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ESTRUTURAS PSICOMOTORAS
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 4
2. ESTRUTURAS PSICOMOTORAS ............................................................................. 4
3. REVISÃO DA AULA ................................................................................................ 14
4. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 16
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AULA 3

ESTRUTURAS
PSICOMOTORAS

Compreender o que são estruturas psicomotoras.

Relacionar o desenvolvimento das estruturas psicomotoras com o


desenvolvimento do ser humano.

Entender a crucial importância da estruturação psicomotora para


o desenvolvimento da criança.

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1. INTRODUÇÃO

Como vimos anteriormente em nossas aulas, a ciência que estuda as influências


recíprocas entre motricidade e psiquismo chama-se Psicomotricidade, e traduz a integração
das funções motrizes e mentais sob o efeito da educação e do desenvolvimento do sistema
nervoso. Lembramos que a motricidade representa a forma direta e objetiva do ser humano
interagir com outros seres humanos e com o ambiente que o cerca, e possibilita sua
adaptação a novos ou diferentes contextos sociais e culturais. A motricidade é o grande
veículo de expressão das atividades humanas. Reiteramos que todas as relações e interações
entre pessoas só se tornam possíveis através do movimento e, do mesmo modo, nenhum
sentimento, emoção ou pensamento pode ser expressado sem que para isso se utilizem
movimentos. Os estudos e fatores da Psicomotricidade deram origem a uma educação
chamada “psicomotora”. Com a educação psicomotora, a Educação Física passa a ter como
objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma
criança. Nesta aula iremos estudar quais são esses fatores, ou melhor, estruturas
psicomotoras.

2. ESTRUTURAS PSICOMOTORAS

Estruturas psicomotoras são os fundamentos, ou melhor, as bases da


Psicomotricidade, que evoluem ao longo do tempo, e que proporcionam à criança seu
desenvolvimento e estruturação. Essas estruturas psicomotoras são usadas na prática
psicomotora, com o objetivo de detectar algumas dificuldades de aprendizagem, mas
também de propor intervenções pedagógicas para alavancar o progresso de cada criança em
particular. A evolução dessas funções em cada indivíduo, obedece a uma série de fatores,
onde a individualidade prevalece. Influências da cultura e meio social também devem ser
levadas em conta nesse processo, mas cada criança tem seu próprio tempo. O
amadurecimento das funções psicomotoras está intimamente ligado ao desenvolvimento das
funções neurológicas. As estruturas psicomotoras são:

1. Esquema Corporal : é a consciência do corpo como meio de comunicação consigo


mesmo e com o meio. É um elemento básico indispensável para a formação da
personalidade da criança, e função psicomotora de base, ou seja, a partir dela,
todas as demais se estruturarão. O esquema corporal é a representação global e

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diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo. O esquema corporal resulta
das experiências que possuímos provenientes do corpo e das sensações que
experimentamos. Não é um conceito aprendido e que depende de treinamento.
Ele se constrói e se organiza pela experienciação e vivências que a criança passa
com seu corpo. É uma construção mental que a criança realiza gradualmente, de
acordo com o uso que faz de seu corpo. Segundo Fonseca, 1988, “a noção de
esquema corporal traduz um processo psicofisiológico que tem origem nos dados
sensoriais que são enviados e fornecidos pelas estruturas motoras, resultantes
do movimento realizado pelo sujeito”. A noção de esquema corporal não está
ligada unicamente à atividade motora, também se relaciona com os aspectos
emocionais e com as necessidades biológicas. Ao longo do seu desenvolvimento
psicomotor, a criança, com relação à estruturação do esquema corporal, deverá
ser capaz de:

· Reconhecer as possibilidades cinéticas do corpo, por meio de movimentos que o


afetam como uma totalidade.
· Reconhecer o corpo no seu todo e diferenciar cada uma de suas partes por meio
do movimento.
· Realizar movimentos independentes e interdependentes com os diversos
segmentos do corpo.
· Definir sua dominância lateral.

Imagem corporal é a forma que representamos o nosso corpo para nós mesmos, é
a imagem mental que fazemos de nosso corpo, o que equivale dizer que esta imagem está
carregada de experiências pessoais e por isso passa por constantes transformações
baseadas na forma como agimos e sentimos. Ela se constrói na mesma medida em que se
desconstrói, pois está sempre se modificando para se adaptar ao meio. Sua estruturação
depende das suas relações com o outro e com si mesmo, ou com objetos. Sua construção
depende do contato do corpo com o mundo, que pode aceitá-lo ou rejeitá-lo definindo assim,
a identidade da pessoa, baseada, não somente em memórias e experiências, mas também
em intenções, tendências e aspirações.

A imagem corporal pode ser distorcida por fatores psicológicos; uma pessoa muito
magra, por exemplo, pode se olhar no espelho e se ver gorda. É o que acontece nos casos de
anorexia, geralmente com pessoas que trabalham em meios onde as exigências corporais
são extremas, como bailarinas clássicas, top models, etc. O termo imagem corporal, na
Psicomotricidade, refere-se à imagem ou representação mental, que abrange aspectos

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afetivos, sociais, culturais, psicológicos e fisiológicos. O esquema corporal está intimamente
ligado à imagem do corpo, porém sua estruturação ocorre de acordo com o uso que fazemos
de suas partes.

FIQUE ATENTO

Pode-se dizer que o esquema corporal é construção mental funcional que o


indivíduo faz de seu corpo, enquanto que a imagem corporal é a
representação mental do corpo relacional que deve a sua estruturação à
vivência afetiva. Esquema e imagem corporal são componentes distintos do
desenvolvimento psicomotor, mas estão inter-relacionados, pois reconhecer
e sentir não pode existir separadamente.

Figura 1: Fonseca, 1996. 1

2. Orientação Espacial: capacidade de orientar-se, movimentar-se e adaptar-se no


espaço tendo como ponto de referência o próprio corpo, estabelecendo relações
de posição, direções, distância; e como ponto de referência o outro ou outros entre
si. É perceber as posições, distâncias, tamanhos, o movimento, a forma dos
corpos, enfim, todos os caracteres geométricos dos corpos. A organização do
corpo no espaço é a capacidade de movimentar o próprio corpo de forma

1
Fonte : o Autor.

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integrada, em torno de objetos no espaço-ambiente e passando por eles. As
primeiras noções de espaço são: perto, longe, dentro, fora, em cima, embaixo,
atrás, à frente, e partem da vivência no próprio corpo da criança. A consciência do
corpo sofre evolução paralela à evolução da aquisição do espaço. Não há espaço
sem corpo, assim como não há corpo que não seja espaço e que não ocupe um
espaço. Dificuldades na aquisição da noção de espaço podem gerar uma visão
distorcida do meio ambiente, movimentos desajeitados e hesitantes,
compreensão deficiente de palavras que designam posição espacial (dentro, fora,
em cima, embaixo, direita, esquerda), na alfabetização, a criança pode confundir
“b” com “d”, “q” com “p”, “AR” com “RA”.
3. Orientação Temporal: é a capacidade de avaliar intervalos de tempo e de estar
ciente dos conceitos de tempo. É a capacidade de situar-se no tempo. Implica a
percepção do intervalo temporal (duração de um fenômeno) de uma ordem e na
sucessão de fenômenos; implica ainda a divisão conceitual do tempo. É ainda, a
capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, após,
durante), da duração dos intervalos (noções de tempo longo, curto, ritmo regular,
irregular, cadência rápida, lenta), da renovação cíclica (períodos, dias, meses,
estações) e do caráter irreversível do tempo (noção de envelhecimento, idade,
passado, etc). O fator de estruturação temporal que sustenta a adaptação do
tempo é o ritmo. A noção de tempo para a criança é a de um tempo vivido, ou seja,
5 minutos de inatividade serão mais longos do que 5 minutos passados em uma
atividade agradável. A organização do corpo no tempo é reflexo da integração
sensorial motora no espaço. Em primeiro lugar a criança deve vivenciar atividades
de organização espacial para depois executa-las com ritmo. O ritmo é uma
maneira concreta de vivenciar o tempo, por meio da regularidade de sua sucessão;
é importante vivenciar diferentes ritmos. Durante seu processo de aquisições
psicomotoras, a criança deverá ter competência de:

· Orientar-se no espaço, discriminando localização, direção e dimensão.


· Movimentar-se, discriminando diferentes momentos do tempo, seu curso regular
e seu fracionamento.
· Identificar e efetuar movimentos, discriminando as diferentes velocidades e
trajetórias no deslocamento do corpo e objetos.

4. Coordenação Motora: é uma atividade psicomotora indispensável para todas as


habilidades do ser humano. Define-se como a capacidade de realização de um

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movimento ou de uma sequência de movimentos decorrente da integração entre
sistema nervoso central (cérebro) e unidades motoras dos músculos e
articulações.

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FIQUE ATENTO

Vitor da Fonseca refere-se à coordenação motora como “praxia”.


Praxia: movimento intencional, organizado, consciente, voluntário, que tem
como objetivo a obtenção de um resultado (Mendes & Fonseca, 1988).
Apraxia: impossibilidade de resposta motora para realizar movimentos
durante uma atividade (movimentos voluntários).
Dispraxia: caracterizada por uma disfunção na organização tátil, vestibular e
proprioceptiva que interfere na capacidade de agir, repercutindo no
comportamento sócio-emocional e no potencial de aprendizagem. (Mendes
& Fonseca, 1988)

I. Coordenação Motora Global ou Praxia Global: é a capacidade de usar de forma


mais eficiente os músculos esqueléticos (grandes músculos), resultando em uma
ação global mais eficiente. Este tipo de coordenação permite à criança ou adulto
dominar o corpo no espaço, controlando os movimentos mais rudes. Ex: Andar,
saltar, rastejar, etc. No estudo da Praxia Global observa-se a postura e a
locomoção, isto é, a integração sistêmica dos movimentos do corpo com os
estímulos ambientais (Fonseca, 1995). A coordenação dinâmica global
(coordenação óculomanual e óculopedal) e a integração rítmica dos movimentos
começam a ser aprimoradas dos 5 aos 6 anos de idade (Fonseca, 1995).
II. Coordenação Motora Fina ou Praxia Fina: é a capacidade de controlar de forma
eficiente e precisa os pequenos músculos, produzindo assim movimentos
delicados e específicos, ou seja, habilidades finas. A coordenação fina ou praxia
fina, envolve concentração, organização dos movimentos e coordenação viso-
motora (Fonseca, 1995). Este tipo de coordenação permite dominar o ambiente,
propiciando manuseio dos objetos.

EXEMPLIFICANDO

Recortar, lançar em um alvo, costurar, escrever, digitar, colar, pintar, encaixar


e outras, são habilidades que dependem da estruturação da praxia fina.

III. Coordenação músculo-facial: relacionado com movimentos finos de face,


fundamental para a fala, mastigação e deglutição. Começa a ser aprimorada dos
6 -7 anos de idade (Fonseca, 1995).

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6. Tonicidade Muscular: “O tônus muscular é a atividade primitiva e permanente do
músculo; além de traduzir a vivência emocional do organismo, é o alicerce das
atividades práxicas” (LE BOULCH, 1992)

O tônus muscular é o fator fundamental da Psicomotricidade, fazendo parte do


alicerce da vida afetiva, motora e cognitiva, trazendo-nos a base para a constituição da
aprendizagem, cuja função é de alerta e de vigilância, tendo papel fundamental no
desenvolvimento motor e psicológico. As funções do tônus são descritas por diversos autores
de maneiras diferentes, de acordo com as áreas de estudo de cada um, e encontramos em
todas as definições, a importância desta entidade psicomotora para a realização do
movimento corporal. Segundo Wallon (in FONSECA,1996), podemos ter duas funções do
músculo: a de encurtamento e alongamento das miofibrilas, e a de suporte mantendo o apoio
à musculatura esquelética em estado de repouso. As duas funções dependem do nível inferior
medular e superior reticular e cortical. Este tônus a que Wallon se refere, é o tônus postural,
responsável por toda equilibração no ser humano. Já para Ajuriaguerra (in FONSECA,1996),
existem duas formas de tonicidade: a de repouso e a de atividade, sendo que ambas preparam
a musculatura para as atividades postural e práxica. Sherrington (in FONSECA,1996), referiu-
se à tonicidade na integração entre várias partes do sistema nervoso, para que se possa
realizar um movimento. A hipotonia ou a hipertonia, estão relacionadas ao tônus de suporte
com base na extensibilidade e passividade, muito importante na qualidade do movimento. Na
visão da Psicomotricidade, o ser humano é um ser em evolução, e essa evolução é encarada
como uma sucessão de integrações tônico-emocionais cognitivo motoras em formas cada
vez mais organizadas, na medida em que elas traduzem a evidência da dialética tônico-afetiva
que preside a todas as condutas do indivíduo. O organismo humano funciona globalmente,
como um todo indissociável, a uma situação dada. (FONSECA, 1998). Nessa perspectiva, o
tônus é visto como o primeiro sistema funcional complexo que compreende a
Psicomotricidade. Sem a organização tônica como suporte, a atividade motora e a estrutura
psicomotora não se desenvolvem. (FONSECA, 1996). O tônus desenvolve-se do nascimento
aos 12 meses de vida. (FONSECA, 1996). A criança manifesta-se nos primeiros momentos de
sua vida por um estado dialético de hipertonia que traduz o seu modo se ser. O estado tônico
revela toda a vida da criança. Ele constitui o elemento fundamental da sobrevivência,
colocando em perfeito funcionamento todas as funções de adaptação, incluindo a da nutrição,
da eliminação e da respiração. O estado tônico é o modo de relação da criança. Alguns
autores, entre eles Wallon, deram grande importância ao tônus no desenvolvimento motor e,

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em geral, em todo o desenvolvimento psicológico. Ele acusa repercussões em toda a
formação da vida mental. O tônus muscular afeta e é afetado pelo estado emocional. A
Psicomotricidade considera dois tipos de tônus: O tônus de suporte ou tônus de fundo (tônus
postural) e o tônus de ação. O tônus de suporte possui os seguintes componentes: A)
Extensibilidade (o maior comprimento possível que podemos imprimir a um músculo,
afastando suas inserções); B) Passividade (movimento livre, não controlado) e C) Paratonia
(incapacidade de descontração voluntária). São componentes do tônus de ação: A)
Diadococinesia (possibilidade de movimentos vivos e alternados) e B) Sincinesias (reação
parasita que traduz um esboço de reprodução ou limitação de movimento pelo membro
contralateral ou concentração hipertônica no membro oposto). Os aspectos do Tônus de
Suporte são importantes na praxia e na adaptação espaço-temporal. Segundo Ajuriaguerra (in
FONSECA, 1998) observando a amplitude dos movimentos, a resistência ao movimento
passivo, a palpação da atividade flexora e extensora dos diferentes músculos é possível
determinar o tipo de tônus muscular.

FIQUE ATENTO

Descontrole no Tônus de Suporte e no Tônus de Ação podem gerar


dificuldades instrumentais motoras e de aprendizagem, consciência corporal
e coordenação motora. Assim, a alfabetização requer igualmente uma
alfabetização do corpo. A aprendizagem é uma mudança de comportamento
motor que parte inicialmente de movimentos exagerados (dismetria) para
movimentos cada vez mais ajustados (praxia).

Os movimentos podem ser comprometidos devido a estados de hipertonia, com os


músculos contraídos em excesso, ou hipotonia, com os músculos muito relaxados. Em se
tratando de casos não muito sérios, que não precisem de uma intervenção médica, o educador
pode auxiliar esta pessoa a desenvolver e ou ajustar o seu tônus muscular. O tônus muscular
também depende muito da estimulação do meio. Hipertonia: aumento do tônus que pode
ocorrer em determinado ou em vários grupos musculares. Hipotonia: diminuição do tônus que
pode ocorrer em determinado ou em vários grupos musculares. Rigidez: acomete vários
grupos musculares. Espasticidade: aumento de tônus muscular em determinado grupo
muscular. Espasmo: modificação rápida do tono. Distonia: tono flutuante. Contração tônica:
resistência do músculo diante de uma mobilização passiva. A Psicomotricidade enxerga o
movimento como um meio de expressão da afetividade. A criança toma contato com o mundo
por meio dos movimentos; é por um verdadeiro diálogo tônico que a criança se introduz na

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cultura. Durante muito tempo, a forma de contato que a criança estabelece com o mundo é
realizada particularmente com a mãe, por meio de um verdadeiro diálogo corporal e gestual.
As primeiras relações vão ocasionar uma alteração da tonicidade do indivíduo que traduzem
esquemas de reação, alguns hipertônicos, outros hipotônicos. Estas impressões irão
modificar a musculatura, constituindo assim a história do indivíduo, refletida numa
diferenciada compleição motora. O tônus garante, como consequência, as atitudes, as
posturas e a mímica. A sua regulação complexa é dependente das emoções e do controle
afetivo e constitui um dos meios de preparação da representação mental. A ele estão ligados
os diferentes tipos de hipertonicidade em relação próxima com a organização progressiva do
sistema nervoso central. O tônus constitui a sustentação das atitudes em relação à vida
afetiva, e tem um papel muito importante na tomada de consciência de si e na edificação do
conhecimento do mundo e do outro. A contração muscular, por meio da qual o movimento é
possível, suporta-se mutuamente com a sensação que origina no próprio indivíduo. Entramos,
assim, numa acomodação simultânea, tanto motora quanto mental, geradora da
conscientização humana. A atividade muscular encontra-se ligada ao próprio corpo e,
consequentemente, ao objeto e à pessoa. A função tônica, definida por Gesell (1971) como
um comportamento, tem por função manter, a todo o instante, o músculo num grau de tensão
ótimo, que prepare a ação ajustada. Esta função exerce-se em todos os músculos do corpo,
regulando a todo instante as diferentes atitudes. As variações locais ou generalizadas do
tônus, que são devidas aos estados de hipo ou hipertonia, ou de espasmo, estão na base das
emoções. Wallon (DANTAS, 1992) concluiu que as variações do tônus estão ligadas às
modificações da sensibilidade afetiva. Entre o tônus e a afetividade coexiste uma
reciprocidade de ação imediata. A atividade tônica apresenta, assim, uma dualidade de
relação: como atividade muscular prepara a atividade motora fásica: como atividade mental,
dá expressão às emoções e à esfera da afetividade. Neste aspecto da unidade do homem,
entre o hemisfério psíquico e ao hemisfério motor, o tônus constitui a função de ponte. Todas
as manifestações do comportamento e da afetividade estão ligadas à função tônica.

“As emoções são essencialmente função de expressão, função plástica. São uma
formação de origem postural e têm por material o tônus muscular. Sua diversidade está ligada
à hiper ou hipotensão do tônus (hipertonia/hipotonia) (...). O tônus, que recebe os estímulos
de todas as superfícies de excitação exteroceptiva, labiríntica, proprioceptiva, interoceptiva,
está constantemente em tensão latente pela soma das excitações que nascem no organismo
ou que chegam a ele” (WALLON, 1979 in DANTAS, 1992).

O tônus também toma parte nas sensações de prazer e de dor que percebemos
parcialmente por seu intermédio. É uma atitude intercomunicável do diálogo com o outro, e é

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já em si um meio de comunicação com o outro. No diálogo corporal que o indivíduo estabelece
com o mundo, o tônus integra toda a história dialética das informações exteriores, e inter-
relaciona-as para dar origem à fenomenologia do comportamento humano. Portanto, pode-se
dizer que o comportamento humano, através do corpo, o qual é a sua condição de existência,
presença e atuação no mundo, tem no tônus uma grande parcela de significados, de
comunicações e até de um saber corporal. A percepção ao próprio tônus e ao tônus
representado nos corpos dos outros, é um passo significativo para compreender que o tônus
emite importantes mensagens, que devem ser encaradas inclusive sob a perspectiva de um
diálogo corporal. Neste sentido, os educadores devem apurar sua sensibilidade de percepção
do tônus, enquanto portador de significado, no intuito de uma melhor possibilidade de
comunicação e intervenção e, respectivamente, apurar a de seus educandos.

7. Equilíbrio: pode ser definido como a condição que o indivíduo tem de para assumir,
sustentar e/ou modificar a posição do corpo contra a ação da gravidade. É a base
de toda a coordenação motora global. É a noção de distribuição do peso em
relação a um espaço e a um tempo e em relação ao eixo de gravidade. O controle
na postura bípede se desenvolve por volta dos 12 meses aos 2 anos de idade
(Fonseca, 1995). A criança é capaz de manter o equilíbrio com os olhos fechados
por volta dos 7 anos, sendo que esta habilidade é refinada com a idade (Gallahue
& Ozmun, 2003).
8. Lateralidade: capacidade motora de percepção dos lados do corpo, direito e
esquerdo. A predominância de um dos lados do corpo se faz em função do
hemisfério cerebral. A lateralização inata é governada basicamente por fatores
genéticos, embora o treino e os fatores de pressão social possam influenciar. A
lateralidade manual surge no fim do primeiro ano, mas só se estabelece por volta
dos 4-5 anos (Fonseca, 1995). A lateralidade só se estabelece aos 5-6 anos e o
reconhecimento da mão direita e esquerda no outro, ocorre após os 6 anos e meio
(Staes e Meur, 1991).

Todas estas funções psicomotoras podem ser aprendidas e posteriormente refinadas


num processo de educação psicomotora, onde a Psicomotricidade tem papel fundamental. A
Psicomotricidade considera o ser humano como um todo, indissociável de seus aspectos
(motor, afetivo, social, cognitivo). O tônus é um componente desse “todo”, componente esse
que dá suporte às realizações, experiências, aprendizagens motoras, afetivas, sociais e
cognitivas do ser. Fixações desse tônus (hipotonia ou hipertonia) na criança podem causar
dificuldades motoras, que irão reverter em dificuldades de aprendizagem, o que poderá

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comprometer seu desenvolvimento motor e, consequentemente, o afetivo e o cognitivo
também. Em contrapartida, essa fixação pode ter suas raízes em causas afetivas, como falta
de cuidado materno, falta ou precariedade de estímulos sensoriais, sobretudo táteis, mas
também por patologias de ordem neurológica. A intervenção da Psicomotricidade tem se
mostrado muito transformadora nesses casos. O movimento é um elemento essencial na
aprendizagem, pois é por meio dele que o ser humano explora o ambiente. A lateralidade,
imagem corporal, eficiência postural, de locomoção, percepção auditiva, visual e táctil são
componentes da execução de movimentos, tendo um papel significativo no desenvolvimento
cognitivo.

3. REVISÃO DA AULA

· Estruturas psicomotoras são as bases da Psicomotricidade, que evoluem ao


longo do tempo, e que proporcionam à criança seu desenvolvimento e
estruturação.
· Esquema Corporal: é a consciência do corpo como meio de comunicação
consigo mesmo e com o meio.
· Orientação Espacial: é a capacidade de orientar-se, movimentar-se e adaptar-se
no espaço tendo como ponto de referência o próprio corpo, estabelecendo
relações de posição, direções, distância.
· Orientação Temporal: é a capacidade de avaliar intervalos de tempo e de estar
ciente dos conceitos de tempo. É a capacidade de situar-se no tempo.
· Praxia ou Coordenação Motora: capacidade de realização de um movimento ou
de uma sequência de movimentos decorrente da integração entre sistema
nervoso central (cérebro) e unidades motoras dos músculos e articulações.
· Praxia Global: integração sistêmica dos movimentos do corpo com os estímulos
ambientais.
· Praxia Fina: é a capacidade de controlar de forma eficiente e precisa os pequenos
músculos, produzindo assim movimentos delicados e específicos.
· Tônus Muscular: estado de tensão em um músculo, regulado pelo sistema
fusimotor. Está presente, mesmo quando o músculo não está ativo. O tônus se
ajusta a um nível baixo quando estamos descansando e a um nível alto quando
estamos apressados, agitados ou estressados.

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· Lateralidade: capacidade motora de percepção dos lados do corpo, direito e
esquerdo.

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4. REFERÊNCIAS

DANTAS, Heloysa; LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de;. Piaget, Vygotsky, Wallon:
teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.

DE MEUR, A. e STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. Rio de Janeiro: Manole.


1991.

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. Porto Alegre:


Artes Médicas, 1998.

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

FONSECA, V. da. Manual de Observação Psicomotora: significação psiconeurológica dos


fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas,1995.

FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: psicologia e pedagogia. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1988.

GALLAHUE, D. L. & OZMUN J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,


crianças, adolescentes e adultos. 2ed. São Paulo: Phorte, 2003.

GESELL, Arnold. Psicologia evolutiva: el niño de 1 a 5 años. Buenos Aires: Paidós, 1971.

LE BOULCHE, J. Desenvolvimento psicomotor do nascimento até os 6 anos. São Paulo: Artes


Médicas, 1992.

MENDES, N.; FONSECA, V. Escola, escola, quem és tu? Perspectivas Psicomotoras do


Desenvolvimento Humano. 4 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

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