Vous êtes sur la page 1sur 68

RECURSO CÍVEL Nº 5013981-15.2017.4.04.

7001/PR
RELATORA: JUÍZA FEDERAL NARENDRA BORGES MORALES
RECORRENTE: APARECIDO ROBERTO GALDINO ROCHA (AUTOR)
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)

VOTO
Alega o autor ser devido o reconhecimento do tempo de atividade
especial em que exerceu a atividade de trabalhador rural em indústria agropecuária
nos períodos de 29/04/1995 a 13/04/1998 e 01/06/1998 e 01/07/2002. Requer o
enquadramento por categoria profissional até a data da edição do Decreto n.
2.172/97. Além disso, alega que estava exposto a calor e herbicidas/nematicidas.
Sustenta deva ser utilizada prova técnica elaborada por perito imparcial, pois o
laudo elaborado pelo empregador é unilateral, divergindo da realidade. Apresenta
laudo com as razões recursais e pede que seja utilizado. No que diz respeito aos
períodos de 02/07/2002 a 06/12/2003 e 01/09/2004 a 16/11/2009, afirma o autor
que era motorista, exposto a calor, vibrações, poeiras, monóxido de carbono,
diesel, gasolina e ruídos. Para a avaliação do ruído, requer seja adotado o critério
dos picos de ruído. Requer assim a baixa dos autos em diligência para realização
de audiência ou subsidiariamente de perícia in loco. Em caso de entendimento
diverso, requer a reafirmação da DER.

Razões de voto.

De início, em relação a todos os períodos controversos, tenho que


não há a ocorrência de cerceamento de defesa. E isso porque apresentados PPP's,
que são documentos emitidos pelas ex-empregadoras do autor,
com presunção de veracidade, não há qualquer amparo legal para se afastar as
conclusões do documento e reconhecer o tempo de atividade especial com base
em outras provas, que manifestamente não têm o condão de comprovar o tempo
especial como, por exemplo, a prova testemunhal.

A esse respeito, a Turma Nacional de Uniformização já decidiu que


o cerceamento de defesa não pode ser constatado quando já constar dos autos
elementos suficientes para o julgamento da lide, não restando caracterizado
qualquer prejuízo para o autor na demonstração dos fatos e do direito alegados
na iniciais (PEDILEF 200572950003224, JUÍZA FEDERAL SÔNIA DINIZ
VIANA, TNU - Turma Nacional de Uniformização, DJU 15/03/2006).

Quanto à alegação de que houve preenchimento incorreto dos PPP's,


aplica-se o entendimento de que descabe ao Juízo conferir a alegação de erro no
preenchimento de formulários PPP, DSS-8030, laudo pericial e outros
documentos pelas empresas quando formalmente corretos porquanto essa
fiscalização é de ser feita por outras entidades, às quais se pode recorrer o
segurado, pessoalmente ou via sindicato profissional, como Ministério do
Trabalho, Conselhos Profissionais, Entidades Fazendárias e outros (IUJEF
0000160-10.2009.404.7195, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região,
Relator Paulo Paim da Silva, D.E. 27/07/2012).

Nesse sentido, afasto a possibilidade de utilização de laudo de outra


empresa como prova emprestada porque no presente caso houve apresentação da
documentação necessária ao deslinde da questão. Não é pelo resultado,
desfavorável ao autor, que se deve analisar laudo diverso.

Períodos de 29/04/1995 a 13/04/1998 e 01/06/1998 e 01/07/2002.

Nos termos dos PPP's apresentados, nos períodos controversos, o


autor trabalhou na atividade de trabalhador rural, no setor agrícola, na Usina
Central do Paraná S/A Agric. Ind. e Comércio e na Fazenda Santa Mercedes,
respectivamente (evento 10, PROCADM1, p. 79 a 85). O autor exercia as
seguintes atividades: cortar cana-de-açúcar queimada ou não, colher café,
efetuar a capina de carreadores e culturas, auxiliar no plantio de cana e café,
efetuar reparos em cercas e currais, manter as ferramentas afiadas. Apresentou
também laudo técnico (evento 10, PROCADM1, p. 105 a 138, em especial p. 107,
e PROCADM2, p. 1 a 13), no qual consta que havia exposição a radiação não
ionizante (raios solares), de forma habitual e permanente, e a agentes químicos -
herbicidas e nematicida - de forma ocasional e intermitente.

No que diz respeito ao reconhecimento de tempo de atividade


especial, Até 28-04-1995 é admissível o reconhecimento da especialidade por
categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos, aceitando-se qualquer
meio de prova (exceto para ruído e calor); a partir de 29-04-1995 não mais é
possível o enquadramento por categoria profissional, devendo existir
comprovação da sujeição a agentes nocivos por qualquer meio de prova até 05-
03-1997 e, a partir de então, por meio de formulário embasado em laudo técnico,
ou por meio de perícia técnica (TRF4, REOAC 0007363-79.2011.404.9999,
Sexta Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 31/05/2013).

Sendo assim, a possibilidade de reconhecimento da atividade por


enquadramento em categoria profissional se limita à data de edição da Lei n.
9.032/95. Para os períodos controversos, o autor precisa demonstrar a exposição a
agentes nocivos para que a atividade seja considerada especial.

Nos PPP's consta como agente nocivo a radiação não ionizante


gerada por raios solares. Tendo em vista que não se trata de fonte artificial de calor,
mesmo alegando o autor que se expunha a altas temperaturas, não se pode
reconhecer a especialidade da atividade para fins previdenciários por ausência de
previsão legal.

No que diz respeito à exposição a agentes químicos, o laudo indica


que a exposição se dava de forma ocasional e intermitente, não caracterizando,
assim, a especialidade da atividade.
Períodos de 02/07/2002 a 06/12/2003 e 01/09/2004 a 16/11/2009.

Nesses períodos o autor trabalhou como motorista "C" da Usina


Central do Paraná S/A Agricultura, Indústria e Comércio, conforme PPP (evento
10, PROCADM1, p. 87 a 93). O autor exerceu as seguintes atividades: efetuar o
transporte de máquinas agrícolas até o local onde será realizada a operação,
dirigir veículo de combate a incêndio, transportar cana-de-açúcar, com cargas
superiores a 10t. Apresentou laudo técnico (evento 10, PROCADM1, p. 105 a 138
e PROCADM2, p. 1 a 13, em especial p. 7 e 9).

O PPP indicou a exposição a ruído de 81,53 dB(A), inferior ao


limite de tolerância.

Não se pode considerar o critério de picos de ruído, mas a média


ponderada de sua exposição. Em caso de não ser possível analisar a média
ponderada, possível que se utilize a média aritmética simples, nos termos de
decisão da Turma Nacional de Uniformização:

PEDIDO DE
UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO
DE CONTRIBUIÇÃO. TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE NOCIVO
RUÍDO. CANCELAMENTO DA SÚMULA 32 TNU. PERÍODO ENTRE
05/03/1997 E 18/11/2003. NÍVEIS VARIADOS. NÃO APURAÇÃO DA MÉDIA
PONDERADA. MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES. AFASTAMENTO DA
TÉCNICA DE "PICOS DE RUÍDO". INCIDENTE PARCIALMENTE PROVIDO.
... 13. No caso ruído com exposição a níveis variados sem indicação de média
ponderada, segundo o entendimento firmado pela TNU nos julgados PEDILEF
50012782920114047206 (Rel. Juiz Federal Luiz Claudio Flores da Cunha, DOU
23/05/2014), PEDILEF 200972550075870 (Rel. Juiz Federal Herculano Martins
Nacif, DOU 03/05/2013) e PEDILEF 201072550036556 (Rel. Juiz Federal Adel
Américo de Oliveira, DOU 17/08/2012), deve ser realizada a média aritmética
simples entre as medições de ruído encontradas, afastando-se a técnica de "picos
de ruído", a que considera apenas o limite máximo da variação. 14. Incidente
conhecido e parcialmente provido para (i) reafirmar a tese de que para o
reconhecimento de tempo especial, as atividades exercidas até 05/03/1997, a
intensidade de ruído deve ser acima de 80 decibéis; de 06/03/1997 a 18/11/2003,
acima de 90 decibéis; e a partir de 19/11/2003 (Decreto nº 4.882/2003), acima
de 85 decibéis; (ii) reafirmar a tese de que se tratando de agente nocivo ruído
com exposição a níveis variados sem indicação de média ponderada, deve ser
realizada a média aritmética simples, afastando-se a técnica de "picos de ruído"
(a que considera apenas o nível de ruído máximo da variação); (iii) determinar
o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para adequação do julgado
segundo as premissas ora fixadas, nos termos da Questão de Ordem nº 20 da
TNU. 15. Julgamento nos termos do artigo 7º, inciso VII, alínea "a", do RITNU,
servindo como representativo de controvérsia.Acordam os membros da TNU -
Turma Nacional de Uniformização DAR PARCIAL PROVIMENTO ao incidente
de uniformização interposto, nos termos do voto-ementa da Juíza Federal
Relatora.
(PEDILEF 50025438120114047201, JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, TNU,
DOU 17/10/2014 PÁG. 165/294.)

No presente caso, o nível de ruído indicado no PPP consta no laudo


como a média ponderada do ruído a que estava sujeito o trabalhador (NEN).
Assim, não há que se considerar qualquer outro nível como exposição do autor ao
ruído.

Reafirmação da DER.

A possibilidade de reafirmação da DER é referendada pela Turma


Regional de Uniformização da 4ª Região, ainda que não tenha havido pedido
formulado na inicial:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. PREVIDENCIÁRIO.


REAFIRMAÇÃO DA DER. CÔMPUTO DE TEMPO POSTERIOR AO
ENCERRAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE.
PEDIDO PROVIDO. 1. reafirmação do entendimento desta Turma Regional de
Uniformização no sentido de que " é direito do trabalhador ter reconhecido,
mesmo em segunda instância, tempo superveniente ao encerramento do processo
administrativo para fins de concessão de aposentadoria, mediante aplicação do
art. 462 do CPC, mediante requerimento expresso até o recurso inominado."
(IUJEF nº 5002596-19.2012.4.04.7107/RS, Rel. Juiz Federal Osório Ávila Neto,
DJe 02.10.2015). 2. Pedido provido, com retorno dos autos à Turma Recursal de
origem para fins de adequação. (5004012-45.2014.404.7206, TURMA
REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator LEONARDO
CASTANHO MENDES, juntado aos autos em 05/06/2017)

A data limite para a reafirmação, de acordo com a Turma Regional


de Uniformização da 4ª Região, é a data da interposição do recurso inominado:

PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE


JURISPRUDÊNCIA. REAFIRMAÇÃO DA DER. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE
FÁTICA E JURÍDICA ENTRE OS ACÓRDÃOS. REEXAME DE PROVA.
IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PEDIDO INDEVIDO.
1. Admite-se a reafirmação da DER após o encerramento do processo
administrativo e independentemente de novo requerimento naquela via, desde
que seja deduzido requerimento expresso e fundamentado no processo judicial
até a interposição de recurso inominado contra a sentença. 2. A ausência de
similitude fático-jurídica entre o acórdão recorrido e os precedentes apontados
como paradigmas leva ao não conhecimento do incidente de uniformização. 3.
Inadmissível, igualmente, pedido de uniformização que implique reexame de
matéria de fato. 4. A decisão da Turma Regional de Uniformização que não
determina o restabelecimento da sentença recorrida não gera o efeito de
estipular os honorários advocatícios. 5. Incidente regional de uniformização não
conhecido. (5004939-43.2016.404.7108, TURMA REGIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator CAIO ROBERTO SOUTO DE
MOURA, juntado aos autos em 29/08/2017)
Como a parte autora não comprovou o exercício de atividade
laborativa ou de recolhimento de contribuições previdenciárias após a DER, não
há possibilidade de analisar o pedido para reafirmar a DER. Nesse sentido o
entendimento da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região:

INCIDENTE REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE


JURISPRUDÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. REAFIRMAÇÃO DA DER.
POSSIBILIDADE, SEGUNDO ENTENDIMENTO DA TNU E DESTA TRU.
NECESSIDADE DE ALEGAÇÃO DA REAFIRMAÇÃO ATÉ O MOMENTO DA
INTERPOSIÇÃO DO RECURSO INOMINADO. QUESTÃO DE ORDEM N.º 013
DA TNU. NÃO CONHECIMENTO. 1. É possível a reafirmação da DER
(cômputo do tempo de serviço / contribuição posterior à data de entrada do
requerimento na esfera administrativa), desde que respeitados os limites da
demanda posta em juízo (adstrição ao pedido e à causa de pedir), e desde que
comprovado, nos autos, o efetivo exercício de atividade ou a realização das
contribuições correspondentes. 2. Conquanto a Turma Recursal possa reafirmar
a DER, de ofício, se não formulado tal pleito no recurso inominado perde a parte
o direito de que assim se proceda. 3. É que permitir que o pedido de reafirmação
da DER seja formulado em sucessivos embargos de declaração opostos em face
de acórdão de Turma Recursal seria eternizar a discussão acerca do termo final
para cômputo do tempo necessário para a concessão
da aposentadoria pretendida na via judicial. 4. Aplicação da Questão de Ordem
n.º 013 da TNU. 3. Pedido regional de uniformização de jurisprudência não
conhecido. (5006017-68.2013.404.7111, TURMA REGIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator DANIEL MACHADO DA ROCHA,
juntado aos autos em 06/12/2016)

Condeno o recorrente vencido (AUTOR) ao pagamento de


honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor da causa, cuja
execução deve permanecer suspensa enquanto o recorrente permanecer sob a
proteção da Assistência Judiciária Gratuita.

Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

Documento eletrônico assinado por NARENDRA BORGES MORALES, Juíza Relatora, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de
março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 700005214506v6 e do código CRC 468d0f71.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): NARENDRA BORGES MORALES
Data e Hora: 3/8/2018, às 18:40:3

5013981-15.2017.4.04.7001
700005214506 .V6
Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:39:14.

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
Gab. Juíza Federal NARENDRA BORGES MORALES (PR-4C)
Rua Voluntários da Pátria, 532, 5ª andar - Bairro: Centro - CEP: 80020-000 - Fone: (41) 3321-6541 -
www.jfpr.jus.br - Email: prctbdatr@jfpr.jus.br

RECURSO CÍVEL Nº 5013981-15.2017.4.04.7001/PR


RELATORA: JUÍZA FEDERAL NARENDRA BORGES MORALES
RECORRENTE: APARECIDO ROBERTO GALDINO ROCHA (AUTOR)
ADVOGADO: THIAGO BUENO RECHE
ADVOGADO: CLAUDIO ITO
ADVOGADO: ROGERIO ZARPELAM XAVIER
ADVOGADO: CYNTHIA RODRIGUES PEREIRA LUCIO
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)

ACÓRDÃO
A 4ª Turma Recursal do Paraná, por unanimidade, decidiu NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO.
Curitiba, 15 de agosto de 2018.

Documento eletrônico assinado por NARENDRA BORGES MORALES, Relatora do Acórdão, na


forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17,
de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço
eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 700005422557v2 e do código CRC 52cd3eed.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): NARENDRA BORGES MORALES
Data e Hora: 17/8/2018, às 18:23:3
5013981-15.2017.4.04.7001
700005422557 .V2

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:39:14.

RECURSO CÍVEL Nº 5000757-65.2017.4.04.7112/RS


RELATOR: JUIZ FEDERAL SELMAR SARAIVA DA SILVA FILHO
RECORRENTE: JORGE BARRETO BRANDAO (AUTOR)
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)

VOTO
Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença
que julgou o pedido da exordial nos seguintes termos:

(...) julgo parcialmente procedentes os pedidos formulados na presente ação,


resolvendo o mérito, nos termos do artigo 487, inciso I, do Novo Código de
Processo Civil, para o fim de:

- declarar que o trabalho, abaixo relacionado, foi prestado em condições


especiais e que a parte autora tem direito à sua conversão para tempo comum
com acréscimo;

Data inicial
05/07/1976
14/02/1977
12/02/1981
02/09/1986
03/03/1982
- determinar ao INSS que averbe o tempo reconhecido, somando-o ao tempo de
serviço/contribuição já admitido administrativamente com eventuais acréscimos
cabíveis;

- determinar ao INSS que implante, em favor da parte autora, a aposentadoria a


que tem direto (NB 42/174.128.480-2) conforme reconhecido na fundamentação
supra na sistemática de cálculo mais benéfica;

- condenar o INSS a pagar as parcelas vencidas e não pagas, decorrentes do


direito aqui reconhecido, desde a presente sentença, devidamente acrescidas de
correção monetária e juros de mora nos termos da fundamentação.

A parte autora busca, em suma, o reconhecimento da especialidade


do período de 14/03/1975 a 23/01/1976, laborado na empresa Amadeo Rossi S/A,
como aprendiz SENAI, bem como a "reafirmação da DER".

Tempo especial

Examino o pedido, declinando, inicialmente, os parâmetros


adotados para o julgamento.

Especificamente acerca da prova do tempo especial, o art. 58 da Lei


de Benefícios (com a redação dada pelas Leis nº 9.528/97 e 9.732/98) e o art. 68
do Decreto nº 3.048/99 não dão margem a dúvidas quanto à verificação de que, no
âmbito previdenciário, a comprovação da especialidade dá-se pela forma
documental, isto é, por meio de formulário emitido pelo empregador e
disponibilizado ao segurado, formulário esse - desde a edição da IN/INSS/DC nº
96/2003, o PPP - que deve ter lastro em laudo técnico de condições ambientais
de trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança nos
termos da legislação trabalhista e estampar as atividades desenvolvidas pelo
trabalhador no período laboral e o resultado das avaliações ambientais e da
monitoração biológica, com remissão (a) aos agentes nocivos químicos, físicos
e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade
física a que esteve exposto e (b) às informações sobre existência de tecnologia
de proteção coletiva ou individual e de sua eficácia, além da identificação dos
responsáveis pelas avaliações ambientais e pela monitoração biológica e dos dados
administrativos correspondentes.

Dito isso, convém registrar quatro observações preliminares:

1ª. O PPP, a fim de ser considerado regular, deve apresentar as


informações básicas referentes a (a) dados administrativos da
empresa e do trabalhador; (b) registros ambientais; (c) resultados de
monitoração biológica, quando exigível; (d) dados referentes a EPC
(para o período posterior a 13/10/1996) e EPI (para o período
posterior a 03/12/1998), se for o caso; (e) responsável(is) pelas
informações (Responsável Técnico habilitado, com registro no
CREA, tratando-se de engenheiro de segurança do trabalho, ou
CRM, no caso de médico do trabalho) e (f) assinatura do
representante legal da empresa ou seu preposto ("O PPP é prova do
exercício de atividade especial se estiver corretamente preenchido
em todos os seus campos, sem irregularidades formais, com base em
registros colhidos por profissional legalmente habilitado" - 5051227-
24.2012.404.7000, TRU da 4ª Região, Relatora p/ Acórdão Luciane
Merlin Clève Kravetz, juntado aos autos em 30/03/2015).

2ª. O PPP é também considerado regular nas seguintes


hipóteses, em que pese apresente meramente valor de formulário de
informações sobre atividades exercidas em condições especiais (na
linha dos anteriores SB-40, DIRBEN-8030 e DSS-8030):

(a) quando, emitido apenas para comprovar o enquadramento por


categoria profissional para as atividades exercidas até 28/04/1995,
deixar de apresentar dados referentes a registros ambientais;

(b) quando, destinado a comprovar a submissão a agentes nocivos, à


exceção do ruído, para o período até 05/03/1997, deixar de indicar o
responsável pelos registros ambientais;

(c) quando, destinado a comprovar a submissão a agentes nocivos


para o período até 13/10/1996 e 03/12/1998, deixar de apresentar
informações acerca de EPC e EPI eficaz, respectivamente, em
descompasso com os registros ambientais da empresa; e

(d) quando nele constar nome de responsável técnico pelos registros


ambientais, ainda que não abarque integralmente o período de labor
e/ou que nas observações finais haja referência ao fato de que a
exposição a fatores de risco foi extraída de laudo elaborado anterior
ou posteriormente (aplicação da Súmula nº 68 da TNU), situação em
que se considera que a empresa responsabiliza-se pela informação
de que as condições aferidas no laudo extemporâneo (LTCAT,
PPRA etc.) retratam fielmente o ambiente de trabalho existente no
período efetivamente laborado, isto é, que não houve alteração
significativa no ambiente de trabalho ou em sua organização entre
o tempo de vigência do liame empregatício e a data da confecção do
documento.

3ª. Nos casos de PPP irregular ou regular incompleto no tocante


a determinado intervalo que se pretenda ver reconhecido - a
exemplo da falta de indicação dos fatores de risco (para qualquer
período) ou do responsável pelos registros ambientais (para o
período posterior a 06.03.1997 e, a qualquer tempo, para o
ruído) -, quando o segurado não logre substituí-lo por novo
documento regular e/ou completo ao longo da instrução, a
comprovação dependerá:

(a) da apresentação de laudo técnico contemporâneo (ou documento


substitutivo - PPRA, PCMSO etc.);

(b) inexistindo registros ambientais contemporâneos à prestação do


labor, da apresentação (i) de documento anterior ou posterior à
prestação do trabalho (Súmula nº 68 da TNU), desde que não haja
indícios de que tenha ocorrido alteração relevante no ambiente de
trabalho ou em sua organização entre o período laborado e a data da
confecção, (ii) de laudos técnico-periciais realizados na mesma
empresa, emitidos por determinação da Justiça do Trabalho, em
ações trabalhistas, individuais ou coletivas, acordos ou dissídios
coletivos, ainda que o segurado não seja o reclamante, desde que
relativas ao mesmo setor, atividades, condições e local de trabalho,
bem como por determinação do Ministério do Trabalho ou do
Ministério Público do Trabalho (desde que dela tenha tido ciência,
com oportunidade de participar, o empregador), ou, ainda, (iii) de
laudos individuais autorizados pela empresa, a cuja confecção tenha
sido oportunizado o acompanhamento por preposto seu.

4ª. O Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, se regular,


dispensa a apresentação de laudo técnico (AgRg no REsp
1340380/CE, STJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 06/10/2014; PEDILEF
50379486820124047000, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO
MONTEIRO, TNU, DOU 31/05/2013 pág. 133/154), que, porém, é
exigível (a) quando estiver incompleto (por nele não estarem
registrados a submissão a agentes nocivos para determinado, por
exemplo), (b) quando verificada alguma inconsistência nos dados
estampados no documento ou (c) quando houver dúvida em relação
a algum aspecto de seu preenchimento. Eventual inconformidade
entre os dados do PPP e os registros ambientais da empresa,
desrespeitando a congruência que devem manter, acarretará a
prevalência desses últimos.

Uma 5ª (quinta) observação, consubstanciada na impugnação dos


documentos emitidos pela empresa atinentes às suas demonstrações ambientais,
merece destaque.

A desconstituição do formulário voltado à comprovação


do tempo especial e/ou de outros registros das condições ambientais de trabalho é
controvérsia afeta às feições da relação empregatícia e, portanto, matéria que
extravasa o litígio travado com a Previdência Social (objeto litigioso do processo
judicial previdenciário), sendo dirimível apenas pela Justiça do Trabalho, nos
termos da norma de competência definida na Constituição Federal, art. 114, a
quem caberá eventualmente, em ação declaratória (imprescritível), compelir o
empregador a emitir os papeis que espelhem a concreta situação laboral, caso
confirmada a inveracidade de seu conteúdo. É dizer, consoante já decidiu o TST,
que "se a causa de pedir (remota e próxima) e o pedido têm origem no contrato
de trabalho e nas figuras de empregador e empregado, resta indubitável a
competência material da Justiça do Trabalho para julgar o conflito, nos termos
do art. 114, I, da Constituição Federal, ainda que se trate de obrigação acessória
ao contrato de trabalho, qual seja a de o empregador fornecer documento para
que o empregado se habilite junto ao INSS para solicitar benefício
previdenciário"; por outro lado, "a obrigação de fazer imposta à reclamada é
restrita à expedição de novo PPP, cabendo ao INSS decidir se a realidade laboral
vivenciada pelo empregado dá ensejo à aposentadoria especial ou não" (Tribunal
Superior do Trabalho - AIRR - 116340-12.2006.5.03.0033 , Relator Ministro:
Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 22/09/2010, 1ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 01/10/2010), com o que se deslinda o foco de eventual ação
previdenciária perante a Justiça Federal: a revisão (judicial review) da
postura da Autarquia Previdenciária dentro daquilo que a ela
cabe legalmente avaliar, isto é, a aferição da satisfação dos pressupostos da
aposentadoria especial com base na "realidade laboral vivenciada pelo
empregado" devidamente documentada (preferencialmente no PPP). A
respeito dessa temática, é elucidativa a leitura de alguns precedentes do TST e
TRT4 (RS):

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECURSO DE


REVISTA EM AÇÃO DECLARATÓRIA. RECLAMAÇÃO PLÚRIMA MOVIDA
CONTRA O EMPREGADOR PARA APURAÇÃO TÉCNICA DE CONDIÇÕES
AMBIENTAIS DE TRABALHO. RECURSO DO INSS. COMPETÊNCIA
JURISDICIONAL. AÇÃO DE NATUREZA NITIDAMENTE TRABALHISTA, E
NÃO PREVIDENCIÁRIA. INGRESSO DO INSS NO FEITO, COMO MERO
ASSISTENTE, QUE NÃO COMPORTA O DESLOCAMENTO DA
COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO
ART. 109, I, DA CONSTITUIÇÃO, MERECENDO CONFIRMAÇÃO O
DESPACHO AGRAVADO AO ENTENDER AUSENTES, NA HIPÓTESE, OS
PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA. O acórdão
regional, ao proclamar que não estão em discussão aspectos técnicos acerca da
viabilidade, ou não, para os autores, de aposentadorias especiais - esta, sim, uma
questão previdenciária -, mas tão somente a obrigação patronal de reconhecer,
a partir de verificação por perito do Juízo, condições ambientais nocivas de
trabalho dos empregados para que eles possam, noutra esfera, -acionar o estudo
acerca da viabilidade de aposentadorias especiais-, deixa clara a observância,
no caso, dos limites jurisdicionais da competência trabalhista, não incidindo,
portanto, em vulneração do art. 109, I, da Constituição. Decisão que limitou-se
a julgar cabível, no âmbito trabalhista, a apuração pericial das condições de
trabalho e a emissão de formulário antes conhecido como DSS (DIRBEN)
8030, hoje, PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) para que, -aí sim ao
leito da legislação previdenciária e em contraditório outro-, os trabalhadores
venham a discutir a questão previdenciária daí resultante junto ao INSS.
Precedentes. Agravo de instrumento não provido. (AIRR - 60741-
19.2005.5.03.0132 , Relator Juiz Convocado: Flavio Portinho Sirangelo, Data
de Julgamento: 17/11/2010, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/11/2010)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


FORMULÁRIO PPP E LAUDO TÉCNICO CORRELATO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. Nos termos do art. 114 da Constituição
Federal, compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios
individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, incluindo outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, inclusive o formulário PPP e
laudo técnico correlato, em razão da relação de emprego mantida pelo
reclamante com a empregadora. Agravo conhecido e desprovido. (AIRR - 61240-
87.2005.5.03.0007 , Relator Juiz Convocado: José Ronald Cavalcante Soares,
Data de Julgamento: 01/11/2006, 6ª Turma, Data de Publicação: DJ 24/11/2006)

RECURSO DE REVISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ART.


114, I, da CF/88. OBRIGAÇÃO DE FAZER. PREECHIMENTO DA GUIA
PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO- PPP. trabalho sob
condições de risco acentuado à saúde. produção de prova. A guia do Perfil
Profissiográfico Previdenciário - PPP - deve ser emitida pelo empregador e
entregue ao empregado quando do rompimento do pacto laboral, com base em
laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, nos exatos termos da
legislação previdenciária, contendo a relação de todos os agentes nocivos
químicos, físicos e biológicos e resultados de monitoração biológica durante todo
o período trabalhado, em formulário próprio do INSS, com preenchimento de
todos os campos (art. 58, parágrafos 1º a 4º, da Lei 8.213/1991, 68, §§ 2º e 6º,
do Decreto 3.048/1999, 146 da IN 95/INSS-DC, alterada pela IN 99/INSS-DC e
art. 195, § 2º, da CLT). A produção de prova, para apuração ou não de labor
em reais condições de risco acentuado à saúde e integridade física do
trabalhador, mesmo para fazer prova junto ao INSS visando à obtenção da
aposentadoria especial, por envolver relação de trabalho, é da competência
desta Justiça Especializada, art. 114, I, da CF, e não da Justiça Federal. Há
precedentes. A mera entrega da PPP não impede que a Justiça do Trabalho
proveja sobre a veracidade de seu conteúdo. Recurso de revista conhecido e
provido" (RR-18400-18.2009.5.17.0012, Relator Ministro: Augusto César Leite
de Carvalho, 6ª Turma, DEJT 30/09/2011).

RECURSO DE REVISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


EMISSÃO DO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO.
OBRIGAÇÃO TÍPICA DA RELAÇÃO DE TRABALHO. ARTIGO 114, I, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. O artigo 58, § 4º, da Lei nº 8.213/91, ao
estipular que 'a empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil
profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e
fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica
desse documento', impõe obrigação típica da relação de trabalho, ainda que
tenha implicações previdenciárias; logo, trata-se de matéria abrangida pela
competência da Justiça do Trabalho. Recurso de revista provido. (RR-271000-
52.2005.5.12.0031, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, 3ª
Turma, DEJT 18/03/2011).

RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. EMISSÃO DE PERFIL


PROFISIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO - PPP. NÃO INCIDÊNCIA. Nos
termos do §1º do artigo 11 da CLT, os prazos prescricionais atinentes ao direito
de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, não se aplicam
às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à
Previdência Social. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (RR-617-
72.2010.5.03.0107, Relator Ministro: Emmanoel Pereira, Data de Julgamento:
20/2/2013, 5ª Turma, Data de Publicação: 1/3/2013)

RECURSO DE REVISTA. 1. PRESCRIÇÃO. DECLARAÇÃO DE DIREITOS.


COMPROVAÇÃO. PREVIDÊNCIA SOCIAL. ARTIGO 11, § 1º, DA CLT. O
artigo 11, § 1º, da CLT declara a imprescritibilidade das ações que tenham como
finalidade a obtenção de informações que devam ser fornecidas pelo
empregador, ainda que, em seu conteúdo, comine-se a este a obrigação de fazer
as anotações relevantes à condição de segurado ou entregar documento que
contenha tais informações. Nota-se, assim, que a imprescritibilidade a que se
refere o dispositivo não se circunscreve às ações meramente declaratórias, mas
abrange qualquer modalidade de ação que tenha como finalidade a certificação
de situações fáticas necessárias à comprovação de algum direito junto à
Previdência Social, como ocorreu no presente caso. Precedentes. Recurso de
revista não conhecido." (RR-1195-96.2010.5.03.0022, Relator Ministro:
Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 13/11/2012, 5ª Turma,
Data de Publicação: 16/11/2012)

INTERVALO INTRAJORNADA. FRACIONAMENTO. PREVISÃO EM NORMA


COLETIVA. INVALIDADE. (...) RETIFICAÇÃO DO PERFIL
PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO - PPP. INSALUBRIDADE
APURADA EM JUÍZO. 1. Nos termos do § 1º do artigo 58 da Lei n.º 8.213/91,
o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP é o documento pelo qual o
trabalhador segurado faz prova junto ao INSS da sua exposição a agentes
nocivos no desempenho de suas funções, de modo a ter jus à
aposentadoria especial. Ainda segundo o referido dispositivo, a empresa ou seu
preposto são os responsáveis pela emissão do referido documento atestando as
condições especiais de trabalho, com base em laudo técnico de condições
ambientais de trabalho. 2. Diante disso, constatada em Juízo a existência de
insalubridade nas condições de trabalho do empregado, é lícita a ordem de
retificação do documento PPP pela empregadora, de modo a atender
plenamente o comando do artigo 58, § 1º, da Lei n.º 8.213/91. 3. Agravo de
instrumento a que se nega provimento. (AIRR - 352-95.2010.5.03.0034 , Relator
Ministro: Lelio Bentes Corrêa, Data de Julgamento: 22/05/2013, 1ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 31/05/2013)

RECURSO DO RECLAMANTE. Competência da Justiça do Trabalho.


Retificação do Perfil Profissiográfico Previdenciário. Atividade insalubre. A
Justiça do Trabalho é competente para julgar demanda entre empregado e
empregador, na qual aquele pretende obrigar este a expedir o
documento PPP com as informações acerca da natureza insalubre de suas
atividades. Recurso provido neste item. Nulidade do processo. Cerceamento de
defesa. Prova pericial. Local de trabalho desativado. Perícia em outro local. O
fechamento do local de trabalho do reclamante é insuficiente para impedir a
realização da perícia quando as mesmas atividades estiverem sendo realizadas
pela reclamada em local diverso, configurando cerceamento de defesa o
indeferimento da prova. Recurso provido neste tópico (TRT4 - PROCESSO:
0000896-33.2014.5.04.0352 RO, Rel. Des. Marcelo Gonçalves de Oliveira, j.
12/08/2015)

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. DEVER DE DOCUMENTAÇÃO


AMBIENTAL DO EMPREGADOR. DIREITO DE INFORMAÇÃO DO
TRABALHADOR. PRESUNÇÃO DE NEXO ENTRE O AGRAVO À SAÚDE DO
TRABALHADOR E O SERVIÇO PRESTADO. 1. A documentação da existência
ou não de condições ambientais nocivas e de risco à saúde e à segurança do
empregado incumbe ao empregador. Estas obrigações ambientais desdobram-
se, em sede processual, no dever do empregador de demonstrar, nos autos, de
forma cabal, o correto cumprimento das medidas preventivas e compensatórias
adotadas no ambiente de trabalho, para evitar danos aos trabalhadores. 2.
Obrigatoriedade de fornecimento do PPP - perfil
profissiográfico previdenciário pelas empresas, documento no qual devem
constar todas as informações relativas ao empregado, a atividade que exerce, o
agente nocivo ao qual está exposto, a intensidade e a concentração do agente,
exames médicos clínicos, além de dados referentes à empresa. Inteligência do
art. 157 da CLT, c/c art. 19, §1º, e art. 58, §4º, da Lei 8213/91, e NR 09, do MTE.
(...) (PROCESSO: 0001122-68.2013.5.04.0030 RO, 2ª Turma, Rel. Des. Marcelo
José Ferlin D'Ambroso, j. 27/08/2015)

A questão da delimitação das atribuições da Justiça Federal e da


Justiça do Trabalho, dentro do âmbito de suas competências constitucionais, foi
bem analisada no primeiro precedente, verbis:

[N]ão se verifica a vulneração do art. 109, I, da Constituição da República,


sendo por demais evidente que não se trata, no caso, de ação de previdenciária,
até porque nenhuma cominação foi postulada e, portanto, deferida, contra os
interesses da autarquia da Previdência. O INSS, como ressalta o despacho
agravado, foi admitido como mero assistente, sendo a ação de natureza
nitidamente trabalhista, já que destinada à apuração do trabalho em ambiente
nocivo. É incensurável, aliás, o acórdão regional, ao proclamar que não estão
aqui em discussão aspectos técnicos acerca da viabilidade, ou não, para os
autores, de aposentadorias especiais - esta sim uma questão previdenciária -,
mas tão somente a obrigação patronal de reconhecer as condições de trabalho
desses empregados para que eles possam "acionar o estudo acerca da
viabilidade de aposentadorias especiais, aí sim ao leito da legislação
previdenciária e em contraditório outro", para concluir: "Certo é que, de acordo
com as conclusões periciais, a Empresa se obriga a fornecer o que era antes
conhecido como DSS (DIRBE) 8030, hoje, PPP" (fl. 82 - esclareço: Perfil
Profissiográfico Previdenciário - PPP).

Como se vê, não há como atinar pela alegada afronta à competência da Justiça
Federal, esta prevista no art. 109, I, da Constituição Federal, já que a ação,
destinada a elucidar as condições de trabalho e obter o direito dos empregados
à declaração patronal acerca dessas condições, é nitidamente trabalhista.

É da competência da Justiça do Trabalho conhecer das condições laborais do


empregado, para fins de emissão pela empresa do formulário DIRBEN-8030
(ou, em outros momentos, dos formulários SB-40, DSS-8030 e PPP). Conforme
bem esclareceu o Tribunal a quo, a questão disposta na pretensão inicial tem
origem no ambiente de trabalho, cuidando a espécie de declaração da realidade
funcional, para se determinar à empresa o cumprimento da formalidade que
lhe diz respeito, para que, munido desta documentação, possa o trabalhador
pleitear junto ao órgão previdenciárioestatal a averbação do tempo de serviço
para o cálculo da aposentadoria especial.

Não suficiente, a constatação de os dados do PPP não se revestem


de veracidade ou fidedignidade tem repercussões administrativas (art. 58, par. 3º,
da Lei de Benefícios c/c 68, par. 2º, do Decreto n. 3.048/99), trabalhistas (art. 192
da CLT - adicional de insalubridade), tributárias (art. 22, II, da Lei nº. 8.212/91 -
adicional de contribuição previdenciária) e penais (arts. 297 e 299 do Código Penal
- crimes de falsificação de documento público e falsidade ideológica), razão por
que, salvo impossibilidade, a correção dependeria da ciência e da oportunidade de
participação do empregador, em nome do contraditório, da ampla defesa e da
isonomia.

Perante a Justiça Federal (assim como perante o INSS), poderá ser


contestado o PPP ou alguma demonstração ambiental da empresa apenas por meio
de prova preconstituída oriunda da Justiça do Trabalho, do Ministério do Trabalho
e Previdência Social e do Ministério Público do Trabalho, desde que dela tenha
tido ciência, com oportunidade de participar, o empregador, ou derivada do
próprio estabelecimento empresarial, impugnando-se, por exemplo, (a)
a regularidade do PPP por meio da comprovação de que contém informações
contrárias ou conflitantes com o laudo no qual se embasa, hipótese em que, se
viável, será aplicado o respectivo LTCAT ou PPRA, ou (b) a regularidade do
próprio LTCAT ou PPRA por meio da apresentação de outras demonstrações
ambientais pertinentes à própria empresa que contradigam o seu teor, inclusive as
constantes em laudos técnico-periciais realizados no mesmo estabelecimento
emitidos por determinação da JT, do MTPS ou do MPT (NR-15, itens 15.5, 15.6
e 15.7), que serão substitutivamente utilizados no foro previdenciário, sem
prejuízo de eventual representação para os fins de apuração da responsabilidade
civil, administrativa, fiscal e criminal cabível. Apenas se for verificada omissão
ou contradição insuperável nos registros ambientais da empresa capaz de
impedir que se chegue a conclusão favorável ou desfavorável ao
enquadramento da especialidade é que se poderá lançar mão dos meios de
prova subsidiários (na forma dos arts. 443, II, quanto à prova testemunhal, 464,
par. 1º, II, a contrario sensu, quanto à pericial, ambos do NCPC), na linha, aliás,
do autorizado à própria Autarquia Previdenciária, no processo administrativo,
quando exigida a sua atuação fiscalizatória para confirmação das informações
contidas no PPP ou nos demais registros ambientais por meio da inspeção no
local de trabalho e/ou da oitiva de testemunhas (arts. 68, par. 7º, 142-151, e 225,
III, do Decreto nº 3.048/99; arts. 298, 574-600 e 686, da IN INSS/PRES nº
77/2015).

Logo, sobretudo quando estão disponíveis o PPP regular e/ou os


registros ambientais da empresa, é descabida a realização de perícia, seja na
esfera administrativa, seja ao longo da instrução do processo
judicial previdenciário ("A comprovação da especialidade das atividades
desenvolvidas pelo segurado é ônus que lhe incumbe, o que deve fazer mediante
apresentação de formulários expedidos pela empregadora. Eventual
inconformismo deve ser deduzido em sede e momentos oportunos, que não em
demanda previdenciária em curso, já que não cabe à Justiça Federal 'conferir' a
correção dos dados ali lançados" - 5007721-50.2012.404.7112, TRU da 4ª Região,
Relator p/ Acórdão Fernando Zandoná, juntado aos autos em 17/10/2014;
5016420-42.2012.404.7108, TRU da 4ª Região, Relator Daniel Machado da
Rocha, juntado aos autos em 14/04/2014; 5008092-60.2011.404.7108, TRU da 4ª
Região, Relator p/ Acórdão Alessandra Günther Favaro, juntado aos autos em
17/12/2014).

Ademais, não configura o cerceamento de defesa o julgamento


da causa sem a produção de prova testemunhal ou pericial. Saliento,
outrossim, que o microssistema dos Juizados Especiais Federais apresenta, entre
suas notas diferenciadoras do procedimento ordinário, a liberdade do magistrado
para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para
dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica (art. 1º da Lei n.º
10.259/2001 c/c art. 5º, Lei n.º 9.099/1995); sem qualquer ofensa aos princípios
do contraditório e ampla defesa.

Oportuno se faz também, em uma 6ª (sexta) e última observação,


adentrar o exame da comprovação de eventual tecnologia de proteção coletiva ou
individual e de sua eficácia quanto à neutralização da agressividade do agente a
que exposto o segurado, bem como de sua repercussão no âmbito do
reconhecimento do tempo especial.

Nesse particular, não mais remanescem dúvidas de que, depois de


pacificada a questão no julgamento pelo STF do ARE nº 664.335/SC (Rel. Min.
Luiz Fux, DJe 11.02.2015), o suporte fático do cômputo
do tempo especial previdenciário compõe-se de um elemento positivo (a
exposição a agente nocivo químico, físico ou biológico ou a associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física) e outro elemento negativo (a ausência
de equipamento de proteção capaz de eliminar ou neutralizar a nocividade). É, em
síntese, o que constou da "primeira tese objetiva" firmada no leading case: "o
direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a
agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de
neutralizar a nocividade, não haverá respaldo constitucional
à aposentadoria especial" (item 10 da ementa, sem grifos no original).
Assim, para o período posterior a 03.12.1998 (art. 279, par. 6º, da IN
INSS/PRES n. 77/2015), o uso de equipamento de proteção coletiva ou
individual eficaz, isto é, que neutralize ou elimine a agressividade do agente,
ou que diminua ou atenue a sua agressividade ao respectivo limite de
tolerância, inibe o direito ao reconhecimento do tempo de
serviço especial, salvo no tocante ao ruído, ao qual se aplica a Súmula nº 9 da
TNU interpretada pelo Pretório Excelso no sentido de que, quanto a tal agente, não
há falar-se em neutralização ("segunda tese" firmada no julgamento do ARE nº
664.335/SC).

Por fim, no tocante à periculosidade e/ou insalubridade, impõe-se


ressaltar que eventual percebimento do respectivo adicional na esfera trabalhista
não implica, por si só, o reconhecimento da especialidade.

Passo à análise do caso concreto.

No que respeita ao período de 14/03/1975 a 23/01/1976, laborado na


empresa Amadeo Rossi S/A, como aprendiz SENAI, o PPP (Evento 1,
PROCADM3, fls. 19-20) dá conta de que o autor esteve exposto a ruído de 86 a
107 dB(A), a saber:

A respeito da agressividade do ruído, tenha-se presente que o STJ,


em julgamento realizado pela sistemática dos recursos repetitivos, pacificou o
entendimento de que "o limite de tolerância para configuração da especialidade
do tempo de serviço para o agente ruído deve ser de 90 dB no período de 6.3.1997
a 18.11.2003, conforme Anexo IV do Decreto 2.172/1997 e Anexo IV do Decreto
3.048/1999, sendo impossível aplicação retroativa do Decreto 4.882/2003, que
reduziu o patamar para 85 dB, sob pena de ofensa ao art. 6º da LINDB" (REsp
1398260/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 14/05/2014, DJe 05/12/2014), o que já vigia no âmbito dos Juizados Especiais
Federais por força de deliberação anterior (Pet 9.059/RS, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2013, DJe
09/09/2013). Portanto, deu-se a uniformização jurisprudencial a respeito dos
limites de tolerância para tal agente físico nos seguintes patamares: superior a 80
decibéis na vigência do Decreto n. 53.831/64; superior a 90 decibéis na
vigência do Decreto n. 2.172/97 e superior a 85 decibéis na vigência do Decreto
n. 4.882/03.

Vale destacar, ainda, quanto à sua aferição, os seguintes precedentes


da TRU4:
PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. AGENTE NOCIVO
RUÍDO.NÍVEIS VARIÁVEIS. MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES. APLICAÇÃO.
PICOS DE RUÍDO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O entendimento atual deste
Colegiado, quanto à apuração dos níveis de ruído, quando variáveis, é no sentido
da necessidade da utilização da média aritmética simples, quando inviabilizada
a verificação da média ponderada, descartando-se, assim, a técnica dos "picos"
de ruído. 2. Incidente do INSS conhecido e provido. (5004391-98.2014.404.7201,
TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator
LEONARDO CASTANHO MENDES, juntado aos autos em 10/12/2015)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA


REGIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. EXPOSIÇÃO A
RUÍDO. MÉDIA ARITMÉTICA QUANDO INVIÁVEL A MÉDIA PONDERADA.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM ATUAL
JURISPRUDÊNCIA DESTA TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO. 1. Segundo
jurisprudência desta Turma Regional de Uniformização: INCIDENTE DE
UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE
ESPECIAL - RUÍDO - AFASTAMENTO DO CRITÉRIO "PICOS DE RUÍDO" -
MÉDIA ARITMÉTICA. 1. Esta TRU, alinhando-se ao entendimento da Turma
Nacional de Uniformização, firmou orientação no sentido de que para fins de
enquadramento da atividade especial pela exposição a agente nocivo ruído com
níveis variados durante a jornada de trabalho do segurado, a técnica ideal a ser
considerada é a média ponderada. Não sendo adotada tal técnica pelo laudo
pericial, deve ser realizada média aritmética simples entre as medições de ruído
encontradas pela prova pericial, afastando-se a técnica de "picos de ruído", na
qual se considera apenas o nível de ruído máximo, desconsiderando-se os valores
mínimos (PEDILEF N. 2008.72.53.001476-7, Relator Juiz Gláucio Maciel, DOU
de 07/01/2013). 2. Pedido de Uniformização Regional conhecido e provido.
(5001379-61.2014.404.7206, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região,
Relator p/ Acórdão Marcelo Malucelli, juntado aos autos em 19/03/2015). 2. Se
o acórdão recorrido se encontra no mesmo sentido da jurisprudência desta TRU,
deve ser aplicada a Questão de Ordem 13 da TNU, por analogia. 3. Incidente de
Uniformização não conhecido. (5003555-36.2011.404.7006, Turma Regional de
Uniformização da 4ª Região, Relator p/ Acórdão José AntonioSavaris, juntado
aos autos em 29/04/2015)

Destarte, deve ser dado provimento ao recurso da parte autora.


A sentença deve ser reformada para reconhecer a especialidade do período
de 14/03/1975 a 23/01/1976.

Por outro lado, esta 3ª Turma Recursal admite a possibilidade de a


reafirmação da DER, desde que, em atenção ao princípio da demanda, a parte
requerente a) indique a data (dia, mês e ano) em que pretende seja reafirmada
a DER; e b) apresente provas irrefutáveis da efetiva permanência na condição
de segurado e do tempo de serviço que pretende computar após a DER
originária do processo administrativo, preferencialmente mediante consulta
ao CNIS, ônus que lhe incumbe.
No caso, tais dados foram apresentados pela parte autora (Evento
15), sendo caso de provimento do recurso nesse ponto.

Nessas condições, a parte autora, em 16/12/1998, não tinha direito


à aposentadoria por tempo de serviço, ainda que proporcional (regras anteriores
à EC 20/98), porque não preenchia o tempo mínimo de serviço (30 anos).

Posteriormente, em 28/11/1999, não tinha direito


à aposentadoria por tempo de contribuição porque não preenchia o tempo
mínimo de contribuição (30 anos), a idade (53 anos) e o pedágio (1 ano, 0 mês e
23 dias).

Ainda, em 28/07/2015 (DER) não tinha direito à aposentadoria por


tempo de contribuição porque não preenchia o pedágio (1 ano, 0 mês e 23 dias).

Por fim, em 31/01/2018 tinha direito


à aposentadoria proporcional por tempo de contribuição (regra de transição
da EC 20/98). O cálculo do benefício deve ser feito de acordo com a Lei
9.876/99, com a incidência do fator previdenciário, uma vez que a pontuação
totalizada é inferior a 95 pontos (MP 676/2015, convertida na Lei 13.183/2015).

Data Nascimento:
Sexo:
Calcula até / DER:
Reafirmação da
(4º marco temporal):

Já reconhecido pelo INSS


Até 16/12/1998
Até 28/11/1999
Até a DER

Data inicial Data Final Fator Conta p


14/03/1975 23/01/1976 0,40 N
29/07/2015 30/04/2016 1,00
01/06/2016 30/06/2016 1,00
06/02/2017 31/01/2018 1,00

Marco temporal Tempo total


Até 16/12/98 (EC 20/98) 27 anos, 4 meses e 2 dias
Até 28/11/99 (L. 9.876/99) 27 anos, 6 meses e 0 dia
Até a DER (28/07/2015) 30 anos, 9 meses e 0 dia
Até 31/01/2018 32 anos, 6 meses e 28 dias
Pedágio (Lei 9.876/99) 1 ano, 0 mês e 23 dias Tempo

Quanto às parcelas vencidas, embora este Colegiado tenha tido


entendimento diverso acerca da forma de aplicação da Lei nº 11.960/2009, a partir
da sessão de julgamento de 21.02.2018, em atenção ao decidido pelo STF com
repercussão geral em relação ao Tema nº 810 (RE nº 870.947), bem como em
conformidade com o entendimento uniformizado pela TRU da 4ª Região (IUJEF
nº 5000109-36.2013.404.7012) adotando a mesma linha de entendimento
assentado pelo TRF da 4ª Região acerca do alcance do decidido pelo STF em
relação ao Tema nº 810 em matéria previdenciária antes da requisição de
pagamento via RPV ou precatório, esta 3ª Turma Recursal passou a entender que a
partir de 30.06.2009 as diferenças decorrentes da condenação devem ser
apuradas mediante a aplicação do IPCA-E e com juros de mora calculados
desde a citação de acordo com os índices de juros da poupança, de forma não
capitalizada.

A propósito, ressalte-se que a única dúvida que poderia pairar


acerca do alcance do decidido pelo STF em relação ao Tema nº 810 em
matéria previdenciária antes da requisição de pagamento via RPV ou
precatório seria sobre a aplicação do INPC em vez do IPCA-
E. Entretanto, conforme comparativo elaborado pelo Núcleo de Cálculos
Judiciais da SJRS (Evento 113 dos autos do RCI nº 5002034-
23.2016.4.04.7122) a diferença entre tais índices é irrisória. A título
exemplificativo: em relação a todo o período de 2009 até 31.10.2017 a diferença
resulta em apenas 0,5%, já que o INPC acumulado em relação a esse período
resulta em 64,2430% e o IPCA-E acumulado em relação a esse período resulta em
64,7910%.

Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos


indicados pelas partes nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da
Constituição Federal, respeitadas as disposições do art.14, caput e parágrafos e art.
15, caput, da Lei nº 10.259, de 12.07.2001. A repetição dos dispositivos é
desnecessária, para evitar tautologia.

Sem honorários, dada a impossibilidade de condenação em


honorários daquele que não recorreu, ou seja, do recorrido vencido (art. 55 da Lei
n. 9.099/95). Isento de custas, na forma da lei.

Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso da parte


autora.

Documento eletrônico assinado por SELMAR SARAIVA DA SILVA FILHO, Juiz Relator, na forma
do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26
de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 710006489866v4 e do código CRC 4bbdca8e.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): SELMAR SARAIVA DA SILVA FILHO
Data e Hora: 9/8/2018, às 17:8:16

5000757-65.2017.4.04.7112
710006489866 .V4

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:11:10.

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Rio Grande do Sul
Gab. Juiz Federal FÁBIO VITÓRIO MATTIELLO (RS-3C)
Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 600, 8º andar / ala oeste - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-
395 - Fone: (51)3214-9383 - www.jfrs.jus.br - Email: rspoadatr@jfrs.jus.br

RECURSO CÍVEL Nº 5000757-65.2017.4.04.7112/RS


RELATOR: JUIZ FEDERAL SELMAR SARAIVA DA SILVA FILHO
RECORRENTE: JORGE BARRETO BRANDAO (AUTOR)
ADVOGADO: LÚCIO CAZZUNI MATTES
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)
ACÓRDÃO
A 3ª Turma Recursal do Rio Grande do Sul, por unanimidade,
decidiu dar provimento ao recurso da parte autora.

Porto Alegre, 15 de agosto de 2018.

Documento eletrônico assinado por SELMAR SARAIVA DA SILVA FILHO, Juiz Relator, na forma
do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26
de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 710006663840v2 e do código CRC 1a6a378d.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): SELMAR SARAIVA DA SILVA FILHO
Data e Hora: 20/8/2018, às 22:52:41
5000757-65.2017.4.04.7112
710006663840 .V2

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:11:10.

RECURSO CÍVEL Nº 5032335-28.2016.4.04.7000/PR


RELATOR: JUIZ FEDERAL VICENTE DE PAULA ATAÍDE JUNIOR
RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)
RECORRIDO: ANTONIO ALVES FEITOSA (AUTOR)

VOTO
1. Por meio da presente demanda, busca a parte autora a concessão
do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, NB: 42/153.139.604-3,
com efeitos financeiros a contar da data de início do benefício (DIB: 17/05/2010),
mediante o reconhecimento de tempo de atividade especial nos períodos de
18/07/1989 a 31/01/1991, 29/04/1995 a 30/10/2001 e de 01/11/2001 a
17/05/2010. Requer, ainda, o deferimento da justiça gratuita e o pagamento das
parcelas atrasadas, acrescidas de juros e correção monetária.

Proferida a decisão, o juízo a quo julgou procedentes os pedidos.

Inconformado, o INSS interpôs recurso postulando a reforma da


sentença. Sustenta que o recorrido esteve exposto ao agente ruído abaixo do limite
de tolerância.
2. Em análise dos autos, entendo que não assiste razão ao recorrente,
devendo a sentença ser mantida pelos próprios fundamentos, os quais adoto como
razões de decidir (evento 82, SENT1):

Atividade especial

O tempo de serviço é disciplinado pela lei em vigor à época em que


efetivamente exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o
patrimônio jurídico do trabalhador. Uma vez prestado o serviço sob a
égide de legislação que o ampara, o segurado adquire o direito à
contagem diferenciada, bem como à comprovação das condições de
trabalho na forma então exigida, não se aplicando retroativamente lei
nova que venha a estabelecer restrições à admissão do tempo de serviço
especial.

No período trabalhado até a Lei n.º 9.032, de 28/04/1995, quando vigente


a Lei n.º 3.807/1960 (Lei Orgânica da Previdência Social) e suas
alterações e, posteriormente, a Lei n.º 8.213/1991 (Lei de Benefícios da
Previdência Social), em sua redação original (artigos 57 e 58), é possível
o reconhecimento da especialidade do trabalho quando houver o
enquadramento da atividade exercida como especial nos decretos
regulamentares e/ou na legislação especial ou, ainda, quando
demonstrada a sujeição do segurado a agentes nocivos por qualquer meio
de prova (exceto para ruído, em que necessária a aferição do nível de
decibéis por meio de laudo pericial técnico, a fim de se verificar a
nocividade ou não desse agente).

Não se exige, até a Lei 9.032/95, o requisito permanência da exposição ao


agente nocivo para considerar o período como de atividade especial, mas
apenas a comprovação da habitualidade na exposição (PEDILEF
200451510619827, Juíza Federal Jaqueline Michels Bilhalva, TNU,
20/10/2008). No mesmo sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça (REsp 414083/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, Quinta Turma,
julgado em 13/08/2002, DJ 02/09/2002, p. 230) e da Turma Regional de
Uniformização da 4ª Região (IUJEF 2007.70.95.015050-0, Turma
Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luísa Hickel Gamba,
D.E. 26/08/2010).

Ainda, para fins de enquadramento das categorias profissionais, devem


ser considerados os Decretos nº 53.831/64 (Quadro Anexo 2ª parte) e nº
83.080/79 (Anexo II) até 28/04/95, data da extinção do reconhecimento da
atividade especial por presunção legal. Já para o enquadramento dos
agentes nocivos, devem ser considerados os Decretos nº 53.831/64
(Quadro Anexo - 1ª parte) e n.º 83.080/79 (Anexo I) até 05.03.97 e o
Decreto nº 2.172/97 (Anexo IV) no interregno compreendido entre
06.03.97 e 28.05.98. Além dessas hipóteses de enquadramento, sempre
possível também a verificação da especialidade da atividade no caso
concreto, por meio de perícia técnica judicial, nos termos da Súmula nº
198 do extinto Tribunal Federal de Recursos (STJ, AGRESP 228.832/SC,
Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª Turma, DJU 30.06.2003, p. 320).

A partir de 29/04/1995 (vigência da Lei n.º 9.032/1995), o enquadramento


por categoria profissional foi definitivamente extinto, de modo que, no
interregno compreendido entre esta data e 14/10/1996 (publicação da
Medida Provisória n.º 1.523/1996), em que vigentes as alterações
introduzidas pela Lei n.º 9.032/95, no artigo 57 da Lei de Benefícios,
necessária a demonstração efetiva de exposição, de forma permanente,
não ocasional nem intermitente, a agentes nocivos ou à associação de
agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, por qualquer meio de
prova, considerando-se suficiente, para tanto, a apresentação de
formulário-padrão preenchido pela empresa, sem a exigência de
embasamento em laudo técnico.

A respeito do que se considera trabalho permanente, não ocasional nem


intermitente, estabelece o art. 139, §1º, da Instrução Normativa nº
57/2001:

"§ 1º Considera-se para esse fim:

I - trabalho permanente aquele em que o segurado, no exercício de todas


as suas funções, esteve efetivamente exposto à agentes nocivos físicos,
químicos, biológicos ou associação de agentes;

II - trabalho não ocasional nem intermitente aquele em que, na jornada de


trabalho, não houve interrupção ou suspensão do exercício de atividade
com exposição aos agentes nocivos, ou seja, não foi exercida de forma
alternada, atividade comum e especial" .

Extrai-se, assim, como condição para que a atividade seja classificada


como especial, que a frequência do trabalho deve submeter o obreiro aos
agentes nocivos ou à associação de agentes prejudiciais de forma
permanente e habitual, ou seja, a exposição que autoriza a especialidade
não pode ser intermitente, pois, ainda que habitual por todos os dias, deve
ocorrer também em toda a jornada de trabalho.

Com a edição da Medida Provisória n.º 1.523, de 11/10/1996, passou-se


a exigir, para fins de reconhecimento de tempo de serviço especial, a
comprovação da efetiva sujeição do segurado a agentes agressivos por
meio da apresentação do perfil profissiográfico previdenciário,
acompanhado de laudo técnico de condições ambientais de trabalho
expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho,
ou ainda, por meio de perícia técnica.

O Decreto n.º 2.172/96, que aprovou o Regulamento da Previdência Social


(já revogado pelo Decreto n.º 3.048/1999), reproduziu a literalidade do
texto constante do artigo 58, §§1º, 2º, 3º e 4º, da Lei n.º 8.213/1991, com
a redação dada pela referida medida provisória, convertida na Lei n.º
9.528/1997.

Após 28/05/98, continua sendo possível a conversão de tempo especial


para comum, com fundamento no artigo 70 do Decreto nº 3.048/1999, com
redação dada pelo Decreto nº 4.827, de 03 de setembro de 2003, e no
artigo 173 da Instrução Normativa INSS/PRES nº 20/2007.

Nesse sentido, cite-se a Súmula nº 15 da Turma Regional de


Uniformização: "É possível a conversão em tempo de serviço comum do
período trabalhado em condições especiais relativamente à atividade
exercida após 28 de maio de 1998".

Convém ressaltar, também, que a extemporaneidade do laudo técnico não


lhe retira a aptidão para a comprovação do labor em condições especiais
(Súmula 68, TNU; TRF4, APELREEX 2003.04.01.034390-9, Quinta
Turma, Relator Rômulo Pizzolatti, D.E. 03/08/2009).

Quanto ao fator de conversão, deve-se adotar a regra vigente na data do


requerimento, tal qual consta no art. 70, § 2º, do Decreto nº 3.048/99, e
segundo decidiu a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em
julgamento de Recurso Especial representativo da controvérsia (REsp
1151363/MG, Rel. Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, julgado em
23/03/2011, DJe 05/04/2011).

Em relação à comprovação de atividade especial em empresas extintas e


que não possuem documentação comprobatória da insalubridade, admite-
se como prova, excepcionalmente, laudo de empresa similar (Precedentes:
TRF4, AG 0006367-71.2012.404.0000, Sexta Turma, Relator Celso
Kipper, D.E. 17/09/2012; IUJEF 2008.72.95.001381-4, Turma Regional
de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luísa Hickel Gamba, D.E.
01/09/2009; IUJEF 0023855- 61.2007.404.7195, Turma Regional de
Uniformização da 4ª Região, Relator Leonardo Castanho Mendes, D.E.
26/05/2011).

No que tange ao uso de equipamentos de proteção, é pacífico o


entendimento do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região e
também do Superior Tribunal de Justiça (REsp 462.858/RS, Rel. Min.
Paulo Medina, 6ª Turma, DJU de 08/05/2003), no sentido de que esses
dispositivos não são suficientes para descaracterizar a especialidade da
atividade, salvo se comprovada a sua real efetividade mediante perícia
técnica especializada e desde que devidamente demonstrado o uso
permanente pelo empregado durante a jornada de trabalho.

Neste sentido, é a posição da TRU4 (IUJEF 5000955-05.2012.404.7104,


Relator Juiz Federal José Francisco Andreotti Spizzirri, D.E. 26.04.2013;
IUJEF 5022027-36.2012.404.7108, Relator p/ Acórdão Juiz Federal
Leonardo Castanho Mendes, D.E. 29.05.2013 e IUJEF 5003739-
06.2013.404.7108, Juiz Federal João Batista Lazzari, juntado em
11.09.2013).

Ademais, o STF já decidiu que "o direito à aposentadoria especial


pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde,
de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade
não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial" (ARE
664335, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
04/12/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-029 DIVULG 11-02-2015
PUBLIC 12-02-2015).

Agente físico ruído e EPI

O Decreto nº 53.831/64 classificou como especial a atividade exposta


a ruído superior a 80 dB(A). Este Decreto foi substituído pelo de nº
2.172/97, em vigor a partir de 06/03/1997, que elevou o limite máximo
para 90 dB(A). Em 18/11/2003, nova regulamentação disposta no Decreto
nº 4.882/03 diminuiu o limite para 85 dB(A).

Em 28/08/2013, na PET nº 9.059, a 1ª Seção do STJ reafirmou a sua


jurisprudência no sentido de que "a contagem do tempo de trabalho de
forma mais favorável àquele que esteve submetido a condições
prejudiciais à saúde deve obedecer a lei vigente na época em que o
trabalhador esteve exposto ao agente nocivo, no caso ruído. Assim, na
vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a
caracterizar o direito à contagem do tempo de trabalho como especial
deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85
decibéis após a entrada em vigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro
de 2003"(STJ, PET 9.059, 1ª Seção, rel. Benedito Gonçalves, unânime, j.
28/0/2013).

Dessa forma, até 05/03/1997, é especial a atividade exposta a ruído


superior a 80 dB(A); entre 06/03/1997 e 17/11/2003, superior a 90 dB(A);
a partir de 18/11/2003, superior a 85 dB(A), sendo estes os limites de
tolerância a serem tomados para o agente agressivo ruído.

Especificamente no caso de exposição a ruído, o uso de Equipamento de


Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, não
descaracteriza o tempo de serviço especial prestado, nos termos da
Súmula n.º 9 da Turma de Uniformização Nacional.

Ainda nesse tocante, no julgamento do Recurso Extraordinário com


Agravo n. 664.335, Relator Min. Luiz Fux, o Supremo Tribunal assentou
que, “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites
legais de tolerância, a declaração do empregador no âmbito do Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do
Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o tempo de
serviço especial para a aposentadoria”.
Validade do Perfil Profissiográfico Previdenciário

A Medida Provisória nº 1596-14, de 10 de novembro de 1997, também


convertida na Lei 9.528/97, acrescentou o § 4º ao art. 58 da Lei nº
8.213/91, criando o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), com o
intuito de simplificar a forma de comprovação do exercício de atividade
especial mediante a elaboração de um documento completo que contenha
tanto informações laborais do segurado (dados administrativos) quanto
informações técnicas acerca das condições de trabalho da empresa
(compreendidas no laudo técnico).

Por sua vez, a Lei nº 9.732/98 deu nova redação ao § 6º do art. 57 e lhe
acrescentou os §§ 7º e 8º, particularmente exigindo, no art. 58, § 1º, que o
laudo técnico observe os termos da legislação trabalhista.

O PPP foi inserido na legislação previdenciária com a Lei 9.528/97,


regulamento pelo Decreto 4.032/01, por força do qual se alterou a redação
dos parágrafos 4º e 6º, do artigo 68, do Decreto nº 3.048/99. Esses
dispositivos prescrevem que o laudo técnico deverá permanecer na
empresa à disposição da fiscalização do INSS, não sendo mais necessário
que o segurado o apresente para comprovação da atividade especial, até
mesmo porque as informações técnicas exigidas pelo INSS foram incluídas
no perfil.

Dessa forma, "a juntada do laudo pericial/ambiental não é essencial para


o reconhecimento do direito; o essencial é que o PPP, que goza
da presunção de veracidade, ainda que relativa, haja sido elaborado com
base no referido laudo". (TRF4, AG 2008.04.00.045465-4, Sexta Turma,
Relator Sebastião Ogê Muniz, D.E. 06/02/2009).

Nesse sentido, decidiu a Turma Nacional de Uniformização de


Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, nas sessões dos dias 03
e 04 de agosto de 2009, ao julgar o Pedido de Uniformização nº
2006.51.63.00.0174-1.

A Turma Regional de Uniformização (IUJEF 2008.70.53.000459-9, Rel.


Luísa Hickel Gamba, D.E. 29/08/2011) foi ainda mais específica,
observando as instruções normativas do INSS, especialmente a
Instrução Normativa nº 99/2003, com vigência a partir de 01/01/2004,
período a partir do qual basta a apresentação do PPP, assinado pelo
representante legal, já que é necessariamente fundado em laudo técnico,
para a comprovação do exercício da atividade com sujeição a agente
nocivo. Essa orientação subsiste no art. 256 e art. 272, § 2º, da atual IN
nº 45/2010.

Ainda, dispõe a Instrução Normativa 77, de 21/01/2015, que:


Art. 258. Para caracterizar o exercício de atividade sujeita a condições
especiais o segurado empregado ou trabalhador avulso deverá
apresentar, original ou cópia autenticada da Carteira Profissional - CP
ou da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, observado o art.
246, acompanhada dos seguintes documentos:

I - para períodos laborados até 28 de abril de 1995, véspera da


publicação da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995:

a) os antigos formulários de reconhecimento de períodos laborados em


condições especiais emitidos até 31 de dezembro de 2003, e quando se
tratar de exposição ao agente físico ruído, será obrigatória a
apresentação, também, do Laudo Técnico de Condições Ambientais do
Trabalho - LTCAT; ou

b) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido a partir de 1 de


janeiro de 2004;

II - para períodos laborados entre 29 de abril de 1995, data da publicação


da Lei nº 9.032, de 1995, a 13 de outubro de 1996, véspera da publicação
da MP nº 1.523, de 11 de outubro de 1996:

a) os antigos formulários de reconhecimento de períodos laborados em


condições especiais emitidos até 31 de dezembro de 2003, e quando se
tratar de exposição ao agente físico ruído, será obrigatória a apresentação
do LTCAT ou demais demonstrações ambientais arroladas no inciso V do
caput do art. 261; ou

b) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido a partir de 1 de


janeiro de 2004;

III - para períodos laborados entre 14 de outubro de 1996, data da


publicação da MP nº 1.523, de 11 de outubro de 1996 a 31 de dezembro
de 2003, data estabelecida pelo INSS em conformidade com o determinado
pelo § 3º do art. 68 do RPS:

a) os antigos formulários de reconhecimento de períodos laborados em


condições especiais emitidos até 31 de dezembro de 2003 e, LTCAT para
exposição a qualquer agente nocivo ou demais demonstrações ambientais
arroladas no inciso V do caput do art. 261; ou

b) Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido a partir de 1 de


janeiro de 2004;

IV - para períodos laborados a partir de 1º de janeiro de 2004, o


documento a ser apresentado deverá ser o PPP, conforme estabelecido
por meio da Instrução Normativa INSS/DC nº 99, de 5 de dezembro de
2003, em cumprimento ao § 3º do art. 68 do RPS.
Assim, para períodos anteriores, o PPP vale como simples formulário,
exceto (i) quando assinado pelo próprio técnico habilitado, fazendo,
portanto, as vezes do próprio laudo, ou (ii) quando o empregado mantém-
se na mesma empresa antes e depois de 01.01.2004, sem solução de
continuidade, mesmo que assinado apenas pelo representante legal, uma
vez que, enquanto documento histórico-laboral do segurado, sua validade
deve ser interpretada indistintamente, tal como, aliás, prevê o art. 266 da
referida IN.

Feitas essas considerações, passo a analisar o caso concreto.

O autor requer seja reconhecido o exercício de atividade especial


dos períodos de 18/07/1989 a 31/01/1991, 29/04/1995 a 30/10/2001 e de
01/11/2001 a 17/05/2010, em que prestou serviços à empresa Brasilsat
Harald S/A.

Sustenta na inicial que, de 18/07/1989 a 31/01/1991, exerceu a função de


Armador, no setor Shelter MO-CD; de 29/04/1995 a 30/10/2001, exerceu
a função de Soldador I, no setor Estruturas MO-CD; e de 01/11/2001 a
17/05/2010, exerceu as funções de Serralheiro I e Serralheiro II, também
no setor Estruturas MO-CD, tendo impugnado o nível de ruído indicado
para o período entre 29/04/1995 a 30/10/2001, salientando que o nível de
ruído para os dois últimos períodos deve ser o mesmo, já que as atividades
foram desenvolvidas no mesmo setor “Estruturas MO-CD”.

Conforme PPP anexado no NB: 142.815.873-9 (DER: 02/01/2007),


verifica-se que, no primeiro formulário emitido pela empresa, de
19/03/2007, foi registrado exposição a ruído com nível de intensidade de
81 dB(A), de 01/02/1991 a 31/12/2003, e, de 92 dB(A), a partir de
01/01/2004, além de exposição a fumos metálicos, com utilização de EPI
eficaz (PROCADM7, fl. 14, evento 1).

No segundo requerimento de benefício (NB: 153.139.604-3; DER:


17/05/2010), consta outro PPP emitido pelo empregador, de 26/08/2008,
no qual é informado exposição a poeiras e a fumos metálicos de
17/07/1989 a 26/08/2008, com utilização de EPI eficaz, e, no intervalo
de 17/07/1989 a 26/08/2008, a ruído com níveis entre 75 a 94 dB(A), 79 a
87 dB(A), 75 a 94 dB(A), 75 a 86 dB(A) e a 82 a 90 decibéis (PROCADM8,
fl. 15, evento 1).

Diante da existência de divergências entre os PPP's emitidos pelo ex-


empregador, oficiada para prestar esclarecimentos e apresentar
novo PPP com as reais condições de trabalho, a empresa Brasilsat
apresentou um outro perfil emitido com base em PPRA de 2010/2011
(evento 35), reiterando as informações no evento 61.

O novo perfil profissiográfico emitido, de 27/03/2017, registra as


seguintes informações laborais:
- período de 17/07/1989 a 31/01/1991; função de Armador, setor Shelter
MO-CD; exposição ao agente ruído com nível de 99 dB(A);

- período de 01/02/1991 a 31/10/2001; função de Soldador I, setor


Estruturas MO-CD; exposição ao agente ruído com nível de intensidade
de 99 dB(A), fumos e poeiras metálicas, com utilização de EPI eficaz;

- período de 01/11/2001 a 31/12/2008; função de Serralheiro I, setor


Estruturas MO-CD; exposição ao agente ruído com nível de 99 dB(A),
fumos e poeiras metálicas, com utilização de EPI eficaz;

- período de 01/01/2009 a 27/03/2017; função de Serralheiro II, setor


Estruturas MO-CD; exposição ao agente ruído em intensidade de 99
dB(A), fumos e poeiras metálicas, com utilização de EPI eficaz.

As informações do PPP, segundo a empresa, foram embasadas no


PPPRA/2010 (evento 61), também arquivado em Secretaria.

O perfil profissiográfico previdenciário, devidamente preenchido, é um


documento histórico laboral pessoal do trabalhador, com objetivos
previdenciários para informações relativas à fiscalização do
gerenciamento de riscos, existência de agentes nocivos no ambiente de
trabalho, orientação de programa de reabilitação profissional,
requerimento de benefício acidentário e benefício
de aposentadoria especial.

A Instrução Normativa nº 77, de 21/01/2015, em seu artigo 264, também


prevê que o PPP constitui-se em documento histórico laboral do
trabalhador que reúne, entre outras informações, dados administrativos
da empresa e do trabalhador, registros ambientais e resultados de
monitoração biológica, durante o período em que este exerceu as
atividades, e tem por finalidade a comprovação da efetiva exposição do
segurado a agentes nocivos para fins de aposentadoria especial.

De outra parte, nos termos do artigo 58, §3º, da Lei 8.213/91, "A empresa
que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes
nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou
que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo
com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133
desta Lei".

Assim, deve-se presumir a veracidade das informações em relação ao


último PPP emitido pelo empregador, cabendo ao INSS fiscalizar o
correto enquadramento e pagamento das respectivas contribuições quanto
ao trabalho insalubre, sem prejuízo da apuração de outras irregularidades
previdenciárias, podendo, inclusive, se valer da Delegacia Regional do
Trabalho para apurar a existência de eventuais irregularidades
trabalhistas na sede da empresa, em especial decorrente do
descumprimento dos art. 58, §§ 3° e 4º, da Lei 8.213/91.

Portanto, a despeito das informações inicialmente divergentes entre os


PPP's e LTCAT's constantes nos autos, possível o exame da especialidade
da atividade com base nos documentos técnicos anexados nos eventos 35
e 61, tal como ressaltado no despacho do evento 69.

Pois bem. Consoante ressaltado alhures, é especial a atividade exposta a


nível de intensidade de ruído superior a 80 dB(A) até 05/03/1997; entre
06/03/1997 e 17/11/2003, superior a 90 dB(A); a partir de 18/11/2003,
superior a 85 dB(A).

A eficácia da utilização do equipamento de proteção individual (EPI), por


se tratar de exposição ao agente ruído, conforme exposto na
fundamentação acima, não afasta a nocividade/especialidade da
atividade.

Dessa forma, tendo em vista os referidos limites de tolerância, é devida a


especialidade dos períodos de 18/07/1989 a 31/01/1991, 29/04/1995 a
30/10/2001 e de 01/11/2001 a 17/05/2010, por exposição a ruído
nocivo 99 dB(A), os quais deverão ser convertidos em tempo de serviço
comum com o acréscimo legal de 40%, tal como prevê o artigo 70 do
Decreto nº 3.048/99.

Em relação aos agentes químicos referidos no PPP (Fumos e poeiras


metálicas), não cabe o reconhecimento da especialidade, porquanto, de
acordo com os documentos técnicos (eventos 35 e 61), a exposição
era neutralizada pelo uso de EPI's.

O parágrafo único do art. 412 do Código de Processo Civil de 2015 prevê


que é defeso à parte extrair da prova documental apenas os fatos que lhe
são favoráveis e recusar os contrários que lhe causam eventual prejuízo,
como, por exemplo, a eficácia do uso de equipamento de proteção.
Ressalte-se que o contido na prova documental é indivisível, não havendo
como se admitir que o autor simplesmente escolha a seu talante o melhor
do conteúdo probatório. Sendo assim, impõe-se a aceitação de que o uso
de equipamentos era eficaz na neutralização dos agentes químicos.

Ademais, o STF já decidiu que "o direito à aposentadoria especial


pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde,
de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade
não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial" (ARE
664335, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
04/12/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-029 DIVULG 11-02-2015
PUBLIC 12-02-2015).

Neste sentido, é a posição da TRU4:


INCIDENTE REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO.
ATIVIDADE RURAL. JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA. ATIVIDADE
ESPECIAL. AGENTE QUÍMICO. USO DE EPI. PROVA DA EFICÁCIA.
(...) 3. Segundo entendimento desta TRU, "o uso de EPI descaracteriza a
especialidade da atividade laboral quando comprovada a eficácia na
proteção ao trabalhador, consoante atestado em laudo técnico
ou PPP que preencha os seguintes requisitos: a) seja elaborado por
pessoa habilitada; b) contenha descrição do tipo de equipamento
utilizado; c) demonstre a intensidade de proteção proporcionada ao
trabalhador; d) certifique o uso efetivo do equipamento e a fiscalização
pelo empregador". Precedentes atuais: IUJEF 5000955-
05.2012.404.7104, Relator Juiz Federal José Francisco Andreotti
Spizzirri, D.E. 26.04.2013; e IUJEF 5022027-36.2012.404.7108, Relator
p/ Acórdão Juiz Federal Leonardo Castanho Mendes, D.E. 29.05.2013. 4.
Incidente conhecido em parte, para provimento da parte conhecida
visando ao retorno dos autos à Turma Recursal de origem para análise da
situação concreta dos autos e adequação do julgado. (Incidente de
Uniformiação JEF nº 5003739-06.2013.404.7108, Juiz Federal João
Batista Lazzari, juntado em 11.09.2013).

Cite-se, por fim, precedentes da Turma Recursal do Paraná (Autos


2008.70.55.001793-9, sessão de 01/07/11, relatora Narendra Borges
Morales; Autos 2008.70.95.003388-2, sessão de 28/05/09, relatora
Luciane Merlin Clève Kravetz e Autos 2008.70.60.002879-4, sessão de
29/06/11, relatoria Ana Carine Busato Daros).

Portanto, se o uso eficiente de equipamento de proteção neutralizou a


ação do agente agressor, de modo a não deixar sequela no trabalhador,
fica descaracterizada a condição especial do trabalho (TRF 4ª Região -
AC - 487057 - Relator JUIZ PAULO AFONSO BRUM VAZ - DJU
06/11/2002 P. 638).

Destarte, inviável o reconhecimento da especialidade por exposição a


agentes químicos.

Contagem de tempo de serviço/contribuição

De acordo com a tabela abaixo, incluído os períodos ora reconhecidos, a


parte autora passa a contar com os seguintes tempo de contribuição:

Anotações Data inicial Data Final Fator


18/04/1977 17/05/1977 1,00
24/05/1977 20/06/1980 1,00
21/07/1980 04/02/1981 1,00
06/02/1981 30/12/1981 1,00
01/01/1982 02/06/1985 1,40
18/07/1985 04/12/1985 1,00
07/12/1985 15/09/1987 1,00
26/09/1987 26/01/1988 1,00
01/02/1988 10/07/1989 1,00
Especial 18/07/1989 30/01/1991 1,40
01/02/1991 28/04/1995 1,40
Especial 29/04/1995 17/05/2010 1,40

Marco temporal Tempo total


Até 16/12/98 (EC 20/98) 26 anos, 6 meses e 2 dias
Até 28/11/99 (L. 9.876/99) 27 anos, 10 meses e 1 dia
Até a DER (17/05/2010) 42 anos, 5 meses e 28 dias

Nessas condições, com base no tempo apurado, a parte autora


faz jus à revisão da RMI de sua aposentadoria por tempo de
contribuição, com efeitos desde a data da concessão
(17/05/2010), nos termos da orientação da Turma Nacional de
Uniformização (v.g.: TNU, PU 2007.71.95.013435-0, Rel.
José Antonio Savaris, j. 02.08.2011; TNU, PU
2005.71.95.005430-8, Rel. Alcides Saldanha Lima, j.
05.05.2011).

3. Em sendo assim, nego provimento ao recurso a fim de manter a


sentença tal como lançada.

Condeno o recorrente vencido ao pagamento de honorários


advocatícios que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação,
observada a Súmula 111 do Superior Tribunal de Justiça ("Os honorários
advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas
após a sentença.") e, em não havendo condenação pecuniária, os honorários
devidos deverão ser calculados em 10% sobre o valor atualizado da causa.

Considero prequestionados especificamente todos os dispositivos


legais e constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e contrarrazões
de recurso, porquanto a fundamentação exarada não viola nenhum dos dispositivos
da legislação federal ou da Constituição mencionados nessas peças processuais.

Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

Documento eletrônico assinado por VICENTE DE PAULA ATAIDE JUNIOR, Relator, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de
março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 700005464015v12 e do código CRC a47c8837.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): VICENTE DE PAULA ATAIDE JUNIOR
Data e Hora: 31/8/2018, às 20:1:21

5032335-28.2016.4.04.7000
700005464015 .V12

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:09:39.

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
Gab. Juiz Federal VICENTE DE PAULA ATAIDE JUNIOR (PR-2B)
Rua Voluntários da Pátria, 532, 5ª andar - Bairro: Centro - CEP: 80020-000 - Fone: (41) 3321-6541 -
www.jfpr.jus.br - Email: prctbdatr@jfpr.jus.br

RECURSO CÍVEL Nº 5032335-28.2016.4.04.7000/PR


RELATOR: JUIZ FEDERAL VICENTE DE PAULA ATAÍDE JUNIOR
RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)
RECORRIDO: ANTONIO ALVES FEITOSA (AUTOR)
ADVOGADO: SOELI INGRÁCIO DE SILVA
ADVOGADO: LEANDRO INGRACCIO SIMOES
ADVOGADO: DANIEL KALUPNIEKS

ACÓRDÃO
A 2ª Turma Recursal do Paraná, por unanimidade, decidiu NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO.

Curitiba, 12 de setembro de 2018.

Documento eletrônico assinado por VICENTE DE PAULA ATAIDE JUNIOR, Relator do Acórdão, na
forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17,
de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço
eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 700005557678v2 e do código CRC 9580a4e5.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): VICENTE DE PAULA ATAIDE JUNIOR
Data e Hora: 16/9/2018, às 19:2:35
5032335-28.2016.4.04.7000
700005557678 .V2

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:09:39.

RECURSO CÍVEL Nº 5011852-31.2017.4.04.7003/PR


RELATOR: JUIZ FEDERAL EDUARDO FERNANDO APPIO
RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)
RECORRENTE: VALDECIR SANTOS TRINDADE (AUTOR)
RECORRIDO: OS MESMOS

VOTO
Recorrem ambas as partes da sentença que determinou a averbação
dos períodos de atividade especial de 01/07/1986 a 31/07/1988 e de 01/08/1988 a
12/01/1991.

O INSS discorda do reconhecimento dos períodos alegando não ser


devido o reconhecimento como especial das atividades de empregado rural e nem
de tratorista. Aduz, outrossim, ser indevido o reconhecimento como especial de
períodos em gozo de benefício por incapacidade, ainda que intercalados com
atividade especial, quando este não for por motivo de acidente do trabalho.

Por sua vez, sustenta a parte autora ter comprovado a atividade


especial também nos períodos de 15/03/2004 a 18/12/2004 e de 18/03/2005 a
31/05/2016 por exposição a ruído. Caso não preencha os requisitos para se
aposentar com DIB na DER, requer a sua reafirmação. Pleiteia, também, a
concessão de tutela antecipada.
FUNDAMENTAÇÃO

Antes de mais nada, destaco que não analisarei as afirmações


genéricas formuladas pelas partes, mas, tão somente, o alegado sobre o caso em
questão. Isto, pois, é indispensável que o recorrente demonstre interesse em
recorrer para efeito de admissibilidade do recurso, conforme art. 996 do CPC/2015
(ou seja, demonstre a sucumbência).

A mera transcrição da inicial (pelo autor) ou da defesa (pelo réu), a


omissão em demonstrar em que pontos a decisão conteria erros de julgamento em
confronto com a lei ou com a prova dos autos ou, ainda, formulações (afirmativas
e negativas) genéricas implicam na não demonstração do interesse recursal, por
ofensa ao princípio da dialeticidade.

Ainda, alegações tais como "administrativamente o período não foi


reconhecido, portanto é indevido o reconhecimento" sem esclarecer em que a
sentença contraria a legislação em vigor, importam na ausência de demonstração
do interesse recursal.

1. Atividade especial

A respeito dos períodos especiais, o entendimento consolidado na


jurisprudência é de que, até 28/04/1995, é admissível o reconhecimento da
especialidade por categoria profissional ou por sujeição a agentes nocivos,
aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruído); a partir de 29/04/1995,
não mais é possível o enquadramento por categoria profissional, devendo existir
demonstração da sujeição a agentes nocivos por qualquer meio de prova até
05/03/1997 e, a partir de então, por meio de laudo técnico, ou de perícia técnica.

Assento ainda que, conforme entendimento da Turma Nacional de


Uniformização, o PPP, mesmo que desacompanhado do laudo técnico, é
suficiente para comprovar a exposição do trabalhador a agentes nocivos à
saúde, porquanto não é cabível exigir, na via judicial, mais do que o próprio
administrador (PEDILEF 200651630001741, Juiz Federal Otávio Henrique
Martins Port, TNU - Turma Nacional de Uniformização, 15.9.2009). Somente nos
casos de preenchimento irregular de tal formulário, ou quando este gerar dúvidas
quanto à veracidade das informações nele contidas (como, por exemplo, quando
pela descrição das atividades desenvolvidas for incompatível a exposição aos
agentes nocivos mencionados, entre outras circunstâncias) é que o PPP será
insuficiente à prova das atividades exercidas pelo trabalhador.

a) Período de 01/07/1986 a 31/07/1988

Sobre a possibilidade de reconhecimento da especialidade do


trabalho rural prestado em indústria agropecuária, é importante destacar o
seguinte entendimento, com o qual concordo e que passa a fazer parte da presente
fundamentação para todos os fins de direito:
O sistema da LOPS, vigente no período anterior à Lei 8.213/91, expressamente
excluía os trabalhadores rurais do rol dos segurados, mesmo os exercentes de
atividade remunerada (art. 3º, II), sendo que a legislação posterior objeto da
Consolidação das Leis da Previdência Social seguiu na mesma linha até o
advento da Lei 8.213/91. A condição de segurado do INPS era garantida apenas
para o empregado que prestava exclusivamente serviços de natureza rural a
empresa agroindustrial ou agrocomercial (parágrafo único do art. 3º da
CLPS/76). O trabalhador rural somente passou a ser considerado segurado de
um regime de previdência, no ordenamento jurídico brasileiro, a partir da Lei
4.214/63, o Estatuto do Trabalhador rural. Este diploma legal pretendeu instituir
uma previdência social assemelhada à urbana, conquanto não houvesse ainda
contribuição dos trabalhadores rurais, assegurando os benefícios
de aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio doença,
pensão por morte, auxílio-funeral, assistência à maternidade e assistência
médica. A figura do segurado especial, nos moldes que conhecemos hoje, é uma
criação da Lei 8.213/91, pois o regime assistencial do funrural concedia apenas
um benefício substitutivo para cada unidade familiar, não valorando o tempo de
serviço nele prestado. A sua incorporação a um regime único de previdência
para trabalhadores urbanos e rurais veio atender à determinação contida no §
8º do art. 195, da Constituição de 1988.

Por sua vez, o Decreto 53.831/64, ao prever atividade de agricultura sob a égide
da legislação anterior à Lei 8.213/91, apenas poderia abranger, como
atividades especiais, os trabalhadores que exercessem atividades em indústrias
agropecuárias ou agrocomerciais - quem não pode ser segurado não pode ter o
tempo contado como especial.

No caso em tela, os empregadores rurais registrados nos contratos de trabalho


do autor não se enquadram no conceito de indústrias agropecuárias ou
agrocomerciais, nem há qualquer prova nos autos nesse sentido. Assim, por não
se tratar de trabalho em indústria agropecuária, rejeito o pedido de
reconhecimento de labor especial na condição de empregado rural.

(TRF4, AC 2007.70.99.005253-6, Quinta Turma, Relator p/ Acórdão Ricardo


Teixeira do Valle Pereira, D.E. 14/04/2011)- negritei.

Como visto, os períodos anteriores à vigência da Lei 8.213/91 e


prestados a pessoa física não podem ser reconhecidos como especiais de forma
alguma.

Já em relação aos períodos até 28/04/1995, é possível o


reconhecimento da especialidade do trabalhador rural, por categoria profissional,
ainda que tenha exercido suas atividades apenas na agricultura ou na pecuária,
porém, desde que em estabelecimento da espécie agroindustrial ou agrocomercial.
Nesse sentido é o seguinte julgado da Turma Nacional de Uniformização:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO FORMULADO PELA PARTE


AUTORA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. TEMPO DE
ATIVIDADE ESPECIAL. TRABALHADOR RURAL. AGROPECUÁRIA.
MUDANÇA DE ENTENDIMENTO DA TNU. QUESTÃO DE ORDEM Nº 20.
INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Prolatado acórdão pela Segunda Turma Recursal de Pernambuco, que negou


provimento ao recurso do Autor, para manter a sentença que não reconheceu
como atividade especial o trabalho rural no período de 01/09/1976 a 16/12/1998.

2. Incidente de Uniformização de Jurisprudência interposto tempestivamente


pelo Autor, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº10.259/2001. Alegação de
que o acórdão recorrido diverge do entendimento da Segunda Turma Recursal
de São Paulo (processo nº 0004398-18.2007.4.03.6307), segundo o qual o labor
rural configura a especialidade prevista no item 2.2.1 do Quadro Anexo do
Decreto nº 53.831/64.

3. Incidente não admitido pela Presidência da Turma de origem, sendo os autos


encaminhados a esta Turma Nacional após agravo.

4. Nos termos do art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/01, o pedido de uniformização


nacional de jurisprudência é cabível quando houver divergência entre decisões
sobre questões de direito material proferidas por turmas recursais de diferentes
regiões ou em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante da Turma
Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça.

5. Configurado o dissídio, posto que o acórdão recorrido entendeu que,"(...) O


enquadramento no item 2.2.1 do Decreto 53.831/64 depende de efetiva
comprovação de atividade agropecuária, não abrangendo todas as espécies de
trabalhadores rurais, motivo pelo qual a atividade exercida pelo autor como
rurícola não pode ser considerada como de natureza especial. 3. No caso
vertente, não há nos autos qualquer prova de que o autor se dedicasse a atividade
que envolvesse agricultura e pecuária (agropecuária).",grifo no original.

6. A TNU, inclusive esta Relatora, tinha o entendimento de que somente o


trabalho agrário e pecuário configura o labor especial. Entretanto, houve
mudança de entendimento, tanto que na sessão passada foi julgado o processo nº
0500180-14.2011.4.05.8013, Representativo de Controvérsia, onde consta que:
"(...) esta Turma, no julgamento do Pedilef 0509377-10.2008.4.05.8300 (Relator
p/ acórdão Juiz Federal André Carvalho Monteiro, j. 04/06/2014), uniformizou
o entendimento de que a expressão "trabalhadores na agropecuária", contida no
item 2.2.1 do anexo ao Decreto n.º 53.831/64, se refere aos trabalhadores rurais
que exercem atividades agrícolas como empregados em empresas
agroindustriais e agrocomerciais, fazendo jus os empregados de tais empresas
ao cômputo de suas atividades como tempo de serviço especial. Dessa forma, a
alegação do INSS de que a especialidade somente poderia ser reconhecida se
comprovado que o trabalho rural foi desenvolvido na agropecuária merece ser
desprovida.(...)"(Rel. João Batista Lazzari, DJ 11/09/2014).
7. Copio excerto esclarecedor do Voto Vencedor do citado PEDILEF nº0509377-
10.2008.4.05.8300: "(...) Revisão da interpretação adotada por esta Tuma
Nacional de Uniformização, fixando entendimento de que a expressão
"trabalhadores na agropecuária", contida no item 2.2.1 do anexo do Decreto n.
53.831/64, também se aplica aos trabalhadores que exercem atividades
exclusivamente na agricultura como empregados em empresas agroindustriais e
agrocomerciais, fazendo jus os empregados de tais empresas ao cômputo de suas
atividades como tempo de serviço especial.(...)" (Rel. Designado Juiz Federal
André Carvalho Monteiro, D.J. 04/06/2014).

8. Como o tempo de labor como "lavrador" abrange período antes e depois da


Lei nº 9.032/95, necessário o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para
a análise das provas produzidas, nos termos da Questão de Ordem nº 20 da TNU.

9. Pedido de Uniformização de Jurisprudência conhecido e parcialmente provido


para (i) reafirmar a tese de que "a expressão "trabalhadores na agropecuária",
contida no item 2.2.1 do anexo do Decreto n. 53.831/64, também se aplica aos
trabalhadores que exercem atividades exclusivamente na agricultura como
empregados em empresas agroindustriais e agrocomerciais, fazendo jus os
empregados de tais empresas ao cômputo de suas atividades como tempo de
serviço especial"; (ii) anular o acórdão recorrido, determinando a realização de
novo julgamento à luz do entendimento desta Turma Nacional.

(PEDILEF 05003939620114058311, Relatora Juíza Federal Kyu Soon Lee,


DOU 24/10/2014 PÁGINAS 126/240)

Vê-se, pois, que a expressão "trabalhadores na agropecuária",


contida no item 2.2.1 do anexo do Decreto 53.831/64, aplica-se àqueles
trabalhadores que exercem atividades na agricultura, na pecuária ou em ambas,
desde que sejam empregados de empresas com fins industriais ou comerciais.

No caso dos autos, tendo o segurado trabalhado para empresa com


fins industriais/comerciais, devido o reconhecimento da especialidade do período
em que o autor efetivamente exerceu atividade na agricultura. Nego provimento
ao ponto.

b) Período de 01/08/1988 a 12/01/1991

Com relação à equiparação da função de tratorista à de motorista de


caminhão/ônibus, cito entendimento da TRU sobre a matéria:

"INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. TRABALHO


RURAL. TEMPO especial. CATEGORIA PROFISSIONAL. tratorista.
SERVIÇOS GERAIS DE LAVOURA. EQUIPARAÇÃO POR ANALOGIA.

1. Reexame de provas pela Turma Recursal de origem.


2. A atividade de tratorista é equiparada à de motorista de veículos pesados, por
aplicação analógica do item 2.4.4 do Anexo ao Decreto nº 53.831/64 e do item
2.4.2 do Anexo ao Decreto nº 83.080/79, para o fim de enquadramento da
atividade por categoria profissional.

3. A atividade de serviços gerais de lavoura somente pode ser enquadrada ao


trabalho rural prestado na agropecuária quando envolve a prática da
agricultura e da pecuária nas suas relações mútuas.

(Incidente de Uniformização, Processo nº 5000389-20.2012.404.7116/RS,


Relatora Gabriela Pietsch Serafin, D.E. 07/12/2012)" - grifei.

Ou seja, comprovado o labor como tratorista, até 28/04/1995, é


possível o reconhecimento do período como especial.

Especificamente, com relação aos operadores de máquinas pesadas,


atividade deveras similar à de tratorista, trago as seguintes ementas de decisões do
TRF1 e do TRF 3:

"PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR


TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ENQUADRAMENTO PROFISSIONAL:
MOTORISTA DE CAMINHÃO DE ÔNIBUS/CAMINHÃO DE CARGA.
TRATORISTA. OPERADOR DE MÁQUINAS
PESADAS. PRESUNÇÃO LEGAL. RECONHECIMENTO DO TEMPO DE
SERVIÇO PRESTADO EM ATIVIDADE ESPECIAL. POSSIBILIDADE.
TEMPO NA DER INSUFICIENTE. REAFIRMAÇÃO DA DER.
POSSIBILIDADE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. 1. O
cômputo do tempo de serviço deverá observar a legislação vigente à época da
prestação laboral, tal como disposto no § 1º do art. 70 do Decreto nº 3.048/1999,
com redação do Decreto nº 4.827/2003. 2. A profissão de motorista de
ônibus/caminhão (ou de caminhão de carga) deve ser considerada atividade
especial, por enquadramento de categoria profissional (Decreto nº 53.831/1964,
código 2.4.4, e Decreto nº. 83.080/1979, código 2.4.2), cuja sujeição a agentes
nocivos é presumida até a Lei nº 9.032/1995. 3. A simples referência à categoria
profissional em Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS é suficiente
ao enquadramento e consequente reconhecimento do tempo especial,
por presunção legal. Ocorre, no entanto, que é de se ter certo o exercício de
atividade de motorista de caminhão (ou de caminhão de cargas) e não simples
referência genérica à profissão de motorista, pois que esta não estava
enquadrada nos Decretos regulamentadores da matéria. Precedentes.4. As
atividades de tratorista e operador de máquinas pesadas prestadas pelo
segurado importam em presunção legal de exercício do labor em condições
ambientais agressivas ou perigosas (Decreto nº 53.831/1964, código 2.4.4, e
Decreto nº. 83.080/1979, código 2.4.2).

(...)
(AC 00027042720064013810. Relator(a) JUIZ FEDERAL CARLOS AUGUSTO
PIRES BRANDÃO (CONV.). Órgão Julgador: 1ª Câmara Regional
Previdenciária de Minas Gerais. DJF1 P. 3392)".

"APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO (ART.52/6) E/OU TEMPO DE


CONTRIBUIÇÃO - BENEF EM ESPÉCIE/ CONCESSÃO/ CONVERSÃO/
RESTAB/ COMPLCLASSE: 16 - RECURSO INOMINADORECTE: INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - I.N.S.S.
(PREVID)ADVOGADO(A)/DEFENSOR(A) PÚBLICO(A): SP999999 - SEM
ADVOGADORECDO: ANTONIO INACIOADVOGADO(A): SP243540 - MARIA
CLAUDIA ROSSI DELLA PIAZZADISTRIBUIÇÃO POR SORTEIO EM
01/07/2015 13:10:03JUIZ(A) FEDERAL: HERBERT CORNELIO PIETER DE
BRUYN JUNIOR I - RELATÓRIO Trata-se de ação que tem por objeto a
conversão de tempo trabalhado em condições especiais em período comum e, em
acréscimo, conceder/revisar o benefício previdenciário de aposentadoria por
tempo de contribuição. Inconformada com a sentença, a autarquia
previdenciária recorreu. Subiram os autos à Turma Recursal para análise do(s)
recurso(s) apresentado(s). Relatados os autos, aprecio o caso trazido a
julgamento para este Colegiado.II - VOTO Dita, em síntese, a sentença
(g.n.):Inicialmente, tendo em vista a petição anexada em 26/01/2015 e
considerando que os filhos do autor já são todos maiores de idade e a viúva, Sra.
Maria José Leite Inácio, é sua única dependente, defiro sua habilitação nos
termos do artigo 1.060 do Código de Processo Civil e artigo 112 da Lei
8.213/91.Em prosseguimento, a controvérsia da demanda reside no
reconhecimento da especialidade dos períodos de 01/09/1981 a 23/02/1995
(Indústria Açucareira São Francisco S/A), 01/06/1995 a 31/05/1997 (União São
Paulo S.A. Agricultura Indústria e Comércio) e de 01/06/1997 a 25/02/1999
(Agropastoril União São Paulo Ltda.).Consoante formulário DIRBEN 8030,
laudo técnico pericial e Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) de fls.
52/56 do processo administrativo, o autor sempre exerceu a função de tratorista,
cujos formulários apresentados comprovam o exercício de atividade profissional
prejudicial à saúde ou à integridade física, além de correlata à de exposto a
agente nocivo ruído em níveis a partir de 89 dB(A).A despeito de as ocupações
de tratorista, operador de máquina pesada, operador de carregadeira, operador
de pá carregadeira e de máquina esteira não estarem expressamente previstas
nos decretos de regência, tais atividades são equiparadas à de motorista de
transporte de carga, e, assim como esta, podem ser classificadas como
atividades especiais, haja vista que o rol constante dos Decretos nº 53.831/64 e
nº 83.080/79 não é taxativo, admitindo interpretação extensiva.Saliento que a
atividade de tratorista ou de operador de máquinas pesadas, independentemente
do cargo, categoria ou ramo da empresa é considerada especial por analogia,
em razão dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79.Nesse sentido há julgado do
egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Região:(...)Embora a ocupação de
tratorista não se encontre mencionada expressamente nos anexos dos Decretos
acima mencionados, tal atividade é correlata à de motorista de carga e, tanto
quanto esta última, pode ser classificada como atividade especial. Assim, detém,
tal qual aquela, a presunção de especialidade exigida para o reconhecimento de
sua natureza de tempo especial.(...)(Origem: TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Classe: AC - APELAÇÃO CÍVEL - 395692Processo: 97030733123 UF: SP
Órgão Julgador: TURMA SUPLEMENTAR DA TERCEIRASEÇÃO Data da
decisão: 06/05/2008 Documento: TRF300157322)Tal enquadramento decorre
do próprio exercício da atividade, sendo admitido até 28/04/1995 (nos termos da
Lei nº 9.032/95), com presunção de exposição a agentes nocivos, cabendo o
reconhecimento de sua natureza de tempo especial. Posteriormente a tal data,
exige-se a comprovação da exposição a agentes insalubres.

(...)

(16 00083946020124036303, JUIZ(A) FEDERAL HERBERT CORNELIO


PIETER DE BRUYN JUNIOR - 6ª TURMA RECURSAL DE SÃO PAULO, e-
DJF3 Judicial DATA: 06/06/2016.)"

Portanto, a atividade de operador de máquinas pesadas também é


passível de enquadramento por categoria profissional até o marco mencionado.
Nego provimento ao recurso do INSS.

c) Períodos de 15/03/2004 a 18/12/2004 e de 18/03/2005 a


31/05/2016

Acerca da habitualidade e permanência da exposição aos agentes


nocivos, confira-se:

"PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO


DE SERVIÇO especial, ENQUADRAMENTO POR EXPOSIÇÃO A AGENTES
NOCIVOS. TRABALHO anterior À lei Nº 9.032/95. EXPOSIÇÃO HABITUAL,
PERMANENTE, INTERMITENTE, OCASIONAL.

1. Para fins de caracterização de tempo de serviço especial, aplica-se a lei


vigente à época da prestação do trabalho, motivo pelo qual em relação ao tempo
de serviço trabalhado antes de 29.04.95, data da publicação da Lei nº 9.032/95,
não se exigia o preenchimento do requisito da permanência, embora fosse
exigível a demonstração da habitualidade e da intermitência.

2. Por se tratar de uma condição restritiva introduzida pela Lei nº 9.032/95, a


permanência somente passou a ser exigida a partir de 29.04.95, sendo que a
previsão de permanência nos regulamentos da CLPS de 1960 e da CLPS de 1984
extrapolou o poder regulamentar, ao restringir-se aquilo que a lei não restringia;
aos decretos cabia apenas a definição das atividades ou agentes penosos,
insalubres ou perigosos.

3. habitual é a exposição a agentes nocivos durante todos os dias de trabalho


normal, ou seja, durante todos os dias da jornada normal de trabalho.

4. Permanente é a exposição experimentada pelo segurado durante o exercício


de todas as suas funções, não quebrando a permanência o exercício de função de
supervisão, controle ou comando em geral ou outra atividade equivalente, desde
que seja exclusivamente em ambientes de trabalho cuja nocividade tenha sido
constatada.

5. intermitente é a exposição experimentada pelo segurado de forma programada


para certos momentos inerentes à produção, repetidamente a certos intervalos.

6. ocasional é a exposição experimentada pelo segurado de forma não


programada, sem mensuração de tempo, acontecimento fortuito, previsível ou
não.

7. No caso, a exposição eventual aos agentes nocivos não era habitual e nem
intermitente, sendo não habitual e meramente ocasional. A exposição aos agentes
nocivos umidade, microorganismos, fungos e bactérias ocorria apenas quando o
autor trabalhava nas caixas subterrâneas, que estavam constantemente
alagadas; só que isso não ocorria todos os dias da sua jornada normal de
trabalho (e, portanto, a exposição não era habitual), nem ocorria repetidamente
de forma programada em certos intervalos (e, portanto, a exposição não era
intermitente, mas, sim, ocasional).

8. Pedido de uniformização improvido.

(PEDILEF 200451510619827, JUÍZA FEDERAL JAQUELINE MICHELS


BILHALVA, TNU - Turma Nacional de Uniformização, 20/10/2008)"

Portanto, até 28/04/1995, apenas se exige a habitualidade da


exposição, dispensando-se a permanência; após referido marco, há que se
comprovar a habitualidade e permanência da exposição ao agente nocivo.

No tocante ao agente nocivo ruído, o atual entendimento a ser


aplicado é de que o nível de tolerância até 05/03/1997 é de 80 dB, após esta data
e até 18/11/2003 é de 90 dB e a partir de 19/11/2003 é de 85 dB. O paradigma do
Superior Tribunal de Justiça dispôs o seguinte:

"PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE


JURISPRUDÊNCIA. ÍNDICE MÍNIMO DE RUÍDO A SER CONSIDERADO
PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL.
APLICAÇÃO RETROATIVA DO ÍNDICE SUPERIOR A 85 DECIBÉIS
PREVISTO NO DECRETO N. 4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS
REGIT ACTUM. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE SUPERIOR A 90 DECIBÉIS NA
VIGÊNCIA DO DECRETO N. 2.172/97. ENTENDIMENTO DA TNU EM
DESCOMPASSO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR.

1. Incidente de uniformização de jurisprudência interposto pelo INSS contra


acórdão da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais
que fez incidir ao caso o novo texto do enunciado n. 32/TNU: O tempo de
trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de
conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência
do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85
decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003,
quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de
tal índice de ruído.

2. A contagem do tempo de trabalho de forma mais favorável àquele que esteve


submetido a condições prejudiciais à saúde deve obedecer a lei vigente na época
em que o trabalhador esteve exposto ao agente nocivo, no caso ruído. Assim, na
vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a
caracterizar o direito à contagem do tempo de trabalho como especial deve ser
superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para 85 decibéis após a
entrada em vigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003. Precedentes:
AgRg nos EREsp 1157707/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte especial,
DJe 29/05/2013; AgRg no REsp 1326237/SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira
Turma, DJe 13/05/2013; REsp 1365898/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda
Turma, DJe 17/04/2013; AgRg no REsp 1263023/SC, Rel. Min. Gilson Dipp,
Quinta Turma, DJe 24/05/2012; e AgRg no REsp 1146243/RS, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, DJe 12/03/2012.

3. Incidente de uniformização provido.

(Pet 9059/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO,


julgado em 28/08/2013, DJe 09/09/2013)"

Por sua vez, quanto à metodologia de cálculo do ruído, o ideal é que


se calcule a média ponderada, porém, não sendo certo o tempo de exposição a cada
nível de ruído, há que se aplicar a média aritmética:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL.


RUÍDO. NÍVEIS VARIADOS DURANTE A JORNADA DE TRABALHO.
CÁLCULO PELA MÉDIA PONDERADA. NA AUSÊNCIA DESTA NO LAUDO
PERICIAL, DEVE-SE ADOTAR A MÉDIA ARITMÉTICA. APLICAÇÃO DA
QUESTÃO DE ORDEM 20/TNU. INCIDENTE CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Para fins de enquadramento da atividade
especial pela exposição a agente nocivo ruído com níveis de ruído variados
durante a jornada de trabalho do segurado, a técnica ideal a ser considerada é
a média ponderada. 2. Não sendo adotada tal técnica pelo laudo pericial, deve
ser realizada média aritmética simples entre as medições de ruído encontradas
pela prova pericial. 3. Resta afastada a técnica de 'picos de ruído', onde se
considera apenas o nível de ruído máximo, desconsiderando-se os valores
mínimos. 4. Retorno dos autos à Turma Recursal de origem para adequação do
julgado. Aplicação da Questão de Ordem 20/TNU. 5. Incidente conhecido e
parcialmente provido.A C Ó R D Ã O - Vistos, relatados e discutidos estes autos,
em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Nacional de
Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais decide
CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO ao pedido de uniformização
interposto pelo requerente, na forma do voto proferido pelo juiz relator e da
ementa que integram este julgado.
(PEDILEF 201072550036556, JUIZ FEDERAL ADEL AMÉRICO DE
OLIVEIRA, TNU, DOU 17/08/2012.) - destaquei.

No caso dos autos, embora o PPP indique a exposição a ruído


sempre superior a 85 dB, não houve o reconhecimento dos períodos como especial
sob o fundamento de que o laudo indica ser intermitente a exposição ao ruído, não
traz o tempo de exposição e nem calcula a média de referida exposição.

Não obstante, todos os valores de ruído apresentados superam o


limite de tolerância dos períodos e, não fosse isso suficiente, embora o laudo diga
ser intermitente a exposição, refere que o ruído provinha das máquinas. Ora, sendo
o autor operador de máquinas (carregadeira/colhedeira), é indissociável de sua
função o contato com o ruído, de forma que, a partir da descrição das atividades
conclui-se ser habitual e permanente a exposição ao ruído superior ao limite de
tolerância.

Desta forma, dou provimento ao recurso do autor e reconheço


como especial os períodos de 15/03/2004 a 18/12/2004 e de 18/03/2005 a
31/05/2016.

d) Período em auxílio-doença

Com relação ao período em auxílio-doença, o entendimento


jurisprudencial é que o segurado que se encontra em gozo do benefício de auxílio-
doença, seja acidentário ou previdenciário, faz jus ao reconhecimento da
especialidade do período. Nesse sentidos os precedentes da TRU4 (IUJEF n.º
5001671-20.2012.404.7205, Rel. Juiz Federal Marcelo Malucelli, D. E.
29/05/2013; IUJEF 5002451-60.2012.404.7107, Rel. p/acórdão Ana Cristina
Monteiro, D. E. 09/07/2012).

Portanto, não há óbice ao reconhecimento da especialidade até


porque, segundo disposição do art. 55, II, da Lei 8.213/91, o período em gozo de
benefício por incapacidade quando intercalado com período de atividade
remunerada deve ser computado como contributivo, razão pela qual nada mais
justo que o segurado faça jus ao reconhecimento da especialidade de labor
prestado durante tal interregno.

Ademais, em recente decisão proferida pelo Tribunal Regional


Federal da 4ª Região, em sede de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
- Tema 8, autos nº 50178966020164040000, pacificou-se no âmbito da 4ª Região
que "o período de auxílio-doença de natureza previdenciária, independente de
comprovação da relação da moléstia com a atividade profissional do segurado,
deve ser considerado como tempo especial quando trabalhador exercia atividade
especial antes do afastamento".
Entretanto, em consulta ao CNIS do segurado, constato que ele não
gozou de nenhum benefício por incapacidade até a DER, de forma que o INSS
sequer possui interesse recursal quanto ao ponto.

2. Consectários

Com o acréscimo dos períodos supra, o segurado passa a contar com


mais de 35 anos de tempo de contribuição/serviço na DER, fazendo jus ao
benefício de aposentadoria por tempo de contribuição integral com DIB na DER.

Correção monetária e juros de mora

A consequência da concessão/revisão de aposentadoria impõe à


Administração Previdenciária que pague ao segurado as parcelas devidas desde a
data de início do benefício, respeitada a prescrição quinquenal, corrigidas
monetariamente pelo IGP-DI desde seu vencimento até janeiro de 2004 (Lei
9.711/98, art. 10), e a partir de então na forma do artigo 31 da Lei 10.741/2003
(Estatuto do Idoso), acrescidas de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação.

Resta afastada a aplicação da regra contida no art.1º-F da lei nº


9494/97, com a redação dada pela Lei 11960/09, uma vez que o índice ali apontado
não reflete a recomposição das perdas inflacionárias.

Importante ressaltar, ainda, que a Lei 11960/09, ao disciplinar a


correção dos débitos fazendários, mandou aplicar, de forma incindível, a
sistemática da remuneração da poupança. Afastada a aplicação dessa sistemática,
ainda que sob o argumento da imprestabilidade da TR, não se admite a cisão deste
todo, notadamente porque os juros de poupança não eram propriamente
moratórios.

Por último, a condenação resta limitada, no que diz respeito às


parcelas vencidas antes do ajuizamento do feito, somadas às doze vincendas, a
sessenta salários-mínimos.

3. Cumprimento imediato da decisão

O art. 4º da Lei 10.259/01 dispõe que o juiz poderá, de ofício ou a


requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo.

Ademais, as sentenças nos Juizados Especiais, por força do art. 43


da Lei 9.099/95, gozam de eficácia imediata, tendo os recursos, em regra, apenas
o efeito devolutivo. Assim, não havendo motivos para excepcionar a regra, bem
como considerando que a natureza alimentar da prestação torna necessária a
concessão de medida liminar, determino ao INSS que implante o benefício
requerido em favor da parte autora, no prazo de 30 (trinta) dias. Para o caso de
descumprimento do prazo fixado, será aplicada multa, sem prejuízo das demais
medidas cominatórias, nos termos do artigo 297 e 537, ambos do NCPC.
DISPOSITIVO

Defiro a antecipação de tutela.

Considero prequestionados especificamente os dispositivos legais e


constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e contrarrazões de
recurso, porquanto a fundamentação ora exarada não viola quaisquer dos
dispositivos da legislação federal ou da Constituição da República levantados em
tais peças processuais. Desde já fica sinalizado que o manejo de embargos para
prequestionamento ficará sujeito à multa, nos termos da legislação de regência da
matéria.

Condeno o INSS ao pagamento de honorários de sucumbência, no


equivalente a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, e, na ausência,
sobre o valor atualizado da causa, observando-se, no que for pertinente, os termos
da Súmula n.º 111 do STJ.

Ante o exposto, voto por DAR PROVIMENTO AO RECURSO DO


AUTOR E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO RÉU.

Documento eletrônico assinado por EDUARDO FERNANDO APPIO, Juiz Federal, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março
de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 700005012615v12 e do código CRC e9d17d91.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): EDUARDO FERNANDO APPIO
Data e Hora: 4/9/2018, às 16:59:25

5011852-31.2017.4.04.7003
700005012615 .V12

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:08:40.


Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
Gab. Juiz Federal EDUARDO FERNANDO APPIO (PR-2A)
Rua Voluntários da Pátria, 532, 5ª andar - Bairro: Centro - CEP: 80020-000 - Fone: (41) 3321-6541 -
www.jfpr.jus.br - Email: prctbdatr@jfpr.jus.br

RECURSO CÍVEL Nº 5011852-31.2017.4.04.7003/PR


RELATOR: JUIZ FEDERAL EDUARDO FERNANDO APPIO
RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)
RECORRENTE: VALDECIR SANTOS TRINDADE (AUTOR)
ADVOGADO: AMILTON EUDOXIO PEREIRA
RECORRIDO: OS MESMOS

ACÓRDÃO
A 2ª Turma Recursal do Paraná, por unanimidade, decidiu DAR
PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR E NEGAR PROVIMENTO AO
RECURSO DO RÉU.

Curitiba, 12 de setembro de 2018.

Documento eletrônico assinado por EDUARDO FERNANDO APPIO, Relator do Acórdão, na forma
do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26
de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 700005562113v2 e do código CRC 7aeeaf9a.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): EDUARDO FERNANDO APPIO
Data e Hora: 17/9/2018, às 22:20:36
5011852-31.2017.4.04.7003
700005562113 .V2

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:08:40.

RECURSO CÍVEL Nº 5002450-66.2017.4.04.7118/RS


RELATOR: JUIZ FEDERAL FÁBIO VITÓRIO MATTIELLO
RECORRENTE: JOSE DA TRINDADE (AUTOR)
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)

VOTO
Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença
que julgou improcedente pedido da exordial. Refere, preliminarmente,
cerceamento de defesa, em razão do indeferimento da realização de prova pericial
e testemunhal. No mérito, busca o reconhecimento da especialidade dos períodos
de 03/05/1982 a 10/08/1982, 01/08/1983 a 31/05/2002, 01/06/2002 a 29/11/2002,
30/11/2002 a 02/01/2007, 03/01/2007 a 28/09/2007 e de 29/09/2007 a 26/09/2012,
na função de pedreiro, em que esteve exposto a agentes nocivos à saúde.

Tempo especial

Examino o pedido, declinando, inicialmente, os parâmetros


adotados para o julgamento.

Especificamente acerca da prova do tempo especial, o art. 58 da Lei


de Benefícios (com a redação dada pelas Leis nº 9.528/97 e 9.732/98) e o art. 68
do Decreto nº 3.048/99 não dão margem a dúvidas quanto à verificação de que, no
âmbito previdenciário, a comprovação da especialidade dá-se pela forma
documental, isto é, por meio de formulário emitido pelo empregador e
disponibilizado ao segurado, formulário esse - desde a edição da IN/INSS/DC nº
96/2003, o PPP - que deve ter lastro em laudo técnico de condições ambientais
de trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança nos
termos da legislação trabalhista e estampar as atividades desenvolvidas pelo
trabalhador no período laboral e o resultado das avaliações ambientais e da
monitoração biológica, com remissão (a) aos agentes nocivos químicos, físicos
e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade
física a que esteve exposto e (b) às informações sobre existência de tecnologia
de proteção coletiva ou individual e de sua eficácia, além da identificação dos
responsáveis pelas avaliações ambientais e pela monitoração biológica e dos dados
administrativos correspondentes.

Dito isso, convém registrar quatro observações preliminares:

1ª. O PPP, a fim de ser considerado regular, deve apresentar as


informações básicas referentes a (a) dados administrativos da
empresa e do trabalhador; (b) registros ambientais; (c) resultados de
monitoração biológica, quando exigível; (d) dados referentes a EPC
(para o período posterior a 13/10/1996) e EPI (para o período
posterior a 03/12/1998), se for o caso; (e) responsável(is) pelas
informações (Responsável Técnico habilitado, com registro no
CREA, tratando-se de engenheiro de segurança do trabalho, ou
CRM, no caso de médico do trabalho) e (f) assinatura do
representante legal da empresa ou seu preposto ("O PPP é prova do
exercício de atividade especial se estiver corretamente preenchido
em todos os seus campos, sem irregularidades formais, com base em
registros colhidos por profissional legalmente habilitado" - 5051227-
24.2012.404.7000, TRU da 4ª Região, Relatora p/ Acórdão Luciane
Merlin Clève Kravetz, juntado aos autos em 30/03/2015).

2ª. O PPP é também considerado regular nas seguintes


hipóteses, em que pese apresente meramente valor de formulário de
informações sobre atividades exercidas em condições especiais (na
linha dos anteriores SB-40, DIRBEN-8030 e DSS-8030):

(a) quando, emitido apenas para comprovar o enquadramento por


categoria profissional para as atividades exercidas até 28/04/1995,
deixar de apresentar dados referentes a registros ambientais;

(b) quando, destinado a comprovar a submissão a agentes nocivos, à


exceção do ruído, para o período até 05/03/1997, deixar de indicar o
responsável pelos registros ambientais;

(c) quando, destinado a comprovar a submissão a agentes nocivos


para o período até 13/10/1996 e 03/12/1998, deixar de apresentar
informações acerca de EPC e EPI eficaz, respectivamente, em
descompasso com os registros ambientais da empresa; e

(d) quando nele constar nome de responsável técnico pelos registros


ambientais, ainda que não abarque integralmente o período de labor
e/ou que nas observações finais haja referência ao fato de que a
exposição a fatores de risco foi extraída de laudo elaborado anterior
ou posteriormente (aplicação da Súmula nº 68 da TNU), situação em
que se considera que a empresa responsabiliza-se pela informação
de que as condições aferidas no laudo extemporâneo (LTCAT,
PPRA etc.) retratam fielmente o ambiente de trabalho existente no
período efetivamente laborado, isto é, que não houve alteração
significativa no ambiente de trabalho ou em sua organização entre
o tempo de vigência do liame empregatício e a data da confecção do
documento.

3ª. Nos casos de PPP irregular ou regular incompleto no tocante


a determinado intervalo que se pretenda ver reconhecido - a
exemplo da falta de indicação dos fatores de risco (para qualquer
período) ou do responsável pelos registros ambientais (para o
período posterior a 06.03.1997 e, a qualquer tempo, para o
ruído) -, quando o segurado não logre substituí-lo por novo
documento regular e/ou completo ao longo da instrução, a
comprovação dependerá:

(a) da apresentação de laudo técnico contemporâneo (ou documento


substitutivo - PPRA, PCMSO etc.);

(b) inexistindo registros ambientais contemporâneos à prestação do


labor, da apresentação (i) de documento anterior ou posterior à
prestação do trabalho (Súmula nº 68 da TNU), desde que não haja
indícios de que tenha ocorrido alteração relevante no ambiente de
trabalho ou em sua organização entre o período laborado e a data da
confecção, (ii) de laudos técnico-periciais realizados na mesma
empresa, emitidos por determinação da Justiça do Trabalho, em
ações trabalhistas, individuais ou coletivas, acordos ou dissídios
coletivos, ainda que o segurado não seja o reclamante, desde que
relativas ao mesmo setor, atividades, condições e local de trabalho,
bem como por determinação do Ministério do Trabalho ou do
Ministério Público do Trabalho (desde que dela tenha tido ciência,
com oportunidade de participar, o empregador), ou, ainda, (iii) de
laudos individuais autorizados pela empresa, a cuja confecção tenha
sido oportunizado o acompanhamento por preposto seu.

4ª. O Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, se regular,


dispensa a apresentação de laudo técnico (AgRg no REsp
1340380/CE, STJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 06/10/2014; PEDILEF
50379486820124047000, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO
MONTEIRO, TNU, DOU 31/05/2013 pág. 133/154), que, porém, é
exigível (a) quando estiver incompleto (por nele não estarem
registrados a submissão a agentes nocivos para determinado, por
exemplo), (b) quando verificada alguma inconsistência nos dados
estampados no documento ou (c) quando houver dúvida em relação
a algum aspecto de seu preenchimento. Eventual inconformidade
entre os dados do PPP e os registros ambientais da empresa,
desrespeitando a congruência que devem manter, acarretará a
prevalência desses últimos.

Uma 5ª (quinta) observação, consubstanciada na impugnação dos


documentos emitidos pela empresa atinentes às suas demonstrações ambientais,
merece destaque.

A desconstituição do formulário voltado à comprovação


do tempo especial e/ou de outros registros das condições ambientais de trabalho é
controvérsia afeta às feições da relação empregatícia e, portanto, matéria que
extravasa o litígio travado com a Previdência Social (objeto litigioso do processo
judicial previdenciário), sendo dirimível apenas pela Justiça do Trabalho, nos
termos da norma de competência definida na Constituição Federal, art. 114, a
quem caberá eventualmente, em ação declaratória (imprescritível), compelir o
empregador a emitir os papeis que espelhem a concreta situação laboral, caso
confirmada a inveracidade de seu conteúdo. É dizer, consoante já decidiu o TST,
que "se a causa de pedir (remota e próxima) e o pedido têm origem no contrato
de trabalho e nas figuras de empregador e empregado, resta indubitável a
competência material da Justiça do Trabalho para julgar o conflito, nos termos
do art. 114, I, da Constituição Federal, ainda que se trate de obrigação acessória
ao contrato de trabalho, qual seja a de o empregador fornecer documento para
que o empregado se habilite junto ao INSS para solicitar benefício
previdenciário"; por outro lado, "a obrigação de fazer imposta à reclamada é
restrita à expedição de novo PPP, cabendo ao INSS decidir se a realidade laboral
vivenciada pelo empregado dá ensejo à aposentadoria especial ou não" (Tribunal
Superior do Trabalho - AIRR - 116340-12.2006.5.03.0033 , Relator Ministro:
Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 22/09/2010, 1ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 01/10/2010), com o que se deslinda o foco de eventual ação
previdenciária perante a Justiça Federal: a revisão (judicial review) da
postura da Autarquia Previdenciária dentro daquilo que a ela
cabe legalmente avaliar, isto é, a aferição da satisfação dos pressupostos da
aposentadoria especial com base na "realidade laboral vivenciada pelo
empregado" devidamente documentada (preferencialmente no PPP). A
respeito dessa temática, é elucidativa a leitura de alguns precedentes do TST e
TRT4 (RS):

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECURSO DE


REVISTA EM AÇÃO DECLARATÓRIA. RECLAMAÇÃO PLÚRIMA MOVIDA
CONTRA O EMPREGADOR PARA APURAÇÃO TÉCNICA DE CONDIÇÕES
AMBIENTAIS DE TRABALHO. RECURSO DO INSS. COMPETÊNCIA
JURISDICIONAL. AÇÃO DE NATUREZA NITIDAMENTE TRABALHISTA, E
NÃO PREVIDENCIÁRIA. INGRESSO DO INSS NO FEITO, COMO MERO
ASSISTENTE, QUE NÃO COMPORTA O DESLOCAMENTO DA
COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO
ART. 109, I, DA CONSTITUIÇÃO, MERECENDO CONFIRMAÇÃO O
DESPACHO AGRAVADO AO ENTENDER AUSENTES, NA HIPÓTESE, OS
PRESSUPOSTOS DE CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA. O acórdão
regional, ao proclamar que não estão em discussão aspectos técnicos acerca da
viabilidade, ou não, para os autores, de aposentadorias especiais - esta, sim, uma
questão previdenciária -, mas tão somente a obrigação patronal de reconhecer,
a partir de verificação por perito do Juízo, condições ambientais nocivas de
trabalho dos empregados para que eles possam, noutra esfera, -acionar o estudo
acerca da viabilidade de aposentadorias especiais-, deixa clara a observância,
no caso, dos limites jurisdicionais da competência trabalhista, não incidindo,
portanto, em vulneração do art. 109, I, da Constituição. Decisão que limitou-se
a julgar cabível, no âmbito trabalhista, a apuração pericial das condições de
trabalho e a emissão de formulário antes conhecido como DSS (DIRBEN)
8030, hoje, PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) para que, -aí sim ao
leito da legislação previdenciária e em contraditório outro-, os trabalhadores
venham a discutir a questão previdenciária daí resultante junto ao INSS.
Precedentes. Agravo de instrumento não provido. (AIRR - 60741-
19.2005.5.03.0132 , Relator Juiz Convocado: Flavio Portinho Sirangelo, Data
de Julgamento: 17/11/2010, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/11/2010)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


FORMULÁRIO PPP E LAUDO TÉCNICO CORRELATO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA DO TRABALHO. Nos termos do art. 114 da Constituição
Federal, compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios
individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, incluindo outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, inclusive o formulário PPP e
laudo técnico correlato, em razão da relação de emprego mantida pelo
reclamante com a empregadora. Agravo conhecido e desprovido. (AIRR - 61240-
87.2005.5.03.0007 , Relator Juiz Convocado: José Ronald Cavalcante Soares,
Data de Julgamento: 01/11/2006, 6ª Turma, Data de Publicação: DJ 24/11/2006)

RECURSO DE REVISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ART.


114, I, da CF/88. OBRIGAÇÃO DE FAZER. PREECHIMENTO DA GUIA
PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO- PPP. trabalho sob
condições de risco acentuado à saúde. produção de prova. A guia do Perfil
Profissiográfico Previdenciário - PPP - deve ser emitida pelo empregador e
entregue ao empregado quando do rompimento do pacto laboral, com base em
laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, nos exatos termos da
legislação previdenciária, contendo a relação de todos os agentes nocivos
químicos, físicos e biológicos e resultados de monitoração biológica durante todo
o período trabalhado, em formulário próprio do INSS, com preenchimento de
todos os campos (art. 58, parágrafos 1º a 4º, da Lei 8.213/1991, 68, §§ 2º e 6º,
do Decreto 3.048/1999, 146 da IN 95/INSS-DC, alterada pela IN 99/INSS-DC e
art. 195, § 2º, da CLT). A produção de prova, para apuração ou não de labor
em reais condições de risco acentuado à saúde e integridade física do
trabalhador, mesmo para fazer prova junto ao INSS visando à obtenção da
aposentadoria especial, por envolver relação de trabalho, é da competência
desta Justiça Especializada, art. 114, I, da CF, e não da Justiça Federal. Há
precedentes. A mera entrega da PPP não impede que a Justiça do Trabalho
proveja sobre a veracidade de seu conteúdo. Recurso de revista conhecido e
provido" (RR-18400-18.2009.5.17.0012, Relator Ministro: Augusto César Leite
de Carvalho, 6ª Turma, DEJT 30/09/2011).

RECURSO DE REVISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


EMISSÃO DO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO.
OBRIGAÇÃO TÍPICA DA RELAÇÃO DE TRABALHO. ARTIGO 114, I, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. O artigo 58, § 4º, da Lei nº 8.213/91, ao
estipular que 'a empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil
profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e
fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica
desse documento', impõe obrigação típica da relação de trabalho, ainda que
tenha implicações previdenciárias; logo, trata-se de matéria abrangida pela
competência da Justiça do Trabalho. Recurso de revista provido. (RR-271000-
52.2005.5.12.0031, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, 3ª
Turma, DEJT 18/03/2011).

RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. EMISSÃO DE PERFIL


PROFISIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO - PPP. NÃO INCIDÊNCIA. Nos
termos do §1º do artigo 11 da CLT, os prazos prescricionais atinentes ao direito
de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, não se aplicam
às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à
Previdência Social. Precedentes. Recurso de revista não conhecido." (RR-617-
72.2010.5.03.0107, Relator Ministro: Emmanoel Pereira, Data de Julgamento:
20/2/2013, 5ª Turma, Data de Publicação: 1/3/2013)

RECURSO DE REVISTA. 1. PRESCRIÇÃO. DECLARAÇÃO DE DIREITOS.


COMPROVAÇÃO. PREVIDÊNCIA SOCIAL. ARTIGO 11, § 1º, DA CLT. O
artigo 11, § 1º, da CLT declara a imprescritibilidade das ações que tenham como
finalidade a obtenção de informações que devam ser fornecidas pelo
empregador, ainda que, em seu conteúdo, comine-se a este a obrigação de fazer
as anotações relevantes à condição de segurado ou entregar documento que
contenha tais informações. Nota-se, assim, que a imprescritibilidade a que se
refere o dispositivo não se circunscreve às ações meramente declaratórias, mas
abrange qualquer modalidade de ação que tenha como finalidade a certificação
de situações fáticas necessárias à comprovação de algum direito junto à
Previdência Social, como ocorreu no presente caso. Precedentes. Recurso de
revista não conhecido." (RR-1195-96.2010.5.03.0022, Relator Ministro:
Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 13/11/2012, 5ª Turma,
Data de Publicação: 16/11/2012)

INTERVALO INTRAJORNADA. FRACIONAMENTO. PREVISÃO EM NORMA


COLETIVA. INVALIDADE. (...) RETIFICAÇÃO DO PERFIL
PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO - PPP. INSALUBRIDADE
APURADA EM JUÍZO. 1. Nos termos do § 1º do artigo 58 da Lei n.º 8.213/91,
o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP é o documento pelo qual o
trabalhador segurado faz prova junto ao INSS da sua exposição a agentes
nocivos no desempenho de suas funções, de modo a ter jus à
aposentadoria especial. Ainda segundo o referido dispositivo, a empresa ou seu
preposto são os responsáveis pela emissão do referido documento atestando as
condições especiais de trabalho, com base em laudo técnico de condições
ambientais de trabalho. 2. Diante disso, constatada em Juízo a existência de
insalubridade nas condições de trabalho do empregado, é lícita a ordem de
retificação do documento PPP pela empregadora, de modo a atender
plenamente o comando do artigo 58, § 1º, da Lei n.º 8.213/91. 3. Agravo de
instrumento a que se nega provimento. (AIRR - 352-95.2010.5.03.0034 , Relator
Ministro: Lelio Bentes Corrêa, Data de Julgamento: 22/05/2013, 1ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 31/05/2013)

RECURSO DO RECLAMANTE. Competência da Justiça do Trabalho.


Retificação do Perfil Profissiográfico Previdenciário. Atividade insalubre. A
Justiça do Trabalho é competente para julgar demanda entre empregado e
empregador, na qual aquele pretende obrigar este a expedir o
documento PPP com as informações acerca da natureza insalubre de suas
atividades. Recurso provido neste item. Nulidade do processo. Cerceamento de
defesa. Prova pericial. Local de trabalho desativado. Perícia em outro local. O
fechamento do local de trabalho do reclamante é insuficiente para impedir a
realização da perícia quando as mesmas atividades estiverem sendo realizadas
pela reclamada em local diverso, configurando cerceamento de defesa o
indeferimento da prova. Recurso provido neste tópico (TRT4 - PROCESSO:
0000896-33.2014.5.04.0352 RO, Rel. Des. Marcelo Gonçalves de Oliveira, j.
12/08/2015)

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. DEVER DE DOCUMENTAÇÃO


AMBIENTAL DO EMPREGADOR. DIREITO DE INFORMAÇÃO DO
TRABALHADOR. PRESUNÇÃO DE NEXO ENTRE O AGRAVO À SAÚDE DO
TRABALHADOR E O SERVIÇO PRESTADO. 1. A documentação da existência
ou não de condições ambientais nocivas e de risco à saúde e à segurança do
empregado incumbe ao empregador. Estas obrigações ambientais desdobram-
se, em sede processual, no dever do empregador de demonstrar, nos autos, de
forma cabal, o correto cumprimento das medidas preventivas e compensatórias
adotadas no ambiente de trabalho, para evitar danos aos trabalhadores. 2.
Obrigatoriedade de fornecimento do PPP - perfil
profissiográfico previdenciário pelas empresas, documento no qual devem
constar todas as informações relativas ao empregado, a atividade que exerce, o
agente nocivo ao qual está exposto, a intensidade e a concentração do agente,
exames médicos clínicos, além de dados referentes à empresa. Inteligência do
art. 157 da CLT, c/c art. 19, §1º, e art. 58, §4º, da Lei 8213/91, e NR 09, do MTE.
(...) (PROCESSO: 0001122-68.2013.5.04.0030 RO, 2ª Turma, Rel. Des. Marcelo
José Ferlin D'Ambroso, j. 27/08/2015)

A questão da delimitação das atribuições da Justiça Federal e da


Justiça do Trabalho, dentro do âmbito de suas competências constitucionais, foi
bem analisada no primeiro precedente, verbis:

[N]ão se verifica a vulneração do art. 109, I, da Constituição da República,


sendo por demais evidente que não se trata, no caso, de ação de previdenciária,
até porque nenhuma cominação foi postulada e, portanto, deferida, contra os
interesses da autarquia da Previdência. O INSS, como ressalta o despacho
agravado, foi admitido como mero assistente, sendo a ação de natureza
nitidamente trabalhista, já que destinada à apuração do trabalho em ambiente
nocivo. É incensurável, aliás, o acórdão regional, ao proclamar que não estão
aqui em discussão aspectos técnicos acerca da viabilidade, ou não, para os
autores, de aposentadorias especiais - esta sim uma questão previdenciária -,
mas tão somente a obrigação patronal de reconhecer as condições de trabalho
desses empregados para que eles possam "acionar o estudo acerca da
viabilidade de aposentadorias especiais, aí sim ao leito da legislação
previdenciária e em contraditório outro", para concluir: "Certo é que, de acordo
com as conclusões periciais, a Empresa se obriga a fornecer o que era antes
conhecido como DSS (DIRBE) 8030, hoje, PPP" (fl. 82 - esclareço: Perfil
Profissiográfico Previdenciário - PPP).

Como se vê, não há como atinar pela alegada afronta à competência da Justiça
Federal, esta prevista no art. 109, I, da Constituição Federal, já que a ação,
destinada a elucidar as condições de trabalho e obter o direito dos empregados
à declaração patronal acerca dessas condições, é nitidamente trabalhista.

É da competência da Justiça do Trabalho conhecer das condições laborais do


empregado, para fins de emissão pela empresa do formulário DIRBEN-8030
(ou, em outros momentos, dos formulários SB-40, DSS-8030 e PPP). Conforme
bem esclareceu o Tribunal a quo, a questão disposta na pretensão inicial tem
origem no ambiente de trabalho, cuidando a espécie de declaração da realidade
funcional, para se determinar à empresa o cumprimento da formalidade que
lhe diz respeito, para que, munido desta documentação, possa o trabalhador
pleitear junto ao órgão previdenciárioestatal a averbação do tempo de serviço
para o cálculo da aposentadoria especial.

Não suficiente, a constatação de os dados do PPP não se revestem


de veracidade ou fidedignidade tem repercussões administrativas (art. 58, par. 3º,
da Lei de Benefícios c/c 68, par. 2º, do Decreto n. 3.048/99), trabalhistas (art. 192
da CLT - adicional de insalubridade), tributárias (art. 22, II, da Lei nº. 8.212/91 -
adicional de contribuição previdenciária) e penais (arts. 297 e 299 do Código Penal
- crimes de falsificação de documento público e falsidade ideológica), razão por
que, salvo impossibilidade, a correção dependeria da ciência e da oportunidade de
participação do empregador, em nome do contraditório, da ampla defesa e da
isonomia.

Perante a Justiça Federal (assim como perante o INSS), poderá ser


contestado o PPP ou alguma demonstração ambiental da empresa apenas por meio
de prova preconstituída oriunda da Justiça do Trabalho, do Ministério do Trabalho
e Previdência Social e do Ministério Público do Trabalho, desde que dela tenha
tido ciência, com oportunidade de participar, o empregador, ou derivada do
próprio estabelecimento empresarial, impugnando-se, por exemplo, (a)
a regularidade do PPP por meio da comprovação de que contém informações
contrárias ou conflitantes com o laudo no qual se embasa, hipótese em que, se
viável, será aplicado o respectivo LTCAT ou PPRA, ou (b) a regularidade do
próprio LTCAT ou PPRA por meio da apresentação de outras demonstrações
ambientais pertinentes à própria empresa que contradigam o seu teor, inclusive as
constantes em laudos técnico-periciais realizados no mesmo estabelecimento
emitidos por determinação da JT, do MTPS ou do MPT (NR-15, itens 15.5, 15.6
e 15.7), que serão substitutivamente utilizados no foro previdenciário, sem
prejuízo de eventual representação para os fins de apuração da responsabilidade
civil, administrativa, fiscal e criminal cabível. Apenas se for verificada omissão
ou contradição insuperável nos registros ambientais da empresa capaz de
impedir que se chegue a conclusão favorável ou desfavorável ao
enquadramento da especialidade é que se poderá lançar mão dos meios de
prova subsidiários (na forma dos arts. 443, II, quanto à prova testemunhal, 464,
par. 1º, II, a contrario sensu, quanto à pericial, ambos do NCPC), na linha, aliás,
do autorizado à própria Autarquia Previdenciária, no processo administrativo,
quando exigida a sua atuação fiscalizatória para confirmação das informações
contidas no PPP ou nos demais registros ambientais por meio da inspeção no
local de trabalho e/ou da oitiva de testemunhas (arts. 68, par. 7º, 142-151, e 225,
III, do Decreto nº 3.048/99; arts. 298, 574-600 e 686, da IN INSS/PRES nº
77/2015).

Logo, sobretudo quando estão disponíveis o PPP regular e/ou os


registros ambientais da empresa, é descabida a realização de perícia, seja na
esfera administrativa, seja ao longo da instrução do processo
judicial previdenciário ("A comprovação da especialidade das atividades
desenvolvidas pelo segurado é ônus que lhe incumbe, o que deve fazer mediante
apresentação de formulários expedidos pela empregadora. Eventual
inconformismo deve ser deduzido em sede e momentos oportunos, que não em
demanda previdenciária em curso, já que não cabe à Justiça Federal 'conferir' a
correção dos dados ali lançados" - 5007721-50.2012.404.7112, TRU da 4ª Região,
Relator p/ Acórdão Fernando Zandoná, juntado aos autos em 17/10/2014;
5016420-42.2012.404.7108, TRU da 4ª Região, Relator Daniel Machado da
Rocha, juntado aos autos em 14/04/2014; 5008092-60.2011.404.7108, TRU da 4ª
Região, Relator p/ Acórdão Alessandra Günther Favaro, juntado aos autos em
17/12/2014).

Ademais, não configura o cerceamento de defesa o julgamento


da causa sem a produção de prova testemunhal ou pericial. Saliento,
outrossim, que o microssistema dos Juizados Especiais Federais apresenta, entre
suas notas diferenciadoras do procedimento ordinário, a liberdade do magistrado
para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para
dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica (art. 1º da Lei n.º
10.259/2001 c/c art. 5º, Lei n.º 9.099/1995); sem qualquer ofensa aos princípios
do contraditório e ampla defesa.

Oportuno se faz também, em uma 6ª (sexta) e última observação,


adentrar o exame da comprovação de eventual tecnologia de proteção coletiva ou
individual e de sua eficácia quanto à neutralização da agressividade do agente a
que exposto o segurado, bem como de sua repercussão no âmbito do
reconhecimento do tempo especial.

Nesse particular, não mais remanescem dúvidas de que, depois de


pacificada a questão no julgamento pelo STF do ARE nº 664.335/SC (Rel. Min.
Luiz Fux, DJe 11.02.2015), o suporte fático do cômputo
do tempo especial previdenciário compõe-se de um elemento positivo (a
exposição a agente nocivo químico, físico ou biológico ou a associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física) e outro elemento negativo (a ausência
de equipamento de proteção capaz de eliminar ou neutralizar a nocividade). É, em
síntese, o que constou da "primeira tese objetiva" firmada no leading case: "o
direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a
agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de
neutralizar a nocividade, não haverá respaldo constitucional
à aposentadoria especial" (item 10 da ementa, sem grifos no original).
Assim, para o período posterior a 03.12.1998 (art. 279, par. 6º, da IN
INSS/PRES n. 77/2015), o uso de equipamento de proteção coletiva ou
individual eficaz, isto é, que neutralize ou elimine a agressividade do agente,
ou que diminua ou atenue a sua agressividade ao respectivo limite de
tolerância, inibe o direito ao reconhecimento do tempo de
serviço especial, salvo no tocante ao ruído, ao qual se aplica a Súmula nº 9 da
TNU interpretada pelo Pretório Excelso no sentido de que, quanto a tal agente, não
há falar-se em neutralização ("segunda tese" firmada no julgamento do ARE nº
664.335/SC).

Por fim, no tocante à periculosidade e/ou insalubridade, impõe-se


ressaltar que eventual percebimento do respectivo adicional na esfera trabalhista
não implica, por si só, o reconhecimento da especialidade.

Passo à análise do caso concreto.

No que respeita aos aspectos impugnados em sede recursal, constata-


se que a sentença recorrida solucionou adequadamente a lide, não demandando a
invocação de novos fundamentos, para além daqueles já deduzidos pelo julgadora
quo, a saber:

Do caso concreto

Analisando as especificidades dos períodos controvertidos, bem como a prova


apresentada, tem-se o que segue:

Períodos: 03/05/1982 a 10/08/1982 e de 01/10/1999 a 22/04/2000


Empregador: Clair Luis Menin
Função: servente (setor: canteiro de obras / espécie do estabelecimento: construção civil)
Agente(s) nocivo(s)/atividade(s) alegado(s) pelo autor: álcalis cáusticos e ruído excessivo "quando do manuseio das máquin
Provas: CTPS (E1, PROCADM5, fl. 11), formulário DSS (E1, PROCADM5, fls. 13/14 e E20, PROCADM1, fls. 19/20).
Fundamentação:
Inicialmente, destaco que, a despeito da alegação de labor como contribuinte individual, tendo o lapso de 01/10/1999 a 22/04
pedido de reconhecimento do caráter especial do labor.
Pois bem, dito isso, verifico que os formulário apontam exposição aos "agentes nocivos inerentes à profissão de servente, além
Quanto ao ruído, saliento que inexiste aferição da intensidade do mesmo, o que, por si só, torna inviável o enquadramento preten
a utilização do documento encartado no E26, PERICIA3, porquanto não comprovada, na hipótese, a impossibilidade de obt
exemplo).
No que respeita à umidade, inexistem evidências da habitualidade da exposição, e, de todo o modo, considero pouco provável,
legislação de regência para a conversão.
De seu turno, as poeiras referidas não tiveram sua origem especificada no formulário, de sorte que também inviabilizam o enqu
Finalmente, quanto à sujeição ao cimento/cal (álcalis cáusticos), vem sendo considerada pela jurisprudência como insuficiente p
as atividades de industrialização do aludido produto são contempladas pelos decretos previdenciários. Nesse sentido, colaciono
PREVIDENCIÁRIO.PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL. T
CONVERSÃO INVERSA. APOSENTADORIA ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. (...) 5. O
em operações industriais, quando da industrialização do mesmo. 6. O pedreiro na construção civil não está exposto a esse a
atividades realizadas por pedreiro, relacionadas ao preparo e transporte de argamassa e concreto, que utilizam cimento, arei
Portaria nº 3.214/78, nem podem ser classificadas como de fabricação e manuseio de álcalis cáusticos" (TST, 1ª Turma, RR
Turma, Relator p/ Acórdão Paulo Paim da Silva,D.E. 21/06/2013)
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. CARÁTER EXEMPLIFICATIVO
DA FORMA E DO NÍVEL DE CONTATO COM O CIMENTO. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA DA TNU. CONTR
reconhecimento da especialidade em razão da exposição à substância "álcalis cáusticos", devido ao contato com argamassas e
entendimento no sentido de que"não é possível reconhecer como especial o tempo de serviço de pedreiro em razão do mero c
atividade desempenhada não pode ser considerada como de exposição do trabalhador a risco" (PEDILEF 200772950018893
Região, Relator p/ Acórdão João Batista Lazzari, D.E.02/04/2013)
A matéria, aliás, é objeto do enunciado de n. 71 da TNU: "O mero contato do pedreiro com o cimento não caracteriza condiçã
No particular, portanto, improcede a pretensão.

Período: 01/06/2002 a 29/11/2002


Empregador: Auto Abastecedora Três Ltda.
Função: pedreiro (setor: canteiro de obras / espécie do estabelecimento: construção civil)
Agente(s) nocivo(s)/atividade(s) alegado(s) pelo autor: álcalis cáusticos e ruído excessivo "quando do manuseio das máquin
Provas: CTPS (E1, PROCADM5, fl. 11), formulário DSS (E1, PROCADM5, fl. 15 e E20, PROCADM1, fl. 21).
Fundamentação:
A fim de evitar tautologia, reporto-me aos fundamentos já lançados no quadro anterior e afasto a especialidade do trabalho ta

Período: 03/01/2007 a 28/09/2007


Empregador: Global Construtora e Incorporadora
Função: pedreiro (setor: não informado nos autos / espécie do estabelecimento: construção civil)
Agente(s) nocivo(s)/atividade(s) alegado(s) pelo autor: álcalis cáusticos e ruído excessivo "quando do manuseio das máquin
Provas: CTPS (E1, PROCADM5, fl. 11)
Fundamentação:
Pelas mesmas razões já expendidas, não merece prosperar o pleito autoral quanto ao intervalo em questão.
Apenas esclareço, em complemento, que no caso sequer figura nos autos formulário fornecido pelo empregador ou qualquer ou
dos respectivos documentos diretamente junto à empresa empregadora. Na verdade, oportunizada a complementação do acer
demonstra, contudo, a inatividade da empregadora a ensejar a necessidade de utilização do documento ou, até mesmo, a similar
Portanto, na situação vertente, o autor não se desincumbiu adequadamente do ônus que lhe era atribuído pelo art. 373, I, do CP
Por conseguinte, não faz jus à conversão pretendida.

Períodos: 01/08/1983 a 30/09/1999, 01/10/1999 a 22/04/2000, 23/04/2000 a 31/05/2002, 30/11/2002 a 02/01/2007 e de 29/09/2
Empregador: Autônomo/Contribuinte individual
Função: pedreiro
Agente(s) nocivo(s)/atividade(s) alegado(s) pelo autor: álcalis cáusticos e ruído excessivo "quando do manuseio das máquin
Provas: formulário emitido pelo próprio autor (E1, PROCADM5, fl. 51 e E20, PROCADM1, fl. 22), certidão do ente fazendário
dando conta do cadastramento do autor junto ao órgão, como pedreiro, de 16/02/1987 a 31/12/2007 e de 01/01/2012 a 31/10/20
Fundamentação:
De imediato, anoto que a análise da especialidade do labor vai limitada aos períodos computados como comuns pelo INSS, no
01/01/2007 a 31/05/2008 (observada a concomitância com o lapso de 03/01/
Dito isso, destaco que é perfeitamente possível reconhecer como especial o tempo de serviço sujeito a agentes nocivos prest
legislação previdenciária, não podendo o segurado ser prejudicado pela ausência de previsão do custeio específico do benefício
PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. REVISÃO/MAJORAÇÃO DE RMI DE APOSE
o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acréscimo decorrente da sua conversão em comum. 2. O seg
atividade especial em comum, quando comprovadamente exposto aos agentes insalubres, de forma habitual e permanente, ou de
de atividade sujeita a condições especiais, conforme a legislação vigente na data da prestação do trabalho, deve ser reconheci
Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 29/08/2013).
Também a Súmula nº 62 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais dispõe nesse exato sentido: "O
exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física".
Na mesma linha, especificamente tratando da questão da fonte de custeio: APELREEX nº 5001497-32.2012.404.7101, Relator
Necessária, portanto, a demonstração do efetivo exercício da atividade, ou seja, é preciso haver comprovação da própria funçã
disso, também é imprescindível a comprovação da sujeição a agentes nocivos na forma exigida pela legislação previdenciária c
Pois bem, in casu, tenho que a prova produzida é insuficiente a demonstrar a especialidade do labor.
Ainda que as certidões fornecidas pelo município sinalizem a inscrição do autor como pedreiro desde 1987, é fato que nada c
geradoras dos agentes nocivos apontados na inicial (máquinas e equipamentos geradores de ruído, especialmente).
Destaco, no particular, em atenção aos requerimentos formulados pelo autor, ser incabível a prova exclusivamente testemunhal
ínterim, que não vieram aos autos notas de prestação dos serviços alegadamente desempenhados, registros de aquisição de equi
tarefas efetivamente desempenhadas pelo autor e em que circunstâncias as mesmas ocorriam.
Outrossim, com lastro neste mesmo argumento, mostra-se igualmente inviável: (a) a produção de prova pericial no caso em apr
e (b) a formação de convicção quanto à similaridade do trabalho do autor com aquele objeto de análise no laudo anexado ao E2
restringissem à operação da "betoneira" e à "serra circular de bancada" como aparentemente ocorreu no caso avaliado pelo técn
certo que o ruído, em níveis superiores ao tolerado, não estava presente de modo habitual e permanente na jornada de trabalho
Finalmente, quanto aos químicos referidos na inicial, registro que, ainda que considerada como certa a correspondente sujeição
geral) vem sendo considerada pela jurisprudência como insuficiente para caracterizar a especialidade por exposição a agentes n
contempladas pelos decretos previdenciários. Da mesma forma, milita com especial relevância em desfavor da pretensão o te
caracteriza condição especial de trabalho para fins previdenciários".
Assim, em conclusão ao exposto, considerando que: (a) o autor não se desincumbiu do ônus de demonstrar de forma inequívoc
possível se presumir a sujeição habitual e permanente a ruído nocivo, e (c) os químicos citados, por si só, de qualquer forma nã

Nesse contexto, NÃO está devidamente comprovada a especialidade das


atividades exercidas pela parte autora no período postulado.

Corroborando com as assertivas da sentença, impende salientar que


de acordo com a jurisprudência consolidada do TST, "as atividades realizadas
por pedreiro, relacionadas ao preparo e transporte de argamassa e concreto, que
utilizam cimento, areia e brita, não são consideradas insalubres, visto que essas
atividades não se amoldam à classificação estabelecida no Anexo 13 da NR 15 da
Portaria nº 3.214/78, nem podem ser classificadas como de fabricação e manuseio
de álcalis cáusticos" (TST, 1ª Turma, RR 456/2004-461-04-00, Rel. Min. Lélio
Bentes Correa, unânime, DJU 08.02.2008). No âmbito do TST, é assente o
entendimento de que, conforme a Sociedade Brasileira de Engenharia e Segurança
- SOBES, a alcalinidade do cimento não é devida a álcalis cáusticos, os quais,
inclusive, não estão presentes no cimento, mas, sim, aos alcalino-terrosos, que não
têm enquadramento no Anexo 13 da NR 15. A propósito, no acórdão do referido
Recurso de Revista (RR 456) constou que:
"(...) este Tribunal Superior, especificamente quanto à matéria em exame, já se
pronunciou no sentido de que os serviços realizados por pedreiro não se
encontram classificados pela NR 15 da Portaria nº 3.214/78.

Cita-se, por oportuno, o seguinte julgado desta Corte Superior:

'(...) segundo a Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança - SOBES, o


cimento é classificado como uma poeira inerte. A ação do cimento é resultante
da alcalinidade de silicatos, aluminatos e silicoaluminatos que o constitui. Essa
alcalinidade, que não chega a ser agressiva, é que propicia sinergicamente as
condições para instalação de um processo de sensibilidade, ou seja, uma
condição alérgica. Frisa que esta alcalinidade não é devida
aos álcalis cáusticos, propiciadores de insalubridade e representado pelos
hidróxidos de cálcio e potássio, que não estão presentes no cimento. Os alcalino-
terrosos, esses sim presentes no cimento e dos quais decorre sua alcalinidade
média ou fraca, em função de seu grau de ionização, não estão contemplados
como insalubres nas normas legais (NR 15 anexo 13). Assim, constata-se ser
indevido o adicional de insalubridade ao pedreiro, pois eventuais respingos de
cimento ou argamassa não são suficientes para causar danos à saúde do
empregado'.

Aliás, nesse mesmo sentido os seguintes precedentes: RR-525764/1999, DJ


7/5/2004, Min. Gelson de Azevedo; RR-640701/2000, DJ 19/11/2004, Min. José
Luciano de Castilho Pereira; RR-459211/1998, DJ 25/10/2002, Juiz Conv.
Márcio Eurico Vitral Amaro (TST-RR-584/2003-004-04-00.8, 4ª Turma, DJU de
10/3/2006, Relator Ministro Barros Levenhagen)".

Por fim, deve ser observado o entendimento da Turma Nacional de


Uniformização, vertido na súmula nº 71:

O mero contato do pedreiro com o cimento não caracteriza condição especial de


trabalho para fins previdenciários.

Dou expressamente por prequestionados todos os dispositivos


indicados pelas partes nos presentes autos, para fins do art. 102, III, da
Constituição Federal, respeitadas as disposições do art.14, caput e parágrafos e art.
15, caput, da Lei nº 10.259, de 12.07.2001. A repetição dos dispositivos é
desnecessária, para evitar tautologia.

Condeno a parte recorrente em honorários advocatícios fixados em


10% (dez) sobre o valor da condenação, observado o disposto na súmula 111 do
STJ, e, na hipótese de não haver condenação, sobre o valor da causa, atualizado
desde o ajuizamento pelo IPCA-E, suspensos caso seja beneficiária da AJG.
Custas ex lege.

Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso da parte


autora.
Documento eletrônico assinado por FÁBIO VITÓRIO MATTIELLO, Juiz Relator, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março
de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 710006551260v5 e do código CRC 5e6eeb7f.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): FÁBIO VITÓRIO MATTIELLO
Data e Hora: 22/8/2018, às 14:44:7

5002450-66.2017.4.04.7118
710006551260 .V5

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:05:22.

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Rio Grande do Sul
Gab. Juiz Federal FÁBIO VITÓRIO MATTIELLO (RS-3C)
Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 600, 8º andar / ala oeste - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-
395 - Fone: (51)3214-9383 - www.jfrs.jus.br - Email: rspoadatr@jfrs.jus.br
RECURSO CÍVEL Nº 5002450-66.2017.4.04.7118/RS
RELATOR: JUIZ FEDERAL FÁBIO VITÓRIO MATTIELLO
RECORRENTE: JOSE DA TRINDADE (AUTOR)
ADVOGADO: BRUNO ENDERLE LAVARDA
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)

ACÓRDÃO
A 3ª Turma Recursal do Rio Grande do Sul, por unanimidade,
decidiu NEGAR PROVIMENTO ao recurso da PARTE AUTORA.

Porto Alegre, 19 de setembro de 2018.

Documento eletrônico assinado por FÁBIO VITÓRIO MATTIELLO, Relator do Acórdão, na forma
do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26
de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 710006911853v2 e do código CRC 9771be4d.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): FÁBIO VITÓRIO MATTIELLO
Data e Hora: 27/9/2018, às 17:22:15
5002450-66.2017.4.04.7118
710006911853 .V2

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:05:22.

RECURSO CÍVEL Nº 5000589-55.2015.4.04.7008/PR


RELATORA: JUÍZA FEDERAL NARENDRA BORGES MORALES
RECORRENTE: HELIO MENDES DE MOURA (AUTOR)
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)

VOTO
Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face de
sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a
averbar a especialidade dos períodos de 05/05/1983 a 09/10/1984 e 06/058/1996
a 29/11/1990.

Alega o autor, em preliminar, a ocorrência de cerceamento de defesa.


Afirma a necessidade de realização de diligência, tendo em vista que a
empregadora Veper Serviços de Vigilância, para a qual o autor trabalhou no
período de 24/12/2003 a 29/09/2014, forneceu PPP sem que constassem os
necessários esclarecimentos acerca dos tipos de agentes agressivos e perigosos
esteve exposto. Sustenta que o laudo técnico apresentado pela empresa também
não levou em consideração os agentes nocivos, causando prejuízos ao autor.
Requer seja buscada a verdade real para análise de seu direito, produzida prova
pericial e testemunhal. Requer o reconhecimento da especialidade da atividade
porque portava arma de fogo. Em caso de impossibilidade de concessão
de aposentadoria na DER, requer a reafirmação da DER.

Razões de voto.

No período de 24/12/2003 a 29/09/2014, o autor trabalhou como


vigilante na empresa Veper Serviços de Vigilância Ltda., conforme indicado
no PPP (evento 1, PROCADM6, p. 27). Consta no PPP que exercia as seguintes
atividades: Vigiam dependências e áreas públicas e privadas com a finalidade de
prevenir, controlar e combater delitos como porte ilícito de armas e munições e
outras irregularidades; zelam pela segurança das pessoas, do patrimônio e pelo
cumprimento das leis e regulamentos; recepcionam e controlam a movimentação
de pessoas em áreas de acesso livre e restrito; fiscalizam cargas. Controlam
entrada e saída de objetos e cargas. Não há indicação da exposição a qualquer
agente nocivo.

Alega o autor a ocorrência de cerceamento de defesa porque a


empresa não informou a quais agentes nocivos estava exposto e o juízo não
diligenciou para que a verdade real fosse apurada.

Não há o alegado cerceamento de defesa. E isso porque


apresentado PPP, que é documento emitido pela ex-empregadora do autor,
com presunção de veracidade, não há qualquer amparo legal para se afastar as
conclusões do documento e reconhecer o tempo de atividade especial com base
em outras provas, que manifestamente não têm o condão de comprovar o tempo
especial como, por exemplo, a prova testemunhal, como requer o autor.

A esse respeito, a Turma Nacional de Uniformização já decidiu que


o cerceamento de defesa não pode ser constatado quando já constar dos autos
elementos suficientes para o julgamento da lide, não restando caracterizado
qualquer prejuízo para o autor na demonstração dos fatos e do direito alegados
na iniciais (PEDILEF 200572950003224, JUÍZA FEDERAL SÔNIA DINIZ
VIANA, TNU - Turma Nacional de Uniformização, DJU 15/03/2006).

Não há se falar em prova pericial porque a documentação necessária


para o deslinde da controvérsia já foi apresentada.

Quanto à alegação de que houve preenchimento incorreto do PPP,


aplica-se o entendimento de que descabe ao Juízo conferir a alegação de erro no
preenchimento de formulários PPP, DSS-8030, laudo pericial e outros
documentos pelas empresas quando formalmente corretos porquanto essa
fiscalização é de ser feita por outras entidades, às quais se pode recorrer o
segurado, pessoalmente ou via sindicato profissional, como Ministério do
Trabalho, Conselhos Profissionais, Entidades Fazendárias e outros (IUJEF
0000160-10.2009.404.7195, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região,
Relator Paulo Paim da Silva, D.E. 27/07/2012).

Sendo assim, não há especialidade a ser reconhecida, tendo em vista


que não consta no PPP a indicação da exposição a qualquer agente nocivo,
tampouco à periculosidade em razão do porte de arma.

A possibilidade de reafirmação da DER é referendada pela Turma


Regional de Uniformização da 4ª Região, ainda que não tenha havido pedido
formulado na inicial:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. PREVIDENCIÁRIO.


REAFIRMAÇÃO DA DER. CÔMPUTO DE TEMPO POSTERIOR AO
ENCERRAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE.
PEDIDO PROVIDO. 1. reafirmação do entendimento desta Turma Regional de
Uniformização no sentido de que " é direito do trabalhador ter reconhecido,
mesmo em segunda instância, tempo superveniente ao encerramento do processo
administrativo para fins de concessão de aposentadoria, mediante aplicação do
art. 462 do CPC, mediante requerimento expresso até o recurso inominado."
(IUJEF nº 5002596-19.2012.4.04.7107/RS, Rel. Juiz Federal Osório Ávila Neto,
DJe 02.10.2015). 2. Pedido provido, com retorno dos autos à Turma Recursal de
origem para fins de adequação. (5004012-45.2014.404.7206, TURMA
REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator LEONARDO
CASTANHO MENDES, juntado aos autos em 05/06/2017)

A data limite para a reafirmação, de acordo com a Turma Regional


de Uniformização da 4ª Região, é a data da interposição do recurso inominado:

PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE


JURISPRUDÊNCIA. REAFIRMAÇÃO DA DER. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE
FÁTICA E JURÍDICA ENTRE OS ACÓRDÃOS. REEXAME DE PROVA.
IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PEDIDO INDEVIDO.
1. Admite-se a reafirmação da DER após o encerramento do processo
administrativo e independentemente de novo requerimento naquela via, desde
que seja deduzido requerimento expresso e fundamentado no processo judicial
até a interposição de recurso inominado contra a sentença. 2. A ausência de
similitude fático-jurídica entre o acórdão recorrido e os precedentes apontados
como paradigmas leva ao não conhecimento do incidente de uniformização. 3.
Inadmissível, igualmente, pedido de uniformização que implique reexame de
matéria de fato. 4. A decisão da Turma Regional de Uniformização que não
determina o restabelecimento da sentença recorrida não gera o efeito de
estipular os honorários advocatícios. 5. Incidente regional de uniformização não
conhecido. (5004939-43.2016.404.7108, TURMA REGIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator CAIO ROBERTO SOUTO DE
MOURA, juntado aos autos em 29/08/2017)

Como o autor comprovou o exercício de atividade laborativa após a


DER (evento 86, CNIS1), possível analisar o pedido para reafirmar a DER. Nesse
sentido o entendimento da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região:

INCIDENTE REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE


JURISPRUDÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. REAFIRMAÇÃO DA DER.
POSSIBILIDADE, SEGUNDO ENTENDIMENTO DA TNU E DESTA TRU.
NECESSIDADE DE ALEGAÇÃO DA REAFIRMAÇÃO ATÉ O MOMENTO DA
INTERPOSIÇÃO DO RECURSO INOMINADO. QUESTÃO DE ORDEM N.º 013
DA TNU. NÃO CONHECIMENTO. 1. É possível a reafirmação da DER
(cômputo do tempo de serviço / contribuição posterior à data de entrada do
requerimento na esfera administrativa), desde que respeitados os limites da
demanda posta em juízo (adstrição ao pedido e à causa de pedir), e desde que
comprovado, nos autos, o efetivo exercício de atividade ou a realização das
contribuições correspondentes. 2. Conquanto a Turma Recursal possa reafirmar
a DER, de ofício, se não formulado tal pleito no recurso inominado perde a parte
o direito de que assim se proceda. 3. É que permitir que o pedido de reafirmação
da DER seja formulado em sucessivos embargos de declaração opostos em face
de acórdão de Turma Recursal seria eternizar a discussão acerca do termo final
para cômputo do tempo necessário para a concessão
da aposentadoria pretendida na via judicial. 4. Aplicação da Questão de Ordem
n.º 013 da TNU. 3. Pedido regional de uniformização de jurisprudência não
conhecido. (5006017-68.2013.404.7111, TURMA REGIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO, Relator DANIEL MACHADO DA ROCHA,
juntado aos autos em 06/12/2016)

No CNIS apresentado há comprovação do recolhimento de


contribuições previdenciárias até 01/2018. O recurso inominado foi interposto em
01/03/2018. Nesse caso, o autor completou 33 anos e 9 meses de tempo de
contribuição (tempo reconhecido pelo INSS - evento 1, PROCADM6, p. 58 a 66
somado ao tempo especial reconhecido pela sentença e às contribuições
demonstradas no CNIS), insuficientes para a concessão de aposentadoria por
tempo de contribuição, tendo em vista que para a concessão
de aposentadoria com proventos proporcionais deveria apresentar ao menos 34
anos, 9 meses e 12 dias de tempo de contribuição.

Condeno o recorrente vencido (AUTOR) ao pagamento de


honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor da causa, cuja
execução deve permanecer suspensa enquanto o recorrente permanecer sob a
proteção da Assistência Judiciária Gratuita.

Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.


Documento eletrônico assinado por NARENDRA BORGES MORALES, Juíza Relatora, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de
março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 700005423881v8 e do código CRC 7c005127.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): NARENDRA BORGES MORALES
Data e Hora: 20/8/2018, às 17:10:45

5000589-55.2015.4.04.7008
700005423881 .V8

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:23:56.

Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Paraná
Gab. Juíza Federal NARENDRA BORGES MORALES (PR-4C)
Rua Voluntários da Pátria, 532, 5ª andar - Bairro: Centro - CEP: 80020-000 - Fone: (41) 3321-6541 -
www.jfpr.jus.br - Email: prctbdatr@jfpr.jus.br

RECURSO CÍVEL Nº 5000589-55.2015.4.04.7008/PR


RELATORA: JUÍZA FEDERAL NARENDRA BORGES MORALES
RECORRENTE: HELIO MENDES DE MOURA (AUTOR)
ADVOGADO: JEFERSON CARLOS PINHEIRO DE AZEVEDO
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (RÉU)

ACÓRDÃO
A 4ª Turma Recursal do Paraná, por unanimidade, decidiu NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO.

Curitiba, 26 de setembro de 2018.

Documento eletrônico assinado por NARENDRA BORGES MORALES, Relatora do Acórdão, na


forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17,
de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço
eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 700005654044v2 e do código CRC 642095ef.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): NARENDRA BORGES MORALES
Data e Hora: 3/10/2018, às 19:7:53
5000589-55.2015.4.04.7008
700005654044 .V2

Conferência de autenticidade emitida em 11/10/2018 15:23:56.

Vous aimerez peut-être aussi