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PSICOMOTRICIDADE

Ficha Catalográfica

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Psicomotricidade

São Paulo
2018
FICHA TÉCNICA
Prof. José Fernando Pinto da Costa
Presidência da Mantenedora

Prof. Dr. Décio Correa de Lima


Vice-presidência Executiva

Prof. José Fernando Pinto da Costa


Reitoria

Sthefano Bruno Pinto da Costa


CEO

Profa. Me. Patrícia Paiva Goncalves Bispo


Diretoria de EaD

Prof. Me. Fernando Henrique Ferreira


Coordenador Pedagógico

Prof. Me. Fernando da Silveira Lobo


Coordenador de Área

Felipe Galesi Raimo


Coordenador AVA

Prof. Me. Fernando da Silveira Lobo


Revisor de Conteúdo

Rogério Batista Furtado


Web Designer

Profª. Ms. Luciana Lomakine


Autoria
APRESENTAÇÃO

Car@ Alun@,

Hoje daremos início aos nossos estudos na disciplina


“Psicomotricidade”. Esta disciplina aborda teorias e conceitos sobre a
Psicomotricidade, aspectos da neurociência do comportamento em
Psicomotricidade, estruturas psicomotoras, desenvolvimento psicomotor e
aprendizagem motora em diferentes faixas etárias. Estudaremos como
surgiu a Psicomotricidade, e sua importância no desenvolvimento da
criança, e como podemos utilizar alguns conceitos e fatores psicomotores
em nosso trabalho como educadores físicos. Termos como
“somatognosia”, “praxia”, “apraxia”, “esquema corporal”, entre outros, serão
analisados e explicados. Entenderemos como se dá o processo de
desenvolvimento psicomotor do ser humano, e a importância das
aquisições motoras. Compreenderemos que a Psicomotricidade tem uma
natureza social e o quanto a afetividade tem um papel fundamental nisso.
Para tudo isso iremos mergulhar nas ideias de grandes pensadores e
pesquisadores da Psicomotricidade, como Le Boulch, Vitor da Fonseca,
Ajuriaguerra, entre outros. Que este tema possa ser uma experiência positiva
e fascinante durante seus estudos. Espero que desfrutem!
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TEORIAS E CONCEITOS SOBRE A PSICOMOTRICIDADE
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10
2. TEORIAS DA PSICOMOTRICIDADE:...................................................................... 11
Jean Le Boulch .............................................................................................. 11
Pierre Vayer.................................................................................................... 12
Lapierre & Aucouturier .................................................................................. 13
Vitor da Fonseca ........................................................................................... 13
As contribuições de Ajuriaguerra ................................................................. 14
3. CONCEITUALIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE ................................................. 16
4. REVISÃO DA AULA ................................................................................................ 18
5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 20
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AULA 1

TEORIAS E CONCEITOS
SOBRE A
PSICOMOTRICIDADE
Conhecer a origem do termo Psicomotricidade.

Compreender os conceitos de Psicomotricidade.

Estudar as principais teorias sobre a Psicomotricidade.

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1. INTRODUÇÃO

Psicomotricidade é a ciência cujo objeto de estudo é observar o ser humano por meio
de seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interior e exterior. Está intimamente
relacionada ao processo de desenvolvimento, no qual o corpo é a origem das aquisições
cognitivas, afetivas, motoras e fisiológicas, aquisições estas profundamente afetadas e
influenciadas pela cultura e meio social no qual este ser humano está inserido.

A Psicomotricidade está fundamentada basicamente por três áreas de conhecimento:


o movimento, a cognição, e a afetividade. O termo "Psicomotricidade", historicamente falando,
surge no início do século XIX, a partir de uma necessidade neurológica, de se nomear as zonas
do córtex cerebral situadas além das regiões motoras. Graças ao desenvolvimento e às
descobertas da neurofisiologia, os médicos começaram a perceber que havia diferentes
disfunções neurológicas graves em alguns pacientes, sem que o cérebro destes estivesse
lesionado ou ainda, sem que uma lesão estivesse claramente localizada. Assim, alguns
distúrbios da atividade gestual e práxica foram descobertos. O padrão anátomo-clínico que
determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal, já não podia explicar alguns
fenômenos patológicos. Foi a partir da necessidade médica de encontrar uma área que
explicasse certos fenômenos clínicos que se cunhou, pela primeira vez, a palavra
PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870. As primeiras pesquisas que dão origem ao campo
psicomotor correspondem a um enfoque eminentemente neurológico. Em 1925, Henry
Wallon, médico, psicólogo e pesquisador do desenvolvimento humano, atribuiu ao movimento
um componente afetivo importante, considerando-o como instrumento fundamental na
construção do psiquismo. Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de
debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades.
É ele quem delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico
e o psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a Psicomotricidade diferencia-se de outras
disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia. Na década de 70, diferentes
autores definem a Psicomotricidade como uma motricidade de relação. Começa então, a ser
delimitada uma diferença entre uma postura reeducativa e uma terapêutica que, ao
despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai
dando progressivamente, maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. Na visão
da Psicomotricidade, a criança constitui sua unidade a partir das interações com o mundo
externo e nas ações dos outros sobre ela. (Associação Brasileira de Psicomotricidade)

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2. TEORIAS DA PSICOMOTRICIDADE:

Antes dos princípios da Psicomotricidade serem estipulados, o que os profissionais


da área da saúde conheciam, se baseava tão somente em uma disfunção motora em relação
a uma determinada área do sistema nervoso central. Assim, seria muito difícil, quase
impossível, entender a disfunção de aprendizagem motora que não se mostrava evidente,
como uma lesão no sistema nervoso central. A partir do momento em que a Psicomotricidade
se concretizou como ciência, muitos pensadores surgiram com suas teorias e com novas
ideias, a fim de compreenderem, a partir de uma visão psicomotora, o modo como as crianças
se desenvolvem. Vamos estudar agora alguns desses pensadores, que muito contribuíram
para a educação psicomotora das crianças.

Jean Le Boulch

O primeiro teórico que iremos estudar é o francês Jean Le Boulch. Ele era educador
físico, médico e psicólogo e em 1966, criou o Método da Psicocinética, uma ciência do
movimento aplicada ao desenvolvimento humano. Sua proposta era de uma educação pelo
movimento no contexto das ciências da educação. Podemos entender psicocinética como a
ligação entre a educação e o movimento. Defendeu uma Educação Física científica com
objetivos e métodos claramente definidos (propostos na França em 1947). Le Boulch afirmava
que a corrente educativa da Psicomotricidade surgiu, pelo fato dos professores de educação
física não conseguirem desenvolver uma educação integral do corpo. Para ele, muitos desses
professores, na França, centravam sua prática pedagógica nos fatores ligados à execução
dos movimentos, tendo como principal objetivo de sua ação educativa chegar à perfeição
desses movimentos, de forma mecânica, sem levar em conta outros aspectos humanos
importantes. A educação psicomotora de Le Boulch (1983) está interessada na prevenção
das dificuldades pedagógicas, e propõe uma educação corporal que busque um
desenvolvimento total da pessoa, tendo como principal papel na escola preparar seus
educandos para a vida. A visão de Le Bouch, quanto ao desenvolvimento psicomotor, possui
íntima relação com o momento escolar. O pesquisador percebe que o período em que a
criança frequenta a escola é primordial para sua base psicomotora, estando intimamente
relacionado com até 75% de seu desenvolvimento total. Sua teoria utiliza métodos
pedagógicos que possam ajudar a criança a se desenvolver da melhor maneira possível,
desenvolvendo afetividade; leitura e escrita; atenção; lateralidade e dominância lateral;
matemática e funções cognitivas; socialização e trabalhos em grupo. A Psicomotricidade na

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concepção de Le Boulch trabalha com base no esquema e imagem corporal, que é a
organização das sensações relativas ao seu próprio corpo com relação às impressões do
mundo exterior. A proposta de desenvolvimento psicomotor de Le Boulch apresenta algumas
etapas que são: do corpo imaginário à imagem do corpo operatório; imagem do corpo e
estruturação espaço-temporal; e do ajustamento global ao ajustamento com representação
mental. Na primeira etapa, a criança está começando a desenvolver a sua imagem do corpo,
que tem seu início por um lado, de conteúdos fantasmáticos e do outro, com uma imagem
figurativa, sendo ainda imprecisa, que vai amadurecendo com o tempo através da
confrontação com o real. Logo em seguida aparece a etapa da imagem do corpo e da
estruturação espaço-temporal, onde começa a acontecer a descentralização da criança e o
início das representações mentais dos eixos, onde ela começa a ter noções espaciais. Na
última etapa, que é do ajustamento global ao ajustamento com representação mental, a
criança está enriquecendo o seu esquema corporal, e por isso, começa a ter condições de
modificar os elementos de um movimento em automatismos bem estabilizados, tornando-se
capaz de tomar certa distância em relação ao objeto prático do movimento para voltar sua
atenção perceptiva sobre as modalidades da ação, desenvolvendo dessa maneira sua
percepção cinestésica. Nos anos finais do ensino fundamental, a educação psicomotora
utiliza as situações-problemas para trabalhar as funções perceptivas, que são as funções de
interiorização, percepção e estruturação do espaço, e a percepção temporal. Busca melhorar
e reforçar certos fatores de execução, como a força muscular, a flexibilidade articular,
velocidade, resistência e tolerância; e ainda procura melhorar as soluções posturais e
gestuais; utilizando também os jogos com regras e jogos esportivos, e por último as
atividades de expressão rítmica.

Pierre Vayer

A Educação Psicomotora segundo a teoria de Pierre Vayer, está particularmente


fundamentada sobre a educação, ou melhor dizendo, sobre a integração do esquema
corporal: a consciência do corpo, suas mobilizações e suas possibilidades de ação. O corpo
é a referência permanente, e a ação corporal, é o princípio de todo conhecimento e de toda
comunicação, portanto, de todo o desenvolvimento. O exercício não tem significação em si
mesmo; é a forma por meio da qual a criança aborda a situação, na forma em que se vive, no
que faz, expressa e possui, que realmente tem relevância e significação. Vayer dizia que o
educador deveria esforçar-se para obter da criança, a consciência do próprio corpo; o domínio
do equilíbrio; o controle e a eficácia das diversas coordenações globais e parciais; o controle

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da inibição voluntária da respiração; a organização do esquema corporal e a organização no
espaço; uma estruturação espaço-temporal correta; e maiores possibilidades de adaptação
ao mundo exterior.

Lapierre & Aucouturier

Lapierre e Aucouturier, autores franceses, consideram o termo Psicomotricidade


Relacional. Em sua obra, “A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educação”, eles
esclarecem que o termo se refere a uma prática corporal pedagógica específica que permite
o convite à autonomia criativa, cujas qualidades essenciais são a disponibilidade, o respeito e
a aceitação. Os autores valorizam a simbologia dos gestos em sua significação primitiva. O
modo como os seres humanos se movimentam e se expressam é bem importante para sua
compreensão. A Psicomotricidade no ensino fundamental, segundo Lapierre e Aucouturier,
é um trabalho psicopedagógico autêntico, no qual os psicomotricistas auxiliam as crianças
em seu processo de aprendizagem. Esta é constituída por um tripé, cujos elementos são:
o afeto, a cognição e a motricidade. O contexto relacional se justifica na medida em que
prioriza a importância da vida em grupo.

EXEMPLIFICANDO

A evolução da escrita é, por definição clara, um aprendizado psicomotor que


aumenta a capacidade de interação do indivíduo com o meio externo, estando
essa habilidade totalmente ligada a uma comunidade a partir da sua
aquisição, podendo, o indivíduo, encontrar a si mesmo em um grupo social.

Vitor da Fonseca

Vitor da Fonseca é um autor português, talvez o mais importante atualmente. É


professor na Faculdade de Motricidade Humana, na Universidade Técnica de Lisboa. Segundo
Fonseca (1988), a Psicomotricidade constitui uma abordagem multidisciplinar do corpo e da
motricidade humana. Seu objetivo é o humano total em suas relações com o corpo, sejam
elas integradoras, emocionais, simbólicas ou cognitivas, propondo-se desenvolver faculdades
expressivas do sujeito. Ainda segundo o autor, a Psicomotricidade é um meio inesgotável de
afinamento perceptivo-motor, que põe em jogo a complexidade dos processos mentais para

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a polivalência preventiva e terapêutica das dificuldades de aprendizagem. Nesse sentido, a
Psicomotricidade revela-se uma medida profilática que pode muito bem auxiliar as crianças
em dificuldades de aprendizagem, e também, em adaptações ou mudanças de
comportamento que o estar na escola pressupõem.

FIQUE ATENTO

O trabalho de Vitor da Fonseca está interessado em analisar as dificuldades


psicomotoras num contexto crítico-social, que pretende analisar e
diagnosticar quais obstáculos familiares e sociais impedem o
desenvolvimento global da criança, onde a evolução do esquema corporal, da
estruturação espaço-temporal e da maturação psicotônica são a base de
toda a atividade psíquica superior.

Segundo o autor, a identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos que


empregam para se legitimar revelam uma síntese inquestionável entre o afetivo e o cognitivo,
que se encontram no motor. É a lógica do funcionamento do sistema nervoso, em cuja
integração maturativa emerge uma mente que transporta imagens e representações e que
resulta de uma aprendizagem mediatizada dentro de um contexto sociocultural e sócio
histórico. Fonseca está preocupado com o que ele denomina “as epidemias das escolas”, ou
seja, as dificuldades de aprendizagem (dislexia, discalculia, disgrafia e disortografia) que são,
segundo ele, consequência de uma deficiência de adaptação psicomotora, que engloba
problemas de desenvolvimento motor de dominância lateral, de organização espacial, da
construção práxica e da estabilidade emotiva-afetiva, que se podem projetar em alterações
do comportamento da criança.

As contribuições de Ajuriaguerra

Ajuriaguerra não é exatamente um teórico da Psicomotricidade. Ele foi um psiquiatra


espanhol, que redefiniu o conceito de debilidade motora, passando a considerá-la como uma
síndrome com particularidades específicas. Deste modo, ele delimitou os transtornos
psicomotores que transitam pelos campos do neurológico e do psiquiátrico. Isto permitiu que
a Psicomotricidade adquirisse sua especificidade e autonomia em relação às demais
disciplinas, consolidando desta forma as bases da evolução psicomotora. Ajuriaguerra
interessava-se pelo desenvolvimento da criança, na relação de seu corpo com o meio. Ele
defendia que a evolução da criança ocorre pela conscientização desta em relação ao seu

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corpo e trata o corpo como uma unidade essencial para o desenvolvimento da esfera
cognitiva, afetiva e motora. No desenvolvimento do ser humano, as experiências corporais
experienciadas na infância, constroem e organizam sua personalidade. Com relação à
concepção de corpo, Ajuriaguerra acreditava que ele não seria apenas um instrumento
utilizado para a construção e para a ação, mas sim, como a forma pela qual o indivíduo se
comunica com o meio, com o social. Contrariamente à visão cartesiana do corpo, Ajuriaguerra
afirmava que a criança é seu corpo, ela se desenvolve a partir da consciência que tenha sobre
ele. É por meio de seu corpo que a criança expressa seus sentimentos, suas necessidades e
suas emoções, e que organiza seu psiquismo. Em outras palavras, a criança é o maior
exemplo da corporeidade viva e vibrante. Outra contribuição importantíssima de Ajuriaguerra
para a Psicomotricidade, está no termo somatognosia que, segundo FONSECA, 2008, pode
ser entendida como “a tomada de consciência do corpo na sua totalidade e respectivas partes,
intimamente ligadas e inter-relacionadas com a evolução dos movimentos intencionais, isto é,
a tomada de consciência do corpo como realidade vivida e convivida”. Outro aspecto
importante abordado por Ajuriaguerra, ainda no âmbito da consciência do corpo, refere-se à
Síndrome do Membro Fantasma, aquela em que uma pessoa que necessitou amputar um
membro, ainda possui a sensação daquele membro; a consciência da totalidade do corpo
ainda perdura. Ele define o membro fantasma como o resíduo cinestésico do membro (ou
parte do corpo) anatomicamente ausente. Ajuriaguerra segue adiante em suas inestimáveis
contribuições acerca da conscientização do corpo, abordando a questão da apraxia. A praxia
é entendida como a coordenação normal dos movimentos. A apraxia é uma desordem de
ordem neurológica que provoca a perda da habilidade ou capacidade de executar
movimentos; é a incapacidade de elaborar, controlar e de executar a ação propriamente dita.
Ele afirma que qualquer ação intencional pressupõe tanto um plano motor prévio, como uma
programação para sua execução. A apraxia, representa uma dificuldade em ordenar o plano
mental de ação com a efetivação da ação motora.
Ajuriaguerra descreve três fases na organização psicomotora da criança. A primeira é a
organização psicomotora de base, que tem como tema central a questão da função postural,
na qual o recém-nascido carrega consigo elementos fisiológicos e sensórios que ele
manifesta por meio de movimentos automáticos ou reflexos, uma “memória da espécie”. A
segunda é a fase da organização da planificação motora (somatognosia), sendo a fase de
incorporação das vivências e experiências e de motricidade já psiquicamente elaborada
ajustada na dimensão de tempo e espaço, com movimentos autorregulados, coordenando
informações interiores com dados exteriores de maneira suscinta, movimentos com
intencionalidade e de ordem social. A terceira é a fase da automatização da praxia: a

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interiorização das aquisições motoras que se adaptam e geram competências que se tornam
base do desenvolvimento psicomotor da criança. Concretiza-se em uma motricidade práxica,
dotada de inteligência, precisa e eficaz, que possibilita uma expressão tanto corporal como
motora mais ajustada e segura. (FONSECA, 2008).

3. CONCEITUALIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

A ciência que estuda as influências recíprocas entre motricidade e psiquismo chama-


se Psicomotricidade, e traduz a integração das funções motrizes e mentais sob o efeito da
educação e do desenvolvimento do sistema nervoso. Os estudos e fatores da
Psicomotricidade deram origem a uma educação chamada “psicomotora”. Alguns dos
objetivos da Psicomotricidade são: proporcionar estímulos sensoriais para discriminar partes
do corpo e exercer controle sobre elas; vivenciar por meio da percepção do próprio corpo em
relação aos objetos, a organização espacial e temporal; facilitar o aprendizado da leitura e da
escrita (Fonseca, 1995). A Psicomotricidade é utilizada para detectar dificuldades de
aprendizagem, pela análise do desempenho da criança, pela história de experiência lúdico-
motora e pelo perfil e de adaptabilidade em cada etapa do desenvolvimento. A
Psicomotricidade é importante na prevenção, no tratamento das dificuldades sensório-
motoras, e na exploração do potencial ativo da criança.

EXEMPLIFICANDO

Na proposta da Psicomotricidade, se uma criança de seis anos de idade não


possui os aspectos motores de coordenação motora, condizentes com o
esperado para a sua faixa etária, tal déficit pode estar diretamente
relacionado a um aspecto que envolva a esfera psíquica ou cognitiva, de
interação tanto com o mundo externo quanto com as pessoas ao seu redor,
sendo necessário analisar desde a relação com os responsáveis e
educadores até a relação com os colegas de escola.

Le Boulch (1987) define Psicomotricidade como uma ciência que estuda as condutas
motoras por expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade psicofísica do
homem, procurando fazer com que os indivíduos descubram o seu corpo por meio de uma
relação do mundo interior com o exterior, e a sua capacidade de movimento e ação,
permitindo tanto ao adulto quanto à criança, expressar movimentos de forma harmoniosa.

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Segundo Vitor da Fonseca (1996), “Psicomotricidade como ciência, é entendida como
o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e
sistêmicas, entre o psiquismo e o corpo, e, entre o psiquismo e a motricidade, emergentes da
personalidade total, singular e evolutiva que caracteriza o ser humano, nas suas múltiplas e
complexas manifestações biopsicossociais, afetivo emocionais e psicosócio cognitivas. Neste
parâmetro de enquadramento conceitual, a motricidade é entendida como o conjunto de
expressões corporais, gestuais e motoras, não verbais e não simbólicas, de índole tônico-
emocional, postural, somatognósica, ecognósica e práxica, que sustentam e suportam as
manifestações do psiquismo”. O psiquismo, nesta perspectiva, é entendido como sendo
constituído pelo conjunto do funcionamento mental que integra as sensações, as percepções,
as imagens, as emoções, os afetos, as representações, etc.
Segundo Ajuriaguerra (1980), “ A Psicomotricidade é a realização do pensamento
através do ato motor preciso, econômico e harmonioso”. Na visão da Psicomotricidade, o ser
humano é um ser em evolução, e essa evolução é encarada como uma sucessão de
integrações tônico-emocionais cognitivo motoras em formas cada vez mais organizadas, na
medida em que elas traduzem a evidência da dialética tônico-afetiva que preside a todas as
condutas do indivíduo. O organismo humano funciona globalmente, como um todo
indissociável, a uma situação dada (Fonseca, 1998).
Psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de movimento
organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante
de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização. A Psicomotricidade pode também
ser definida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências
recíprocas e sistémicas entre o psiquismo e a motricidade. Baseada numa visão holística do
ser humano, a Psicomotricidade encara de forma integrada as funções cognitivas, sócio-
emocionais, simbólicas, psicolinguísticas e motoras, promovendo a capacidade de ser e agir
num contexto psicossocial. (Associação Brasileira de Psicomotricidade)

“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as


interações cognitivas, sensoriomotoras e psíquicas na compreensão das capacidades de ser
e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por
um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que
permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento de
favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos”.
(COSTALATT, 2002)

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4. REVISÃO DA AULA

· Houve um momento na história em que todas as disfunções motoras possuíam


relação direta com uma área específica do sistema nervoso central que estaria
lesionada. Esse método era utilizado para prever alterações após uma
determinada lesão, como para direcionar tratamentos. Porém, o método anato-
clínico era insuficiente para explicar todas as disfunções que eram identificadas,
levando assim ao surgimento da Psicomotricidade.
· Psicomotricidade é a ciência cujo objeto de estudo é observar o ser humano por
meio de seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interior e exterior.
· Na visão da Psicomotricidade, o corpo é a origem das aquisições cognitivas,
afetivas, motoras e fisiológicas, aquisições estas profundamente afetadas e
influenciadas pela cultura e meio social no qual este ser humano está inserido.
· Foi a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explicasse certos
fenômenos clínicos que se cunhou, pela primeira vez, a palavra
PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870.
· A Psicomotricidade na concepção de Le Boulch trabalha com base no esquema e
imagem corporal, que é a organização das sensações relativas ao seu próprio
corpo com relação às impressões do mundo exterior.
· A Educação Psicomotora segundo a teoria de Pierre Vayer, está particularmente
fundamentada sobre a educação e integração do esquema corporal: a consciência
do corpo, suas mobilizações e suas possibilidades de ação.
· A Psicomotricidade no entendimento dos autores Lapierre e Aucouturier, é
um trabalho psicopedagógico autêntico, cujos elementos são: o afeto,
a cognição e a motricidade, e a importância da vida em grupo.
· Psicomotricidade, para Fonseca, é um meio inesgotável de afinamento perceptivo-
motor, que põe em jogo a complexidade dos processos mentais para a
polivalência preventiva e terapêutica das dificuldades de aprendizagem.
· Somatognosia é a tomada de consciência do corpo na sua totalidade e
respectivas partes, intimamente ligadas e inter-relacionadas com a evolução dos
movimentos intencionais.
· Praxia é a coordenação normal dos movimentos.
· Apraxia é uma desordem de ordem neurológica que provoca a perda da habilidade
ou capacidade de executar movimentos.

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· Ajuriaguerra descreve três fases na organização psicomotora da criança:
organização psicomotora de base; organização da planificação motora;
automatização.
· A ciência que estuda as influências recíprocas entre motricidade e psiquismo
chama-se Psicomotricidade, e traduz a integração das funções motrizes e mentais
sob o efeito da educação e do desenvolvimento do sistema nervoso.
· Objetivos da Psicomotricidade: proporcionar estímulos sensoriais para
discriminar partes do corpo e exercer controle sobre elas; vivenciar por meio da
percepção do próprio corpo em relação aos objetos, a organização espacial e
temporal; facilitar o aprendizado da leitura e da escrita.

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5. REFERÊNCIAS

AJURIAGUERRA, J. de. Manual de psiquiatria infantil. São Paulo: Atheneu, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. https://psicomotricidade.com.br/

COSTALLAT, Dalila M.M. de. Exercícios psicomotores básicos de Educação Tônica para a
otimização da aprendizagem formal da escrita. In: A psicomotricidade otimizando as
relações humanas. São Paulo: Arte & Ciência, 2002. 2.ed. O.N.P. Ordem Nacional dos
Psicomotricistas.

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: psicologia e pedagogia. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1988.

FONSECA, Vitor da. Manual de Observação Psicomotora: significação psiconeurológica dos


fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Palestra de abertura do


Congresso Internacional “Educación Infantil y Desarrollo de Competencias”. Associación
Mundial de Educadores Infantiles (AMEI_WAECE). Madrid, 28 a 30 de noviembre de 2008.

LAPIERRE, A. & AUCOUTURIER, B. A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e


Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

LE BOULCH, J. A Educação Psicomotora: A psicocinética na idade escolar. Porto Alegre:


Artes Médicas, 1983.

LE BOULCH, J. Rumo a uma Ciência do Movimento Humano. Porto Alegre: Artes Médicas,
1987.

VAYER, P. A criança diante do mundo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

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