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05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
[1 ]
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel
Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
País República Florentina
política das principais localidades de então, o livro pretendia
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre

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esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

1. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


2. Os principados hereditários
3. Os principados mistos
4. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
5. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis próprias
6. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
7. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
8. Dos que conquistaram o principado através do crime
9. O principado civil
10. Como medir as forças de todos os principados
11. Os principados eclesiásticos
12. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
13. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
14. Os deveres do príncipe com suas tropas
15. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
16. A generosidade e a parcimônia
17. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
18. Os príncipes e a palavra dada
19. Como evitar o desprezo e o ódio
20. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
21. Como um príncipe deve agir para ser estimado
22. Dos secretários que acompanham o príncipe
23. Como evitar os aduladores
24. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
25. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
26. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

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Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de

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governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a

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partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências
5. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento
político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
1. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 6. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 7. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
2. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 8. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
3. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 9. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
10. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
4. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento político pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
moderno,Companhia das Letras,São Paulo,1996. P Zahar.
111. pp. 265–266

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Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)

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O Príncipe
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05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por


Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
[1 ]

dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel


Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
política das principais localidades de então, o livro pretendia País República Florentina
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

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Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

27. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


28. Os principados hereditários
29. Os principados mistos
30. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
31. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis próprias
32. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
33. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
34. Dos que conquistaram o principado através do crime
35. O principado civil
36. Como medir as forças de todos os principados
37. Os principados eclesiásticos
38. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
39. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
40. Os deveres do príncipe com suas tropas
41. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
42. A generosidade e a parcimônia
43. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
44. Os príncipes e a palavra dada
45. Como evitar o desprezo e o ódio
46. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
47. Como um príncipe deve agir para ser estimado
48. Dos secretários que acompanham o príncipe
49. Como evitar os aduladores
50. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
51. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
52. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

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05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 9/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
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sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

11. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
5. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 12. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 13. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
6. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 14. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
7. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 15. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
16. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
8. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento político pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
moderno,Companhia das Letras,São Paulo,1996. P Zahar.
111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 11/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

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utilização.

O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
[1 ]
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel
Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
País República Florentina
política das principais localidades de então, o livro pretendia
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 12/72
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recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

53. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


54. Os principados hereditários
55. Os principados mistos
56. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
57. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis próprias
58. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
59. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
60. Dos que conquistaram o principado através do crime
61. O principado civil
62. Como medir as forças de todos os principados
63. Os principados eclesiásticos
64. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
65. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
66. Os deveres do príncipe com suas tropas
67. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
68. A generosidade e a parcimônia
69. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
70. Os príncipes e a palavra dada
71. Como evitar o desprezo e o ódio
72. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
73. Como um príncipe deve agir para ser estimado

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 13/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

74. Dos secretários que acompanham o príncipe


75. Como evitar os aduladores
76. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
77. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
78. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

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A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 15/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 16/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

17. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
9. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 18. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 19. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
10. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 20. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
11. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 21. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
22. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
12. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)

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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 17/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por


Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
[1 ]

dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel


Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
política das principais localidades de então, o livro pretendia País República Florentina
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 18/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

79. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


80. Os principados hereditários
81. Os principados mistos
82. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
83. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis próprias
84. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
85. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
86. Dos que conquistaram o principado através do crime
87. O principado civil
88. Como medir as forças de todos os principados
89. Os principados eclesiásticos
90. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
91. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
92. Os deveres do príncipe com suas tropas
93. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
94. A generosidade e a parcimônia
95. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
96. Os príncipes e a palavra dada
97. Como evitar o desprezo e o ódio
98. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
99. Como um príncipe deve agir para ser estimado
100. Dos secretários que acompanham o príncipe
101. Como evitar os aduladores
102. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
103. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
104. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 19/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 20/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 21/72
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sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

23. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
13. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 24. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 25. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
14. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 26. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
15. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 27. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
28. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
16. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 22/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.

O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
[1 ]
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel
Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
País República Florentina
política das principais localidades de então, o livro pretendia
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 23/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

105. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


106. Os principados hereditários
107. Os principados mistos
108. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
109. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
110. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
111. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
112. Dos que conquistaram o principado através do crime
113. O principado civil
114. Como medir as forças de todos os principados
115. Os principados eclesiásticos
116. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
117. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
118. Os deveres do príncipe com suas tropas
119. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
120. A generosidade e a parcimônia
121. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
122. Os príncipes e a palavra dada
123. Como evitar o desprezo e o ódio
124. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
125. Como um príncipe deve agir para ser estimado
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 24/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

126. Dos secretários que acompanham o príncipe


127. Como evitar os aduladores
128. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
129. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
130. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 25/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 26/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 27/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

29. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
17. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 30. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 31. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
18. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 32. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
19. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 33. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
34. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
20. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)

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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 28/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por


Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
[1 ]

dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel


Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
política das principais localidades de então, o livro pretendia País República Florentina
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 29/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

131. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


132. Os principados hereditários
133. Os principados mistos
134. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
135. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
136. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
137. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
138. Dos que conquistaram o principado através do crime
139. O principado civil
140. Como medir as forças de todos os principados
141. Os principados eclesiásticos
142. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
143. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
144. Os deveres do príncipe com suas tropas
145. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
146. A generosidade e a parcimônia
147. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
148. Os príncipes e a palavra dada
149. Como evitar o desprezo e o ódio
150. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
151. Como um príncipe deve agir para ser estimado
152. Dos secretários que acompanham o príncipe
153. Como evitar os aduladores
154. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
155. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
156. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 30/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 31/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 32/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

35. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
21. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 36. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 37. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
22. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 38. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
23. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 39. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
40. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
24. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 33/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

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utilização.

O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
[1 ]
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel
Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
País República Florentina
política das principais localidades de então, o livro pretendia
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 34/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

157. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


158. Os principados hereditários
159. Os principados mistos
160. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
161. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
162. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
163. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
164. Dos que conquistaram o principado através do crime
165. O principado civil
166. Como medir as forças de todos os principados
167. Os principados eclesiásticos
168. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
169. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
170. Os deveres do príncipe com suas tropas
171. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
172. A generosidade e a parcimônia
173. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
174. Os príncipes e a palavra dada
175. Como evitar o desprezo e o ódio
176. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
177. Como um príncipe deve agir para ser estimado
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 35/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

178. Dos secretários que acompanham o príncipe


179. Como evitar os aduladores
180. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
181. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
182. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 36/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 37/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 38/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

41. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
25. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 42. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 43. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
26. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 44. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
27. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 45. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
46. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
28. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)

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Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.

O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 39/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por


Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
[1 ]

dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel


Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
política das principais localidades de então, o livro pretendia País República Florentina
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 40/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

183. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


184. Os principados hereditários
185. Os principados mistos
186. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
187. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
188. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
189. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
190. Dos que conquistaram o principado através do crime
191. O principado civil
192. Como medir as forças de todos os principados
193. Os principados eclesiásticos
194. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
195. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
196. Os deveres do príncipe com suas tropas
197. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
198. A generosidade e a parcimônia
199. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
200. Os príncipes e a palavra dada
201. Como evitar o desprezo e o ódio
202. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
203. Como um príncipe deve agir para ser estimado
204. Dos secretários que acompanham o príncipe
205. Como evitar os aduladores
206. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
207. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
208. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 41/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 42/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 43/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

47. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
29. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 48. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 49. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
30. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 50. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
31. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 51. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
52. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
32. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 44/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.

O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
[1 ]
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel
Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
País República Florentina
política das principais localidades de então, o livro pretendia
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 45/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

209. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


210. Os principados hereditários
211. Os principados mistos
212. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
213. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
214. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
215. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
216. Dos que conquistaram o principado através do crime
217. O principado civil
218. Como medir as forças de todos os principados
219. Os principados eclesiásticos
220. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
221. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
222. Os deveres do príncipe com suas tropas
223. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
224. A generosidade e a parcimônia
225. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
226. Os príncipes e a palavra dada
227. Como evitar o desprezo e o ódio
228. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
229. Como um príncipe deve agir para ser estimado
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 46/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

230. Dos secretários que acompanham o príncipe


231. Como evitar os aduladores
232. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
233. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
234. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 47/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 48/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 49/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

53. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
33. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 54. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 55. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
34. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 56. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
35. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 57. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
58. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
36. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)

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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 50/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por


Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
[1 ]

dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel


Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
política das principais localidades de então, o livro pretendia País República Florentina
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 51/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

235. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


236. Os principados hereditários
237. Os principados mistos
238. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
239. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
240. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
241. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
242. Dos que conquistaram o principado através do crime
243. O principado civil
244. Como medir as forças de todos os principados
245. Os principados eclesiásticos
246. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
247. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
248. Os deveres do príncipe com suas tropas
249. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
250. A generosidade e a parcimônia
251. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
252. Os príncipes e a palavra dada
253. Como evitar o desprezo e o ódio
254. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
255. Como um príncipe deve agir para ser estimado
256. Dos secretários que acompanham o príncipe
257. Como evitar os aduladores
258. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
259. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
260. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 52/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 53/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 54/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

59. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
37. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 60. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 61. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
38. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 62. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
39. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 63. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
64. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
40. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 55/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
[1 ]
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel
Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
País República Florentina
política das principais localidades de então, o livro pretendia
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 56/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

261. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


262. Os principados hereditários
263. Os principados mistos
264. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
265. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
266. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
267. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
268. Dos que conquistaram o principado através do crime
269. O principado civil
270. Como medir as forças de todos os principados
271. Os principados eclesiásticos
272. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
273. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
274. Os deveres do príncipe com suas tropas
275. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
276. A generosidade e a parcimônia
277. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
278. Os príncipes e a palavra dada
279. Como evitar o desprezo e o ódio
280. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
281. Como um príncipe deve agir para ser estimado
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 57/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

282. Dos secretários que acompanham o príncipe


283. Como evitar os aduladores
284. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
285. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
286. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 58/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 59/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 60/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

65. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
41. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 66. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 67. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
42. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 68. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
43. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 69. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
70. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
44. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)

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O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 61/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por


Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
[1 ]

dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel


Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
política das principais localidades de então, o livro pretendia País República Florentina
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e
recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 62/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

287. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


288. Os principados hereditários
289. Os principados mistos
290. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
291. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
292. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
293. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
294. Dos que conquistaram o principado através do crime
295. O principado civil
296. Como medir as forças de todos os principados
297. Os principados eclesiásticos
298. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
299. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
300. Os deveres do príncipe com suas tropas
301. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
302. A generosidade e a parcimônia
303. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
304. Os príncipes e a palavra dada
305. Como evitar o desprezo e o ódio
306. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
307. Como um príncipe deve agir para ser estimado
308. Dos secretários que acompanham o príncipe
309. Como evitar os aduladores
310. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
311. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
312. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 63/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 64/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 65/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

71. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
45. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 72. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 73. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
46. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 74. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
47. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 75. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
76. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
48. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 66/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

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utilização.

O Príncipe
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Príncipe (em italiano, Il Principe) é um livro escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513, cuja primeira edição foi Il Principe
publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma das
teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e O Príncipe
que tem grande influência em descrever o Estado desde a sua
publicação até os dias de hoje, mesmo os sistemas de governo
já serem variados. No mesmo estilo do Institutio Principis
Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O Príncipe é
descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e
manter um principado, ou seja, um guia para como se chegar
e manterse no poder.

Maquiavel deixa de lado o tema de A República que será mais


bem discutido nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito
Lívio. Em vista da situação política italiana no período
?]
renascentista, existem teorias [carece de fontes de que o escritor,
tido como republicano, tenha apontado o principado como
solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria
possível a forma republicana.
Folha de rost o da edição de 155 0 de O Príncipe e de A
[1 ]
O tratado político possui 26 capítulos, além de uma vida de Castruccio Castracani da Lucca
dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque de Autor(es) Nicolau Maquiavel
Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações
Idioma Italiano
realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera
País República Florentina
política das principais localidades de então, o livro pretendia
ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe Lançamento 1532
concederia algum cargo[2]. No entanto, Maquiavel não Edição portuguesa
alcançou suas ambições.
Lançamento 1532
É este livro que sugere a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante
faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto,
mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano. Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando
as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado. Nesta obra, Maquiavel defende a centralização

do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes?]). Suas considerações e

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 67/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria
do Estado moderno.

Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália
renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida
em diversos pequenos estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais. As disputas de poder entre
esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços de Condottieri (mercenários) com o
intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da
península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências da Europa.

O Príncipe foi traduzido várias vezes no Brasil. Seus comentadores, prefaciadores, tradutores etc, dado o caráter
ambivalente da obra, revelam mais sobre si mesmo do que sobre Maquiavel [3].

Índice
Capítulos do livro
Síntese
A virtude política no Príncipe
Modelos de governo
Referências
Ligações externas

Capítulos do livro

313. De quantas espécies são os principados e como são adquiridos


314. Os principados hereditários
315. Os principados mistos
316. A razão pela qual o reino de Dario III, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a
morte deste
317. De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis
próprias
318. Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
319. Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
320. Dos que conquistaram o principado através do crime
321. O principado civil
322. Como medir as forças de todos os principados
323. Os principados eclesiásticos
324. Os tipos de milícias e os soldados mercenários
325. Os exércitos auxiliares, mistos e próprios
326. Os deveres do príncipe com suas tropas
327. As qualidades pelas quais os homens, sobretudo os príncipes, são louvados ou vituperados
328. A generosidade e a parcimônia
329. A crueldade e a clemência: se é melhor ser amado do que temido, ou o contrário
330. Os príncipes e a palavra dada
331. Como evitar o desprezo e o ódio
332. Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
333. Como um príncipe deve agir para ser estimado
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 68/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

334. Dos secretários que acompanham o príncipe


335. Como evitar os aduladores
336. Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados.
337. Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela.
338. Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros

Síntese
Maquiavel começa o livro com uma dedicatória ao "magnífico Lourenço II de Médici", oferecendo-lhe o livro e as
faculdades de sabedoria que, a Maquiavel, venho a conhecer em anos e com incômodos perigos. Originalmente
Maquiavel intencionava dedicar o livro a Juliano de Médici, filho de Lourenço de Médici ("Lourenço, o Magnífico"),
duque de Nemours, que morreu em 1516 (conforme carta de Maquiavel ao amigo Francisco Vettori, de 10 de dezembro
de 1513).

Do capítulo 1 ao 14, descreve as formas de poder e os dois principais tipos de governo: as monarquias e as repúblicas.

No capítulo 15, Maquiavel escreve sobre como um príncipe deve proceder ante seus súditos e amigos, explicando que
para manter-se adorado é necessário que o líder saiba utilizar os vícios e as virtudes necessárias, fazendo o que for
possível para garantir a segurança e o bem-estar.

No capítulo 16 é explicado ao príncipe como cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador, e levar o povo à
pobreza, cobrando muitos impostos para manter-se rico. O autor diz que o melhor é ser visto como miserável, pois com
este julgamento ele poderá ser generoso quando bem entender, e o povo irá se acostumar com isso. Os príncipes que vão
junto ao exército atacar e saquear outras cidades devem ser generosos com seus soldados, para que esses continuem
sendo fiéis e motivados.

No capítulo 17, defende que é melhor a um príncipe ser temido do que ser amado, mostrando que as amizades feitas
quando se está bem, nada duram quando se faz necessário, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem
duas vezes antes de trair seus líderes. Diz também que a morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a
sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto às penas com as pessoas, mas
nunca no caráter material; "as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda da herança".

No capítulo 18, Maquiavel argumenta que o governante deve ser dissimulado quando é necessário, porém nunca
deixando transparecer sua dissimulação. Não é necessário a um príncipe possuir todas as qualidades, mas é preciso
parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que às vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes,
porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.

No capítulo 19, o autor defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não
demonstrar avidez ou desinteresse.

Do capítulo 20 ao 23, explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo
distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.

No capítulo 24 explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça.
Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve "cair apenas por acreditar encontrar quem
te levante" já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.

Nos últimos capítulos explica como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus, dizendo que os
líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

O livro retrata a experiência de Maquiavel em analisar as estruturas de um governo, oferecendo ao príncipe Lourenço
de Médici uma forma de manter-se permanentemente no poder, sem ser odiado por seu povo.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 69/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

A virtude política no Príncipe


Para compreender a forma com que Nicolau Maquiavel trabalha com o conceito de virtù, e a sua relação com a vida
política, é necessário compreender primeiro o que ela não é, de acordo com a sua filosofia. Se outrora, a política era
entendida por seus contemporâneos, embebidos de uma tradição clássica, como Francesco Patrizi, como a arte de
governar bem, essa arte não se dissociava, também, de uma preconcepção política: A necessidade (daquele que deseja
possuir essa arte) ser "virtuoso", podendo entender o "virtuoso" como àquele que se esforça para atingir o grau mais alto
de excelência de acordo com os padrões defendidos pela tradição humanista: um bom exemplo é o “Das boas maneiras”
de Pietro Paolo Vergerio, onde é defendida uma educação correta para os príncipes, e que a prática continua da virtú
colocaria o homem a caminho da sabedoria. [4] Durante o Renascimento, essa tradição era perpetuada por meio dos
autores espelhos, isto é, autores que, através dos estudos humanistas, resgatavam o ideal clássico da arte de governar,
com isso resgatando, também, um ideal de virtude – onde essa seria o fundamento político de todo e qualquer governo. [5]
Tais autores escreviam livros que aconselhavam os governantes a seguirem um modelo paradigmático, onde a concepção
da virtude moral não se dissociava da virtude política para o exercício da arte de governar. Todavia, a postura de
Maquiavel não somente configura um marco, por se distanciar dessa tradição (e ao mesmo tempo criticá-la), mas por
dar luz a uma nova compreensão a respeito da virtude política. Maquiavel tratará do paradoxo do governante que
pretende manter o poder: Como manter sempre uma auto-imagem virtuosa, ou agir sempre virtuosamente, ao passo
que, agir, sempre de forma virtuosa, pode vir a prejudicar à manutenção do poder? Em outras palavras, até que ponto é
realmente valoroso agir preocupando-se em ser virtuoso e, concomitantemente, tendo em vista se manter no poder?

A autonomia da política

A resposta da filosofia de Maquiavel é a dissociação dicotômica da virtù política em relação à virtù moral. Se na visão
tradicional, era necessário compor-se de virtudes moralmente dignificantes, para o exercício da arte de governar, em
Maquiavel tal perspectiva se dilui. Isso se dá pois o homem está inserido em uma ordem natural que escapa do seu
controle, em outras palavras, ele é o microcosmo de uma parte do todo, onde a natureza rege, ou controla, essa ordem a
qual ele mesmo não criou, mas que, de algum modo, o modela.[6]

Dessa análise deriva-se o conceito de Fortuna em Maquiavel, i.e, essa ordem que, em certa medida, é política, pois ela
não somente regula a natureza mas, também, regula a vida e o comportamento dos homens de forma fortuita, ou
contingencial, tendo que esses, se adaptarem à ela. Logo o mundo político se compõe de maneira diversa à um mundo
de ordem moral idealizado pelos homens (como na possível República de Platão). Maquiavel, portanto, se mantém
sensível ao problema da relação inversamente proporcional da vida política e da vida moral:

Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em
detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua
própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua
ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender
a não usar a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.[7]

O resultado é que a arte de governar deve, portanto, ter como escopo o real e concreto da vida dos homens (o modo como
eles vivem) em sociedade (ou seja, a política por excelência), e a necessidade de promover uma estabilidade do poder no
mundo da fortuna. Isso ocorre pois Maquiavel compreende que, antes de dar uma resposta que apele para sociedades,
ou até mesmo governantes,moralmente idealizados — onde essas teriam que se adequar a esses ideais — é necessário
partir do pressuposto evidente que a sociedade política antecede a sociedade moral. [8]

A sociedade moral é resultado do mundo político dos homens e esses estão inseridos, no mundo moral, por um conjunto
de representações, ou seja, a moral regula a imagem representativa do homem em sociedade. Logo a prática, ou não,
das virtudes morais, deve ter em vista o conjunto das relações na vida pública, e estar conformidade a ela.

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 70/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nova definição da virtude

Visto isso,a concepção de virtù ganha uma nova óptica em Maquiavel. Essa não é mais entendida como a arte de agir
tendo em vista paradigmas moralmente idealizados,onde a ação do príncipe fosse regulada à partir de algum preceito
atemporal, universal, onde o que se espera é agir tendo em vista algum bem (como na concepção moral aristotélica).
Maquiavel se distancia da tradição moralista, mas mantém a concepção de agir tendo em vista um bem,no entanto, a
partir de sua nova perspectiva , o príncipe deve agir tendo em vista o bem público,i.e, tendo em vista manter firme as
relações que compõe a manutenção do poder. Como,no exemplo do capítulo XVII:

César Bórgia foi reputado cruel; entretanto a sua dita crueldade reconciliou internamente a Romanha, fê-la coesa,
reconduzindo-a a um estado de paz e de fidelidade. Considerando tudo atentamente, veremos que ele foi muito mais
piedoso que o povo florentino, o qual, para evitar a fama que advém da crueldade, permitiu a destruição de Pistoia.
Um príncipe, portanto, para poder manter os seus súditos unidos e imbuídos de lealdade, não deve preocupar-se com
esta infâmia, já que,com algumas poucas ações exemplares, ele mostrar-se-á mais piedoso que aqueles que, por uma
excessiva comiseração acabam deixando medrar a desordem da qual derivam as mores e os latrocínios. [9]

Logo, a concepção de virtù, nessa nova perspectiva, se atêm à vida dos homens e as complexas relações desenvolvidas
pela fortuna. A genuína virtù de um príncipe reside, agora, na capacidade desse de modelar-se diante dos homens,
sabendo transitar entre o homem, i.e, o moral, e o animal, na medida que esse deve, assim como o leão e a raposa, saber
fazer o bom emprego da força e da astúcia no momento necessário. A virtù, portanto, se constitui de fazer um bom uso
da própria ação, já que o príncipe é o principal agente regulador do poder, portanto, ela é a habilidade de resolver
problemas concretos da vida política.

Modelos de governo
Para Maquiavel, só há duas formas de governo: o Principado (governado por somente uma pessoa), e a República
(governado por mais de uma pessoa). Em O Príncipe, Maquiavel discorre quase que exclusivamente sobre a primeira
forma, como já anuncia logo no primeiro capítulo da obra, no qual também são apresentadas suas subdivisões
(principados hereditários ou novos, estes novamente divididos em inteiramente novos ou anexados).

A revolução em ciência política operada por Maquiavel, relativamente ao pensamento político clássico, consiste em
promover uma separação entre política e moral.[10] Essa separação fica mais clara justamente em O Príncipe, pois as
lições ali apresentadas visam exclusivamente à obtenção e manutenção do poder de Estado. Dessa maneira, em O
Príncipe não se verificam distinções, tais como apresentadas por Aristóteles, entre formas puras e impuras de governo,
estas resultantes de corrupções daquelas em razão de visarem ao bem do indivíduo ou grupo no poder, em vez de ao
bem comum.

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Príncipe 71/72
05/05/2019 O Príncipe – Wikipédia, a enciclopédia livre

77. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento


político moderno,Companhia das Letras,São
Paulo,1996. P 139.
49. GIANOLA, Franco (4 de janeiro de 2009). «Cesar 78. Strauss,Leo. Uma introdução à filosofia política. É
Borgia» (http://www.storiain.net/arret/num60/artic6.ht realizações editora, São Paulo:2016. p97
m) (em italiano). Storia in Network. Consultado em 10 79. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução de
de dezembro de 2010 Antonio Cauccio-caporale, L&PM Pocket:Porto
50. Weffort, Francisco; Sadek, Maria Tereza (2001). Alegre, 2011.
«Nicolau Maquiavel: o cidadão sem 'fortuna', o p75
intelectual de 'virtù'». Os clássicos da política, v. 1. São 80. Strauss,Leo.Uma introdução à filosofia política.É
Paulo: Ática. pp. 14–17 realizações editora, São Paulo, 2016. p98
51. Di Carlo, Josnei (2018). «Maquiavéis brasileiros: 81. Maquiavel, Nicolau. O Príncipe, tradução
notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil» (https:// deAntonio
www.academia.edu/37254665/Maquiav%C3%A9is_b Cauccio-Caporale, L&PM Pocket:Porto Alegre,
rasileiros_notas_sobre_leituras_de_Maquiavel_no_Br 2011.p80
asil). Tomo
82. Chevallier, Jean-Jacques (1982). História do
52. Skinner,Quentin. As fundações do pensamento pensamento político, tomo 1. Rio de Janeiro:
político moderno,Companhia das Letras,São Zahar.
Paulo,1996. P 111. pp. 265–266
Ligações externas
Il Principe (http://www.letteratura-italiana.com/pdf/letteratura%20italiana/05%20MACHIAVELLI%20Principe%20i
n%20italiano.pdf) (em italiano) Edição eletrônica do original publicado pela Einaudi, Torino, 1972.
Il Principe (http://www.ibiblio.org/ml/libri/m/MachiavelliNB_IlPrincipe/main_h.html) (HTML e-book)
O príncipe (http://books.google.com.br/books?id=5TNND40NXCkC&dq=isbn:8577150593&ei=ErSzR6CbMZGgyg
Tzys3EBQ) (em português) Edição integral bilíngue, 2007 (trad. José Antônio Martins)
O Príncipe (http://www.culturabrasil.pro.br/oprincipe.htm) (em português)
O Príncipe (dominio.publico.gov.br) (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=24134) (em português)
Il Principe di Niccolò Machiavelli e il suo tempo 1513 - 2013 (http://www.treccani.it/export/sites/default/machiavelli/
pdf/Vol.Machiavelli_ESTRATTO_isbn.pdf). Treccani, 2013. Extrato da obra (em italiano).
Concordanze per forma (http://www.classicistranieri.com/dblog/articolo.asp?articolo=815) (em italiano)
Niccolò Machiavelli - Opera Omnia (http://digilander.libero.it/opere_di_machiavelli/index.html) (em italiano)

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Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
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