mestrado


apresentado ao Programa de Pós-Graduação
em Energia Elétrica da Universidade Fede-
ral do Rio Grande do Norte, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre
em Energia Elétrica.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte


Centro de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Energia Elétrica

Orientador: Prof. Dr. José Alberto Nicolau de Oliveira

Natal - RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Albuquerque, Leonardo Duarte de.
Sistema de Conexão e Supervisão de Painéis Solares em Microgrid de
Corrente Contínua / Leonardo Duarte de Albuquerque. - Natal, 2017.
89 f. : il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Energia
Elétrica.
Orientador: Prof. Dr. José Alberto Nicolau de Oliveira.

1. Sistemas fotovoltaicos - Dissertação. 2. Microgrid - Dissertação. 3.


Método incremental de rastreamento de ponto máximo de potência
(MPPT) - Dissertação. 4. Energias renováveis - Dissertação. 5. Energia
solar - Dissertação. I. Oliveira, José Alberto Nicolau de. II. Título.

RN/UFRN/BCZM CDU 620.91


Leonardo Duarte de Albuquerque

SISTEMA DE CONEXÃO E SUPERVISÃO DE PAINÉIS


SOLARES EM MICROGRID DE CORRENTE
CONTÍNUA

Trabalho de Conclusão de curso de Mestrado


apresentado ao Programa de Pós-Graduação
em Energia Elétrica da Universidade Fede-
ral do Rio Grande do Norte, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre
em Energia Elétrica.

Trabalho aprovado. Natal - RN, 23 de junho de 2017:

Prof. Dr. José Alberto Nicolau de


Oliveira
Orientador

Prof. Dr. Ricardo Ferreira Pinheiro


(UFRN)
Convidado 1

Prof. Dr. Paulo Vitor Silva (IFRN)


Convidado 2

Natal - RN
2017
Agradecimentos

Ao professor Dr. José Alberto Nicolau de Oliveira, por sua orientação, paciência,
comprometimento e confiança.
Ao professor MSc. Rodrigo Lopes Barreto, pela colaboração significativa em es-
pecial nas prerrogativas temáticas basilares do trabalho, além da cooperação técnica e
profissional em todo o processo.
Ao professor MSc. Felipe Fernandes Cavalcante, pela contribuição em particular
com a formatação desta dissertação além de se fazer presente durante todo período de
finalização do trabalho.
A todos os amigos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte campus Santa Cruz (IFRN/SC), pela assistência durante esta emprei-
tada, em especial durante a finalização deste trabalho.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ao Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) por toda a estrutura
disponibilizada, custeio da apresentação do artigo em congresso internacional e registro
de software alcançado neste projeto.
Aos demais amigos, colegas, família e namorada que contribuíram de forma direta
ou indireta para a conclusão deste trabalho, meu muito obrigado.
Resumo
A escassez dos recursos naturais e a busca por fontes de energia alternativa
promovem uma rápida mudança na matriz energética mundial. Dentre as fontes de
energia renováveis a energia solar é a mais promissora, visto que ela apresenta a
maior taxa de crescimento na atualidade. Pesquisadores de todo o mundo têm bus-
cado formas de viabilização do seu progresso, desenvolvendo tecnologias com maior
eficiência e menor custo. Como forma de contribuir para o avanço desta tecnologia,
neste trabalho propõe-se o desenvolvimento de uma microgrid em corrente contínua
interligando os painéis fotovoltaicos através de um dispositivo com estratégia de
rastreamento elaborada a partir do método perturbação e observação, que atuará
junto a um circuito eletrônico de potência e um sistema de comunicação sem fio para
acompanhamento da geração individual. Simulações foram desenvolvidas para a es-
colha da topologia de ligação e comparação entre o método de controle proposto e o
tradicional, atribuindo-se diferentes níveis de entrada e constatando-se graficamente
as respostas de saída. Com o projeto e desenvolvimento dos circuitos, firmware e
placa de circuito impresso do dispositivo proposto, pôde-se efetuar experimentos
para constatar sua capacidade de conversão de energia e verificar as respostas dos
métodos de controle supracitados, colocando-o como uma possível opção viável e
somando uma pequena contribuição às tecnologias embarcadas na área de energias
renováveis.

Palavras-chaves: Sistema Fotovoltaico, Microgrid CC, MPPT, MIRPMP.


Abstract
The scarcity of natural resources and the search for alternative energy
sources promote a rapid change in the global energy matrix. Among the renew-
able energy sources solar energy is the most promising, since it has the highest
growth rate at present. Researchers around the world have sought ways of enabling
their progress, developing technologies with greater efficiency and lower cost. As
a contribution to the advancement of this technology, this document proposes the
development of a microgrid in continuos current connecting the photovoltaic panels
through a device with tracking strategy developed based on the method pertur-
bation and observation that will advise the electronic circuit power and a wireless
communication system for monitoring of individual generation. Simulations have
been developed for to choice of connection topology and comparison between the
proposed and traditional control method, assigning different input levels and graph-
ically checking the output responses. With the design and development of the cir-
cuits, firmware and printed circuit board of the proposed device, it was possible
to carry out experiments to verify its capacity of energy conversion and to verify
responses of control methods mentioned above, placing it as an viable option and
adding a small contribution to technologies of embedded system in the of renewable
energy field.

Key-words: Photovoltaic System, Microgrid DC, MPPT, MIRPMP.


Lista de ilustrações

Figura 1 – Gráfico da perspectiva do custo de implementação de sistemas fotovol-


taicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 2 – Ilustração da conexão de um sistema com dispositivo inversor específico
para uso com painéis fotovoltaicos e ligação em strings. . . . . . . . . . 20
Figura 3 – Ilustração da conexão de um sistema com uso do dispositivo proposto
ligado em microgrid. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 4 – Ilustração do uso do dispositivo proposto em um sistema com diferentes
tipos de geradores na mesma microgrid. . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Figura 5 – Ilustração de uma junção PN operando como célula fotovoltaica. . . . . 23


Figura 6 – Ilustração da fotogeração em faixas de frequência no espectro eletro-
magnético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 7 – Comparação entre célula, módulo e painel/arranjo fotovoltaico. . . . . 24
Figura 8 – Gráficos do comportamento das curvas I-V do módulo fotovoltaico
KC200GT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 9 – Circuito elétrico equivalente simplificado para células fotovoltaicas (MAR-
TINS; COELHO; SANTOS, 2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 10 – Circuito elétrico equivalente para células fotovoltaicas com perdas (MAR-
TINS; COELHO; SANTOS, 2011). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Figura 11 – Curva característica de potência de um painel fotovoltaico. . . . . . . . 31


Figura 12 – Fluxograma simplificado do algoritmo P&O. . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 13 – Fluxograma simplificado do algoritmo MIRPMP. . . . . . . . . . . . . 34

Figura 14 – Imagem ilustrativa da interface do software PSIM (INC., 2006). . . . . 35


Figura 15 – Figura ilustrativa da associação de painéis e gráficos associados. . . . . 37
Figura 16 – Imagem ilustrativa da ligação de strings em paralelo no inversor. . . . . 37
Figura 17 – Ilustração da aplicação do sistema proposto utilizando a associação em
série. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 18 – Diagrama esquemático do sistema proposto em série e sem perdas no
software PSIM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 19 – Ilustração da aplicação do sistema proposto utilizando a associação em
paralelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 20 – Diagrama esquemático do sistema proposto em paralelo e sem perdas
no software PSIM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 21 – Gráficos do comportamento da potência (W) no tempo (s) da saída dos
esquemas de ligação sem perdas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 22 – Diagrama esquemático do sistema proposto em série e com perdas no
software PSIM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 23 – Diagrama esquemático do sistema proposto em paralelo e com perdas
no software PSIM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 24 – Gráficos do comportamento da potência (W) no tempo (s) da saída dos
esquemas de ligação com perdas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 25 – Diagrama esquemático do sistema simplificado simulado no PSIM. . . . 45
Figura 26 – Configuração das características do painel solar no PSIM. . . . . . . . 46
Figura 27 – Diagrama esquemático do sistema completo simulado utilizando o soft-
ware PSIM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 28 – Gráficos ilustrando os formatos dos sinais de entrada utilizados na si-
mulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 29 – Gráficos dos comportamentos das potências de saída obtidos no PSIM
com entrada em degraus de irradiância e temperatura fixa. a) MIRPMP;
b) P&O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 30 – Gráficos dos comportamentos das potências de saída obtidos no PSIM
com entrada senoidal de irradiância e temperatura fixa. a) MIRPMP;
b) P&O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 31 – Gráficos dos comportamentos das potências de saída obtidos no PSIM
com entrada senoidal de temperatura e irradiância fixa. a) MIRPMP;
b) P&O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 32 – Gráficos dos comportamentos das potências de saída obtidos no PSIM
com irradiância e temperatura variando senoidalmente. a) MIRPMP;
b) P&O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Figura 33 – Ilustração do diagrama funcional do conversor Boost. . . . . . . . . . . 53


Figura 34 – Diagrama esquemático do conversor básico utilizando o software EAGLE. 54
Figura 35 – Foto dos testes do circuito conversor de potência realizados em bancada. 54
Figura 36 – Diagrama esquemático do conversor final utilizando o software EAGLE. 55
Figura 37 – Formas de onda da tensão modulada na saída do mosfet de potência
em diferentes ciclos de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 38 – Diagrama esquemático do circuito medidor de corrente no software EA-
GLE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 39 – Foto ilustrativa do módulo ACS712 utilizado nos testes realizados em
laboratório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 40 – Diagrama em blocos do microcontrolador ATmega328 (ATMEL COR-
PORATION, 2016). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 41 – Diagrama esquemático do circuito controlador no EAGLE. . . . . . . . 59
Figura 42 – Diagrama em blocos do ESP8266EX (ESPRESSIF SYSTEMS, 2015). . 60
Figura 43 – Foto do módulo ESP8266-01 acoplado ao seu circuito programador. . . 61
Figura 44 – Diagrama esquemático do circuito acoplador do módulo ESP8266-01
no EAGLE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 45 – Layout desenvolvido no aplicativo Blynk - versão para iOS. . . . . . . . 62

Figura 46 – Diagrama esquemático do circuito completo no software EAGLE. . . . 63


Figura 47 – Foto ilustrativa do circuito completo montado em protoboard. . . . . . 64
Figura 48 – Gráficos ilustrativos da potência em função da variação do duty cycle
do módulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 49 – Layout da placa de circuito impresso no EAGLE - camada inferior e
superior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 50 – Foto da placa de circuito impresso usinada - camada inferior e superior. 67
Figura 51 – Placa de circuito impresso com indicação dos componentes mais rele-
vantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 52 – Foto ilustrativa do módulo CIPF/MIRPMP/WiFi finalizado. . . . . . . 69
Figura 53 – Carga e fonte utilizados nos experimentos práticos do CIPF. . . . . . . 70
Figura 54 – Conjunto dos principais componentes utilizados nos testes práticos do
CIPF/MIRPMP/WiFi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Figura 55 – Gráficos ilustrativos da potência anterior e atual na saída do painel
fotovoltaico utilizando o método P&O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 56 – Gráficos ilustrativos da potência anterior e atual na saída do painel
fotovoltaico utilizando o método MIRPMP. . . . . . . . . . . . . . . . 72

Figura 57 – Figura ilustrativa dos algoritmos utilizados no microcontrolador AT-


mega328. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 58 – Figura ilustrativa do algoritmo utilizado no microcontrolador ATmega328
para variação do duty cycle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 59 – Figura ilustrativa dos algoritmos utilizados no microcontrolador ESP8266. 81
Lista de tabelas

Tabela 1 – Eficiência e custo de diferentes tecnologias de células fotovoltaicas. . . 24


Tabela 2 – Custo de painéis fotovoltaicos populares encontrados no mercado. . . . 25
Tabela 3 – Especificações básicas do módulo fotovoltaico KC200GT. . . . . . . . . 26

Tabela 4 – Comportamento do algoritmo P&O em detrimento da variação de po-


tência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Tabela 5 – Resultados obtidos na comparação dos métodos P&O e MIRPMP. . . . 51

Tabela 6 – Características básicas do circuito integrado ACS712. . . . . . . . . . . 56


Tabela 7 – Especificações básicas do ESP8266. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Tabela 8 – Resumo dos testes preliminares realizados em protoboard. . . . . . . . . 65


Tabela 9 – Especificações básicas do módulo fotovoltaico YGE 95. . . . . . . . . . 69

Tabela 10 – Pesquisa de preço de inverosres encontrados no mercado . . . . . . . . 82


Tabela 11 – Custo dos principais componentes do protótipo . . . . . . . . . . . . . 83
Lista de abreviaturas e siglas

AC Alternating Current

AM Air Mass

ASCII American Standard Code for Information Interchange

BALUN Balanced-unbalanced lines transformer

CC Corrente Contínua

CI Circuito Integrado

CIPF Conversor Independente para Painel Fotovoltaico

D Duty cycle

DC Direct Current

DSP Digital Signal Processor

EAGLE Easily Applicable Graphical Layout Editor

EMI Electromagnetic Interference

ESL Electronic System-Level

FFT Fast Fourier Transform

GND Ground

GPIOs General Purpose Input/Output

I2C/UART Inter-Integrated Circuit/Universal Asynchronous Receiver Transmitter

IEA International Energy Agency

I/O Input/Output

I-V Corrente-Tensão

MIRPMP Método Incremental de Rastreamento de Ponto de Máxima Potência

MPP Maximum Power Point

MPPT Maximum Power Point Tracking


PCI Placa de Circuito Impresso

PSIM PowerSim

PWM Pulse-Width Modulation

P&O Perturbation and Observation

QR Code Quick Response Code

RC Resistor-Capacitor

RDSon Resistence Drain-Source on

RX Receiver

SMD Surface Mount Tecnology

SoC System-on-a-Chip

SPI/SDIO Serial Peripheral Interface/Serial Data I/O

SPICE Simulation Program with Integrated Circuit Emphasis

STC Standard Test Conditions

TX Transmitter

USB Universal Serial Bus

VHDL VHSIC Hardware Description Language

WLAN Wireless Local Area Network

Wi-Fi Wireless Fidelity


Lista de símbolos

a Constante de condução elétrica do material

𝐷𝑚𝑎𝑥 Duty Cycle máximo

𝐷𝑚𝑖𝑛 Duty Cycle mínimo

𝐸𝑓 𝑜𝑡𝑜𝑛 Energia do fóton

𝐸𝑔 Energia da função de trabalho do elétron

f Frequência de chaveamento do conversor

h Constante de Planck

𝐼0𝑚𝑎𝑥 Corrente máxima de saída do conversor

𝐼𝑐𝑒𝑙 Corrente de saída do modelo do painel

𝐼𝐷𝑐𝑒𝑙 Corrente do diodo do modelo do painel

𝐼𝑜 Corrente total do arranjo do modelo dos painéis

𝐼𝑝ℎ𝑐𝑒𝑙 Corrente da fonte de corrente do modelo painel

𝐼𝑠 Corrente de saturação reversa do diodo no modelo do painel

k Constante de Boltzamann

L Valor da indutância do conversor

𝑁𝑝 Número de células em paralelo do arranjo fotovoltaico

𝑁𝑠 Número de células em séries do arranjo fotovoltaico

q Unidade de carga elétrica

𝑅𝑝 Resistência paralela do modelo do painel

𝑅𝑠 Resistência série do modelo do painel

𝑅𝑜 Resistência na saída do conversor (carga)

𝑉𝑖𝑛 Tensão de entrada do conversor de potênica

𝑉𝑐𝑒𝑙 Tensão de saída do modelo do painel


𝑉𝑜 Tensão de saída do conversor de potênica

𝑉𝑟𝑖𝑝 Tensão de ripple de saída do conversor

𝑉𝑡 Tensão total do arranjo do modelo de painéis

𝜐 Frequência da onda eletromagnética

𝜃 Ângulo zenital entre a Terra e o raio incidente

𝜏 Período do ciclo
Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2 Módulos Fotovoltaicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1 Curvas Características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Modelagem de um painel fotovoltaico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3 Controle de Máxima Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30


3.1 Método perturbação e observação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 Método proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4 Simulações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1 Topologia de ligação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.1.1 Sistema sem perdas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.1.1.1 Ligação em série . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.1.1.2 Ligação em paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.1.1.3 Resultados obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.1.2 Simulação com perdas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.1.2.1 Ligação em série . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.1.2.2 Ligação em paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.1.2.3 Resultados obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1.3 Comparação entre os resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.2 Métodos de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2.1 Variação discreta de irradiância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.2.2 Variação contínua de irradiância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2.3 Variação contínua da temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2.4 Variação contínua da irradiância e temperatura . . . . . . . . . . . 50
4.2.5 Comparação entre os resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

5 Projeto do Conversor de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53


5.1 Circuito de medição de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2 Circuito de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.3 Sistema de comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.3.1 Microcontrolador ESP8266 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.3.2 Aplicativo supervisório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

6 Montagem e Teste do Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63


6.1 Testes preliminares em protoboard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6.2 Placa de circuito impresso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
6.3 Testes práticos finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
6.3.1 Teste utilizando o algoritmo P&O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
6.3.2 Teste utilizando o algoritmo MIRPMP . . . . . . . . . . . . . . . . 72
6.3.3 Comparação entre os resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

7 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
7.1 Trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

APÊNDICE A Algoritmos Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78


A.1 Algoritmo do ATmega328 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
A.2 Algoritmo do ESP8266 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

APÊNDICE B Custos do Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

APÊNDICE C Manual Básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84


18

1 Introdução

O aumento desenfreado da demanda energética no mundo em decorrência da es-


cassez das reservas disponíveis iniciou uma busca intensa por fontes renováveis de energia
na última década. Segundo a International Energy Agency - IEA (2012), é apontado um
crescimento maior que 30% da demanda mundial até 2035. O crescimento da demanda
das energias eólica e solar consolida a posição das energias renováveis como componente
indispensável da matriz energética global. Neste cenário, o desenvolvimento de tecnologias
aplicadas a fontes renováveis, priorizando eficiência, confiabilidade e redução de custos se
torna cada vez mais relevante. Ainda segundo a IEA (2012), a energia solar fotovoltaica é
a que crescerá mais rapidamente, devendo ser a microgeração fotovoltaica a próxima re-
volução energética mundial. Esforços para desenvolvimento de tecnologias nacionais nesse
segmento poderão evitar que o país, diferente do que acontece hoje em sistemas baseados
em aerogeradores, importe quase que cem por cento da tecnologia de países pioneiros
(HOEVEN, 2012).
No Brasil, como na maior parte do mundo, essa tecnologia ainda exige grandes
investimentos, sendo considerada uma das energias mais caras do mercado, embora tenha
grande tendência de diminuição dos custos nos próximos anos. Na Figura 1 é apresen-
tado o gráfico construído a partir de um estudo da perspectiva de custos realizado por
(BREYER; GERLACH, 2013a), que demostra uma clara diminuição do custo para apli-
cações industriais e residenciais no decorrer dos anos.

Figura 1: Gráfico da perspectiva do custo de implementação de sistemas fotovoltaicos.

Além do custo ainda elevado, uma das grandes dificuldades para o desenvolvimento
de sistemas fotovoltaicos está relacionado ao baixo rendimento da conversão de energia
solar em elétrica. Neste aspecto, podem-se citar dois dos principais fatores que influenciam
diretamente o rendimento dessas estruturas: a estrutura molecular da célula fotovoltaica,
Capítulo 1. Introdução 19

ou seja, o tipo de material que compõe o módulo, e o rastreamento da máxima potência


do módulo fotovoltaico.
Em relação a estrutura molecular, pesquisas em novos materiais buscam aumentar
o rendimento dessas células, o que atrelado a investimentos em tecnologias para redução
de custos de produção, contribuem diretamente para a redução do custo final dos sistemas
fotovoltaicos. Mesmo contribuindo com o aumento do custo total de sistemas fotovoltai-
cos, o rastreamento da máxima potência se faz necessário por conta da baixa eficiência na
conversão de energia dos módulos fotovoltaicos. Este baixo rendimento tem estimulado a
busca de estratégias de controle que possibilitem um melhor aproveitamento de energia,
que são os sistemas de rastreamento de máxima potência, do inglês Maximum Power Point
Tracking (MPPT), tradicionalmente utilizado para que o módulo trabalhe em torno de
seu rendimento máximo, podendo essa energia ser, em um segundo momento, convertida
e injetada na rede ou consumida por uma carga em aplicações isoladas (stand-alone). Na
prática, o mesmo equipamento conversor de potência onde os painéis são ligados e que
injeta energia nas baterias ou invertem diretamente para ligação na rede (da concessio-
nária ou isolada) possuem sistema interno de MPPT, o que contribui para aumentar sua
complexidade e custo.
Como forma a contribuir para o ganho de rendimento de sistemas fotovoltaicos,
tem-se por objetivo geral fazer neste trabalho o desenvolvimento de um método de MPPT,
através de análises teóricas e simulações computacionais, e sua implementação em um
sistema embarcado funcional, que incluirá conversores, sistema de medição de potência,
controle e comunicação de dados. Ter-se-á como objetivos mais específicos:
∙ Fazer um levantamento teórico básico sobre sistemas fotovoltaicos (módulos,
forma de ligação e utilização);
∙ Escolher o modelo do conversor e o tipo de ligação através de simulações e
análises dos resultados simulados;
∙ Idealizar um algoritmo de MPPT baseado no método Perturbação e Observação;
∙ Simular os métodos, fazer análises gráficas e comparar os resultados obtidos entre
o método tradicional e o proposto;
∙ Desenvolver um sistema de medição dos parâmetros gerados;
∙ Desenvolver um sistema de comunicação sem fio para acompanhamento indivi-
dual da geração;
∙ Realizar testes do sistema completo, inicialmente em uma matriz de contatos
(protoboard);
∙ Desenvolver o layout da placa de circuito impresso e montar o protótipo;
∙ Implementar testes práticos finais e analisar os resultados obtidos.
Capítulo 1. Introdução 20

Os sistemas atuais mais populares no mercado são compostos basicamente por um


inversor de frequência de uso específico para aplicações fotovoltaicas, painéis conectados
em strings (ligação série), e acessórios de ligação e estruturantes (cabos, conectores, supor-
tes, etc.). A quantidade de painéis na string vai depender dos limites de tensão da entrada
do inversor utilizado, podendo ter inclusive mais de uma destas ligada em paralelo, onde
o dispositivo inversor será responsável, além de converter e inverter a energia entregue
pelos painéis, fazer o controle de MPPT do conjunto. Na Figura 2 tem-se uma ilustração
desse sistema, onde a energia é injetada na rede elétrica. Para ligações stand-alone existe
um banco de baterias e um dispositivo que faz o controle de carga e descarga no mesmo.

Figura 2: Ilustração da conexão de um sistema com dispositivo inversor específico para


uso com painéis fotovoltaicos e ligação em strings.

Um dos principais problemas do sistema supracitado é o fato do controle de má-


xima potência ser atribuído para o conjunto de painéis em detrimento do monitoramento
individual, uma vez que cada um destes terá um ponto ótimo distinto, seja pela diver-
gência de incidência luminosa, temperatura ou até mesmo pelas diferenças oriundas do
processo de fabricação. As discrepâncias entre os pontos de máxima potência aumentam
de maneira mais efetiva quando ocorre um sombreamento parcial ou até mesmo uma falha
em algum dos paineis da string, que além de comprometer a geração de todo o sistema,
em muitos casos se apresenta como algo de difícil diagnóstico e manutenção (ZOMER et
al., 2014).
Como alternativa para resolução dos problemas referidos, é proposto o desenvol-
vimento de um sistema embarcado de baixo custo que será conectado individualmente
em cada painel, projetado para extrair o máximo de potência através de um método de
MPPT proposto e se comunicar pela rede de internet sem fio para supervisão dos parâme-
tros gerados via aplicativo mobile. Viabilizando o monitoramento e controle individual dos
paineis, o sistema poderá aumentar o rendimento da planta fotovoltaica além de permitir
a constatação de painéis defeituosos e erros de projeto (no caso de painéis em funciona-
mento correto com baixos índices de geração) de forma bastante simples. Uma ilustração
do uso do dispositivo proposto ligado em uma micro rede (microgrid) é mostrada na
Figura 3, que possui na ponta um inversor não específico (já que o controle de MPPT
será feito dos mini dispositivos conectados individualmente aos painéis) para injetar a
Capítulo 1. Introdução 21

potência na rede elétrica. Da mesma forma que no caso anterior, em ligações stand-alone
são utilizados bancos de baterias e um dispositivo que faz o controle de carga e descarga
destas ao invés do inversor de potência.

Figura 3: Ilustração da conexão de um sistema com uso do dispositivo proposto ligado


em microgrid.

Além do uso em sistemas fotovoltaicos, o dispositivo proposto, com pequenos ajus-


tes na calibração do algoritmo de controle e dimensionamento correto do conversor de
potência, poderá ser utilizado em diversos outros tipos de equipamentos de geração, in-
clusive com mais de um tipo de fonte geradora ligada na mesma rede, conforme ilustrado
na Figura 4.

Figura 4: Ilustração do uso do dispositivo proposto em um sistema com diferentes tipos


de geradores na mesma microgrid.

Pode-se resumir as características do dispositivo conforme abaixo:

∙ Adaptação de parâmetros de entrada, buscando a máxima potência do painel;

∙ Medição dos valores de tensão e corrente gerados;

∙ Sistema de comunicação para o acompanhamento da geração individual;

∙ Possibilidade de adaptação para uso em outras fontes geradoras.

A adaptação do dispositivo proposto em outras fontes geradoras não é o foco do


projeto e por isso não será abordado neste trabalho, mas pode ser facilmente implementado
em estudos futuros, conforme proposto no Capítulo 7.1.
Capítulo 1. Introdução 22

O trabalho é apresentado em 7 capítulos, de acordo com os itens abaixo:


∙ Capítulo 1: Apresenta-se um breve resumo sobre energia fotovoltaica, demos-
trando a motivação do trabalho e apresentando o projeto a ser desenvolvido;
∙ Capítulo 2: São apresentadas algumas características básicas dos painéis foto-
voltaicos e sua modelagem;
∙ Capítulo 3: Apresenta-se a introdução sobre controle de máxima potência, o
método perturbação e observação e a descrição do sistema de controle proposto;
∙ Capítulo 4: É apresentado a plataforma de simulação de circuitos eletrônicos
de potência, simulações das topologias de ligação série e paralela com e sem perdas com
análise dos resultados e comparação entre o sistema tradicional de controle e o proposto
através de diversos tipos de sinais de entradas distintos;
∙ Capítulo 5: Apresenta-se o projeto do conversor de potência, composto por um
conversor Boost, sistema de medição, controle e comunicação com apresentação do apli-
cativo supervisório;
∙ Capítulo 6: Neste capítulo é tratado a montagem do circuito completo em pro-
toboard, projeto da placa de circuito impresso e testes práticos finais para analizar a
funcionalidade do protótipo;
∙ Capítulo 7: Apresentam-se as conclusões do trabalho e sugestões de projetos
futuros.
23

2 Módulos Fotovoltaicos

O princípio de operação das células fotovoltaicas se baseia na absorção de energia


luminosa por um material semicondutor na forma de uma estrutura do tipo diodo, cons-
truída com uma camada fina de material tipo N e outra com maior espessura de material
tipo P (BREYER; GERLACH, 2013b), conforme é ilustrado na Figura 5. Ao incidir luz
sobre a célula fotovoltaica, os fótons incidentes (𝐸𝑓 𝑜𝑡𝑜𝑛 ) transferem energia para elétrons
do material absorvente, e se o valor da energia desses fótons for maior do que a energia
da função de trabalho dos elétrons (𝐸𝑔 ), conforme Equação 2.1, o fóton pode aumentar
o estado de energia do elétron ou mesmo liberar um elétron, gerando assim uma corrente
elétrica.

Figura 5: Ilustração de uma junção PN operando como célula fotovoltaica.

𝐸𝑓 𝑜𝑡𝑜𝑛 > 𝐸𝑔 (2.1)

A frequência a partir da qual a junção P-N de uma célula de silício, material mais
utilizado para este fim, inicia o processo de conversão, pode ser dada pelas Equações 2.2
e 2.3, onde 𝜐 é a frequência da onda eletromagnética incidente e h a constante de Planck
(WALKER et al., 2002).

𝐸𝑓 𝑜𝑡𝑜𝑛 > ℎ.𝜐 (2.2)

1, 12
𝜐= −15
= 270, 66.1012 𝐻𝑧 (2.3)
4, 138.10
O resultado determinado na Equação 2.3 mostra que qualquer fóton com frequên-
cia de onda superior a 270, 66.1012 𝐻𝑧 (superior ao espectro infravermelho) garante a
ocorrência do efeito fotovoltaico em uma célula de silício, conforme ilustrado na Figura 6.
As células, módulos e arranjos fotovoltaicos são similares do ponto de vista de
funcionamento, convertendo energia luminosa obtida da luz do sol em energia elétrica,
Capítulo 2. Módulos Fotovoltaicos 24

Figura 6: Ilustração da fotogeração em faixas de frequência no espectro eletromagnético.

contudo, diferem-se no que diz respeito aos níveis de tensão, corrente e potência, de
acordo com os materiais utilizados e técnicas de fabricação. Em termos construtivos, as
células fotovoltaicas são os elementos básicos na construção dos módulos e estes, por sua
vez, na construção dos painéis fotovoltaicos, conforme pode ser observado na Figura 3.
Tradicionalmente uma célula fotovoltaica mede entre 100 𝑐𝑚2 e 200 𝑐𝑚2 , sendo capaz de
gerar aproximadamente 0,6 V de tensão para potências entre 1 W e 3 W (MARTINS;
COELHO; SANTOS, 2011).

Figura 7: Comparação entre célula, módulo e painel/arranjo fotovoltaico.

Dentre os materiais semicondutores utilizados para a fabricação das células fo-


tovoltaicas, destaca-se a utilização quase exclusiva do silício, produzido com diferentes
tecnologias, se diferenciando apenas com relação as características de rendimento e custo,
como mostrado na Tabela 1 (GREEN et al., 2000).

Tabela 1: Eficiência e custo de diferentes tecnologias de células fotovoltaicas.

Eficiência Custo
Tipo de célula
Teórico Laboratório Comercial ($/Wp)
Silício de cristal simples 30,0 24,7 12 a 14 1a2
Silício concentrado 27,0 28,2 13 a 15 0,5 a 0,7
Silício policristalino 25,0 19,8 11 a 13 0,6 a 1,2
Silício amorfo 17,0 4a7 3a5 -

Para a maioria dos fabricantes, os painéis solares possuem uma vida útil de 25 anos,
que corresponde ao tempo em que o painel fotovoltaico mantém sua eficiência em até 80%
Capítulo 2. Módulos Fotovoltaicos 25

da potência de pico que tinha quando novo, mas podendo chegar a ter uma sobrevida de
mais de 40 anos, com rendimento comprometido e com níveis cada vez menores conforme
o passar do tempo (SOLAR, 2006).
Uma pesquisa realizada pelo autor em setembro de 2016 em sites de empresas de
varejo com entrega para todo o país onde efetuou-se a busca de painéis fotovoltaicos com
potência em torno dos 260 Wp resultou nos dados apresentados na Tabela 2. Como nota
dessa pesquisa, observou-se que o silício policristalino atualmente é o mais utilizado para
pequenas aplicações, e que o custo de painéis similares possuem discrepâncias significativas
de acordo com o fornecedor.

Tabela 2: Custo de painéis fotovoltaicos populares encontrados no mercado.

Tipo de célula Modelo Potência Empresa pesquisada Preço


Tecnologia Quantum
Silício policristalino CS6P-260P 260 Wp R$ 1.212,00
Ind. Eletrônica Ltda
Neosolar Energia
Silício policristalino CS6P-265P 265 Wp R$ 899,00
Ltda - ME
Joaquim Marcelo
Silício policristalino YL260P-29B 260 Wp R$ 999,99
SumocasME
B2W Companhia
Silício policristalino YL260P-29B 260 Wp R$ 1.618,20
Digital

2.1 Curvas Características


Os módulos fotovoltaicos apresentam valores de tensão e corrente elétrica que
variam especialmente em relação a irradiância e temperatura sobre eles (ZHANG; AL-
AMOUDI; BAI, 2000). No datasheet dos fabricantes as informações são trazidas sob a
forma de curvas características, denominadas curvas I-V (corrente-tensão), conforme ilus-
trado na Figura 8, referente ao módulo fotovoltaico KC200GT, da fabricante japonesa
Kyocera (KYOCERA CORPORATION, 2007).
Capítulo 2. Módulos Fotovoltaicos 26

Figura 8: Gráficos do comportamento das curvas I-V do módulo fotovoltaico KC200GT.

Além dessas curvas, os fabricantes de módulos fotovoltaicos, em seus catálogos,


fornecem algumas informações cujas interpretações são imprescindíveis ao correto di-
mensionamento dos sistemas fotovoltaicos, como exemplificado na Tabela 3, referente
ao mesmo modelo de painel, obtido no datasheet do fabricante (KYOCERA CORPORA-
TION, 2007).

Tabela 3: Especificações básicas do módulo fotovoltaico KC200GT.

Características Elétricas no STC


Potência Máxima 200 W (+10%/-5%)
Tensão de Máxima Potência 26,3 V
Corrente de Máxima Potência 7,61 A
Tensão de Circuito Aberto 32,9,V
Corrente Curto Circuito 8,21 A
Tensão Máxima do Sistema 600 V
Características Elétricas em 800 W/m2
Potência Máxima 142 W
Tensão de Máxima Potência 23,2 V
Corrente de Máxima Potência 6,13 A
Tensão de Circuito Aberto 29,9 V
Corrente Curto Circuito 6,62 A

Essas características são dadas conforme valores padrões de teste (Standard Test
Conditions – STC ), que trata de uniformizar os ensaios de caracterização realizados pelos
fabricantes de células e módulos fotovoltaicos, contemplando valores de radiação, que é
o volume de luz incidente, temperatura, neste caso atribuída ao painel, e massa de ar
(Air Mass – AM ), que corresponde à espessura da camada de ar no caminho da radiação
proveniente do Sol, dada pela Equação 2.4, onde 𝜃 representa o ângulo zenital entre a
Capítulo 2. Módulos Fotovoltaicos 27

Terra e o raio incidente (BLAESSER; ROSSI, 1988). No STC a irradiância é de 1000


W/m2 , a temperatura é de 25 ∘ C e o AM é 1,5.

1
𝐴𝑀 = (2.4)
𝑐𝑜𝑠(𝜃)

2.2 Modelagem de um painel fotovoltaico


Por se tratar de um dispositivo físico formado pela junção de semicondutores, as
equações matemáticas que o descrevem possuem características não lineares provenientes
da física quântica, estando diretamente relacionadas principalmente ao tipo de material e
sua dopagem, temperatura, radiação e pressão atmosférica. Neste trabalho, por conta do
foco da abordagem, serão utilizados modelos baseados nos circuitos elétricos simplificados.
Os painéis solares são constituídos da associação série-paralela de células foto-
voltaicas, que por sua vez são modeladas pela associação em paralelo, de uma fonte de
corrente com um diodo semicondutor de junção P-N, como mostrado na Figura 9, onde
a célula fotovoltaica ideal irá gerar uma corrente proporcional a radiação incidida. A de-
dução dos modelos matemáticos que se seguem estão baseados no trabalho (VILLALVA;
GAZOLI; FILHO, 2009).

Figura 9: Circuito elétrico equivalente simplificado para células fotovoltaicas (MARTINS;


COELHO; SANTOS, 2011).

A descrição matemática do comportamento físico dos diodos semicondutores, é


dada pela Equação 2.5, onde 𝐼𝑠 é a corrente de saturação reversa, q é a unidade de carga
elétrica (1,6.10−16 C), k é a constante de Boltzamann (1,38.10−23 J/K), t é a temperatura
em Kelvin e a é uma constante relacionada ao tipo do material.

(︁ 𝑞𝜐 )︁
𝐼𝐷𝑐𝑒𝑙 = 𝐼𝑠 𝑒 𝑎𝑘𝑡 − 1 (2.5)

A corrente de saída da célula ideal é dada pela Equação 2.6, onde 𝐼𝑝ℎ𝑐𝑒𝑙 é a corrente
fornecida pela fonte e 𝐼𝐷𝑐𝑒𝑙 a corrente que passa pelo diodo do modelo, ilustrado na Figura
9. Na Equação 2.7 tem-se a formulação da corrente do painel compostas pelas Equações
(2.5) e (2.6).
Capítulo 2. Módulos Fotovoltaicos 28

𝐼𝑐𝑒𝑙 = 𝐼𝑝ℎ𝑐𝑒𝑙 − 𝐼𝐷𝑐𝑒𝑙 (2.6)

(︁ 𝑞𝜐 )︁
𝐼𝑐𝑒𝑙 = 𝐼𝑝ℎ𝑐𝑒𝑙 − 𝐼𝑠 𝑒 𝑎𝑘𝑡 − 1 (2.7)

Um modelo mais real, mostrado na Figura 10, leva em consideração perdas repre-
sentadas por uma resistência em paralelo e uma em série. A resistência série (𝑅𝑠 ) pode
ser calculada pela soma das diversas resistências presentes no dispositivo e depende ba-
sicamente da resistência de contato do material, da resistência entre as camadas P e N
do semicondutor e da resistência da camada N com o metal. Já a resistência equivalente
em paralelo do arranjo (𝑅𝑝 ) existe devido as correntes que transitam entre as junções
P-N do material semicondutor, e está diretamente associada ao tipo de dopagem, sendo
desconsiderada por muitos autores por apresentar valor muito elevado.

Figura 10: Circuito elétrico equivalente para células fotovoltaicas com perdas (MARTINS;
COELHO; SANTOS, 2011).

Modelando o circuito equivalente do módulo fotovoltaico ilustrado na Figura 10,


tem-se uma equação que descreve a curva característica do módulo fotovoltaico em 2.8,
onde 𝑅𝑠 é a resistência equivalente em série e 𝑅𝑝 a resistência equivalente em paralelo do
painel.

[︁ 𝑞𝜐 ]︁ 𝑉𝑐𝑒𝑙 + 𝑅𝑠 𝐼𝑐𝑒𝑙
𝐼𝑐𝑒𝑙 = 𝐼𝑝ℎ𝑐𝑒𝑙 − 𝐼𝑠 𝑒 𝑎𝑘𝑡 − 1 − (2.8)
𝑅𝑝

Os termos 𝑉𝑡 e 𝐼𝑜 são respectivamente o valor total da tensão e corrente do conjunto


de painéis acoplados, sendo obtidos conforme a Equação 2.9 e Equação 2.10, sendo 𝑁𝑠 o
número de células em série e 𝑁𝑝 o número de células em paralelo que constituem o painel.

𝑁𝑠 𝐾𝑇
𝑉𝑡 = (2.9)
𝑞

𝐼𝑜 = 𝑁𝑝 𝐼𝑐𝑒𝑙 (2.10)
Capítulo 2. Módulos Fotovoltaicos 29

Do ponto de vista operacional, normalmente os geradores de energia elétrica são


classificados como fonte de corrente ou de tensão, já os módulos fotovoltaicos, por sua vez,
podem apresentar um comportamento híbrido, podendo operar como fonte de corrente
ou de tensão dependendo do ponto de operação que se encontram, conforme pode ser
observado no gráfico do comportamento das curvas I-V do módulo fotovoltaico KC200GT
ilustrado na Figura 8. Caso o módulo esteja operando como fonte de tensão, a resistência
𝑅𝑠 irá influenciar fortemente no seu desempenho, já na condição onde o painel opere em
uma região que o caracterize como fonte de corrente, este será fortemente influenciado
pela resistência 𝑅𝑝 .
30

3 Controle de Máxima Potência

A busca de obtenção da máxima potência em sistemas de geração fotovoltaica tem


sido alvo de estudos desde o seu surgimento. As primeiras pesquisas foram desenvolvi-
das pela NASA (National Arenonautics and Space Administration) e visavam a utilização
desses sistemas para geração de energia em satélites e sondas espaciais (ALI et al., 2012).
O avanço da tecnologia, junto ao desenvolvimento teórico do modelo dos módulos pro-
porcionaram o desenvolvimento de novas técnicas. Neste capítulo, será abordada uma das
principais técnicas de seguidores de máxima potência, bem como o método proposto para
contribuir com o avanço dessa tecnologia.
O modelo do módulo fotovoltaico é descrito por equações não lineares e exponen-
ciais de ordem elevada que relacionam a corrente e a tensão do módulo em função das
condições de irradiância, temperatura e de suas características físicas construtivas, pro-
venientes da dopagem do material. Das características do módulo, observa-se que quanto
maior a corrente terminal, a tensão do módulo tende a diminuir, até que a corrente circu-
lante seja máxima (corrente de curto circuito). Para cada condição de operação (tempera-
tura e irradiância) do módulo, existe uma região de trabalho (tensão e corrente) na qual
a potência extraída é a máxima possível. Na condição de operação na vizinhança da cor-
rente de curto circuito, o módulo se comporta como fonte de corrente, e, de forma similar,
quando trabalha com tensões próximas a tensão de circuito aberto, o módulo opera como
uma fonte de tensão, conforme pode ser observado nos gráficos das curvas I-V dos pai-
néis fotovoltaicos através dos datasheets das fabricantes (KYOCERA CORPORATION,
2007).
O rastreamento do ponto de máxima potência é fundamentado através de um mé-
todo de controle que atuará diretamente no chaveamento da chave de potência, alterando
o ciclo de trabalho do conversor, buscando a maior transferência de potência possível
do painel fotovoltaico através da variação da relação entre tensão e corrente do painel,
conforme curva de potência na Figura 11, onde o ponto de máxima potência (Maximum
Power Point - MPP) está associado a uma corrente de máxima potência, e uma tensão
de máxima potência (SALAS et al., 2006).

3.1 Método perturbação e observação


Dentre os diversos métodos existentes para determinação do ponto de máxima
potência utilizados em painéis fotovoltaicos se destaca pela sua eficiência e simplicidade
de implementação, o método Perturbação e Observação (P&O, do inglês Perturbation
and Observation) (MAHESHAPPA; NAGARAJU; MURTHY, 1998). O método consiste
Capítulo 3. Controle de Máxima Potência 31

Figura 11: Curva característica de potência de um painel fotovoltaico.

em aplicar uma perturbação positiva ou negativa no sistema (por exemplo, aumentando


ou reduzindo a tensão) e monitorar sua resposta. Caso uma perturbação positiva resulte
em um acréscimo positivo de potência fornecido pelo módulo, significa que o sistema
está tendendo na direção do ponto de máxima potência, caso contrário, ou seja, uma
perturbação positiva resulte em um decréscimo de potência, o sistema irá deslocar-se no
sentido oposto, o que fará com que na próxima perturbação ele tenha uma trajetória
no sentido contrário (SUBUDHI; PRADHAN, 2013). Na Tabela 4 tem-se o resumo da
descrição do método, obtida pelo autor através da análise do algoritmo.

Tabela 4: Comportamento do algoritmo P&O em detrimento da variação de potência.

Sentido da perturbação atual Variação de potência Sentido da próxima perturbação


Positiva Positiva Positiva
Positiva Negativa Negativa
Negativa Positiva Negativa
Negativa Negativa Positiva

Um sistema com o seguidor P&O sempre convergirá para a proximidade do ponto


de máxima potência. Como o processo é repetido periodicamente, a existência da per-
turbação persistente proveniente do método sempre causará uma oscilação indesejada em
torno do MPP. De uma forma geral, espera-se que a busca ao ponto de máxima potência
se estabilize sem oscilações. Pode-se conseguir menores oscilações reduzindo o tamanho
do incremento da perturbação, porém, existe uma relação de dependência entre o tempo
de rastreamento (velocidade de convergência) e a oscilação da potência em regime per-
manente.
Do ponto de vista prático, o algoritmo de MPPT busca o funcionamento do sistema
no ponto de máxima potência através da atualização do duty cycle (D) do conversor (dado
pela função de transferência), atuando diretamente na curva de I-V do painel fotovoltaico.
Nas Equações 3.1 e 3.2, (RASHID, 2010), temos as funções de transferência do Buck e
do Boost, em sequência, dois dos mais comuns conversores de potência encontrados na
Capítulo 3. Controle de Máxima Potência 32

literatura, onde 𝑉𝑜 é a tensão de saída do conversor de potência e 𝑉𝑖𝑛 a tensão da entrada.


No algoritmo P&O, cujo modelo simplificado é mostrado na Figura 12, na região A é
atualizado o duty cycle do conversor enquanto na região B é verificado se o parâmetro
está dentro dos limites de trabalho (estipulados em projeto).

𝑉𝑜
𝐷= (3.1)
𝑉𝑖𝑛

𝑉𝑖𝑛
𝐷 =1− (3.2)
𝑉𝑜

Figura 12: Fluxograma simplificado do algoritmo P&O.

O método P&O utiliza como parâmetros de entrada apenas as medições de ten-


são e corrente do painel fotovoltaico, realizadas na entrada do próprio conversor que será
controlado (evitando a necessidade de sensores externos), além de possuir baixo esforço
computacional e desempenho satisfatório (PEREIRA; SOUZA; SANTOS, ). O seu in-
cremento (ou perturbação) é pré-determinado a partir de análises e simulações aplicadas
ao grupo de painéis a ser utilizado, visando um melhor aproveitamento da estrutura de
controle, sendo um fator crucial para o correto dimensionamento do projeto (SOLAR,
Capítulo 3. Controle de Máxima Potência 33

2006). Um incremento de valor elevado terá uma rápida dinâmica com melhor convergên-
cia, entretanto, resultará em grandes oscilações em regime permanente (erro em regime
permanente), já um incremento menor terá menos oscilações em regime, mas demorará
muito para convergir.

3.2 Método proposto


Observando-se a necessidade de um algoritmo que possua uma maior velocidade
na busca do MPP ao mesmo tempo que mantém baixos índices de erro em regime per-
manente, sem a necessidade de novos parâmetros de entrada nem comprometimento do
custo computacional, foi desenvolvido uma contribuição ao P&O, denominado MIRPMP
– Método Incremental para Rastreamento de Ponto de Máxima Potência.
No algoritmo proposto o incremento é adaptativo, inicialmente baseado na variação
causada pela derivada da potência discretizada e simplificada. Como resultado, tem-se um
incremento que depende do incremento anterior, uma constante a ser ajustada de acordo
com o projeto, cujo dimensionamento é similar ao obtido para o algoritmo P&O, e a
própria variação obtida da potência.
No algoritmo MIRPMP, onde o diagrama em blocos simplificado é mostrado na
Figura 13, quanto maior a variação da potência, maior o incremento ou decremento do
ciclo de trabalho, proporcionalidade esta capaz de fazer com que o algoritmo percorra
mais rapidamente a curva I-V em busca do ponto de máxima potência, além de garantir
oscilações com valores muito pequenos em regime permanente, reduzindo o erro estático.
Ainda na Figura 13, de forma análoga ao que acontece no algoritmo P&O, tem-se a
atualização do duty cycle na região A, e a verificação dos limites do ciclo de trabalho que
podem ser aplicados no conversor na região B.
Como diversas outras adaptações, o algoritmo proposto é uma contribuição ao mé-
todo P&O, buscando um maior ganho de rendimento tanto em casos oscilatórios quanto
estacionários, desenvolvido especialmente para ser utilizado em sistemas embarcados sim-
ples, uma vez que possui um número reduzido de sensores de baixa complexidade atrelado
a um baixo custo computacional, não mais oneroso do que aquele empregado no método
P&O.
Capítulo 3. Controle de Máxima Potência 34

Figura 13: Fluxograma simplificado do algoritmo MIRPMP.


35

4 Simulações

Simulações são essenciais para a caracterização de um sistema real, já que pos-


sibilita avaliar o comportamento de sistemas sob diversas condições de operação. Com
esse intuito utilizou-se o software PSIM, desenvolvido pela PowerSim a mais de 20 anos,
voltado mais precisamente para o desenvolvimento de projetos de circuito eletrônicos de
potência a nível ESL(Electronic System-Level).
Utilizando análise nodal e a regra trapezoidal de integração como base de seu
algoritmo de simulação, o PSIM tem uma velocidade de simulação muito mais rápida do
que simuladores SPICE (Simulation Program with Integrated Circuit Emphasis), sendo
mais adequado para estudos a nível de sistemas eletrônicos (ESL), possui interface de
captura esquemática simples, conforme ilustrado na Figura 14 com disponibilização de
estruturas por módulos, como por exemplo o Simview, seu visualizador de forma de ondas
(INC., 2006).

Figura 14: Imagem ilustrativa da interface do software PSIM (INC., 2006).

Além de possuir ferramentas matemáticas voltadas para a análise de eletrônica de


potência, o PSIM possui conexão com outros softwares de aplicações industriais que po-
dem ser utilizados para a implementação física dos sistemas propostos, bem como estender
sua funcionalidade em áreas específicas de simulação de circuitos e design, como motores
Capítulo 4. Simulações 36

elétricos, energia fotovoltaica e turbinas eólicas, sendo muito utilizado na indústria para
pesquisa e desenvolvimento de produtos e por instituições educacionais para pesquisa e
ensino (INC., 2006).
Existem diversos módulos add-on disponíveis para o PSIM, a lista completa e suas
descrições podem ser encontradas no site da Powersim. Neste trabalho será utilizado, por
exemplo, o módulo de energia renovável que permite a simulação de painéis fotovoltaicos,
além de baterias, super capacitores e turbinas eólicas. Existem módulos que permitem a
simulação de códigos em linguagem de programação C (de acordo com a complexidade que
se deseja) e a co-simulação com outras plataformas para verificar linguagens de descrição
de hardware VHDL (VHSIC Hardware Description Language) ou Verilog. Nas últimas ge-
rações do PSIM ainda existe suporte para geração automática (com o módulo SimCoder)
de código em linguagem C++ para uso em DSP’s (Digital Signal Processors) da Texas
Instruments Inc., reduzindo muito o tempo de desenvolvimento de sistemas embarcados
em eletrônica de potência.
Neste trabalho, toda a rotina de controle foi escrita usando a linguagem de pro-
gramação C e as estruturas propostas são detalhadas por diagramas eletrônicos, demons-
trando a conexão dos componentes.

4.1 Topologia de ligação


Em um sistema fotovoltaico formado por mais de um painel, inicialmente a as-
sociação entre eles poderá ser em série ou em paralelo. Cada tipo de ligação tem suas
características, onde se destaca a forma que se comportará a tensão e a corrente do sis-
tema equivalente final. Nos dois gráficos que compõem a Figura 15 tem-se em vermelho
a forma de onda de um painel desconectado e em azul o gráfico do conjunto em série e
em paralelo. Para uma associação ideal em série, com painéis idênticos e sem perdas, é
mantida a mesma corrente de um painel e se tem o somatório das tensões. Para a asso-
ciação paralela, também ideal, se tem a corrente equivalente como a soma das correntes
dos painéis, mantendo a tensão. Utilizando-se do preceito básico do balanço de energia,
em ambos os casos ideais, a potência equivalente é a soma das potências individuais.
Na maioria dos casos práticos (para a maioria dos fabricantes), é comum o uso
da conexão em série na associação de painéis, denominada string, onde aqueles são inter-
ligados até o ponto de se atingir a tensão mínima necessária para excitar a entrada do
inversor, sendo o número de painéis limitado ao nível de tensão máxima que o inversor
suporta. Caso a potência do inversor suporte a ligação de mais painéis, é feita outra string
que será ligada em paralelo com a primeira, e assim sucessivamente, respeitando sempre a
potência máxima suportada pelo inversor e os limites de tensão. Na Figura 16 é mostrado
um exemplo da ligação em paralelo de strings.
Capítulo 4. Simulações 37

(a) Associação em série (b) Associação em paralelo

Figura 15: Figura ilustrativa da associação de painéis e gráficos associados.

Figura 16: Imagem ilustrativa da ligação de strings em paralelo no inversor.

Para a escolha da topologia de ligação a ser utilizada no sistema proposto, foram


efetuadas simulações no software PSIM das associações em série, utilizando um conver-
sor redutor de tensão (Buck), e em paralelo, utilizando um conversor elevador de tensão
(Boost), inicialmente desconsiderando todas as perdas e, em um segundo momento, con-
siderando as resistências e indutâncias parasitas (OLIVEIRA, 2013) mais relevantes.

4.1.1 Sistema sem perdas


Nesta primeira simulação foram empregados conversores e carga sem perdas ôh-
micas e sem indutâncias parasitas. Em cada simulação foi utilizado um sistema formado
por um par composto de um painel, cujos valores correspondem ao modelo KC200GT,
Capítulo 4. Simulações 38

da fabricante japonesa Kiocera, alimentado com parâmetros fixos de entrada (irradiância


de 1000 W/m2 e temperatura de 25 ∘ C) e um conversor (Buck ou Boost, dependendo
do tipo de ligação, se série ou paralelo) controlado por um algoritmo de MPPT do tipo
P&O. Para cada tipo de simulação todos os parâmetros de simulação como frequência
de chaveamento, características dos painéis, valores e tipos de componentes utilizados,
variáveis de entrada e algoritmo foram iguais para os dois conversores.

4.1.1.1 Ligação em série

Um exemplo de aplicação prática de um sistema utilizando a associação de painés


em série é ilustrado na Figura 17, onde cada painel estará acoplado a um mini conversor
(dispositivo proposto, representado pelo retângulo esverdeado), que estão conectados em
série e ligados a um inversor de uso geral (sem necessidade de ser um modelo específico
para utilização em painéis fotovoltaicos e representado pelo retângulo em verde claro),
que por sua vez pode ser acoplado a rede elétrica de uma residência, por exemplo.

Figura 17: Ilustração da aplicação do sistema proposto utilizando a associação em série.

Neste tipo de ligação foi utilizado um conversor Buck ideal, capaz de reduzir a
tensão e aumentar o nível de corrente, escolhido por conta das características de somatório
de tensão da associação. O valor da tensão na saída dos conversores vai depender do nível
de potência entregue pelo painel a ele acoplado e será ajustado automaticamente através
de um algoritmo MPPT do tipo P&O, que é simulado através da programação de um
bloco capaz de rodar programas escritos em linguagem C (Bloco C) alimentando uma
carga puramente resistiva de 2,5 Ω. A simulação é desenvolvida utilizando o software
PSIM e o diagrama do circuito descrito graficamente na interface do software supracitado
está ilustrado na Figura 18.

4.1.1.2 Ligação em paralelo

Na Figura 19 é mostrada uma ilustração representando uma aplicação prática


do sistema utilizando o dispositivo proposto onde se aplica uma associação em paralelo
dos módulos. De forma análoga ao caso anterior (associação em série) cada painel está
acoplado a um mini conversor (dispositivo proposto, também representado pelo retângulo
Capítulo 4. Simulações 39

Figura 18: Diagrama esquemático do sistema proposto em série e sem perdas no software
PSIM.

esverdeado), mas desta vez ligados em paralelo e conectados a um inversor de uso comum,
dispensando o uso de conversores específicos para fotogeração onde, por fim e conforme a
ilustração, está ligado a rede elétrica de uma residência.

Figura 19: Ilustração da aplicação do sistema proposto utilizando a associação em paralelo.

De maneira díspare ao caso da associação em série, neste tipo de ligação foi utili-
zado um conversor Boost ideal, capaz de aumentar a tensão e reduzir o nível de corrente,
escolhido por conta das características de somatório de corrente da associação. O valor da
tensão na saída dos conversores e consequentemente da corrente vai depender do nível de
potência entregue pelo painel a ele acoplado e será ajustado automaticamente através de
um algoritmo MPPT do tipo P&O que é simulado através da programação de um bloco
C que controla o inversor que alimenta uma carga puramente resistiva de 10 Ω, mantendo
as mesmas características gerais do circuito desenvolvido no software PSIM, do qual o
diagrama do circuito está ilustrado na Figura 20.
Capítulo 4. Simulações 40

Figura 20: Diagrama esquemático do sistema proposto em paralelo e sem perdas no soft-
ware PSIM.

4.1.1.3 Resultados obtidos

Os painéis simulados foram configurados através das características obtidas no


datasheet do modelo de painel comercial KC200GT da fabricante japonesa Kiocera, com
potência de saída de referência de 60 W. Os gráficos ilustrados na Figura 21 comparam os
resultados obtidos na associação em série utilizando o conversor Buck e a associação em
paralelo utilizando conversor Boost, com linhas nas cores azul e vermelha, onde a primeira
representa a saída ideal de potência (máxima e fixa em 60 W) e a segunda a potência
entregue pelo painel através do seu respectivo conversor de potência. Nessa representação
gráfica, o tempo de simulação varia em segundos no eixo das abscissas até 60 ms, e a
potência varia em Watts (W) no eixo das ordenadas.
Como ilustrado ainda na Figura 21, a saída do sistema com ligação em série con-
vergiu mais rapidamente ao regime permanente e de maneira menos oscilatória em com-
paração ao sistema utilizando ligação em paralelo operando com mesmo painel, carga,
parâmetros e controlador.
Estas curvas de saídas obtidas na simulação se devem ao controle do chaveamento
do Mosfet (chave eletrônica) através da dinâmica com os componentes passivos do conver-
sor, capazes de alternar as características da potência de entrada numa curva I-V de forma
a tender para a potência máxima de referência em detrimento do controle de MPPT, neste
caso através do algoritmo P&O. Um estudo específico sobre o comportamento dinâmico
desses conversores se faz necessário para se obter maiores detalhes sobre as características
Capítulo 4. Simulações 41

(a) ligação em série (b) ligação em paralelo

Figura 21: Gráficos do comportamento da potência (W) no tempo (s) da saída dos esque-
mas de ligação sem perdas.

de saída apresentadas, o que não é foco de estudo nesse trabalho.

4.1.2 Simulação com perdas


Para a simulação dos sistemas com perdas, foram utilizados nos conversores simu-
lados alguns componentes onde resistências e indutâncias parasitas foram consideradas.
Os valores utilizados foram obtidos através de diversos datasheets de componentes re-
ais, próximos daqueles que foram utilizados a posteriori para a montagem do protótipo,
objetivando resultados com uma maior aproximação de uma situação prática real. A meto-
dologia utilizada foi análoga a da Seção 4.1.1, com mesmo painel, controlador, parâmetros
de simulação e demais características gerais.

4.1.2.1 Ligação em série

O exemplo de utilização prática de um sistema utilizando a associação em série


ilustrado na Figura 17, também é aplicado aqui, uma vez que é utilizado o mesmo tipo
de ligação. De forma análoga a simulação sem perdas, foi utilizado um conversor Buck,
desta vez com os capacitores e indutor não ideais, simulados com resistências parasitas
em série cujos valores são de 10 mΩ e 0,5 Ω, nesta ordem, obtidos através de datesheets
de componentes reais (VISHAY INTERTECHNOLOGY, 2015), (EBERLE MOTORES
ELéTRICOS, 2005). A carga, além de sua resistência de 2,5 Ω utilizada nos circuitos
Capítulo 4. Simulações 42

anteriores sem perdas, possui uma indutância parasita em série de 100 𝜇H, tornando-a
não ideal, conforme mostrado no diagrama esquemático do circuito simulado no software
PSIM e ilustrado na Figura 22.

Figura 22: Diagrama esquemático do sistema proposto em série e com perdas no software
PSIM.

4.1.2.2 Ligação em paralelo

Na Figura 19 é mostrada uma ilustração representando um exemplo de ligação


prática de um sistema onde se utiliza a associação em paralelo. Diferente daquele caso
onde foram empregados componentes ideais sem perdas para este tipo de ligação, aqui
são utilizadas resistências e indutâncias parasitas nos componentes do inversor e na carga
semelhante aquelas empregadas na ligação em série com perdas (Seção 4.1.2.1), com resis-
tências parasitas nos capacitores e indutor de 10 mΩ e 0,5 Ω respectivamente e indutância
parasita de 100 𝜇H na carga, conforme mostrado no diagrama esquemático do circuito
simulado no software PSIM ilustrado na Figura 23.
Capítulo 4. Simulações 43

Figura 23: Diagrama esquemático do sistema proposto em paralelo e com perdas no soft-
ware PSIM.

4.1.2.3 Resultados obtidos

Os resultados destas simulações foram obtidos, da mesma forma que nas simulações
das associações série e paralelo sem perdas, utilizando parâmetros e componentes idênti-
cos, diferenciando-se apenas por considerar algumas perdas ôhmicas e, no caso da carga,
uma indutância. Nos gráficos que mostram o comportamento da potência de saída tem-se
a potência de referência de 60 W em linha de cor azul e a potência entregue pelo painel
através do conversor representada pela linha na cor vermelha, sendo o primeiro gráfico
referente a ligação em série e o segundo a ligação em paralelo, ambos com componentes
não ideais, dos quais as curvas de saída tendem ao valor de referência e cuja dinâmica de-
pende do chaveamento e consequente mudança das características I-V na saída do painel
em busca do máximo rendimento, controlado pelo mesmo algoritmo P&O embarcado no
bloco C no PSIM utilizado nos casos sem perdas. No eixo das abscissas tem-se o tempo
(s), no primeiro gráfico variando até 60 ms e no segundo até 30 ms, e no das ordenadas a
potência em Watts (W).
Ainda na Figura 24, é visualizado com clareza a diferença de tempo de convergên-
cia para o valor de referência (60 W) entre as topologias de ligação em série e paralelo,
a segunda chegando ao estado de regime permanente em menos da metade do tempo da
primeira e com níveis de oscilação também reduzidos. Nesta simulação foram considera-
das perdas ôhmicas de alguns componentes do conversor e indutância parasita na carga,
sempre com uso de mesmo painel, carga, parâmetros e controlador.
Capítulo 4. Simulações 44

(a) ligação em série

(b) ligação em paralelo

Figura 24: Gráficos do comportamento da potência (W) no tempo (s) da saída dos esque-
mas de ligação com perdas.

4.1.3 Comparação entre os resultados


Após a simulação dos sistemas utilizando componentes ideais com os painéis liga-
dos aos conversores tanto em série quanto paralelo, com resultados mostrados nos gráficos
da Figura 21, e dos sistemas utilizando componentes não ideais, com resultados mostrados
Capítulo 4. Simulações 45

nos gráficos da Figura 24, constatou-se que nos primeiros casos, com todos os componen-
tes ideias, conversores Buck em ligação série possuem melhores resultados de saída, porém
para sistemas com perdas nos componentes do conversor e carga, conversores Boost em pa-
ralelo mostraram resultados mais satisfatórios. Como o foco deste trabalho é desenvolver
um dispositivo prático, e portanto com perdas, a melhor topologia a ser escolhida é a que
utiliza o conversor Boost com sistema de ligação em paralelo. Estudos mais aprofundados
que trabalhem com precisão a modelagem desses conversores, bem como a relação entre
o comportamento dos mesmos e seu método de controle são necessários para determinar
cada tipo de resposta obtida.

4.2 Métodos de controle


As simulações desta seção tem como objetivo comparar algoritmos de rastreamento
de MPPT, mais precisamente o método P&O com o método proposto, o MIRPMP, uti-
lizando o software de simulação PSIM. O sistema simulado será composto por um painel
fotovoltaico ligado a um conversor Boost que por sua vez alimenta um barramento de
corrente contínua (CC) de 48 V. Esse conversor possui seu chaveamento controlado por
um bloco com o algoritmo de rastreamento escrito em linguagem C. A Figura 25 mostra
uma versão simplificada do sistema simulado no PSIM.

Figura 25: Diagrama esquemático do sistema simplificado simulado no PSIM.

Os parâmetros empregados para configurar o módulo do painel solar utilizado na


simulação é ilustrado na Figura 26, e conforme consta nas simulações da seção ante-
rior, foram igualmente retirados do datasheet do modelo comercial de painel fotovoltaico
KC200GT, da fabricante japonesa Kyocera (KYOCERA CORPORATION, 2007). Os
componentes do conversor foram calculados conforme as Equações 4.1, 4.2 e 4.3, utili-
zando uma frequência de chaveamento de 10 KHz e tensão do barramento CC de 48 V
(variando entre mais ou menos 0,5 V).
Capítulo 4. Simulações 46

Figura 26: Configuração das características do painel solar no PSIM.

Segundo (RASHID, 2010), a capacitância mínima do conversor é calculada pela


equação 4.1, onde D é o duty cycle, 𝑉0 a tensão de saída, 𝑉𝑟𝑖𝑝 a tensão de ripple de saída, 𝑅𝑜
a resistência de saída, 𝐼0𝑚𝑎𝑥 a corrente máxima de saída e f a frequência de chaveamento
do conversor.

𝐷.𝑉0 𝐷.𝐼0𝑚𝑎𝑥
𝐶𝑚𝑖𝑛 = = = 587, 81𝜇𝐹 (4.1)
𝑉𝑟𝑖𝑝 .𝑅𝑜 .𝑓 𝑉𝑟𝑖𝑝 .𝑓

Segundo (MOHAN; UNDELAND, 2007), a corrente no indutor é calculada pela


Equação 4.2, de onde se pode encontrar a indutância mínima na Equação 4.3, onde L é o
valor do indutor, e 𝐷𝑚𝑖𝑛 o valor mínimo do duty cycle.

𝑉0
𝐼𝐿 = .𝐷(1 − 𝐷)2 (4.2)
2𝑓 𝐿

𝑉0𝑚𝑎𝑥
𝐿𝑚 𝑖𝑛 = .𝐷𝑚𝑖𝑛 (1 − 𝐷𝑚𝑖𝑛 )2 = 446, 98𝜇𝐻 (4.3)
2𝑓 𝐼𝐿𝑚𝑖𝑛
Ambas as equações foram devidamente deduzidas através das equações básicas
do conversor Boost, culminando nas equações finais dos autores acima citados e cujos
resultados foram utilizados para escolha final dos componentes da simulação.
Para o indutor, foi escolhido um valor de indutância acima do valor mínimo encon-
trado, de forma a garantir o funcionamento do conversor em modo contínuo de corrente
e o capacitor, por sua vez, foi aproximado para seu valor comercial. Foram consideradas
as resistências internas dos componentes passivos, e, no barramento, queda de tensão e
representação de resistência e indutância parasitas, a fim de aproximar a simulação de
Capítulo 4. Simulações 47

uma experiência prática. O diagrama esquemático do sistema completo, composto por


dois conversores idênticos, cada um operando com um algoritmo diferente (os quais serão
comparados) e ligado na mesma carga, em paralelo, é mostrado na Figura 27.

Figura 27: Diagrama esquemático do sistema completo simulado utilizando o software


PSIM.

Para obter resultados comparativos entre os métodos, foram utilizados os mesmos


ajustes nos parâmetros de iniciação e amostragem (passo de simulação de 10 us, tempo
de simulação de 1 s e passo de impressão igual a 1) e valores de irradiância e tempera-
tura variáveis de forma a obter diferentes saídas do painel. Foram simuladas faixas de
irradiância entre 100 W/m2 e 1100 W/m2 com variação discreta em forma de degraus,
conforme Figura 28(a), e variação contínua através de uma função senoidal, Figura 28(b).
A temperatura de entrada, quando não fixa em 25 ∘ C, foi variada de forma contínua entre
25 ∘ C e 45 ∘ C através de uma função senoidal, conforme ilustrado na Figura 28(c).
Capítulo 4. Simulações 48

(a) Degraus de irradiância (b) Seno de irradiância

(c) Seno de temperatura

Figura 28: Gráficos ilustrando os formatos dos sinais de entrada utilizados na simulação.

Os cenários simulados foram divididos em quatro, sendo uma variação discreta e


uma contínua dos níveis de irradiância, ambas com temperatura fixa, uma com variação
contínua da temperatura e irradiância fixa e uma com os níveis irradiância e temperatura
variando de forma contínua e proporcionalmente, conforme resumo abaixo.
∙ 4.2.1 - Variação discreta de irradiância;
∙ 4.2.2 - Variação contínua de irradiância;
∙ 4.2.3 - Variação contínua da temperatura;
∙ 4.2.4 - Variação contínua da irradiância e temperatura.

4.2.1 Variação discreta de irradiância


A primeira simulação visa comparar os algoritmos dos métodos de controle P&O e
MIRPMP quando a entrada da irradiância do painel varia em forma de degraus, obtendo
mudanças bruscas na saída de potência. Foram utilizados níveis de irradiâncias de 100
W/m2 , 200 W/m2 , 400 W/m2 , 600 W/m2 , 800 W/m2 , 1000 W/m2 e 1100 W/m2 com
períodos de duração de 1,5 s cada, cujos valores foram escolhidos de forma a obter sempre
grandes variações, conforme mostrado na Figura 28(a). A temperatura foi mantida fixa
em 25 ∘ C, de forma a não influenciar diretamente nas variações dinâmicas de saída.
Na Figura 29 tem-se os resultados da simulação através de gráficos da máxima po-
tência fornecida pelo painel em cor azul e a potência obtida pelo sistema em cor vermelha,
onde o primeiro gráfico mostra o resultado do método que utiliza o algoritmo MIRPMP
e o segundo gráfico o que utiliza o método que faz uso do algoritmo P&O tradicional.
Capítulo 4. Simulações 49

Figura 29: Gráficos dos comportamentos das potências de saída obtidos no PSIM com
entrada em degraus de irradiância e temperatura fixa. a) MIRPMP; b) P&O.

4.2.2 Variação contínua de irradiância


A segunda simulação tem como objetivo comparar os resultados de saída identica-
mente através da alteração do nível da irradiância de entrada no painel, porém agora de
forma contínua através de uma função senoidal variando entre 100 W/m2 e 1100 W/m2 ,
conforme mostrado na Figura 28(b). A temperatura, da mesma forma que na seção ante-
rior, foi mantida fixa em 25 ∘ C de forma a não influenciar diretamente na dinâmica das
variações da potência de saída.
A potência máxima fornecida pelo painel na cor azul e a potência obtida pelo
sistema na cor vermelha podem ser visualizadas através do gráfico da Figura 30, onde o
primeiro gráfico é referente ao resultado onde foi usado o algoritmo MIRPMP e segundo
referente a saída cujo método de controle utiliza o algoritmo P&O.

Figura 30: Gráficos dos comportamentos das potências de saída obtidos no PSIM com
entrada senoidal de irradiância e temperatura fixa. a) MIRPMP; b) P&O.
Capítulo 4. Simulações 50

4.2.3 Variação contínua da temperatura


Na terceira condição de teste, foi simulado uma variação contínua da temperatura
do painel utilizando uma forma de onda senoidal variando entre 25 ∘ C e 45 ∘ C, conforme
ilustrado na Figura 28(c), com nível de irradiância agora fixa em 800 W/m2 . Os resul-
tados são mostrados na Figura 31, composta por dois gráficos distintos, onde o primeiro
compreende o resultado do algoritmo MIRPMP e o segundo o resultado obtido através
do uso do algoritmo P&O, ambos com potências máximas em cor azul e obtidas na saída
do conversor em cor vermelha.

Figura 31: Gráficos dos comportamentos das potências de saída obtidos no PSIM com
entrada senoidal de temperatura e irradiância fixa. a) MIRPMP; b) P&O.

4.2.4 Variação contínua da irradiância e temperatura


Para simulação de uma situação típica, com a temperatura e a irradiância variando
proporcionalmente, foi aplicado ao painel fotovoltaico uma variação de irradiância con-
forme a Figura 28(b) e de temperatura conforme a Figura 28(c), ambas com alternância
dos níveis de entrada em formato senoidal e com mesma fase, com limites de irradiância
entre 100 W/m2 e 1100 W/m2 e temperatura entre 25 ∘ C e 45 ∘ C. O gráfico com o re-
sultado da variação da potência de saída do sistema (na cor vermelha) e máxima (na cor
azul), na ordem, para o algoritmo proposto e para o método tradicional podem ser vistos
na Figura 32.
Capítulo 4. Simulações 51

Figura 32: Gráficos dos comportamentos das potências de saída obtidos no PSIM com
irradiância e temperatura variando senoidalmente. a) MIRPMP; b) P&O.

4.2.5 Comparação entre os resultados


Com maior velocidade de rastreamento, visualizada de forma mais clara através
da entrada com variação do tipo degrau e com erro em regime permanente menor, in-
clusive com menores oscilações, o método proposto apresenta um maior rendimento em
comparação com o método tradicional em todos os casos simulados, conforme Tabela 5,
que mostra o resumo dos resultados totais obtidos nas simulações.

Tabela 5: Resultados obtidos na comparação dos métodos P&O e MIRPMP.

Simulação 1 Simulação 2 Simulação 3 Simulação 4


Pot. Max. no Painel 109,88 W 104,92 W 146,27 W 97,17 W
Pot. Algoritmo MIRPMP 108,93 W 104,17 W 145,12 W 95,77 W
Pot. Algoritmo P&O 106,64 W 97,76 W 143,61 W 88,98 W
Rendimento MIRPMP 0,991 0,993 0,992 0,986
Rendimento P&O 0,971 0,932 0,982 0,915
Ganho 2,15% 6,56% 1,05% 7,63%

A Tabela 5 apresenta na primeira linha uma média da potência máxima que poderá
ser obtida do painel em cada situação simulada, número estes que os métodos de controle
irão buscar atingir. Na segunda e terceira linhas se tem a potência média obtida do painel
através dos algoritmos comparados. Na quarta e quinta linhas o rendimento obtido em
cada método de controle, e por fim, na última linha a porcentagem de ganho do método
MIRPMP em relação ao P&O para cada caso simulado. Abaixo o resumo de cada uma
das simulações efetuadas:
∙ Simulação 1 – Irradiância variando em degraus e temperatura fixa;
∙ Simulação 2 – Irradiância com variação contínua e temperatura fixa;
Capítulo 4. Simulações 52

∙ Simulação 3 – Temperatura com variação contínua e irradiância fixa;


∙ Simulação 4 – Irradiância e temperatura com variação contínua e proporcional.
O maior rendimento do método MIRPMP se apresentou quando a simulação se
aproximou mais de uma situação real, com níveis de temperatura e a irradiância variando
de forma contínua. Neste caso o algoritmo P&O apresentou o menor rendimento e houve
a maior diferença entre os métodos, que ultrapassou os 7,6% de discrepância. Em todos
os casos simulados o algoritmo MIRPMP mostrou ganhos em relação ao P&O, variando
entre 1,05% e 7,6%, provando assim o bom desempenho do método proposto em relação
ao tradicional.
53

5 Projeto do Conversor de Potência

Como parte primordial da elaboração do protótipo está o projeto do conversor de


potência, que será responsável por entregar, com o máximo rendimento possível através
do controle do circuito de MPPT, a potência à carga, uma vez que este circuito atuará
diretamente na linha de potência, fazendo o interfaceamento entre o painel fotovoltaico
e o barramento CC. Para o projeto do conversor de potência, foi utilizado como referên-
cia a topologia do conversor Boost básico, conforme ilustrado na Figura 33 (MOHAN;
UNDELAND, 2007).

Figura 33: Ilustração do diagrama funcional do conversor Boost.

Para o cálculo dos componentes utilizados nesse conversor, foram utilizadas fór-
mulas deduzidas a partir da Equação 5.1, obtidas por meio de análise das características
básicas do conversor através da carga e descarga do indutor, resultando nas Equações
4.1 e 4.3 já apresentadas no Capítulo 4, naquele momento com o objetivo de compor
um conversor simulado no PSIM a fim de comparar os algoritmos de controle P&O e
MIRPMP.

𝐷𝑇 (1 − 𝐷).𝜏
𝑉𝑖𝑛 . + (𝑉𝑖𝑛 − 𝑉𝑜 ). =0 (5.1)
𝐿 𝐿
Utilizando como parâmetros os resultados obtidos no Capítulo 4, fazendo uso de
aproximações para ao valores comerciais dos componentes, o conversor básico utiliza como
elementos passivos fundamentais uma capacitância de entrada C1 = 480 𝜇F e uma indu-
tância L1 = 920 𝜇H, conforme pode ser observado no esquema desenhado no software de
desenvolvimento de placa de circuito impresso EAGLE, na Figura 34.
Após testes preliminares realizados em laboratório do circuito montado em pro-
toboard (matriz de contatos para testes práticos de circuitos eletrônicos) utilizando uma
frequência de chaveamento de 62,5 KHz com diferentes duty cycles, pôde-se constatar
algumas intempéries causadas pelo chaveamento do mosfet FQP30N06L (FAIRCHILD
SEMICONDUCTOR CORPORATION’S, 2013), onde se destaca a quantidade de ruído
gerado no 𝑉𝐷𝑆 (tensão entre drain e source do mosfet), e o aquecimento do capacitor
de entrada, acoplado entre o indutor do circuito e o painel fotovoltaico, no experimento
simulado através de uma fonte de tensão variável de bancada e com carga composta por
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 54

Figura 34: Diagrama esquemático do conversor básico utilizando o software EAGLE.

um banco de resistores de potência. A Figura 35 ilustra os testes realizados no conversor


durante os ajustes dos problemas acima relacionados.

Figura 35: Foto dos testes do circuito conversor de potência realizados em bancada.

Para a redução das frequências harmônicas geradas pela chave de potência foi
aplicado um circuito RC (Resistor – Capacitor) série entre os terminais drain e source
do mosfet como filtro passa baixa, cujos valores foram ajustados na prática a partir de
observações no osciloscópio do sinal de saída padrão e sua FFT (Fast Fourier Transform).
A partir dos primeiros testes práticos notou-se um aquecimento excessivo no capacitor
de entrada (𝐶1) do circuito conversor básico (Figura 34), onde constatou-se, após testes
com diferentes tipos e valores de capacitância, tratar-se da resistência interna do compo-
nente. Para minimizar esse problema, três capacitores foram utilizados em paralelo para
substituir 𝐶1, sendo dois de 220 𝜇F (reduzindo pela metade a resistência equivalente
mantendo a capacitância total) e um cerâmico de 100 nF, que apresenta melhores respos-
tas de funcionamento em frequências mais altas (comparado aos eletrolíticos) conforme
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 55

pode ser observado nos datasheets que retratam as curvas de frequência destes dispositivos
(VISHAY INTERTECHNOLOGY, 2015). O diagrama esquemático do circuito final do
conversor utilizando o software EAGLE está ilustrado na Figura 36.

Figura 36: Diagrama esquemático do conversor final utilizando o software EAGLE.

Ainda no diagrama esquemático da Figura 36 foi adicionado um divisor de tensão


(formado pelos resistores R4 e R5) calculado para prover um sinal de tensão entre 0 e 5
V, a partir da tensão de entrada, e projetado para medir níveis de tensão de até 27,7 V
(acima e próxima da tensão de circuito aberto do painel), conforme mostrado na Equação
5.2. Este sinal de tensão será enviado para o microcontrolador ATmega328, responsável
por gerar o sinal de controle que será inserido no gate do mosfet de potência através do
terminal de entrada 𝑃 𝑊 𝑀 1, que suporta tensões de até 5,5 V. Para proteção do circuito
de controle é utilizado um diodo Zener de 5,3 V, responsável por limitar o nível de tensão
máxima no terminal de entrada do microcontrolador.

(𝑅1 + 𝑅2 ).𝑉𝑜𝑢𝑡 (100𝐾 + 22𝐾).5


= = 27, 7𝑉 (5.2)
𝑅2 22𝐾
Para atestar a capacidade de modulação do circuito de potência, foi realizado um
teste utilizando-se um código embarcado no microcontrolador ATmega328 capaz de gerar
um sinal PWM (Pulse Width Modulation) em uma frequência de 62,5 KHz com o duty
cycle variando entre 5% e 95% da largura de pulso do sinal, que foi aplicado na entrada de
sinal do circuito conversor de potência (𝑃 𝑊 𝑀 1). Os resultados obtidos diretamente da
tela do osciloscópio através de medições na saída do mosfet de potência (entre os terminais
drain e font) para diferentes ciclos de trabalho estão ilustrados na Figura 36.
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 56

Figura 37: Formas de onda da tensão modulada na saída do mosfet de potência em


diferentes ciclos de trabalho.

5.1 Circuito de medição de corrente


Para realizar o controle de máxima potência pelo método proposto neste trabalho,
o MIRPMP, assim como pelo método P&O, é necessário a aferição da potência entregue
pelo painel, desta forma, além da medição de tensão, já obtida através do circuito divisor
que faz parte do diagrama esquemático da Figura 36, existe a necessidade de um circuito
específico para medição de corrente. Para solucionar esse problema, foi adotado o CI
(Circuito Integrado) ACS 712, um sensor de corrente AC (Alternating Current) ou DC
(Direct Current) de efeito Hall usado em aplicações industriais, comerciais e sistemas de
comunicação. Na Tabela 6 é mostrado um resumo das características básicas do ACS712,
obtidas através do datasheet do fabricante (ALLEGRO MICROSYSTEMS, LLC, 2012).

Tabela 6: Características básicas do circuito integrado ACS712.

Característica Faixas e valores


Tempo de resposta na faixa dos 5 𝜇s
Erro total de saída 1,5% em T = 25 ∘ C
Resistência interna 1,2 mΩ
Isolação mínima 2.1 KVRMS
Tensão de alimentação 5,0 V
Valores de medição disponível para 5 A, 20 A e 30 A
Sensibilidade de saída 66 a 185 mV/A

O circuito medidor de corrente foi elaborado a parir da aplicação típica do CI


ACS712, encontrada no seu datasheet, conforme diagrama esquemático elaborado no soft-
ware EAGLE e ilustrado na Figura 38. O modelo de sensor utilizado neste projeto, o
ACS712ELCTR-20A-T, mede correntes de até 20 A com sensibilidade de saída de 100
mV/A no seu pino 7, que está acoplado a uma das entradas analógicas do microcontrola-
dor ATmega328, responsável pelo controle do sistema.
Para a medição da corrente nos testes dos circuitos montados em protoboard rea-
lizados em laboratório foi utilizado o módulo mostrado na Figura 39.
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 57

Figura 38: Diagrama esquemático do circuito medidor de corrente no software EAGLE.

Figura 39: Foto ilustrativa do módulo ACS712 utilizado nos testes realizados em labora-
tório.

5.2 Circuito de controle


O circuito de potência requer um sinal de controle na forma de modulação de
largura de pulso aplicado ao terminal gate do mosfet, que irá reger o tempo que a chave
de potência irá ficar aberta e fechada, controlando assim os níveis de tensão e corrente na
entrada do conversor, mudando desta forma o ponto de operação do painel fotovoltaico
acoplado.
Esse sinal PWM de controle irá ser calculado pelo algoritmo de MPPT a partir
dos valores de tensão e corrente, com a tensão estimada através de um circuito divisor
de tensão (integrado no circuito da Figura 36) e a corrente estimada através de um
sensor de corrente de efeito Hall (através do circuito da Figura 38) fornecidos às entradas
analógicas de um microcontrolador ATmega328, da fabricante Atmel. Pode-se destacar
como principais características deste microcontrolador (ATMEL CORPORATION, 2016):
∙ Arquitetura AVR RISC de 8 bits;
∙ Memória de 32 KB ISP Flash, 1 KB EEPROM e 2 KB SRAM;
∙ 23 portas de entrada e saída (I/O);
∙ 32 registradores de uso geral e 3 contadores (Timers);
∙ Interrupções internas e externas;
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 58

∙ USART programável, porta serial SPI;


∙ 6 canais para conversão A/D de 10 bits;
∙ Timer programável watchdog com oscilador interno;
∙ 5 modos de economia de energia programável;
∙ Tensões de alimentação entre 1,8 V e 5,5 V.
Na Figura 40 é ilustrado o diagrama em blocos do microcontrolador ATmega328
obtido no datasheet do fabricante.

Figura 40: Diagrama em blocos do microcontrolador ATmega328 (ATMEL CORPORA-


TION, 2016).

Para gerar o sinal de clock desse circuito foi utilizado um cristal piezoelétrico de
16 MHz a fim de obter a frequência de 62,5 KHz no PWM, e a tensão de alimentação
escolhida foi de 5 V, evitando assim a necessidade de uso de um drive para excitação do
mosfet do estágio de potência. O diagrama esquemático desenvolvido no software EAGLE
para o modelo ATmega328/P-AU com encapsulamento SMD (Surface-Mount Technology)
é mostrado na Figura 41.
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 59

Figura 41: Diagrama esquemático do circuito controlador no EAGLE.

5.3 Sistema de comunicação


Para acompanhar individualmente os parâmetros de cada painel fotovoltaico, re-
solvendo assim um grande problema da maioria dos dispositivos encontrados hoje no mer-
cado, onde não é possível descobrir, por exemplo, se um painel específico está com alguma
falha de funcionamento, o que influencia na produção de energia de toda a string (uma
vez que é utilizado o mesmo MPP para o conjunto), é proposto, usando o CI ESP8266,
um sistema de comunicação Wi-Fi (Wireless Fidelity).

5.3.1 Microcontrolador ESP8266


O ESP8266 é uma plataforma SoC (System-on-a-Chip) de conectividade inteli-
gente de alto desempenho e integração desenvolvido especialmente para aplicações mó-
veis, de baixo custo e mínima necessidade de espaço. Na Figura 42 é mostrado o diagrama
em blocos deste dispositivo obtido diretamente do datasheet do fabricante (ESPRESSIF
SYSTEMS, 2015).
O ESP8266 integra uma solução completa de comunicação WLAN (Wireless Local
Area Network), com antena, BALUN (balanced-unbalanced lines transformer), amplifica-
dor de potência, amplificador receptor de baixo ruído, filtros e módulo de gerenciamento
de energia. Além de todo módulo front-end com mínima necessidade de componentes ex-
ternos, o ESP8266 possui comunicação via interface SPI/SDIO (Serial Peripheral Inter-
face/Serial Data I/O) ou I2C/UART (Inter-Integrated Circuit/Universal Asynchronous
Receiver Transmitter) através de um o processador de 32 bits série L106 Diamond da
Tensilica, com clock de 80 MHz (podendo chegar a 160 MHz), SRAM on-chip e diversos
GPIOs (General Purpose Input/Output) para interligação de componentes externos. Na
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 60

Figura 42: Diagrama em blocos do ESP8266EX (ESPRESSIF SYSTEMS, 2015).

Tabela 7, obtida através do datasheet do fabricante, consta especificações das caracterís-


ticas básicas do dispositivo (ESPRESSIF SYSTEMS, 2015).

Tabela 7: Especificações básicas do ESP8266.

Categorias Itens Valores


Certificados FCC/CE/TELEC/SRRC
Protocolos Wi-Fi 802.11 b/g/n
Range de frequência 2.4G-2.5G (2400M-2483.5M)
802.11 b: +20 dBm
Parâmetros Potência Tx 802.11 g: +17 dBm
Wi-Fi 802.11 n: +14 dBm
802.11 b: -91 dbm (11 Mbps)
Potência Rx 802.11 g: -75 dbm (54 Mbps)
802.11 n: -72 dbm (MCS7)
PCB Trace, External, IPEX Connector,
Tipos de antenas
Ceramic, Chip
UART/SDIO/SPI/I2C/I2S/
Barramentos IR Remote Control
GPIO/PWM
Parâmetros
Tensão de operação 3,0 V a 3,6 V
de Hardware
Corrente de operação 80 mA
Temperatura de operação -40 ∘ C a 125 ∘ C
Tamanho do dispositivo 5x5 mm
Modo Wi-Fi station/softAP/SoftAP+station
Segurança WPA/WPA2
Parâmetros
Encriptografia WEP/TKIP/AES
de Software
Protocolos de rede IPv4, TCP/UDP/HTTP/FTP
AT Instruction Set, Cloud Server,
Configurações de usuário
Android/iOS App

Neste protótipo foi utilizado o módulo mais simples encontrado atualmente no


mercado com o ESP8266 embarcado, o ESP8266-01. Possuindo dimensões mínimas e com
preço bastante acessível, foi a melhor solução encontrada para manter o dispositivo final
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 61

compacto e praticamente sem aumento de custo. Na Figura 43 tem-se uma foto do módulo
acoplado a um circuito desenvolvido especialmente para sua programação.

Figura 43: Foto do módulo ESP8266-01 acoplado ao seu circuito programador.

Como principal limitação deste módulo está a possibilidade de uso de apenas 4


pinos de GPIOs dos 17 disponíveis no ESP8266EX, onde 2 deles são os próprios pinos
de comunicação RX (receiver) e TX (transmitter). Como neste projeto o ESP8266 não
faz uso de pinos de I/O (Input/Output), a não ser aqueles para se comunicar com o
microcontrolador ATmega328, abordado na Seção 5.2, essa restrição não foi relevante
para a escolha do módulo.
O ESP8266, recebe as informações do ATmega328 via comunicação serial em uma
frequência de 57,6 KHz e seu firmware é responsável por separar os dados de tensão e
corrente instantâneas, codificados pelo microcontrolador de controle através de faixas de
valores, calcular a potência instantânea em W e KW instantâneo e acumulativo (KW dia)
e enviar todos esses dados utilizando a rede Wi-Fi local para o aplicativo Blynk (mais
detalhes sobre o algoritmo, são colocados no APÊNDICE A.2). O diagrama esquemático
da ligação do módulo ESP8266-01 no circuito é ilustrado na Figura 44.
Para alimentação do circuito foi utilizado o regulador de tensão AMS1117 de 3,3
V (AMS1117CD-3.3) e para comunicação TX do ATmega328 para o RX do ESP8266 um
divisor de tensão calculado para limitar a saída originalmente de 5 V para 3,3 V, conforme
mostrado na Figura 41 do circuito controlador.

Figura 44: Diagrama esquemático do circuito acoplador do módulo ESP8266-01 no EA-


GLE.
Capítulo 5. Projeto do Conversor de Potência 62

5.3.2 Aplicativo supervisório


Desenvolvido para ser uma alternativa simples de conectar dispositivos eletrônicos
a uma interface intuitiva, o aplicativo multiplataforma utilizado neste projeto como soft-
ware supervisório para verificação dos parâmetros individuais gerados por cada painel,
que recebe os valores através de uma rede local Wi-Fi por meio do dispositivo ESP8266
(abordado na Seção 5.3.1), é a plataforma Blynk (versão 2.9.3). Com interface editável
e de fácil configuração, que pode ser replicada por meio de compartilhamento através de
um cógido comum ou QR Code (Quick Response Code), e cujos elementos são ligados ao
dispositivo eletrônico por meio de uma chave eletrônica única que é inserida diretamente
no código do dispositivo ao qual irá se comunicar, o Bynk se mostrou uma alternativa de
fácil configuração e uso. Na Figura 45 é ilustrado o layout da aplicação para supervisão
dos parâmetros gerados na plataforma Blynk em sua versão para iOS.

Figura 45: Layout desenvolvido no aplicativo Blynk - versão para iOS.

Nesta tela (Figura 45), são apresentadas informações de nível da porcentagem de


potência (graficamente), valores instantâneos de tensão, corrente e potência, somatório da
potência gerada no dia em KW e gráfico com o histórico do nível de potência gerado. Para
acompanhamento de mais de um painel fotovoltaico é necessário o uso de mais de uma
aba (a quantidade de abas do aplicativo será igual ao número de painéis supervisionados).
Para ampliar a forma com que essas informações são tratadas e se ter acesso a valores
sistêmicos (do conjunto de painéis, por exemplo), se faz necessário o desenvolvimento de
uma aplicação específica, conforme proposto nos trabalhos futuros na Seção 7.1.
63

6 Montagem e Teste do Protótipo

Nos capítulos anteriores foram abordados os projetos do circuito de comunicação


e do conversor, com circuitos de medição, potência e controle, que foram desenvolvidos,
testados e apresentados na forma de circuitos funcionais independentes. Neste capítulo,
por sua vez, serão acoplados todos estes sub sistemas em um circuito completo, com testes
preliminares em protoboard, projeto da PCI (Placa de Circuito Impresso), montagem e
testes finais do protótipo de engenharia. O diagrama esquemático do circuito completo é
ilustrado na Figura 46, elaborado utilizando o software EAGLE.

Figura 46: Diagrama esquemático do circuito completo no software EAGLE.

Neste circuito ainda foram adicionados reguladores de tensão de 5 V e 3,3 V,


com capacidade máxima de corrente de 1,5 A (TEXAS INSTRUMENTS INC., 2003) e
1 A (TEXAS INSTRUMENTS INC., 2003) respectivamente, para o funcionamento dos
diferentes sub circuitos, disponibilidade dos pinos para programação do microcontrola-
dor ATmega328 e bornes para conexão dos cabos de entrada e saída de corrente, onde
serão ligados o painel e o barramento CC. A montagem do circuito em protoboard com
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 64

especificação de alguns dos seus blocos funcionais é ilustrada na Figura 47.

Figura 47: Foto ilustrativa do circuito completo montado em protoboard.

Foi verificado após os primeiros testes práticos, apenas utilizando ciclos de tra-
balhos fixos para medição do valor da tensão de saída do circuito utilizando uma fonte
de tensão controlada de bancada como fonte de potência, a necessidade do uso de um
dissipador térmico, conforme ilustrado na Figura 47, onde o aquecimento do mosfet se
evidencia diretamente proporcional a potência entregue pelo painel (neste teste represen-
tado pela fonte de tensão), sendo as perdas em condução preliminarmente aproximadas
pelo produto da resistência que existe entre os terminais drain e source (RDSon) com o
quadrado da corrente, ponderado de acordo com o ciclo de trabalho (POMILIO, 2009).

6.1 Testes preliminares em protoboard


Nos testes preliminares realizados para constatar o funcionamento básico do cir-
cuito completo através da análise de conversão de potência, foi utilizado o painel fotovol-
taico YGE 95, da fabricante YINGL como fonte e um arranjo resistivo como carga, ambos
abordados em maiores detalhes na Seção 6.3. Para este teste foi empregada a variação do
duty cycle do conversor de potência a fim de se efetuar a medição da potência entregue
pelo painel, e para tal foi utilizado um firmware especialmente desenvolvido para variar
o duty cycle do conversor dentro de uma faixa que vai de 18 até um 𝐷𝑚𝑎𝑥 de 218 (onde
a escala vai de 0 a 256, sendo 0 o sinal todo em nível baixo e 256 todo em nível alto),
representando passos de 0,39% do PWM, chegando a largura de pulso de 85,16% em 65,2
KHz com intervalos de 500 ms por passo, conforme mostrado no algoritmo ilustrado nas
Figuras 57(a) e 58 do APÊNDICE A.1.
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 65

A fim de simular diferentes situações de uso, foram aplicadas duas baterias de


testes compostas por três experimentos cada, sendo a primeira bateria com o painel com-
pletamente exposto as radiações solares, e a segunda simulando um sombreamento de
aproximadamente 1/3 do painel fotovoltaico, ambas simuladas utilizando cenários de me-
nor intensidade de radiação solar, intensidade mediana e intensidade mais forte, com en-
saios realizados no início, metade e final da manhã, respectivamente. Na Tabela 8 tem-se
o resumo dos experimentos realizados.

Tabela 8: Resumo dos testes preliminares realizados em protoboard.

Bateria 1 – Sem Sombreamento Bateria 2 – Com Sombreamento


Teste 1 Irradiação Baixa Irradiação Baixa
Teste 2 Irradiação Mediana Irradiação Mediana
Teste 3 Irradiação Alta Irradiação Alta

Como a intensidade solar varia de maneira não linear no decorrer dos dias e uma
vez que o objetivo dos testes é a verificação prévia do funcionamento do sistema através da
análise de conversão de potência, não foi necessário precisar horários fixos para os testes,
e sim períodos do dia, conforme citado, a fim de obter as formas de onda ilustradas nas
Figuras 48(a), referente aos testes realizado sem sombreamento do painel e 48(b), com
simulação do sombreamento no painel, onde no eixo das abcissas está a variação do duty
cycle e no eixo das ordenadas os valores das potências obtidas em mili Watts (mW).
Os resultados práticos obtidos mostram que a resposta de potência em relação a
variação do duty cycle do conversor tende a uma distribuição normal (ou Gaussiana) (REIS
et al., 1999), onde o pico representa o valor de máxima potência naquele momento e cujas
variações no gráfico refletem as mudanças na intensidade de radiação solar no decorrer do
experimento. Nota-se ainda que o formato das curvas varia muito em relação aos horários
de realização dos testes e especialmente quanto a mudança das características do painel,
conforme mostram os resultados obtidos nas simulações sem e com sombreamento parcial,
nas Figuras 48(a) e 48(b) respectivamente.
Para que fosse possível o armazenamento dos resultados obtidos nos testes para a
geração dos gráficos supracitados, ao invés de usar o módulo ESP8266-01 para obtenção
dos valores no aplicativo mobile via rede de internet WiFi, foi utilizada uma comunicação
entre o ATmega328 e um computador de uso pessoal através de um monitor serial, através
da porta USB (Universal Serial Bus) já disponível no programador do microcontrolador.
Os dados recebidos pelo monitor serial durante os testes foram copiados para uma pla-
nilha eletrônica, onde puderam ser organizados, filtrados e transformados nos gráficos
apresentados, que serviram como comprovação prática da funcionalidade do sistema de
conversão de potência.
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 66

(a) Resultados dos ensaios utilizando o painel sem sombreamento

(b) Resultados dos ensaios simulando o sombreamento de 1/3 do painel

Figura 48: Gráficos ilustrativos da potência em função da variação do duty cycle do


módulo.

6.2 Placa de circuito impresso


O software utilizado para o desenvolvimento do layout da placa de circuito im-
presso (e ilustrar diversos diagramas esquemáticos no decorrer deste trabalho), o Easily
Applicable Graphical Layout Editor (EAGLE) da Autodesk, é um dos principais programas
multiplataforma disponíveis no mercado para este fim, tendo em vista a vasta disponibili-
dade dos modelos dos componentes para esta plataforma pelos próprios fabricantes, além
da facilidade de encontrar aqueles que não estão disponíveis através da comunidade de
usuários (DRUMEA, 2012). Neste projeto foi utilizado a versão 6.6.0 Light Edition para
sistemas Linux.
O layout da PCI foi desenvolvido especialmente para garantir ligações simples
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 67

e eficientes através de trilhas com diferentes espessuras de acordo com o tipo de sinal,
tamanho reduzido e áreas de GND (Ground) ampliadas e especialmente distribuídas para
reduzir os níveis de EMI (Electromagnetic Interference). O resultado final desse layout
é ilustrado na Figura 49, onde tem-se em cor azul a camada inferior e em vermelho a
camada superior da placa dupla face desenvolvida no software EAGLE, ambas com as
linhas de componentes na cor cinza e com pads e vias em verde.

(a) Camada Inferior (b) Camada Superior

Figura 49: Layout da placa de circuito impresso no EAGLE - camada inferior e superior.

Com dimensões de 5,5 cm x 5 cm, a placa de circuito impresso dupla face do dispo-
sitivo nomeado CIPF/MIRPMP/WiFi - Conversor Independente para Painel Fotovoltaico
com Método Incremental de Rastreamento de Ponto de Máxima Potência e comunicação
WiFi (cuja inscrição encontra-se na placa) está ilustrada em sua versão usinada na Figura
50.

Figura 50: Foto da placa de circuito impresso usinada - camada inferior e superior.

Para facilitar a visualização de alguns dos principais componentes do circuito, foi


Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 68

registrado dois estágios diferentes da soldagem das vias e componentes, todas elaboradas
em laboratório utilizando-se uma estação de solda manual de circuitos eletrônicos (esta-
nhadora) após a plicação de verniz incolor próprio para proteção do cobre, resultando nas
Figuras 51(a) e 51(b). Abaixo tem-se as legendas de alguns dos principais componentes
do circuito que foram enumerados nas figuras.

(a) Parte 1 – Placa com parte dos componentes (b) Parte 2 – Placa com todos os componentes

Figura 51: Placa de circuito impresso com indicação dos componentes mais relevantes.

∙ (a) Conector de entrada – Ligado ao Painel;


∙ (b) Conector de saída – Ligado ao Barramento;
∙ (c) CI SMD Regulador de tensão (3,3V);
∙ (d) Conector do módulo de comunicação;
∙ (e) Pinos de programação do ATmega328;
∙ (f) Microcontrolador SMD ATmega328;
∙ (g) CI SMD Sensor de corrente ACS712;
∙ (h) Indutor do conversor de potência;
∙ (i) Módulo de comunicação – ESP8266-01;
∙ (j) Cristal piezoelétrico de 16 MHz;
∙ (k) Mosfet de potência TLP352.
Na Figura 52 tem-se uma foto do módulo CIPF/MIRPMP/WiFi completo, já com
o acoplamento do dissipador térmico e pronto para os testes práticos finais, e no Apêndice
B os custos do protótipo e uma comparação básica com os modelos do mercado.
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 69

Figura 52: Foto ilustrativa do módulo CIPF/MIRPMP/WiFi finalizado.

6.3 Testes práticos finais


Para composição dos testes práticos do protótipo de engenharia do dispositivo foi
utilizado como carga um arranjo resistivo composto por 8 resistores de 150 Ω e 10 W liga-
dos em série, somando assim uma resistência equivalente de 1,2 KΩ e 80 W. Como fonte na
entrada do dispositivo foi utilizado um painel fotovoltaico YGE 95, da fabricante YINGL,
cujas características elétricas no STC estão na Tabela 9, obtidas no datasheet do painel
(YINGLI GREEN ENERGY HOLDING CO. LTD., 2013). Nas Figuras 53(a) e 53(b) são
mostradas fotos ilustrativas do arranjo resistivo e do painel fotovoltaico utilizados nos
experimentos, em sequência.

Tabela 9: Especificações básicas do módulo fotovoltaico YGE 95.

Características elétricas no STC


Potência Máxima 95 W (+/-5%)
Tensão de Máxima Potência 18,18 V
Corrente de Máxima Potência 5,23 A
Tensão de Circuito Aberto 22,5 V
Corrente de Curto Circuito 5,59 A
Tensão Máxima do Sistema 50 V

O conjunto de todos os componentes utilizados, está ilustrado na Figura 54. Além


dos componentes supracitados, alguns itens secundários foram utilizados, como 4 multí-
metros para aferição em loco das tensões e correntes de entrada e saída do dispositivo e
cabos de cobre de seção de 1,5 mm2 para a conexão entre o painel e o protótipo do CIPF.
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 70

(a) Arranjo de resistores – carga (b) Painel Fotovoltaico – fonte

Figura 53: Carga e fonte utilizados nos experimentos práticos do CIPF.

Figura 54: Conjunto dos principais componentes utilizados nos testes práticos do
CIPF/MIRPMP/WiFi.

O dispositivo CIPF foi testado através do uso de dois algoritmos para rastreamento
do MPPT, o primeiro utilizando o método tradicional P&O e o segundo utilizando o
método proposto MIRPMP.
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 71

6.3.1 Teste utilizando o algoritmo P&O


O algoritmo utilizado no sistema de controle, implementado para ser embarcado
no microcontrolador ATmega328 é mostrado na Figura 57 do APÊNDICE A.1, onde o
método de MPPT empregado é o P&O apresentado na Figura 12 na Seção 3.1. Utilizando
as leituras de corrente e tensão através de janelas móveis a cada 500 ms e o valor do duty
cycle através do método P&O com comunicação serial a cada 2 s, os testes foram realizados
dentro do intervalo entre as 9h e 10h da manhã, utilizando como componentes principais
aqueles mostrados na Figura 54.
Em todos os ensaios houve o armazenamento das informações através de um mo-
nitor serial em um computador de uso pessoal, no qual as informações foram copiadas
para uma tabela eletrônica, resultando nos gráficos ilustrados nas Figuras 55(a) e 55(b),
onde no eixo das abcissas tem-se o passo de envio das informações (a cada 2 s) e no eixo
das ordenadas os valores das potências anterior e atual obtidas em mili Watts (mW).

(a) Experimento 1 – P&O

(b) Experimento 2 – P&O

Figura 55: Gráficos ilustrativos da potência anterior e atual na saída do painel fotovoltaico
utilizando o método P&O.
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 72

6.3.2 Teste utilizando o algoritmo MIRPMP


Neste capítulo serão apresentados os resultados da implementação prática que faz
uso do mesmo algoritmo de controle desenvolvido para ser embarcado no microcontrola-
dor ATmega328, Figuras 57(a) e 57(b) que consta no APÊNDICE A.1, diferenciando-se
por utilizar o método de MPPT MIRPMP (abordado com mais detalhes na Seção 3.2
e ilustrado na Figura 13 da mesmo seção). Os dois gráficos com os resultados práticos
obtidos através do uso do método, utilizando os mesmos recursos e procedimentos da
Seção 6.3.1, são apresentados nas Figuras 56(a) e 56(b), onde no eixo das abcissas tem-se
o passo de atualização dos valores (a cada 2 s) e no eixo das ordenadas os resultados das
potências anterior e atual obtidas em mili Watts (mW).

(a) Experimento 1 – MIRPMP

(b) Experimento 2 – MIRPMP

Figura 56: Gráficos ilustrativos da potência anterior e atual na saída do painel fotovoltaico
utilizando o método MIRPMP.

Nos gráficos das Figuras 56(a) e 56(b) pode-se notar uma menor variação em torno
do ponto máximo, bem como a rápida resposta inicial da potência (cuja potência anterior
Capítulo 6. Montagem e Teste do Protótipo 73

nem chega a aparecer nos gráficos, por terem sido plotados com potência mínima igual a
1500 mW a fim de garantir uma melhor visualização dos valores de pico). Sombreamentos
não aconteceram durante estes testes e médias de potência maiores do que aquelas obtidas
nos gráficos da Seção 6.3.1 podem ter correlação direta com a variação da irradiância no
painel, uma vez que nos testes não houve controle desse parâmetro.

6.3.3 Comparação entre os resultados


Em relação ao funcionamento geral do dispositivo, todos os testes apresentaram ní-
veis semelhantes dos parâmetos de funcionamento, tanto físico (níveis de tensão, frequên-
cia e aquecimento, por exemplo) quanto em relação a obtenção dos valores através do
aplicativo mobile via conexão WiFi como no computador pessoal via serial através da
porta USB do circuito programador, cujos dados deste segundo foram utilizados, através
do uso de um software de planilhas eletrônicas, para gerar os gráficos analisados.
Em se tratando das respostas obtidas visualmente através dos gráficos gerados,
cujas escalas são iguais para ambos os métodos, nota-se que nos resultados encontrados
na Seção 6.3.2 a partir do método MIRPMP, o rastreamento das variações inicias são
mais rápidas em comparação com aquelas obtidas através do método P&O, abordadas
na Seção 6.3.1, bem como a variação em regime permanente que é menor em analogia, se
mantendo aparentemente mais estável. Como não foi possível o controle dos parâmetros
de irradiância e temperatura, conforme apresentado nas simulações da Seção 4.2, não se
faz possível uma comparação entre os resultados com precisão científica. Embora seja
possível aferir o funcionamento do sistema para ambos os métodos, testes em ambientes
controlados serão necessário para comprovar a melhor resposta aparentemente evidenci-
ada pelo método proposto, conforme sugerido como trabalho futoro na Seção 7.1. Mais
detalhes em relação a ligação do dispositivo e sobre as características gerais deste, podem
ser encontrados no manual simplificado elaborado e disponível no APÊNDICE C deste
trabalho.
74

7 Conclusões

Estudos que visam aumentar o desempenho dos sistemas atuais das fontes alterna-
tivas de energia é uma necessidade primária para a continuidade do suprimento de energia
elétrica em um futuro muito próximo, sendo a fonte fotovoltaica a que possui maior pers-
pectiva de crescimento. Apresentando uma contribuição ao popular método de controle
de máxima potência P&O, o método proposto (MIRPMP) utiliza os mesmos parâmetros
e estrutura, apresentando vantagens com relação ao primeiro quanto aos resultados de
rastreamento. Simulações foram efetuadas para comparar os métodos, com um conversor
Boost ligado entre o painel fotovoltaico utilizando diferentes variações de irradiâncias e
temperaturas e um barramento CC. Respostas obtidas através de simulações mostraram
um ganho de desempenho da contribuição proposta de mais de 7,5% em comparação com
o método tradicional, provando a efetividade do novo algoritmo e colaborando assim com
o desenvolvimento tecnológico no cenário de energias renováveis.
Em relação ao desenvolvimento prático, inicialmente desenvolvido em partes fun-
cionais testadas individualmente, o protótipo nomeado CIPF/MIRPMP/WiFi, composto
por um conversor de potência, sistema de controle, medição e comunicação Wi-Fi, foi
elaborado para ser uma alternativa de baixo custo a ser adicionada nos sistemas fotovol-
taicos atuais para aumentar seu rendimento. Os primeiros testes do protótipo (ainda em
protoboard) comprovaram experimentalmente a funcionalidade dos circuitos através da
varredura do duty cycle do conversor a partir de um algoritmo de controle especialmente
desenvolvido para este fim. Após a soldagem das vias e componentes na placa de circuito
impresso do protótipo de engenharia, desenvolvido objetivando dimensões reduzidas, efi-
ciência nas ligações, redução de EMI e equipotencialidade do ground, foram efetuados
os experimentos finais, que comprovaram o funcionamento do protótipo a partir de re-
sultados satisfatórios obtidos com os algoritmos P&O e MIRPMP. Com baixo custo de
implementação, mais testes de eficiência são necessários para comprovar a possibilidade
real deste protótipo se tornar um produto economicamente viável, sendo este trabalho um
esforço para somar uma pequena contribuição no cenário nacional de desenvolvimento de
tecnologias embarcadas na área de geração de energia elétrica alternativa e renovável a
partir de painéis fotovoltaicos.

7.1 Trabalhos futuros


Para continuidade do trabalho, são elencados alguns pontos que podem gerar con-
tribuições de caráter científico e de engenharia interessantes para o aprimoramento do
projeto, conforme listado abaixo.
Capítulo 7. Conclusões 75

∙ Desenvolvimento de aplicativo específico para supervisão dos painéis, para ga-


rantir maior flexibilidade de se trabalhar com os dados e permitir o armazenamento em
nuvem;
∙ Montagem do circuito utilizando todos os componentes em encapsulamentos
SMD (quando possível), vislumbrando redução das dimensões da placa e de custos;
∙ Efetuar testes com parâmetros como irradiância e temperatura controlados, para
melhor comparação de desempenho entre diferentes métodos de MPPT;
∙ Teste de utilização de novas topologias de conversores e adaptação do dispositivos
para diferentes fontes geradoras.
76

Referências

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APÊNDICE A – Algoritmos Utilizados

Neste apêndice são apresentados os algoritmos utilizados nos dois microcontrola-


dores presentes no dispositivo, o ATmega328 (para controle) e o ESP8266 (para comuni-
cação).

A.1 Algoritmo do ATmega328


O algoritmo do microcontrolador principal do dispositivo, o ATmega328, respon-
sável por medir os valores de tensão e corrente da placa, calcular e enviar dados ao micro-
controlador ESP8266 e gerar a modulação de largura de pulso que controla o conversor
de potência, sendo dividido em duas interrupções de timer, uma a cada 500 ms, cujo
algoritmo está ilustrado na Figura 57(a) e uma a cada 2 s, conforme ilustrado na Figura
57(b). Na função principal (fora das interrupções) o microcontrolador fica em estado de
espera (stand by).
Na Seção 3.2 são apresentados mais detalhes sobre os métodos de controle de
máxima potência utilizados e na Seção 5.2 as particularidades sobre o microcontrolador
ATmega328.
APÊNDICE A. Algoritmos Utilizados 79

(a) Interrupção de 500 ms

(b) Interrupção de 2 s

Figura 57: Figura ilustrativa dos algoritmos utilizados no microcontrolador ATmega328.


APÊNDICE A. Algoritmos Utilizados 80

Na Seção 6.1 foi utilizado o algoritmo ilustrado no diagrama da Figura 58, capaz
de fazer uma varredura do duty cycle variando até 𝐷𝑚𝑎𝑥 e enviar os dados de tensão e
corrente via serial para um computador pessoal. Além da interrupção de timer a cada 2
s (2000 ms), o algoritmo supracitado também possui a mesma estrutura de aquisição de
dados a cada 500 ms mostrado na Figura 57(a).

Figura 58: Figura ilustrativa do algoritmo utilizado no microcontrolador ATmega328 para


variação do duty cycle.

A.2 Algoritmo do ESP8266


O algoritmo do microcontrolador encarregado de garantir a comunicação sem fio
do dispositivo, o ESP8266, após efetivar comunicação com a rede WiFi e o aplicativo
Blynk, recebe um caractere por vez do ATmega328 (inicialmente em código ASCII (Ame-
rican Standard Code for Information Interchange), transforma em algarismos numéricos,
concatena em valores e calcula as potências que serão enviadas ao aplicativo, conforme
ilustrado no algoritmo da Figura 59(a). Em paralelo, através de interrupção de timer con-
figurado para 2 s, é feito um somatório para cálculo da potência em KW/dia, ilustrado
na Figura 59(b).
Mais detalhes sobre o sistema de comunicação é mostrado na Seção 5.3.
APÊNDICE A. Algoritmos Utilizados 81

(a) Função Principal

(b) Interrupção de 2 s

Figura 59: Figura ilustrativa dos algoritmos utilizados no microcontrolador ESP8266.


82

APÊNDICE B – Custos do Protótipo

Uma pesquisa realizada pelo autor em junho de 2017 em site de varejo nacional
onde efetuou-se a busca de inversores para uso em aplicações fotovoltaicas On Grid Tie
(conectados na rede), com dispositivos pesquisados de dois tipos, sendo o primeiro sem
sistema de comunicação e o segundo com sistema de comunicação, resultou nos dados
apresentados na Tabela 10, todos com potência efetiva de 1000 W e forma de onda de
saída senoidal pura.
Ainda nessa pequisa, verificou-se que inversores que possuem ondas de saída se-
noidal por aproximação, que são mais simples e geram maiores índices de ruído na rede,
possuem um custo cerca de 20% menor, e sistemas Off Grid (desconectados da rede) um
custo aproximadamente 50% menor.

Tabela 10: Pesquisa de preço de inverosres encontrados no mercado

Níveis de Tensão (V) Acompanhamento dos


Modelo Preço
Entrada Saída Parâmetros Gerados
Solar Grid Tie Micro
10.5 - 28 90 - 140 Não há R$ 1.248,00
Inverter GTI
Grid Tie Inverter RoHS 20 - 50 190 - 260 Não há R$ 1.250,00
Conexão RS485 com
Inversor Ecolsolys 1000 W 45 - 180 220 R$ 2.636,00
software para PC
Conexão RS485 com
Inversor Ecolsolys 1000 W 45 - 180 220 R$ 2.799,00
software para PC

Ainda na Tabela 11, nota-se que inversores com sistema de comunicação possuem
um custo de aproximadamente o dobro daqueles com estrutura de potência semelhante
sem comunicação, sendo um acrécimo médio de R$ 1.468,50 para os modelos pesquisados.
Na Tabela 11 tem-se os valores pelos quais foram comprados os principais compo-
nentes utilizados no protótipo (adquiridos no decorrer do ano de 2016), todos com seus
custos apresentados em dólar, por se tratar de componentes importados.
APÊNDICE B. Custos do Protótipo 83

Tabela 11: Custo dos principais componentes do protótipo

Componentes Principais Custo (US$)


Microcontrolador ATMEGA328P-AU 1,150
Módulo ESP8266-01 2,890
Indutor 10 A, 2 mH 1,400
Mosfet FQP30N06 0,372
Cristal 16 MHz (HC49S) 0,105
Módulo ACS712 20 A 1,420
Regulador AMS1117 3,3V 0,040
Regulador LM7805 0,114

Fazendo-se o somatório do custo desses componentes e utilizando-se o valor do


dólar comercial de R$ 3,34 (julho de 2017), chegamos ao valor de R$ 24,79. Colocando-se
um acréscimo de 50% desse valor como boa estimativa do custo dos demais componentes e
da prototipagem da placa de circuito impresso, tem-se o custo total estimado do protótipo
igual a R$ 24,79.
Desconsiderando os aumentos dos custo relacionados as taxas de importação, pro-
dução e transporte, bem como a redução desses mesmos custos causados pela produção
em maior escala de um produto, utilizando apenas o custo aproximado do protótipo, junto
aos valores médios pesquisados e apresentados na Tabela 10, tería-mos, em um sistema de
1000 Wp, composto por 4 painéis 250 Wp um custo médio de R$ 1.397,76 em detrimento
de R$ 2.717,50 dos sistemas atuais, o que seria uma redução de aproximadamente 50% nos
custos do sistema de conversão de energia, além de um possível incremento de produção
e acompanhamento individual da geração dos painéis.
84

APÊNDICE C – Manual Básico

Como parte obrigatória do projeto está a criação de um manual básico de uso do


dispositivo. Este manual simplificado possui 5 páginas ilustradas e consta a seguir.
Manual Básico -
CIPF/MIRPMP/WiFi

Conversor Individual para Painel Fotovoltaico com Método


de Rastreamento de Máxima Potência e comunicação WiFi

Versão 1.1
A Características Básicas

Tensão máxima de saída de 250 V;


Tensão máxima de entrada de 47 V;
Corrente máxima de operação de 10 A;
Sobrecorrente máxima de pico de 32 A
Frequência de clock de 16 MHz;
Frequência de chaveamento de 62,5 KHz;

O dispositivo possui dois bornes de entrada e dois de saída,


que devem ser ligados ao painel e a carga ou barramento.

Acima uma ilustração representando o local onde cada CIPF


estará ligado em um sistema que possua mais de um painel.

2
B Entradas e Saídas da Placa

Abaixo o detalhamento das ligações do painel e do


barramento CC (ou carga) com a indicação do encaixe do
módulo de comunicação e dos pinos de programação.

A programação do CIPF deverá ser feita


utilizando um programador do
ATmega328 com o firmware padrão
para o qual o dispositivo está projetado.

A alimentação do CIPF se dá através do painel fotovoltaico


acoplado, não necessitando do uso de fontes externas.

O desacoplamento do módulo de 3
comunicação desabilita o envio dos
dados mas não interfere no
funcionamento do restante do sistema.

3
C Dimensões e link do Aplicativo

Abaixo as dimensões do CIPF (Placa - P e Dissipador - D).

Cota Comprimento
P1 55 mm
P2 50 mm
P3 25 mm
D1 60 mm
D2 60 mm
D3 25 mm

Para acompanhar os valores gerados, deverá ser feito o


download do aplicativo mobile Blynk, disponível abaixo.

Android iOS
Para o uso do aplicativo, após a
instalação, deverá ser inserido o token:

“51efd576a0594d4ea6a1bdb82343d579”

4
D Aplicativo e Informações Finais

O aplicativo (com inserção do token)


exibirá os valores conforme abaixo:
• A - Nível de potência em %;
• B - Tensão instantânea (V);
• C - Corrente instantânea (A);
• D - Potência instantânea (W);
• E - Potência total/dia (KW);
• F - Histórico da potência (W/h).

A potência máxima (A) default é de 400


W, podendo ser editada no aplicativo.

O CIPF deverá ser instalado em um local protegido contra


umidade, efeitos climáticos e que permita troca de calor.

Para baixar a última versão


Manual Básico v1.1 – CIFP/MIRPMP/WiFi
desse manual, acesse o link:
Brasil, 06/2017. ALBUQUERQUE, L. D.
http://migre.me/wI18y

Nota: Este manual básico não possui qualquer caráter comercial, sendo um anexo do projeto de Mestrado
Profissional em Energia Elétrica (MPEE) intitulado “SISTEMA DE CONEXÃO E SUPERVISÃO DE
PAINÉIS SOLARES EM MICROGRID DE CORRENTE CONTÍNUA” e produzido em parceria da UFRN
– Universidade Federal do Rio Grande do Norte com o IFRN - Instituto Federal de Educação, Ciência e
5
Tecnologia do Rio Grande do Norte, com o registro de propriedade intelectual do software MIRPMP.

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