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CHUVEIRO
Resumo:
Este projeto foi elaborado durante a disciplina Tendências da Educação Matemática IV do curso de Licenciatura
de Ciências Naturais e Matemática com Habilitação em Matemática UFMT-Sinop. O objetivo geral foi trabalhar
na perspectiva da Modelagem Matemática por meio da quantidade de água desperdiçada em um vazamento de
chuveiro. A metodologia utilizada foi a Modelagem Matemática com múltiplos olhares. A problemática principal
se configurou sobre o desejo de descobrir qual a quantidade em metros cúbicos de água um vazamento de
chuveiro consome mensalmente. Contudo, durante o percurso outros problemas se configuraram, como,
descobrir qual o valor cobrado a mais pelo desperdiço de água e disto surgiu à necessidade de apresentar uma
função matemática para a tabela de tarifas fornecida pela empresa responsável ao abastecimento de água,
considerando que a mesma não possuía uma equação matemática para tal finalidade. Posteriormente a coleta de
dados, cronometragem, esboçar gráficos, descrever algebricamente funções e desenvolver vários cálculos
matemáticos, constatou-se que o vazamento de água de um determinado chuveiro consome 934,560 m³/mês e
como a consumidora pagava taxa mínima não quitava o valor referente ao desperdício de água, após esta
pesquisa, a mesma comprou um chuveiro novo. Concluiu-se que um pequeno vazamento pode causar um grande
desperdício e ainda atestamos a importância da Modelagem Matemática para a resolução de problemas no dia a
dia, como metodologia que abrange múltiplos olhares na formação inicial.
Palavras-chave: Modelagem Matemática. Vazamento de água. Formação Inicial.
1 Introdução
Existe uma relativa distância entre a maneira que o ensino tradicional enfoca
problemas de outras áreas e a Modelagem, pois são atividades de natureza diferente,
o que nos leva a pensar que a transição em relação à Modelagem não é algo tão
simples. Envolve o abandono de posturas e conhecimentos oferecidos pela
socialização docente e discente e a adoção de outros. Do ponto de vista curricular,
não é de se esperar que esta mudança ocorra instantaneamente a partir da percepção
da plausibilidade da Modelagem no ensino, sob pena de ser abortada no processo.
O trabalho com Modelagem Matemática para fins educacionais permite trabalhar sobre
uma perspectiva de múltiplos olhares. Neste projeto vislumbramos a própria Modelagem, a
Resolução de Problemas, o uso de Software e a Educação Crítica ainda foi possível estudar
funções, Educação Ambiental, Educação Financeira entre outros.
Encontramos várias interpretações sobre a Modelagem Matemática, neste vasto campo
de definições consideramos relevantes as contribuições de Bassanezi (2002) que ratifica: “a
modelagem matemática consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas
matemáticos e resolvê-los, interpretando suas soluções na linguagem do mundo real” (p. 16).
E D’Ambrósio, considera que “a modelagem é um processo muito rico de encarar situações
reais, e culmina com a solução efetiva do problema real e não com uma simples resolução
formal de um problema artificial” (1986, p.11).
Para Barbosa (2002, p. 6) a modelagem é um ambiente de aprendizagem no qual os
alunos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da Matemática, situações oriundas
de outras áreas do conhecimento. Se tomarmos modelagem de um ponto de vista sócio crítico,
a indagação ultrapassa a formulação ou compreensão de um problema, integrando os
conhecimentos de matemática, de modelagem e reflexivo.
O desafio em enxergar a Matemática no cotidiano existente e matematizar um problema
por mais simples que pareça ser é algo satisfatório, conseguir a realização de um feito é o que
motiva a pensar como educador matemático. Neste sentido, temos uma educação que produza
significados não apenas para o professor, mas também aos educandos. De acordo com
Fiorentini (1995, p.32) nesta perspectiva:
Neste sentido a proposta foi para além do desejo em construir um modelo matemático
para resolução de um problema social. Tanto que envolvemos o uso de tecnologias por meio
do software GeoGebra, conforme a descrição do Instituto GeoGebra no Rio de Janeiro, que
faz parte do IGI (International GeoGebra Institutes), o GeoGebra foi:
Por meio do GeoGebra, foi possível elaborar a representação gráfica conforme os dados
coletados, explorando aspectos como conceitos referentes a função linear, função por partes,
função contínua, função crescente bem com domínio e imagem de funções. É importante
destacar que outros conceitos podem ser explorados, contudo nosso contexto nos permitiu
focar prioritariamente estes citados acima.
Aritmética é uma parte da matemática, mas a maior parte da matemática não trata de
aritmética (...) na realidade as partes mais avançadas da matemática pouco têm a ver
com aritmética ou com o cálculo numérico, ou até mesmo com os números, em
absoluto, quando estes são usados no seu sentido usual (2005, p. 22-23).
[...] a Matemática não é um esporte para espectadores: não pode ser apreciada e
aprendida sem participação ativa, de modo que o princípio da aprendizagem ativa é
particularmente importante para nós, matemáticos professores, tanto mais se tivermos
como objetivo principal, ou como um dos objetivos mais importantes, ensinar
crianças a pensar (POLYA, 1985, p. 13).
3 O percurso metodológico
Com os dados do vazamento de água em tempo (h) descrito por x e litros (ml)
representando pela função afim f(x)=1298x, temos possibilidade de obter a quantidade de
água desperdiçada em função do tempo, plotamos no Geogrebra (Gráfico 1) a representação
gráfica desta função. Observamos que este vazamento em um mês consome quase 1000 m3
litros de águas, ou seja, 1000 m3 litros de água tratada indo direto para o ralo.
Durante a aula ocorreu uma intensa discussão sobre os conceitos que podem ser
trabalhados a partir deste gráfico, como função crescente e decrescente, continuidade, função
afim e linear.
Depois da discussão e apresentação dos dados, alguns colegas nos indagaram quanto ao
valor que a acadêmica pagava por este desperdício, assim saímos daquela aula com outra
problemática.
Nosso próximo passo foi procurar a empresa responsável pelo abastecimento de água da
cidade. Segundo a Concorrência nº 002/2014, concessão do sistema de abastecimento de água
e esgotamento sanitário a tabela de tarifas e tabela dos serviços públicos ocorre da seguinte
forma (Tabela 2). A tabela traz uma variação de dados em relação aos modos de cobrança
com distinção entre residencial social (voltado aos programas de governo de baixa renda),
residencial (casa comum), comercial e pública.
Assim além de identificarmos o valor para a quantidade de água que foi desperdiçado,
nos deparamos com outra problemática, procurar elaborar uma fórmula matemática para
calcular a conta de água através de um modelo algébrico, já que como pode ser visto na
Tabela 2, a empresa SAAES, não possuía uma fórmula matemática específica para cobrança
de água.
No intervalo de zero a dez temos o mínimo que todo consumidor ou residência que
possui instalações de água pagará, ou seja, esta é a tarifa mínima de água é 1,968 x 10 = 19,68
reais por mês. Podemos definir um simples modelo de cobrança para um morador de alguma
casa residencial que gaste até 30 m³ por mês f(x)= 1,968*10+2,795*10+4,684*10 , isto é,
f(30)= 19,68+27,95+46,84 = 94,47, isso se o consumidor usar até 30 m³ por mês, então o
valor cobrado seria de R$ 94,47. Lembrando que os valores citados são referentes à categoria
social-residencial.
Para que pudéssemos chegar a uma fórmula algébrica do modelo de cobrança para a
conta de água, foi necessário o envolvimento não só dos acadêmicos que realizavam o
trabalho, mas de todos os alunos que cursam a disciplina Tendências da Educação Matemática
IV, além da professora que também participou das discussões para que juntos conseguíssemos
chegar ao resultado almejado.
Primeiro foi necessário a interpretação da Tabela 2 para que pudéssemos seguir no
problema. Após saber o que ela nos dizia, trouxemos para sala um valor real gasto na conta de
água e como se chegou aquele valor.
Depois de vários debates e alguns de nós pegarmos o pincel para ir ao quadro tentar
escrever alguma fórmula matemática para a tabela de cobrança, na sequencia de erros e
tentativas chegamos nos seguintes resultados, que devem seguir as regras, para que possa ser
realizado a cobrança de maneira igual ao SAAES, com um modelo matematizado, como pode
ser visto a seguir:
19,86 𝑠𝑒 𝑥 ≤ 10
2,795(𝑥 − 10) + 19,68 𝑠𝑒 10˂ 𝑥 ≤ 20
𝑓(𝑥) = {
4,68(𝑥 − 20) + 47,60 𝑠𝑒 20˂ 𝑥 ≤ 30
5,685(𝑥 − 30) + 94,44 𝑠𝑒 𝑥˃30
Assim temos a seguinte descrição:
1,968 – Valor cobrado por m³ até os primeiros 10 m³, ou seja, taxa mínima;
2,7965 – Valor cobrado por m³ a partir do 11 m³ de água ao 20 m³;
4,684 – Valor cobrado por m³ a partir do 21 m³ de água ao 30 m³;
5,865 – Valor cobrado por m³ acima de 30 m³.
Em relação ao valor pago por este vazamento, como a acadêmica, consome menos de
10000 m3, ela se enquadra na taxa mínima, de modo que não paga os 1000 m3 referente ao
vazamento.
Esse modelo que a turma conseguiu encontrar foi satisfatório ao que buscávamos e a
dinâmica onde todos participaram e colaboraram impulsionou os demais projetos que estavam
sendo desenvolvidos por outros colegas na mesma disciplina, embora em ramificações
diferentes, pois cada discente escolhia seu próprio tema e objeto de estudo, contudo todos os
trabalhos embasados na Modelagem Matemática.
4 Considerações
5 Referências
DEVLIN, Keith. O gene da Matemática: O talento para lidar com números e a evolução do
pensamento matemático. Tradução de Sérgio Moraes Rego. Rio de Janeiro: Record, 2005.
LOPES, Ana Vieira et al. Actividades Matemáticas na sala de aula. Lisboa, Texto Editores,
2005.
SILVEIRA, Jean Carlos; RIBAS, João Luiz Domingues. Discussões Sobre Modelagem
Matemática e o Ensino-Aprendizagem. Graduando Universidade estadual de Ponta Grossa.
2014. Disponível em < https://www.somatematica.com.br/artigos/a8/ >. Acessado em
27/11/2017.