Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
AULA 13 – MARCELO
ANTILIPIDÊMICOS
Fármacos utilizados para tratar algumas síndromes metabólicas. Problemas cardiovasculares
(hipertensão, dislipidemias e diabetes) representam o maior número de mortes no mundo e
possui um gasto 3 a 5x maior que os gastos das doenças infecciosas para a para saúde pública.
O nosso estudo estará voltado para as lipoproteínas HDL e LDL, que são os principais
indicadores de saúde no que se refere a dislipidemias. Estes podem levar a ateromas, que são
placas de gorduras no nosso sistema circulatório que vão causar problemas de isquemia
(redução do diâmetro e, portanto o infarto do miocárdio) ou a formação de trombo pode levar
a problemas de embolia.
LDL (apoB-100) X HDL (apoA-I e II): É a quantidade de lipídios para a parte proteica, quanto
menor a proporção de lipídios em relação a proteínas menor vai ser a densidade. Essas
partículas têm na sua superfície receptores que vão permitir a transferência desses lipídios
para o tecidos ou dos tecidos para a partícula.
Foi pensado nesse composto protótipo que ele inibe a ACAT razoavelmente bem,
apesar disso os níveis de colesterol sérico não foram alterados no modelo animal.
Então foi pensado em algo mais potente que pudesse ver a diferença nos níveis de
colesterol total. Sendo assim foi feito uma rigidificação para aumentar a potência
do fármaco. Olhando para a estrutura da primeira molécula nos vemos uma cadeia
flexível que pode adotar diversas conformações, no qual foi congelado uma
conformação que formou um novo ciclo. Melhorou a inibição da ACAT em 50x, e
começou a se perceber uma redução no colesterol total, então parecia que era o
aumento da potência (rigidificação) que ia levar a algum resultado in vivo e in vitro.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
Além dessa estratégia que foi feita, eles pensaram e rigidificar de outra forma. Ao
invés de fazer um anel em cima, fazer um anel em baixo, dando origem a um anel
de quatro membros, representado pela molécula 4. Fizeram diversas moléculas
derivadas dessa molécula 4 e testaram contra a ACAT e todas elas não deram
atividade nenhuma, exceto a molécula 6. Vejam que a 6 é um pouco diferente, tem
um carbonila ligada ao anel com 4 membros com um amida cíclica que é uma B-
lactama/azetidinona. Apesar de ser ele ser um inibidor da ACAT, logo inibe menos
a esterificação do colesterol, muito menos potente ele reduziu muito mais o
colesterol total do que os anteriores. Nota-se algo errado já que ela não tem tanta
ação na ACAT e mesmo assim reduziu bem mais o colesterol, conclusão essa
molécula está reduzindo o nível de colesterol, mas não através da inibição da
ACAT. Se o mecanismo não é mais ACAT, não adianta mais olhar o ensaio in vitro,
agora eles passaram a olhar todo o ensaio in vivo, olhar o desenvolvimento sem
saber o seu alvo, mas só olhando para os resultados em modelos animais. Quando
eu trabalho com modelos in vivo, a potência ou efeito fisiológico que eu observo
no ensaio pode ser decorrente do efeito farmacodinâmico, ou seja, meu fármaco
tem uma maior potência porque está interagindo melhor ou porque ele está mais
biodisponível. Meu fármaco perdeu atividade porque ele não se encaixa tão bem
ou porque ele vai ser metabolizado, então as explicações porque do aumento de
atividade ou redução da atividade nem sempre são tão evidente.
Fizeram uma série de derivados aleatoriamente, das 6 até a 14, viram que ninguém
inibia a ACAT considerável, mas algumas moléculas tinha uma redução
considerável de colesterol total e também na consideração de colesterol
esterificado. O mais potente deles foi esse 14. Viram que após administrar uma
ração rica gordurosa em ratos, que o grupo controle aumentava o nível de
colesterol e com os ratos que era administrado o fármaco os níveis continuavam
normais. Então isso mostrava que essa molécula tinha efeito significativo e
duradouro sobre os níveis de colesterol, passaram então a usar a molécula 14
como um referência/protótipo e passaram a estudar em cima delas a REA, para
entender a importância de substituintes em cada uma dessas posições (R1, R2, R3,
R4)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
Nós vamos ver agora os substituintes na posição 1, que é o anel ligado ao nitrogênio.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
Na posição R1 da molécula tinha uma grupo fenila, será que ele é essencial para
atividade? Para verificar a importância dele, colocaram um ciclo hexano e se a
gente compara o composto (45) com o (14) nos observamos que reduz a
atividade, mostrando então que a aromaticidade é importante.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
Será que eu posso ter dois substituintes ou será que é melhor eu ter R2 ou R1? Quando
eu tenho dois substituintes, vejam que os níveis de colesterol não foi visto. Então aqui,
para ele ser disubstituído é ruim, é melhor ele tenha ou para frente ou para trás
no plano. E esse anel aromático ele pode estar distante do anel b-lactâmico 2,3 ou
4 carbonos, verificando que 4 carbonos é o espaçador ótimo. E o anel central é
essencial para atividade? (Que lá na frente vocês vão ver em antiobióticos b-
lactâmicos que a reatividade desse anel de 4 membros é importante para atividade
biológica) aqui eles não são importantes, pois não são instáveis em pH ácido.
Com base nessas informações, eles fizeram modificações na molécula 14 que não levavam a
inativação, mas que ocorriam no organismo e que com isso eu simplifico o estudo
farmacocinético seria a mesma coisa que fazer um soft-drugs. Por outro lado, posições que
levaram a uma redução da atividade foram protegidas metabolicamente.
Porque que essas moléculas tem uma afinidade tão grande pelo HMG-COA redutase? Porque
essa lactona presente na estrutura, quando hidrolisado dá origem a um análogo do estado
de transição que são inibidores super potentes, isso também mostra que o fármaco quando
comercializado na forma de lactona ele é um pró fármaco e que só vai ser ativo depois que
for hidrolisado.
Porém quando você olha para lovastatina você percebe que ela apresenta 7 centros
estereogênicos, então as primeiras coisas que fizeram foi tentar descobrir se realmente era
necessário todos esses centros estereogênico. Sendo assim, descobriram que os centros
estereogênicos da cadeia lateral não era importante para a atividade e foi assim que se
chegou na sinvastatina. A única diferença entre elas é no butiato? no éster da cadeia lateral,
que foi adicionado uma metila e o carbono deixou de ser assimétrico.Outra modificação muito
simples foi pra chegar na pravastatina que ao invés de uma metila, tem uma hidroxila ligada ao
bicíclico e não tem mais a lactona e sim o derivado já está aberto, observando que com essas
duas modificações eu tenho uma redução drástica no Log P ( quando eu falo em LogP, eu to
falando de uma molécula neutra que não necessariamente existe, lembrem que a lipofilicidade
dessas moléculas sempre vai ser menor que representa aqui).
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
Qual dessas duas moléculas você acha que é mais metabolizado por via hepática? A
sinvastatina (Um problema no fígado, já é um problema inerente de quem vai tomar qualquer
uma dessas estatinas porque elas vão agir na biossíntese do colesterol que ocorre no fígado
então se a pessoa tem uma alteração enzimática no fígado complica?, tanto que no começo da
terapia tem que se acompanhar o clearence renal do paciente). Mas se você uma molécula
com um Log P menor a via de excreção dela provavelmente não vai envolver tantas reações
metabólicas como a sinvatastina, além disso tem menor chance de ter interação
medicamentosa, ou seja, se a pravastatina(tem uma menor absorção oral) é menos
metabolizada no fígado, ela vai ter menos problemas com outros fármacos que são
metabolizados no fígado. Então esses dois fatores são usados em consideração para indicar a
pravastatina para pacientes que já tem alguma predisposição a problemas hepáticos ou
quando você quer reduzir problemas de interação medicamentosa. No ponto de vista de
eficácia clínica, é muito parecida.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
Quando pegaram a mevastatina descobriram que tirar o éster do butirato levava a uma
perda de potência, entretanto descobriram que dava para trocar o éster (que é lábil, do
ponto de vista metabólico) por um grupo hidrofóbico desde que tenha uma certa distância
para a lactona, e essa distância adequada é dada pelo anel que está no meio, que
inicialmente era esse hexa-hidrofenantreno (bicíclico). Eles descobriram que dava para
trocar o bicíclico anel benzênico- muito mais simples, agora o que eles queriam era testar
vários aneis e não só o benzeno e fazer esse acoplamento de um anel da lactona, como por
exemplo, usar um anel furano porque a reatividade desse nitrogênio permitia sintetizar e
depois ligar com a lactona. Eles mantiveram a fenila? na posição orto do furano e começaram
a testar grupos apolares na posição R5 (Metil, Iso-Propil, terc-Butil, ciclopropano), os dois
últimos levaram a uma queda na potência enquanto que atividade ótima foi com o isopropril.
O melhor que eles conseguiram foi IC50= 0.4 mM, enquanto que a mevastatina era IC50= 0.03
Mm. Eles compararam o derivado furano com o composto original da MAC? Que tinha uma
metila e eles começaram a colocar diversos grupos nas posições R3 e R4. Começaram pelo
halogênios, mas viram que tinham problemas de toxicidade daí descobriram que não dava
pra ser halogênio nas duas posições, que tinham que ser grupos diferentes e começaram
então a colocar grupos mais volumosos como R3=fenila e R=4carboxi-etila e outra foi uma
R3=fenila e R4= amida ligada a outra fenila e nessa última substituição chegaram a uma
molécula que é muito mais potente que é a mevastatina, cerca de 10x mais potente.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
A atorvastatina que é também conhecida como lipitor é a que melhor se encaixa no sítio
ativo e essa é uma das razões que explica a sua elevada potência e efetividade, por isso foi
durante anos o fármaco de maior sucesso e chegou a dar lucro de 12 bilhões por ano a
indústria da patente. A partir dessa estrutura, percebeu-se s relação estrutura atividade
ATORVASTATINA
Log P: 4,0
dos niveis de LDL que a atorvastatina porém com uma dose muito menor e doses elevadas
das estatinas estão associada a efeitos colaterais. O outro fator é o custo, o rosuvastatina
vence a patente em 2016 e o custo dos Crestor é muito mais caro do que o do Lipitor que já
venceu a patente desde de 2011 e já possui genérico no mercado. Porém atorvastatina,
continua sendo o medicamento de escolha tanto pelo custo quanto pela sua efetividade.
Combinação de estatinas com outros fármacos que vão utilizar uma dose bem menor
e vão ajudar a reduzir a incidência de efeitos colaterais:
O colesterol serve de precursor para esteroídes endógenos através de sua via catabólica e
também serve de precursor para síntese de ácidos ou sais biliares. A enzima 7-a-hidroxilase
converte todo colesterol em ácido cólico e depois produz o glicolato que faz parte dos sais
biliares, que são armazenados no pâncreas e ajudam na emulsificação dos lipídeos e na sua
absorção e eles acabam sendo reabsorvidos por uma via entero-hepática. Quando esse ácido
biliar é a reabsorvido ele exerce uma retroalimentação negativamente na ação da 7-a-
hidroxilase fazendo com que ela converta mais colesterol em ácido colico.Entretanto se eu
removo essa retroalimentação negativa, a 7-a-hidroxilase vai continuar convertendendo
colesterol em ácido cólico que posteriormente vai ser excretado. Sendo assim, eu preciso
inbir a reabsorção entero-hepática desse ácidos biliares. Como eu posso fazer isso?
Utilizando resinas insolúveis que tem carga positiva pois esta vai interagir com a carga
negativa do ácido, formar um complexo e com isso esse ácido não vai ser reabsorvido, ele vai
sair nas fezes.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
Esse é o mecanismo de ação, e embora elas não sejam reabsorvidas, elas são inespecificas e
vão interagir com qualquer molécula que tenha uma carga negativa, então se você ta fazendo
o uso de outra medicação e ele toma em um horário parecido, a absorção desse fármaco vai
ser reduzido, assim como pode ser encontrado na literatura a redução de vitamina K, devido a
ação com essas resinas, e isso causa problema de sangramento, se o paciente já tiver
predisposição a algum problemas de coagulação, precisa tomar muito cuidado com o uso
dessas resinas. A indicação é que você tem os medicamento 1 hora antes de usar a resina ou 4
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
horas depois do uso. Assim como também vai interferir na absorção de alimentos e não deve
ser usado no horário das refeições.
São fármacos que não reduzem significativamente nos níveis de LDL, mas sim nos níveis
de triglicerídeos e HDL. Como o triglicerídeos tem muito pouco a ver com a formação do
ateroma, vou me concentrar na ação dos fármacos sobre o HDL. E embora a gente fale
muito do LDL como fator de risco para as doenças cardiovasculares, têm-se observado que
o HDL é o indicador mais importante que o LDL para doenças cardiovasculares. Então você
ter níveis de HDL elevado é muito melhor do que ter níveis de LDL baixo.
Outra classe que eleva os niveis de HDL é da classe dos fibratos, que foram descobertos
na década de 60, antes mesmo das estatinas, como alternativa para aumentar os niveis
de HDL. A primeira molécula a ser comercializada foi Clofibrato que é um pró-fármaco,
no qual o éster é hidrolisado formando o ácido que é a molécula bioativa, embora o
Clofibrato eleve os niveis de HDL os estudos clínicos demonstraram que ele não reduz a
incidência de efeitos cardiovasculares, inclusive houve um aumento da taxa de
mortalidade, não por doenças cardiovasculares.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves
Entretanto ele serviu como composto protótipo para desenvolvimento de outros fibratos
que são mais eficientes e que agora tem sim uma ação na redução da incidência dos
efeitos cardiovasculares.
Existem alvos terapêuticos que estão sendo explorados para o desenvolvimentos de novas
moléculas que tenham ação de aumentar os níveis de HDL. Uma delas é ACAT, estão
verificando se os inbidores de ACAT deve elevar os niveis de HDL. CETP é uma enzima que
faz a transferência do éster do colesterol do HDL para o LDL, se eu inibo essa enzima eu
mantenho a concentração do HDL elevado e LDL baixo. PPAR-a são receptores nucleares e
alvos promissores que aumentam os niveis de HDL. Nenhum desses alvos terapêuticos tem
fármacos disponíveis no mercado.
ELE FALOU QUE NÃO TEM PROBLEMA FICAR CANSADO NO FINAL DA AULA, EM RELAÇÃO
A ESSES ASSUNTOS, PROVAVELMENTE ELE NÃO DEVE COBRAR INIBIÇÃO DA
REABSORÇÃO DO COLESTEROL NEM ELEVAÇÃO DOS NIVEIS DE HDL PORQUE NÃO TEM
REA!!!
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
QUÍMICA FARMACÊUTICA Professor: Marcelo Castilho
AULA 1 DO MÓDULO 3 Aula digitada por: Indira Alves