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O maior paradoxo dos tempos modernos é que o avanço da qualidade de vida humana tem
ocorrido em função do recuo da qualidade da vida natural. As sociedades progridem e os
ecossistemas regridem. Isto pode ser visto no gráfico acima.
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“Mãe natureza”, produz bens de subsistência e de luxo, mas descarta sujeira e lixo. O avanço
humano tem ocorrido em detrimento da saúde do Planeta.
No quadrante superior direito da figura acima estão principalmente os países do Oriente Médio
produtores de petróleo (com destaque para o Qatar, sede da próxima Copa do Mundo), da
Europa (com destaque para Luxemburgo), e da América do Norte (com destaque para os EUA).
Todos estes países possuem alto IDH e também alta pegada ecológica.
No quadrante inferior esquerdo estão, principalmente, os países da África que possuem baixo
IDH e baixa pegada ecológica. No atual padrão de desenvolvimento, se os países africanos
avançarem no desenvolvimento, terão uma pegada ecológica mais elevada, mas a riqueza
natural estará cada vez mais ameaçada pelos países que saíram na frente na apropriação dos
serviços ecossistêmicos.
A China e a Índia são dois países em destaque (círculos verdes maiores da figura). Cada um
destes dois países possui uma população maior do que a de todo o continente africano, com um
impacto ecológico imenso. Todo o continente africano tinha uma pegada ecológica de 1,45
bilhão de hectares globais (gha), para um biocapacidade de 1,36 bilhão de gha, em 2014. No
mesmo ano, a Índia tinha uma pegada ecológica de 1,46 bilhão de gha, mas com uma
biocapacidade de somente 0,59 bilhão de gha. Já a China tinha uma pegada ecológica total de
5,2 bilhões de gha, para uma biocapacidade de 1,37 bilhão de gha. Isto quer dizer que o maior
IDH da China implica em um grande déficit ambiental (o maior déficit entre todos os países do
mundo).
Evidentemente, este caminho é insustentável, pois enquanto cada país tenta avançar com o
padrão de vida de sua população, o meio ambiente global reduz a capacidade de sustentar os
avanços da civilização. Atualmente, a humanidade só consegue manter seu modelo de produção
e consumo devido à herança acumulada no passado. Por exemplo, ao avançar com as atividades
antrópicas e utilizar montantes crescentes de energia, o ser humano está esgotando as reservas
de combustíveis fósseis. A queima desta herança fóssil, reduz os estoques de hidrocarbonetos
do subsolo e aumenta a emissão de gases de efeito estufa que provocam o aquecimento global.
As futuras geração vão herdar menos riquezas naturais e maiores problemas ambientais e
climáticos.
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possui baixo IDH, assim como no plano nacional uma parcela da população possui alto IDH e
outra parcela excluída ou parcialmente incluída possui baixo IDH.
Sem dúvida, para evitar o colapso ambiental é preciso reduzir a pegada ecológica e para evitar
as injustiças sociais é preciso reduzir os níveis de desigualdade. A solução não pode ser o
crescimento econômico ilimitado. Ao contrário, será necessário não só o decrescimento da
população mundial, mas também o decrescimento do padrão de consumo médio das pessoas,
com equidade social. Acima de tudo, a humanidade precisa sair do déficit ecológico e voltar para
o superávit ambiental, resgatando as reservas naturais, para o bem de todos os seres vivos da
Terra.
Referências:
ALVES, JED. A crise do capital no século XXI: choque ambiental e choque marxista. Salvador,
Revista Dialética Edição 7, vol 6, ano 5, junho de 2015 http://revistadialetica.com.br/wp-
content/uploads/2016/04/005-a-crise-do-capital-no-seculo-xxi.pdf