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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 1/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 2/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
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governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
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05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
5. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento
político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
1. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 6. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 7. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
2. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 8. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
3. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 9. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
10. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
4. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento político pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
moderno,Companhia das Letras,São Paulo,1996. P Zahar.
111. pp. 265–266
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 5/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)
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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
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Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
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No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 10/72
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sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.
O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 12/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 13/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 14/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 15/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 16/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.
O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 17/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 18/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 19/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 21/72
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sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.
O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 23/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 25/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 26/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 27/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=O_Príncipe&oldid=54679498"
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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 28/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 29/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 30/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 32/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 34/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 36/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 37/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 38/72
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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 39/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 40/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 41/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 43/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=O_Príncipe&oldid=54679498"
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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.
O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 45/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 47/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 48/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 49/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=O_Príncipe&oldid=54679498"
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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 50/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 51/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 52/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 54/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=O_Príncipe&oldid=54679498"
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Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.
O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 56/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 58/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 59/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 60/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
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utilização.
O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 61/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 62/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 63/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 65/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.
O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.
do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 67/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.
O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].
Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas
Capítulos do livro
Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).
Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.
No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.
No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".
No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.
Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.
O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 69/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
A autonomia da política
A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]
Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:
Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]
O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]
A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.
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05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:
César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]
Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.
Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).
A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.
Referências
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 71/72
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