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Chaves para o Estudo da Palavra

A. T. Pierson
Traduzido da versão em inglês: Keys to the Word, or Help to
Bible Study
Copyright © 1887 por Anson D. F. Randolph & Company,
New York

Primeira Edição: Edições Tesouro Aberto, 1997

Todos os direitos reservados no Brasil por


Edições Tesouro Aberto
Belo Horizonte, MG
Email: eta@tesouroaberto.com.br
www.tesouroaberto.com.br
É proibida a reprodução total ou parcial por qualquer meio
sem a permissão por escrito dos editores
Capa: Kleber Faria

Exceto onde indicado, todas as citações das Escrituras são da


tradução de João Ferreira de Almeida edição Revista e
Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
Notas de rodapé são indicadas entre colchetes [.] e com fonte
menor.
A
Edward North, L.H.D.
Professor da língua e literatura grega
Hamilton College,

quem, com a cultura de um erudito ateniense,


combina a consagração de
um mestre cristão,
e
cujo entusiasmo contagiante pela língua grega e reverência
simples pelas
Sagradas Escrituras, primeiramente inspirou no autor o desejo
ea
determinação de ler a Palavra de Deus no original,

dedico grata e afetuosamente esta humilde tentativa de


abrir algumas de suas belezas ocultas.
Sumário
Introdução: As Leis do Estudo Bíblico

Gênesis

Êxodo

Levítico

Números

Deuteronômio

Josué

Juízes

Rute

1 e 2 Samuel

1 e 2 Reis

1 e 2 Crônicas

Esdras e Neemias

Ester
Livros Poéticos

Salmos

Provébios

Eclesiastes

Cantares

Os Profetas

Isaías

Jeremias

Lamentações

Ezequiel

Daniel

Os Profetas Menores

Oseias

Joel

Amós
Obadias

Jonas

Miqueias

Naum

Habacuque

Sofonias

Ageu

Zacarias

Malaquias

O Novo Testamento

Os Quatro Evangelhos

Mateus

Marcos

Lucas

João

Atos
As Epístolas

Romanos

1 Coríntios

2 Coríntios

Gálatas

Efésios

Filipenses

Colossenses

1 e 2 Tessalonicenses

1 e 2 Timóteo

Tito

Filemom

Hebreus

Tiago

1 e 2 Pedro

1 João
2 João

3 João

Judas

Apocalipse
Introdução: As Leis do Estudo Bíblico
Há um princípio na escolha de métodos adequados ao Estudo
da Bíblia que deve ser considerado desde o início deste livro.
A própria Bíblia fornece instruções enfáticas para seu correto
exame. Primeiramente, devemos lembrar de que, sendo o
Livro de Deus, para uma leitura verdadeiramente proveitosa, é
necessário ter uma mente iluminada pelo mesmo Espírito que
inspirou o texto. Göethe disse que antes que um leitor reclame
da obscuridade em um autor ele deveria examinar se ele
mesmo é “claro interiormente; pois ao anoitecer, até escritos
claros são ilegíveis”. “Ora, o homem natural não aceita as
coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não
pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente”.
Nenhuma quantidade de luz sobre as páginas compensará um
olho cego. “Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas,
que grandes trevas serão!” A Bíblia deve ser aberta com a
oração, “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as
maravilhas da tua lei.”
Isto deve ser enfatizado logo no princípio. Nenhum homem
pode ter discernimento espiritual na Palavra de Deus sem a
influência do Espírito iluminador. Os comentaristas mais
capazes têm sido os mais fiéis. Bengel, autor de “The
Gnomon”, banhou seus estudos em lágrimas e os santificou
com orações. A não ser que seja ensinada pelo Espírito Santo,
a Bíblia será um livro selado mesmo para uma pessoa
instruída.
Assumindo-se isso, três regras diretas são encontradas na
Palavra de Deus para um estudo bem sucedido: examine,
medite e compare.
1. Examine (Jo 5:39)
Existem muitas formas de leitura descuidada e desatenta.
Coleridge classificou leitores em quatro classes. A primeira
classe foi comparada a “uma ampulheta; sendo a sua leitura
como a areia, que atravessa de um lado para outro sem deixar
qualquer vestígio atrás de si. A segunda classe assemelha-se a
uma esponja que embebe todas as coisas e as devolve
praticamente da mesma maneira. A terceira classe é como um
coador, que deixa passar tudo que é puro e retém apenas o
refugo e sedimentos. A quarta classe, como o escravo de
Golconda, deixa de lado tudo que é sem valor, conservando
apenas as puras pedras preciosas”. Ou talvez devêssemos
comparar a quarta classe com uma bateia usada para reter o
metal puro enquanto a escória é rejeitada. A única leitura
proveitosa da

Palavra de Deus é uma leitura minuciosa. [Apesar


das figuras utilizadas, o autor em nenhum momento sugere
que a Bíblia contenha

tanto “metal puro e pedras preciosas” como “escória e coisas


sem valor”. O

ponto enfatizado pelo autor é a necessidade de uma leitura


minuciosa e atenta da Bíbila, que é a Palavra de
Deus. (N.E.).] A palavra
traduzida por “ examinai”em Jo 5:39 é enfática e
intensa: ela significa literalmente “olhar
cuidadosamente”, como um animal selvagem
examina a areia para encontrar as pegadas de
um filhote
perdido. A Bíblia é cheia de tesouros escondidos a serem
procurados como o negociante que procurava pérolas de
grande valor. Eles não são revelados a leitores

indiferentes e superficiais.

A verdadeira beleza de uma passagem das Escrituras não se


encontra na superfície, nem se revela ao

olhar descuidado. Um fragmento de espato, a princípio sem


brilho e

desinteressaste, ao ser girado na mão e atingido por um feixe


de luz revela diversas cores e um brilho maravilhoso. Um
fragmento das Escrituras que parece monótono e morto para
um leitor superficial, nas mãos de um estudante devoto torna-
se maravilhoso e belo. Ele o vira e revira, inspeciona-o sob
todos os ângulos, até que a luz de Deus o penetre, fazendo
reluzir a beleza dos atributos divinos.
Miguel Ângelo, examinando o trabalho de um de seus
estudantes, pegou seu lápis e escreveu nele uma palavra–
“amplius”– ampliar. Aquela palavra precisa
ser escrita sobre todos os nossos estudos das
Escrituras.
2. Medite (Sl 1:2)
O processo de reflexão em atitude de oração – pensamento
prolongado e concentrado – é o segredo para o verdadeiro
conhecimento da Palavra. Deve haver um processo de
inspiração, inundação, transfusão de todo nosso ser com a
Palavra divina, e isso consiste em meditação piedosa. Todo
nosso ser deve estar imerso nas Escrituras até que ela penetre
e permeie a totalidade de nossa vida; até que a mente seja
saturada com pensamentos santos, o coração com
sentimentos santos, a memória com associações santas. Isso
nos capacita a vencer o mal com o bem.
Dr. Chalmers, viajando em uma diligência ao lado do
condutor, disse: “John, porque você estalo o chicote no cavalo
guia?” O condutor respondeu: “há uma rocha branca, a qual
esse cavalo teme. Com o estalo do chicote e a dor em suas
patas quero distraí-lo desse temor”. Dr. Chalmers foi para
casa, trabalhou na ideia e escreveu O Poder Expulsivo de uma
Nova Afeição. [Thomas Chalmers (1780-1847) foi um pastor e teólogo
escocês. Provavelmente sua obra mais conhecida é o sermão The Expulsive Power
of a New Affection (N.E.).]
Grande é o poder expansivo e expulsivo da Palavra de Deus
quando ela habita na alma. Absorção mental é a verdadeira lei
de possessão e conquista. Na mente permeada com a própria
Verdade de Deus não há lugar para pensamentos baixos e,
especialmente, corrompidos. A tentação não acha lugar em
um coração cativado pelas coisas divinas. A meditação na
Palavra de Deus produz aquela mente espiritual que é
exatamente o oposto da mente carnal e o segredo da vida e
paz.
3. Compare (1 Co 2:13)
Dr. A. J. Gordon [Adoniram Judson Gordon (1836-1895) foi um pregador e
escritor americano. Dentre seus livros encontra-se: O Ministério do Espírito,
Editora dos Clássicos, São Paulo, assemelha os
2011. (N.E.).]
ensinamentos da Escritura a um quebra-cabeças cujas peças
estão espalhadas por toda a Palavra, precisando ser colocadas
juntas, lado a lado, ajustadas e unidas, para que possam
apresentar uma única e completa visão da verdade. Ao aplicar
esse método, o estudante cuidadoso alcançará, não apenas a
mais elevada satisfação, mas também o mais alto proveito.
Quase toda heresia pode parecer contar com a aparente
aprovação de textos isolados das Escrituras e, assim, “até
mesmo o diabo pode citar as Escrituras para seus intentos”,
mas quando as coisas espirituais são comparadas com as
espirituais elas se completam, sustentando-se e ilustrando-se
mutuamente.
Tome, por exemplo, a “vida eterna” como exposta no
Evangelho segundo João. Comece com a primeira menção de
vida no quarto versículo do primeiro capítulo, e siga o
progrsso e o desenvolvimento desse grande pensamento e
tema até chegar ao vigésimo capítulo, versículo trinta e um,
onde todos os ensinamentos desse sublime evangelho estão
resumidos em uma sentença. Serão descobertas, a cada
estágio, novos e belos aspectos da verdade completa. Lembre-
se da história de Miguel Ângelo e do “cupido adormecido”,
cujos vários membros haviam sido separados e enterrados,
mas, posteriormente, depois de restaurados, vieram a formar a
bela estátua.
Esses são os princípios gerais sobre os quais a Palavra de
Deus aconselha o leitor sincero a prosseguir seu estudo.
Além desses três, há alguns métodos óbvios para manusear
de forma bem sucedida o conteúdo da Bíblia que devem ser
observados cuidadosamente. [C. Chen, Dá-me Entendimento, Edições
Tesouro Aberto, Belo Horizonte, 2010. (N.E.).]
Entre todos eles, nenhum é mais importante do que
descobrir o propósito exato e finalidade de cada livro. Saber
quem o escreveu, onde e quando foi escrito, em que
circunstâncias e para qual finalidade é como lançar uma
torrente de luz sobre cada capítulo e versículo. Portanto, o
bispo Percy disse que “entender o propósito específico de
cada livro é o melhor comentário, e isso torna qualquer outro
desnecessário”. É comparável ao auxílio que um mapa
fornece ao viajante.
Tendo encontrando o significado de cada livro como um
todo, estamos preparados para examinar cada detalhe,
examinar cada versículo e determinar sua relação com o
grande propósito geral para o qual o livro foi escrito e as
circunstâncias nas quais foi composto. Saber que Paulo
escreveu em Éfeso a primeira epístola aos Coríntios pode
ajudar a entender aquele terceiro capítulo, onde ouro, prata e
pedras preciosas da grande celebridade de Diana são
contrastadas com madeira, feno e palha das choupanas do
pobre desprezível. Na Epístola aos Hebreus esperamos
encontrar muitas referências às maneiras, aos costumes, aos
ritos e às cerimônias hebraicas; e algumas coisas nele que
poderiam ser pedras de tropeço aos leitores gentios, tornam-se
marcos para os crentes hebreus.
Não devemos esquecer que cada passo no estudo da Bíblia
deve ser seguido de forma inteligente. Não devemos ir mais
rápido ou além do que compreendemos. “Entendes tu o que
lês?” Da mesma maneira que na alimentação, o que determina
o valor nutritivo não é a quantidade ou mesmo a qualidade da
comida mas sim o nosso poder e capacidade de apropriar e
assimilar. Assim também o proveito do estudo da Bíblia não
depende do quanto lemos, mas do quanto entendemos,
recebemos, e incorporamos em nós mesmos. Um versículo
que seja plenamente compreendido, que seja o agente que
abrigue um novo pensamento na mente, um novo gozo no
coração, um novo propósito de vida, vale mais do que cem
capítulos lidos apressadamente, inconscientemente, que não
deixam qualquer marca. É recompensador fazermos tudo de
maneira intensa e profunda, especialmente o estudo da Bíblia.
Este livro deve ser julgado pelo seu objetivo. Ele é o
resultado da busca do autor por chaves que abram a Palavra
de Deus. Palavras-chave e o texto correspondente são
apresentados como um índice geral para o conteúdo de cada
livro, os aspectos principais aparecem no primeiro parágrafo,
ao passo que detalhes menores e divisões são apresentados
em parágrafos subsequentes.
Antes de concluirmos esta introdução, chamamos a atenção
do leitor aos doze símbolos principais escolhidos na Palavra
de Deus para representar sua utilidade e abrangência de
aplicação em todas as nossas necessidades. Nós os
classificamos em sete divisões:
1) O espelho, para nos mostrar como somos e podemos ser
(Tg 1:25).
2) O lavatório, para lavar nossos pecados e impurezas (Ef
5:26).
3) A lâmpada e a luz, para guiar-nos no caminho certo (Sl
119:105).
4) O leite, pão, alimento sólido e mel – dando sustento e
satisfação ao crente em todos estágios do desenvolvimento
espiritual (Hb 5:12–14; Sl 19:10, etc.).
5) O ouro depurado, para nos enriquecer com tesouros
celestiais (Sl 19:10).
6) O fogo, martelo, espada, para serem usados no trabalho e
batalha da vida (Jr 23: 29; Hb 4:12; Ef 6:17).
7) A semente, para gerar almas à imagem de Deus e plantar
campos para colheita de Deus (Tg 1:18; 1Pe 1:23, Mt 13).
Gênesis
Palavra-chave: princípio
Versículo-chave: Gn 1:1
Este é o Livro dos Princípios. Princípio algum é
atribuído a Deus, mas há um princípio para tudo mais; e
aqui, em afirmação direta ou em ilustração, em sugestão
ou em tipo, todas as coisas, materiais ou morais, são
traçadas às suas origens. Todo grande fato e verdade
principais, relação e revelação são aqui encontrados; o
embrião de tudo que logo após será desenvolvido mais
plenamente.

Os princípios são aqueles da criação, da raça humana, do


casamento, da família, do Estado, da Igreja, das nações, da
civilização, da história; da lei, da punição, do governo; do
sábado, do pecado, do sacrifício, da salvação; da adoração, da
aliança, do chamado de Deus, do povo eleito; da promessa e
da profecia; da língua, da literatura, das artes mecânicas, das
belas artes, da ciência e da poesia.
As Verdades Elementares aqui ensinadas são: a Unidade,
Trindade, eternidade da Divindade; os atributos divinos de
poder, sabedoria, etc.; Seus atributos morais–santidade,
bondade, etc.; a unidade da raça, relação de marido e mulher,
e do homem com a criação animal.
Os tipos de Cristo: Adão, casado com Eva, como Cristo e a
Igreja. Sacrifício, removendo o pecado e revestindo com
justiça, simbolizado na vestimenta dos nossos primeiros pais
na pele dos animais imolados. Abel, o primeiro mártir; Noé,
pregador da justiça; a Arca; Melquisedeque; Abraão; Isaque,
único filho da promessa, colocado no altar por seu pai e
recebido de volta como da morte; José, da escravidão e
prisão, elevado ao trono, etc.
Os judeus intitulam esse livro com sua primeira palavra
hebraica; os gregos, “Gênesis”–origem. É o livro fidedigno
mais antigo, e, sem ele, mais de dois mil anos não teriam
história alguma escrita. Moisés foi guiado pelo Espírito para
usar material selecionado de documentos e tradições
anteriores.
Esse livro é o portal majestoso da estrutura grandiosa das
Sagradas Escrituras. A sentença inicial é uma grande amostra
da beleza e verdade, aqui resumida em um breve compasso.
Ele exclui o ateísmo, o panteísmo, o politeísmo, o
materialismo, nega a eternidade da matéria e ensina a
eternidade, a existência-própria, a independência, a
onipotência e a sabedoria do Criador.

DIVISÕES
1) Gn 1 a Gn 11: De Adão a Noé. Pecado, queda, dilúvio.
2) Gn 12 a Gn 50: De Abraão a José. A semente escolhida; a
habitação no Egito; etc.
Êxodo
Palavra-chave: páscoa
Versículo-chave: Êx 12:23
Esse é o livro do Êxodo ou saída. Por uma série de dez
pragas, Deus libertou Sua nação eleita da escravidão do
Egito. O sangue tornou-se o sinal de penhor da
redenção. A palavra páscoa [Do inglês passover, que significa passar
sobre. (N.T.).] tem um significado tríplice: Deus passou
sobre as casas aspergidas de sangue; a seguir foi
separado para Ele todo primogênito (Êx 13:12,
margem); e Ele fez Israel passar sobre o leito do Mar
Vermelho (Êx 15:16).

As dez pragas são juízos contra os deuses do Egito, 12:12.


A primeira e segunda contra o idolatrado rio Nilo. A terceira
contra o deus-terra, Geb, e os sacerdotes, que não podiam
exercer suas funções infestados por piolhos. A quarta e oitava
contra Chu, a atmosfera, filho de Rá, o deus-sol, contra quem
a nona praga foi direcionada. A quinta, contra o touro sagrado,
Ápis. A sexta contra Sutech ou Tifão, as cinzas de cujas
vítimas foram levadas ao vento. A sétima contra o besouro
sagrado, Escaravelho. A décima contra todos os deuses de
uma só vez, e a nação que decretou a destruição em massa
das crianças hebreias.
O capítulo central é o décimo segundo. A Páscoa é uma
figura do pecado e salvação. Suas cinco características
marcantes são: 1) julgamento divino; 2) uma vida por uma
vida; 3) sangue nas ombreiras e na verga da porta, mas não na
soleira, onde ele poderia ser pisado (Hb 10:29); 4) ao ver o
sangue, Deus passou sobre o Seu povo; e 5) consagração de
todos os primogênitos, tanto do homem quanto dos animais e
das primícias. Doravante, redenção pelo sangue e a relação
peculiar com o Redentor tornaram-se as chaves para toda a
Palavra de Deus.
Temos aqui, também, o começo da versão original de O
Peregrino. [O autor faz menção ao livro clássico escrito por John Bunyan
(1628–1688) editado em português pela Editora Martin Claret, 2004. (N.T.).] A
coluna da Presença de Deus guiando o caminho, O
Esconderijo do Seu Poder (13:21, 22). Seu Tabernáculo é
estabelecido entre o Seu povo. Aqui Ele primeiramente faz
Seu nome conhecido, Jah, “Eu sou o que sou”, ou “Eu sou
Aquele que é” para sempre (Jo 8:58; Hb 13:8). Sua Lei é
gravada sobre pedra para indicar Sua autoridade e força
eternas.
Moisés é o personagem central. Sua vida se divide em três
períodos, cada qual de quarenta anos: 1) de seu nascimento
até sua fuga para Midiã; 2) de sua fuga até o êxodo; e 3) do
êxodo até sua morte. Sua primeira tentativa para libertar Israel
falhou, porque foi na força da sua carne; depois ele prosperou
na força do espírito. Moisés é um tipo de Cristo, nos perigos
de sua infância, sua renúncia voluntária à realeza, seu
treinamento na solidão, e sua liderança do povo na saída do
cativeiro.

DIVISÕES
1) Êx 1 a Êx 12: Israel no Egito.
2) Êx 13 a Êx 18: Do Egito ao Sinai.
3) Êx 19 a Êx 40: No Sinai; a lei é dada.
Levítico
Palavra-chave: expiação
Versículo-chave: Lv 16:34
Esse é o livro sobre adoração, sacrifício e sacerdócio.
Êxodo termina com o Tabernáculo de Deus localizado
no meio das tendas de Israel. Levítico começa com a lei
das ofertas. Para que o Santo pudesse habitar entre
pecadores, e aceitar seus cultos, deveria haver expiação
por meio do sacrifício e mediação pelo sacerdócio. A
tribo eleita, Levi, da nação eleita, representa o Homem
entre Deus e os homens.

O capítulo central é o décimo sexto, e não há capítulo mais


significativo no Antigo Testamento. No grande dia da
expiação, o bode imolado representava a culpa expiada pelo
sangue, e o bode emissário, “azazel” ou “remoção”,
simbolizava a remoção das ofensas perante a face de Deus.
Aqui está a graça em seus dois aspectos, passar sobre a
transgressão e jamais dela se lembrar. Compare com Mq
7:18, 19; Hb 8:12.
O personagem central é Arão, o sumo sacerdote; e os
grandes temas do livro são: a aproximação aceitável, o perdão
e a reconciliação e o, culto consagrado.
Os sacrifícios ou ofertas são cinco (Lv 1 a Lv 7 e Lv 16): 1)
a oferta queimada, totalmente consumida; 2) a oferta de
cereais ou oferta de manjares vem após a primeira e não
envolve sangue porque não é expiatória; 3) ofertas pacíficas,
imoladas mas não totalmente queimadas, parte destinada ao
Senhor, parte ao sacerdote e parte era retornada ao ofertante;
4) oferta pelo pecado, estritamente para expiação, e queimada
fora do acampamento; 5) oferta pelas transgressões ou
ofertas de dívidas; quando a transgressão era contra o Senhor,
o sacrifício precede a reparação; quando era contra homem, a
reparação precede o sacrifício. Compare com Mt 5:23, 24. As
primeiras três eram ofertas de aroma suave, consideradas não
como consumidas, mas como subindo em chamas, como
doce incenso a Deus. Nas duas últimas, que eram
obrigatórias, o ofertante colocava suas mãos sobre a cabeça
da vítima, que era assim, identificada com seu pecado. Todas
essas ofertas juntamente tipificam Cristo e Sua oferta perfeita
de Si mesmo pelo pecado e como culto a Deus.
São oito as festas. Seis são de dias e meses, duas de anos: 1)
o Sabá; 2) a Páscoa ou pães asmos; 3) Pentecostes ou festa
das semanas, cinquenta dias ou sete semanas completas após
a Páscoa; 4) Trombetas, ou o primeiro dia do sétimo mês
lunar; 5) Expiação, no décimo dia do sétimo mês; 6)
Tabernáculos ou Cabanas, ou Colheita, cinco dias depois; 7)
Ano Sabático; 8) Jubileu ou quinquagésimo ano, ao final de
sete héptadas de anos completas. Está aqui um sistema
Sabático: sétimo dia, semana, mês, ano, e héptadas. [Série ou
grupo de sete. (N.T.).]
DIVISÕES
1) Lv 1 a Lv 16: O caminho a Deus por sacrifícios.
2) Lv 17 a Lv 27: O caminhar com Deus pela santificação e
separação.
Números
Palavra-chave: peregrinação
Versículo-chave: Nm 33:1
Esse é o livro da peregrinação e do culto, do vaguear e
do treinamento no deserto. Aqui estão registradas duas
numerações de Israel, representando organização,
sistema, as hostes do Senhor equipadas e colocadas em
ordem de batalha para a marcha em direção a Canaã. O
período de tempo coberto é de aproximadamente
quarenta anos, sendo o início e o fim desse período de
maior proeminência (Hb 4:1; Sl 95:10, 11). Aqui temos
batalha como condição necessária de peregrinação e
possessão. Os adoradores de Deus são guerreiros (Nm
23:21).

Os capítulos centrais são o décimo terceiro e o décimo


quarto. As tribos, ao comando de Deus e a partir do Sinai,
começam a possuir a Terra Prometida, que estava a uma
distância de apenas onze dias de marcha. De Cades-Barneia,
na divisa de Canaã, doze espias foram enviados à frente para
explorar a terra. Após quarenta dias eles retornam e deram o
relato. Israel, descrente e temeroso em confiar na Palavra de
Deus, murmurou e rebelou-se. Deus a todos, salvo Josué e
Calebe, os dois espias fiéis, a vaguear e perambular no deserto
por quarenta anos e a morrer ali.
A nação apóstata ficou temporariamente sob a
condenação. Nesse hiato de trinta e oito anos, Israel quase
cessou, como povo de Deus, de ter uma história, e tudo, com
exceção de sua existência, foi tragado. É registrada a
observância de apenas uma Páscoa durante essa época, e
mesmo a circuncisão foi negligenciada. Após esse período,
Israel voltou a Cades-Barneia, o mesmo lugar em que estivera
trinta e oito anos antes. Assim, descrença e desobediência
sempre trazem apostasia ao invés de progresso, e crentes não
possuem história verdadeira até que aqueles sejam
renunciados. Todos aqueles que tiveram uma recaída, antes de
estarem aptos a fazer qualquer avanço, devem retornar ao
ponto onde se iniciou a rebelião, e começar de novo.
A numeração pode representar a apropriação divina de
seu próprio povo; ele os chamou a todos pelos seus nomes
(Sl 147:4, Jo 10:3, 4). Também representa a organização das
hostes do Senhor, tanto para a marcha como para guerra.
Havia quatro divisões, cada qual com três tribos. Quer
movendo ou descansando elas formavam um quadrado no
centro do qual estava o Tabernáculo de Deus. De acordo com
a tradição, o estandarte principal de cada tribo em cada
quadrante era o leão (Judá), o boi (Efraim), o homem
(Rubem), e a águia (Dã). Compare com Sl 80:1, 2 e Ez 1:10.
Os regulamentos do acampamento faziam referência tanto
às medidas sanitárias como à santidade. O sinal de marchar
era tanto divino quanto humano: o mover da nuvem e o soar
das trombetas. Miriam, Arão e Moisés, morreram todos antes
de cruzarem o Jordão: profecia, sacerdócio, e lei, nos levam
até a fronteira; mas somente Jesus, nosso Josué, nos conduz
até a nossa herança.

DIVISÕES
1) Nm 1:1 a Nm 10:10: Preparações para deixar o Sinai.
2) Nm 10:11 a Nm 21:35: Jornada do Sinai a Moabe.
3) Nm 22 a Nm 36: Em Moabe, preparando para entrar em
Canaã.
Deuteronômio
Palavra-chave: obediência
Versículo-chave: Dt 10:12, 13
Esse é o livro da segunda lei. Como as primeiras tábuas
foram quebradas e substituídas, assim também a lei
quebrada foi enfatizada pela repetição. A palavra
lembre-se ocorre cerca de dezoito vezes, e a libertação
do Egito é constantemente recordada como motivo de
obediência. Compare com Dt 5:15. Israel, próximo de
possuir a terra de Canaã, é lembrado de que esta é a
condição para a entrada e permanência. Antes de
Moisés passar essa nova geração para responsabilidade
de Josué, ele repetiu a lei moral.

O capítulo central é o vigésimo nono, sobre a aliança com


Deus. Ali, em poucas palavras, Moisés condensou o tema
central de todo o livro.
Quatro apelos a Israel compõem a maior parte deste livro.
Sete princípios de obediência são apresentados: 1) a
paternidade de Deus e Seu direito de propriedade sobre Seu
povo; 2) o dever de separarem-se para Ele e para a Sua
adoração; 3) a adoração deve ser localizada e centralizada; 4)
todas as relíquias idólatras deveriam ser destruídas; 5) todos
os atos de idolatria seriam tratados como traição contra Deus
e punidos como crimes de morte; 6) todas as relações éticas
seriam reguladas pela lei de Deus; 7) a fraternidade do homem
subentendida na paternidade de Deus.
Sendo esse o livro da obediência, as palavras mandamentos,
estatutos, etc., são aqui encontradas com maior frequência do
que em qualquer outro livro à exceção de Salmos. A lei
deveria ser inscrita no Monte Ebal, o monte da Maldição,
pois o fim da lei é a condenação. A obediência que o homem
pode render, assegura apenas bem temporal;
consequentemente, entre as bênçãos pronunciadas, não
encontramos vida eterna. Compare com Dt 28:1–13.
A profecia sobre o advento do grande profeta, em Dt
18:15–19, refere-se, em última análise, a Cristo (At 3:22, 23).
Ele age apenas como mediador, organizador e administrador
da casa de Deus; Ele cumpre apenas a previsão e a expectativa
que isso inspira, e reivindica a obediência implícita aqui
ordenada. É digno de nota que Suas três respostas a Satanás
na tentação são todas flechas tiradas da aljava deste livro: (Dt
8:3; 6:16; 6:13).
Três festas são ordenadas (Dt 16:1–17): A Páscoa, o
Pentecostes ou Festa das Semanas e a Festa dos
Tabernáculos. A Páscoa é a primeira, pois a base do
relacionamento do crente com Deus está na redenção pelo
sangue. Pentecostes era a colheita das primícias, a Festa dos
Tabernáculos era a colheita completa da safra. Juntas elas
tipificam uma Redenção Completa: primeiramente, pela
paixão da cruz; em segundo lugar, pelo advento do Espírito
Santo; em terceiro lugar, pelo triunfo final do Rei vindouro;
ou sofrimento, graça e glória.
Esse livro está cheio de ricas lições morais e espirituais. A
Lei é recapitulada, reforçada à luz da experiência, tanto de
misericórdia como de julgamento, não pelo lado teórico, mas
sim pelo lado prático (Dt 30:15, 16).

DIVISÕES
1) Dt 1 a Dt 4: Resumo do vaguear no deserto.
2) Dt 5: Repetição do decálogo.
3) Dt 6 a Dt 26: Leis, etc., como conduta em Canaã.
4) Dt 27 a Dt 28: Bênçãos e maldições.
5) Dt 29 a Dt 30: Aliança com Deus.
6) Dt 31 a Dt 32: Exortação e o cântico de Moisés.
7) Dt 33: Sua bênção final.
8) Dt 34: Narrativa suplementar da morte de Moisés.
Josué
Palavra-chave: possessão
Versículo-chave: Js 1:3
Esse livro, que pertence a uma nova divisão do Antigo
Testamento, é o livro da entrada e conquista, possessão
e desapropriação. A terra da promessa era maior que a
terra da possessão, porque Deus deu mais do que a fé de
fato apropriou. Moisés e a lei levaram os Israelitas até a
divisa da herança, para a qual Josué, como um tipo do
Senhor Jesus, conduz. Mesmo na terra prometida há
conflitos. Possessão ocorre por desapropriação.
Compare com Ef 6:10–18.

Esse livro cobre a carreira de Josué, o personagem


principal. Nascido no Egito, da tribo de Efraim, foi capitão
em Refidim, estava com Moisés no monte. Como Calebe,
instou para que o povo subisse e possuísse a terra, e morreu
aos 110 anos de idade, deixando atrás de si um caráter
imaculado. Foi designado líder por Moisés e o Senhor o ungiu
como tal. Semelhante a Moisés no zelo por Deus e amor por
Israel, tinha mais capacidade e sagacidade como um capitão.
A vara era o símbolo de Moisés e a lança, o de Josué.
A travessia do Jordão aconteceu por intervenção
sobrenatural. Quando os sacerdotes, carregando a arca,
tocaram com seus pés o rio transbordante, a correnteza
cessou; eles permaneceram no leito do rio até todos passarem
para outra margem; e assim que a alcançaram, a correnteza
retomou o seu fluxo. Os dois montões de pedras são
memoriais; um da peregrinação no deserto, o outro da
passagem miraculosa.
O opróbrio foi removido em Gilgal, e a renovação da
aliança preparou o povo novamente para guardar a páscoa e
para, sob o “Príncipe do Exército do Senhor”, tomar Jericó,
símbolo de fortaleza, sem desferir um golpe. A derrota em Ai
foi consequência do furto de Acã das coisas “dedicadas”; a
entrada para o jardim da Terra aconteceu com cerimonias
comoventes (Js 8:30–35). O tabernáculo foi armado em Siló.
Foram designadas as cidades de refúgio, e a aliança da
separação, confirmada. A morte de Josué conclui o livro.
Compare com o Livro de Atos, onde Cristo, por meio de
seu Capitão Invisível, o Espírito, conduz a Sua igreja à
possessão pela conquista; e fortalezas pagãs são tomadas, não
por meio de armas carnais mas por meio de pregação e
oração.

DIVISÕES
1) Js 1 a Js 12: Conquista.
2) Js 13 a Js 24: Partilha.
Juízes
Palavra-chave: anarquia
Versículo-chave: Jz 21:25
O nome desse livro é uma referência ao Período dos
Juízes, líderes civis e militares entre Josué e Saul. Entre
1500 e 1000 a.C. encontram-se quatro ou cinco séculos
de desorganização e desgoverno. Idolatria e
conformidade com o mundo operam ruína. A unidade
foi perdida; as tribos tomaram o lugar de um só povo.
Fé e fidelidade deram lugar a descrença e a
inconstância. O tabernáculo ficou oculto em trevas e há
apenas uma menção do sumo sacerdote (Jz 20:28).

Houve quinze juízes: Otniel, Eúde, Sangar, Débora e


Baraque, Abimeleque, Gideão, Tola, Jair, Jefté, Ibsã, Elom,
Abdom, Sansão, Eli, Samuel; o último, um profeta-juiz,
conecta os Juízes aos Reis, assim como Débora, uma mulher,
é a profetisa-juíza que conecta Moisés a Samuel. Sansão, o
Hércules das Escrituras, é muito fraco para governar a si
mesmo.
Houve seis conquistas: pelos Mesopotâmios, Moabitas,
Cananitas do Norte, Midianitas, Amonitas, Filisteus; e seis
libertações correspondentes sob Otniel, Eúde, Débora,
Gideão, Jefté, e Sansão.
Josué conduziu o povo para dentro da terra da promessa, e
obteve a possessão através da conquista. Mas descrença e
perversidade impediram maiores bênçãos e trouxeram
decadência tanto para a Igreja como também para o Estado.
Um quadro de todo este período se encontra nos capítulos 18
e 19. O autor deste livro é provavelmente Samuel.
A história está cheia de paralelos. Mica e seu Levita fazem
lembrar o castelo feudal e os líderes da Idade Média. A série
de cativeiros tem seu paralelo na recaída da Igreja em erros
pagãos, do papado, do pelagianismo, do ritualismo, do
racionalismo, do secularismo. Da era apostólica até agora,
extraordinários libertadores tem sido levantados por Deus, tal
como Atanásio, Agostinho, Crisóstomo, Huss, Wycliffe,
Lutero, Knox, Bunyan, Wesley, Whitefield, Edwards, etc.

DIVISÕES
1) Jz 1:1 a Jz 3:6: Introdução.
2) Jz 3:7 a Jz 16:31: História principal.
3) Jz 17 a Jz 21: Apêndice: narrativas fragmentadas sem
ordem cronológica.
Rute
Palavra-chave: parente (remidor)
Versículo-chave: Rt 4:14
Trata-se de um idílio pastoral. Em Boaz, remidor de
Rute e sua propriedade perdida, duas condições
precisam ocorrer: Boaz deve ser parente para ter o
direito, e precisa ser de um ramo mais alto da família,
não envolvido no desastre, para ter o poder de remir. A
raça está em ruínas. O homem é parente do homem, mas
não pode remir seu próximo, pois está arruinado
também. O Deus-Homem, nosso “parente próximo”,
porém de uma família mais elevada, torna-Se remidor e
noivo da Igreja.

Essa história sagrada de amor tem um aspecto tipológico.


A fome em Belém (Casa de Pão) levou Elimeleque (Deus,
meu Rei) a Moabe, terra de estrangeiros. Lá, entre altares de
Camos (inimigo vencido), [O autor não é dogmático quanto às traduções
sugeridas para os nomes (N.T.).] morreu e depois dele seus filhos
Malom (canção) e Quiliom (perfeição), deixando viúvas
moabitas, Orfa (crânio) e Rute (satisfeita). Dez anos depois
Noemi (doce) retornou com Rute. Guiada pela Providência,
ela respigava nos campos de Boaz (nEle há força). Ele a olhou
com favor, comprou de volta sua propriedade e a desposou. A
moabita, excluída pela lei (Dt 23:3), foi admitida pela graça,
não só na congregação do Senhor, mas na linha ancestral do
Messias, que, como o verdadeiro Boaz, é Senhor da seara,
dispensador de pão e doador de descanso.
Mesmo a falta de pão não nos autoriza a afastar-nos de
Deus e a nos identificarmos com a proibida terra dos
estrangeiros. Calamidade segue a desobediência. O que cai
deve retornar da alienação e separação e ser reunido ao
Senhor e Seu povo antes da prosperidade voltar. Orfa
representa a rejeição do pecador; Rute, o pecador
arrependido, que crê e vem ao Redentor, pobre e sem amigos,
quedando-se a Seus pés, suplicando pelo abrigo do Seu nome,
a proteção e provisão do Seu amor, a participação de Sua vida
e gozo, e achando nEle mais do que a esperança jamais ousou
antecipar. Rute é a precursora dos gentios incorporados na
Igreja.
1 e 2 Samuel
Palavra-chave: reino
Versículo-chave: 1Sm 10:25
Esses dois livros formam um só em hebraico, e nas
versões inglesas antigas formavam, com os dois
seguintes, quatro Livros dos Reis. A história cobre cerca
de cento e vinte anos e trata principalmente de Samuel,
Saul e Davi. A ideia predominante é o Reino: sua
natureza renovação e divisão; sua transição de Saul, o
apóstata, seu livramento de Absalão, o usurpador, e seu
estabelecimento nas mãos de Davi. O nome “Messias” é
encontrado aqui pela primeira vez (1Sm 2:10).

Samuel nasceu quando reinava a anarquia. Eli, sumo


sacerdote e juiz, estava muito velho e fraco para refrear seus
próprios filhos. Essa criança, “pedida a Deus”, enquanto
servia no tabernáculo em Siló, ouviu de Deus a condenação
da casa de Eli, e nele a visão profética foi reavivada. Como
juiz e profeta, ele enfatizou a obediência mais do que
sacrifícios. Na velhice desafiou todo Israel a achar nele uma
brecha na piedade e honestidade, mas seus filhos não estavam
aptos a sucedê-lo e houve um clamor por um rei, mas não foi
com base na fé. Deus concedeu a petição, mas mandou
sequidão a suas almas.
Saul, o primeiro rei, era uma boa pessoa. Seu mérito e
modéstia venciam até seus inimigos, mas dois anos depois a
apostasia começou. Sua tolice em Gilgal, e sua falsidade e
rebelião na guerra com os amalequitas culminaram em sua
rejeição. Seu declínio foi rápido, possuído por um espírito
mau, e escravizado por paixões perversas. Ele caçou Davi
como a um pássaro e tentou matar seu próprio filho.
Esquecido por Deus, procurou em Endor uma das feiticeiras
que havia expulsado de Israel. Uma aparição de Samuel
alertou-o sobre sua morte e, de fato, caiu no dia seguinte por
sua própria mão.
Davi, seu sucessor, foi ungido três vezes: primeiro em
Belém, secretamente; depois em Hebrom, sobre Judá; e
finalmente sobre Israel. Antes de ter o reino, matou Golias, o
gigante filisteu, e tornou-se amigo íntimo de Jônatas.
O Segundo Livro de Samuel abre com o lamento de Davi
sobre Saul e Jônatas. Abner, capitão de Saul, proclamou rei a
Isbosete, filho de Saul, e por sete anos e meio o reino de Davi
foi limitado a Judá. Então Abner passou para o lado de Davi e
foi morto por Joabe, e Isbosete foi morto. Davi foi feito rei de
todo Israel em consenso geral, tendo por capital a Jerusalém.
A retribuição poética encontra exemplos na história de
Saul; também na de Davi, cujo grande pecado trouxe correção
na sua própria linhagem, com a morte da criança de seu crime,
com o incesto de Amnon e Absalão. Obediência implícita é
reforçada. A tentativa de Davi de trazer a arca de volta em um
carro de bois causou a morte de Uzá; três meses depois ela foi
transportada nos ombros de levitas como Deus havia
ordenado. O arrependimento genuíno é ilustrado. A culpa de
adultério, traição e assassinato pesaram grandemente sobre
Davi. A parábola que Natã contou sobre a ovelha precipitou a
fonte de tristeza piedosa que transborda no Salmo 51. A graça
é ilustrada no tratamento que Davi deu a Absalão e a
Mefibosete, e no julgamento que cessou na eira de Araúna, no
local onde seria erguido o Templo com o Altar da Expiação.

DIVISÕES
1) 1Sm 1 a 1Sm 7: Samuel, o profeta-juiz.
2) 1Sm 8 a 1Sm 31: A carreira de Saul.
3) 2Sm 1:1 a 2Sm 5:5: Davi, rei de Judá.
4) 2Sm 5:6 a 2Sm 20:26: Davi, rei de Israel.
5) 2Sm 21 a 2Sm 24: Apêndice.
1 e 2 Reis
Palavra-chave: realeza
Versículo-chave: 1Rs 2:12; 1Rs 11:13
Esses dois livros, que também formam um no original,
relatam o curso da monarquia começando pela sua maior
glória, passando pelo declínio e divisão até a queda
final. Sob Salomão, a realeza chegou ao ápice, tendo o
Templo como sua coroa. Despesas e ostentação
extravagantes, esposas pagãs e adoradores de ídolos,
culminaram com a cisão do reino e cada uma das partes
acabou em cativeiro e dispersão. Autor: Jeremias. [O autor
não é dogmático quanto à autoria de Jeremias (N.T.).]

A tentativa de Adonias de usurpar o trono abre o primeiro


livro, seguido da coroação de Salomão, e das mortes do
usurpador, de Joabe e de Simei, da deposição de Abiatar o
sacerdote e do estabelecimento do reino nas mãos de
Salomão.
A dádiva divina de sabedoria a Salomão parece ter sido
uma rara combinação de capacidade mental e sagacidade
moral. A esses generosos dotes, ele adicionou significativos
conhecimentos em ciências naturais e morais. Sábios como a
rainha de Sabá vieram de longe para ouvir seus discursos e
descobriram que os fatos excediam à sua fama. Seus
Provérbios eram maravilhas de bom senso e sabedoria prática.
Despesas excessivas marcaram seu reino. Além do Templo,
que erigiu em Moriá como um santuário de alabastro e ouro,
edificou um palácio com um trono de marfim e outras
estruturas caras; as cidades, piscinas e obras públicas que
construiu ultrapassaram quaisquer outras de seu tempo. Fez
alianças com côrtes estrangeiras e manteve um vasto harém. O
custo de todo esse esplendor mundano foi elevado e resultou
em impostos pesados. A murmuração do povo antecedeu a
cisão do reino sob Reoboão. Judá, parcialmente apoiado por
Simeão e Benjamin, permaneceu leal à casa de Davi; as outras
tribos, confederadas sob Jeroboão, fizeram de Siquém sua
capital, e colocaram bezerros em Dã e Betel para que o povo
não fosse a Jerusalém para adorar.
Elias e Eliseu, os dois notáveis profetas do reino do norte,
formam um paralelo curioso. Elias aparece subitamente, um
profeta maduro, enfrentando Acabe com reprovação. Há uma
atmosfera sobrenatural sobre ele, alimentado e guardado por
meio de milagres; suas orações comandam as chuvas e o fogo
do céu, ao qual, por fim, subiu numa carruagem de fogo (o
único homem, exceto Enoque, a ser transladado). Ele foi
como o leão, forte, severo, um filho do deserto, vivendo nas
cavernas em Horebe, nas fendas de Querite, ou nos penhascos
do Carmelo. Entrou na cidade com veemente repreensão e
parte em solidão ascética. Vestia-se com um manto grosseiro e
foi um destruidor de ídolos
Eliseu é seu complemento; como uma ovelha, manso e
humilde; habitou em cidades, era urbano e cortês, e foi visto
entre os filhos dos profetas e anciãos. Usava roupas comuns e
um cajado, era tolerante e benigno, ele curou e ajudou. Até
mesmo os nomes Elias (Jeová meu Deus) e Eliseu (Jeová
meu Salvador), sugerem a diferença. Um pode representar a
lei e o outro a graça.
Essa história mostra a ruína que o falso liberalismo pode
trazer. A poligamia de Salomão e as esposas pagãs o levaram a
admitir ritos pagãos e depois a construir altares a falsos deuses
contra o Templo de Jeová. Isso e a adoração do bezerro, que
quebrou o segundo mandamento, pavimentou a via que levou
à adoração a Baal sob Acabe e Jezabel, que quebrou o
primeiro.

DIVISÕES
1) 1Rs 1 a 1Rs 11: Da coroação à morte de Salomão.
2) 1Rs 12 a 2Rs 17: De Roboão ao cativeiro de Israel sob os
assírios.
3) 2Rs 18 a 2Rs 25: De Ezequias ao cativeiro de Judá sob os
caldeus.
1 e 2 Crônicas
Palavra-chave: teocracia
Versículo-chave: 2Cr 15:2
Esses dois livros, um só no original, fecham o cânon
hebraico. Seu propósito é mais que mera repetição
histórica ou complementação. Seu tema chave é a
teocracia. Reinos humanos devem representar a regência
de Deus. Somente quando Ele é reconhecido e
reverenciado, somente quando a adoração no Templo
não é negligenciada ou corrompida, pode haver
verdadeira prosperidade.

“Crônicas” significa “Palavras dos Dias”, jornais. O título na


Septuaginta é “Coisas Omitidas” ou “Suplemento”
(pabaleipsmeua). Porém nenhum desses nomes expressa ou
esgota o propósito do livro. O povo, tendo retornando do
cativeiro, reconstruiu o Templo, mas não a textura de sua
nacionalidade. Esdras foi, provavelmente, o autor e buscou
em Judá a base para reconstruir uma nação consagrada. Esse
escriba e sacerdote traça a linha da redenção de Adão a Davi,
e depois, até o último rei de Judá. A divisão de famílias e
possessões, os cursos levíticos antes do cativeiro, são
registrados com vistas à restauração.
Embora muito do conteúdo dos livros de Reis seja repetido
ou reafirmado, muito é omitido por fugir ao propósito do
autor. Mas enfatiza-se tudo que é concernente ao Templo, sua
preservação e restauração, a pureza da adoração, a ordem e
regularidade dos serviços, qualquer coisa que mostre quão
odiosos são os ritos e relíquias idólatras, e eleve Deus ao seu
trono verdadeiro no coração de seu povo. A atitude dos reis
para com o Rei dos reis, é mostrada como chave da história
nacional, com suas recompensas ou penalidades. A queda do
Templo e o longo exílio são mostrados na sequência de três
reis iníquos e idólatras, enquanto cada verdadeiro reformador
do caráter nacional e da adoração religiosa são considerados
como aqueles que detiveram a praga.
Tendo em vista esse propósito, é fácil verificar as
semelhanças e diferenças dos livros de Reis e Crônicas. O
primeiro é concernente a ambos os reinos, é político e real; o
último é concernente a Judá somente, é eclesiástico e
sacerdotal. Um, como narrativa da história, registra; o outro,
como filosofia da história, analisa. Em Reis encontramos
guerras, idolatria, ofensa; em Crônicas, livramento,
arrependimento, reforma. Em um, idolatria é traição contra o
Rei Supremo; em outro, apostasia do Deus da aliança (veja
2Rs 17:7–23; 2Cr 36:14–21).
O Templo, naturalmente, é colocado em primeiro plano. As
preparações de Davi para a construção, no primeiro livro;
Salomão construindo-o e dedicando-o no segundo. A
estrutura esplêndida, santificada para a glória de Deus, foi
santificada pela glória de Deus. Os sucessores de Salomão,
que guardaram a Casa Santa com zelo, tiveram uma
lembrança especial aqui: Asa, que depôs sua própria mãe (a
rainha Maaca) por indiretamente profanar o Templo por sua
idolatria. Joás, Ezequias e Josias, que o repararam e lideraram
a renovação da aliança e a destruição de ídolos.
O serviço de música na casa do Senhor foi completamente
estabelecido, ao ser conduzido por 288 cantores e músicos
treinados, com um coro de 4000, liderados por Asafe, Heman
e Jedutum. Era somente um canto monótono em uníssono,
sem complicações de tempo e harmonia, variado por coros
responsivos, com grande volume de vozes e
acompanhamento instrumental. O objetivo não era arte, mas
adoração, em agudo contraste com a perversão moderna da
“música sacra”.
Quatro livramentos são registrados a favor de Judá: sob
Abias, contra Jeroboão; sob Asa, contra os etíopes; sob
Josafá, contra os moabitas, e sob Ezequias, contra os assírios.
Em cada instância, o sucesso foi atribuído a Deus, que lutou
por Judá. 2Cr 13:18; 14:11; 20:27; 32:21, 22.

DIVISÕES
1) 1Cr 1 a 1Cr 9: Genealogias, etc.
2) 1 Cr 10 a 1Cr 29: Reino sob Davi.
3) 2Cr 1 a 2Cr 9: Reino sob Salomão.
4) 2Cr 10 a 2Cr 36: Reinado de Roboão a Zedequias.
Esdras e Neemias
Palavra-chave: restauração
Versículo-chave: Ed 1:5; Ne 2:5
Esses dois livros são considerados pelos hebreus como
um só. Ambos tratam do retorno da Babilônia e da
restauração e reorganização. O primeiro livro trata da
história eclesiástica e da reconstrução do Templo sob
Esdras. O segundo livro, por sua vez, trata da história
civil e da reconstrução da cidade sob Neemias. Juntos
representam uma figura completa da reconstrução pós-
cativeiro e da reorganização em igreja e estado.

Esdras, provável autor do livro que leva seu nome, foi um


sacerdote araônico, escriba, e o compilador do cânon do
Antigo Testamento. Esse livro, como Crônicas, contém listas
genealógicas, cobre cerca de oitenta anos, e em seus registros
quatro reis gentios aparecem: Ciro, Dario, Assuero e
Artaxerxes.
Cinquenta mil cativos retornaram sob a liderança de
Zorobabel, chamado pelos persas Sesbazar, e Jesua, sumo
sacerdote. Ciro encarregou esta colônia dos vasos sagrados
roubados da casa do Senhor, e foi essa mesma colônia que
assentou as fundações do segundo Templo. Samaritanos e
outras colônias semi-pagãs, cuja ajuda foi recusada,
influenciarem o poder persa a fazer parar o trabalho. Após
longa paralização, o povo, encorajado por Ageu e Zacarias,
apelou para o decreto original de Ciro, que foi achado e
confirmado por Dario, e após vinte anos o trabalho foi
completado.
Os setenta anos proféticos de cativeiro podem ser
calculados tanto da destruição do primeiro Templo até a
dedicação do segundo, 588 a 518 a.C., quanto da primeira
invasão de Nabucodonozor até o decreto de Ciro, 606 a 536
a.C. Os judeus foram curados da idolatria pela experiência no
exílio, mas foram enredados em alianças com pagãos. Esdras,
liderando na confissão e reforma, anulou casamentos mistos e
reavivou o conhecimento e autoridade da Lei. Cerca de
sessenta anos após a primeira colônia ter deixado a Babilônia,
uma segunda se seguiu sob Esdras e, treze anos depois, uma
terceira sob Neemias.
Neemias, nascido no exílio, tornou-se copeiro do rei. Por
concessão real e com cartas de autoridade, foi reconstruir
Jerusalém. Ele encontrou a cidade parcialmente em ruínas, e o
povo em parcial indiferença. Começando cada trabalho com
jejum e oração, inspecionou os muros à noite, encorajando a
sua reconstrução juntamente com os líderes. Embora com
oposição dos árabes, amonitas e moabitas, ele liderou o
trabalho, alistando todas as classes, do sumo sacerdote até às
mulheres.
Neemias, o organizador modelo, demonstrou o valor de
trabalhar com método e sistemática. Seus cinco princípios
eram: 1) divisão do trabalho; 2) adaptação do trabalho e
trabalhador; 3) honestidade e economia na administração; 4)
cooperação no trabalho; 5) concentração em qualquer ponto
afetado.
Seu caráter foi irrepreensível. Era um homem de fé,
intrépido, resoluto, enérgico, cheio de oração e reserva de
poder. Permaneceu como uma bigorna até que os martelos
inimigos se gastassem ao bater contra ele em vão.
Seu trabalho de restauração começou na Porta das
Ovelhas, por onde as vítimas eram levadas ao altar. A
reconstrução foi seguida por reforma: como governador ele
corrigiu os abusos dos ricos e a opressão dos pobres, reavivou
o conhecimento da Lei do Senhor, a observação do Sábado,
ofertas voluntárias e obrigações da aliança. Seu retorno à
Pérsia foi seguido por um declínio moral; mas acabou
regressando à cidade santa, purificou os átrios do Templo e
novamente purificou a família e o estado.

DIVISÕES
1) Ed 1 a Ed 6: Retorno do cativeiro.
2) Ed 7 a Ed 10: Eventos no reino de Artaxerxes; entre as
duas seções há um período de 57 anos.

1) Ne 1 a Ne 7: Narrativa de Neemias.
2) Ne 8 a Ne 9: Narrativa continuada por outra pessoa.
3) Ne 11 a Ne 12:26: Seis listas importantes.
4) Ne 12:27 a Ne 13:31: Dedicação dos muros e reformas.
Ester
Palavra-chave: providência
Versículo-chave: Et 4:14
Esse livro é o romance da Providência. Ester, uma judia
cativa, tornou-se noiva do rei da Pérsia, Assuero; e
surgiu no seu reino em um momento crítico. O plano
iníquo de Hamã para destruir o povo judeu, impedido
pela intercessão audaciosa de Ester, terminou na sua
destruição. A festa do Purim, instituída pelos judeus em
memória desse livramento, é guardada até hoje. Assim
como Rute representa os gentios vindo para a Igreja,
Ester representa a Igreja indo aos gentios.

A doutrina da providência divina encontra aqui uma


parábola histórica: 1) há uma Mão invisível por trás dos
afazeres humanos; 2) tanto o bem como o mal têm suas
recompensas finais; 3) a prosperidade dos iníquos é insegura e
não satisfaz, terminando em adversidade; 4) a adversidade dos
bons é um teste de fé, levando à prosperidade; 5) a retribuição
é dispensada com exatidão poética; 6) até os menores eventos
estão alinhavados no plano de Deus; 7) providência não é
destino, mas consiste de oração e resolução, liberdade e
responsabilidade.
O nome de Deus não é achado aqui. Há um controle secreto
dos assuntos de Seu povo: uma Mão oculta muda o cenário.
Somente os olhos da fé vêem o fator divino na história
humana, mas para um observador atento, toda a história é
uma sarça ardente, acesa com a presença misteriosa. Esse
livro é a janela rosada na imensa catedral do Antigo
Testamento. Se a luz transmitida é tênue, revela um traçado
belíssimo e desenhos simbólicos na estrutura e painéis
coloridos.
A graça é aqui ilustrada. Há substituição, sacrifício
voluntário e vicário, um cetro estendido a um suplicante,
audiência com o rei e oração respondida, promessas sem
limites (Et 8:8), e vitória final contra os inimigos.
Livros Poéticos
O Antigo Testamento era popularmente dividido em
“Lei”, “Profetas”, e “Salmos” (Lc 24:44). Os “Salmos”
incluem cinco livros poéticos, de Jó a Cantares. A
poesia hebraica é peculiar, não depende de rima ou
ritmo, métrica ou melodia, mas de paralelismo, ou
arranjo de pensamentos em correspondência ou
sentenças paralelas. A poesia repousa mais na relação de
pensamentos que nas palavras; há rima e ritmo de ideias.

Assim, uma maravilhosa provisão é feita para a tradução.


Esse paralelismo de ideias pode ser reproduzido em qualquer
linguagem sem necessariamente perder a beleza e o poder ao
ser traduzida para outra língua.
O paralelismo pode ser de 5 tipos: apositivo, opositivo,
sinônimo, sintético ou invertido.
1. Apositivo: quando duas ou mais sentenças paralelas são
arranjadas para apresentar o pensamento correlato ou então
pensamentos muito próximos, por correspondência ou
comparação. Por exemplo, “Confia no Senhor de todo o teu
coração, e não te estribes no teu próprio entendimento” (Pv
3:5). Aqui o pensamento “confiando em Jeová” é apresentado
nas duas sentenças, primeiro positivamente e depois
negativamente. O homem verdadeiramente sábio confia em
Deus e não confia em si mesmo.
2. Opositivo: quando pensamentos exatamente contrários
são contrastados, numa antítese clara. Por exemplo, “A
memória do justo é abençoada, mas o nome dos perversos cai
em podridão” (Pv 10:7). Aqui a antítese se estende a todas as
palavras proeminentes de ambas as sentenças.
3. Sinônimos: quando o mesmo pensamento é repetido em
sentenças ou frases equivalentes. Assim, “Para dar aos
simples prudência, e aos jovens conhecimento e bom siso”
(Pv 1:4).
4. Sintético: quando pensamentos são construídos em
forma estrutural, como blocos sobrepostos, cumulativamente
e, com frequência, de forma crescente. Antes que a ideia toda
seja completada, vários pares sucessivos de paralelos podem
entrar na construção. Por exemplo, “Os olhos de quem zomba
do pai, ou de quem despreza a obediência à sua mãe, corvos
no ribeiro os arrancarão e pelos pintãos da águia serão
comidos” (Pv 30:17).
Aqui há dois paralelos sinônimos que compõem um único
sintético. A oração de Agur, Pv 30:7–9, e a passagem dos
versículos 24–28, são exemplos ainda mais complexos de
paralelos sintéticos. Alguns são muito complicados. A
correspondência entre as várias proposições alcança até ao
menor detalhe; e o parágrafo todo gira em torno de uma ideia
dominante (compare com Sl 148:7–13, 19:7–11).
5. Invertido: quando estrofes são redigidas de tal modo que
para perceber a verdadeira relação entre as sentenças, temos
que começar das extremidades e mover em direção ao centro.
O Bispo Jebb chama isto de “introvertido”. Por exemplo, “Os
ídolos das nações são prata e ouro, obras das mãos dos
homens. Têm boca, e não falam; têm olhos, e não vêem; têm
ouvidos, e não ouvem; pois não há alento de vida em sua
boca. Como eles se tornam os que os fazem, e todos os que
neles confiam” (Sl 135:15–18).
A relação entre as várias linhas e sentenças torna-se clara no
arranjo acima, onde frases correspondentes são colocadas em
oposição uma em relação à outra.
Dominar esta estrutura simétrica da Bíblia é uma ajuda para
exposições e exegeses inteligentes. A relação mútua de
palavras e pensamentos não aparecerá até que descubramos
quais frases ou sentenças são paralelas, e detectemos o ritmo
de pensamentos. Uma tradução mais literal do Salmo 10 é:
“O iníquo, do alto do seu desprezo: ele não o requererá! não
há Deus! esses são todos os seus pensamentos” (Sl 10:4).
Aqui o iníquo é representado no clímax de ousada
impiedade e blasfêmia. Seu pensamento secreto é: “Deus não
retribuirá meu pecado”, e por negar o julgamento, o passo
para o último e pior pensamento é fácil: “Não há Deus!”. E
ainda: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os
porcos as vossas pérolas; para que não as pisem com os pés,
e, voltando-se, vos dilacerem” (Mt 7:6).
À primeira vista, toda a primeira parte dessa estrofe referir-
se-ia aos suínos. Mas cada parte desta estrofe requer seu
paralelo, e a lei de rima de pensamentos nos leva a construir a
última linha como correspondente e complemento da
primeira. Portanto: “Não deis aos cães o que é santo, e,
voltando-se, vos dilacerem nem lanceis ante os porcos as
vossas pérolas; para que não as pisem com os pés”.

Palavra-chave: provação
Versículo-chave: Jó 1:9
Esse livro resolve um problema. Satanás pergunta:
“Porventura Jó debalde teme a Deus”. Essa história
oriental é a resposta: retidão pode sobreviver à perda de
todos os bens temporais. Desastres sobre seus bens e
família e doença sobre sua própria pessoa, juntos, não
foram suficientes para que Jó amaldiçoasse a Deus, a
Quem temia, nem para que fizesse o mal que detestava.
Em segundo plano, outro problema é aqui discutido: a
filosofia da adversidade.

A provação de Jó é um teste de sua confiança em Deus, e da


realidade de sua vida. Os sofrimentos mais dolorosos não
levarão um verdadeiro santo a abandonar a Deus ou a
piedade. Jó, embora moral e religiosamente reto, foi
subitamente abatido. O golpe caiu sobre suas posses, sua
família e sobre si próprio. Ele foi ferido com o suposto
“flagelo de Deus” e com a marca da Sua maldição, elefantíase.
[O autor supõe que essa tenha sido a doença que acometeu a Jó. (N.T.).] Ele foi
tentado a amaldiçoar a Deus: 1) pela perplexidade que tais
calamidades causam aos que têm consciência de retidão; 2)
pela continuação, acúmulo e agravamento de suas provações;
3) pelo protesto de seu instinto de justiça natural; 4) pela
acusação de culpa e de hipocrisia; 5) pelo sarcasmo odioso de
sua própria esposa. Mas Jó manteve sua integridade porque
amava a virtude desinteressadamente, independente de
recompensa.
Os três amigos de Jó tentaram resolver o outro problema do
governo Divino: a filosofia do sofrimento. Eles discutiram à
luz da História, da Filosofia e da lei natural. Mas até Eliú, com
seu discernimento mais profundo, só apresentou meias
verdades. Então Deus falou, corrigindo erros e completando a
verdade: o mistério da provação é explicado. O sofrimento
encontra sua filosofia, não na penalidade orgânica e no
julgamento retributivo somente, mas também na punição
disciplinar e no desenvolvimento educativo.
Esse livro sugere uma chave para toda a Bíblia, e para a
história do homem, da criação até a completa redenção: 1) o
homem antes da queda e de ser provado; 2) pecado e
sofrimento; 3) procura pela ajuda humana na legalidade,
moralidade, filosofia; 4) necessidade e recepção de revelação
de Deus; 5) humilhado, penitente e crente; 6) restaurado a um
estado melhor que o inicial.
A época do livro é a era patriarcal, entre os capítulos 11 e 12
de Gênesis. [O autor supõe ser essa a época em que Jó viveu, porém não
afirma estar certo disso.] O autor do livro de Jó é provavelmente
Eliú (Jó 32:15–17).
DIVISÕES
1) Jó 1 e Jó 2: Prólogo histórico.
2) Jó 3:1 a Jó 42:6: Narrativa alegórica com um diálogo
semi-dramático e divisão em três partes.
3) Jó 42:7–17: Epílogo histórico.
Salmos
Palavra-chave: adoração
Versículo-chave: Sl 29:2
O Saltério é um livro de devoção para todas as eras.
Aqui cada corda do coração é tocada e afinada para
santa melodia. Deus pode ser visto em Seus atributos
naturais e morais. Cristo está presente em Sua divindade
e humanidade, humilhação e exaltação. O evangelho
está aqui, revelação sublime de perdão e graça
purificadora. A vida cristã está aqui em fé, esperança,
amor, e até a história da Igreja é esboçada.

Trata-se de uma coleção de 150 poemas de adoração


pública e privada. O título grego, “Salmos”, significa
“canções”. O título hebraico é “louvores”, os quais formam a
maior parte do livro e permeiam quase todos os Salmos. O
livro inicia e termina com louvor. Penitência, oração e
perplexidade se unem resultando em louvor que contempla a
criação, a providência e a graça, crescendo em abundância na
medida em que progredimos até chegar ao clímax nos Salmos
de Aleluia.
Os autores e épocas não são os mesmos. Um terço são
anônimos, 73 são de Davi, 12 de Asafe, 11 para os filhos de
Coré, 2 de Salomão, 1 de Moisés. As épocas consideradas no
livro vão da peregrinação no deserto ao retorno do cativeiro
sendo que os Salmos mais antigos geralmente estão mais no
início do livro. As inscrições [As inscrições são títulos que ocorrem nos
manuscritos hebraicos e que ocorrem em alguns salmos. Por exemplo, a inscrição
do Salmo 22 é: Ao mestre de canto, segundo a melodia “Corça da Manhã”. Salmo
devem ser estudadas, elas mostram quais são
de Davi. (N.T.).]
Salmos de amor, peregrinação, memoriais, ou se são de
louvor, oração ou instrução.
Aqui há pérolas preciosas em abundância. Os três primeiros
Salmos são chaves para toda a coleção; seus temas são as
Escrituras, o Messias e a experiência dos crentes; Salmos 14 e
53 são virtualmente iguais; Salmos 19 e 119 são monumentos
à lei de Deus; Salmos 22, 23 e 24 correspondem à paixão e
crucificação, à morte e sepultamento, à ressurreição e
ascensão do Messias; o Salmo 45, o salmo-cântico, é chave
para o livro de Cantares; o Salmo 51 é de penitência; Salmo
32 é de perdão; Salmo 45 é de salvação; Salmo 46 é de fé;
Salmo 37 é de segurança; Salmo 50 é de sacrifício; Salmo 72 é
de missões; Salmo 73 é o salmo do cético; Salmo 85 é o
salmo do mendigo; Salmos 90 e 91 são os salmos de morte e
vida; Salmos 106 e 107 são salmos de ingratidão e gratidão;
Salmos 113 a 118 são salmos de Aleluia; Salmos 120 a 133 são
os salmos dos degraus, cantados enquanto o povo ia para as
festas no Templo. [Em Os Câticos dos Degraus, Edições Tesouro Aberto,
Belo Horizonte, 2010, o autor, Stephen Kaung, estuda a fundo os Samos 120 a 133
e mostra como ilustram os estágios do crescimento espiritual. (N.E.).]
Os crentes sempre tiveram os salmos como herança
preciosa. Atanásio (295–373) os chamou “uma epítome de
toda Escritura”; Lutero, “a Pequena Bíblia”; Basílio, “o
tesouro comum de todos os bons preceitos”; e o Bispo
Alexander traçou neles uma maravilhosa “testemunha para
Cristo e para o cristianismo”.

DIVISÕES
O livro de Salmos subdivide-se em cinco livros marcados
por seu fim peculiar.
1) Sl 1 a Sl 41: termina com uma doxologia e duplo Amém.
2) Sl 42 a Sl 72: termina de maneira semelhante, com a
sentença “findam-se aqui as orações de Davi, filho de Jessé”.
3) Sl 73 a Sl 89: tesmo término do livro 1.
4) Sl 90 a Sl 106: mesmo término, com Aleluia.
5) Sl 107 a Sl 150: termina com muitos Aleluias.
Provébios
Palavra-chave: sabedoria
Versículo-chave: Pv 9:10
Aqui é exibida a sabedoria da vida prática, modelando o
caráter e a conduta, regulando igualmente a relação
homem-homem e homem-Deus. A verdadeira sabedoria
desenvolve a dignidade, leva à moralidade e, no seu
maior alcance, à piedade. Requer obediência às duas
tábuas da lei. Torna o entendimento claro, a consciência
pura e a vontade firme. A Sabedoria é aqui personificada
correspondendo à Palavra ou Logos, em João.

A palavra traduzida como “provérbio” significa parábola ou


dito autoritativo e sugere que verdades morais são ensinadas
por comparação ou contraste. A palavra provérbio significa
um dito breve ao invés de muitas palavras e implica riqueza
em paralelismos. Provérbios têm sido os motos que moldam a
vida e a história. O poder do provérbio repousa parcialmente
na sua forma, que é aguda, incisiva, impressiva. Declara a
verdade, chama a atenção, e é facilmente gravado na memória.
Os provérbios hebreus, “como fórceps”, seguram a verdade
firmemente entre pontos opostos de antítese.
Esse livro é uma compilação. Muitos desses provérbios são
de datas anteriores, outros são conhecidos por “palavras de
Agur”, “Lemuel”, dentre outros, mas são os dizeres de
Salomão que compõem o corpo do livro (1Rs 4:32). Seu dom
de sabedoria se expressa em aforismos sábios que mostram
sua capacidade intelectual e sagacidade moral, seus hábitos de
observação e pensamento científico, seu bom senso e
conhecimento incomum sobre a natureza humana. As
matérias tratadas são piedade filial, más companhias,
sensualidade e embriaguez, preguiça, conflito e ambição. O
Capítulo 31 contém um belo poema acróstico sobre a “mulher
virtuosa”. O que os Salmos são para a vida devocional, os
Provérbios são para a vida prática.

DIVISÕES
1) Pv 1 a Pv 9: admoestações, principalmente aos jovens.
2) Pv 10 a Pv 24: miscelânea, para todas as classes.
3) Pv 25 a Pv 29: coletânea posterior, pelos escribas, sob
Ezequias.
4) Pv 30 e 31: suplemento. Palavras de Agur e Lemuel.
Eclesiastes
Palavra-chave: vaidade
Versículo-chave: Ec 2:11
Essas “Palavras do Pregador”, escritas na forma de
monólogo, registram resultados de experiência e
observação da vida do homem. Observado do nível mais
alto “debaixo do sol”, tudo parece uma grande falha,
“vaidade e aflição de espírito”. Somente quando o
mundo presente e o do porvir se juntam é que se tem a
vida em sua totalidade. Somente quando Deus e o
homem são unidos pela fé e obediência tem-se o homem
em sua totalidade (Ec 12:13–14).

Eclesiastes é um enigma para muitos leitores que vêem em


Salomão um epicureu, dispéptico, hipocondríaco ou cético.
Para o estudante que se aprofunda, o plano do livro se torna
claro. Vista da perspectiva deste mundo apenas, a vida não
vale a pena ser vivida, e o prefácio antecipa e delineia o
argumento: 1) a morte conclui tudo em derrota e
desapontamento; 2) tudo se move em um círculo sem fim de
repetição monótona, nada há de novo, nenhum progresso
permanente é alcançado; 3) todo trabalho falha em satisfazer
ou gratificar; 4) tudo é perdido por fim, mesmo a lembrança
do bem.
Após esse esboço inicial, o autor entra em detalhes. Segue
um método científico, coleta fatos, classifica-os, e esboça
inferências e conclusões. Seus experimentos são: buscar
sabedoria, prazer, frivolidade, mundanismo,
empreendimentos, tesouros, belas artes, mas ele só encontra o
clímax do desgosto (Ec 2:26). Suas observações são: o
homem é limitado por uma lei do destino, vaidade e aflição de
espírito são as palavras que expressam seu veredito final.
A solução para esse problema da vida começa em Ec 8:16.
O autor descobre que: 1) a divina providência rege tudo; 2) a
lembrança piedosa de Deus traz para a vida um fator de
salvação, que torna a vaidade em verdade, e a aflição de
espírito em satisfação; 3) este mundo é um hemisfério, cujo
complemento é outro hemisfério. O homem é uma meia
dobradiça sem Deus. Não há lucro sob o sol, mas devemos
olhar além do sol. “Teme a Deus e guarda os seus
mandamentos, porque este é o dever de todo homem” (Ec
12:13, 14).

DIVISÕES
1) Ec 1:1–11: prefácio.
2) Ec 1:12 a Ec 2:26: resultado das experiências.
3) Ec 3:1 a Ec 8:15: resultado das observações.
4) Ec 8:16 a Ec 12:7: indução.
5) Ec 12:8–14: a grande conclusão.
Cantares
Palavra-chave: amado
Versículo-chave: Ct 6:3
Nessa “canção matrimonial”, o mistério de Cristo e a
Igreja parece ser tipificado por um diálogo entre o noivo
e a noiva (compare com Ef 5:25–32). O quadragésimo
quinto Salmo, “cântico de amor”, trata brevemente do
mesmo tema, da mesma maneira, e é a chave para o livro
de Cantares. O matrimônio é a figura favorita pela qual
os profetas e os apóstolos representam a relação de
Jeová com Seu povo (compare com Is 62:5, Jr 3; Ez 16).

As partes desse diálogo nupcial, ou canto antifonal, são


Salomão, príncipe da Paz, e Sulamita, “a que busca a Paz”,
nomes que corresponderiam a Júlio e Júlia, ou Francisco e
Francisca. Sulamita não é só feminino, mas é também
coletivo, pois a Igreja é um corpo coletivo. Por isso a
frequência do uso do plural “nós” como em Ct 1:4. Embora
morena pela exposição a um sol tropical, ela é bela a seus
olhos, por isso ele a chama de seu amor. Ela foi feita para ele,
e o coração dela não descansa, como uma pomba errante, até
descansar nEle.
As transições do diálogo podem ser seguidas pela mudança
nos pronomes, e pelo significado. A interpretação tipológica é
a única natural e satisfatória. O amor matrimonial é um tipo da
afeiçoada, íntima, confidencial, e exclusiva união entre Cristo
e aqueles que crêem. O pensamento constante e o elogio da
noiva para com o noivo sugerem a devoção do discípulo ao
seu Senhor, enquanto o terno amor do noivo sugere a graça
inefável do Senhor, que amou a Igreja e deu a Si mesmo por
ela, que a santifica e purifica, nutre e protege, e finalmente a
apresenta para Si próprio. Um estudo mais apurado pode
encontrar nesse poema os estágios sucessivos do crescimento
do crente em conhecimento, amor e alegria, desde o primeiro
gozo em Jesus, no beijo reconciliatório, até o êxtase de saber
que Ele se agrada do discípulo.
A ordem e sucessão dos livros é sugestiva. Em Eclesiastes,
o homem encontra sua alma muito grande para o mundo
poder alimentar e saciar, tudo é vaidade, não há lucro sob o
sol. Em Cantares, o homem, olhando acima do sol, acha em
Deus não apenas aquilo que preenche sua alma, mas também
algo que não pode ser contido. O mar enche a xícara, mas a
xícara não pode conter o mar. Da vaidade chega-se à verdade.
Seria útil não usar a antiga divisão de capítulos e dividir este
diálogo em 6 seções, começando respectivamente em 1:2; 2:7;
3:6; 5:2; 6:10 e 8:5.

DIVISÕES
1) Ct 1:1: título.
2) Ct 1:2 a Ct 5:1: a noiva na câmara do Rei, a visita dEle, o
sonho dela, o matrimônio real.
3) Ct 5:2 a Ct 8:14: a esposa do Rei, a procura e o encontro,
a volta para casa, etc.
Os Profetas
Aqui começa a terceira e última divisão do Antigo
Testamento. Um profeta não é necessariamente alguém
que prediz, mas alguém que fala por Deus, um mestre
inspirado. Previsão é uma das formas pelas quais o selo
e a sanção divinos são colocados sobre o profeta. Os
livros históricos e proféticos têm uma relação próxima.
A nação hebreia é o centro de ambos, e outras nações
são vistas somente em sua relação com este assunto e
objeto centrais.

Há dezessete livros proféticos, cinco são profetas maiores e


doze profetas menores. Essa terminologia não se refere à
importância e, sim, ao tamanho dos livros. Eles não estão em
ordem cronológica: quatro ou cinco dos profetas menores são
datados antes de Isaías. O período coberto por esses livros
abrange quatro séculos, de cerca de 870 a 440 a.C., e é
marcado por três divisões: pré-exílio, exílio, pós-exílio. O
estudo das profecias com relação ao período que elas cobrem
é de grande importância, já que a história muitas vezes
interpretará a profecia.
O hebreu é a figura central na profecia, primeiro no aspecto
nacional ou orgânico; segundo, no eclesiástico ou espiritual,
com referência ao remanescente dos que crêem; e terceiro, no
pessoal ou messiânico. Esses aspectos estão tão interligados
que frequentemente são indistinguíveis. Predições são
relacionadas tanto a Judá, ou a Israel, ou a nações por quem
elas foram oprimidas. Qualquer julgamento predito tem uma
promessa de restauração que alivia a escuridão. O
remanescente daqueles que crêem sobrevive para se tornar
uma bênção para todos.
Há duas expressões comumente usadas nas profecias: “Nos
Últimos Dias” e “O Dia do Senhor”. A primeira cobre toda a
série de eventos associada com o período ligado ao primeiro
advento do Senhor e ao julgamento final. O “Dia do Senhor”
é o aspecto escuro do julgamento, visto em conexão com
aqueles “últimos dias”, e marca crise e catástrofe.
Alguns princípios de interpretação devem ser observados.
A profecia muitas vezes apresenta primeiro um esboço ou
perfil dos eventos por vir, que sucessivas profecias preenchem
e completam; assim só por combinação e comparação é que
toda a cena pode ser vista. Da perspectiva profética é comum
que eventos futuros pareçam estar mais próximos. Eventos
são vistos em esboço, e em série ou sucessão, sem
consideração com os períodos entre eles, ou proporções e
dimensões comparáveis. Um mesmo esboço pode incluir
diferentes eventos; uma predição, parcialmente cumprida,
pode ainda esperar uma realização mais completa. Muitas
vezes, profecias posteriores expandem as prévias, analisando
e separando o que antes era vago, confuso e geral. Os
horizontes se alargam à medida em que se avança.
A chave para toda profecia é o Reino de Deus; seu
surgimento, progresso, conflitos e triunfo final. Da primeira à
última, embora tenham aspectos variados, a profecia é única e
imutável em essência e princípios.
Isaías
Palavra chave: salvação
Versículo-chave: Is 53:5
O testemunho de Jesus é o espírito da profecia. Esse é o
Cântico de Cristo, mostrando os grandes fatos e
questões de Sua vida e obra, do Seu berço à Sua coroa.
O coração do Antigo Testamento é o quinquagésimo
terceiro capítulo, que mostra o Servo do Senhor levando
sobre Si os nossos pecados. Cada grande verdade do
evangelho é antecipada nesta profecia. Data: entre 759 e
710 a.C.

Isaías é chamado de profeta evangélico. A parte histórica


contém sugestões sobre a glória do Messias; nascimento
virginal; caráter multiforme. Compare com Is 6; 7:14; 9:6, 7;
11:1, 10; 28:16; 32:2. Mas no capítulo 40 há uma transição
abrupta da parte histórica para a parte profética e messiânica.
Segue-se então a descrição mais completa do Antigo
Testamento sobre a Pessoa e missão do Messias, Sua
humilhação e exaltação. Os primeiros cinco versículos do
capítulo 40 formam o embrião dos vinte e sete capítulos. A
primeira mensagem de Deus para um povo pecador e sofredor
foi de conforto: Ele perdoou seus pecados. Mas perdão não é
tudo. Um mensageiro (João Batista) vem para preparar o
caminho do Senhor e então se seguirá uma nova revelação de
Sua glória e todos a verão. Aqui se encontra reconciliação e
encarnação, completa revelação e evangelização universal. A
morte de Cristo está tão claramente predita no capítulo 53 que
a única saída encontrada por Bolingbroke para escapar da
força das evidências foi argumentar que Jesus provocou Sua
própria crucificação por meio de uma série de medidas
prearranjadas, simplesmente para dar a Seus discípulos o
trunfo de uma profecia cumprida!
Os vinte e sete capítulos formam um majestoso poema
messiânico, dividido em três livros. O primeiro e o segundo
terminam com o solene refrão: “Para os perversos, todavia,
não há paz, diz o Senhor” e o terceiro expressa o mesmo
pensamento de forma mais completa “…porque o seu verme
nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; eles serão um
horror para toda a carne.” Cada livro é composto de três
seções de três capítulos cada que quase coincide com as
divisões em nossas Bíblias:

Capítulo Capítulo Capítulo


40 49 58
41 50 59
42:1 a 43:13 51 60
43:14 a 44:5 52:1–12 61
44:6–23 53 62
44:24 a 45:25 54 63:1–6
46 55 63:7 a 64:12
47 56:1–8 65
48 56:9 a 57:21 66

O quinquagésimo terceiro capítulo é, de fato, o capítulo


central do segundo livro deste majestoso poema profético, é o
coração dos escritos proféticos do Antigo Testamento, e o
versículo central desse capítulo central contém a verdade
central do Evangelho:
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e
moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is
53:5).

DIVISÕES
1) Is 1 a Is 39: cronológico e histórico.
2) Is 40 a Is 66: o cântico do Messias.
Jeremias
Palavra-chave: advertência
Versículos-chave: Jr 7:28, Jr 46:1
Esse livro, de veemente repreensão a Judá e predição
contra nações gentias, é o toque da trombeta de um
reformador aos ouvidos de um povo perverso a quem
são endereçados vinte capítulos de argumentação e
apelos, porém em vão. Aqui o Messias aparece como o
Renovo, o Rei no trono de Davi, o Senhor, nossa de
Justiça e tipologicamente na própria pessoa de Jeremias,
cuja mensagem de arrependimento e salvação foi
rejeitada.

Judá precisava ouvir a voz da advertência. Declínio seguiu-


se à morte de Josias. Até mesmo sacerdotes e profetas foram
manchados com paganismo, licenciosidade e corrupção. Ritos
superticiosos pouco a pouco foram surgindo: adoração à
“rainha do céu” com bolos de Ishtar (Jr 7:12, 18; 44:18–26) e
sacrifícios humanos a Moloque.
Jeremias, chamado ainda moço, susteve o cetro profético
por mais de quarenta anos, de 628 a 586 a.C. Quase cem anos
o separam de Isaías. Suas advertências e repreensões, ainda
que temperadas com súplicas tenras, de nada adiantaram.
Jeoaquim queimou o rolo da profecia que escrevera e
procurou tirar-lhe a vida. Zedequias foi, em vão, advertido
sobre o cativeiro vindouro. A grandeza de seu caráter
transparece na sua fidelidade sem temor e na sua paixão pelas
almas. Preferiu ser infamado, perseguido, lançado ao
calabouço e morrer a recuar um passo sequer da verdade.
Apesar de seu heroísmo e mansidão, foi odiado por suas
ousadas repreensões. Estava em um calabouço quando
Nabucodonosor tomou Jerusalém, foi ao Egito com o
remanescente e, de acordo com a tradição, foi ali apedrejado
pelos seus próprios compatriotas.

DIVISÕES
1) Jr 1 a Jr 38: profecias a respeito de Judá até a invasão dos
caldeus.
2) Jr 39 a Jr 44: profecia e história após a queda de
Jerusalém.
3) Jr 46 a Jr 51: profecias contra o Egito, Filistia, Moabe,
Amom, Edom, Damasco, Quedar, Hazor, Elão e Babilônia. O
Capítulo 45 é um fragmento aparentemente fora de lugar e o
Capítulo 52 é um apêndice.
Lamentações
Palavra-chave: destruição
Versículo-chave: Lm 2:11
Esse livro é uma ária em tom menor da profecia, um
canto fúnebre. O profeta das lágrimas, cuja vida foi um
longo martírio, identificou-se por completo com as
tristezas de seu povo e a desolação da Cidade Santa e
agora entoa a lamentação de um coração quebrado. Ele
vê no exército caldeu a vara de Deus castigando seu
povo rebelde, mas até Seus julgamentos são uma
chamada ao arrependimento. Compare com Jesus
chorando sobre Jerusalém (Lc 19:41–42).

Note o arranjo artístico desse poema. É um acróstico cuja


estrutura simétrica é singular. Há cinco lamentações. Nas
primeiras três, cada estrofe é tripla; na quarta lamentação,
cada estrofe é dupla. Além disso, na terceira lamentação (ou
lamentação central), que é o clímax do poema, as três frases
de cada estrofe começam com a mesma letra. Na quinta
lamentação, o aspecto acróstico desaparece, mas ainda há
vinte e duas estrofes, o que corresponde em número às letras
do alfabeto hebraico.
Na primeira lamentação, Sião aparece como uma viúva que
chora em trajes de luto. Nas três lamentações seguintes, o
profeta-poeta aparece pintando quadros da ruína da capital
sagrada. Na quinta, o povo, com cantos de lamentação,
confessa seu pecado, pranteia sua maldição e apela para a
compaixão de Deus.
A “Gruta de Jeremias”, onde a tradição o situa olhando para
a cidade e chorando sobre ela, encontra-se nas colinas a oeste
de Jerusalém.
A visão de Jeremias de Jerusalém em ruínas e de Babilônia
exuberante, deve ser comparada à visão de João, na qual
Babilônia aparece destruída e a Nova Jerusalém é revelada em
triunfo e beleza celestial (Ap 18). É preferível ser um com
Jerusalém em aflições que resultam em glória, a ser um com
Babilônia no seu orgulho que termina em vergonha.

DIVISÕES
Cinco lamentações, uma por capítulo. A primeira, segunda e
quarta, cada uma dividida em duas partes iguais e a terceira,
em três (Lm 3:1–18; 19–42; 43–66). As divisões são
facilmente detectadas pela mudança de quem fala e dos
pronomes pessoais usados.
Ezequiel
Palavra-chave: visões
Versículo-chave: Ez 1:1
Ezequiel, o profeta da harpa de ferro e notável por
declarações enérgicas, era da linhagem sacerdotal. Ele é
um verdadeiro “vidente”, que teve visões de Deus. Seus
escritos são mais notáveis que seus dizeres, e seu estilo
é vívido e fervoroso. Ele viu a glória do Senhor,
registrou sua partida da cidade e do Templo por causa
da idolatria e iniquidade, e, após julgamento nacional, o
retorno da glória em dias futuros e a ressureição
nacional de Israel.

A visão inicial representa majestosamente a glória do


Senhor, conforme vista em Suas obras e Palavra; na criação,
providência, Escrituras, e graça. A roda sobre a terra, sua orla
cheia de olhos que se estende até os céus; a roda em outra
roda; as quatro faces: de leão, bezerro, homem e águia; tudo
isso expressa a grandiosidade, sublimidade, sabedoria e poder,
complexidade e mistério de todas as Suas operações.
Isaías e Jeremias profetizaram em Jerusalém. Ezequiel
profetizou à beira do rio Quebar entre os cativos. Jeremias
esboçou a condição moral do povo de Deus a partir do
décimo terceiro ano do reino de Josias. Por outro lado,
Ezequiel o fez entre os cativeiros de Jeoaquim e Zedequias, os
dois últimos reis de Judá. Ele desvendou a razão do
cativeiro: lei e penalidade; o julgamento de Deus sobre a
idolatria e soberba auto-confiança; os caldeus foram o Seu
instrumento.
Ezequiel deve ser comparado com os outros três grandes
profetas, mas em particular com Daniel e João no livro de
Apocalipse, onde mais de oitenta pontos em comum serão
encontrados. Os quatro seres viventes (Ζωα), da visão de
Ezequiel sobre terra aparecem nos céus na visão de João.
Ezequiel vê o julgamento de Judá apesar dos rituais no
Templo; João, em Apocalipse, vê a Igreja sem Templo em
pureza e vitória.

DIVISÕES
1) Ez 1 a Ez 24: visão introdutória, comissão como profeta,
predição da queda de Jerusalém.
2) Ez 25 a Ez 32: julgamento de Amom, Tiro, Egito, Edom,
Moabe, Filistia.
3) Ez 33 a Ez 39: advertências e promessas para Israel e
Judá.
4) Ez 40 a Ez 48: o Templo e a Cidade ideais.
Daniel
Palavra-chave: segredo revelado
Versículo-chave: Dn 2:22
Esse livro não é exatamente uma história a respeito dos
judeus, babilônios contada de maneira contínua, nem no
que se refere ao assunto nem rem relação ao tempo em
que foi escrita. Profecia e história estão misturadas;
incidentes, em um período de cerca de setenta anos,
foram escolhidos para ilustrar o poder de uma vontade
determinada, separação em relação a Deus, a oração da
fé; a intervenção de Deus em milagres, inspiração em
profecia, a providência divina sobre reis e nações, e o
ministério dos anjos.

O livro está dividido em duas partes iguais: a primeira é


uma narração; a segunda, uma revelação. O período é aquele
do cativeiro babilônico. Nabucodonosor, no auge de seu
poder, era capaz, porém arrogante e despótico. No coração
desse centro mundial de poder pagão, Jeová visitou seus
exilados com milagres e profecias, para mostrar Seu conforto
e poder dados por vislumbres do futuro.
A porção narrativa apresenta o conflito entre o Deus
Verdadeiro e os falsos deuses de seis formas:
1) sabedoria, ou capacidade intelectual; quatro hebreus
cativos competindo com sábios caldeus.
2) poder para revelar segredos divinos; a oração de Daniel,
não apenas revelando interpretações, mas até mesmo
revelando sonhos;
3) a adoração a Jeová em contraposição à adoração de
ídolos; os três servos de Deus livrados da provação do fogo;
4) soberania divina versus a humana; o “eu” de
Nabucodonosor sucumbe ao grande “Eu Sou”;
5) sacrilégio versus retribuição; o banquete profano de
Belsazar e a terrível inscrição na parede;
6) a lei superior versus a inferior; o decreto de Dario
revogado e Daniel sendo tirado ileso da cova dos leões.
A porção apocalíptica contém dois sonhos de impérios
mundiais: os quatro animais, e o carneiro e o bode; a oração
de confissão de Daniel, respondida com revelação; ministros
angelicais; profecias quanto à Pérsia e Grécia; os tempos antes
do fim. As profecias encontram-se em duas classes: a
primeira, relacionada aos monarcas babilônicos
Nabucodonosor e Belsazar, e a segunda, sobre os
desenvolvimentos futuros abrangendo uma visão geral de
impérios mundiais que nasceram da monarquia babilônica ou
caldeia, até então o “poder supremo”, a saber: o Medo-Persa,
o Macedônico ou Grego, e o Romano. Os quatro reinos do
Capítulo 2 e os quatro animais do Capítulo 7 são os mesmos.
Porfírio reconheceu o cumprimento exato dessas profecias,
mas disse que elas devem ter sido escritas depois dos
eventos!
O tempo do advento do Messias é revelado com exatidão
em Dn 9:24. Temos setenta héptadas, ou seja, períodos de
sete, isto é, 490 anos, do decreto de Ciro ao sacrifício do
Messias e à consumação de Sua obra redentora (455 a.C. a 33
d.C.). Como Cristo nasceu de quatro a cinco anos antes da era
cristã, como é comumente reconhecido, somente 69 períodos
de sete anos foram cumpridos. Não será a septuagésima
semana de Daniel apocalíptica?
José no Egito e João em Patmos correspondem a Daniel na
Babilônia. Esse livro está cheio de princípios para os jovens:
“resolveu Daniel não contaminar-se” (Dn 1:8), “espírito
excelente se achou nele” (Dn 4:8), “ele era fiel” (Dn 6:4),
“porque crera no seu Deus” (Dn 6:23), “receberás a tua
herança” (Dn 12:13), dentre outros.

DIVISÕES
1) Dn 1 a Dn 6: o conflito.
2) Dn 7 a Dn 12: a revelação.
Os Profetas Menores
Esses doze escritos eram considerados pelos judeus
como um só livro (At 7:42). Não se sabe quem os
coletou, mas Esdras, Neemias e Malaquias podem ter
ajudado na formação do cânon. O período coberto por
tais livros, e que também inclui o dos profetas maiores,
é aproximadamente de 870 a.C. a 440 a.C. A ordem
cronológica é provavelmente a seguinte: Joel, Jonas,
Obadias, [Segundo o autor, Obadias pode ter sido escrito tanto após Jonas
como após Habacuque. (N.T.).] Amós, Oseias, Miqueias, Naum,
Sofonias, Habacuque, Obadias, Ageu, Zacarias,
Malaquias.

A divisão do reino antecedeu os dias de Joel por mais de


um século. Portanto, nessas profecias encontram-se dois
reinos, Judá e Israel, cada um com seus pecados e
julgamentos, calamidades e cativeiros. Em uma das épocas
mais agitadas da história hebraica encontramos um terrível
conjunto de males e desastres: adoração ao bezerro e a outros
ídolos, casamentos e alianças proibidas com outros povos,
degeneração moral e apostasia, invasões externas e guerras
civis, cativeiros e restaurações. A história deve ser colocada
lado a lado com a profecia, pois a primeira interpreta a
segunda.
As profecias contidas nesses doze livros apresentam uma
visão completa. O reino de Davi é visto como que rasgado ao
meio, e suas partes terminam em aparente ruína. Mas um
remanescente crente sempre sobrevive à ruína e a restauração
virá quando o Filho de Davi reconstruir a nação arruinada e
restabelecer o trono. Há um olhar contínuo para o futuro que
se estende além das conquistas da Macedônia, do sucesso dos
Macabeus, da apostasia dos judeus, da destruição de
Jerusalém e da dispersão da nação eleita. O olhar se estende
até a conversão final e restauração definitiva do povo
escolhido de Deus.
O esboço encontrado no Antigo Testamento do Messias e
seu reino, que em estágios anteriores da profecia eram como
“desenhos sem cor”, agora se completa e cada livro profético
adiciona uma pincelada a essa grandiosa pintura. Davi, nos
Salmos, apresenta o Messias como Sacerdote e Rei; Isaías,
como o Servo obediente, o Salvador sofredor, o Conquistador
que reina. Ezequiel O apresenta como o Sacerdote ideal de um
Templo ideal. Daniel, como um Príncipe rejeitado sem trono,
sem povo, sem reino, mas finalmente em pé sobre as ruínas
do colossal poderio mundial. Zacarias O apresenta nos três
ofícios: profeta, sacerdote e rei; Malaquias encerra o cânon do
Antigo Testamento com referências à Sua primeira e segunda
vindas.
O leitor sempre verá a profecia com clareza desde que tenha
uma percepção clara de que Cristo é a Pessoa central e Israel
é a nação central, sendo que o resto gira em torno desses
centros e para eles converge.
Oseias
Palavra-chave: retorno
Versículo-chave: Os 14:9
Essa mensagem é para o reino do norte, Israel, onde
Oseias tinha provavelmente nascido. O reino estava às
portas da morte e Israel, repreendido como a esposa
infiel de um marido divino, é conclamado a se voltar de
suas recaídas e tropeços para Ele. Esse livro efraimita
singular praticamente não menciona Judá, e não se
refere abertamente a Jerusalém. O período de Oseias
abrange meio século.

O presente livro é rítmico e sua linguagem, metafórica e


lacônica. A nação estava corrompida com vícios pessoais e
crimes públicos: mentira e perjúria, embriaguês e
concupiscência, roubo, assassinato, traição. A adoração a
Jeová estava corrompida com idolatria e profanada por
formalidades. Situadas entre o Egito e a Assíria, havia duas
facções. Uma favorecia aliança com o Egito, e a outra, aliança
com a Assíria.
O reino de Israel teve um curto período de prosperidade
seguido por decadência e rápida ruína. Houve violentas
mudanças na sucessão ao trono e a primeira aparição da
Assíria na Palestina. Finalmente Sargon conquistou Samaria
que acabou em cativeiro.

DIVISÕES
1) Os 1 a Os 3: a aliança matrimonial com Jeová.
2) Os 4 a Os 14: os estágios do declínio e a exortação a
retornar.
Joel
Palavra-chave: julgamento
Versículo-chave: Jl 2:13
Esse profeta pioneiro viveu em Judá, provavelmente em
Jerusalém nos primeiros dias de Joás, 870 a.C. a 865
a.C. Gafanhotos e secas são usados como símbolos de
multidões de invasores e dos recursos esgotados da
nação. Ele convocou um jejum, para livrar-se da
situação presente e evitar o iminente flagelo. O profeta
predisse prosperidade em caso de arrependimento, o
derramamento do Espírito no porvir e a chuva após a
seca.

Joel se dirigiu a Judá sem fazer qualquer referência a Israel


ou a práticas idólatras. Os sacerdotes e o povo aparecem,
como durante o sacerdócio de Joiada, ocupados com o
serviço e sacrifícios no Templo. Há menção às invasões dos
fenícios, filisteus, edomitas e egípcios, mas não às dos
babilônios, assírios ou sírios. Se Joel tivesse morrido após
Joás, ele provavelmente o teria mencionado.

DIVISÕES
1) Jl 1:1 a Jl 2:17: o julgamento e a chamada ao
arrependimento.
2) Jl 2:18 a Jl 3:21: promessas para o presente e para o
futuro.
Amós
Palavra-chave: punição
Versículo-chave: Am 4:12
À semelhança de seu contemporâneo Oseias, Amós
escreveu para Israel, e denunciou os mesmos males,
preanunciando que seriam conquistados por um inimigo
estrangeiro como punição pelos seus pecados. O início
da profecia consiste em ameaças contra as nações
gentias que os rodeavam, mas nisso não havia qualquer
esperança definitiva para Israel. Entretanto, a nação
recebeu uma promessa de novo livramento e
prosperidade sob a casa de Davi.

Amós, mesmo sendo um profeta para Israel, era nativo de


Judá e um pastor de Tecoa. O seu ministério se deu em Betel.

DIVISÕES
1) Am 1 a Am 2: profecias contra os sírios, filisteus,
fenícios, edomitas, amonitas, moabitas, etc.
2) Am 3 a Am 6: profecias contra Israel.
3) Am 7 a Am 9: visões de consolação e condenação que
cobrem o período anterior e o do reino do Messias.
Obadias
Palavra-chave: Edom
Versículo-chave: Ob 21
Essa é a mais curta das profecias e trata do caráter,
carreira, destruição e queda de Edom (ou Idumeia). Os
descendentes de Esaú até o fim foram inimigos dos
filhos de Jacó e vizinhos orgulhosos, amargos, cheios de
ressentimento. Inicialmente foram governados por
duques e posteriormente por reis; experimentaram seus
anos dourados quando Israel vivia o êxodo. Quando
Babilônia atacou a Cidade Santa, Edom exultou
participando do ataque (Sl 137:7).

Sobre Obadias e seus dias, não sabemos nada. O período


em que viveu pode ter sido imediatamente antes de 800 a.C.
ou logo após 588 a.C. Se ele se refere à conquista de
Jerusalém, no reino de Jorão II, o período mais antigo é o
correto. Por outro lado, se o período corresponde à invasão de
Nabucodonosor, então a data mais recente deve ser
considerada, apesar de ser a menos provável.

DIVISÕES
1) Ob 1:1–9: o julgamento é anunciado.
2) Ob 1:10–16: sua justificativa
3) Ob 1:17–21: salvação é prometida a Sião.
Jonas
Palavra-chave: subversão
Versículo-chave: Jn 3:2
Esse profeta de Israel foi enviado em missão aos
gentios. Nínive, no ápice do orgulho e prosperidade,
deveria ser advertida com respeito a uma queda iminente
e repentina. Jonas, corretamente, percebeu que havia
sinais de misericórdia na mensagem, e seu próprio senso
de justiça o impulsionou para o oeste em vez de leste,
até que no ventre de um grande peixe ele aprendeu a
lição de obediência a Deus e compaixão pelos homens.

O profeta não sentia empatia pelas missões estrangeiras.


Seu preconceito nacionalista via a eleição de Israel da parte de
Deus como a rejeição das demais nações. Sua intolerância
religiosa não conhecia a misericórdia pelos gentios. Seu
espírito legalista pendia mais para a vingança do que para a
graça. Seu temperamento desleal o tornou teimoso e
obstinado, trazendo sobre si severa correção divina.
Retirar os elementos sobrenaturais desta história é negar a
inspiração do livro, que tem sido tratado como um sonho,
uma ficção, fábula, parábola, apólogo, alegoria. Jonas tem
sido considerado um personagem histórico, encarado de
forma simbólica: representando a combinação de dois reis de
Judá, Manassés e Josias; o navio representando o estado
judeu, e a tempestade, uma crise política. O comandante do
navio representando o sumo sacerdote Zadoque; o grande
peixe, o Líbano no Orontes, onde Manassés ficou
aprisionado. Contudo tais interpretações ferem e enfraquecem
não apenas a inspiração da Palavra, mas também a divindade
do nosso Senhor, que tratou a narrativa sobre Jonas como real
(Mt 12:39–41).
A descrença egoísta e vingativa do homem é contrastada
aqui com a graciosa paciência e benevolência de Deus. A
planta ilustra o mediador, necessário para se interpor entre a
cabeça do pecador e a irresistível glória da santidade de Deus.

DIVISÕES
1) Jn 1: a comissão de Jonas e sua correção.
2) Jn 2: sua oração e livramento.
3) Jn 3 e Jn 4: sua comissão renovada e executada.
Miqueias
Palavra-chave: controvérsia
Versículo-chave: Mq 6:2
Miqueias profetizou tanto para Samaria quanto para
Jerusalém, mas principalmente para Judá. Como em
toda profecia genuína, por meio do julgamento surgem
bênçãos futuras. A controvérsia do Senhor com Seu
povo redunda em compaixão infinita. Belém, a pequena,
é preferida a Jerusalém, mãe de todos, para servir de
berço para o Messias. O profeta retrata em tons
inigualáveis o caráter de Jeová, que tanto passa sobre
pecados quanto os lança na profundeza do mar (Mq
7:18–20; Êx 12:23; 14:27).

Miqueias era contemporâneo de Isaías e Oseias. O período


de sua vida encontra-se entre 756 a.C e 699 a.C. Os pecados
que repreendeu eram o resultado da idolatria desenfreada
cometida nos tempos de Acaz. A ruína dos dois reinos e suas
capitais seria seguida pelo retorno do remanescente, a
restauração do estado judeu e o reino do Messias. A palavra
“ouvi” marca as divisões do livro.
DIVISÕES
1) Mq 1 a Mq: visitação divina a Israel e Judá.
2) Mq 3 a Mq 5: o deserto do pecado e a graça dos últimos
dias.
3) Mq 6 a Mq 7: a controvérsia e perdão de Jeová.
Naum
Palavra-chave: aniquilação
Versículo-chave: Na 1:8, 9
Essa é a sentença contra Nínive. A advertência de Jonas,
talvez um século antes, conduziu o povo ao
arrependimento; mas o julgamento, apesar de retardado,
não poderia ser revogado. Deus não mais pouparia. A
ameaça de subversão agora torna-se na ameaça de
completa aniquilação. A ruína da capital é retratada
utilizando imagens sem paralelo.

No que diz respeito à pessoa e período de Naum, ele parece


ter profetizado na Palestina aproximadamente entre 712 a.C e
685 a.C., na última parte do reino de Ezequias. Ele descreve o
exército assírio de Senaqueribe de forma vívida e gráfica. Sua
última tentativa de esmagar os judeus, no décimo quarto ano
de Ezequias, resultou em desastrosa derrota. De cinquenta a
cem anos depois dessa predição (625 a.C.), as forças de
Ciaxares e Nabopolasar subverteram Nínive e Assíria.
Habacuque
Palavra-chave: fé
Versículo-chave: Hc 2:4
Habacuque é o profeta da fé. Ele viu o julgamento
vindouro de Judá efetuado pela da invasão dos caldeus,
porém ele teve uma visão mais importante: a da
justificação pela fé. Seu nome “abraçar” expressa a
confiança que se agarra em Deus e, em seu poema, a
palavra e o pensamento central é a fé em sua relação
vital com a justiça e com as provações e vitórias da vida.
A oração com a qual o livro termina alcança o ápice da
sublimidade.

“O justo viverá pela fé”. Essa é a visão que o profeta


tornaria clara em tábuas, inscritas com grandes letras e
expostas em lugares públicos. Esse pensamento tornou-se o
centro da doutrina de Paulo (Rm 1:7; Gl 3:11; Hb 10:38). Em
Romanos, justo é a palavra enfática; em Gálatas, fé; em
Hebreus, vida. Quando na carta aos Gálatas ele se refere às
“grandes letras” com as quais ele escrevia de próprio punho
(Gl 6:11), Paulo provavelmente estava referindo-se a
Habacuque, à grande sentença escrita com grandes letras
sobre tábuas que ficavam à beira do caminho e que
posteriormente se tornaram a frase motriz da grande reforma,
escrita por Lutero para ser lida por toda a raça humana.
A data provável dessa profecia é entre 608 a.C. e 604 a.C.,
durante o reino de Jeoaquim. Os caldeus, que estavam prestes
a invadir a Judeia, foram usados por Deus como Seu martelo
para punir a Judá, e a seguir foram destruídos por Ele, como
quem destroça o próprio martelo (Jr 50:23).
Fé é a figura central, retratada em todos seus aspectos, o
penhor e o teste da justificação, o fruto e a prova de vida.
Ilumina em meio às trevas, concede triunfo nas provações,
paz na perplexidade, firmada na Palavra de Deus, a Rocha
Eterna (Is 26:2, 3). Na sequência dos eventos, a fé vê Deus
operando a Sua própria vontade e, no fim, o bem do Seu
povo.

DIVISÕES
1) Hc 1 a Hc 2: o colóquio do profeta. Ele fala (1:2–4). A
resposta de Deus (1:5–11). O profeta fala novamente (1:12–
17). A seguir ele assume uma atitude de espera (2:1). Deus fala
novamente (2:2–20).
2) Hc 3: a oração.
Sofonias
Palavra-chave: remanescente
Versículos-chave: Sf 1:4; 3:13
Esse “Compêndio de toda a Profecia”, apesar de
dirigido a Judá e a Jerusalém, é um retrato do governo
universal de Jeová. Toda a terra é o palco onde o Juiz de
tudo demonstra a grandiosidade da lei e a glória do
amor. Dos quatro cantos da terra, nações são escolhidas
como exemplos do Seu justo juízo, (Sf 2:4–15). Fala-se
de dois remanescentes: o remanescente de Baal, que não
escapará e o remanescente de Israel, que sobreviverá ao
próprio juízo.

O período de Sofonias encontra-se entre 642 a.C. e 610 a.C.


Ele predisse a queda da Assíria juntamente com Nínive. Sua
profecia deve ter se dado antes de 625 a.C., no período inicial
do reino de Josias, quando as práticas idólatras foram banidas,
permanecendo, no entanto, um remanescente de adoradores
de Baal. Sua mensagem é principalmente para os judeus uma
repreensão por causa da idolatria e depravação, e uma
advertência do Dia de Jeová, ao qual se faz menção quatorze
vezes no Capítulo 1. A glória do porvir, quando todas as
nações se unirão em adoração ao único Deus, é antevista.
DIVISÕES
1) Sf 1:1 a Sf 2:3: o dia do juízo.
2) Sf 2:4 a Sf 3:7: a provocação.
3) Sf 3:8–20: a salvação.
Ageu
Palavra-chave: edificar
Versículo-chave: Ag 1:8
Ageu é o primeiro da lista de profetas menores pós-
exílio. Ele proferiu, para um povo apático, o chamado
de Deus para reconstruir o Templo que estava em ruínas.
Ele contrastou a vergonha da negligência do povo com a
recompensa de sua fidelidade. Ele anunciou a promessa
de que Jeová se agradará da obra: a glória da última casa
seria maior do que a da primeira, pois o Desejado de
Todas as Nações viria e pisaria nos seus átrios.

Esdras é um comentário histórico para o presente livro, bem


como Zacarias é um comentário profético. Ageu era
provavelmente um dos cativos que retornou sob Zorobabel,
536 a.C., e profetizou no reino de Dario Histaspes. O trabalho
de reconstrução, que fora interrompido devido à oposição
samaritana com Esmérdis, o usurpador, poderia ter sido
retomado quando Dario assumiu o trono (521 a.C.), não fosse
o atraso provocado pela indolência de um povo infiel. Devido
aos apelos de Ageu e Zacarias, o trabalho recomeçou no
segundo ano de Dario, em 520 a.C.
Ageu se deparou com alguns líderes do povo para quem a
profecia não era motivo de estímulo e encorajamento, ao
contrário, era como um sedativo, um narcótico. Aplicando os
“setenta anos” ao Templo bem como ao exílio, eles disseram
que apenas sessenta e oito anos tinham se passado desde a
destruição (588 a.C.), e que o “tempo ainda não havia
chegado... para reconstruir a casa do Senhor”. Assim,
deixaram o Templo de lado, enquanto construíam para si
casas apaineladas!

DIVISÕES
1) Ag 1: a exortação.
2) Ag 2:1–9: o encorajamento.
3) Ag 2:10–19: mensagem aos sacerdotes.
4) Ag 2:20–23: mensagem a Zorobabel.
Zacarias
Palavra-chave: zeloso
Versículo-chave: Zc 8:2
Zacarias foi o profeta do advento. Oito visões em uma
única noite desvendaram a providência de Deus e Sua
graça para com a nação eleita: seus inimigos seriam
destruídos, seus ídolos removidos, sua cidade e Templo
restaurados e seu Messias revelado. A fim de desfrutar
das promessas de Deus, seus preceitos precisam ser
obedecidos e a lei moral deve ser mais importante do
que a lei cerimonial. Então jejuns tornar-se-ão em
banquetes. Jeová é zeloso pelo Seu povo: Seu ciúme,
por um lado, requer a pureza de Seu povo e, por outro,
destrói seus inimigos.

Zacarias que, juntamente com Ageu, instou com respeito à


reconstrução do Templo foi, de acordo com a tradição,
enterrado junto a ele. Provavelmente nasceu na Babilônia, da
linhagem sacerdotal, e retornou com Zorobabel.
O livro se divide em três partes. Os primeiros seis capítulos
mostram as visões, os próximos dois, a resposta de Deus com
respeito ao jejum, e os últimos seis capítulos contêm
predições que se estendem até a consumação do Reino.
Cobrem a expedição de Alexandre o Grande, a queda de
Jerusalém, a dispersão dos judeus e também sua conversão, o
advento do Messiais, e a grande festa dos tabernáculos. A
confederação que resiste ao restabelecimento dos judeus na
sua própria terra será destruída. Adoração será restaurada em
pureza ideal e até mesmo os gentios se unirão em tal
adoração. O Messias é por duas vezes chamado de Renovo.

DIVISÕES
1) Zc 1 a Zc 6: visões.
2) Zc 7 e Zc 8: sobre os jejuns.
3) Zc 9 a Zc 14: o prospecto profético.
Malaquias
Palavra-chave: roubo
Versículo-chave: Ml 3:8
Malaquias significa “Meu Mensageiro”. Ele foi enviado
a denunciar as práticas que desonravam a Deus e a Sua
adoração, e para fortalecer as mãos de Neemias. Sua
mensagem fecha o Antigo Testamento. O profeta
consegue enxergar através de quatro séculos de silêncio
outro mensageiro que prepararia o caminho do Senhor,
e o advento do próprio Senhor, o maior dentre todos os
mensageiros, o “Anjo da Aliança”.

Essa profecia é posterior à de Ageu, pertencendo ao período


de Neemias (entre 440 a.C e 410 a.C.) para quem Malaquias
foi o que Ageu e Zacarias foram para Zorobabel. Na sua
forma, essa profecia é um diálogo: a repreensão do profeta é
contestada, o que leva, por sua vez, a repreensões ainda mais
veementes.
O roubo de Deus é a triste nota do livro. A idolatria havia
desaparecido, mas formalidade e hipocrisia haviam tomado
seu lugar. O povo retinha aquilo que era devido a Deus, ou
pagavam suas obrigações sacras nominalmente, com ofertas
sem qualquer valor. Os pobres também eram roubados, e o
profeta fustiga tanto a sacerdotes quanto ao povo.
O formalismo vazio e o ceticismo, encontrados aqui, são os
primórdios do farisaísmo e do saduceísmo que chegaram à
maturidade nos dias do Senhor.
Amor e ira são dois aspectos distintos do mesmo caráter de
Deus. E, portanto, nesse livro de advertências encontramos a
coroa das promessas do Antigo Testamento (Ml 3:10).
Entretanto, a última palavra do Antigo Testamento é
“maldição”. A lei e os rituais, o exílio e sua disciplina,
sacerdócio e profecia, não puderam anular a maldição: há
necessidade de uma revelação mais plena da graça.
O silêncio profético se estende de Malaquias até João Batista,
deixando totalmente claro que a profecia estava completa
séculos antes dos eventos previstos. Mas há uma conexão
notável entre os dois Testamentos: os últimos personagens nas
páginas inspiradas de Malaquias e os primeiros nas páginas
inspiradas de Mateus são o Anjo da Aliança e Seu precursor.

DIVISÕES
1) Ml 1:1–5: palavras introdutórias de Jeová.
2) Ml 1:6 a Ml 2:9: repreensão aos sacerdotes.
3) Ml 2:10–16: repreensão do divórcio e casamentos mistos.
4) Ml 2:17 a Ml 3:6: o mensageiro vindouro.
5) Ml 3:7–12: dízimos e ofertas.
6) Ml 3:13 a Ml 4:6: o dia vindouro do Senhor.
O Novo Testamento
O Novo Testamento não é apenas um livro, mas uma
pequena biblioteca de 27 livros com pelo menos sete
autores diferentes. Foi escrito ao longo de um período
de cerca de meio século. Não há sinais de retoques e,
entretanto, não há conflito.
Encontramos não apenas harmonia, mas progresso de
doutrina. [Bernard, T. D. The Progress of Doctrine in the New Testament.
Zondervan Publishing House, Gran Rapids.] As verdades encotradas
em forma embrionária nos evangelhos são
historicamente ilustradas em Atos, doutrinariamente
desvendadas e aplicadas nas epístolas e simbolicamente
apresentadas em Apocalipse.

Esse plano arquitetônico é uma prova de inspiração. A


própria ordem dos livros obedece um propósito divino: não
em ordem cronológica, mas de desenvolvimento e aplicação
da verdade. Por trás dos aparentes acasos da história, estava o
plano de Deus determinando a posição de cada peça. Assim,
os evangelhos apresentam Cristo nos quatro aspectos de Sua
Pessoa e obra. Atos mostra o Espírito Santo como o Parácleto
prometido por Cristo que atua na Igreja. As epístolas aplicam
os ensinamentos de Cristo aos detalhes de uma vida santa e
do crescimento e Apocalipse, como um domo, cobre e coroa
toda a estrutura.
A lei da comparação entre porções das Escrituras,
especialmente se aplica ao dois Testamentos. Para uma leitura
mais proveitosa do Antigo, devemos começar com o Novo.
Sem o entendimento da divindade de Cristo e do Espírito
Santo, não haverá o verdadeiro discernimento do Antigo
Testamento: Novum Testamentum in vetere, latet; vetus, in
novo, patet (Agostinho). [O Novo Testamento está oculto no Antigo, e o
Antigo Testamento é revelado pelo Novo. (N.T).]
O cumprimento profético é particularmente importante na
medida em que evidencia tanto a inspiração da Palavra quanto
a divindade de Cristo. O Antigo Testamento contém 333
predições que convergem na Sua Pessoa, e nEle somente.
Comparar as profecias do Antigo Testamento com o relato do
Novo é suficiente para convencer qualquer mente imparcial de
que a Bíblia é a Palavra de Deus e Jesus, o Seu Filho.
Os Quatro Evangelhos
Essa narrativa quádrupla da vida de Cristo prova-se
genuína pelo testemunho harmonioso e coincidências
não planejadas. Cada evangelho apresenta o relato de
um ponto de vista diferente e a combinação fornece,
como uma série de espelhos concêntricos, não apenas
um esboço ou mera imagem, mas projeta diante do leitor
uma Pessoa divina, como um objeto com proporções e
dimensões.

Mateus escreveu para os judeus, e apresenta a Jesus como o Rei dos judeus, o
Legislador Real, o Leão da Tribo de Judá. Marcos escreveu para os romanos, e O
apresenta como o Poder de Deus, o Obreiro Poderoso, o Boi para o serviço e o
sacrifício. Lucas escreveu para os gregos, e O apresenta como a Sabedoria de
Deus, o Mestre e Amigo, o Homem Cristo Jesus. João, escrevendo para
suplementar e complementar os demais evangelhos, apresenta-O tanto como Filho
de Deus quanto Filho do Homem, que é e concede a vida eterna, a Águia que se
eleva em direção ao sol sem ser ofuscada pelo seu esplendor.
Esses quatro evangelhos correspondem aos quatro seres viventes (Zw a) de
Ezequiel, Daniel e Apocalipse. Maravilhosamente unidos, entrelaçados por
“coincidências”, ainda que distinguidos por diferenças, eles estão voltados para
direções diferentes e no entanto movem-se na mesma direção, à medida em que um
mesmo Espírito os guia; asa com asa, roda dentro de roda, cheios de olhos, as
suas cambotas eram temíveis (Ez 1:18), e velozes como relâmpago.
Esses não são evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, mas sim um único
Evangelho de Crsito, segundo Mateus, Marcos Lucas e João. Os três primeiros
apresentam a Pessoa e Obra de Cristo de um ponto de vista externo, da
perspectiva terrena; o último, de uma perspectiva interior e celestial. Cada
evangelho inicia com uma ênfase peculiar: Mateus, com a genealogia de Cristo;
Marcos, com sua Majestade; Lucas, Sua humanidade; e João, com sua Divindade.
O mesmo ocorre no término de cada um: Mateus, Sua ressureição; Marcos, Sua
ascenção; Lucas, Sua bênção de despedida e promessa de poder; e em João tem-
se a alusão à Sua segunda vinda.
Mateus
Palavra-chave: reino
Versículo-chave: Mt 27:37
Esse Evangelho é reconhecidamente hebraico em sua forma e
é o verdadeiro início do Novo Testamento, conectando-o ao
Antigo. A nova aliança surge da antiga; assim sendo, a
genealogia de Cristo é traçada desde Abraão e Davi. A história
messiânica cumpre as profecias sobre o Messias; daí as
frequentes referências às predições. O Profeta, Sacerdote e
Rei, apresentado nas profecias, cerimônias e tipos do Antigo
Testamento, é o próprio Messias.

Mateus escreveu na Palestina, em hebraico, ou siro-caldeu,


para as ovelhas perdidas da casa de Israel. Ele colocou a
genealogia de Cristo no início. Na Bíblia, a unidade é a
família. Os judeus atribuíam grande importância às árvores
genealógicas cuidadosamente traçadas, e havia uma linhagem
definida da qual Cristo deveria descender. No entanto, mesmo
na linhagem sagrada encontramos estrangeiros, gentios e
pecadores, pois Ele veio para salvá-los, e, assim,
condescendeu em identificar-Se com eles. Entre Abraão e
Cristo há três vezes “quatorze gerações” (o que corresponde
ao número quarenta e dois – o número de estações pelas quais
o povo de Israel passou no deserto). Começando com
Abraão, o povo peregrino de Deus nunca encontrou um lugar
de descanso, até que encontraram a Jesus.
Mateus prova a messianidade de Cristo e, portanto, o Seu
reinado como Filho e sucessor de Davi. Por essa razão é dada
proeminência ao reino dos céus: a sua proclamação por João,
o precursor, e depois por Cristo; as bem-aventuranças desse
reino; as condições para se entrar nele e aquelas que tornam
alguém grande nesse reino; as sete parábolas do reino, que
descortinam seus mistérios (Capítulo 13), e as outras três, que
apresentam as fases do segundo advento (Capítulo 25). Por
essa razão, também, o caráter real de Cristo é traçado desde o
Seu nascimento e adoração pelos magos, passando pelo Seu
nobre triunfo sobre o tentador, pelo Seu discurso real sobre as
leis do Seu reino, Seus milagres majestosos, até a Sua
transfiguração, sendo esse o evento central, desvendando a
glória do Rei messiânico em sua plenitude. Desse ponto em
diante, pouco é feito ou registrado para provar a dignidade e a
divindade da Sua Pessoa, e a partir desse ponto Ele passa a
mostrar a doutrina da Sua paixão vicária e Sua ressurreição
(16:21).

DIVISÕES
1) Mt 1:1 a Mt 4:16: do nascimento de Cristo ao Seu
ministério público.
2) Mt 4:17 a Mt 16:28: Seu ministério público até Sua
transfiguração.
3) Mt 17:1a Mt 28:20: da transfiguração até a Sua última
ordenança.
Marcos
Palavra-chave: serviço
Versículo-chave: Mc 10:45
Marcos está, tradicionalmente, conectado a Pedro, que
abriu a porta da fé para os romanos (At 12:12). Esse é o
evangelho das obras de Cristo (At 10:38). Escrito aos
romanos, cujo lema era “poder”, o Evangelho de Marcos
exibe onipotência no poderoso Operador de Milagres e,
então, a onipotência do amor, no sublime milagre de
Sua paixão e ressurreição. O símbolo desse evangelho é
o Boi sacrificial, primeiramente arando a serviço e
depois no altar, como sacrifício.

A ideia predominante desse evangelho é o poder divino,


ministrando ao homem e, ao mesmo tempo, atestando a
veracidade da reivindicação de Cristo como o Filho de Deus.
Portanto, em Marcos os milagres são mais proeminentes do
que as parábolas ou discursos. Após uma breve introdução,
Marcos imediatamente começa a registrar as poderosas obras
de Cristo (Mc 1:28). Pelo menos vinte dos seus mais
extraordinários milagres são registrados detalhadamente. Em
dez ocasiões ele acrescenta declarações gerais, sem entrar em
particularidades (Mc 1:34). Aproximadamente metade dos
capítulos desse evangelho terminam com alguma
recapitulação pormenorizada do Seu ministério de poder (veja
os capítulos 1; 2; 4; 6; 7; 10; 16). Note especialmente a própria
conclusão do livro.
Nesse evangelho, novamente, a transfiguração está no
centro. Enquanto Mateus a enfatiza como revelação da
majestade do Rei e glória do Seu reino, Marcos, de forma
característica, acrescenta “com poder” (compare Mt 16:28;
Mc 9:1). Após essa revelação do poder divino de Cristo, os
milagres ficam em segundo plano, sendo registrados somente
três.
Marcos não registra genealogia, nem algum trecho do
nascimento de Cristo, pois ele não se detém no fato de Cristo
ser descendente de Abraão ou de Adão. Ele apresenta o Filho
de Deus como Servo, tanto de Deus como do homem, o
Levita ideal, ministrando diante do altar e, então, entregando-
Se sobre o altar, completando assim Seu serviço pelo
sacrifício voluntário.

DIVISÕES
1) Mc 1:1–20: introdução: o precursor, o batismo, a
tentação, etc.
2) Mc 1:21 a Mc 8:38: seu ministério miraculoso.
3) Mc 9:1 a Mc 16:20: da transfiguração à ascensão.
Lucas
Palavra-chave: Filho do Homem
Versículo-chave: Lc 19:10
A humanidade divinamente perfeita do Filho de Deus é
aqui retratada, e sua genealogia traçada além de Davi e
Abraão, indo até Adão. O Homem divino, o segundo
Adão é, para o homem, como homem, próximo e amigo,
resgatador e irmão. Mas Ele é também o Senhor que
desceu do céu e que concede a cura divina. Ele é
também Ajudador, Profeta e Salvador. Lucas era amigo e
companheiro de Paulo, e escreveu especialmente para os
gregos, sendo ele mesmo, provavelmente, um prosélito
gentio.

Aqui o nascimento humano e a genealogia de Cristo são


proeminentes, e os milagres e parábolas registrados tocam
toda a humanidade. Ele é visto ocupado em fazer o bem.
Aproximadamente cem passagens nessa narrativa são
peculiares ao Evangelho de Lucas. Muitos incidentes
atraíram especial atenção do médico amado. Mas o que mais
caracteriza esse evangelho é o seu principal propósito. Seu
objetivo é apresentar a Cristo como o mais sábio dos mestres
e ainda o melhor dos homens. Portanto, o autor salienta
parábolas, milagres e eventos que revelam Seu incomparável
ensino e Sua identificação com a humanidade.
Lucas registrou, por exemplo, o incidente no qual a mulher
pecadora ungiu os pés do Senhor (Lc 7:37–50), a história de
Zaqueu, a carinhosa admoestação a Simão Pedro
assegurando-o de Suas orações por ele (Lc 22:31–32), a
promessa ao ladrão à beira da morte e a conversa no caminho
para Emaús. Registra ainda as parábolas do bom samaritano,
da grande ceia, da ovelha perdida, da moeda de prata perdida
e do filho pródigo (Capítulo 15); do fariseu e do publicano, da
viúva importuna– que ilustra a Sua ternura e compaixão para
com o negligenciado e desprezado, o sofredor e pecador, o
publicano e até mesmo o criminoso. O capítulo central é o
décimo quinto, onde, por meio de um grupo de três
parábolas, a alegria por causa do perdido que foi achado é
maravilhosamente apresentada. As últimas palavras são de
bênção.

DIVISÕES
1) Lc 1:1 a Lc 4:13: introdução ao ministério público de
Cristo.
2) Lc 4:14 a Lc 21:38: até a última páscoa.
3) Lc 22 a Lc 24: até a Sua bênção na ascensão.
João
Palavra-chave: vida
Versículo-chave: Jo 20:31
Esse completa o restante dos evangelhos silenciando
todas as dúvidas com relação à divindade e deidade de
Jesus como Filho, não apenas de Abraão e Adão, mas de
Deus. João viveu até que as primeiras heresias tomaram
forma. Como Moisés confrontou todas as heresias
acerca da criação e levou o homem de volta à sua fonte
em Deus, assim também João confrontou todas as
heresias sobre o Messias, Operador de milagres, Homem
perfeito, ao declarar que no princípio era o Verbo, o
Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Compare
Gn 1:1 e Jo 1:1. O símbolo do Evangelho de João é a
Águia.

“O Verbo” (λογος) é um título preciso atribuído ao Senhor


Jesus, como a perfeita expressão da perfeita mente de Deus, o
visível revelando o invisível. A Natureza Divina, eternamente
existente em forma de espírito, mostrada na criação, é
plenamente manifesta em forma corpórea na pessoa de
Cristo. O objetivo de João não foi levantar polêmica, mas ele
antagonizou, indiretamente, as heresias que se desenvolviam
na época, especialmente o gnosticismo e, sendo o último a
escrever, completou as narrativas dos outros evangelhos.
Esse evangelho toca o coração de Cristo. Se Mateus
corresponde ao átrio de Israel, Marcos ao dos sacerdotes, e
Lucas ao dos gentios, João nos leva além do véu, ao Santo
dos Santos. Aqui está o mais interior do templo, cheio da
glória de Deus. O grandioso tema é a manifestação divina em
Cristo, assim como nos escritos de Paulo o tema principal é a
reconciliação divina por meio de Cristo.
Esse livro proporciona um profundo vislumbre da verdade e
pessoa do nosso Senhor. Há preciosos registros de Seus
discursos e algumas metáforas de Cristo: “Eu sou o Pão, a
Luz – a Porta – o Bom Pastor – o Caminho, a Verdade e a
Vida – a Videira”, dentre outras. A oração intercessória é uma
das atrações peculiares do quarto evangelho.
A vida pelo crer é declarada como propósito prático desse
evangelho, e desde a primeira menção de Vida (Jo 1:4), até a
última (Jo 20:31), encontra-se um desenvolvimento gradual
desse importante tema, onde a cada nova referência tem-se
um novo pensamento.

DIVISÕES
1) Jo 1:1–18: introdução. Prólogo.
2) Jo 1:19 a Jo 12:50: manifestações sucessivas aos judeus,
samaritanos e galileus.
3) Jo 13 a Jo 19: paixão e morte de Cristo.
4) Jo 20 a Jo 21: ressurreição e epílogo.
Atos
Palavra-chave: testemunhas
Versículo-chave: At 1:8
Esse livro é a aplicação dos evangelhos, os atos do
Espírito Santo. No evangelho que leva seu nome, Lucas
relatou aquilo que Jesus “começou a fazer”, e aqui, o
que Ele “continuou”, tanto a “fazer como a ensinar”
pelo Espírito Santo, edificando o Reino de Deus por
meio dos discípulos. A porta da fé é aberta
sucessivamente aos hebreus, romanos e gregos, como na
ordem encontrada nos evangelhos. O Pentecostes liga a
profecia do Antigo Testamento à história do Novo
Testamento. Esse é o livro de testemunho, primeiro do
homem, e então de Deus.

Esse livro é a continuação dos evangelhos e a base das


epístolas. Os atos, não são dos apóstolos, mas do Espírito
Santo e do Redentor Ressurreto por meio do prometido
Paracleto. O Espírito Santo aplica a Verdade e o sangue do
Cordeiro aos crentes contritos, e então unge-os para o serviço
e os envia adiante como testemunhas para pregar o reino,
fazer discípulos e organizá-los em igrejas. O autor é Lucas. A
data é aproximadamente 63 d.C. e o período abrangido, cerca
de 34 anos.
A introdução refere-se aos quarenta dias de comunhão entre
o Senhor ressurreto e Seus discípulos, tendo objetivo e
resultado quádruplos: 1) colocar a Sua ressurreição além de
qualquer dúvida; 2) dar instruções a respeito do reino de
Deus; 3) prepará-los para o Seu conduzir da Igreja, que
passaria a ser invisível; 4) inspirar um verdadeiro zelo
missionário.
Seguem-se os esboços da história da Igreja: 1) a Igreja
testemunha, em Jerusalém, At 1:13 a At 7:60. Dez dias de
oração, pentecostes e preparação para o serviço; perseguição
pelos fariseus e saduceus espalhando os discípulos;
comunhão voluntária de bens; divisão do trabalho e
ordenação de diáconos; o primeiro martírio; 2) a Igreja
testemunha, na Judeia e Samaria, capítulos 8 e 9. Um
pentecostes em Samaria com Filipe, o evangelista. Simão, o
eunuco, Saulo de Tarso; 3) a Igreja testemunha, nos confins
da terra. Um pentecostes gentio em Cesareia; Antioquia é o
centro da Igreja gentia e o ponto de partida para missões
estrangeiras. As três viagens missionárias de Paulo. O livro se
encerra com Paulo em Roma, o terceiro grande centro do
cristianismo. No final do livro, Paulo fica em maior evidência
do que Pedro, porque Pedro foi para a diáspora, ou para as
tribos dispersas de Israel (Gl 2:9).
As Epístolas
Esses escritos formam a “seção da Igreja” do Novo
Testamento. A Igreja, encontrada agora tanto entre os
judeus quanto entre os gentios, precisa dos rudimentos
da doutrina encontrada nos evangelhos, amplificada e
aplicada, para uma instrução mais plena daqueles que
crêem, para soluções de problemas práticos e para
exposição de erros. Isso é feito em vinte e uma
epístolas.
São cinco escritores, cada um tendo sua própria esfera da
verdade. O grande tema de Paulo é a fé e suas relações com a
justificação, santificação, serviço, alegria e glória. Tiago trata
das obras, do seu relacionamento com a fé e da justificação
que ela traz diante dos homens. Ele é o análogo e
complemento de Paulo. Pedro lida com a esperança, como
inspiração do povo peregrino de Deus nas tentações e
tribulações do deserto. O tema de João é o amor e sua relação
com a luz e a vida de Deus, como manifestada naquele que
crê. No evangelho que leva seu nome, João mostra a vida
eterna em Cristo. Em suas epístolas, mostra a vida eterna
como vista na vida do que crê. Judas toca a trombeta de
advertência contra a apostasia, que implica o naufrágio da fé,
a ilusão da falsa esperança, o esfriamento do amor, e o
completo declínio das boas obras.
Romanos
Palavra-chave: justiça
Versículo-chave: Rm 1:17
Paulo foi especialmente preparado para uma grande
obra entre as nações gentias, sendo que era hebreu por
nascimento, possuía cidadania romana e cultura grega.
Foi divinamente escolhido para lançar os fundamentos
nos quais repousa todo o plano da salvação. Seu tema é
justificação. A lei de Deus é o único padrão; a justiça de
Deus, a única justiça. Pelo pecado recebemos
condenação e, pela fé, justificação. Todos pecaram e
ficaram aquém; mas a justificação de Deus pela fé em
Cristo, torna-se a justificação daquele que crê.

Catorze epístolas são atribuídas a Paulo. Cronologicamente,


as cartas aos tessalonissenses são as primeiras e, lógica e
moralmente, a Epístola aos Romanos vem em primeiro lugar.
Ela trata, como todas as demais epístolas de Paulo, de fé.
Nessa epístola, porém, ele trata de fé versus lei, em relação à
justificação. Romanos assemelha-se à Epístola ao Gálatas. O
argumento aqui foi estruturado para refutar toda falsa
segurança nas boas obras, pois a igreja romana era
predominantemente judaica, treinada nos preceitos levíticos,
inclinada a confiar nas formalidades dos rituais e na
obediência à lei moral, além de situar-se na capital gentia,
corte do reino desse mundo. E, assim, Paulo inicia provando
que todos estão debaixo do pecado, e a partir da
universalidade da ruína, avança para o único caminho de
redenção.
Roma era um dos pontos estratégicos. “Todas as estradas
levam a Roma”. Essa epístola é a mais completa, mais
exaustiva e mais fundamental. É a porta aberta para os
tesouros da redenção. Foi escrita em torno de 58 d.C, para
residentes em Roma, que se vangloriavam na lei, estando
Paulo em Corinto, onde a sabedoria era o orgulho dos
gregos. Consequentemente era adequado enviar aos cristãos
romanos uma epístola com argumentação sobre a posição do
homem debaixo da lei e do governo de Deus. Todo o estilo da
epístola é retórico e legal.
As palavras enfáticas da primeira parte derivam de uma só
raiz: δικη (justiça), δικαιος (justo), δικαιοω (justificado),
δικαιωμα (justo preceito), δικαιωσις (justificação), δικαιοσυνη
(retidão), δικαιοκρισια (justo juízo).

DIVISÕES
Principalmente três
1) Rm 1 a Rm 8: argumento. Salvação pela fé em Cristo
somente. O mundo inteiro, gentios e judeus, condenados e
culpados diante de Deus. Justificação providenciada em
Cristo, cuja obediência e sofrimento valem ao pecador que,
pela fé, é identificado com Ele.
2) Rm 9 a Rm 11: relações mútuas entre judeus e gentios e
as duas dispensações.
3) Rm 12 a Rm 16: deveres práticos, etc.
1 Coríntios
Palavra-chave: sabedoria
Versículo-chave: 1Co 2:7, 8
Corinto era rival de Atenas. Os gregos orgulhavam-se de
sua língua e literatura, erudição e lógica (“discurso” e
“sabedoria”). Paulo escreveu essa epístola para
confrontar a mente grega. Ele começou renunciando à
sabedoria, assim como renunciou ao poder no caso dos
romanos. Ele enfatizou as “coisas de Deus”, “as
Palavras de Deus”, “as demonstrações do Espírito” etc.,
e decidiu não utilizar sabedoria de palavras para não
anular a cruz.

Essa Epístola é, do início ao fim, uma admoestação aos


príncipes deste mundo, confiantes em sua sabedoria terrena,
mas tolos do ponto de vista de Deus. O mundo não conheceu
a Deus pela sabedoria (1Co 1:21). O homem natural não
recebe e nem pode receber as coisas do Espírito; as mais
sublimes verdades lhe são veladas. A sabedoria do mundo não
consegue ver o poder e a sabedoria de Deus em Cristo
crucificado. A justificação pela fé somente, sem qualquer
sombra de mérito humano, o pecado de incredulidade, o viver
santo pelo poder da graça, a liberdade em absoluta submissão
a Deus, a oração como influência perante Deus, a providência
divina até mesmo na disciplina – esses são mistérios mesmo
para o mais sagaz. Todos, porém, são revelados aos crentes
pelo Espírito (1Co 2:10).
O mais profundo de todos esses mistérios é a união mística
entre Cristo e a Igreja, e essa é a chave para as divisões
principais. Facções na Igreja desonram esse mistério.
Impureza o destrói. O casamento o ilustra e é por ele
santificado. Identificação com ídolos o profana. A ceia do
Senhor o expressa e simboliza. Assembleias desordeiras o
desonram. A ressurreição o conclui e coroa. Em virtude dessa
união mística, o corpo do crente se torna templo de Deus. O
pecado nos contaminou. Livramento só vem pela
impregnação da vida do crente com a vida divina, resultante
dessa união.

DIVISÕES
1) 1Co 1:1–9: introdução.
2) 1Co 1:10 a 1Co 4:21: facções na igreja.
3) 1Co 5:1 a 1Co 6:20: disciplina na igreja.
4) 1Co 7:1–40: casamento e celibato.
5) 1Co 8:1 a 1Co 11:1: carne oferecida a ídolos.
6) 1Co 11:2–34: abusos nas reuniões da igreja.
7) 1Co 12:1 a 1Co 14:40: os dons do Espírito.
8) 1Co 15: ressurreição.
9) 1Co 16: vários assuntos menores.
2 Coríntios
Palavra-chave: consolo
Versículo-chave: 2Co 7:6, 7
Aqui há riqueza de contrastes entre alegria e tristeza,
entre humilhação e exaltação. Paulo estivera doente à
beira da morte e fora curado; atacado quanto ao seu
apostolado e favorecido com os sinais de apóstolo e até
mesmo um arrebatamento ao terceiro céu; julgado pelos
homens e vindicado por Deus; molestado por um
espinho na carne, sustentado pela graça toda-suficiente.
A nota-chave tanto da mensagem final, como da
saudação inicial é “conforto”. O amor, entristecido
pelos pecados deles, foi confortado pelo seu
arrependimento (Cf. 2Co 1:3, 4; 2:4; 7:6, 7).

A segunda visita de Paulo a Corinto causou-lhe muita


tristeza e humilhação. Ele encontrou e repreendeu divisões
sectárias; encontrou e, com muita indignação, denunciou
mestres judaizantes, mas encontrou também aquilo que mais
o entristeceu: a imoralidade pagã. Essa foi a causa da dor, e
os rumores dessas práticas talvez tenham sido o ensejo de sua
visita. Essa imoralidade chocante era apoiada por uma teoria
antinomiana sobre a sensualidade. Ele hesitou em como tratar
o mal: se com medidas moderadas ou severas (2Co 4:21). A
visita não alcançou seu objetivo, e a imoralidade pagã
aumentou.
O judaísmo tinha se desenvolvido em uma forma mais
orgânica, e tomado uma atitude de hostilidade mais visível e
maligna contra Paulo. Parece ter havido o surgimento de
impostores que portavam cartas de recomendação da igreja
mãe em Jerusalém (2Co 3:1–6; 11), e que escarneciam tanto
dos coríntios convertidos, por sua dissolução, quanto do
apóstolo, por sua incompetência em lidar com o problema.
Negavam o seu apostolado e combatiam seu evangelho de um
Cristo segundo o Espírito, Filho de Deus, com outro
evangelho de um Cristo segundo a carne, Filho de Davi.
Obscureciam a fé e insistiam na obediência à lei Mosaica.
Ambas as epístolas parecem ter sido escritas no mesmo ano,
57 d.C.
O mais completo argumento sobre a questão de dar pode
ser encontrado nos capítulos 8 e 9.
Gálatas
Palavra-chave: fé
Versículo-chave: Gl 3:11
Essa epístola foi escrita para contrastar a graça com a
lei, e a fé com as obras. Aqui, pela segunda vez
encontramos o grande centro do sistema doutrinário de
Paulo: “O justo viverá pela fé”, sendo que agora, a
palavra enfática é fé. A epístola está cheia de contrastes:
a carne com suas obras e o Espírito com Seu fruto;
circuncisão e a nova criação; o mundo e a cruz.

Paulo pregou inicialmente na Galácia. Três anos mais tarde,


em sua segunda visita, descobriu que um grupo havia
ensinado um legalismo nocivo, e então atacou vigorosamente
essa falsa doutrina. Após uma defesa do seu apostolado,
como tendo o selo de Deus e o reconhecimento daqueles que
eram colunas na Igreja, ele apresentou seu argumento (Gl
2:15). Do início ao fim, a fé é a condição para a justificação,
e ela própria vem pela graça. Ele adverte contra o retrocesso à
escravidão do legalismo, como sendo o inverso do Evangelho.
Falsos mestres haviam pervertido o ensino do Antigo
Testamento para apoiar o legalismo. Ele mostrou, então, seu
verdadeiro ensino. Para Abraão, a graça foi revelada e a fé
imputada para justiça. A lei não pode justificar; ela condena; é
preparatória para a graça – o aio (pedagogo) que nos leva a
Cristo. Ela trata com ordenanças externas, tais como a
circuncisão e cerimônias levíticas e tem um templo exterior,
com seus rituais, jejuns, festas e celebrações. Em Cristo,
passamos de crianças para filhos maduros, da minoridade
para maioridade, da escravidão para liberdade, na consciência
de sermos filhos e herdeiros.
Mas a liberdade não é libertinagem. A fé exibe seus frutos
em obras de amor. A carne e o espírito manifestam-se pela
vida prática. A cruz, que é a esperança da justificação, é o
penhor da santificação. A lei da salvação é a mesma, salvando
tanto da penalidade quanto do poder do pecado. Aqueles que
vêem discordância entre as epístolas de Paulo e a de Tiago,
deveriam estudar a carta aos Gálatas.

DIVISÕES
1) Gl 1 e Gl 2: o apostolado de Paulo; salvação pela graça.
2) Gl 3 e Gl 4: a escravidão da lei.
3) Gl 5 e Gl 6: a liberdade dos filhos.
Efésios
Palavra-chave: em Cristo
Versículo-chave: Ef 1:3
Nesse épico do Novo Testamento é destacada
claramente, pela primeira vez, a nossa identificação com
Cristo. O crente está em e com Cristo. Compare com
1Co 3:21. A Igreja é o edifício do qual Ele é a pedra
angular, o corpo do qual Ele é a Cabeça, a noiva da qual
Ele é o Noivo; ela é uma com Ele e inseparável dEle. Os
santos são exortados a terem uma vida que seja
condizente com essa sublime vocação. E o “Mistério”
da incorporação dos gentios nessa unidade sagrada é
especialmente magnificado.

Observe o progresso da doutrina, no desenvolvimento


dessa ideia de unidade do crente com Cristo. “Emanuel: Deus
conosco” Mt 1:23; 10:40; 25:35; At 9:4. Note, então, o
progresso da expressão figurativa. Jo 10:1–29– ovelha e
Pastor; Jo 15:1–8– Videira e ramos; e agora, em Ef 2:20–22–
edifício ou templo; Ef 4:12–16– corpo e membros; Ef 5:32–
noiva e Noivo, a união mais sagrada conhecida pelos homens.
Mais uma vez esta união é declarada nos termos mais
positivos, desvendada em símbolo e figura. Jo 10:14, 15;
16:26, 27; 17:21–23, 26. Nessa epístola são declarados os
aspectos práticos dessa verdade. A vida de Cristo é
representativa e tipológica: nEle o crente tem sua verdadeira
experiência, justificação e santificação; nEle, é nascido do
alto, circuncidado, batizado; ungido, morto, sepultado,
ressurreto e glorificado. 1Jo 4:17.
Paulo permaneceu em Éfeso por três anos, e lá pregou
plenamente o Evangelho. At 19:8, 10; 20:31; Ap 2:1–7. Lá
estava o quartel-general e corte de Satanás, o templo de Diana,
Demétrio e os nichos de prata, livros de magia, etc.
O tema da epístola é a graça da eleição: a morete de Cristo
em carne, a reconciliação dos homens com Deus, como
também homem com homem; o mistério, glória e bênção da
Igreja como Seu corpo e noiva. No Senhor somos e temos
tudo. A epístola alcança o cume da sublimidade das
revelações. É a epístola do terceiro céu de Paulo. Nela ele se
eleva das profundezas da ruína até ao alto da redenção; veja o
versículo chave: nos lugares celestiais em Cristo.

DIVISÕES
1) Ef 1 a Ef 4:16: origem, instituição e propósito da Igreja
universal de Cristo.
2) Ef 4:17 a Ef 6:10: deveres éticos– verdade, pureza, amor,
casamento e serviço.
3) Ef 6:10–24: exortação conclusiva, armadura de Deus, etc.
Filipenses
Palavra-chave: ganho
Versículo-chave: Fp 3:7, 14; 4:4.
Essa epístola é o balancete do discípulo. De um lado, Paulo
coloca tudo o que lhe era ganho, e que considerou como
perda por causa de Cristo. Depois coloca, do outro lado, tudo
o que ganhou pela rendição, e o que ainda conhecerá e
alcançará, e então se vê infinitamente mais rico. Ele esqueceu
de tudo o que abandonou e prosseguiu em direção ao prêmio.
“Viver é Cristo, morrer é ganho” (Cf Fp 1:21; 3:7, 14).
Essa é simplesmente uma carta à igreja em Filipos, fundada
por Paulo e ligada a Lídia e ao carcereiro. Nenhum erro
doutrinário ou prático é repreendido. Mas o apóstolo mostra
as renúncias e as compensações de um discípulo, e como o
saldo infinito em seu favor. Sua nota chave é: “alegrai-vos
sempre no Senhor, outra vez digo, alegrai-vos”! Cerca de
vinte vezes na epístola ele usa as palavras: “alegria”,
“regozijo”, “paz”, “contentamento” etc. A cruz é esquecida
ante a coroa que é antecipada mesmo em sua experiência
terrena.
A ideia suprema da epístola é ganho. Seu amor zeloso pelos
cristãos filipenses lhe traz ganho, pois faz com que
nobremente se esqueça de suas cadeias. A supremacia de
Cristo em seu coração traz ganho, pois o ajuda a regozijar-se
sempre que Cristo é pregado, por quem quer que seja,
tornando toda abnegação em abundante alegria;
transformando a vida de privação em privilégio, e a morte em
ganho. Regozija-se na cidadania celestial (Fp 3:20, grego), e
em ter a mente de Cristo. Ele mostra como também existe
ganho no constante progresso cristão; e o alvo, o mais alto
ganho, é a ressurreição dentre os mortos (εξαναστασις).
A epístola foi escrita de Roma para a colônia de Filipos (At
16:12), mais ou menos em 63 d.C.

DIVISÕES
1) Fp 1:1–26: o amor e a alegria de Paulo.
2) Fp 1:27 a Fp 2:30: o cidadão celestial e seus privilégios.
3) Fp 3: progresso cristão.
4) Fp 4: seis exortações práticas.
Colossenses
Palavra-chave: em Cristo, completo
Versículo-chave: Cl 2:10
Essa epístola mostra os santos, em Cristo Jesus,
completos, e seus privilégios e posição, seus direitos e
riquezas nEle. Primeiramente a divindade de Cristo
como a imagem de Deus é afirmada; a seguir, Sua
dignidade como Cabeça do corpo e Sua identidade com
a Igreja e, portanto, a consequente dignidade da Igreja e
identidade com Ele e nEle, com o Pai. A primazia é Sua,
o verdadeiro pleroma ou plenitude da existência, e
desse pleroma todos os santos nEle participam.

Colossos era uma cidade da Frígia, próxima a Laodiceia. A


igreja não havia sido fundada nem visitada por Paulo. Epafras,
um colossense, relatou a condição da igreja a Paulo durante
seu primeiro aprisionamento em Roma, e este escreveu para
Colossos em 63 d.C.
Essa epístola é a companheira de Efésios. Em ambas, o
tema é os santos em Cristo Jesus. Em Efésios, eles são vistos
como um nEle; em Colossenses, completos nEle. Em ambas
as epístolas os mesmos temas sublimes são tratados: o
mistério de Deus, a soberania de Cristo, o velho e o novo
homem etc.
Essa epístola é marcada por sua Cristologia. Seu estilo é
polêmico, combatendo o misticismo semi-judaico, um falso
ascetismo, um gnosticismo com uma falsa cosmogonia,
adoração de anjos, e sabedoria enganosa. Havia uma antiga
controvérsia acerca do pleroma, ou plenitude de existência e a
fonte de todas as outras vidas. Aqui demonstra-se que este
pleroma é preeminentemente de Cristo, e, nEle, é também de
todos os santos, como membros do corpo do qual Ele é a
Cabeça. Isso implica em plenitude de conhecimento
(επιγνωσις, Cl 1:9), de vida, de posição e estado espiritual, de
glória de ressurreição etc.

DIVISÕES
1) Cl 1:1–12: saudação e oração.
2) Cl 1:13 a Cl 2:5: a doutrina da epístola– os santos em
Cristo.
3) Cl 2:6 a Cl 4:6: exortações práticas baseadas neste ensino
doutrinário.
4) Cl 4:7–18: saudações finais.
1 e 2 Tessalonicenses
Palavra-chave: aguardando
Versículo-chave: 1Ts 1:10; 2Ts 3:5
Ambas as epístolas tratam da segunda vinda do nosso
Senhor e seus eventos antecedentes e consequentes.
Elas censuram o materialismo tessalônico, que estava
inscrito nos túmulos: “A morte é um sono eterno”.
[Literalmente: “Depois da morte não há novo viver, depois do túmulo não há
Elas corrigem erros quanto aos santos que
encontro.”]
morreram, e quanto ao homem da iniquidade. Dois
aspectos do segundo advento de Cristo são aqui
claramente apresentados: no primeiro, Ele vem com a
trombeta de Deus para ressuscitar os mortos em Cristo e
arrebatar os santos que estiverem vivos; no segundo, Ele
vem com os Seus poderosos anjos, exercendo vingança
contra os Seus inimigos.

Tessalônica era uma cidade histórica, a mais populosa da


Macedônia no primeiro século, antes da fundação de
Constantinopla, metrópole da Grécia e Ilírico. Ainda hoje é a
segunda cidade na Turquia Europeia. Foi um dos pontos de
difusão do Evangelho, e como tal, tornou-se mais notável do
que Antioquia. O terceiro século foi sua idade heróica, e ela
foi o baluarte da fé medieval.
Naquele tempo, a Grécia se dividia em duas províncias:
Macedônia e Acaia. Da primeira, Tessalônica era a capital e, da
segunda, Corinto. Tessalônica era um centro influente,
possuía um excelente ancoradouro, e se conectava com a
Ásia, ao leste, e, ao oeste, com o Adriático e a Itália. Em sua
ida à Grécia durante sua segunda viagem missionária, Paulo
pregou ali pela primeira vez; mas foi expulso, e seguiu viagem
para Bereia e outras cidades.
Ambas as Epístolas são dogmáticas– apresentam a
verdadeira fé em oposição ao erro doutrinário e prático. Na
primeira Epístola Paulo elogiou os tessalonicenses por um
exemplo que era, em si mesmo, a mais alta evidência de
cristianismo, fez menção a sua própria autoridade apostólica e
afeição, afirmou a morte de Cristo, Sua ressurreição e segunda
vinda; a ressurreição dos mortos em Cristo etc. Na segunda,
mostrou que a parousia [Em grego essa palavra significa presença. (N.T.).]
do homem da iniquidade deve preceder a epifania [Em grego essa
palavra significa manifestação. (N.T).] da parousia de Cristo, que é o
sinal de sua completa derrota (2Ts 2:8).
Em nenhuma epístola a vinda do Senhor está tão
fortemente associada com a “paciência da esperança”. Os
santos devem estar em constante atitude de vigilância,
esperando por esse evento sempre iminente, isto é, passível de
acontecer a qualquer momento. Portanto, os santos devem
aguardar “dos céus o Seu Filho” (1Ts 1:10) como aqueles que
são “chamados para Seu reino e glória” (1Ts 2:12), e que
devem ser a glória e alegria do apóstolo, na Sua vinda (1Ts
2:19). Eles devem ser achados inculpáveis, em santidade, na
Sua vinda com todos os seus santos (1Ts 3:13). Não devem
entristecer-se como outros que não têm esperança, por causa
dos mortos em Cristo, que dormem em Jesus e virão com Ele
(1Ts 4:14) etc. As duas Epístolas contêm vinte referências
distintas a respeito da segunda vinda, usadas como conforto
na perda de entes queridos, motivo para a paciência,
inspiração para a esperança, segurança na tentação, estímulo
para a pureza, razão para regozijo, poder separador e
santificador.

DIVISÕES
Na primeira Epístola, os três primeiros capítulos são
pessoais e históricos; os dois últimos, didáticos e exortativos.
Na segunda, o primeiro capítulo apresenta consolação na
perseguição; o segundo (2Ts 1:1–12) a consumação do mal, e
no versículo 13 começam as exortações finais.
1 e 2 Timóteo
Palavra-chave: doutrina
Versículo-chave: 1Tm 3:9; 2Tm 1:13
As epístolas a Timóteo, assim como a de Tito, são
chamadas de pastorais porque são endereçadas a
pessoas encarregadas do rebanho. O objetivo dessas
duas epístolas é deixar um legado apostólico de alertas
e conselhos para a orientação e conforto da Igreja. Com
Timóteo, seu filho na fé, Paulo manteve um
relacionamento peculiar, e nessas cartas ele salientou a
necessidade de sã doutrina.

O erro aqui atacado em particular é a heresia gnóstica.


Seis características dessa falsa doutrina são salientadas: 1) a
alegação de um conhecimento superior, entendimento,
iluminação (γνωσις, επιγνωσις); 2) uma teoria religiosa
espúria com especulações estéreis e sem proveito; 3) uma
prática desordenada, que cauterizava a consciência como
que com um ferro quente; 4) uma interpretação alegórica
das Escrituras, invalidando a ressurreição etc. 5) uma mera
forma de religiosidade, na qual as palavras ocupam o lugar
das obras; 6) uma concessão mútua entre Deus e Mamom,
reduzindo a santidade a uma questão comercial ou de ganho
mundano; 7) sobre tudo, a aparência de uma santidade
superior, permitindo pecados flagrantes mediante a afirmação
de um motivo puro.
A culpa moral da heresia é enfatizada, e também a
necessidade de se afastar das vãs especulações, que
substituem fatos por fábulas, e obras santas por disputas de
palavras. A doutrina é uniformemente associada com saúde
espiritual e uma vida cristã ativa (Cf. υγιαινουσα διδασκαλια,
υγιαινοντες λογοι, υγιης λογος, 1Tm 1:10; 6:3; 2Tm 1:13; 4:3;
Tt 1:9, 13; 2:1, 2, 8.
Essas epístolas estão associadas com o encarceramento de
Paulo em Roma. Ele viveu dois anos em uma casa alugada,
até a primavera do ano 63 d.C. Em julho de 64, houve sete
dias de chamas em Roma, que destruíram dez das quatorze
regiões da capital. Nero, para desviar as suspeitas de si
mesmo, culpou os cristãos pelo incêndio. Paulo ficou
aprisionado por dois anos e, depois de liberto, viajou,
provavelmente, para a Espanha e Inglaterra. A seguir, foi
aprisionado uma segunda vez e tratado com maior severidade,
tendo assim início uma grande perseguição. Durante esse
período de aprisionamento, Paulo escreveu a segunda epístola
a Timóteo, que foi também a sua última, tendo sido
martirizado pouco tempo antes da morte de Nero, em junho
de 68 d.C.
Paulo, como seu Mestre, suportou o peso da solidão e a
consciência da proximidade do martírio, mas, como seu
Mestre, esqueceu de si mesmo e admoestou Timóteo a
empregar diligentemente o dom de Deus. Ele anteviu a
apostasia vindoura e os falsos mestres; mas encorajou-o com
quatro grandes motivos: 1) a veracidade e a exatidão da sã
doutrina; 2) o testemunho mútuo de Cristo e das Escrituras; 3)
a aprovação do Mestre; 4) a manifestação vindoura de Cristo e
o dia da recompensa.
Tito
Palavra-chave: proveitoso
Versículo-chave: Tt 3:8, 9
Essa carta tem um caráter oficial em vez de pessoal. A
epístola é dirigida a um grego incircunciso, porém não
menos judeu em caráter e afinidade do que os demais
co-obreiros de Paulo. A fidelidade e sagacidade de Tito
levaram Paulo a confiar-lhe missões especiais e a deixá-
lo em Creta como seu prórprio representante a fim de
completar a organização das igrejas. Essa carta, curta e
prática, inclui dois esboços ricos e completos da
salvação pela graça (Tt 2:11–14; 3:4–8).

A pincipal preocupação da epístola é com a ordem,


ordenação e organização da Igreja. São dadas instruções sobre
superintendência episcopal. Os termos “presbíteros” e
“bispos” são usados como sendo equivalentes e suas
qualificações são indicadas: em particular domínio próprio e
governo de seus lares de forma piedosa, caráter irrepreensível,
reputação imaculada, fiéis à sã doutrina e aptos ao ensino.
Exortações são dirigidas a vários grupos na Igreja. Até
escravos são instruídos a ornarem (κοσμωσιν), em todas as
coisas, a doutrina de Deus nosso Salvador. Todos os
discípulos podem ser cartas vivas da graça, e isso mesmo
entre os cretenses que são descritos como falsos, ferozes e
glutões (Tt 1:12). O evangelho, que pode transformá-los até
mesmo em bispos irrepreensíveis e tornar seus escravos em
ornamentos da verdade, deve ser de fato proveitoso.
A passagem Tt 2:11–14 é uma das grandes porções das
Escrituras. Abrange a redenção passada, o dever do presente e
a glória futura. Essa epístola pode ser vista como um índice de
todo o Novo Testamento: a manifestação da Graça Divina
descreve apropriadamente os quatro evangelhos; as instruções
para um viver santo correspondem às epístolas e a espectativa
da vinda do Senhor, ao Apocalipse.

DIVISÕES
Seguem, basicamente, a divisão por capítulos. O primeiro
trata principalmente das qualificações de um bispo ou ancião.
O segundo, da necessidade de sã doutrina, e o terceiro
capítulo descreve a necessidade de boas obras.
Filemom
Palavra-chave: receber (intercessão)
Versículo-chave: 17
Se “Efésios é o lírico”, então “Filemom é o idílio do
Novo Testamento,” combinando beleza e brevidade.
Onésimo era um escravo que, após cometer furto, havia
fugido de Filemom. Convertido, batizado e amado por
Paulo, foi enviado de volta a seu mestre, a quem o
apóstolo implorou que o recebesse não mais como
escravo, mas como irmão; e que imputasse a Paulo todo
o dano que lhe havia sido causado.

Filemom parece ter sido um homem de muitas riquezas e


que exercia hospitalidade para com os santos. O nome
Onésimo significa útil, e Paulo faz um trocadilho com seu
nome, reconhecendo que ele havia sido muito inútil, mas
agora era útil para ambos, como homem renovado; e por
ministrar a Paulo em suas algemas, tinha se tornado tão útil
quanto um de seus próprios órgãos vitais. Portanto, Paulo se
tornou intercessor do escravo e ladrão, suplicando a Filemom
em seu favor, instando para que fosse recebido não mais
como um escravo ou transgressor. A epístola também é rica
em expressões da identificação de Paulo com o escravo
convertido, o qual era por ele considerado filho, seu próprio
coração, seu amado irmão, seu segundo ser.
Nenhuma outra epístola é tão rica no ensino de tipos.
Temos aqui uma ilustração de todo o plano da redenção.
“Suplico-te que o recebas”. A lei romana não dava ao escravo
nenhum direito de asilo, mas concedia um direito, o do apelo.
Ele poderia fugir para a casa de um amigo de seu senhor, não
para se esconder mas para buscar intercessão. O senhor era
proprietário absoluto do escravo mas poderia atender a um
apelo feito por intermédio de um amigo que considerasse
como parceiro. Assim, o escravo que fugira para um
intercessor, não traria sobre si a culpa e a penalidade de um
fugitivo. Também a lei romana previa a emancipação de um
escravo: ele poderia ser adotado pelo seu senhor como filho e
assim ser liberto. Essa curta epístola está cheia de referências a
tais fatos que condicionavam a vida dos escravos romanos.
A ilustração se torna quase que uma analogia quando
aplicada ao pecador. Sendo propriedade de Deus, ele não só
fugiu do seu Mestre como também Lhe roubou. A lei não lhe
dá nenhum direito de asilo, mas a graça lhe concede o direito
de apelo. Ele busca refúgio em Jesus, a quem Deus considera
como parceiro. No Senhor, o pecador é regenerado como
filho, e encontra tanto um Intercessor quanto um Genitor. De
Cristo, retorna para Deus, e é recebido não mais como
escravo fugitivo e ladrão, mas como irmão amado, como o
próprio Cristo, e todo seu débito para com Deus é imputado a
Cristo. Aqui vemos tanto a intercessão como a emancipação.
DIVISÕES:
1) Fm 1–7: saudação e prelúdio.
2) Fm 8–17: o pedido e suas bases.
3) Fm 18, 19: o acordo e assinatura.
4) Fm 20–25: epílogo.
Hebreus
Palavra-chave: melhor
Versículo-chave: Hb 11:40
Essa epístola aos discípulos hebreus é atribuída a
Paulo. Eles corriam o perigo de voltar ao Judaísmo e o
escritor tentou evitar isso mostrando que, em todos
aspectos, a fé cristã e a Igreja têm grande vantagem
sobre o Judaísmo. A epístola adapta-se especialmente a
um período de perseguição e exorta e encoraja esses
judeus convertidos a, deixando tudo mais, se apegarem
firmemente à fé e à esperança do evangelho.

Essa epístola é notável pela sua unidade. Sua única


mensagem é de encorajar os cristãos hebreus a permanecerem
na fé. O Judaísmo, perfeito como parecia ser em seu tempo e
para seu propósito, é superado por um sistema mais amplo e
melhor. O argumento ramifica-se em três divisões: Cristo é
superior 1) aos anjos encarregados no Sinai como
mensageiros; 2) a Moisés, o maior dos mediadores,
legisladores e líderes humanos; 3) a Arão, com toda a
economia do sacerdócio, templo e ofertas. Cristo foi feito
menor que os anjos, a fim de morrer; mas, pela ressurreição,
foi exaltado novamente a uma posição mais elevada do que
aqueles que são apenas mensageiros para cumprir a Sua
vontade e ministrar aos herdeiros da salvação, enquanto Ele se
assenta no próprio trono de Deus. Cristo foi muito superior a
Moisés que nada mais foi que um servo, enquanto que Ele é o
próprio Filho e herdeiro. O mesmo se dá com Arão e seus
companheiros sacerdotes, que eram pecadores, e serviram por
tempo determinado, e precisavam fazer novas ofertas e
sacrifícios a cada ano. Visto que Ele é sem pecado, permanece
para sempre como o único sacerdote e, de uma vez por todas,
obteve a redenção eterna. Cristo ministra em um Santuário
mais elevado e ofereceu um sacrifício melhor.
A Palavra melhor ocorre treze vezes nesta epístola: Cristo, a
melhor esperança, a melhor substância, a melhor pátria, a
melhor aliança e promessas, sacrifícios, ressurreição etc. Essa
ideia permeia toda a epístola, concedendo grande força à
exortação final de guardar firmemente a confissão da
esperança (Hb 10:23), e ao aviso terrível dos resultados
catastróficos da apostasia, ou do retroceder.

DIVISÕES
1) Hb 1 a Hb 10:18: o grande argumento.
2) Hb 10:19 a Hb 13:25: exortações e admoestações práticas.
Tiago
Palavra-chave: obras
Versículo-chave: Tg 2:26
Essa é a epístola do viver santo. Grande ênfase é
colocada nas obras, não à parte da fé, mas como prova e
fruto da fé. Ela se opõe ao antinomianismo. Existe um
lado moral no evangelho. O discípulo está sob a lei
embora justificado pela fé. Obediência é seu lema, a
obediência da fé. Onde habita interiormente a graça,
haverá um Templo purificado de toda impureza.

O autor é sem dúvida Tiago, bispo da Igreja em Jerusalém,


o qual parece ter sido um ascético senão um Nazireu. Era
conhecido por sua piedade prática; dizia-se que seus joelhos
eram calejados pela constante intercessão pelos pecados do
povo; e ele recebeu o título não somente de (ο δικαιος) o
Justo, mas também (Ωβλιας) baluarte do povo.
A epístola, endereçada às doze tribos da dispersão, tem um
ar de autoridade patriarcal, como que do pai da Igreja em
Jerusalém. Ela é completamente hebraica na forma dos
pensamentos, sentimentos e linguagem.
Mais do que qualquer outra epístola ela trata da vida
exterior. A Palavra de Deus é um espelho para mostrar-nos
que tipo de homem somos, e para influenciar caráter e
conduta. O único ouvinte verdadeiro da Palavra é o que a
pratica. A vida é o palco onde se desenrolam tentações,
exigindo luta e resistência heróica. Planos de negócios devem
expressar tão somente a realização prática da vontade de
Deus, –uma vocação, não um passa tempo. Temos que exibir
um tipo de caráter não mundano, evitando não somente a
amizade do mundo, como também seu contato contaminador.
Por outro lado, devemos cultivar a comunhão cristã, não
fazendo acepção de pessoas e refreando a língua. Toda
verdadeira graça interior produz fruto exterior: sabedoria do
alto e fé. A lei régia do amor; até mesmo a oração é energética
e produz resultados. A religião pura (θρησκεια, observância
religiosa, adoração, rituais) consiste em visitar os órfãos e as
viúvas etc.
Paulo e Tiago não se contradizem. Eles não estão face a
face, em oposição mútua, mas ombro a ombro, lutando contra
inimigos comuns.
1 e 2 Pedro
Palavra -chave: precioso
Versículo-chave: 1Pe 2:7 [Literalmente: Ele é a preciosidade.]
Essas epístolas foram dirigidas “aos eleitos que são
forasteiros na Dispersão”, isto é, não às igrejas dos
gentios, nem aos hebreus que ainda se apegavam à
Cidade Santa e seu Templo; mas àqueles que haviam
renunciado ao judaísmo por Cristo e à Canaã terrena
pelo paraíso celeste. Paulo foi aos gentios viajando para
o oeste. Pedro, viajando para o leste, foi às tribos
dispersas. Veja Gl 2:9. Essas cartas tinham como
objetivo confortar os hebreus convertidos diante das
perseguições que estavam por vir, ou que já estavam
presentes. Outro objetivo era o de conduzi-los, mesmo
entre homens perversos, a uma vida piedosa em meio a
tribulações e provações da fé, e exibir o governo de
Deus neles e sobre o mundo.

Pedro é o apóstolo da esperança, enquanto que Paulo é o da


fé, João é o apóstolo do Amor e Tiago, da ação. A primeira
epístola foi escrita na Babilônia (1Pe 5:13).
Sete coisas “preciosas” são apresentadas nestas epístolas: A
provação da fé, o Sangue, a Pedra Viva, o próprio Cristo, a fé,
as promessas, o espírito manso e tranquilo. Compare 1Pe 1:7,
19; 2:4, 6, 7; 3:4; 2Pe 1:1, 4. A passagem central dentre as sete
é 1Pe 2:7, a chave de toda a epístola. Essas epístolas lembram
a de Hebreus e a de Judas.
A linha de pensamento é a seguinte: A posição do crente é
primeiramente contrastada com a do judeu. O Messias
rejeitado de Israel é então revelado como a Pedra Angular e os
eleitos de Deus são os verdadeiros herdeiros da esperança. O
discípulo é visto em seu serviço e sofrimento como estando
sob o cuidado gracioso e providencial de Deus; Cristo é
apresentado como exemplo; Sua morte vicária é a nossa
salvação. Deus é juiz, e começará julgando os de Sua própria
casa.
Alguns pensamentos importantes são: peregrinação; o
discípulo é ao mesmo tempo um peregrino, estrangeiro e
forasteiro (compare com Hb 11:13–16) o lugar do cristão
neste mundo (à semelhança das epístolas de Paulo), nas
alturas e no mundo vindouro.
A segunda epístola foi escrita na expectativa de em breve
“deixar este tabernáculo”. Somos informados que Pedro foi
crucificado de cabeça para baixo, a seu pedido. Pedro retrata a
iniquidade, da mesma forma como Judas retrata a apostasia,
dos últimos dias. Aqui temos em proeminência o governo de
Deus sobre o mundo e Seu juízo final deste mundo.
1 João
Palavra-chave: comunhão
Versículo-chave: 1Jo 5:13
Essa é uma epístola de caráter geral, não se dirige a
nenhuma igreja local, não faz qualquer diferença entre
judeu e gentio e foi escrita cerca de 90 d.C., quando
João era o único apóstolo ainda vivo. Seu tom é
paternal, tanto em autoridade como em afeição, e
“profético”, tendo um ar de decisão e declaração final.
Seus pensamentos agrupam-se em torno de três grandes
tópicos: luz, amor, e vida. Seu objetivo é que os crentes
“saibam que têm a vida eterna, e que assim sua alegria
seja completa” 1Jo 1:4; 5:13.

O livro mostra a atitude mental característica de João, mais


contemplativa do que argumentativa, confiante na verdade,
ensinada pela intuição e confirmada pela experiência. O
“Apóstolo do Amor” é ainda o Boanerges, trovejando contra
heresias que atacam o caráter mediador divino de Cristo.
Amor não é sinônimo de frouxidão.
O Evangelho de João mostra aos pecadores como obter a
vida eterna pelo crer; a epístola mostra aos crentes como saber
se eles têm a vida eterna. A filiação em Cristo é pela herança
da vida, e existem características claras pelas quais os filhos e
herdeiros de Deus devem ser conhecidos. O teste abrangente é
a comunhão (κοινωνια, ou “tendo todas as coisas em
comum” At 4:32). Essa comunhão é tanto com Deus como
com os membros da Sua família (1Jo 1:3) e é marcada por três
condições: 1) Deus é luz. Luz fala de verdade, pureza,
conhecimento, e alegria. O crente não tem comunhão com a
mentira, com o que é mau e vil. Ele confessa o pecado, é
lavado pelo sangue, e guardado pela advocacia de Cristo. 2)
Deus é amor. Ele ama a santidade com pura complacência, e
almas com pura benevolência. Amor implica ódio a todo
pecado. O crente tem comunhão nesse amor, e habita nele.
Isso é uma lei em sua vida. O cristão ama a Deus pelo que Ele
é, e aos filhos de Deus pelo que há de Deus neles. 3) Deus é
vida. A vida em oposição à morte é o próprio princípio do
antagonismo ao mal e assimilação do bem. A lei da nova vida
é obediência. Sementes do mal ainda existem nos filhos de
Deus: mas elas não podem germinar nem dominar, porque a
semente de Deus está neles. Existe, entretanto, uma nova
afinidade, regeneração; uma nova atitude, resistência ao mal;
um novo avanço, em direção à perfeição. Os resultados de tal
comunhão resultam em um testemunho com dois aspectos: o
externo e o interno a saber, o testemunho da Palavra e o
testemunho do Espírito.

DIVISÕES
1) 1Jo 1:1–4: introdução. O Logos. Sua eternidade e
identidade com o Pai. Sua revelação em carne e sangue.
2) 1Jo 1:5 a 1Jo 2:11: a mensagem concernente à luz.
3) 1Jo 2:12 a 1Jo 5:3: a mensagem concernente ao amor.
4) 1Jo 5:4–21: a mensagem concernente à vida.
2 João
Palavra-chave: caminhar (na Verdade)
Versículo-chave: 2Jo 6
Como a carta de Paulo a Filemom, trata-se de uma
carta pessoal, endereçada a uma desconhecida mulher
cristã e sua piedosa família. Pertence à mesma época e
tem o mesmo tom da primeira epístola. Ela confere um
alto valor à piedade de uma mãe e sua casa, e alerta
contra o abuso da hospitalidade por aqueles que
solapariam a vida santa propagando assim o erro. É um
tributo à dignidade do estado da mulher, esposa e mãe.

Aqui o lar e a família são honrados como esfera de serviço.


A mulher é tentada a invejar a ampla esfera pública do
homem. Mas a sua mão está na roda do oleiro, onde os vasos
são moldados para o Mestre.
Aqui o lar e a casa são guardados. João alerta contra
aqueles que não somente erram na doutrina, mas também
semeiam as sementes da heresia e da iniquidade.
Hospitalidade e cortesia não são proibidos, mas recomenda-se
cuidados especiais com os maus mestres que podem causar
grande dano.
3 João
Palavra-chave: cooperador (da Verdade)
Versículo-chave: 3Jo 8
Essa carta é semelhante à anterior, mas é endereçada
nominalmente a um homem, Gaio, que provavelmente
era fruto do trabalho de Paulo e que foi seu anfitrião
1Co 1:14; Rm 16:23. Na segunda carta foi proibido
mostrar hospitalidade aos propagadores do erro, aqui a
sua prática é especialmente recomendada para com os
promulgadores da verdade. A senhora eleita é alertada a
não participar das obras malignas do propagadores do
erro. Nesta epístola, Gaio é louvado por ser cooperador
da verdade.

Gaio é felicitado por sua alma sadia, demonstrada pela sua


lealdade à verdade e seus representantes. Aqui novamente há
uma alusão de como servir. Alguém pode ter uma
personalidade pacata, não ser um orador nem realizar um
trabalho proeminente, mas que pratica a hospitalidade e é um
verdadeiro doador; que recebe o profeta, ajuda-o no seu
trabalho e compartilha de seu galardão (Mt 10:41).
Diótrefes é mencionado como um alerta, não por causa de
heresias, mas por sua ambição e egoísmo. Existem outras
maneiras de dilacerar a Igreja que não erros de doutrina.
Demétrio é recomendado como uma testemunha da verdade.
Judas
Palavra-chave: guardados
Versículos-chave: Jd 21, 24
Essa é a última das epístolas. Dirige-se principalmente
aos hebreus convertidos, pressupondo a familiaridade
do leitor com a história do Antigo Testamento. É uma
advertência contra a apostasia. A fé faz santos fiéis, que
lutando pela fé e perseverando, são preservados pela
graça e apresentados em glória. O contraste é marcante,
entre aqueles que não guardaram seu estado original e
são guardados para julgamento e aqueles que se
preservam e são guardados de cair.

A apostasia é apresentada em exemplos representativos:


antinomianos, que transformam a liberdade da graça em
conduta lasciva; o Israel incrédulo em Êxodo; anjos
desobedientes; sodomitas sensuais; a justiça própria de
Caim; o ganancioso Balaão; o presunçoso Coré e os
escarnecedores blasfemos. Todos nós estamos ou reservados
para o Dia da Condenação, ou preservados para o Dia da
Apresentação. Se nos mantivermos no amor de Deus, lutando
pela fé, edificando-nos sobre a fé, orando no Espírito Santo e
aguardando a vinda do Senhor, Deus nos preservará
(guardará como que com uma guarnição).
O autor é Judas, e a epístola foi escrita entre 65 e 80 d.C.

DIVISÕES
1) Jd 1–2: saudação.
2) Jd 3: a exortação.
3) Jd 4–16: exemplos de advertências.
4) Jd 17–23: o segredo da preservação.
5) Jd 24–25: a magnífica doxologia.
Apocalipse
Palavra-chave: revelação (αποκαλυψις)
Versículo-chave: Ap 1:1
Apocalipse é o oposto de mistério (μυστηριον). Os
livros de Daniel e João estão intimamente interligados e,
juntamente com os de Isaías, Ezequiel e Zacarias,
formam os escritos apocalípticos. Se por um lado, nos
seus dias, Daniel lançou luz sobre o período entre o
cativeiro e a queda de Jerusalém (70 d.C.), por outro
lado João, nos últimos dias, lança luz da queda da
Cidade Santa à segunda vinda do Senhor.

João provavelmente escreveu esse livro entre a morte de


Paulo, 64 d.C., e a sua própria, 98 d.C. em Patmos. O cenário
do exílio sugere muito do simbolismo do Apocalipse: por
todos os lados, o mar com o som de muitas águas; o amplo
céu grego com suas espessas nuvens e terríveis tempestades;
as cordilheiras da Ásia Menor, circundando as sete igrejas etc.
A profecia apocalíptica é essencialmente simbólica.
Mistérios, que não têm nenhuma analogia com coisas terrenas
ou eventos passados, exigem imagens para sua expressão.
Mas os símbolos não introduzem necessariamente novos
mistérios: mais de cinquenta deles são explicados pelos seus
equivalentes encontrados, não somente em outras porções das
Escrituras, mas também no próprio livro (compare Ap 12:9;
16:13, 14; 17:18 etc.).
Existe aqui um sistema numérico. Deus é o Deus de ordem,
número, proporção, em toda a criação, como visto nos
cristais, plantas e estrutura animal. [Um estudo mais detalhado pode ser
encontrado em C. Chen, Os Números na Bíblia, 2a Edição, Edições Tesouro
No Apocalipse os números são
Aberto, Belo Horizonte, 2013. (N.E.).]
usados para expressar ideias. Um é o número da unidade; dois
do contraste ou confirmação; três da trindade, e também da
Divindade; quatro do mundo e criação; sete, o qual é a soma
de três e quatro, a união das atividades Divina e humana. O
número doze, o produto de três vezes quatro, simboliza o
humano permeado pelo divino; e os números, sete, doze, e o
dez (sendo este último a soma de um, dois, três, e quatro) são
números que indicam completeza. Por outro lado, o cinco,
que é a metade de dez; seis, que vem logo antes de sete, e três
e meio, que é a metade de setee não é inteiro representa
imperfeição, inquietação e desastre. É um fato significativo
que 666, o número da perpétua inquietação, é o número da
besta; e 888, o número do eterno triunfo, é o equivalente
numérico de Jesus (Ιησους).
Existem quatro sistemas de interpretação: 1) o preterista,
o qual delineia a história judaica até a queda de Jerusalém e da
Roma pagã. 2) o presentista, o qual encontra um esboço dos
eventos durante todo o período em que foi escrita a profecia.
3) o futurista, o qual vê no livro referências aos eventos
ligados com a segunda vinda de Cristo. 4) o espiritual, que
considera o livro como uma cena de batalha onde todas as
forças do mal se alinham contra Cristo e Seus seguidores para
o último e grande conflito de todos os tempos. Nessa
perspectiva, o livro não se restringe a uma profecia particular,
mas a um esboço geral que se encaixa em vários períodos
históricos, e durante os quais, em todas as épocas, a Igreja
pode descobrir os disfarces do diabo, contra que tipo de
inimigos, internos e externos, ela precisa precaver-se, e quão
certa é a vitória final.
A principal beleza do livro de Apocalipse é que ele revela o
fim de todas as coisas. Por outro lado, o mal chega a seu
desenvolvimento completo e final; todas as formas de
inimizade contra Deus e a piedade chegam a sua terrível
maturidade na prostituta, no falso profeta, na besta e no
dragão. Mas, por outro lado, os santos, sob a liderança da
“Semente da Mulher”, conquistarão a vitória, e todos os
inimigos serão derrotados para sempre. O reino será
estabelecido sobre as ruínas de todos os domínios e poderes
hostis, e o último inimigo, a morte, será destruído.
Finalmente, todas as coisas serão feitas novas. O paraíso
perdido tornar-se-á o paraíso readquirido. Mais uma vez, a
Árvore da Vida é vista ao lado do Rio da Água da Vida; e
mais uma vez, o tabernáculo de Deus está com os homens.
Mas a maldição do pecado, que irrompeu no primeiro Éden,
não mais arruinará o segundo Éden. Quando comparamos o
início do livro de Gênesis com o encerramento do livro de
Apocalipse, descobrimos que estivemos seguindo o perímetro
de um anel dourado. As duas extremidades da história
humana se encontram; da criação e do Éden caído, finalmente
chegamos à Nova Criação, e ao paraíso onde não há queda.
Então, no desfecho do livro de Deus, o último olhar do leitor é
voltado para a vinda dAquele cuja presença Pessoal
(παρουσια) será o sinal da consumação final da vitória e
benção!

“CERTAMENTE, VENHO SEM DEMORA.


AMÉM.
VEM SENHOR JESUS!”

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