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Alocação de recursos financeiros em projetos

Economia de risco na exploração de petróleo


de Empresas

ALOCAÇÃO DE RECURSOS
FINANCEIROS EM PROJETOS
DE RISCO NA EXPLORAÇÃO
DE PETRÓLEO
Francisco Nepomuceno Filho
Geofísico da Divisão de Exploração do Cenpes, Petrobras (Rio de Janeiro, Brasil).
E-mail: nepomuceno@braspetro.petrobras.com.br

Saul B. Suslick
Professor do Departamento de Administração e Política de Recursos Minerais,
Instituto de Geociências, Unicamp (Campinas, São Paulo, Brasil).
E-mail: suslick@ige.unicamp.br

RESUMO ABSTRACT
As recentes mudanças no setor petrolífero implicam um novo With the new changes in the petroleum sector in Brazil, the
ambiente de exploração de intensa competição no Brasil. As exploration will enter in an increasingly competitive and risky
tendências de internacionalização da exploração obrigam as business environment. The trends of internationalization of
empresas a adotarem técnicas padronizadas de avaliação e exploration and risk reducing recommend the use of
comparação de prospectos visando à redução do risco. Den- standardized techniques of evaluation and comparison of plays
tro dessa perspectiva, os indivíduos necessitam de um pro- and prospects. Under these circumstances, managers have a
cesso decisório que contemple os objetivos da empresa, as growing need to employ better and more systematic decision-
metas desejadas e as restrições orçamentárias. Este artigo processes that explicitly embody the firm’s objectives, desired
descreve um sistema teórico e prático de suporte à tomada goals, and resource constraints. In order to spread risk in ma-
de decisão baseada na teoria da utilidade e da análise da jor projects, oil companies will continue to engage in joint
decisão, com o objetivo de estimar a melhor alocação de ventures. This paper describes a theoretical and practical system
capital em uma bacia sedimentar. Além disso, esse sistema for decision support based upon the expected utility theory and
possibilita estimar o melhor nível de participação financeira decision analysis, in order to estimate the best capital allocation
de uma firma em um projeto de exploração de petróleo reali- and to define the best level of financial participation of a firm in
zado em parceria. the new ventures in petroleum exploration project.

PALAVRAS-CHAVE
Avaliação econômica de projetos, análise de risco, tomada de decisão, alocação de recursos, parcerias em exploração de petróleo.

KEY WORDS
Economic evaluation, risk analysis, decision making, budget allocation, petroleum exploration joint venture.

RAE
São Paulo,
• v. 40v. 40
• n.• 1n.• 1 Jan./Mar.
• p. 63-75
2000 RAE - Revista de Administração de Empresas • Jan./Mar. 2000 63
Economia de Empresas

INTRODUÇÃO A partir desse exemplo, busca-se apre-


sentar neste trabalho a visão de que o risco
Com a quebra do monopólio do petróleo, entrou pode ser tratado sistematicamente pelo uso
em vigor um novo programa de qualificação do or- de teorias estatísticas e probabilísticas e que
çamento de Exploração e Produção (E&P) que, cer- a preferência do gerente em relação ao risco
tamente, é bem diferente da distribuição histórica pode ser expressa de modo quantitativo, dan-
dos investimentos de exploração nas diversas baci- do consistência às decisões de alocação de
as do Brasil. capital nos projetos exploratórios.
O objetivo deste artigo é apresentar uma técni-
ca que, nas fases de E&P, permita comparar proje-
tos de risco em diversas bacias, possibilitando a
priorização de uma carteira de projetos, e identifi- OS MÉTODOS TRADICIONAIS DE
car o nível ótimo de participação em cada projeto,
auxiliando a decisão para futuras associações do tipo ALOCAÇÃO DE CAPITAL
joint venture e/ou compra ou venda de participação FREQÜENTEMENTE CONDUZEM
em empreendimentos de petróleo. A ESCOLHAS NÃO APROPRIADAS
Essa metodologia usa a teoria da utilidade para
DE INVESTIMENTOS QUE
incorporar a avaliação econômica e a análise de risco
no processo de tomada de decisão, levando em con- APRESENTAM DIFERENTES RISCOS.
sideração a capacidade de investimento da firma e
a disposição de seu gerente para correr riscos.
Este trabalho aborda o conceito do risco finan-
ceiro em exploração de petróleo, particularmente A análise quantitativa do risco não eli-
o risco associado com a perfuração de poços. Na mina ou reduz o risco do projeto. É uma fer-
exploração, o risco se relaciona com o potencial ramenta para avaliar, quantificar e entender
de perda, como o custo da perfuração de um poço cada prospecto 1 e seu risco associado, de
seco versus a compensação de ganho com a des- forma que o gerente possa tomar melhores
coberta e a produção de quantidades comerciais decisões estratégicas e financeiras. Após a
de petróleo, conforme mostra a Figura 1. Esse identificação dos riscos associados a cada
exemplo mostra a árvore de decisão de um projeto projeto, é possível compartilhar o risco fi-
de perfuração de um poço com probabilidade de nanceiro do empreendimento via diversifi-
25% de encontrar petróleo. Isso implica que, a cada cação da carteira de projetos e via partici-
quatro poços perfurados, obtém-se sucesso em um pação fracionada em cada projeto.
poço, com um ganho de R$ 100 milhões, enquanto
com os três poços secos ocorrerá uma perda de R$ FERRAMENTAS UTILIZAD
FERRAMENTAS AS
UTILIZADAS
15 milhões.
Na Figura 1, E, A, D e P são fases de investimen- Na alocação de recursos financeiros em
tos de um projeto de E&P de petróleo (E = explora- projetos de E&P de petróleo, utiliza-se
ção, A = avaliação, D = desenvolvimento e P = pro- todo o instrumental da avaliação econômi-
dução) e VPL é o valor presente líquido do projeto. ca de projetos que visa a determinar seu
fluxo de caixa, sua taxa mínima de atrati-
Figura 1 – Fluxo de caixa de um projeto de perfuração de vidade e seu valor presente líquido. Quan-
um poço de petróleo do se dispõe da probabilidade de sucesso,
calcula-se também o valor monetário es-
VPL perado do projeto.
Insucesso
75% – R$ 5 milhões Além disso, neste trabalho aplica-se a te-
oria da utilidade, criada por Von Neumann e
Morgenstern (1953), visando a definir a cur-
va de preferência do gerente diante do ris-
Sucesso P co, bem como seu nível de aversão ao risco
25% + R$ 100 milhões
E A D diante da restrição do capital exploratório
disponível.
Este trabalho faz parte da tese de douto-

64 © 2000, RAE - Revista de Administração de Empresas / EAESP / RAE


FGV, •São
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Paulo,
• n.Brasil.
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Alocação de recursos financeiros em projetos de risco na exploração de petróleo

rado desenvolvida na Unicamp por bilidade de sucesso do empreendimento, pontos que


Nepomuceno (1997), na qual foram criados serão abordados mais adiante.
alguns programas computacionais que sin-
tetizam a teoria e facilitam a aplicação des- MÉTODO D
DAA TEORIA D
DAA UTILID ADE
UTILIDADE
se método em diversos contextos do pro-
cesso exploratório. O projeto de risco é inicialmente analisado pela
técnica do seu valor monetário esperado, sendo ne-
O MÉTODO DO VALOR MONETÁRIO
VALOR cessário atribuir uma probabilidade a cada evento
ESPERADO (Figura 2). A taxa de juros que anula o valor monetá-
rio esperado é definida como a taxa de rentabilidade
Os métodos tradicionais de alocação de interna do projeto, já levando em conta o risco.
capital, tais como a análise do valor presen-
te líquido (VPL), a taxa interna de retorno Figura 2 – Árvore de decisão simplificada com dois
(TIR) e o valor monetário esperado (VME), possíveis resultados
freqüentemente conduzem a escolhas não
apropriadas de investimentos que apresen- 25% (p) R$ 100 milhões
tam diferentes riscos. Esses métodos tam- (VPL1)
Chances
bém fornecem pouca ou nenhuma visão so-
bre o valor e as alternativas para comparti-
lhar riscos e diversificar os investimentos. Decisão
Muitos exploracionistas dizem que o 75% (1 - p) – R$ 5 milhões
(VPL2)
conceito de valor monetário esperado
(VME) inclui uma ponderação da conse-
qüência financeira pela sua probabilidade R$ 0 milhões
de sucesso. Entretanto, risco não é função
somente da distribuição probabilística de
resultados de reservas a alcançar, mas tam-
bém da magnitude do capital sendo expos- Na Figura 2, o quadrado representa uma deci-
to à chance de perda. são, o círculo representa as alternativas de resulta-
Valor monetário esperado (VME) de um dos do projeto e p é a probabilidade de sucesso do
projeto é a soma do montante de capital projeto. O valor monetário esperado calculado para
ganho ou perdido se cada resultado ocorrer o projeto da Figura 2 é dado pela Equação 1 e equi-
multiplicado pela sua probabilidade de ocor- vale a R$ 21,25 milhões.
rência. Pode-se dizer que o VME é o caso do
tudo ou nada. Ele não especifica o nível óti-
mo de participação no projeto, é indiferente VME = p x VPL1 + (1 - p) x VPL2
ao risco de grandes perdas financeiras e assu-
me que o capital da empresa é ilimitado. (Equação 1)
Se o investimento representar uma peque-
na fração do orçamento da empresa, o COMPORTAMENTO DIANTE DO RISCO
decisor poderá conservar seu critério basea-
do no VME. Entretanto, se a possibilidade Normalmente, os pessoas mostram aversão ao ris-
de perda for significativa, podendo abalar co quando se aumenta o valor monetário do investi-
as finanças da empresa, seus critérios deve- mento2 (Figura 3).
rão ser revistos. Na Figura 3, no eixo dos x, têm-se os valores
Nesse sentido, a noção de risco varia de monetários dos possíveis resultados. No eixo dos y,
uma empresa para outra em função de sua representa-se o valor da utilidade, um número abs-
capacidade de absorver perdas. Um mesmo trato que é agregado a cada um dos possíveis resul-
projeto pode ser considerado arriscado para tados da decisão. Cada resultado tem uma utilida-
uma firma e atrativo para outra. Nesse pro- de, sendo que as mais desejáveis têm valores mais
cesso, três variáveis são importantes: a razão altos que as menos desejáveis.
prêmio/custo do investimento, a razão capi- Considerações genéricas sobre o comportamen-
tal da firma/custo do investimento e a proba- to dos gerentes de exploração de petróleo são ferra-

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Economia de Empresas

Figura 3 – Curvas de comportamento dos gerentes diante ante, serão demonstradas algumas manei-
do risco ras de se calcular o coeficiente de aversão
ao risco.
U Gerente propenso
t ao risco Gerente RISCOS
i indiferente ao
l risco
Os projetos de E&P de petróleo envol-
i
vem geralmente três tipos de riscos: geoló-
d
gicos, econômicos e financeiros.
a Gerente
d A probabilidade de sucesso na perfura-
avesso ao
e risco
ção de poços de petróleo está associada aos
riscos geológicos (existência de um sistema
Valor monetário petrolífero), às estimativas de volumes de
óleo a serem descobertos e aos tamanhos
individuais dos campos de óleo e gás e de-
mentas robustas para se delinear um critério de ava- pende das ferramentas e tecnologias explo-
liação de prospectos de risco. Assim, a função ratórias utilizadas. Ultimamente, o aumento
exponencial do tipo U(x) = -e-cx é a mais utilizada de informações e o avanço tecnológico, so-
na indústria de exploração de petróleo, em que c é bretudo em sísmica, modelos geológicos,
o coeficiente de aversão ao risco característico de programas de modelagem e simulação nu-
cada gerente e tem uma forte relação com o tama- mérica, têm reduzido esses riscos.
nho da empresa, ou seja, com o capital exploratório Os riscos econômicos estão associados
anual da companhia (Walls, 1994). às expectativas futuras do preço do petró-
O coeficiente de aversão ao risco embutido na leo, aos custos operacionais e dos investi-
função utilidade U(x) é definido pela expressão: mentos, à avaliação acurada dos volumes
de óleo a serem produzidos e à realização
c = -U”(x)/U’(x) de seu fluxo de caixa previsto.
Os riscos financeiros estão associados à
em que U’(x) e U”(x) são a primeira e a segunda capacidade de investimentos da firma (ca-
derivadas de U(x), respectivamente. pital exploratório), ao número de prospec-
Esse coeficiente indica como varia o comporta- tos disponíveis, às ações políticas, sociais e
mento do investidor em relação ao risco com a mag- ambientais que podem embargar o processo
nitude dos valores monetários (x). Assim, c > 0 in- exploratório, ao risco de a probabilidade de
dica aversão ao risco, c = 0 indica indiferença ao sucesso estimada estar errada, etc.
risco e c < 0 indica propensão ao risco. A análise quantitativa do risco é funda-
A aversão ao risco financeiro depende do capi- mental neste trabalho. Aliás, essa metodo-
tal disponível e dos sentimentos do decisor diante logia só tem sentido quando se opera com
do risco. Julgar projetos coerentemente significa projetos de risco. Se o projeto não tem risco
avaliar diversos projetos usando o mesmo nível de e o tomador de decisão sabe com antecedên-
aversão ao risco. Grande nível de aversão ao ris- cia tudo o que vai acontecer no futuro, basta
co significa um grande esforço para diminuir as fazer uma análise econômica convencional
perdas e uma reduzida concentração em grandes e está tudo resolvido. No entanto, se o pro-
ganhos potenciais. Não existe um nível certo ou jeto envolve riscos, o gerente precisa de uma
errado de aversão ao risco. O nosso objetivo é es- tecnologia que reduza seus riscos e maxi-
tabelecer o nível de risco que uma firma está pre- mize seus ganhos; nesse caso, a teoria da
parada para assumir. preferência é importante.
Com o intuito de fornecer algum significado
para o coeficiente c, analistas de decisão utilizam FUNÇÃO UTILID ADE
UTILIDADE
o inverso do coeficiente de aversão ao risco, 1/c,
como a medida de tolerância ao risco. A unidade Uma forma conveniente de expressar a
de valor da medida de tolerância ao risco toma a preferência em relação ao risco é por meio
unidade da função utilidade de interesse, nesse das funções utilidade definidas por Von
caso, o valor monetário (US$, R$, etc.). Mais adi- Neumann e Morgenstern (1953).

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Alocação de recursos financeiros em projetos de risco na exploração de petróleo

A função utilidade é construída atribu- dade (1 - p) de perder C. Tentam-se vários valo-


indo-se um valor numérico maior para o res de p até achar aquele ao qual o decisor é in-
melhor resultado possível e um valor nu- diferente entre a certeza de B e o jogo. Essa deve
mérico menor para o evento menos prefe- ser a utilidade esperada de B, que é igual à utili-
rível. A obtenção de valores numéricos in- dade esperada do jogo porque o decisor racional
termediários permite construir a curva da maximiza a utilidade esperada.
função utilidade, que é única para cada Essas curvas, dispostas em um gráfico de valor
tomador de decisão. do investimento versus função utilidade, apresen-
tam-se como uma reta para um tomador de decisão
indiferente ao risco, como uma parábola com
concavidade para baixo para um tomador de deci-
NO CENÁRIO INTERNACIONAL, são com aversão ao risco e como uma curva conve-
A ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E xa para um tomador de decisão amante do risco, con-
forme mostrado anteriormente na Figura 3.
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO É A função utilidade pode ser definida empírica ou
CONDUZIDA POR ALGUM TIPO analiticamente. A definição empírica faz-se por meio
DE ASSOCIAÇÃO ENTRE de uma entrevista, conforme ilustrado anteriormen-
te. Alternativamente, a função utilidade para uma de-
EMPRESAS (JOINT VENTURE),
terminada variável pode ser definida utilizando-se ex-
DE MANEIRA A DIMINUIR OS pressões analíticas, como nos exemplos seguintes:
INVESTIMENTOS E OS RISCOS
INERENTES A ESSE PROCESSO. a) linear: U(x) = cx
b) exponencial: U(x) = -e-cx
c) logarítmica: U(x) = ln(x + c), c > 0, x > -c
d) raiz quadrada: U(x) = √(x + c), c > 0, x > -c
Para determinar a utilidade que o tomador
de decisão agregará a cada possível resulta- Hammond III (1974) mostrou que uma função
do, deve-se responder a uma série de per- utilidade exponencial (o único tipo que tem função
guntas que indicarão sua preferência em de aversão ao risco constante) poderia servir como
relação ao risco. um substituto para muitas outras funções utilidade
As utilidades requeridas podem ser de- sob algumas condições. Cozzolino (1980) mostrou
terminadas em dois passos: que essa função exponencial é importante na avali-
a) Estabelecem-se as utilidades para dois va- ação e implementação da análise de risco nos proje-
lores monetários arbitrários. A utilidade tos de exploração de petróleo, desde que a maioria
da melhor conseqüência é estabelecida das companhias não conheça realmente suas funções
como sendo mais alta do que a utilidade utilidade. Walls (1994) demonstrou que a função uti-
do pior evento. Mostra-se que os resulta- lidade mais usada na exploração de petróleo é uma
dos finais das análises não dependem dos função exponencial do tipo:
dois números que foram escolhidos, des-
de que a utilidade da melhor conseqüên- U(x) = -e-cx (Equação 2)
cia seja estabelecida como maior do que
a utilidade do pior evento (Nepomuceno em que: x = valor da variável considerada
e Suslick, 1996). (valor monetário)
b) O segundo passo é mais complexo. Nes- c = coeficiente de aversão ao risco =
sa etapa, oferece-se ao tomador de deci- 1/tolerância ao risco
são uma escolha entre a certeza de um
valor monetário e um jogo em que os re- UTILID ADE ESPERAD
UTILIDADE ESPERADAA E EQUIVALENTE CER
EQUIVALENTE TO
CERTO
sultados possíveis são os dois valores mo-
netários cujas utilidades foram estabele- Dois conceitos importantes para a aplicação da
cidas arbitrariamente. Para isso, pergun- teoria da preferência foram introduzidos por Pratt
ta-se ao decisor se ele prefere a certeza (1964). Ele definiu os conceitos de equivalente cer-
do valor B ou o jogo em que exista a pro- to e de função de aversão ao risco associados com a
babilidade p de ganhar A e a probabili- função utilidade.

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Economia de Empresas

Utilidade esperada do projeto preferência ao risco, também conhecida


Utilidade esperada, semelhantemente ao VME, como teoria da utilidade.
é o somatório das utilidades de cada possível even- O equivalente certo de um projeto de ris-
to multiplicadas pelas suas probabilidades de ocor- co é o valor que o decisor está disposto a
rência. Um tomador de decisão racional maximizará receber para desistir do projeto (jogo).
a utilidade esperada. Exemplo: João participava em um jogo de
Utilidade esperada do projeto é dada por: cara ou coroa em que ele podia ganhar R$ 0
ou R$ 1.000 e desistiu quando lhe oferece-
E(U) = p1U(VPL1) + p2 U(VPL2) ram R$ 400. Assim, para João, o equivalen-
te certo desse jogo é R$ 400.
E(U) = -p1e-cVPL1 - p2e-cVPL2 (Equação 3) Por definição, a utilidade do equivalente
certo é igual à utilidade esperada do jogo:
em que: c = coeficiente de aversão ao risco
VPL1 = valor presente líquido no caso U(Eq) = E(u)
de sucesso
VPL2 = valor presente líquido no caso Para uma função utilidade do tipo U(x) =
de insucesso -e-cx, o equivalente certo assumirá a forma
p = probabilidade de sucesso expressa na Equação 4.
n
Equivalente certo (Eq) e prêmio de risco
Eq = -1/c ln (∑ pi e-cVPLi) (Equação 4)
Muitas vezes, uma opção arriscada pode ser i=1
comparada a uma opção sem risco. Os executivos
poderiam perguntar: qual o menor valor em dinhei- em que: Eq = equivalente certo do projeto
ro que eu aceitaria, sem risco, como retorno pela VPLi = valor presente líquido do
escolha arriscada, com esse valor esperado? Esse evento i
valor é o equivalente certo da escolha arriscada pi = probabilidade de ocorrência
(Maital, 1996). do evento i
Para quem não gosta de risco, ele é geralmente
menor do que o valor esperado. A diferença entre o Semelhantemente ao VME, o melhor pro-
equivalente certo e o valor esperado é o prêmio de jeto é aquele que tem o maior equivalente
risco: o custo em dinheiro da incerteza, como é per- certo.
cebido pela pessoa disposta a tolerá-lo, conforme
ilustra a Figura 4. MAXIMIZAÇÃO DO EQUIVALENTE CER
EQUIVALENTE TO
CERTO
O equivalente certo (valor ajustado ao risco) é o
resultado do desconto do risco baseado na teoria da O decisor racional busca aquela partici-

Figura 4 – Definição do prêmio de risco

US$ Prêmio de risco


(milhões)

Valor esperado Equivalente


do projeto certo

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Alocação de recursos financeiros em projetos de risco na exploração de petróleo

pação que maximiza o valor do equivalen- preço de venda dos projetos, conforme mostra a
te certo. Tabela 1.
Eq(x) = -1/c ln(pe-cVPL1x + (1 - p)e-cVPL2x)
Tabela 1 – Modelo de questionário sobre o preço de venda
em que: x = nível de participação no dos projetos, a ser respondido pelo gerente de exploração
projeto (%) para se calcular o coeficiente de aversão ao risco da firma
Tomando-se a primeira derivada e igua-
Valor Prob. de Preço de
lando a zero, tem-se: Nome Resultado (US$ milhões) sucesso VME venda
Proj1 Sucesso 100 10% 5,5 ?
Insucesso -5

Proj2 Sucesso 10 40% 1,0 ?


Portanto, Insucesso -5

Proj3 Sucesso 10 50% 4,0 ?


Insucesso -2

(Equação 5) A relação do valor do equivalente certo (Eq) com


ou, ainda, o valor monetário esperado (VME) é acompanhada
pela medida de aversão ao risco c, exibida pela fir-
ma (Equação 4).
Exemplo: Considere um caso de apenas um poço,
com probabilidade de sucesso de 50%. O valor pre-
(Equação 6) sente líquido de sucesso é igual a $ 10 milhões e o
custo do poço seco é de $ 2 milhões.
Assim, quando, em um projeto (VPL 1,
VPL2, PS), se define um nível de participa- VME = 0,5 × 10 + 0,5 × (-2) = $ 4 milhões
ção desejado, está se determinando também
o nível de aversão ao risco. Com isso, os Como exemplo, assuma que a firma A venderia
níveis ótimos de participação nos outros pro- o poço por $ 2 milhões (EqA) e a firma B, por $ 3
jetos da carteira podem ser calculados man- milhões (EqB).
tendo-se o mesmo nível de aversão ao risco. O preço pelo qual a firma prefere vender em vez
de perfurar representa aquele ponto de indiferença
CÁLCULO DO COEFICIENTE DE AVERSÃO
AVERSÃO da firma (equivalente certo) entre o valor certo (ven-
AO RISCO da) e um mais lucrativo, porém arriscado (perfurar).
Usando os valores do equivalente certo ($ 2 mi-
A seguir, são apresentadas quatro manei- lhões para a firma A e $ 3 milhões para a firma B) e
ras de calcular o índice de aversão ao risco resolvendo a Equação 4, tem-se que a firma A apre-
(IAR): senta um nível de aversão ao risco de 0,1203 e a
firma B tem um valor de 0,0566.
Método 1: preço de venda do projeto
Método 2: nível de participação desejado Método 2: Coeficiente de aversão ao risco de uma
no projeto firma e nível de participação financeira desejado
Método 3: cálculo estatístico da carteira para um projeto
do projeto A aversão ao risco é também expressa pela esco-
Método 4: níveis-padrão das companhias lha do nível de participação em um projeto (Equação
internacionais 5). Assim, apresenta-se um questionário sobre o ní-
vel de participação desejado em um projeto para ser
Método 1: Coeficiente de aversão ao risco respondido pelo gerente de exploração (Tabela 2).
de uma firma e equivalente certo Nesse método (Walls, 1994), o tomador de deci-
Esse método, utilizado por Walls (1994), são é questionado para decidir sobre várias oportu-
usa um questionário que é submetido ao ge- nidades de investimentos (investimentos em perfu-
rente de exploração para aferir qual seria o ração). O tomador de decisão tem que fazer uma es-

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Economia de Empresas

colha entre seis discretas opções de participação um gráfico toda a carteira de projetos da fir-
com amplitude variando entre 0% e 100%. Dessa ma versus o nível de tolerância ao risco re-
forma, ele deve escolher o nível de participação que querido por cada projeto para que a partici-
é preferido por sua companhia. Baseado na escolha pação ótima seja de 100% (Figura 5).
de participação do tomador de decisão para cada A partir da Figura 5, o gerente de explo-
uma das oportunidades de investimento de risco ofe- ração poderá definir de quais projetos, den-
recido, um nível de tolerância ao risco da corpora- tre os 21 disponíveis na carteira, ele gostaria
ção pode ser calculado aproximadamente, utilizan- de participar com 100%. Quando esses pro-
do-se uma função exponencial como a forma da fun- jetos estão estabelecidos, o nível de partici-
ção utilidade da firma. pação ótima em cada projeto é determinado
Exemplo: Ofereceram à sua firma perfurar um automaticamente, utilizando-se a Equação 6.
poço, sendo que os parâmetros são os seguintes:
chance de sucesso = 50%, VPL1 de sucesso = $ 13
milhões, VPL2 de insucesso = $ -4 milhões. Dessa
forma, escolha sua participação: 100%, 75%, 50%, SE O PROJETO NÃO TEM RISCO
25%, 12,5%, 0%.
E O TOMADOR DE DECISÃO
A aversão ao risco pode ser expressa pela esco-
lha do nível de participação em um projeto, confor- SABE COM ANTECEDÊNCIA
me mostrado na Equação 6. TUDO O QUE VAI ACONTECER
Assim, se sua seleção for: NO FUTURO, BASTA FAZER UMA
100%, seu nível de aversão ao risco será de 0,000693; ANÁLISE ECONÔMICA
75%, seu nível de aversão ao risco será de 0,000924; CONVENCIONAL E ESTÁ
50%, seu nível de aversão ao risco será de 0,001387; TUDO RESOLVIDO.
25%, seu nível de aversão ao risco será de 0,002773;
12,5%, seu nível de aversão ao risco será de 0,005547;
0%, seu nível de aversão ao risco será de >> 1.
Método 4: Níveis-padrão das companhias
Quando um gerente especifica o nível de parti- internacionais
cipação desejado em um projeto, ele define o coefi- Um estudo empírico de Walls e Dyer
ciente de aversão ao risco apresentado pela firma. (1992), no qual foi utilizado o modelo de
Por meio da aplicação do mesmo nível de aversão teoria da preferência, mediu o coeficiente de
ao risco em todos os projetos, é dada coerência ao aversão ao risco aplicado nas 18 maiores,
processo de tomada de decisão, preservando a fir- independentes e integradas companhias de
ma contra perdas financeiras que ela não seria ca- petróleo no período de 1981 a 1990, desco-
paz de suportar. brindo uma regra simples que relaciona a to-
lerância ao risco da firma com o seu nível
Método 3: Análise de decisões anteriores de orçamento anual. Essa relação indica que,
Nepomuceno (1997) introduziu um método para como primeira aproximação, o valor da to-
facilitar a determinação do coeficiente de aversão lerância ao risco de uma firma é igual a ¼
ao risco pelo gerente de exploração, expondo em do seu orçamento anual da exploração. Por

Tabela 2 – Modelo de questionário sobre nível de participação no projeto, a ser respondido pelo gerente de
exploração para se calcular o coeficiente de aversão ao risco da firma
Valor Prob. de Nível de participação
Nome Resultado (US$ milhões) sucesso desejado
Proj1 Sucesso 100 10% 100% 75% 50% 25% 12,5% 0%
Insucesso -5

Proj2 Sucesso 10 40% 100% 75% 50% 25% 12,5% 0%


Insucesso -5

Proj3 Sucesso 13 50% 100% 75% 50% 25% 12,5% 0%


Insucesso -4

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Alocação de recursos financeiros em projetos de risco na exploração de petróleo

exemplo, uma firma com um orçamento de APLIC AÇÃO PRÁTIC


APLICAÇÃO PRÁTICAA EM UM MODELO
exploração anual de 40 milhões teria um
nível de tolerância ao risco aproximada- O problema
mente igual a 0,10 x 10 -6. Entretanto, deve- Assuma que a exploração de petróleo no país
se notar que essa regra representa somen- seja feita de acordo com os termos de um con-
te um ponto para o início da avaliação do trato de risco. No cenário internacional, a ativi-
dade de exploração e produção de petróleo é con-
duzida por algum tipo de associação entre em-
presas (joint venture), de maneira a diminuir
SE O PROJETO ENVOLVE os investimentos e os riscos inerentes a esse
RISCOS, O GERENTE PRECISA processo.
DE UMA TECNOLOGIA QUE O modelo agregado simplificado, utilizado nes-
se trabalho de alocação de recursos, está ilustrado
REDUZA SEUS RISCOS E
na Figura 6.
MAXIMIZE SEUS GANHOS; O país tem três bacias cujas perspectivas geoló-
NESSE CASO, A TEORIA gicas são de descobertas de grandes campos na ba-
DA PREFERÊNCIA É cia A (tamanho médio dos campos de 100 milhões
de barris), de campos médios na bacia B (média de
IMPORTANTE. 20 milhões de barris) e de campos pequenos na ba-
cia C (média de 10 milhões de barris).
A distribuição do tamanho de campos de petró-
coeficiente de aversão ao risco da firma leo tem a forma de uma curva log-normal e é possí-
individual. Seria fácil imaginar duas fir- vel usar essa curva para a análise do problema. No
mas com orçamentos anuais de exploração entanto, para simplificar o exemplo, usa-se o tama-
idênticos com níveis de aversão ao risco nho médio desses campos para a avaliação econô-
significativamente diferentes. Essas dife- mica dos projetos (Tabela 3).
renças são motivadas por diversos fatores, Os dados de cada bacia podem ser sintetizados
destacando-se a filosofia gerencial da ex- conforme mostra a Tabela 3.
ploração, a política de risco da corpora- Na Tabela 3, FAE é o Fator de Aproveitamento
ção, a contribuição da unidade de negócio Econômico do campo definido por Silva e Terrana
de exploração para o portifólio da corpo- (1989), dado pela relação: FAE = VPL/Volume x
ração, etc. Preço.

Figura 5 – Tolerância ao risco dos projetos da carteira de projetos para uma participação ótima de 100%

Tolerância ao Risco (TR) requerida pelos projetos para que a participação ótima seja de 100%

400
Tolerância ao risco (US$ milhões)

Estatística TR AV
Moda P12 32.275 0.0310
300
Mediana P12 32.275 0.0310
Média 72.848 0.0137
200

100

0
P11

P19

P14

P10
P13

P20
P15
P16

P23
P21

P12

P18

P17
P07

P05
P01
P09

P04

P08
P02

P03

Carteira de projetos

RAE • v. 40 • n. 1 • Jan./Mar. 2000 71


Economia de Empresas

Ou seja, Solução do problema


Conforme visto ao longo do trabalho, os
VPL = FAE x Volume x Preço (Equação 7) pontos críticos da aplicação da teoria da pre-
ferência estão na determinação da função
utilidade e do coeficiente de aversão ao ris-
Tabela 3 – Sumário dos dados do modelo
co do gerente diante da capacidade finan-
Bacia A Bacia B Bacia C ceira da firma.
Tamanho médio dos 100 20 10 Neste artigo, utiliza-se a função
campos (milhões de exponencial do tipo U(x) = -e -cx, que, como
barris) referido anteriormente, é a função utilida-
Custos dos projetos 8 6 3 de mais usada na exploração de petróleo e
(US$ milhões) que apresenta uma série de vantagens,
como, por exemplo, ter o coeficiente de
Probabilidade de 25 25 25
aversão ao risco como uma constante, res-
sucesso (%)
tringindo nosso trabalho à determinação
Preço do óleo (US$) 18 18 18 desse coeficiente.
A Equação 5 define a relação entre o
FAE (%) 30 30 30
nível de participação no projeto e o índice

Figura 6 – Agrupamento das diversas bacias sedimentares de um país em três grandes áreas (três grandes bacias)
para a construção de um modelo simplificado

MODELO ADOTADO PARA QUALIFICAÇÃO DO ORÇAMENTO NA ÁREA DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Bacia A
Campos gigantes

300
Volume MM bbl

200

100
0
Número do Campo

Distribuição dos tamanhos


de campos na bacia A
Distribuição lognormal (100, 200)

Bacia B
Campos médios

50
Volume MM bbl

25

0
Número do Campo
Distribuição dos tamanhos
de campos na bacia B
Distribuição lognormal (20, 100)

Bacia C
Campos pequenos
20
Volume MM bbl

10

0
Número do Campo
Distribuição dos tamanhos
de campos na bacia C
Distribuição lognormal (10, 30)

72 RAE • v. 40 • n. 1 • Jan./Mar. 2000


Alocação de recursos financeiros em projetos de risco na exploração de petróleo

de aversão ao risco. Assim, com a ajuda 3. O gráfico mostra claramente que, para uma par-
da Figura 7, construída a partir dessa equa- ticipação de 100%, a ordem de importância dos
ção, será feita a seguinte análise, visando projetos é: C > B > A. 4 Por outro lado, para um
a definir o coeficiente de aversão ao risco nível de participação financeira inferior a 60%,
da firma: tem-se uma ordem inversa: A > B > C. Isso mos-
1. Para uma situação de monopólio (100% tra a importância da associação tipo joint
de participação em todos os projetos, in- venture (participação fracionada) nos projetos
dependentemente do risco dos projetos), de risco.
o nível de aversão ao risco varia de pro-
jeto para projeto, tornando-se inconsis-
tente com a função de preferência defi-
nida anteriormente, U(x) = -e-cx, que es-
tabelece um coeficiente de aversão ao
A TEORIA DA PREFERÊNCIA
risco como uma constante (c) que será ESPECIFICA O NÍVEL ÓTIMO
aplicada a todos os projetos, independen-
temente do valor do projeto (x).
DE PARTICIPAÇÃO
FINANCEIRA EM UM
2. Adotando-se o nível de aversão igual a
c3, valor que define um nível ótimo de PROJETO, CONSIDERANDO
100% para os projetos da bacia C, a par- AS RESTRIÇÕES DE CAPITAL
ticipação nos projetos da bacia B será
ótima para 52% e, para os projetos da DA FIRMA E A DISPOSIÇÃO
bacia A, será de 18%. Esse dado pode ser DE SEUS GERENTES DE
extraído diretamente da Figura 7 ou cal-
culado analiticamente pela fórmula da CORRER RISCOS.
Equação 5. As Figuras 8 e 93 ilustram o
nível de participação ótimo para cada
bacia, quando se usa um coeficiente de
aversão ao risco c3 = 0,0314. Esse é um Para definir o nível ótimo de alocação de capital
dado surpreendente; o nível ótimo de par- exploratório para cada bacia, será considerado o ní-
ticipação nos melhores projetos não é, ne- vel de aversão ao risco como o inverso da tolerân-
cessariamente, 100%, como se pode pen- cia ao risco, que é igual a ¼ do capital exploratório
sar intuitivamente. anual da firma conforme discutido anteriormente.

Figura 7 – Coeficiente de aversão ao risco versus nível de participação financeira nos projetos médios das
bacias A, B e C

Nível de participação ótima versus


coeficiente de aversão ao risco

0,1
Coeficiente de aversão

Bacia C

0,05 Bacia B
Bacia A
C3

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Nível de participação no projeto (%)

RAE • v. 40 • n. 1 • Jan./Mar. 2000 73


Economia de Empresas

Assim, é possível expressar a alocação ótima de bacia A, 50% na bacia B e 100% de partici-
recursos em exploração com o auxílio da Figura 9, pação nos projetos da bacia C.
ou seja, definindo-se qual o nível de participação O capital ótimo total da joint venture para
desejado em cada projeto de uma bacia, determina- cada uma dessas três bacias é: Ka = US$ 704
se qual é o capital exploratório anual ideal para essa milhões, Kb = US$ 254 milhões e Kc = US$
bacia. Reciprocamente, dado o capital exploratório 127 milhões. Como referido nos itens ante-
de uma firma, é possível definir o nível ótimo de riores, esse método aloca mais dinheiro nas
participação em cada uma das bacias aplicando di- melhores bacias, mas isso não significa que
retamente o gráfico da Figura 9. Assim, para uma o nível de participação de uma firma nos pro-
capital exploratório de US$ 127 milhões, os níveis jetos da melhor bacia deva necessariamente
ótimos de participação em cada bacia são: 18% na ser maior.

Figura 8 – Equivalente certo versus nível de participação financeira nos projetos médios das bacias A, B e C

Equivalente certo versus nível de participação


(coeficiente de aversão ao risco igual a c3 = 0,0314)

8
Equivalente certo (US$ milhões)

7
Bacia C
6

4 Bacia B

2
Bacia A
1

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Nível de participação financeira no projeto (%)

Figura 9 – Nível de participação desejada em cada projeto das bacias A, B e C versus alocação de capital
exploratório ideal para a firma

Capital exploratório versus nível de participação ótimo


Capital exploratório (US$ milhões)

800
Ka 704

Bacia A

400

Kb 254
Bacia B
KC 127
Bacia C
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Nível de participação ótimo (%)

74 RAE • v. 40 • n. 1 • Jan./Mar. 2000


Alocação de recursos financeiros em projetos de risco na exploração de petróleo

CONSIDERAÇÕES FINAIS soais como a opção por um determinado emprego.


As grandes dificuldades para a implantação des-
A metodologia baseada na teoria da pre- sa metodologia são: encontrar a função utilidade
ferência, apresentada neste trabalho, permi- da firma para cada um dos objetivos e determinar
te criar um processo coerente de diversifi- o nível de aversão ao risco apresentado pela firma.
cação e compartilhamento de investimentos Mostra-se neste artigo que o questionário especí-
na exploração de petróleo, definindo o ní- fico da indústria, a reanálise das decisões de
vel ótimo de participação financeira para alocações passadas e a análise conjunta de todos
projetos desenvolvidos em parcerias, visan- os projetos disponíveis na carteira fornecem uma
do à maximização do ganho e à redução do medida útil para estimar o coeficiente de aversão
risco e respeitando a capacidade financeira ao risco da firma.
da firma e a disposição de seus gerentes de A aplicação prática ilustrada neste trabalho
correr riscos. mostra claramente a importância da participação
Um outro aspecto importante dessa me- fracionada em projetos de risco nas associações
todologia é a possibilidade de fornecer me- do tipo joint venture. O exemplo mostrou que, para
lhor qualidade às decisões, permitindo a aná- uma participação de 100%, a ordem de importân-
lise dessas decisões a posteriori. cia dos projetos é: C é melhor do que B e B é
Além da sua aplicação na exploração de melhor do que A. Por outro lado, para uma parti-
petróleo, essa metodologia para tomada de cipação inferior a 60%, tem-se uma inversão de
decisão em projetos de risco é muito am- prioridades, ou seja, o projeto A é melhor do que
pla, indo da escolha de uma carteira de o projeto B, que, por sua vez, é melhor do que o
ações na bolsa de valores até decisões pes- projeto C. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WALLS, M. R., DYER, J. S. Risky propensity and
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MAITAL, S. Economia para executivos. Rio para o uso do SIPLEX89. Rio de Janeiro: exploration industry. Colorado: Colorado School
de Janeiro: Campus, 1996. Petrobrás, 1989. (Relatório interno). of Mines, 1992. (Working Paper Series n. 92-9).

NOTAS

Os autores gostariam de agradecer o apoio 2. Exemplo: em um jogo de moeda (cara ou 3. Comparação de perfis de risco dos projetos
do CNPq para a realização desta pesquisa. coroa), com 50% de chance de ganhar 10 reais médios das três regiões considerando como
ou 50% de chance de perder 5 reais, certamente
haverá muitos jogadores. Mas, se mudarmos índice de aversão ao risco o valor c3, que é o
os valores para ganhar 100 mil reais ou perder valor que maximiza o equivalente certo do
1. Na indústria de petróleo, o conceito de 50 mil reais, haverá poucos jogadores, projeto médio da bacia C para uma participação
prospecto refere-se a áreas que contêm evidenciando uma aversão ao risco dos de 100%.
indivíduos quando os valores são elevados
indícios ou possibilidades de acumulação de
comparativamente ao seu capital, muito embora
óleo e/ou gás que possam ser extraídos o VME seja 10 mil vezes maior que na situação 4. O símbolo “A > B” significa que os projetos
economicamente no futuro. anterior. da bacia “A são melhores do que os da B”.

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