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Comunicação Científica

A INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL


O ENSINO ATRAVÉS DA PESQUISA

Sandra Lilian Silveira Grohe1


Laudete de Brito2

Eixos Temáticos: 10. Paulo Freire e as práticas educativas na educação básica

Resumo: Este artigo objetiva apresentar algumas reflexões sobre a inserção da Iniciação
Científica no Ensino Fundamental em escolas públicas, fundamentados pelo ensino e a
pesquisa, a partir do pensamento de Paulo Freire. Consideramos o Programa de Iniciação
Científica Júnior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a feira
de ciência e tecnologia MOSTRATEC Junior da Fundação Liberato, na cidade de Novo
Hamburgo-RS, e o Salão UFRGS Jovem, em Porto Alegre - RS, como exemplos de iniciativas
concretas de Iniciação Científica no Ensino Fundamental. Como vivência efetiva da inserção
da Iniciação Científica no Ensino Fundamental é relatada a experiência da Escola Santa
Marta, localizada no município de São Leopoldo-RS. A inserção da Iniciação Científica no
ensino fundamental, principalmente de escolas públicas, apresenta-se como uma possibilidade
de, conjuntamente, pensar, agir e transformar a realidade, dando-lhe outro sentido, e assim
transpor os muros da escola em prol do conhecimento.
Palavras-chave: Ensino. Pesquisa. Iniciação Científica. Ensino Fundamental.

INTRODUÇÃO
O presente artigo tem o propósito de refletir sobre a inserção da Iniciação Científica
(IC) no Ensino Fundamental, a partir do ensino e da pesquisa. Partimos da leitura do livro
Pedagogia da Autonomia, na qual um de seus capítulos é dedicado à reflexão do ensino e da
pesquisa. Segundo Paulo Freire “não há ensino sem pesquisa, e pesquisa sem ensino” (1996,

1
Universidade do Vale dos Sinos – Unisinos. Doutorado em Educação. Bolsista CAPES. Email:
sandragrohe@gmail.com
2
Universidade do Vale dos Sinos – Unisinos. Mestrado em Educação. Email: Laubrt@gmail.com
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p.29). A partir desta citação refletimos enquanto pesquisadoras e educadoras: Se não há ensino
sem pesquisa, e pesquisa sem ensino, o que fazemos na escola? Ensinamos? Pesquisamos?
Ensinamos e pesquisamos? Pesquisamos e ensinamos? Ensinamos pesquisando?
Em ambos os processos são necessários movimentos pela busca de conhecimento. O
professor que pesquisa indaga, questiona, constata e passa a intervir no mundo e assim educa
a si e aos outros sujeitos (educandos). Portanto, ao ensinar através da pesquisa, precisamos
também praticá-la como docentes, então há um movimento recíproco de ensino e de pesquisa.
Aambos não existem sozinhos. Tanto o ensino quanto a pesquisa são fundamentais na prática
educativa.
Freire aponta uma reflexão aos "saberes necessários à prática educativa", abordando
questões essenciais, que vão além da aprendizagem através da experiência, do "saber
puramente utilitário", referindo-se, principalmente, a formação de educadores e educadoras.
Para isso aponta a importância de perpassar o conhecimento ingênuo à curiosidade
epistemológica, sendo esta a capacidade de aprender criticamente.
Sabemos que há conteúdos programados que devem ser ensinados e/ou construídos no
processo de ensino aprendizagem nas escolas e isso não deve ser colocado de forma
secundária, aliás, um bom projeto político-pedagógico cuidará de pensar, coletivamente, sobre
conteúdos e formas de ensiná-los. Não se trata de descartar os conteúdos e muito menos
ignorar o mundo já posto para os estudantes, e sim refletir e contextualizar durante os
processos de pesquisa e de ensino. Além disso, para ser mais (FREIRE, 1987, p.72) se faz
necessário o saber notório (experiência), mas também o conhecimento já elaborado, ou
melhor, o mundo já posto, a tradição. Para Freire, a leitura de mundo e a realidade são muito
importantes, porém não o suficiente para atingir o objetivo de educação libertadora. É preciso
ir além.
Hannah Arendt aponta em sua obra Entre o passado e o futuro que:
a educação está entre as atividades mais elementares e necessárias da sociedade
humana, que jamais permanece tal qual é, porém se renova continuamente através
do nascimento, da vida de novos seres humanos. Esses recém-chegados, além disso,
não se acham acabados, mas em um estado de vir a ser". (ARENDT, 2013, p. 234).

A autora ressalta a importância de percebermos que a criança necessita que o adulto


lhe apresente o mundo já posto, porque o mundo já está dado, há tradições, conhecimentos
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que precisam ser ensinados. A partir dessa perspectiva podemos afirmar que ensinar exige
generosidade e competência profissional para um ensino de qualidade, que reconheça as
imbricações do fazer docente. O que ensinar? Para que ensinar? Como ensinar? Em que
momento é produzido conhecimento?
Podemos afirmar que a produção de conhecimento e estímulo à capacidade criadora
pode ocorrer durante as aulas expositivas, no uso do livro didático, do caderno, do quadro, no
recreio e nas reuniões pedagógicas. Em todos estes e outros momentos escolares podem
ocorrer a aprendizagem, desde que se discuta a razão de ser dos saberes transmitidos.
(FREIRE, 1996, p. 30) Uma das tarefas docentes é a de trabalhar com os educandos a
rigorosidade metódica, além de ensinar os conteúdos, também ensinar a pensar certo. A
rigorosidade metódica e o pensar certo estão diretamente relacionados ao ciclo gnosiológico,
na qual "a dodiscência (docência e discência) [...] e a pesquisa, são indicotomizáveis."
(FREIRE, 1996, p. 28) Educar é ter consciência, é ler o mundo para transformá-lo. Implica
em aprender a pensar, indo além de somente assimilar os conteúdos programados, implica na
mudança de comportamento.
A partir destas primeiras reflexões sobre ensino e pesquisa, evidenciaremos a
possibilidade de prática de pesquisa e de ensino no cotidiano escolar, através da incorporação
da Iniciação Científica no currículo da educação básica, exclusivamente do ensino
fundamental. Apresentaremos como exemplos positivos três iniciativas que incentivam e
promovem a IC no ensino fundamental em nível local, nacional e internacional. A primeira
parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq), a segunda
da Fundação Liberato de Novo Hamburgo-RS e a terceira o Salão UFRGS Jovem, ou
Salãozinho, promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto
Alegre - RS.

INICIACÃO CIENTÍFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL - INICIATIVAS


CONCRETAS

Segundo estudos de Oliveira (2004 e 2015), a IC, paulatinamente, vem sendo


inserida nos currículos de escolas de ensino fundamental brasileiras. Sobre o Ensino
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Fundamental da rede pública, em 2003, um incentivo para a inserção da IC partiu do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq), que criou o
Programa de Iniciação Científica Júnior (ICJ), tendo como finalidade:

Despertar vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes do


ensino fundamental, médio e profissional da Rede Pública, mediante sua
participação em atividades de pesquisa científica ou tecnológica, orientadas por
pesquisador qualificado, em instituições de ensino superior ou institutos/centros de
pesquisas. (CNPq, 2018)

De acordo com Oliveira (2015), a ICJ passou a conceder bolsas aos estudantes do
ensino fundamental (EF) e médio, no valor de R$ 100,00, pelo período de 12 meses, com o
objetivo de propiciar opções de educação científica e tecnológica desde a Educação Básica.
No primeiro ano de sua implementação, a oferta foi de 132 bolsas. Em 2010, houve um
aumento de 975%, com a oferta de 4.053 bolsas para ensino fundamental e médio.
Um exemplo foi a experiência trazida pelo Colégio Universitário Geraldo Reis
(Coluni), instituição ligada à Universidade Federal Fluminense (UFF). Através do Pibiquinho,
versão infanto juvenil do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), do
CNPq, os alunos do ensino fundamental, assim como professores da universidade e da escola,
receberam bolsas de IC. No ano de 2017, com verbas oferecidas através do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Fundamental (PIBIC-EF), foram
recomendadas oito (8) bolsas de IC para as áreas de Ciências Biológicas, Engenharias,
Ciências Humanas, Linguísticaca, Letras e Artes do ensino fundamental3.
No Estado do Rio Grande do Sul, uma iniciativa que vem conquistando destaque é a
feira de ciência e tecnologia MOSTRATEC Junior da Fundação Liberato, na cidade de Novo
Hamburgo. Essa ocorre juntamente à MOSTRATEC (Mostra Internacional de Ciência e
Tecnologia), considerada um dos mais expressivos eventos internacionais de ciência jovem da
América Latina.
A MOSTRATEC Júnior é um movimento pela disseminação da prática de pesquisa
científica, com foco na criação de espaços de protagonismo ao estudante
pesquisador. Fomenta a Criação de uma rede de colaboração de feiras de ciências, a
fim de contribuir para a constituição de uma cultura da pesquisa desde os primeiros
anos da Educação Básica. (MOSTRATEC JUNIOR, 2018a)

3
Conforme quadro com listagens do resultado final contendo as propostas recomendadas ( PRPI, 2018).
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Sendo assim, todo movimento na Educação Básica para participar da Mostratec
incentiva à criação de projetos que contribuam para a comunidade e para aquisição de
conhecimentos dos pesquisadores, indo ao encontro do pensamento de Paulo Freire. Faz-se
necessária uma rigorosidade metódica, indo além dos conteúdos, também incentiva o pensar
certo de acordo com sua realidade, relacionada à capacidade de aprender para transformar,
para recriar. (FREIRE, 1996).
Outra iniciativa ocorre no Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), em Porto Alegre - RS, desde 2006 é realizado o Salão UFRGS Jovem, ou
Salãozinho, sendo "uma atividade de cunho científico-tecnológico-cultural, a qual promove a
interlocução entre os alunos da Educação Básica e da Educação Profissional Técnica de Nível
Médio e a comunidade em geral, a partir da exposição das pesquisas desenvolvidas no
ambiente educacional" (UFRGS, 2018). Em sua última edição, em 2017, o Salão UFRGS
Jovem reuniu alunos de escolas de Porto Alegre, Região Metropolitana e do interior do
Estado. Foram 1.092 trabalhos inscritos, destes 410 foram selecionados para participar do
Salão UFRGS Jovem. O prêmio, um troféu, é oferecido aos trabalhos de excelência, que
contemplam as etapas metodológicas e tenham resultados de relevância social.
Conforme levantamento realizado por Bocasanta (2014, p.03), no Município de Porto
Alegre a IC está presente nas propostas pedagógicas de muitas escolas, tanto da rede pública
quanto da rede privada. Também pudemos constatar o mesmo na região metropolitana de
Porto Alegre, especificamente no município de São Leopoldo na qual, desde 2013, promove a
Mostra de Tecnologia e Inovação com Ciências (MOTIC SÃO LEO), envolvendo a educação
infantil, ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), com o objetivo de
difundir e promover a pesquisa e a investigação científica em todos os níveis de ensino da
Rede Municipal. Como exemplo específico desta prática, traremos a experiência realizada na
Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Santa Marta, no Município de São
Leopoldo-RS.

EXPERIÊNCIA DE INICIAÇÂO CIENTÍFICA NA EMEF SANTA MARTA


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A implementação da IC no currículo da EMEF Santa Marta ocorreu em 2015,
inicialmente nos 5º anos e posteriormente nos anos finais do Ensino Fundamental. Um dos
fatores que motivou para a implementação da IC foi o fato dos alunos, concluintes do
fundamental, ingressarem no Ensino Médio e expressarem dificuldades relacionadas à
construção de projetos de pesquisa, principalmente, referente à metodologia científica. Então
com intuito de aprimorar o ensino e a pesquisa e despertar o senso de investigação, autonomia
e criticidade, principalmente, em relação à realidade e aos desafios enfrentados na Vila Santa
Marta4, iniciou-se a IC.
Partiu-se da compreensão da IC nos documentos da MOSTRATEC Junior, na qual a
pesquisa científica tem como objetivo fundamental o de "pesquisar e descobrir respostas para
problemas através do emprego de procedimentos científicos.” (MOSTRATEC JUNIOR,
2016) A pesquisa tem utilidades para diferentes fins.
É aplicada para descobertas científicas importantes como a solução de vários
problemas da humanidade, tratamento de doenças, soluções para o meio ambiente,
entre outros, sempre buscando novos conhecimentos que melhorem a qualidade de
vida dos seres humanos. (MOSTRATEC JUNIOR, 2018b)

Neste sentido, a IC da EMEF Santa Marta, tem como objetivo geral incentivar e
fomentar a pesquisa a partir de temas de interesse dos alunos. Assim como, pretende estimular
a imaginação e a curiosidade; oportunizar a produção e socialização do conhecimento;
incentivar a autonomia; possibilitar a divulgação dos trabalhos realizados pelos alunos para a
comunidade em geral; preparar o aluno para trabalhar de acordo com seu interesse e com
outras formas de produção do conhecimento.
Essa organização conta com dois períodos de IC, semanalmente, no currículo, com
apoio dos professores do Espaço Virtual de Aprendizagem e Multimídias – EVAM e da
biblioteca. O espaço sala de aula, muitas vezes, passa a ser o pátio da escola, a comunidade,
visitas ao Arroio da Manteiga, a horta da escola (Horta-Mãe-da-Terra), e o auditório, entre
outros. Os alunos recebem orientações para o desenvolvimento de projetos, envolvendo “uma
série de atividades com o propósito de produzir algo com função social real.” (BRASIL, 1997,

4
“A vila carrega com ela as marcas das enchentes, da falta de uma rede elétrica bem estruturada, do esgoto a céu
aberto em muitas ruas, da ausência de posto de saúde. Da falta de locais para a diversão e lazer".
(HENSSLER;RAMIREZ, 2018a, p.2)
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P. 126), assim como são lançadas ideias, prevista as etapas do trabalho e definido aonde se
quer chegar. (BAGNO, 2010, p.22).
A metodologia utilizada é a pesquisa coletiva, sempre elaborada em grupos ou duplas.
Assim todas as tarefas devem ser discutidas, decididas coletivamente para que o grupo e/ou a
dupla possa chegar a uma conclusão sobre o assunto investigado. Estes são orientados por um
professor de IC5 em sala de aula, assim como recebem o auxílio de monitores6 e/ou
coorientadores7, para desenvolverem seus projetos de ação durante o ano letivo. Desta forma,
nota-se que muitos são os docentes e alunos envolvidos com a implementação da IC no
Ensino Fundamental. Além disso, percebe-se uma prática pedagógica reflexiva, através do ato
de ensinar pesquisando. A formação de pesquisadores ocorre através de outros investigadores.
Durante o ano letivo são sugeridos dois projetos, um por semestre, porém nada impede
que eles tenham duração de um ano. Cada grupo deve pensar em um tema de seu interesse,
depois justificar a escolha e pensar no objetivo e na metodologia para desenvolver o projeto.
Todo o processo é registrado em um caderno de campo. Nessa atividade de registro
está intrínseco o desenvolvimento de uma habilidade essencial no ensino, a escrita. Ao estar
atento a todos os dados que devem constar no diário, o educando pode e deve estabelecer uma
relação com esse recurso de forma autônoma, descrevendo observações e percepções que
possibilitarão um aprendizado significativo, aprimorando o ensino e a pesquisa. Os estudantes
também executam um cronograma com as datas pré-definidas e futuras ações a serem
realizadas.
Em relação à avaliação, ela tem “a tarefa de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o
instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação de novos rumos"
(LUCKESI, 1999, p. 43). Como critérios de avaliação os alunos passam por uma banca
avaliadora, (composta por dois professores e/ou pesquisadores convidados), onde são
apresentados os projetos. A ideia é que os alunos se percebam atuantes no processo

5
As três professoras responsáveis por orientar os trabalhos durante as aulas de IC receberam a formação
"Projetos Científicos e Tecnológicos na Escola", com duração de 40 horas, ofertada pela Fundação Liberato
Salzano Vieira da Cunha. No ano de 2017, no Município de São Leopoldo, 47 professores participaram da
formação, totalizando 28 escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental. (VISÃO DO VALE, 2018).
6
Os monitores são alunos ou ex-alunos que participaram das aulas de IC, há mais de três anos, e tem interesse,
voluntariamente, de auxiliar um grupo em suas pesquisas.
7
São professores que se disponibilizam a realizar orientações em seus períodos de HAE (Hora Atividade na
Escola)
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educacional e, consequentemente, sintam-se protagonistas em seu meio. Os projetos devem
ser originais e os alunos terão que dar atenção aos cuidados éticos, conforme a Resolução
466/128, assim como não serão admitidos plágios e falsificações.
Na exposição para a banca avaliadora, os alunos podem apresentar seus trabalhos
utilizando programas de criação/edição e exibição de apresentações gráficas, cartazes,
maquetes, entre outros. Porém, um dos critérios a ser avaliado é referente ao pensamento
sustentável. Recebem uma conta de e-mail, na qual será disponibilizado o acesso à ferramenta
"documentos", onde será possível digitar o trabalho online, com o uso da internet. Nesta
mesma conta, serão utilizados todos os recursos disponíveis, como: editor de slides,
armazenamento de arquivos, email, mapas, agendas, blog, corretor, etc. Parte do processo de
orientação, monitoria e coorientação serão realizados através do compartilhamento online dos
arquivos criados pelos alunos.
Os critérios de avaliação seguem os propostos pela MOSTRATEC Junior
(MOSTRATEC, 2018c): uso adequado da metodologia científica (apresentando justificativa,
problema de pesquisa, objetivos, metodologia, resultados, análises de dados e conclusões);
registros da realização da pesquisa em caderno de campo e/ ou outro tipo de registro; domínio
do assunto e autonomia na apresentação; conhecimento e segurança sobre o assunto; relação
adequada entre a apresentação oral e os documentos da pesquisa; relevância científico-social
do projeto; apresentação escrita do projeto; postura durante a apresentação.
Os projetos com maior destaque e que atenderem as orientações da pesquisa científica
serão convidados a participar da Mostra de Trabalhos Escolares (MOSTRE), que ocorre
anualmente na escola. Depois passam por nova avaliação de professores e pesquisadores e os
trabalhos relevantes serão encaminhados para participar da Mostra de Tecnologia e Inovação
com Ciências (MOTIC SÃO LEO), na qual reúne estudantes de escolas municipais de São
Leopoldo/RS. As pesquisas em destaque neste evento serão credenciadas na MOSTRATEC
Junior.
Os alunos da EMEF Santa Marta, que participam da IC, independente de serem
selecionados ou não para a MOSTRE, MOTIC SÃO LEO e MOSTRATEC Junior, participam

8
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html>. Acesso em:
06 mar 2018.
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das feiras como visitantes. Estes são momentos muito significativos para os alunos, neles são
proporcionadas trocas, aprendizagens, integração, novas amizades, encontros, enfim, é
disponibilizada a abertura para novos horizontes científicos, culturais, sociais e ambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implementação de IC no currículo base do Ensino Fundamental está ocorrendo,


gradativamente, na EMEF Santa Marta. É um exemplo de experiência pensada para qualificar
o ensino, pois reflete o processo de experimentação de realizar pesquisa, permanentemente,
em sala de aula. A esperança é que a partir desta experiência, assim como das outras relatadas
neste artigo, ocorram transformações no processo de ensino e aprendizagem, as quais
contemplem o desenvolvimento da criticidade e o aperfeiçoamento nos processos de leitura,
escrita, raciocínio lógico e de interação com o meio.
Portanto, a implementação de IC, com ações refletidas, contribuirá para o ensino e
evitará ser mais um "modismo" na educação. Para a concretização de pesquisa e ensino de
qualidade há necessidade de arriscar, pensar coletivamente e experimentar fazer pesquisa na
escola a partir do rigor metódico. Para isso, conta-se com a participação e a atuação de
docentes envolvidos com uma educação que vislumbre ensinar através da pesquisa. Também
com a necessidade de certa formação continuada que possibilite mudanças de atitudes e de
transformações de si mesmo para assim modificar o meio de inserção. E esse movimento pode
resultar em modificações no mundo. Conforme Paulo Freire (1996, p. 110), "ensinar exige
compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo". Ao ensinar refletindo e
pesquisando a partir da leitura de mundo, possibilita-se aos envolvidos serem protagonistas da
sua história. Na obra Em defesa da escola: uma questão pública, Masschelein e Simons
apontam “a educação como uma concessão de autoridade para o mundo, não só pra falar
sobre o mundo, mas também e, sobretudo por dialogar (encontrar, comprometer-se com ele).
Em suma, a tarefa da educação é garantir que o mundo fale com os jovens." (2013, p. 98)
Portanto, a IC se apresenta como uma possibilidade para, conjuntamente, pensar, agir e
transformar o mundo, dando-lhe novos sentidos. Isso através de uma metodologia de ensino
viável para transpor os muros da escola, por meio de pesquisa que qualifique o ensino
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fundamental da educação básica, através de políticas públicas, gestão sensível à inovação,
espaço escolar disponível para o trânsito dos alunos, currículo flexível para que,
paulatinamente, possam ocorrer mudanças em prol da educação e de uma sociedade mais
justa e humana.

REFERÊNCIAS
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BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola - o que é, como se faz. 24. ed. São Paulo: Loyola,
2010.
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<http://www.cnpq.br/documents/10157/96bfa431-898f-49b8-a70f-4c070af213e6>. Acesso
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Marta. Jornal experimental produzido por alunos do Curso de Jornalismo da Unisinos. São
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OLIVEIRA, Adriano de. A Iniciação Científica Júnior (ICJ): aproximações da educação
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__________________. O CNPq e a política de fomento à pesquisa e à formação de
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PRPI. INICIAÇÃO CIENTÍFICA JÚNIOR - PIBIC-EM (Ensino Médio) e PIBIC-EF
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VISÃO DO VALE. SÃO LEOPOLDO: MOTIC SÃO LEO 2017 CREDENCIA
PESQUISAS DA REDE MUNICIPAL PARA MOSTRATEC. Disponível em:
JÚNIORhttp://visaodovale.com.br/sao-leopoldo-motic-sao-leo-2017-credencia-pesquisas-da-
rede-municipal-para-mostratec-junior/. Acesso em: 12 mar 2018.

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