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Capítulo 1

Sobre a natureza e as atribuições do pedagogo escolar.

Nesse capítulo iremos compreender o desenvolvimento histórico da


profissão de pedagogo, sua evolução e algumas das mudanças pelas quais
passou. O objetivo é situar a figura desse profissional no contexto educacional
e compreender melhor suas atribuições, fazendo uma relação com o que
queremos mostrar ao longo desse estudo, o papel do pedagogo na gestão
democrática das escolas.

1.1 Breve histórico da profissão do pedagogo

A figura do pedagogo remonta a Grécia Antiga, na imagem do escravo


encarregado de encaminhar a criança a escola. Com o tempo, mais do que só
acompanhar até a escola, muitos escravos libertos ficaram encarregados de
conduzir a criança acompanhando-a em seu desenvolvimento até tornar-se um
bom cidadão. Desde suas origens a pedagogia esteve muito próxima da
filosofia, sendo uma atividade que abrangia a formação integral do cidadão,
algo tanto presente na Grécia, quanto na Roma antiga.

Segundo Cambi (1999), No curso da história, foi somente entre os


séculos XVIII e XIX que a pedagogia como uma área de saber, de pessoas
ligadas ao campo educacional e arte de ensinar. Será nesse contexto que a
escola enquanto instituição será constituída, ocorrendo também a
institucionalização da pedagogia como área de pesquisa e pratica
especificamente ligadas ao ambientes escolar.

Nessa linha, podemos compreender que a pedagogia vai se constituindo


como uma a ciência da educação, um conjunto de saberes envolvendo
diferentes disciplinas, filosofia, sociologia, psicologia, didática, histona,
antropologia, entre outras, que se articulam na formação de um profissional
que tem seu foco de atuação, em desenvolver processos, ambientes e
atividades de aprendizagem.
No contexto brasileiro, a pedagogia é regulamentada pela legislação
que surge na década de 1930, passando por mudança a partir da década de
1970 com a reformulação nos cursos de formação para pedagogos. Segundo
Libâneo (2010) será a partir da década de 1980 que ocorrera um processo de
valorização da educação da educação pública e a consequente valorização dos
profissionais da educação, o inclui os pedagogos.

O mesmo autor ainda indica que a partir da década de 1990 a oferta dos
cursos de formação em pedagogia nas universidades são reestruturados,
habilitando esses profissionais para atuar nas series iniciais na educação
infantil, e também na gestão das instituições de ensino. O pedagogo vai
despontando com um profissional habilitado a atuar como organizador e
articulador do trabalho nas instituições de ensino, voltado a uma atuação,
crítica, ética e reflexiva (LIBANEO, 2010).

1.2 A atuação do pedagogo escolar

Contemporaneamente, o entendimento da atuação do pedagogo escolar


vai além de atribuições meramente técnicas, como aquelas ligadas aos aspetos
burocráticos que inclui verificação de diários de classe, planos de aula, uso de
materiais didáticos, orientações mais técnicas no preenchimento de
documentos, etc. Essas tarefas tem sua importância no âmbito escolar, mas
não precisam ser necessariamente feitas pro um pedagogo, alguém com
formação técnica, bem orientado, poderia fazer essas tarefas, deixando um
tempo maior para que os profissionais de pedagogia possam atuar em outras
frentes, responder a desafios que questionam o papel da escola em relação a
vida dos alunos para além dos muros da escola.

Essa perspectiva já acena para uma mudança de enfoque em relação a


educação tradicional. No entendimento de Paro (2008, p. 29) é preciso romper
com uma educação convencional ainda presa ao senso comum pedagógico,
que em seus métodos de ensino

privilegia os “conteúdos” em detrimento dos sujeitos envolvidos – e


se opta pela realização de uma educação democrática – que tem no
ser humano-histórico sua principal referência – certamente há que
adotar outros parâmetros metodológicos, que levem em conta a
condição de sujeito tanto do educando quanto do educador (PARO,
2008, p.29).

Para Vieira (2001) cada vez mais o pedagogo passa atuar como
articulador do processo pedagógico, um agente de transformação da realidade
escolar em consonância com as demandas da sociedade. Nesse sentido esse
profissional busca articular a aproximação entre escola e comunidade.
Atividades comuns desse profissional como organizar turmas, calendários,
organização de horários, acompanhamento das turmas, orientação aos
professores, entre outras tarefas corriqueiras do trabalho escolar, passam a ter
um novo foco além do mero trabalho burocrático na escola.

Mesmo continuando com essas atividades e ainda outras, cresce nas


discussões entre autores que estudam o trabalho do pedagogo e que estudam
as práticas escolares, uma percepção diferente desse profissional e do papel
reservado a escola, conforme indicado por Lombardi (2006, p. 21) que a escola
precisa mudar e ouvir a sociedade, estar atenta às demandas de seus alunos,
pois a escola não é uma instituição.

a-histórica, atemporal, mas, sim, produto da ação humana concreta e


objetivamente determinada pela forma como se articula e se
relaciona as diversas forças políticas presentes em cada período
histórico; que, portanto, como qualquer outra instância da vida e da
sociedade, ela se transforma permanentemente, sendo nós, seres
humanos, os agentes dessa transformação; que, finalmente, partindo
da escola que temos, aprendemos com a história que é possível
construir uma OUTRA ESCOLA, articulando-a mais coerentemente
com um projeto político-pedagógico que vise a fazer da instituição
escolar um instrumento de construção de uma sociedade justa,
fraterna e solidária. (LOMBARDI, 2006, p. 18)

Considerando o que apresenta Lombardi, cresce a noção de que o de


que a comunidade escolar, assim como o pedagogo, precisam se entender
como agentes sociais e políticos. Mais que uma proposição, mas uma
constatação, crescem estudos e relatos de que muitos profissionais da
educarão, especialmente o pedagogo estão atuando no sentido de responder
não só a problemas de ordem pedagógica, mas também a problemas ligados a
comunidade.
Os alunos que vão para a escola levam consigo a sua realidade e a suas
circunstâncias. Se a comunidade enfrenta problemas de segurança, de
qualidade de vida, se no bairro faltam serviços básicos, se a violência está
muito presente, se as condições de vida são precárias, se as famílias estão
sofrendo, se existe doenças, separações, conflitos, perdas, se falta apoio, se o
diálogo é difícil. Todos estes elementos vão junto para a escola e afetam a vida
dos estudantes. O estudo que estamos realizando aponta para a necessidade
da instituição escola mais atenção para esses aspectos e das políticas
públicas, que sejam operacionalizadas de modo a dar condição a gestores e
professores condições de ajudar nessas demandas.

Entendemos que a escola também é limitada em suas possibilidades,


que os professores não são assistentes sociais ou psicólogos. No entanto,
quando se fala em gestão democrática, significa acolher essas demandas no
sentido de que se possa falar sobre elas, dar vez e voz aos atores da
educação. Tornar a escola e as aulas um espaço vivo de debates, relacionar os
conceitos com a realidade vivida, fazendo que alunos possam qualificar seu
olhar sobre seu mundo. Ou como dizia Freire (2001), aprender a ler, é aprender
a ler o mundo, o que equivale a dizer, que estudar é compreender criticamente
o mundo, para atuar sobre ele.

Os alertas e críticas colocados por Freire soam como desafios aos


modelos de gestão escolar e a responsabilidade dos pedagogos por estarem a
frente do trabalho pedagógico e exercerem um papel de liderança e de

aglutinação dos demais segmentos participantes da vida da escola.


Trata-se, certamente, de um desafio ao mesmo tempo político e
pedagógico do qual não é possível ao gestor se esquivar, visto ser
inerente ao cargo por ele exercido, e cujo enfrentamento, uma vez
assumido verdadeiramente, permitirá que se concretize toda a
relevância social do papel que lhe cabe no interior da instituição
escolar (LOMBARDI, 2006, p.18)

Falar em gestão democrática tem a haver com essas questões, com a


inclusão dos alunos e da comunidade nos processos pedagógicos sob a forma
de consulta, de participação e diálogo, a participação dos alunos nas decisões,
sua organização via entidades estudantis próprias, via grêmio local,
representam um esforço de estabelecer a democracia no ambiente escolar.
Quando isso acontece, o trabalho escolar vai além da formação acadêmica,
centrada nos conteúdos. Ao vivenciar essas realidades de participação e
diálogo, os alunos vão, realmente aprendendo a vivenciar a cidadania. A escola
passa a ser um estágio de vida social e política, mais que uma preparação
técnica, a escola irá ajudar a realmente preparar para a vida.

Referências desse capítulo

CAMB I , Franco. História da pedagogia . São Paulo: ed. da Unesp, 1999

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


educativa. 18. ed. São Paulo: Paz & Terra, 2001.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê?, 12º Edição, São
Paulo – SP Editora Cortez, 2010.

LOMBARDI, José Claudinei. A importância da abordagem histórica da


gestão educacional. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. especial, ago.
2006.

PARO, Vítor Henrique. Educação como exercício do poder: crítica ao senso


comum em educação. São Paulo: Cortez, 2008. (Coleção questões da nossa
época).

VIEIRA, Sofia Lerche. Escola – Função social, gestão e política


educacional. IN: FERREIRA, Naura Syria Carapeto; AGUIAR, Márcia Angela
da S. (orgs). Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos.
3ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

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