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Documentagio em Servi¢o Social: Debatendo a Concepgao Burocratica e Rotineira a Cleier Marconsin Introdugéo ‘A documentagiio tem a importante tarefa de ofereces subsidios para a and tise ea intervengio do Servico Social na realidade. I parte da sswematizagio de dados para o desenvolvitnento te6rico-pritico profssional. No entanto, histor icamente, ela vem cumaprindo 0 desagradével papel de conmule sobre a acio dos profissionais mos espacos institucionais. ou ¢ entendida pelos préprios asss- tentes sociais como um instrumento de cunbe meremente administrative. O que se observa & que essas duas formas de ver 2 documentaso se relacionam intimamente com a burocrasizagao que impregna o nosso trabalho. "Ao ficarmos presos nas malhas da burocracia, costumamos tratar a docs ‘mentagio apenas como um apanhado de informaagées tteis a0 pronto atendi- mento de uma necessidade trazida pelos uswdrios dz instituicdo e/ou como luma obrigaedo para justiicar ot prestar coptas de nosse ago junto & direqio, reforgando, assim, seu caréter condrolista, Acabamos sendo vitimas ¢ algazes go mesmo tempo. Tal siruacdo empobrece ¢ desqualifica a documente¢io, Yimitando nossas possibilidades de andlise, de intervencao nz cealidade e de producio de conhecimentos. ‘Como expresso clara do praticismo e do valuntarisme que atravessam 2 histéria da profiseo, isso contribu para reterar a equivocada dificuldade dos profissionals em relacionar teora e price, aspecto hisworicamente mal enten- ido da e na profissio, 20 qual vale nos determos neste debate, embora sem & pretensio, claro, de contemplé-lo em toda a sua complexidade. 1. A relagdo teoria-prética: um debate necessério para enten- der o papel da documentagio Kemeyama (1989, p. 99) aponta que, no “Servigo Social, afirma-se comt~ snente que a atividade tedrica ¢ diferente da prisice e, enguanto teoria, ela nfo tem conigdes de orientar 2 ‘priica’ profissional”, Debatida historicamente na profiscio, essa concepeio constz6i a5 impossibiidades de rupetra com wn Exercicio. profissional empiricist, reiterativo e fragmentado. Entretanto, (Cee Mascon como um dos sujeites do debate, os profissionais de Servigo Social ligados & perspectiva da tradigio marxisia procuramm romper com esse tipo de verdade ‘Listérica, importando trazer, aqui, o modo como concebem a questio. Nesse sentido, observamos que, para Kemeyama (1989, p. 101), no hé uma separa~ ‘do estanque entre tearia e prétice, i A teoria e a pritica constimaem:[..] aspectos insepariiveis do processe de couhecimento ¢ devem ser consideradas na sua unidade, levando em conta que 2 teoria nio 56 se nutre na prética social e istérica como tax bém representa uma forga transformadora que indica 4 pritica os cami- bos da transformacio. Partindo desse conceito inical, vale destacer que o debate sobre a ela- fo entre a teoria a pritica e sua relagSo com a questao da docamentago traz toma miikiplas questées que se imbricam. ‘Unaa delas, que € inerente ao processo, refere-se & segmentagio entre 2 metodelogia do conhecimento ¢ x metodologia de aco, que se finda no pro-" Dlema das relagdes ente a razéo, ou o conhecimento a realidade, ou a deno- ‘inada prética social.1 Na tradi¢io marsiow, em suas virias vertentes, encon- ‘ramos a defesa da unicidade entre razio Silosética realidade social, que pos- ‘sibiliza a ulerapessagern da histérica separacio entre 0 conhecer e o agir. Trate- se da superacao das dicotomias da metafisca, j que, nessa concepedo, a 7azio penetra a reslidade, imiscui-se, transforma @ histéria, cransformando-se om histéria. A prética, nesse caminho teérico-metodoldgico, tem conteido muito distance daquela que possui zpenas e tio somente finalidades imediatas mesmo wtilitarisas. A pritica social aqui tratada ¢ histérica, origindria da sociedade capitalis tee, como aponte Jamamoto (1992, p. 177), tem seu fundamento no tcbalko social, no trabalho caletivo. 8 atividade criadora que possibiita a objetivagdo os seres sociais em relagio com outros, mas.em tima sociedade que cia as condigdes para a alienaglo, jé que a forca de trabalho toma a forma social de mercadoria. 1 Bk edo um fecando debe sobre « quate, Em decortnca dos nites dene taba, sugel- ‘os consuls, dent ottas At cbr de Yalan GUERRA. A intramencaiaie de Serigo ‘Sccial Sto Piso: Cares, 195; Jot Palo NETTO, Nora pct a Gcusso de sseratcagan a pritn ¢ toca am Senign Soil, Caderasy ARESS Sto Paulo, omar, 25, P1416, 1389 Vella FORTE fice, rine e Loucane salentes soe a mers sia no tabaiho prof sl. Rbde Janeino Lumen ais, 200, 66 Docunmntago em Servigo Social Debatendo a Convepeso Burocatica © Rotneie Nesse tipo de sociedade, a prética social nfo se revela na sua imediatici- dade. Criaan-se, nas relacSes sociais capitalistas, itimeras e complexas formas de obscurecimento, ao mesmo tempo ei que, contraditoriamente, sio enge>~ dradas, também, as possibilidades de desvendamento dos conteridos existentes ela, dg sua essacia, Como trata-se, portanto, de um comaplexo e contradité- io process0, aos profissionais de Servico Social torna-se fundamental, no exercicio de seu trabalho, desenvolver mecanismos que possibilicem desven~ dar a realidade social, apreendendo-a om suas miltiplas determinagSes, vela~ ‘gBes e nexos como tma totalidade, em sua processualidade, em sex movimen- to, em suas contradigdes. Exauumente a reconstrugdo desse movimento do real, a0 nivel do pensa~ ‘mento, apreendido em suas contradigSes, em suas tendéncias, em suas relagées muiltiplas determinagGes, € teoria. Mas, ao mesmo tempo em que reconszi xno plano das ideias 0 movimento do real, 2 teoriaafirma-se, também, como ex\- ‘ica tetrica das elabaragdes que explicam essa dindmica do real, estzbelecendo © debate imprescindivel com o acervo da producéo intelecraai acumulads. Dessa maneira, a teoria nfo se “aplica" ao real, mas fornece pardmetros para ‘wma anilise histérico-critioo de realidade e dusnina as possiblidades de aco, atualizando-se na apropriacio do movimento desse proprio real. Nesse sentido, a concepeio de metodologia deve estar coerente com a sconcepcio de teoria adotada. Isso significa que a perspectiva teérico-metodo- logica de que falamos ndo se reduz a pautas, etapas, procedimentos e instr mentos profissionsis, Ela os incorpora, mas vai além porque se relaciona com o modo de ler, interpretar ¢ articular-se com a realidade, com os seres sociais coxganizados em classes que se encontram em permanente Inta. Pans realizar isso, € necessério a apropriacto da teoria, uma capacitagdo teérico-metodold- ica e um panto de vista politico. Ou seja, é necesséria competéncia tedtico- metodologica, mas cujo contetido no seja tecnocritico, que funciona, como aponta Iamamoro (1992, p. 183) como forma de “ocultamento e dissimulagéo do real: a representacio imagindria do real a servico da dominagio na socie~ dade de classes, confimdindo-se com a linguagem insticulda, institucional- mente permitida e anrorizada”. Concordando com Iamamoto (1992), fazemos a exhica a essa concepgio porque ela ideologiza a competéncia que a burocraca e a organizagio determi- ‘nam. Dicotomiza 0 pensamento e 2 acio interventiva e cancebe as organizacies como dotedas de uma racionalidade social, reificando essa racionalidade, analan- do contradicées e diferencas. A competéncia personaliza-se no discurso do admi- nistrador bnrocrata, da autoridade que se baseia na bierarquia, diluindo-se a questo do poder que aparece emanado de uma racfonalidade prigria do mando (Ceier Marconia corgunizado, cujo discurso ¢ portador de neutralidade cientifica, com uma aparéa- cia de que nfo é exercido por ninguém. As exigéncias burocritico-administrati- yas tém que ser cumpridas eficazmente, segundo normas pré-esabelecidas (AMAMOTO, 1992). Tal concepcdo subordina o profssional a uma competén- cia sancionada pela hierarguia institucional, que 6 ritualist e vazia em sua essén- ia, Realiza em sua inteireza, pois, a separacio entre a teoria ea pritica. Ainda conforme Iamamoro (1992), é necessério realizar-se a critica sobre esse proceder e um dilogo critico com a heranga cultural incorporada no exercicio profissional do Servigo Social, desvendando suas bases sicio-histéri as, a5 teorias que as embasaram com uma abordagem que vi além da profis- ‘fo, incorporando a hiswiria das sociedades e do pensamento social na moder- nidade. Isto pressupde, evidentemente, ver a tearia como expresso do “real concreto", vivido, pensado, uminado pelo conhecimento jé acumulado. ‘Uma ver constraida nesse enfoque, a competinciz téenico-politica deve partir da elucidagio das tendéncias existentes no préprio movimento da realidade, decifrando suas manifestagées no campo sobre o qual incide 0 trabalho protissional. estabelecendo a precisa relagdo, que é dialética, entre’. teoria e pratica Essa reflexdo, embora pareca, néo esté distanciada da quesifo da docu- mentugdo em Servigo Social. que, por sua vex. ndo $ pequens para um debate dessa monta, Afirmamos isso porque entendemos que documentar é registrar, sendo, portanto, um instrumencal-técnico, una mediagio valiosa no proceso de materializaglo da relagdo entre a teoria e a prética no trabalho profissional 2. O papel da documentaco como instrumental técnico no trabalho profissional © instrumental técnico no é um confumto de mecanismos, aebes € atos mectnicos, isolados do conterto onde se processam, ¢ sim um conjunto de mecanismcs. ages € atos que se realizam criticamente, por meio da relacio. Gialética entre os seres humanos ¢ a realidade e, sem ele, 0 trebalhador néo cfetiva sua atividade ou trabalho. Dentro do instrumental, a técnica, sendo uma criacio do ser bmmano para satisfazer suas necessidades objetivas © subjetivas, torna factivel que as pessoas operem sobre @ natureza ¢ as coisas, produindo mercadorias, solucio- nando problemas, novas sitangSes, conbecimentos etc. Colocads em movi- mento na realidede, € um meio de facilitar as realizagdes de mulheres homens, pois possibilita conhecermos a realidade transformando-a e mesmo avangindo para novas técnicas (SARMENTO, 1994), fé no trabalho social, a e Documestagio ema Servie Socials Detacendo s Conexpeto Barocraica¢ Rosai: técnica possui uma teoria subjacente a ela de forma implicita ou explicita, ou seja, nfo é politicamente neutra, contém uma determinada diregio politica. ‘Do ponto de vista da Servigo Social, como aponta Iamamoto (1998, p. 62), as bases tedrico-metodolégicas séo instrumentais técnicos essenciais, 3s quais, dfgyentemente dos recursos financeiros ¢ fisicos ~ que #30 das instiul- 5es onde se emprega ~ pertencem ao profissionale contribuem para ihuminar a leicura da realidade ¢ imprimir ramos ago, a0 mesmo tempo em que # moldam. Ou seja, a autora mostra que 0 “conjunto de conhecimentos ¢ habi- Vidades adquiridos pelo assistente social ao longo de seu processo formative so parte do acervo de seus meios de trabalho”. Sendo a linguagem o “instra~ ‘mento bisico de trabalho” do profissional, suas atividades associam-se “2 sua formacio te6rico-metodolégica, récnico-profissional ético-politica” e dependem de compertncia, que deve materializar-se na “leivura e acompanha- mento dos processos socins, asim como 0 estabelacimento de relagbes evin~ calas sociais com 03 sujeitos com que atta” (LAMAMOTO, 1998, p. 97) ‘Ter discemimento dessa questdo é fundamental, porque, sendo um ins sramental-técnico, a documentagio também ver a direcdo politica que for dada 8 ago social como um todo. Ela pode até sex um simples “roreiro de papéis a sereim preenchidos © organizedos” para determinadas conceps6es, perpetuando o seu cariter contralisa e burocratico. Mas, nso 4 dese forma {ue a estamos eratando acu sim, como um inscrumental récnico ave poss- bilita organizar e veicular informacdes, bem como produzir informacées ¢ conhecimento. Fla contém as dados da realidade, que so marerial de andlise do assistente social e que se transformam em informacées iteis 3 populacio ‘usuéria do Servico Social, sobre ela e a realidade e, wambém, sobre a propria profissio (SARMENTO, 1994). A criagao e transmisio de informacées e men- sagens é parte integrante do trabalho e tem corzespondéncia com a concepeao te6rico-metodolégica que adotames e com o contexto sécio-histérico. Como ral, porta ideologia, embora ner sempre sejeelgo consciente ‘A transmissZo de informacées e/ou mensagens a que nos referimos pres- apse a existincin de emissores ¢ receprores. Fsses dois polos se relaconar codificando e décodificando as mensagens de forma permanente, Contudo, ‘para que essa Telagiio se conczetize, deve existir estimulo e interesse entre cles ‘20 interesse s6 vai ocorter, ou seje, uma mensagem sé sera recebida quando 0 receptor puder entendé-la de alguma forma, quando puder formar uma ima- gem dela (SARMENTO, 1994). Portanto, no momento de veicularmes ¢ orga- Sizarmos a informagdo, por meio éa decumentacéo, devemos nos atentar para a importincia do modo como o fazemos, porque, tradicionalmente, a docu ‘mentago tem sido ueilizada como um filtro de informagdes que costnma aten- e

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