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CONSTITUCIONAL
II
Juliana Ribeiro
Apostila de Direito Constitucional II 2
1 - DIREITOS FUNDAMENTAIS
CONCEITO
O conjunto dos Direitos Humanos Fundamentais visam garantir ao ser humano, entre
outros, o respeito ao seu direito à vida, à liberdade, à igualdade e à dignidade; bem como ao
pleno desenvolvimento da sua personalidade. São, na verdade, princípios morais que garantem a
não ingerência do estado na esfera individual, e consagram a dignidade humana, informando a
organização da sociedade e a criação do direito. Sua proteção deve ser reconhecida positivamente
pelos ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais.
Considera- se, ainda, a expressão “direitos humanos” como uma forma abreviada de
mencionar os direitos fundamentais da pessoa humana. Esses direitos são considerados
fundamentais porque sem eles a pessoa humana não consegue existir ou não é capaz de se
desenvolver e de participar plenamente da vida. Todos os seres humanos devem ter assegurados,
desde o nascimento, as mínimas condições necessárias para se tornarem úteis à humanidade,
como também devem ter a possibilidade de receber os benefícios que a vida em sociedade pode
proporcionar. Esse conjunto de condições e de possibilidades associa as características naturais
dos seres humanos à capacidade natural de cada pessoa pode valer- se como resultado da
organização social. É a esse conjunto que se dá o nome de direitos humanos.
Por exemplo, a vida é um direito humano fundamental, porque sem ela a pessoa não
existe. Então a preservação da vida é uma necessidade de todas as pessoas humanas. Mas,
observando como são e como vivem os seres humanos, vamos percebendo a existência de outras
necessidades que são também fundamentais, como a alimentação, a saúde, a moradia, a
educação, e tantas outras coisas.
Direitos fundamentais: como já dissemos, em sua acepção formal, são aqueles direitos
básicos do indivíduo e do cidadão, reconhecidos pelo direito positivo do Estado, que exige deste
ou uma abstenção ou uma atuação no sentido de garanti- los. No Brasil, essa expressão engloba
vários direitos, tais como: os individuais, os coletivos, os difusos, os sociais, os nacionais e os
políticos;
CARACTERÍSTICAS
g. Efetividade. O Poder Público deve atuar de modo a garantir a efetivação dos direitos e
garantias fundamentais, usando, inclusive, mecanismos coercitivos quando necessário, porque
esses direitos não se satisfazem com o simples reconhecimento abstrato.
2 - CLASSIFICAÇÃO
Primeira Geração
DIREITOSINDIVIDUAIS
DIREITOS DA LIBERDADE
- Direitos da Liberdade
- Igualdade
- Segurança
- Propriedade
- Direitos de votar (homens) - Direitos individuais
Segunda Geração
DIREITOS SOCIAIS
DIREITOS DA IGUALDADE
- Direitos sociais
- relações trabalhistas
- saúde
- educação
- Direitos econômicos
- Direitos culturais
Terceira Geração
Quarta Geração
DIREITOS À VIDA
DIMENSÃO PLANETÁRIA
b. Direitos sociais - São as liberdades positivas dos indivíduos, que devem ser garantidas pelo
Estado Social de Direito. São basicamente direito à educação, saúde, trabalho, lazer, segurança,
previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados. Têm por
finalidade a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, de forma que possa se
concretizar a igualdade social que é um dos fundamentos do Estado Democrático brasileiro. Os
direitos sociais estão elencados à partir do artigo 6º .
d. Direitos políticos - São direitos públicos subjetivos que permitem ao indivíduo exercer sua
cidadania participando de forma ativa nos negócios políticos do Estado. A constituição
regulamenta os direitos políticos no artigo 14.
Direitos individuais – afeta o indivíduo em particular - direito à vida, direito à intimidade, direito
de igualdade, direito de liberdade, direito de propriedade.
Direitos coletivos – é aquele que ampara um grupo determinado de pessoas que estejam ligados
por algum vínculo jurídico - acesso a energia, segurança e saneamento básico.
Direitos difusos – é aquele que diz respeito a um grupo indeterminado ou indeterminável de
pessoas que buscam a satisfação de um direito que a todas pertecem.
No artigo 5º há somente 05 direitos: à vida, à liberdade, à segurança, à igualdade, à propriedade.
Os setenta e sete incisos são apenas variações destes direitos.
4 - DIREITO À VIDA
É quase óbvio reconhecer que o direito à vida é o maior bem tutelado pelo direito. De todos os
direitos individuais é o direito à vida, indiscutivelmente, o mais relevante e a base de todos os
outros.
- Direito de continuar vivo – direito de não ter interrompido o processo vital senão pela
morte espontânea e inevitável. Legislação penal pune todas as formas de interrupção do
processo vital.
- Direitos do nascituro
a- Pena de morte
Uma forma expressa de proteção do direito à vida pelo direito pátrio se perfaz com a
proibição da imposição da pena de morte em nosso país. O mesmo dispositivo, porém, que
proíbe a pena capital prevê uma exceção à regra, que é aquela prevista no art. 5o XLVII
da Constituição Federal que diz que “não haverá penas: a) de morte, salvo em caso
de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX.”
Cabe anotar que o direito à vida é protegido pelo núcleo irreformável da Constituição
brasileira, as denominadas cláusulas pétreas, que se encontram no parágrafo quarto do artigo
60 que proíbe qualquer emenda tendente a abolir, inter alia, os direitos e garantias individuais
(inciso IV).
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b- Eutanásia
c- Aborto
até o momento, a corrente que defende a constitucionalidade da lei penal tem prevalecido, em
razão da neutralidade da Constituição.
5 - DIREITO À IGUALDADE
Princípio da igualdade
Igualdade formal – todos são iguais perante a lei, que não podem impedir
que ocorram as desigualdades de fato.
A súmula 683, editada pelo STF, determina que: “O limite de idade para a
inscrição em concurso público só se legitima em face do art 7º, XXX, da Constituição, quando
possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”.
6 - DIREITO À LIBERDADE
Conceito – para o direito interessa cuidar apenas da liberdade objetiva, isto é, liberdade de
fazer e liberdade de atuar.
Tipos de liberdades:
TORTURA
Reza o art 5º., III e XLIII da Constituição Federal que ninguém será
submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Trata- se de uma norma
constitucional de eficácia limitada, pois necessita da atuação do legislador infraconstitucional
para que sua eficácia se produza. Assim, quanto à inafiançabilidade e insuscetibilidade de
graça ou anistia foi editada a lei dos crimes hediondos (Lei nº 8.072/90), porém, no tocante à
definição do crime de terrorismo e tortura, foi nec essária a edição de lei infraconstitucional, de
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Ao editar a Lei nº. 9.455, de 7- 4- 1997, definiu os crimes de tortura (art 1o.)
e, expressamente em seu art 4º., revogou o art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei nº. 8.069/90).
DIREITO DE OPINIÃO
DIREITO DE EXPRESSÃO
DIREITO DE INFORMAÇÃO
Art. 220 da CF/88 = admite- se que a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não
poderá sofrer qualquer espécie de restrição (interpretação literal).
Art. 220, § 1º - informação jornalística – “nenhuma lei conterá dispositivo que posa constituir
embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social,
observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV”.
OBS: entendimento jurisprudencial: informação deve ser verdadeira e informação deve ser
inevitável para passar a mensagem. Limites= informação não poderá ser veiculada de forma
insidiosa e abusiva, dando contorno de escândalo .
Art. 5º, XXXIII (parte final) = o indivíduo tem a permissão constitucional de pesquisar, de buscar
informações sem sofrer a interferência do Poder Público, salvo as matérias sigilosas.
Art. 5º, XIV = assegura aos profissionais da informação o direito ao sigilo das fontes.
Art. 5º, LXXII = obtenção através do habeas data de informação relativa aos próprios indivíduos
interessados, constantes dos bancos ou cadastros públicos. Terá também o direito de corrigi- las
em caso de erro.
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Direito de reposta
A proteção do art. 5º, X, refere- se tanto as pessoas físicas quanto às jurídicas. Esta proteção
abrange também a proteção à imagem frete aos meios de comunicação em massa.
Intimidade e vida privada são semelhantes, mas diferem quanto ao aspecto de abrangência.
Intimidade – relaciona- se com o trato íntimo das pessoas, suas relações familiares e de
amizade. Exemplo: segredos pessoais, dúvidas existenciais e orientação sexual.
• Direito à imagem
INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO
O art. 5º, XI, protege a intimidade e a privacidade dos indivíduos. Sendo assim, o domicílio como
garantia constitucional é a projeção espacial da privacidade e intimidade. Palavra domicílio é mais
abrangente do que a residência familiar, se estendo a quatros de hotéis, pensões.
Casa é asilo inviolável do indivíduo, porém não de forma absoluta, com as seguintes exceções:
- durante o dia, por ordem judicial . Dia – das seis horas da manhã as dezoito horas
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Interceptação telefônica é a captação feita por terceira pessoa de comunicação entre dois (ou
mais) interlocutores sem o conhecimento de qualquer deles.
Não podemos confundir interceptação telefônica com a escuta telefônica que é a mesma captação
feita por terceiro da comunicação entre dois (ou mais) interlocutores, porém com o conhecimento
de um deles (ou alguns deles). .
Portanto, nada impede que uma pessoa que não esteja fazendo parte desta reunião, via
comunicação telefônica, possa interceptá- la para fins espúrios, ou seja, para fins não autorizados
em lei como, por exemplo, espionagem industrial, seqüestro, concorrência desleal e etc...
Assim, no caso de haver interceptação da comunicação por pessoa não participante da reunião e
sem o conhecimento das demais haverá interceptação telefônica. Porém, havendo conhecimento
de algum participante da reunião, haverá escuta telefônica.
• somente quando o fato investigado constituir infração penal punida com reclusão.
• Após a cautelar juiz tem 24 horas para decidir. A diligência será feita em até 15 dias.
• Prova obtida nas investigações poderá ser feita por concessionária de serviço público.
Após o término da diligência , a prova colhida continuará em segredo de justiça.
GRAVAÇÕES CLANDESTINAS
As gravações telefônicas, que consistem na captação de uma comunicação telefônica feita por um
dos interlocutores sem o conhecimento do outro, exatamente porque não se confundem com as
interceptações telefônicas (estas só ocorrem quando há a intervenção de um terceiro na
comunicaç ão) estão fora da disciplina jurídica da Lei n. 9.296/96. Isso significa dizer que, no
Brasil, malgrado algum posicionamento em sentido contrário, até o presente momento, não existe
lei sobre elas, isto é, ainda persiste a abominável omissão legislativa, embora se trate de assunto
que pode (e deve) ser disciplinado legalmente. Daí o fato de a doutrina falar em gravações
clandestinas
A expressão genérica "gravações clandestinas", aliás, abrange tanto a telefônica (quando se grava
uma comunicação telefônica própria) quanto a ambiental (quando se grava uma conversação
entre pessoas presentes, de forma sub- reptícia, isto é, sem o conhecimento do interlocutor).
Ambas não possuem disciplina jurídica própria entre nós. Por constituírem formas de restrição ao
art. 5º, inc. X, da Constituição Federal, que assegura o direito à privacidade e intimidade
(observando- se que a gravação telefônica configura também restrição ao inc. XII, que menciona
genericamente "comunicações telefônicas"), é evidente que, nesta altura, já deveriam estar
devidamente regradas.
Não é "crime" gravar clandestinamente uma comunicação telefônica (leia- se: uma conversa
própria). O ato de gravar, tão-somente gravar, não configura nenhum ilícito penal. Mas sem
sombra de dúvida já configura uma invasão à intimidade ou privacidade alheia, assim como ao
sigilo das comunicações telefônicas. Por isso, em regra, não se pode divulgar o conteúdo dessa
gravação. A isso dá- se o nome de "direito à reserva" (reservatezza), que se distingue do "direito
ao segredo " (segretezza): neste último o que se objetiva é evitar que um terceiro capte uma
comunicação alheia; por aquele (direito à reserva) o que se pretende é a não- divulgação daquilo
que foi clandestinamente gravado.
A divulgação indevida da gravação, aliás, configura o delito previsto no art. 153 do Código Penal.
Com efeito, quem divulga, sem justa causa, o conteúdo de uma gravação clandestina, está
praticando o citado ilícito penal. Mas se existe justa causa (divulgação para salvaguardar um
direito fundamental relevante, como a vida, a integridade física etc. do interlocutor ou de terceira
pessoa, como, por exemplo, na hipótese de uma exigência econômica ilícita caracterizadora de
uma extorsão), não há crime.
A gravação clandestina, como se vê, não pode valer como prova, não porque o comunicador não
possa gravar sua comunicação, senão porque não existe lei disciplinando como deve dar- se a
gravação, quando é cabível, quais crimes, quais pressupostos, quanto tempo, em quais processos
poderia ser utilizada etc.
la. Poderá utilizá- la para prova em processo, uma vez que houve expressa vontade de manifestar
o pensamento àquele.
Em recentíssimo julgamento (11/3/98, habeas- corpus 75.338- RJ, Rel. Min. Nélson Jobim, v.
Informativo STF n.102), o Plenário do Colendo Supremo Tribunal Federal enfrentou outra vez a
questão e assinalou: Considera - se prova lícita a gravação telefônica feita por um dos
interlocutores da conversa, sem o conhecimento do outro. Afastou-se o argumento de afronta ao
art. 5º, XII, da CF (...), uma vez que esta garantia constitucional refere-se à interceptação de
conversa telefônica feita por terceiros, o que não ocorre na hipótese. Com esse entendimento, o
Tribunal, por maioria, indeferiu o pedido de habeas-corpus em que se pretendia o trancamento da
ação penal contra magistrado denunciado por crime de exploração de prestígio (...), com base em
conversa telefônica gravada em secretária elet rônica pela própria pessoa objeto da proposta.
Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello, que deferiam a ordem.
Para compreender corretamente os conceitos de sigilo bancário e sigilo fiscal, é preciso saber
onde se encontram os seus fundamentos. Para tanto, é necessário estabelecer a diferença entre
intimidade, da qual ambos decorrem e que está prevista no inciso X do art. 5º da Constituição
Federal, e sigilo de dados, expresso no inciso XII do mesmo dispositivo.
Sigilo Bancário
O sigilo bancário, atualmente, pode ser compreendido como um dever jurídico, imposto às
instituições bancárias, de não divulgar informações acerca das movimentações financeiras de
seus clientes (aplicações, depósitos, saques, etc.).
Esse procedimento é tutelado pelo Estado e necessário para garantir a segurança jurídica e
social, bem como a estabilidade econômica. Obviamente, parece ser intrínseco à atividade
bancária o dever de guardar sigilo sobre as movimentações. Atualmente, inclusive por
questões de segurança, há necessidade de se ter protegidas as informações concernentes ao
patrimônio.
Todavia, o sigilo bancário não é absoluto, pois não deve servir de respaldo para a prática de
atos ilícitos, que atinjam a sociedade, afrontando o interesse público. Em situações específicas,
previstas em lei, é possível permitir o acesso às informações de que necessita, tendo em vista
o interesse da justiça.
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Ainda existe outro dispositivo legal que regula a matéria em questão, porém, é dirigido
especificamente à autoridade fiscalizadora. Trata-se do artigo 197, inciso II do Código
Tributário Nacional. Neste preceito encontra- se a obrigatoriedade expressa dos bancos e
instituições financeiras em prestar informações que disponham sobre terceiros, excetuando-
se, porém, aquelas protegidas pelo sigilo bancário. Assim, entende- se que o disposto no art.
197 do CTN não revogou as disposições do art. 38 da Lei 4.595/64, ao contrário, reitera a
obrigação das instituições financeiras e dos bancos de manterem em segredo as informações
que recebem no desempenho de suas atividades.
Sigilo Fiscal
Art. 198. "Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, para
qualquer fim, por parte da Fazenda Pública ou de seus funcionários, de qualquer informação,
obtida em razão do ofício, sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos passivos ou
de terceiros e sobre a natureza, e o estado dos seus negócios ou atividades.
Expressa no parágrafo único, a primeira das exceções ao sigilo fiscal ocorrerá quando se
realizar convênio entre as Fazendas da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios com o fim de obterem dados para melhor exercer a fiscalização dos tributos.
A segunda hipótese de exceção ao sigilo fiscal é dirigida aos casos em que houver processo
judicial instaurado e o juiz entender necessário para a solução da lide a juntada, ao processo,
de informações obtidas pelo Fisco. Nesse caso, será observado o interesse da justiça, e não o
interesse particular de uma das partes. Ou seja, o juiz requisitará as informações se restar
comprovada a resistência de uma das partes em resolver o conflito. Assim, procederá ao
exame de informações úteis ao alcance da justiça.
LIBERDADE DE PROFISSÃO
Regra de eficácia contida, pois permite que a lei infraconstitucional venha limitá- la criando
requisitos e qualificações para determinadas profissões. Limitação ex: exame da OAB.
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
Direito que o indivíduo tem de ir, vir, ficar ou permanecer, sem que qualquer destas condut as
seja molestada pelo Poder Público. Protege a liberdade que o indivíduo tem de não ser preso
ou detido arbitrariamente. (art. 5º, XV)
Exceções: prisão em flagrante e a determinada por ordem judicial (art. 5º, LXI)
Liberdade de reunião (art. 5º, XVI) constitui- se na primeira e mais simples liberdade
corporativa, estando logo após a liberdade de locomoção. Trata- se da garantia à liberdade que
tem a pessoa de decidir se vai ou não participar de uma reunião pública, pacífica, sem armas e
exercer sua liberdade de pensamento e expressão. Por reunião deve- se entender o
"agrupamento temporário e voluntário de várias pessoas em determinado lugar, segundo
acordo preventivo e com um fim preestabelecido". Exemplo: um comício ou uma passeata.
Requisitos:
A liberdade de associação (art. 5º , XVI a XXI) é distinta daquela acima exposta por significar
a liberdade de várias pessoas de organizarem com um vínculo recíproco e duradouro para
alcançar um fim comum . Trata- se, por exemplo, dos sindicatos.
As associações de base, por se tratarem de importante forma de se obter uma sociedade civil
organizada, funcionam como instrumentos sociais de eficácia dos Direitos Fundamentais,
atuando perante os poderes constituídos em busca da concretização dos interesses de
determinado grupo.
Requisitos
DIREITO À PROPRIEDADE
Conceito: Propriedade é o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites
normativos, de ter, usar, gozar e dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como reivindicá-
lo de quem injustamente o detenha.
Ao estabelecer o constituinte (art. 5º, caput, in fine) que a propriedade constitui uma garantia
inviolável do indivíduo, elevou- se a instituição da propriedade à condição de garantia
fundamental. Contudo, a posição da garantia fundamental da propriedade no texto constitucional
não deve ser interpretada necessariamente como uma matéria restrita à esfera privada.
No inciso XXII, no mesmo dispositivo, declara que "é garantido do direito de propriedade", e, logo
mais, "a propriedade atenderá a sua função social". A propriedade não pode ser mais vista como
um direito estritamente individual nem como uma instituição de direito privado.
No capítulo que se refere aos "princípios gerais da atividade econômica", a Constituição assim
estatui:
I - omissis
II - propriedade privada;
PROPRIEDADE PÚBLICA
Conceito: aquela titularizada por uma entidade de direito público, submetida a um regime de
direito público e instituída em favor do interesse público.
? de uso comum – são aqueles destinados ao uso indistinto de todos, sendo que podem eles
assumir um caráter gratuito ou oneroso (ex.: zona azul, pedágio) na direta dependência das
leis estabelecidas pela União, Estados, DF ou Municípios - ex.: mares, rios, estradas, ruas e
praças.
? dominicais (ou dominiais) – são denominados de próprios do Estado, vez que não
apresentam nenhuma destinação pública definida; representam o seu patrimônio disponível
por não se encontrarem aplicados, ou melhor, afetados nem a um uso comum e nem a um uso
especial, sendo que em relação a eles o Poder Público exerce poderes de proprietário; por
força das características por eles apresentadas, serão os únicos a não necessitarem de
desafetação nos momentos em que o Poder Público cogitar de sua alienação.
Os bens públicos são gravados de inalienabilidade (como regra geral, essa característica impede
que sejam os bens públicos alienados, ou seja, não podem ser eles vendidos, permutados,
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doados, em vista dos interesses aqui representados, que são os da coletividade; sem embargo,
essa regra geral acaba sendo excepcionada, desde que preenchidos os requisitos exigidos pelo
legislador, que podem ser descritos da seguinte forma: caracterização do interesse público,
necessidade de prévia avaliação para evitar possa o bem público ser alienado por preços muito
abaixo daqueles praticados pelo mercado, necessidade de abertura de licitação na modalidade de
concorrência pública ou mesmo por meio do leilão, necessidade de autorização legislativa em se
tratando de bens imóveis, necessidade de sua desafetação para os bens de uso comum e de uso
especial); imprescritibilidade (são insuscetíveis de ser adquiridos por usucapião);
impenhorabilidade (são insuscetíveis de constrição judicial por penhora) e não-oneração (não
podem ser dados em garantia).
PROPRIEDADE PRIVADA
Pessoa tem: posse, uso, gozo e livre disposição. Constitui em um direito real pleno.
Função social: art. 182, §2º da CF/88 – cumpre a função social a propriedade urbana que
satisfazer as exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no seu plano diretor (art.
32, § 1º do CTN) . No mesmo sentido, atende à sua função social a propriedade rural que
simultaneamente tiver aproveitamento e utilização adequada dos recursos naturais, preservar o
meio ambiente (art. 184 da CF).
OBS: o imóvel rural que não estiver cumprindo a sua função social poderá ser desapropriado para
fins de reforma agrária.
BEM DA FAMÍLIA
Art. 5º, XXVI – bem de família – propriedade rural – bem de família constitucional
Outros bens de família: art. 1711 do CC – Cônjuges ou entidade familiar , mediante escritura
pública, institua bem de família desde que este bem não ultrapasse 1/3 do patrimônio líquido da
instituição. Lei nº 8.009/90 – bem do casal é impenhorável.
USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL
Requisitos: o usucapiente possuir área urbana como sua por mais de cinco anos interruptos sem
oposição, a área é de até 250 m, utilizá- la como de sua família ou sua moradia, não ser
proprietário de outro imóvel urbano, o direito ser reconhecido apenas uma vez, não depender de
comprovação de boa- fé ou justo título.
Requisitos: o usucapiente possuir área rural como sua por mais de cinco anos interruptos sem
oposição, a área é de até 50 ha, torná- la produtiva por seu trabalho ou de sua família, não ser
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proprietário de outro imóvel rural ou urbano, não depender tampouco de comprovação de boa- fé
ou justo título.
PROPRIEDADE INTELECTUAL
Tem como expressão sinônima propriedade intelectual, direito intelectual, direito de autor ou
direito autoral. As manifestações criadoras do intelecto humano, das quais resultam a propriedade
imaterial, constituem dois grupos de naturezas análogas: a) criação literária, científica e artística,
disciplinada pelo direito civil; b) criação no campo industrial, regida pelo direito comercial. A
propriedade imaterial inclui, portanto, não apenas direitos pertinentes e produções intelectuais do
domínio literário, científico e artístico, como aqueles que têm por objetivo invenções, desenhos e
modelos industriais, pertencentes ao campo industria l. Tais prerrogativas ensejam apreciação
pecuniária e moral. A primeira consiste em atribuir, ao autor, o direito de fruir, com exclusividade,
de todos os benefícios materiais, redutíveis a dinheiro, que sua obra lhe proporciona; a segunda
lhe garante o reconhecimento da paternidade da obra, ligando seu nome a esta.
O juiz natural é somente aquele integrado no Poder Judiciário, com todas as garantias
institucionais e pessoais previstas na Constituição Federal. Assim, afirma José Celso de Mello Filho
que somente os juizes, tribunais e órgãos jurisdicionais previstos na Constituição se identificam ao
juiz natural, princípio que se estende ao poder de julgar também previsto em outros órgãos, como
o Senado, nos casos de impedimento de agentes do Poder Executivo4.
O referido princípio deve ser interpretado em sua plenitude, de forma a não só proibir- se a
criação de Tribunais ou juízos de exceção, como também exigir- se respeito absoluto às regras
objetivas de determinação de competência, para que não seja afetada a independência e a
imparcialidade do órgão julgador.
“Art. 5º omissis
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;”
Uma grande parte da doutrina entende que os demais princípios processuais constitucionais
atinentes ao processo civil, possuem a sua gênese no princípio do devido processo legal.
Segundo TUCCI e CRUZ E TUCCI, derivam do devido processo legal outros princípios tais o da
isonomia, do juiz natural, da inafastabilidade da jurisdição, do contraditório, da proibição da prova
ilícita, da publicidade dos atos processuais, do duplo grau de jurisdição e da motivação das
decisões judiciais.
Regras:
Direito à prévia citação, direito a um juiz imparcial, direito ao arrolamento de testemunhas, direito
ao contraditório, direito à defesa técnica, etc, proibição de provas ilícitas.
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8 - REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
QUADRO COMPARATIVO
MANDADO MANDADO
DIREITO DE HABEAS HABEAS AÇÃO AÇÃO CIVIL
DE
PETIÇÃO CORPUS DATA POPULAR PUBLICA
SEGURANÇA INJUNÇÃO
Art.5º, LXIX e
Base Art.5º, XXXIV ART.5º, LXVIII Art.5º, LXXII Art.5º, LXXI Art.5º, LXXIII Art. 129, III
LXX
Invocar a Obter
Direito líquido
Liberdades
atenção dos Acesso e/ou invalidação de
e certo, constitucionais Proteção do
poderes retificação de ato ou
individual ou , franquias pratrimônio
públicos a informações contrato
coletivo, não relativas à público e
certa pessoais em amparado administrativo
questão;denun Proteção à bancos de
nacionalidade,
ilegal e lesivo
social, meio
Objeto ciar uma lesão liberdade de soberania e ao patrimônio ambiente e
dados de
a um direito; locomoção entidades por HC ou HD, cidadania, público, meio outros
Manifestação lesado ou frustradas pela interesses
governamentai ambiente e
de opinião, ou ameaçado de falta de norma difusos e
s ou de caráter patrimônio
lesão por ato regulamentado coletivos.
público histórico e
de autoridade ra cultural.
aspiração
Pessoas Físicas
ou Jurídicas;
órgãos
públicos
despersonaliza
dos, dotados Qualquer Ministério
Qualquer de capacidade pessoa (física Público;
pessoa -(se Qualquer processual; ou jurídica).
Qualquer urídica, só em pessoa universalidade
Legitim. física/jurídica. s reconhecidas Cidadão Adm.direta e
pessoa física favor de indireta;
brasileiro
ou jurídica pessoa física); por lei;
MP; Defensoria Direito (pessoa física,
Ativa (com ou sem autoridades.
advogado) Pública; Juiz ( personalíssimo Coletivo: Coletivo: todos eleitor ) associação
só possível ex . Partido os que podem constituída há
officio) Político; usar o MS pelo menos 1
Organização coletivo. ano.
Sindical;
entidades de
Classe;
associações
(1ano).
Autor do ato
Entidades (mesmo
Pessoa jurídica
governamentai autoridades);
de Órgão
qualquer s (adm.
responsável
órgão de pessoa pela todos os que
Legitim. direito público
autoridade (autoridade direta e contribuíram
pública a que pertence idem AP
indireta); para a ação ou
Passiva a autoridade elaboração da
pública omissão;
apontada
ou não) entidades de
norma faltante
caráter Todos os
como coatora.
público. beneficiados
pelo ato.
Art. 647 a 667 Inexistente.
Legislaç. CPP Lei 1533 / 51
Lei 9051/95 Lei 9507/97 Aplicação da Lei 4717 / 65 Lei 7347/85
Regulam. e RI dos Lei 8437 /92 legislação do
Tribunais MS
Capacid.Post
não exigível não exigível exigível exigível exigível exigível exigivel
ul.
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INTRODUÇÃO
A carta constitucional promulgada em 1988 incluiu dentre outros direitos, ações e garantias, os
denominados “Remédios Constitucionais”. Tais remédios se exteriorizam como meios postos à
disposição dos indivíduos para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando
sanar, corrigir, ilegalidade e abuso de poder em prejuízo de direitos e interesses individuais.
São garantias constitucionais na medida em que são instrumentos destinados a assegurar o gozo
de direitos violados ou em vias de ser violados ou simplesmente não atendidos.
Importante lembrar que esses remédios não deixam também de exercer um papel limitativo da
atuação do Poder Público, uma vez que este se comporta de maneira a evitar sofrer-lhes
impugnação e também porque o exercício desses direitos- remédios pelos titulares dos direitos ou
interesses violados ou ameaçados ou não satisfeitos nos termos da Constituição importa em impor
correção a seus atos e atividades, o que é um modo de limitar.
E mais, tais remédios atuam precisamente quando as limitações e vedações não forma bastantes
para impedir a prática de atos ilegais e com excesso de poder ou abuso de autoridade. Por sua
função saneadora, seu caráter específico, e por estarem consignados na Constituição é que são
denominados de remédios constitucionais.
a)HABEAS CORPUS
Histórico
O instituto do habeas corp us tem sua origem no Direito Romano, no qual todo cidadão podia
reclamar a exibição do homem livre detido ilegalmente por meio de uma ação privilegiada que se
chamava interdictum de libero homine exhibendo.
Foi o primeiro remédio a integrar as conquistas liberais. Denota- se sua presença na Inglaterra
antes mesmo da Magna Carta de 1215, mas, foi esta que lhe deu a primeira formulação escrita,
sendo outorgada pelo Rei João sem Terra, em 19 de junho de 1215. O writ of habeas corpus
Profa. Juliana Ribeiro 29
evoluiu, no início não era vinculado à idéia de liberade de locomoção, mas ao conceito de due
process of law. Alguns autores apontam a sua origem no reinado de Carlos II, sendo editada a
Petition of Rights que culminou com o Habeas Corpus Act de 1679. Em 1816, ainda na Inglaterra,
esse direito ampliou seu campo de atuação e incidência.
No Brasil,o habeas corpus não ingressou formalmente na Constituição do Império, foi instituído
pela primeira vez no Código de Processo Penal de 1832, e elevou- se a regra constitucional na
Carta de 1891.
O habeas corpus tem natureza jurídica de ação constitucional penal, rito especialíssimo e um
procedimento isenta de custos, isto é, gratuito. Tem como objeto evitar ou cessar violência ou
ameaça na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Não se trata de uma
espécie de recurso, é um remédio destinado a tutelar o direito de liberdade de locomoção,
liberdade de ir, vir, parar e ficar.
De nada impede também que a pessoa jurídica impetre habeas corpus em favor de terceira
pessoa (física), e que o impetrante desista da ação de habeas corpus.
O sujeito passivo do habeas corpus é o próprio coator, que poderá ser tanto autoridade pública
como particular. Mesmo que haja intervenção policial no crime de ameaça ou coação à liberdade
de locomoção, é livre a impetração do habeas corpus, porque existem situações em que será
difícil ou impossível a intervenção policial para cessar a coação ilegal (internações em hospitais,
clínicas psiquiátricas, etc).
b) HABEAS DATA
Histórico
Aponta- se sua origem na legislação ordinária nos Estados Unidos, por meio do Freedom of
Information Act de 1974, alterado pelo Freedom of Information Reform Act de 1978, visando
possibilitar o acesso do particular às informações constantes de registros públicos ou particulares
permitidos ao público.
O habeas data é uma ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, que tem por
objeto a proteção do direito líquido e certo do impetrante de acesso e conhecimento a
informações relativas à sua pessoa e constantes de repartições públicas 9ou particulares
acessíveis ao público, como também o direito à retificação desses dados, importando isso em
atualização, correção e até suspensão, quando incorretos.
O Art.8º da citada Lei estipula que a petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos
arts.282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que
instruem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda. Além disso, seu parágrafo único
prevê que a petição inicial deverá ser instruída como prova de uma das três seguintes situações:
Da sentença que conceder ou negar o habeas data caberá o recurso de apelação. Os prazos dos
recursos no procedimento do habeas data, por ausência de expressa previsão na referida lei, são
os mesmos previstos no CPC, contando- se em dobro para a fazenda Pública e para o Ministério
Público (CPC, Art.188).
Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito meramente devolutivo (Art.15,
Lei 9507/97), sendo imediata a execução da sentença determinada pela autoridade judiciária.
Entretanto, existe a possibilidade do Presidente do Tribunal ordenar ao juiz a suspensão da
execução da sentença.
Sendo assim, a suspensão da ação provisória da sentença concessiva de habeas data não poderá
ser obtida por do recurso de apelação, de qualquer outro recurso ou ação genérica, nem mesmo
por mandado de segurança, uma vez que a lei estipula que tal medida só surtirá efeito pelo
despacho do Presidente do Tribunal.
Tem-se como sujeito ativo do habeas data a pessoa física, brasileira ou estrangeira, ou ainda
pessoa jurídica (que é protegida pelo mesmo corpo normativo das pessoas físicas).
Somente informações do próprio impetrante serão pleiteadas através do habeas data, nunca de
terceiros. Esse caráter personalíssimo do habeas data deriva da própria amplitude do direito
defendido, que tem por objetivo ser exclusivo do impetra nte e não ser devassado ou difundido a
terceiros.
O STJ, antigo Tribunal Federal de Recursos, admitiu que também os herdeiros legítimos do morto
ou seu cônjuge supérstite poderão impetrar o “writ”.
c) MANDADO DE SEGURANÇA
Histórico
Já nas Ordenações Filipinas, no Livro III, Título78, § 5º, estava estabelecido que “se alguém se
temer de outro que o queira ofender na pessoa, ou lhe queira, sem razão, ocupar e tomar suas
coisas, poderá requerer ao juiz que segure a ele e as suas coisas do ouro que o quiser ofender”
Porém, sua origem encontra- se na doutrina brasileira do habeas corpus, entre suas fontes
incluem- se os vários writs do direito inglês e amparas do direito mexicano. Esta ação
constitucional foi estabelecida pela primeira vez na Constituição de 1934, suprimida na
Constituição outorgada de 1937 e reintroduzida em nosso ordenamento jurídico pelo Texto
Constitucional de 1946. A Constituição de 1967, em seu Art. 150, §21, confirmou o direito, como
também sua Emenda Constitucional nº 1, de 17.10.1969. A Constituição de 1988 dispõe sobre o
mandado de segurança no inciso XLIX, do Art.5º.
O mandado de segurança é uma ação constitucional, de natureza civil e rito especialíssimo cujo
objeto é a proteção de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão, por ato ou omissão
de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
No que se refere aos procedimentos, a petição inicial deverá ser apresentada com os documentos
comprobatórios da certeza e liquidez do direito pleiteado, encaminhado à autoridade coatora para
prestar as informações necessárias no prazo dez dias. Em seguida será aberta vista ao Ministério
público para apresentação do parecer. A última etapa é a remessa dos autos ao juiz para que
profira a sentença.
Não caberá os efeitos do mandado de segurança nas hipóteses previstas pelo Art.5º, da Lei nº
1533/51 que estatui:
II - de despacho ou decisão judicial, quando haja recurso previsto nas leis processuais ou possa
ser modificado por via de correção;
III - de ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade incompetente ou com inobservância
de formalidade essencial;
Sujeito ativo é o titular de direito líquido e certo, não ampara do por habeas corpus ou habeas
data, que pode ser pessoa física, jurídica, estrangeira, domiciliada ou não em nosso país, a;em
das universalidades reconhecidas por lei (espólio, massa falida, etc.) e também os órgão públicos
despersonalizados, mas dotados de capacidade processual (Chefia do Poder Executivo, Mesas do
Congresso, Ministério Público, etc.). Exige-se, de fato, que o direito do sujeito ativo seja tutelado
pela jurisdição brasileira.
Apostila de Direito Constitucional II 32
Histórico
O interesse exigido para a impetração de mandado de segurança coletivo há de ser a ligação com
o objeto da entidade sindical e, portanto, com o interesse jurídico desta. Para efeito de proteção
através do mandado de segurança coletivo, os titulares dos interesses coletivos são plenamente
determináveis.
Partidos políticos com representação no Congresso nacional, exigindo- se somente a existência de,
no mínimo, um parlamentar, em qualquer das casas legislativas, filiado a determinado partido
político;
Organização sindical, entidade de classe ou associação, desde que preencham três requisitos:
estejam legalmente constituídas, em funcionamento há pelo menos um ano e pleiteiem a defesa
dos interesses de seus membros ou associados.
Em relação à legitimação ativa, podemos concluir que é uma legitimação extraordinária, onde
ocorre, em tal caso, a substituição processual, também não se exige autorização expressa,
Profa. Juliana Ribeiro 33
e) MANDADO DE INJUNÇÃO
Histórico
Nossa fonte mais próxima deste direito, é o writ of injuction ou writ of mandamus do Direito
norte- americano, que também era aplicado nos casos em que a norma legal se mostrava
insuficiente ou incompleta para solucionar, com Justiça, determinado caso.
Outros autores apontam suas raízes nos instrumentos existentes no velho direito português, com
a única finalidade de advertência do Poder competente omisso.
Apesar de todas as raízes históricas, coube à doutrina e à jurisprudência pátrias a definição dos
contornos e objetivos desse importante instrumento constitucional.
Trata- se de uma constitucional, de caráter civil, com procedimento especial, que tem por objeto a
supressão de uma omissão do Poder Público para assegurar o exercício de direito, liberdade ou
prerrogativa constitucional. Assemelham- se à ação direta de inconstitucionalidade por omissão e
não decorrem de todas as espécies de omissões do Poder Público, mas tão só em relaç ão às
normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo e de caráter impositivo e das
normas programáticas veiculadas ao princípio da legalidade, por dependerem de atuação
normativa ulterior para garantir sua aplicabilidade.
Para o seu procedimento, são observadas as normas do mandado de segurança, enquanto não
editada legislação específica, conforme determina o Art.24, §1º, da Lei nº 8038/90. Importante
ressaltar, porém, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já se pacificou pela
impossibilidade da concessão de medida liminar por ser imprópria ao instituto do mandado de
injunção.
O mandado de injunção tem prioridade sobre os demais atos judiciais, salvo o habeas corpus, o
mandado de segurança de segurança e o habeas data.
Apostila de Direito Constitucional II 34
Por sujeito ativo do mandado de injunção entende- se qualquer pessoa cujo exercício de um
direito, liberdade, ou prerrogativa constitucional esteja sendo inviabilizado em virtude da falta de
uma norma reguladora da Constituição Federal.
O sujeito passivo será sempre a pessoa estatal, uma vez que no pólo passivo da relação
processual instaurada com o ajuizamento do mandado de injunção só aquelas podem estar
presentes, pois somente aos entes estatais pode ser imputável o dever jurídico de emanação de
provimentos normativos. A natureza jurídico- processual do instituto não permite a formação de
litisconsórcio passivo, necessário ou facultativo, entre particulares e entre estatais.
f) AÇÃO POPULAR
Histórico
A origem da ação popular perde-se na história do Direito ro mano. Outra fonte da ação popular é a
class action do direito norte- americano, para a defesa dos referidos interesses difusos ou
interesses coletivos.
O nome ação popular deriva do fato de atribuir- se ao povo, ou a parcela dele, legitimidade para
pleitear, por qualquer de seus membros, a tutela jurisdicional de interesse que não lhe pertence,
ut singulis, mas à coletividade. O autor popular faz valer um interesse que só lhe cabe, ut
universis, como membro de uma comunidade, agindo pro populo. O qualificativo popular prende-
se a isto: defesa da coisa pública, coisa do povo (publicum, de populicum, de populum).
Tal direito foi introduzido no Brasil com a Constituição de 1934, em seu Art.113, nº 38, que dizia
que “qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de nulidade ou anulação dos
atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados e dos Municípios”. Foi excluída da Constituição
de 1937, mas voltou a aparecer na de 1946 e na de 1967.
O instituto processual civil da ação popular, outorgado a qualquer cidadão como garantia político-
constitucional tem com objeto a defesa do interesse da coletividade, mediante a provocação do
controle jurisdicional corretivo de atos lesivos do patrimônio público, da moralidade
administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural. Sem, contudo, configurar a
ultima ratio, ela não exige o esgotamento de todos os meios administrativos e jurídicos de
prevenção ou repressão aos atos ilegais ou imorais e lesivos ao patrimônio público para seu
ajuizamento.
Profa. Juliana Ribeiro 35
O procedimento judicial está descrito no Art.7º, da Lei nº 4717, de 29.6.1965, com a petição
sendo despachada para citação, intimação do Ministério Público, requisição de documentos da
autoridade pública e, se for o caso, liminar suspensiva do ato lesivo. A sentença que julga
procedente a ação e desconstitui o ato lesivo tem natureza constitutiva negativa, coma aspectos
de executoriedade e eficácia de coisa julgada material. Pode ser aplicado, subsidiariamente, os
dispositivos do Código de Processo Civil.
A legitimidade ativa é de qualquer cidadão, ou seja, que provar a cidadania, para ingressar em
juízo, mediante a apresentação do título eleitoral ou o documento a ele correspondente
(certificado de equiparação e gozo dos direitos civis e políticos e título de eleitor, exemplo:
português equiparado).
Por outro lado, a legitimidade passiva é das pessoas púbicas ou privadas da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista e serviços delegados.
g) DIREITO DE PETIÇÀO
Histórico
Sua origem é remota. Nasceu na Inglaterra durante a Idade Média, através do right of petition,
que resultou das Revoluções inglesas de 1628. Já estava insinuado na Carta Magna de 1215.
Consolidou- se com a Revolução de 1689 e com o Bill of Rights que o Parlamento inglês impôs ao
rei Carlos I, permitindo aos súditos que dirigissem petições ao rei.
No Brasil, o direito de petição sempre esteve reproduzido em nosso direito, desde a Constituição
de 1824. A fórmula de assentar, na mesma garantia constitucional, o direito de petição e de
representação juntos foi mantida nas Constituições de 1891 (Art.72, § 9º), de 1934 (Art.113, nº
10), de 1937 (Art.122, nº 7), de 1946 (Art.141, § 37) e de 1967 (Art.150, § 30).
Esta tradição foi quebrada com a Constituição de 1988, que prefere entender apenas como
garantia o direito de petição sendo que, elipticamente, assegura o direito de representação.
O exercício do direito não exige seu endereçamento ao órgão competente para tomada de
providências, devendo, pois, quem a recebe, encaminhá-la à autoridade competente.
O direito de petição cabe a qualquer pessoa, pois pode ser utilizado por pessoa física ou jurídica,
por indivíduo ou grupo de indivíduos, por nacionais ou estrangeiros.
Não pode ser formulado pelas forças militares, como tal, o que não impede reconhecer aos
membros das Forças Armadas ou das polícias militares o direito individual de petição, desde que
sejam observadas as regras de hierarquia e disciplina.
Podem ser sujeitos passivos as autoridades dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, bem
como o Ministério Público.
h) DIREITO DE CERTIDÃO
Tradicional previsão constitucional, o direito de certidão foi consagrado no Art.5º, XXXIV, “b” da
Constituição Federal, que assegurou, assim, o direito de obter certidões de repartições públicas.
É dirigido para a obtenção de informações e elementos para instituir a defesa de direitos e pedir
esclarecimentos pessoais. É um direito amplo, que permite o pedido de certidões de atos,
contratos, decisões e pareceres, sem depender de regulamentação legal, por ter eficácia plena.
A esse direito corresponde a obrigatoriedade do Estado, salvo nas hipóteses constituc ionais de
sigilo, em fornecer as informações solicitadas, sob pena de responsabilização política, civil e
criminal.
São pressupostos básicos para a utilização desse direito: o legítimo interesse e a ausência de
sigilo.
Deve ser feito mediante requerimento, através dos termos adequados, com as informações sobre
o que efetivamente o interessado deseja que seja certificado, e direcionado à autoridade
competente. Tais direitos, de acordo com a Lei nº 9534/97, não devem ser cobrados.
Profa. Juliana Ribeiro 37
9 - DIREITOS SOCIAIS
CONCEITO: são direitos de conteúdo econômico- social que visam melhorar as condições de vida
e de trabalho para todos; são prestações positivas do Estado em prol dos menos favorecidos e dos
setores economicamente mais fracos da sociedade.
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:
? Relação de emprego protegida contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;
O inciso supracitado prevê uma proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa causa,
tendo em vista que a legislação anterior se limitava a conferir ao empregado a liberação do
FGTS acrescido tão- somente da importância equivalente a 10% (dez por cento) sobre o valor
dos depósitos.
O que acontece nos dias de hoje é que na despedida sem justa causa do empregado, o
empregador tem que pagar a este uma indenização de 50% sobre o valor do FGTS, além da
liberação do valor principal deste Fundo.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um fundo criado em 1966 que teve
como objetivo acabar com a garantia de emprego e substituí- la por uma compensação de
cunho monetário.
Foi criado pelo Governo Federal para proteger o trabalhador demitido sem justa causa,
através de uma conta vinculada ao seu contrato de trabalho.
O salário mínimo unificado em todo o país, fixado por lei e não mais por decreto, como
outrora, além de abranger nominalmente maiores necessidades do empregado e sua família,
representa inovação constitucional que, entretanto, não se incorporou à realidade.
É vedada a sua vinculação para qualquer fim, conforme consta do mencionado inciso in fine,
o que significa que não pode o mesmo servir de referência para o aumento de qualquer
prestação, como preços, alugueres etc. Esta proibição visa a proporcionar o crescimento do
valor do salário mínimo, sem acarretar a majoração automática de outras prestações.
A terminologia usada pelo legislador constituinte neste inciso não é das mais felizes, o que
ele denomina de piso salarial trata- se a bem da verdade de salário profissional. Este é que
leva em consideração a natureza do trabalho exercido pelos profissionais habilitados a
executá-lo. Já o piso salarial não leva em conta a função exercida pelo trabalhador, mas a
circunstância dele integrar uma categoria, ou uma empresa, para a qual restou proibida a
admissão de empregado com salário abaixo de certo nível, o que pode ser definido em
convenção coletiva, por exemplo. Nessa hipótese nenhum empregado das empresas que
compõem a categoria representada, seja ele servente, datilógrafo, bibliotecário ou
advogado, pode perceber menos do que o valor fixado. Já o salário profissional concerne à
atividade profissional; é fixado em face da complexidade e da extensão do respectivo
trabalho, como ocorre com os médicos, engenheiro, químicos, jornalistas etc., que devem
receber essa re muneração como mínimo, independentemente da atividade econômica da
empresa de que são empregados.
Profa. Juliana Ribeiro 39
Acordo coletivo é aquele, também normativo, celebrado, não entre sindicatos, mas entre
sindicato de categoria profissional e empresa ou empresas, aplicável, portanto, no âmbito da
empresa ou empresas acordantes (Consolidação, art. 611, parág. 1º): uma convenção de
âmbito normativo reduzido.” (Délio Maranhão in Direito do Trabalho, 10 ed., Rio de Janeiro:
FGV, 1982, p. 23)
“Seja Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho, a nitidez da expressão oferece- nos a idéia
ímpar de um ajuste. Uma vez celebrado, obrigam as partes ao seu cumprimento. Logo, a
sua natureza jurídica é Contrato Coletivo de Trabalho. Possui todos os elementos que o
caracterizam como tal: Bilateral, Formal e Solene. (...) Sendo Convenção Coletiva, estende-
se a toda categoria profissional. No caso do Acordo Coletivo, restringe- se apenas ao âmbito
da empresa ou empresas acordantes.” (Augusto Antônio Fagundes in Direito do Trabalho:
para concurso de juiz do trabalho, Bauru: Edipro, 1993, p. 151 e 152)
“salário nunca inferior ao mínimo para os que percebem remuneração variável, caso dos
garçons, oficiais de barbeiros, por exemplo, que têm sua remuneração composta de salário,
pago pelo empregador, e gorjetas; aquele não poderá mais ser inferior ao salário mínimo”
(José Afonso da Silva in Direito Constitucional Positivo, 12 ed., São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1996, p. 284)
O 13º salário foi estabelecido pela Lei nº 4.090/62, denominando- se Gratificação de natal
para trabalhadores; e, além de ser alçado ao nível constitucional, também não poderá ser
menor que a remuneração integral ou valor da aposentadoria.
É direito auto- aplicável que não depende de lei para ter eficácia plena; e as condições para a
sua aquisição continuam sendo as mesmas de trabalho efetivo por pelo menos quinze dias
por mês.
Devido ao inegável desgaste que o trabalho noturno causa no empregado, este tem direito à
remuneração adicional.
Apostila de Direito Constitucional II 40
O trabalhador urbano tem a sua hora noturna reduzida para 52:30 minutos. Isso no horário
compreendido entre 22 e 5 horas.
Parte da doutrina entende que este inciso ainda não foi regulamentado por lei, ou seja, não
existe lei tipificando o crime de retenção dolosa de salário. José Afonso da Silva entende que
se trata de apropriação indébita (Direito Constitucional Positivo, 12ª ed., São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1996, p. 285).
O direito de participação é uma idéia que evolui com a história. Inicialmente, revelou- se no
plano político, com os ideais da Revolução Francesa de 1789 e as aspirações populares de
integração na vida política e participação no poder, substituindo o unilateralismo das
monarquias absolutas.
A doutrina social da Igreja Católica a incluiu entre os direitos que considera fundamentais
para o trabalhador. No Brasil, a mesma tendência manifestada no II Congresso Brasileiro de
Direito Social de 1946 inspira a principal doutrina: que a participação dos empregados na
gestão da empresa é um ideal a ser atingido por etapas, subordinando- se a sua efetividade à
preparação educacional dos trabalhadores e à sua gradativa integração na administração da
empresa.
participação no capital que significa a propriedade da empresa. Uma empresa pode ter um
sistema de participação na gestão sem ter os demais e vice- versa.
Os comitês situam- se, conforme o modelo de cogestão adotado pelos sistemas jurídicos, em
mais de um nível. Os níveis são os dos estabelecimentos, das empresas e mesmo inter-
empresariais.
(...)
A composição dos conselhos é efetuada por processo eleitoral, exigidos certos requisitos de
capacidade de ser votado, como idade do trabalhador, tempo de casa etc.
a) Sociedade
b) Contrato de trabalho
Não fica alterada a natureza do contrato de trabalho com a participação nos lucros,
porque o modo de remuneração não é determinante das características da instituição
jurídica, sendo possível esse tipo de retribuição do serviço sem que o empregado se
converta em sócio. Assim, a participação nos lucros será considerada simplesmente
como uma modalidade de pagamento do trabalhador na relação de emprego.
É uma figura especial, uma forma de transição do regime ortodoxo do salariado para
um novo tipo de relacionamento jurídico-econômico.
O limite de oito horas diárias de trabalho está previsto desde a Constituição de 1934 e no
ordenamento infraconstitucional a partir da CLT, artigos 58 e 67. Representa inovação,
porém, o número limitado de 44 horas de trabalho semanal. Na legislação anterior tal limite
correspondia a 48 horas.
Tem sido uma tendência mundial a redução do número de horas trabalhadas, como uma das
estratégias adotadas em relação ao desemprego. A maior jornada na Europa é a dos
trabalhadores portugueses, com 41,38 horas semanais. Lá, há países que promoveram
reduções expressivas, alcançando ma ior significação na Holanda, onde a média semanal
ficou com 32,30 horas.
O trabalho em turnos ininterruptos de revezamento teve a sua jornada reduzida para seis
horas, salvo negociação coletiva.
A Lei nº 605, de 05.01.49, disciplina a matéria e recomenda que o mencionado repouso seja
preferentemente aos domingos (art. 1º da Lei).
“A Lei 605, de 1949, instituiu o salário em dobro pelo trabalho em dia destinado ao repouso.
Além do salário normal, mais um salário pelo trabalho nesse dia.” (Roberto Rosas in Direito
Sumular: Comentários às Súmulas do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de
Justiça, 8.ed. rev. e atual., São Paulo: Malheiros Editores, 1997, p. 190)
? gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
Destarte, cabe ao empregador atuar, no caso, nos termos da delegação legal, pagando à
empregada os salários do período de licenciamento e os deduzindo do montante das
contribuições que mensalmente tem de recolher ao IAPAS (art. 4º da Lei nº 6.136/74). Esse
pagamento e o correspondente reembolso hão de ser feitos, obviamente, nos limites
autorizados pelo sistema da Previdência Social, visto que a prestação em tela integra os seus
planos de benefício e custeio.”(Arnaldo Süssekind in Comentários à Constituição, Fernando
Whitaker da Cunha, Manoel de Oliveira Franco Sobrinho, Celso Albuquerque Mello, Alcino
Pinto Falcão, Arnaldo Süssekind – Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1990, p. 428)
A gestante já goza, também, por força do art. 10, II, b, do ADCT, de proteção consistente na
proibição de sua despedida arbitrária ou sem justa causa, desde a confirmação da gravidez
até cinco meses após o parto.
“Essa licença representa uma das inovações da nova Carta Magna e não se inclui no rol de
benefícios previdenciários. Ao direito assegurado ao empregado corresponde a obrigação do
empregador em concedê- lo.” (Arnaldo Süssekind in Comentários à Constituição, Fernando
Whitaker da Cunha, Manoel de Oliveira Franco Sobrinho, Celso Albuquerque Mello, Alcino
Pinto Falcão, Arnaldo Süssekind – Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1990, p. 429)
Profa. Juliana Ribeiro 45
Consiste no direito de o pai se ausentar do trabalho por cinco dias a partir do nascimento do
filho.
Já está vigorando por cinco dias, pois é considerado dispositivo auto- aplicável. (Vide art. 10,
§. 1º do ADCT da CF/88.)
Dispositivo constitucional que tem por finalidade a implantação de uma política de proteção
ao mercado de trabalho da mulher, o referido inciso deixa patente que apesar de bem
intencionada, a Constituição é vaga neste ponto, deixando para a legislação
infraconstitucional a regulamentação da matéria.
? aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;
Presente na lei brasileira desde a CLT (art. 487 e segs.), foi modificado pela atual
Constituição. Isto se deve ao fato da extinção do prazo de oito dias de aviso prévio para os
trabalhadores que recebiam por semana ou tempo inferior. Hoje o prazo será no mínimo de
trinta dias. Falta ainda lei regulamentadora que o fará proporcional ao tempo de serviço.
Veja a respeito o entendimento esposado pelo TST, no RO- DC 55.101/92.4, Francisco Fausto
Paula de Medeiros, Ac. SDC 648/93:
“O aviso prévio proporcional ao tempo de serviço foi instituído pelo art. 7º, inciso XXI, da CF,
que fixou em 30 (trinta) dias o limite mínimo para a concessão da vantagem. A ausência de
legislação ordinária regulamentando a matéria autoriza a Justiça do Trabalho, no exercício de
seu poder normativo, a fixar os prazos do aviso prévio, desde que respeitado o limite mínimo
constitucional.” (Valentin Carrion in Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, 21
ed., São Paulo: Saraiva, 1996, p.382)
? redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
? adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
forma da lei;
“São consideradas atividades insalubres aquelas que exponham os empregados a agentes nocivos
à saúde, acima dos chamados limites de tolerância mínimos, que são fixados por lei. Aquelas
atividades ou operações que provocam o desencadeamento de agentes agressivos à saúde do
trabalhador, acima dos limites de tolerância previstos na legislação, ensejam o recebimento do
adic ional de insalubridade pelo trabalhador. Os limites de tolerância mínimos, para caracterização
da insalubridade e o minucioso quadro das atividades insalubres, foram instituídos pela Portaria
nº 3.214, de 8 de junho de 1978, e suas alterações e acréscimos posteriores. Ressalte- se que os
limites de tolerância são fixados em função da natureza e da intensidade do agente agressor, bem
como do tempo de exposição do trabalhador aos seus efeitos. Além disso, em alguns casos, a
insalubridade pode resultar da natureza da atividade desenvolvida ou das condições e métodos de
trabalho. (...)
Apostila de Direito Constitucional II 46
Por outro lado, são consideradas atividades ou operações perigosas as que, por sua natureza ou
métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos, em
condições de risco acentuado. (...)
Penoso é, por exemplo, o trabalho executado nos subterrâneos, nas minerações, no subsolo, nas
pedreiras, bem como os que demandam o emprego de força física excessiva. O adicional referente
às atividades penosas ainda não foi regulamentado pelo legislador ordinário.
? aposentadoria;
? assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de
idade em creches e pré-escolas;
“A Constituição declara o direito dos trabalhadores à assistência gratuita aos seus filhos e
dependentes, em creches e pré- escolas, até seis anos de idade.
A norma não é auto- executável e tem natureza programática, dependendo de leis ordinárias ou
contratos coletivos para a sua efetivação.
Essas leis já existem para o fim de obrigar as empresas, nas quais trabalham mais de trinta
mulheres maiores de dezesseis anos de idade, a manter local apropriado para a guarda dos filhos
das trabalhadoras, e para conferir a estas, no período de amamentação, dois intervalos na
jornada de trabalho, de meia hora cada um, além dos descansos gerais.
A Constituição, ao dispor que o direito à creche deve ser prestado aos menores de até seis anos
de idade, amplia a garantia.
A creche- estabelecimento é aquela existente na empresa, para atendimento direto das suas
empregadas.(...)
A creche-reembolso é o pagamento pela empresa, à trabalhadora, dos gastos integrais que fizer
para o fim de manter os filhos em creche, à falta de instalações no estabelecimento ou de
convênio. É, via de regra, disciplinada por portaria do Ministério do Trabalho e por cláusulas de
acordos coletivos de trabalho. A questão jurídica maior que se colocou é a da limitação ou
ilimitação do valor do reembolso, e não faltam acordos coletivos nos quais é fixado um limite.
Nada impede a homologação dessas cláusulas, na medida em que reflitam fielmente os interesses
ajustados pelas partes do contrato coletivo.
Quanto às pré- escolas podem, e muito, contribu ir para o aperfeiçoamento da educação em nosso
país, que tão delicados problemas enfrenta. A regulamentação de um sistema depende de leis
ordinárias que estabeleçam as exatas dimensões da instituição.” (Amauri Mascaro Nascimento in
Direito do Trabalho na Constituição de 1988, São Paulo: Saraiva, 1989, p. 195- 196)
Profa. Juliana Ribeiro 47
“Nos casos de acidentes do trabalho, sofridos pelo empregado, não basta a instituição do seguro,
‘a cargo do empregador’. Se este, de qualquer modo, incorreu em dolo ou culpa, está obrigado a
indenizar.
(...) temos, agora, a responsabilidade do empregador, quando, incorrendo em dolo ou culpa, der
causa a acidente do trabalho, hipótese em que, a despeito do seguro feito, o pro ponente é
obrigado à indenização." (José Cretella Júnior in Comentários à Constituição Brasileira de 1988,
Rio de Janeiro: Forense, 1989, v. II, p. 992)
Este seguro já existia na Constituição de 1967, a inovação está em que o seguro contra acidentes
não exonera o empregador da obrigação de indenizar, se presentes dolo ou culpa.
? ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional
de 5 (cinco) anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 (dois)
anos após a extinção do contrato de trabalho;
A prescrição configura a inércia do interessado em postular os seus direitos. Ela produz a extinção
processual com o julgamento do mérito, conforme dispõe o art. 269, IV, do CPC.
Com relação ao trabalhador urbano, a Constituição de 1988 desde a sua redação original, ou seja,
mesmo antes da Emenda nº 28/2000, estabelece prazo prescricional de cinco anos, até o limite
de dois anos após a extinção do contrato. Revogou, assim, a nova Carta o preceito contido no
artigo 11 da CLT, que dispunha prescrever em dois anos o direito de pleitear a reparação de
qualquer ato infringente de dispositivo nela contido.
A segunda corrente, minoritária, compreende, porém, que observado o prazo de: até dois anos
para a propositura da ação, estariam garantidos cinco anos imprescritos no curso do respectivo
contrato de trabalho.
Com relação ao trabalhador rural, antes da Emenda nº 28/2000, não há que se falar em
prescrição durante o curso do contrato de trabalho. Observado o prazo de até dois anos para a
propositura da ação, era facultado ao rurícula postular em juízo os créditos que entendesse existir
durante todo o tempo trabalhado para o mesmo empregador.(Veja a respeito Maurício Godinho
Delgado in Introdução ao Direito do Trabalho, p.214- 216). A partir da Emenda nº 28/1999, o
Apostila de Direito Constitucional II 48
trabalhador rural ficou equiparado ao trabalhador urbano também nesse ponto. De forma que,
extinto o vínculo, ele tem até dois anos para pleitear o que entende lhe seja devido nos últimos
cinco anos.
O princípio da isonomia foi trazido para a Constituição pela sua inserção através deste e de outros
incisos.
A Lei nº 9.029, de 13.04.95, proíbe a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para
efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça,
cor, estado civil, situação familiar ou idade.
“A Constituição da República proíbe distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre
os profissionais respectivos (art. 7º, XXXII, CF/88). A partir dessa vedação expressa, o tema
referente a trabalhadores intelectuais perde maior relevância, por não se encontrar diversidade
legislativa a partir desse específico critério. O princípio, na verdade, é clássico na tradição
constitucional do país, inserindo- se na Carta de 1934 (art. 12, parág. 2º), de 1946 (art. 157,
parág. Único) e mesmo na Constituição de 1967/69. Insculpe- se também no art. 3º, parág. Único
da Consolidação das Leis do Trabalho.
Não contrariam o princípio isonômico acima as inúmeras regulamentações legais existentes acerca
de profissões intelectuais distintas: médicos e cirurgiões- dentistas (Leis ns. 3.999/61; 6.932/81;
7.217/84); músicos (Lei n. 3.857/60); jornalistas (CLT, art. 302; Dec. lei n. 972/69; e Leis ns.
5.696/71, 6.612/78 e 6.727/79); professores (CLT, arts. 317 a 324); químicos (CLT, art. 325, e
Lei n. 5.530/68); engenheiros, arquitetos, agrônomos e veterinários (Lei n. 4.950- A/66); artistas
(Lei n. 6.533/78); economistas (Leis ns. 1.411/57, 6.021/74 e 6.537/78); técnico de
administração (Leis ns. 4.769/65 e 6.642/79); advogado (antigas Leis ns. 4.215/63 e 6.889/80;
hoje n. 8.906/94); psicólogo (Lei n. 4.119/62 e Dec. lei n. 53.464/64), etc.” (Maurício Godinho
Delgado in Introdução ao Direito do Trabalho, p. 286- 287)
“O princípio consubstanciado no inciso XXXII visa proibir que, por se tratar de trabalho manual, o
trabalhador fique sujeito a regime jurídico diverso do aplicável, na mesma categoria profissional,
ao exercente de função técnica ou intelectual, e vice- versa. Ele não tem por finalidade a aplicação
uniforme dos mesmos direitos e obrigações a todos os trabalhadores, de todas as profissões e
categorias profissionais. O que pretende - em norma dirigida ao legislador, aos protagonistas da
negociação c oletiva, aos árbitros e juizes do trabalho - é que, na regulamentação de determinada
matéria, não se distinga entre os trabalhadores manuais, técnicos e intelectuais. Por exemplo: o
servente, o torneiro mecânico, o datilógrafo e o gerente de recursos humanos de uma empresa
metalúrgica estão sujeitos ao mesmo regime jurídico aplicável a essa atividade econômica.”
(Arnaldo Süssekind in Comentários à Constituição, 1º v., Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1990, p.
484)
Profa. Juliana Ribeiro 49
No mesmo sentido é o art. 5º da CF/88 que proíbe qualquer discriminação em razão do trabalho,
conforme consta expressamente no inciso XIII do citado artigo.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à
previdência social.
“Tecnicamente, empregado doméstico é a pessoa física que presta com pessoalidade, onerosidade
e subordinadamente, serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à
família em função do âmbito residencial destas.” (Maurício Godinho Delgado in Introdução ao
Direito do Trabalho, p. 303)
Os domésticos tiveram vários direitos que antes não lhes eram reconhecidos elevados ao nível
constitucional, o que representou um grande avanço na proteção destes trabalhadores.
Pela leitura do parágrafo único do art. 7º da CF/88, identifica- se que os domésticos têm direito ao
salário mínimo, à irredutibilidade salarial, ao décimo terceiro salário, ao repouso semanal
remunerado, ao gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
Apostila de Direito Constitucional II 50
salário normal, a licença à gestante com o mesmo prazo de 120 dias sem prejuízo do salário e da
relação de trabalho, à licença paternidade, ao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, de
no mínimo trinta dias e, finalmente, à aposentadoria, além da sua integração à previdência social.
Profa. Juliana Ribeiro 51
10 - DIREITOS DA NACIONALIDADE
CONCEITO: é o vínculo jurídico que se estabelece entre um indivíduo e o Estado, pelo qual
aquele se torna parte integrante do povo deste.
MODOS DE AQUISIÇÃO:
- “jus soli” ou critério da territorialidade – determina- se a nacionalidade de uma pessoa pelo local
de nascimento.
- “jus sanguinis” ou critério da consangüinidade – são considerados nacionais todos que possuem
ascendentes da mesma nacionalidade, até um determinado grau.
- o filho de um italiano com uma japonesa nascido em território brasileiro terá, ao nascer, três
nacionalidades: brasileira, pois o Brasil adotou o “jus soli”, e italiana e japonesa, uma vez que
esses países seguem o “jus sanguinis” (se a origem dos avós for diversa, pode possuir ainda
outras nacionalidades).
- o filho de um casal de brasileiros nascido na Itália, em que nenhum dos pais esteja a serviço do
Estado brasileiro, não terá nacionalidade italiana, pois aquele país adota o critério da
consangüinidade, nem brasileira enquanto não preencher os requisitos exigidos pela nossa
Constituição para a aquisição da nacionalidade.
- nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de
seu país;
- nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço do Brasil;
- nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiro, desde que venham a residir em território
brasileiro e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
- certos cargos são privativos de brasileiros natos: Presidente e Vice- Presidente da República,
Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do STF, carreira
diplomática, oficial das Forças Armadas e Ministro do Estado da Defesa;
- somente brasileiros natos podem ser indicados para a composição do Conselho da República,
como representantes dos cidadãos;
PERDA DA NACIONALIDADE:
Deportação:
O motivo da entrada no Brasil é irregular, nos casos em que cessou o motivo para
permanecer em território brasileiro, estando o estrangeiro em situação irregular no Brasil, muito
embora tenha ele entrado de forma regular.
Não tem ação contra a negativa de entrada de estrangeiro em um determinado país, visto
que cada país pode estabelecer seus próprios critérios para ingresso em seu território.
Profa. Juliana Ribeiro 53
A regra é de que uma vez sendo deportado, o estrangeiro não poderá mais retornar ao
Brasil, salvo se a critério de autoridades brasileiras publique- se um decreto revogando a
deportação.
Expulsão:
O estrangeiro, nesse caso, está regular no país, mas comete ato contrário à ordem social e
política. Ex: não deve o estrangeiro participar de manifestações contra o governo.
É também definida por critérios discricionários e políticos, pois deve-se analisar caso à caso
para saber se a expulsão é devida ou não, o que cabe às autoridades decidir. Tudo depende da
infração que o estrangeiro cometeu. A expulsão também dá- se mediante um processo
administrativo perante o Ministério da Justiça.
Não podem ser expulsos os nacionais e os naturalizados que têm esposa e/ou filhos
brasileiros. Na hipótese da esposa, poderá ser expulso se a deixá- la.
Uma vez expulso, em regra, não se pode mais retornar ao Brasil, salvo se posteriormente
o mesmo editar um decreto revogando o decreto de expulsão. Se retorna antes disso, constitui
crime previsto no art. 338 do Código Penal.
Extradição:
Um indivíduo é enviado a outro país onde cometeu um crime. O país onde foi cometido o
crime pede a extradição para julgar o crime, independente da nacionalidade do criminoso, pois as
leis penais têm eficácia apenas territorial.
Ex: Um argentino comete crime no Paraguai e se esconde no Brasil. Nesse caso, o Paraguai
pode pedir a extradição ao Brasil para julgar o crime cometido pelo argentino. O criminoso deve
ser julgado no local onde cometeu o crime, pois as leis penais são, em regra, territoriais, mas
nada impede que se cumpra a pena no país de origem.
Não enseja a extradição a prática de crimes políticos e de opinião. Não pode ser
extraditado quem tiver filho ou cônjuge brasileiro antes do crime; mas se casou após o
cometimento do crime pode sim.
O brasileiro pode sim ser extraditado, desde que tenha ele cometido crime no exterior. O
Brasil nega pedido de extradição de brasileiro se a pena no país onde ele cometeu o crime é de
morte, por exemplo.
A extradição pode ser ativa, quando o Brasil pede a extradição a outro país, podendo ter
esse pedido negado; pode ser também passiva, quando é requisitado ao Brasil algum brasileiro ou
estrangeiro que cometeu crime em outro país, o Brasil pode também negar o pedido, como, por
exemplo, nos casos que a pena no exterior é de morte ou se a pena cominada em outro país é
maior que a do Brasil.
Para que ocorra a extradição, deve-se ter tratado entre os países; não tendo, o outro país
deve declarar reciprocidade, ou seja, extraditar um brasileiro criminoso que por ventura encontre-
se em seu território.
CONCEITO
- nacionalidade – é um vínculo jurídico entre o indivíduo e o Estado, pelo qual aquele se torna
parte integrante do povo deste.
- cidadania – é um vínculo político, próprio do nacional no exercício de seus direitos políticos, que
lhe confere o direito de participar da formação da vontade política do Estado; a nacionalidade é
um pressuposto da cidadania; para ser cidadão é indispensável que o indivíduo ostente a
qualidade de nacional.
ESPÉCIES
MODALIDADES:
- direitos políticos ativos (ou cidadania ativa ou capacidade eleitoral ativa) – é o direito de votar.
- direitos políticos passivos (ou cidadania passiva ou capacidade eleitoral passiva) – é o direito de
ser votado.
- requisitos: nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral,
domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária, idade mínima (35 anos para Presidente e
Vice-Presidente da República e Senador; 30 anos para Governador e Vice- Governador; 21 anos
para Deputado, Prefeito, Vice- Prefeito ou juiz de paz; 18 anos para Vereador), não incorrer em
nenhuma inelegibilidade específica (analfabetos; menores de 18 anos de idade e inelegibilidades
previstas nos §§ 6°, 7° e 9° do art. 14 da CF - por motivo funcional, de casamento, parentesco ou
afinidade e para evitar a influência do poder econômico ou o abuso do exercício do cargo,
emprego ou função na Administração direta ou indireta).
- direitos políticos positivos – são normas que possibilitam ao cidadão a participação na vida
pública, incluindo os direitos de votar e de ser votado.
Apostila de Direito Constitucional II 56
- sufrágio – é o direito de eleger (ativo) e ser eleito (passivo), bem como de participar da
formação da vontade política do Estado; pode ser: universal (o direito de voto é atribuído a todos
os nacionais de um país, sem restrições derivadas de condições de nascimento, fortuna ou
capacidade especial da pessoa) e restrito (é atribuído somente às pessoas que preencham
determinadas condições especiais).
- voto – é o exercício do direito de sufrágio; a CF, em seu art. 14, “caput”, estabelece que o voto
é: direto, secreto e igual; no art. 60, § 4°, II, inclui entre cláusula pétrea as seguintes
características do voto: direto, secreto, universal e periódico.
- o Brasil adotou o regime político da democracia semidireta, em que o povo exerce o poder por
meio de representantes eleitos ou diretamente; adota- se a democracia representativa, com
instrumentos de participação direta do povo nas decisões políticas fundamentais do Estado
brasileiro; a CF, ao tratar dos direitos políticos, estabelece quais são os instrumentos de
participação direta do povo: “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II –
referendo; III – iniciativa popular”.
- iniciativa popular – atribuição de competência legislativa para dar início ao projeto de lei a uma
parcela significativa do eleitorado.
- direitos políticos negativos – são normas que impedem a participação do cidadão no processo
político e nos órgãos governamentais, abrangendo a perda (é a privação definitiva - hipóteses:
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; recusa de cumprir obrigação
a todos imposta, bem como da prestação alternativa; brasileiro que por naturalização voluntária
adquire a nacionalidade de outro país) e suspensão (é a privação temporária - hipóteses:
incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado; prática de atos de
improbidade administrativa) de direitos políticos, bem como as inelegibilidades (são os
impedimentos à capacidade eleitoral passiva, ao direito de ser votado).
- Partidos políticos: são associações constituídas para a participação da vida política de um país,
para a formação da vontade nacional, com objetivos de propagação de idéias e de conquista, total
ou parcial, do poder político; o Brasil adotou o pluripartidarismo como forma de organização
política (existência de diversos partidos políticos representativos de todas as correntes de opinião
da sociedade).
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12 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
O país que possui Constituição rígida (aquelas que prevêem para sua própria alteração, um
procedimento legislativo mais gravoso do que o estipulado pelas leis ordinárias) deve resguardar
o princípio da supremacia constitucional, estabelecendo uma relação piramidal entre as demais
normas do ordenamento jurídico.
Aspecto material – conteúdo das normas jurídicas – o conteúdo de uma norma infra- constitucional
não pode ser incompatível com o texto constitucional, isto é, inconstitucionalidade material.
Com este objetivo foi criado o controle de constitucionalidade dos atos normativos, com os
seguintes objetivos:
CONTROLE PREVENTIVO
b) Fase final do processo legislativo indica ao Presidente duas ações: sanção ou veto do
projeto de lei – Poderá vetar em duas situações: contrariedade ao interesse público ou
inconstitucionalidade do projeto.
Controle pela via de exceção – A Mesa ao colocar em pauta este tema, estaria agindo com
ilegalidade, pois é vedada tal deliberação pelos parlamentares.
CONTROLE REPRESSIVO
Conceito – método exercido junto ao Poder Judiciário, que é processado por duas vias: difusa e
concentrada. (art. 97 da CF/88) Princípio da reserva de plenário – os tribunais só podem declarar
a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo pela maioria absoluta de seus membros ou do
respectivo órgão especial.
Quando é utilizado
• CASO CONCRETO - partes pedem proteção jurisdicional para escapar dos efeitos da norma, isto
é, do campo de incidência da norma.
Depende de provocação das partes – quer pela competência originária do Supremo, quer pela via
recursal adequada.
• EFEITOS – coisa julgada só para as partes do processo, não retirando a norma do ordenamento
jurídico.
Pode ser tanto pólo passivo quanto ativo, defendendo direito seu ou de um grupo.
Forma processual variada – Ação ordinária, mandado de segurança, embargos à execução, etc.
Qualquer juiz poderá, diante do caso concreto, declarar a inconstitucionalidade de uma norma.
Meios
Requisitos
Esquema de resumo