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Hist6ria das relacdes internacionais contemporaneas Maquiavel e Edward Carr (no qual os principios se subordinam as politicas) pelo novo realismo estrutural de Rousseau ¢ K. Waltz (em que 0 peso analitico recai sobre 0 caréter anarquico do sistema internacional ¢ nao sobre a natureza humana belicosa), ao realismo liberal de Hedley Bull (de inspiracao hobbesiana), que enfatiza a capacidade de certos Estados de conter agress se conformar uma ordem internacional mais equilibrada, todas essas vertentes do realismo ficaram petrificadas diante das modificagoes globai is em curso. Da mesma maneira, comportaram-se varias das vertentes liberais da teoria internacionalista. De Richard Cobden, Woodrow Wilson e J. A. Hobson, da se- gunda metade do século XIX ao inicio do século XX, aos tedricos modernos como Stanley Hoffmann, pasando por institucionalistas como Mitrany e neo- liberais como Fukuyana, a grande maioria dos esquemas analiticos mostrou-se precéria diante dos novos desafios de interpretacao das complexidades de um mundo em movimento. Mesmo liberais disfargados de culturalistas, como Samuel, Huntington, nao escapam de critica severa acerca dos seus postulados sobre 0 chamado chogue de civilizagoes. © mesmo destino parece ser compartilhado pela tradicao dos tedricos do sistema mundial que, originados dos esquemas do marxismo e da formulagio moderna de Immanuel Wallerstein, passando pela teoria da dependéncia e che- gando a obra de Christopher Chase-Dunn, Global formation: structures of world economy, de 1989, nao tém conseguido abarcar a dinamica dos novos tempos das relagOes internacionais. Nao muito longe de crises intelectuais estao os construtivistas sociais, os te6- ricos da moda nas relagoes internacionais, ao pretenderem estabelecer a ponte adequada entre as tradigdes racionalistas do realismo e do liberalismo, e os que se enfileiram no pés-modernismo de Richard Ashley, na teoria feminista de Sandra Harding, na teoria normativa de Chris Brown, na teoria critica derivada da Escola de Frankfurt (como em Robert Cox ou Mark Hoffman) ou na sociologia histérica de Charles Tilly e Michael Mann. A constragao desse novo abrigo doutrinério, como proposto por Kratochwil, Onuf, Wendt e Keohane, também ainda nao con- seguitt ocupar 0 espaco hegeménico dos esforcos tebricos nas relagdes internacio- nais em tempos de profunda crise paradigmatica. Assim, com o declinio da projecao territorial do ex-império sovietico, a poli- tologia internacional perdeu parte da sua inspiragio. Com a retirada do “inimigo oriental”, desorientaram-se as explicagdes acerca do proprio mundo. Isso explica 0 reducionismo das anilises que, diante da destruigao da ordem internacional da Guerra Fria, passaram a supor que 0 contexto internacional do presente fosse uma nova forma acabada de sistema internacional. Historia das relacées internacionais °° A teoria, para essas andlises, estaria resolvida na seguinte assertiva: dominadas pelos fendmenos da globalizagao econémico-financeira e pela integracao liberali zadora dos mercados, as relagées internacionais teriam encontrado seu novo mo- delo sistémico. A facil solugao adotada, que concomitantemente decretou o fim dlas possibilidades soberanas do Fstado-nagao no final do século XX, veio agravar ainda mais a auséncia de instrumentos analiticos consistentes para a compreen- sao das relagées internacionais. Uma outra trajet6ria cientifica no Ambito das relagGes internacionais foi em- preendida pelos historiadores das relagoes internacionais e por alguns cientistas politicos insatisfeitos com os préprios padroes de anélise do mundo contempo- raneo da era pés-bipolar. Scus problemas, métodos ¢ resultados tém chegado a explicacdes mais satisfatdrias, nao s6 para a evolugao dos sistemas internacionai ao longo dos dois tiltimos séculos, como também para os desafios da interpreta- cao do presente. Procurando abordar 0 curso subterraneo da analise interdisci- plinar que integra a histéria & tradicao tedrica das relagdes internacionais, esses estudiosos tém promovido verdadeira revolucao acerca das relagdes entre povos, Estados ¢ culturas. A obra original de Jean-Baptiste Duroselle, Tout empire périra. Une vision théorique des relations internationales, do inicio da década de 1980, marcou os es- tudos das relagées internacionais na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil, na Argentina, no Japao e na Australia ao pér 0 conhecimento histérico no coragao dos estudos das relagdes internacionais contemporaneas. Arraigado na tradicio fundada por Pierre Renouvin, Duroselle diferenciou-se dos tedricos tradicionais, das relacées internacionais ao propor uma teoria com forte base empirica e um esquema de exposigao com sentido pratico e fenoménico, consonante com a pré- pria renovacao tedrica e metodolégica do conhecimento social. Ao lado dos desdobramentos teéricos da obra, que atualizaram conceitos € solucionaram problemas de interpretagao oriundos das primeiras formulagdes da disciplina, no periodo imediato a Segunda Guerra Mundial, Duroselle teve a visio da ctise do império soviético, em momento ainda tenro para previsbes acerca do tema. Afinal, como ele mesmo lembra, tout empire périra, Nos anos 1990, os estudos de Watson, Bull, Milward, Sheehan, Girault, Frank, Thobie, e conceituais da disciplina, consolidaram, em diferentes partes do mundo, a con- igezzi, Cervo, Rapoport, entre outros, sobre diferentes campos empiricos tribuigao da historia das relagoes internacionais. Esta se apresenta, hoje, como uma das mais consistentes metodologias para a circunscrigio dos problemas apresenta- dos pelas mudangas cada vez mais velozes da vida internacional

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