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RESUMO
ABSTRACT
In liberal context, money and amount efficiency criteria are imperative in the market.
These criteria had shown that can induce acquisition of status and even fortunes, but
show problems about immaterial goods. Also show themselves inappropriate to
knowledge production field and extension activities. In principle, to put in accurate
*
Trabalho publicado nos Anais do XVIII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em São Paulo –
SP nos dias 04, 05, 06 e 07 de novembro de 2009.
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manner the propaedeutics disciplines is a considerable advance already to pupils; that is
because academical formation should be ruled by humanistic perspective. So, to
exercise the conscience social role of law operators, it is needed to these all clarity about
the connection between Law and other knowledge. This implies in a generation of a
vision of totality, where there is a conscience of interdependency of “everything with
everything”, and the interconnection of many layers that compose a systemical vision:
environmental layer, economical-demographic layer and technological layer, as so
individual and collective layers, which represents social processes and institutional
mechanisms of human being as a social being, which means, resulting from their
biopsychological nature. Consideration about social and educational themes, normally
reserved to professors in Sociology, Philosophy and Education fields, must be part of
the context of others areas and disciplines, so that transformation in knowledge universe
can be shared with larger and grower groups of professors and protagonists of superior
education.
Prólogo
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A princípio, situar de modo adequado as disciplinas denominadas propedêuticas já se
constitui num avanço considerável no que diz respeito à formação dos discentes; posto
que a formação acadêmica deve estar pautada por uma perspectiva humanística, ou seja,
aquela que situa o ser humano numa instância qualitativamente superior e visa seu bem-
estar e sua plena realização. Portanto, uma ênfase humanística significa a afirmação da
dignidade humana como valor supremo, que deve ser preservada, favorecida e
defendida das ameaças dos poderes políticos, econômicos e simbólicos.
Para que haja o exercício consciente do papel social dos operadores do direito, é preciso
que estes tenham toda a clareza quanto às conexões entre o Direito e os demais saberes.
Isto implica na geração de uma visão de totalidade onde haja uma consciência da
interdependência de ‘tudo com tudo’ e da interconexão dos vários estratos que
compõem uma visão sistêmica: o estrato do meio-ambiente, o demográfico-econômico e
o da tecnologia, bem como os estratos individual e coletivo, que representam os
processos sociais e mecanismos institucionais do ser humano na qualidade de ser social,
isto é, que decorrem de sua natureza biopsicológica.
Faz-se necessário considerar desde logo, persiste a pergunta a respeito da relação entre a
assim chamada sociedade da informação e do conhecimento com o capitalismo atual e
como se encontra articulado ao neoliberalismo. No Brasil, ainda se carece de forma
acentuada de uma discussão sistematizada sobre essa problemática. Advertem os
pensadores para o fato de que tal articulação está colocando as universidades como
instância secundária no que tange à produção de conhecimento. Ademais, no caso
brasileiro, pelo que tudo indica o interesse das empresas em parcerias com as
universidades é muito reduzido. Em outros países teria sido uma importante alavanca
para o avanço da qualidade do ensino superior no âmbito tecnológico. A par disso,
começa a se questionar qual o papel e o lugar das ciências humanas e sociais no ensino
universitário na atual configuração do capitalismo. No caso brasileiro, mesmo nas
universidades públicas, a situação começa a emitir sinais alarmantes.
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A presente reflexão tenta traduzir o esforço de se atender uma demanda do ensino
jurídico em geral, na promoção de uma efetiva integração entre a Ciência Normativa do
Direito e as ciências afins, no intuito de ampliar e aprofundar a formação dos discentes e
docentes, nos aspectos epistemológicos, metodológicos, políticos e éticos; por
intermédio de um diálogo fecundo e sistemático entre os vários domínios que compõem
as ciências humanas e sociais. A nomenclatura Núcleo de Humanidades tenta expandir
o âmbito da produção de conhecimento daí resultante, para que tal produção não se
limite apenas aos padrões técnicos e ao inventário conceitual das disciplinas inseridas na
grade curricular, mas possa atender a pretensões mais ousadas e criativas.
Sinais de alerta
Não se pretende retomar o já antigo debate filosófico acerca dos “saberes do espírito” e
o conhecimento científico. De certo modo, tal debate tornou-se secundário no pós-
guerra em decorrência do predomínio da razão instrumental no ensino superior, quer em
virtude da vitória dos aliados capitalistas quer dos imperativos da Guerra Fria. Após a
ascensão do neoliberalismo, a situação viu-se agravada pela mundialização cultural e
pela hegemonia dos mass media na arquitetura do imaginário coletivo. Assim, a
indústria cultural atingia seu ápice. Por seu turno, a tecnoburocracia universitária tem
dado conta de plasmar um modelo do ensino superior voltado, em primeira e última
instância na produção de resultados e nas relações de consumo, reconfigurando dessa
maneira o decantado processo ensino-aprendizagem.
Numa perspectiva crítica, sabe-se que os fins dos atos humanos, embora nasçam da
vontade das pessoas, na maioria das vezes, têm resultados que não acompanham nem a
vontade nem as intenções dos agentes. Por sinal, mesmo quando os resultados estão de
acordo com os fins originalmente preconizados, as conseqüências estarão em desacordo
com esses fins. E isto porque os seres humanos são responsáveis pela feitura da história,
contudo, ela não é realizada segundo suas vontades, nem tampouco sob circunstâncias
por eles estabelecidas, mas sim, em grande parte, segundo circunstâncias herdadas,
estruturais e conjunturais.
Quando se estabelece apenas uma nova grade curricular que agrega e faz convergir
matérias antes distribuídas segundo uma lógica “hierárquica”, e com a mesma carga
horária, necessariamente se perdem conteúdos fundamentais cuja finalidade não era
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propriamente instruir numa escala evolutiva (do menos para o mais complexo), mas
sim, introduzir o corpo discente no raciocínio, na perspectiva, ou ainda na imaginação
dos conteúdos que fundamentam os estudos no âmbito das ciências humanas e sociais.
Talvez, a interpretação errônea do papel e da função das assim chamadas disciplinas
propedêuticas esteja na raiz dos muitos preconceitos verificáveis contra tais disciplinas
na esfera do ensino jurídico.
Contudo, quando alocadas nos primeiros períodos dos cursos de Direito, não se trata de
oferecer conteúdos pretensamente menos complexos, mas sim, familiarizar o estudante
com o aporte da realidade conforme é efetuado pela Sociologia, pela Ciência Política,
pela Economia, pela Filosofia, e pela própria Ciência Normativa do Direito. Portanto,
trata-se da aquisição de um raciocínio, de uma perspectiva, e não da acumulação de
informações elementares, como uma espécie de “preparação” para os estudos mais
completos e complexos. Uma vez adquiridas tais modalidades de raciocínio (incluindo o
jurídico), o discente terá condições de aplicá-los tanto no discernimento da realidade em
geral, quanto nas questões técnicas inerentes à atividade profissional.
Por outro lado, no plano estritamente pedagógico, o problema mais grave estaria
localizado na fragmentação do conhecimento, um subproduto da chamada
mundialização cultural. O mais interessante é que a única saída possível para essa
situação dramática, vinculada diretamente com a produção do imaginário social e dos
universos simbólicos, consistiria justamente na integração entre conhecimento
tecnoinstrumental e conhecimento humanístico, ou seja, uma ampliação dos horizontes
da formação e da instrução superior. Com vistas à produção de conhecimento novo,
crítico e de excelência, faz-se mister uma nova perspectiva pedagógica, didática e
política voltada para docentes e discentes. No entanto, vale ponderar, tal
empreendimento esbarra, de saída, com as crônicas deficiências dos ensinos básico e
fundamental.
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A globalização se constitui num projeto abrangente que influencia diretamente a
educação. Os efeitos da mercantilização do ensino formal produzem práticas
homogêneas de estrutura, funcionamento e avaliação para todas as IES; e isto em nome
de uma suposta sustentabilidade econômica, social e ambiental. No entanto, pelo que
tudo indica, o ensino jurídico permanece comprometido com a reprodução de um
sistema que investe na camuflagem e no ocultamento de seus paradoxos, contradições e
antinomias. Assim, a proposta de um ensino jurídico crítico e reflexivo, para além do
tecnicismo e da mera legalidade.
(...) Não serve para nada desabafar contra a corrupção ou de nada adiantam as formas
elegantes com que o poder dos Estados nacionais realiza suas práticas mafiosas
(incluindo as das escolas). O importante é centrar nossas energias na detecção dos
obstáculos e dificuldades para a construção do novo. Mais do que chorar as máfias é
preciso determo-nos a analisar as possibilidades e as dificuldades de implementação das
práticas de uma cultura da mediação como novas formas jurídicas, sociais e políticas,
como novas formas de cidadania e também como novas formas das relações de ajuda na
aprendizagem. Em tempos de interferência política e de interferência na convivência, a
aprendizagem institucional nas escolas deve ir perdendo importância com relação ao
aprender na e da própria experiência dialógica (WARAT: 2004, 64).
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A propósito, por meio de indagações didáticas, adverte-nos E. Bittar,
Notas conjunturais
A queda das torres gêmeas transformou-se num marco simbólico que teria dado início a
uma nova era política e cultural, na qual a conquista dos “corações e mentes” constitui-
se como um imperativo na implantação dessa nova era. Os preceitos contidos no USA
Patriot Act; as prisões secretas da CIA; as condições carcerárias dos insurgentes do
Iraque e do Afeganistão se configuram como alguns exemplos grandiloqüentes desse
novo panorama que se pretende “naturalizar”. Nele, pretende-se a implantação de uma
hegemonia econômica, mas também a subordinação de culturas, estilos de vida e
mundividências, numa escala jamais dantes experimentada. Como já advertia Z.
Bauman, ponderando a partir do conceito de espaço social:
Visto que nunca se pode estar seguro de que a responsabilidade moral foi extinta de
uma vez por todas e não pode ser ressuscitada, o mais a que pode visar o espaçamento
social baseado cognitivamente é confinar a responsabilidade moral, se ele se torna de
novo vivo, dentro de fronteiras que correspondem grosseiramente à distinção entre a
intimidade da proximidade social e a estranheza da distância social: esculpir, por meio à
sua disposição, o permissível “universo das obrigações sociais” além das quais a
responsabilidade moral não alcançaria e assim não interferiria com as decisões
administrativas dos encarregados do especo social. Isso seria equivalente a isentar certas
categorias de humanos, marcados para banimento do espaço social (sejam criminosos,
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“inimigos do povo”, inimigos da nação, partido ou qualquer outra causa, ou “raças
estranhas” – e hostis) da classe de objetos potenciais de responsabilidade moral; em
outras palavras, equivaleria à desumanização dessas categorias de pessoas. (BAUMAN:
2007, 191).
A instituição do Estado que, segundo alguns analistas, teve seu auge entre 1945 e 1975,
vai experimentando o declínio dos seus aparelhos, tais como as empresas públicas, os
sistemas de seguridade social, o Judiciário, as Forças Armadas, a Polícia, e o ensino
público. Na proporção em que outras instituições assumem funções antes atribuídas ao
Estado, torna-se imprescindível um ajuste jurídico, em virtude das novas feições
adquiridas pelas sociedades, pelas nações, e pelos poderes que as comandam.
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metafóricos, rica de motivações subjetivas, portanto, dotada de altas doses de não-
cientificidade. O operador jurídico deverá despertar para essa questão, porquanto a não-
cientificidade, que atinge também o Direito, requer cuidados ainda maiores, a fim de
que os problemas humanos possam ser mais bem analisados e devidamente traduzidos
para o sistema jurídico.
Vale sublinhar que o fenômeno jurídico não se apresenta para o mundo como algo
acabado, sujeito a apenas uma interpretação/abordagem. Trata-se de um fenômeno
complexo, passível de diversas aproximações, dependendo dos pressupostos utilizados e
dos fins almejados. Desse modo, as variações existentes entre as disciplinas do
conhecimento jurídico não se devem a uma suposta diferença entre seus objetos. Estes
podem ser os mesmos, sendo que as verdadeiras distinções se devem, antes, aos
variados enfoques existentes para abordar tais objetos. Para os fins da presente reflexão
recorrer-se-á à reconhecida terminologia elaborada por Tércio Sampaio Ferraz Júnior
(2003, 41) que, partindo de Viehweg, divide em duas as possibilidades de se proceder a
um estudo genérico do Direito (fenômeno jurídico): os enfoques dogmático e zetético.
Por outro lado, a zetética vem de zetein, que significa perquerir, investigar. O enfoque
zetético prioriza a problematização e não necessariamente a busca por respostas.
Diferentemente da dogmática, não existem premissas prévias que orientem seu
raciocínio, e mesmo as premissas, na qualidade de evidências comprováveis e
verificáveis, podem ser colocadas em jogo e até mesmo abandonadas, caso as respostas
não sejam satisfatórias. Assim, não se busca conformar os problemas às premissas, mas
sim as premissas aos problemas. [1]
Dessa maneira, o fenômeno jurídico pode (e deve) ser abordado por ambos os enfoques.
No primeiro caso teremos o âmbito da dogmática jurídica composta de disciplinas
como Direito Civil, Direito Penal, Direito Tributário, e outras. No segundo, a zetética
jurídica, podem ser encontradas disciplinas como a Sociologia do Direito, Filosofia do
Direito, Teoria Geral do Direito, História do Direito, Criminologia, dentre outras.
Assim sendo, pode-se perceber que, apesar do primeiro enfoque privilegiar disciplinas
especificamente jurídicas, no segundo caso permanece sendo abordado o fenômeno
jurídico. Por essa razão, não há que se falar, como depreende o senso comum, em uma
“hierarquia de juridicidade”: nem as disciplinas dogmáticas, nem as zetéticas são mais
ou menos jurídicas, elas apenas representam estruturas metodológicas diferenciadas.
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tradicionais dos cursos de Direito, as disciplinas chamadas “propedêuticas” passaram a
suscitar dúvidas quanto à sua relevância e pertinência.
Diante disso, o problema que surge é que, ao longo dos anos, o ensino do Direito ficou
atado a um enfoque do fenômeno jurídico que costuma, por suas próprias limitações
metodológicas, não problematizar seus conteúdos e pressupostos. Como foi dito,
partindo de premissas estabelecidas e impostas, se constrói todo um arcabouço para
orientar as ações sem a preocupação com os limites de seus próprios dogmas.[2]
É prudente ressaltar que o enfoque dogmático do fenômeno jurídico, parte de uma dupla
abstração: as normas – ou dogmas de ação – e as regras sociais de interpretação – ou
dogmas que dizem como devem ser entendidas as normas (FERRAZ JR: 2003, 49). O
estudo dogmático do Direito Penal, por exemplo, de um lado parte invariavelmente do
Código Penal e da legislação penal extravagante, de outro, dos princípios básicos de
interpretação contidos principalmente nos primeiros artigos do próprio Código.
Uma construção como essa, por exemplo, ensinará que a prática de homicídio ou de
roubo implica numa determinada pena, mas em momento algum irá discutir os critérios
sociais de criminalização, os quais redundam no fato de que apenas determinados
grupos sociais sejam mais frequentemente alcançados pela programação penal.
Assim, a dogmática jurídica corre o risco freqüente de cair na armadilha que ela mesma
constrói ao se basear no princípio da inegabilidade de seus dogmas, ou seja, o grave
risco de distanciar-se cada vez mais da realidade social. Afinal, ao se basear
fundamentalmente em abstrações, sejam elas normas jurídicas ou regras de
interpretação, os resultados depreendidos logicamente (segundo uma lógica formal) só
podem ser igualmente abstratos.
No entanto, isso não significa que é necessário se proceder a uma escolha entre o
modelo de pensamento limitador e acrítico, e um modelo aberto e crítico. Pelo contrário,
tendo consciência das diferentes abordagens possíveis para o fenômeno jurídico, é dever
de quem trabalha com esse objeto reconhecer os limites e as vantagens de cada enfoque
e, sobretudo, o modo de relacioná-los.
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Essa construção direciona para um aspecto axial da presente discussão: a fim de tornar
possível a superação do modelo tradicional de ensino jurídico que ao longo dos anos
deu ao enfoque dogmático uma suposta posição de superioridade, faz-se necessário
conduzir novamente ao mesmo nível hierárquico o enfoque zetético; pois somente dessa
maneira será possível, conforme a recomendação acima, efetuar-se uma análise zetética
de como a dogmática jurídica conhece, interpreta e aplica o direito, mostrando-lhe as
limitações.
Como foi dito, mudar o enfoque não é mudar o objeto, mas sim, modificar a
metodologia de abordagem do objeto. É com esta possibilidade que as disciplinas do
eixo humanístico podem efetivamente contribuir com as profissionalizantes. Ademais,
somente a partir desta estratégia inovadora as IES reunirão condições para formar
profissionais com visão global, capazes de captar a amplitude do conhecimento e do
patrimônio cultural humanos; bem como agir localmente, por meio de uma inserção
comunitária, a partir do campo jurídico, com vistas a uma intervenção consistente e
conseqüente. E, por fim, profissionais com sólido compromisso com a ética não apenas
na perspectiva de seu grupo ou categoria, mas da sociedade em geral.
Dos princípios
Com base no pressuposto de que é imperativo trazer o olhar diferenciado das disciplinas
humanísticas (zetéticas) para as disciplinas profissionalizantes (dogmáticas) e a fim de
tornar possível a realização dos objetivos pedagógico-políticos eticamente direcionados,
é importante explicitar a operacionalização de um Núcleo de Humanidades. Para tanto,
parte-se da própria distinção proposta por Tércio Sampaio Ferraz Júnior acerca dos
limites zetéticos, a saber:
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como [...] em toda investigação zetética, alguns pressupostos admitidos como
verdadeiros passam a orientar os quadros da pesquisa, é possível distinguir limites
zetéticos. Assim, uma investigação pode ser realizada no nível empírico, isto é, nos
limites da experiência, ou de modo que ultrapasse esses limites, no nível formal da
lógica ou da teoria do conhecimento ou da metafísica, por exemplo. Além disso, a
investigação pode ter um sentido puramente especulativo, ou pode produzir resultados
que venham a ser tomados como base para uma eventual aplicação técnica è realidade
(FERRAZ JR: 2003, 44). [grifos do autor].
Por outro lado, as disciplinas profissionalizantes comportam uma preocupação que lhes
é muito cara – a orientação para a ação e a decisão judicial. A integração serviria para
introduzir novos elementos no sentido de que as dogmáticas possam realizar a sua tarefa
de construir peças processuais, pareceres e decisões judiciais. Seria exemplo: análise
dos conteúdos das decisões judiciais, em seu marco social, a partir da sociologia e da
antropologia jurídica. Acresce a inclusão de temas de teoria da argumentação, lógica e
hermenêutica nas disciplinas de prática jurídica simulada.
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Todas essas seriam formulações destinadas a banir ou amenizar os efeitos causados pela
ideologização do ensino jurídico formal. Dito de outro modo, e a partir de uma
discussão antiga acerca da “sociedade sem escolas”, Warat nos brinda com a seguinte
reflexão:
Nesta altura, faz-se mais que oportuna a síntese magistral de Deisy Ventura:
Para a consecução dos objetivos estabelecidos para um NH, visando a integração por
meio do diálogo sistemático e permanente entre as disciplinas humanísticas
(denominadas propedêuticas) e as dogmáticas (denominadas profissionalizantes), faz-se
necessária uma estratégia, que aqui expomos a título apenas de sugestão, que viria a
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contemplar, numa etapa inicial, as seguintes atividades, devidamente planejadas e
detalhadas por intermédio de subprojetos:
[...]
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O Direito para ser efetivamente justo, democrático, ético, supõe uma atitude de
presença, de atenção, de cuidado com a vida (da natureza, do homem e da sociedade).
Necessita compreender os desafios próprios da vida cotidiana, perscrutando o
imaginário social para aí identificar as carências, sonhos, utopias, desejos, esperanças e
desesperanças que portam as pessoas, as comunidades e a sociedade como um todo
(DIAS: 2005, 185s).
REFERÊNCIAS
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BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Estudos sobre ensino jurídico: pesquisa,
metodologia, diálogo e cidadania. 2ª. Edição, rev., modificada, atual. e ampl. São Paulo:
Atlas, 2006.
DIAS, Maria da Graça dos Santos. “Justiça: referente ético do direito”. In: XIV
Encontro nacional do CONPEDI. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005.
[1] Ibid., loc. cit. Insta, no entanto, ressaltar, com Tércio, que “Esse questionamento
aberto, que faz dos problemas zetéticos questões infinitas, não significa que não haja
absolutamente pontos de partida estabelecidos de investigação. Isto é, não se quer dizer
que algumas premissas não sejam ainda que provisória e precariamente, postas fora de
dúvida. Assim, por exemplo, a sociologia do direito (zetética) parte da premissa de que
o fenômeno jurídico é um fenômeno social. Isso, entretanto, não a confunde com uma
investigação dogmática” (FERRAZ JR: 2003, 42).
[2] “[...] é preciso reconhecer que, nos dias atuais, quando se fala em Ciência do Direito,
no sentido do estudo que se processa nas Faculdades de Direito, há uma tendência em
identificá-la com um tipo de produção técnica, destinada apenas a atender ás
necessidades do profissional (juiz, advogado, promotor) no desempenho imediato de
suas funções, Na verdade, nos últimos 100 anos, o jurista teórico, por sua formação
universitária, foi sendo conduzido a esse tipo de especialização, fechada e formalista”
(FERRAZ JR: 2003, 48).
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