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É de conhecimento geral que as consequências da 2ª guerra foram catastróficas,

principalmente o atentado que se cometeu contra à vida humana. Não só as mortes, não “só”
o sofrimento, as torturas, a dor, a descriminação, os estupros, a privação da liberdade, o
retrocesso cultural, enfim, uma serie de direitos fundamenteis violados e que deixaram marcas
profundas no continente europeu.
Uma Europa completamente destruída e fragilizada teria de se reerguer, e para isso, era
imperativo uma grande coesão entre os países, esses mesmos países que pensaram numa
Comunidade Europeia. Com o surgimento da União Europeia, era impossível deixar de ter em
conta a proteção dos Direitos Fundamentais dos cidadãos, e isso ficou desde logo expresso
com a consagração do respeito pela dignidade da pessoa humana nos seus tratados
institutivos(ref1: art2 TUE).
É possível afirmar que o respeito por este principio serve de base à construção do sistema de
proteção de direitos fundamentais na união europeia. E é pela via jurisprudencial que se inicia.
Embora num primeiro momento o TJ recusava atender aos direitos fundamentais, com o
argumento de que a prevalência do direito comunitário sobre o Direito interno de cada Estado
incidia também sobre as normas relativas a diretos fundamentais.(ref2: acordao de 4/2/59,
stork, proc 1/58 + Ana guerra martins manual), ao longo da década de 70 são proferidos vários
acordãos em sentido contrario, ou seja, o Tj começou a ter em conta esses mesmos Direitos. E
não poderia deixar de ser assim visto que, se os Estados Membros abdicam da sua soberania,
ou pelo menos parte dela, em prol da Comunidade Europeia, então as preocupações
constitucionais pelos direitos individuais não poderiam deixar de merecer tutela por parte da
jurisprudência europeia.( ref3: caso Internationale Handelsgesellschaft, acordao 17.12.70,
proc. 11/70. “ a salvaguarda desses direitos deve ter em conta as constituiçoes dos E.M e ser
assegurada no quadro da estrutura e dos objetivos da Comunidade).
O tribunal teve em conta que, apesar de a União Europeia ser uma instituição, esta é
constituída por Estados, que por sua vez são constituídos por pessoas, cidadãos. Portanto, o TJ
admite que os direitos fundamentais da pessoa humana fazem parte dos princípios gerais de
Direito(caso Stauder, 12.11.69, Proc 29/69), inspirando-se também em outros preceitos
internacionais, tais como a DUDH ou a CEDH, cuja referencia aparece evidenciada no caso
Nold(ref4: Acordão 14.5.74).
Estando consolidada a preocupação em salvaguardar a proteção dos direitos do homem, a EU
começa a refletir sobre a elaboração de um instrumento próprio de regulamentação especifica
de direitos fundamentais, pois era necessário uma lex scripta para que os cidadãos pudessem
invocar esses direitos perante o TJ de eventuais atos dos órgãos comunitários que ferissem os
seus direitos.
A evolução da proteção dos direitos fundamentais acontece, em primeiro lugar, com as
sucessivas revisões ao texto inicial do TUE, como por exemplo, no Tratado de Amesterdão(ref
5), no seu artigo 6º, é reconhecido o respeito pelas liberdades fundamentais(ref.6 copy do ex
artigo F). Posteriormente, no Tratado de Nice(ref7). com a nova redação do artigo 7, bastava a
existência de um risco manifesto de violação grave de um dos direitos enunciados no art6 para
dar origem a sanções a um E.M, ainda que essas sanções se traduzissem apenas em
recomendações. Além desta inovação, veio ainda estabelecer preocupações relativas a estados
terceiros, na medida em que era dado um contributo para o desenvolvimento da democracia
nesses países com quem a U.E cooperava, bem como o incentivo ao respeito das liberdades e
direitos fundamenteis que esses países deveriam reconhecer aos respetivos cidadãos(ref7 art
181-a).
Apesar destas alterações aos Tratados, urgia ainda a necessidade de dispor de um catalogo à
cerca de direitos fundamentais, a tal lex scripta como referido supra, de modo a reconhecer
aos particulares quais os direitos que estes efetivamente dispunham antes de recorrer,
principalmente, ao Tribunal Justiça. Este cenário tinha consequências praticas, pois o artigo
6º,2 do TUE, remetia para as disposições constitucionais comuns dos E.M, não identificando o
direito em concreto. Visto que, o mesmo direito poderia ter um conteúdo variado nos
diferentes E.M, prejudicava-se assim o conteúdo objetivo dos vários direitos, na medida em
que não era possível extrair quais os verdadeiros valores subjacentes, que estes visam
tutelar.(ref8.Ana Martins Manual… pag.266)
É neste contexto que surge a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, no ano de
2000.
O Conselho Europeu de Colónia, em junho de 1999, encarregou um grupo de trabalhos de
elaborar a referida Carta, composto por um preambulo e 54 artigos. Os seus distinatarios
sãoos orgaos e instituiçoes da uniao europeia e os respetivos Estados Membros, mas apenas
quando faziam uso do Direito da União, e a todas as pessoas sujeitas à jurisdição dos mesmo, e
portanto, terceiros, não nacionais dos E.M, também cabem no seu âmbito de aplicação.
São vários os Direitos reconhecidos na Carta, entre os quis cumpre destacar, a menção à
dignidade da pessoa humana(art.1); proibição da pena de morte(art.2);liberdade do
indivuo(art 6.), de imprensa(art.11) e liberdade de reunião(art12); e o seu artigo 50º, que
proíbe que a mesma pessoa seja punida por crime anteriormente julgado(principio de direito
penal, ne bis in idem)em todo o espaço da União.
Contudo, a Carta deparou-se com alguns obstáculos, nomeadamente por não ter conseguido
obter força jurídica vinculativa num primeiro momento. Com o Tratado de Lisboa conseguiu-se
ultrapassar com sucesso esta vicissitude, ao equiparar-se o valor jurídico da Carta com o dos
Tratados. Ainda que a Carta tenha encontrado dificuldades politicas para vigorar, importa
salientar que foi um grande passo no âmbito de direitos da pessoa humana, por várias razões,
desde logo por juntar, no mesmo texto, direitos civis, políticos, culturais, sociais e económicos
e desta forma torna los inseparáveis. Por ser um texto mais recente, junta direitos antigos, (já
consagrados em outras disposições à cerca de direitos do Homem, como a DUDH), com novos
direitos, mais atualizados. Inspirando-se em outros textos e juntando as disposições de cada
um, a CDFUE tem o intuito de se tornar uma espécie de código de direitos fundamentais a
nível internacional, um grande passo para o reconhecimento da importância que os mesmos
tem na sociedade civil atual.
O Tratado de Lisboa consagrou outra inovação: o artigo 6º/nº2 do TUE, que confere
competência à União Europeia para aderir à Convenção Europeia dos Direitos do Homem. Esta
questão tinha sido já suscitada antes da elaboração da Carta, pois nesse tempo não existia
nenhum catálogo de direitos fundamentais na U.E, mas também em alguns acórdãos
proferidos pelo TJ, que reconhecia a importância da CEDH, que poderia servir de base ou
inspiração para a constituição de um rol de direitos pessoais próprio das Comunidades(ref:
acordao wachauf).
Para o âmbito desta cadeira, cumpre analisar as vantagens que os particulares poderiam
usufruir com a eventual adesão à Convenção ao invés de explorar a problemática subjacente a
este tema.
Em 1979 foi elaborado um memorando da Comissão, um texto onde se enumerava algumas
vantagens(ref: AnaGM, pag.277), tais como: a vinculação da Comunidade por um instrumento
internacional sobre direitos fundamentais, e com isso ficar sujeita a controlo por parte do
TEDH, tal como os seus E.M; e a incorporação da CEDH na Ordem Jurídica comunitária.
É possível ainda apontar outros pontos positivos com a adesão: de acordo com o TFUE, os
particulares podem impugnar atos que violem a Carta, todavia a sua legitimidade ativa é
limitada enquanto que, para o recorrer ao TEDH a legitimidade ativa é plena. Por outro lado, é
também dificil de obter tutela por parte do TJ, visto que é necessário demonstrar a afetação
individual de uma norma que tenha caracter geral e abstrato.
Quando um particular recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos pelo facto de um
Estado, ao aplicar o Direito da União, violou a Convenção, a União nunca se poderá defender.
Além disso, caso seja violado um direito previsto na Carta, mas não através do Direito da
União, os Tribunais não a poderão aplicar(ref Fausto de Quadros). Não seria necessário o
esgotamento dos meios internos do Direito da União(e portanto respeitar o artigo 35º da
Convenção) dado que estes não existem.
Segundo o professor Vital Moreira, a adesão significaria um incremento na proteção de
direitos fundamentais dos cidadãos da U.E e a terceiros residentes contra atos da União e dos
respetivos orgãos.
Seria também um aspeto bastante positivo o facto de submeter este tipo de questões a um
tribunal especializado para o efeito, no caso, o TEDH, e caso fosse o único, poderia existir um
padrão de resolução, sendo mais fácil aplicar as soluções trazidas por este tribunal.(ref giorgio
gaja); Seria ainda possível ter um mecanismo de controlo das decisões sobre direitos
fundamentais à posteriori, realizado pelo TEDH(ref Maria luisa Duarte, uniao europeia e
direitos fundamentais), e com isso aumentar a segurança jurídica dos direitos consagrados,
assim como das decisões proferidas em acórdãos.
Estes são, a meu ver, as principais razões que deveriam fazer com que a U.E aderisse
efetivamente à Convenção. Embora, metaforicamente falando, a própria Convenção tenha
aberto uma porta de entrada à U.E(artigo 59º/2), existem, todavia, entraves para que tal não
suceda, que em razão da disciplina em questão não importa densifica-los no presente
trabalho, mas pode-se resumir que segundo o entendimento do TJ(ref aos pareceres), a União
não dispõe de competência para assumir tal compromisso. Além disso, existiram outros
fatores, nomeadamente políticos, que obstam à adesão, visto que se pretende criar uma
Ordem Jurídica única, especifica, autónoma e auto suficiente do ponto de vista jurisdicional.
Enfim, razões que, na minha opinião, não deveriam prevalecer face aos direitos pessoais,
direitos fundamentais que estão ou deveriam estar presentes em todas as decisões emanadas
desta Instituição, além de que devem ser valores a servir de linhas guia para todas as atuações
politicas. Contudo, e não obstante estas criticas sob pena de me contradizer, será que a
adesão à Convenção realmente iria incrementar o nível de proteção deste tipo de direitos? Ou
seja, a Carta não é já um mecanismo suficiente ? Bem, relativamente ao comportamento dos
Estados em si, os particulares, cidadãos europeus, podem recorrer à Convenção sem que a
União seja parte da mesma. Relativamente ao comportamento da U.E bem como dos seus
respetivos órgãos, os meios contenciosos próprios que a União dispõe podem ditar a anulação
de um ato violador de um direito fundamental, enquanto que as decisões a favor dos
particulares por parte do TEDH apenas originam reparações razoáveis, isto é, indeminizações
que os Estados em causa têm que pagar, mas onde os valores dessa indeminizações são
irrisórios. Por exemplo, no caso Selmouni(ref ao caso) a indeminização que o Estado teve de
ressarcir foi de 500.000Francos(o correspondente a cerca de 70.000Euros), valores
completamente desproporcionais tendo em conta os danos que o individuo em causa sofreu.
Em relação à hipotética coexistência da Carta e da Convenção na mesma ordem jurídica, em
primeiro lugar é importante mencionar que aquele teve esta como fonte(5º considerando do
preambulo) e também porque a teve em conta para a própria interpretação da Carta, logo, a
Carta é subsidiaria da Convenção. O professor Jorge Miranda aponta que a Carta alaga o
acervo de direitos (como supra mencionado), mas é menos pormenorizada no seu conteúdo.
Contudo, segundo o artigo 52º/3 da CDFUE, sempre que exista correspondência entre os seus
direitos com os consagrados na convenção, o sentido e o âmbito deles são iguais aos
conferidos pela CEDH, exepto se a Carta garantir uma proteção mais extensa. Em termos
gerais, em caso de conflito entre os dois textos normativos, a Carta parece prevalecer. Como
também já referido supra, a Carta alarga os direitos fundamentais, fazendo uma junção de
direitos pessoais de várias características, enquanto que a Convenção consagra direitos
clássicos (apenas civis e políticos, como aponta o professor Fausto de Quadros(ref.Livro)).
Portanto, a Carta parece conseguir assumir um lugar de destaque na proteção de direitos
fundamentais no seio da União Europeia, aliás, esta está pensada para ser o “Bill of Rights” dos
cidadãos dos E.M. A Carta tem em conta outros preceitos normativos à cerca deste tipo de
direitos; moderniza a proteção dos mesmos ao consagrar novos direitos pessoais; fornece um
grau mais elevado de proteção, ou pelo menos é esse o sentido que pretende ter; e serve de
base para a construção do Direito da União Europeia sobre Direitos da Pessoa Humana, tendo
já conseguido ganhar força vinculativa. Com isto, parece estarem reunidas condições para a
Carta poder ajudar a construir uma ordem jurídica própria da União, e isto é importante, pois
já que não se quer assumir um compromisso com a Convenção, então existe a possibilidade de
incrementar a proteção deste direitos a nível interno, e para tal, poderá especializar-se o TJ em
matéria de direitos fundamentais; articular meios contenciosos e meios políticos que podem
ser utilizados quando exista violação destes direitos(ref. Rangel); alargar a legitimidade ativa
aos particulares para recorrer de atos violadores de direitos pessoais, como por exemplo,
sobre questões prejudiciais (só os tribunais nacionais o podem fazer), e também em matéria
de recurso de anulação de atos que ferem estes direitos.
Em suma, a necessidade de a União Europeia, criar, na sua ordem jurídica própria, um catálogo
de direitos fundamentais, foi imperativa. Ao se querer constituir uma Comunidade, nunca se
pode olvidar este tipo de direitos são inerentes à própria condição humana. Se esta foi
constituída para se reerguer após 2ªGuerra Mundial, os valores que forem violado, a nível
individual, mas também coletivos, teriam que estar na base desta Instituição, e têm também
que assumir a mesma importância ou até mais ainda que outros objetivos propostos aquando
da criação deste projeto. Para tal, considerou-se uma adesão à Convenção Europeia do
Direitos do Homem, mas essa intenção encontrou obstáculo no parecer 2/94. Não
conseguindo ultrapassar essa barreira, talvez por falta de vontade politica, a União pensou
criar um instrumento próprio de regulamentação, e no ano 2000 surge a Carta dos Direitos
Fundamentais da União Europeia. Todavia, mais tarde, voltou-se a suscitar a questão da
adesão por parte da U.E à Convenção, até pelo facto da nova redação dada ao artigo 6º/2 pelo
Tratado de Lisboa, que permite essa adesão. No entanto, encontrou outro obstáculo, desta
vez, com o parecer 2/13 onde o TJ considerou que o projeto de acordo poderia afetar
negativamente a autonomia do Direito da U.E.
Não se conseguindo superar estas dificuldades, o melhor e mais eficaz será melhorar e
desenvolver o sistema jurisdicional interno, visto que, com a elaboração da CDFUE a União
passou a dispor de um catalogo próprio e eficaz, e deste modo evitar recorrer ao mecanismo
de controlo externo, oferecido pela CEDH.

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