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I Jornada Científica da Faculdade de

Ciências Contábeis da UFBA

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO QUEBRA DE PARADIGMAS


NO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Maria Alice Guedes Porto1

O presente estudo tem por objetivo destacar a importância da formação interdisciplinar no


ensino de Ciências Contábeis e analisar de que modo a educação integral poderá ser
resgatada para que o futuro contador seja dotado de visão sistêmica da realidade,
constituindo-se em ser pensante e crítico ao relacionar a prática contábil com outros ramos
do conhecimento, na busca de soluções para os problemas organizacionais, de modo a
atender diversas demandas requeridas pelos diferentes setores organizacionais. A
Metodologia utilizada foi de natureza exploratória buscando-se evidenciar conceitos e idéias.
Foi utilizada pesquisa bibliográfica, em que foram pesquisados livros e artigos científicos
sobre o tema. A análise dos resultados apresenta a relevância da interdisciplinaridade no
curso de Ciências Contábeis pela forte inter-relação da Contabilidade com outras áreas de
conhecimento, demonstrando a necessidade de que conceitos, tais como tempo, espaço,
dinâmica das transformações sociais e a consciência da complexidade humana, sejam
tratados de forma integrada, visando o desenvolvimento de uma compreensão da realidade
sob a ótica da globalidade e da complexidade. As conclusões evidenciam que é incontestável
o constante aprimoramento da prática educacional para a superação da fragmentação do
conhecimento, através da interdisciplinaridade, dotando o processo ensino-aprendizagem de
visão múltipla e indivisível.

Palavras chave: Interdisciplinaridade. Educação Integral. Ciências Contábeis.

1
Mestre em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social (Fundação Visconde de Cairu -
FVC/CEPPEV); Especialista em Contabilidade Gerencial (Universidade Federal da Bahia - UFBA); Bacharel
em Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (UFBA); Docente Universitária; Servidora da Secretaria do
Planejamento do Estado da Bahia – Coordenadora de Estudos e Avaliação Setorial da Diretoria de Orçamento
Público. Contato: magportto@yahoo.com
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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, são muitos os desafios e as incertezas que permeiam o contexto


educacional tradicional, resultado do método cartesiano, que a partir do Século XIX chegou às
universidades. Tal método dotou o ensino de uma visão fragmentada da realidade,
departamentalizando o conhecimento pelas várias áreas do saber, promovendo as
especializações, de forma excessiva e descaracterizando o ensino integral.
Assim sendo, faz-se necessário que conceitos, tais como: tempo, espaço, dinâmica das
transformações sociais, a consciência da complexidade humana e da ética nas relações, sejam
tratados de forma integrada, visando o desenvolvimento de uma compreensão da realidade
sob a ótica da globalidade e da complexidade, uma perspectiva holística do ambiente.
Morin (1997) afirma que a hiper-especialização deriva de um sistema de ensino que
permite que as disciplinas sejam compartimentadas dificultando a associação dos diversos
conhecimentos. A hiper-especialização dos conhecimentos provoca a ruptura da realidade,
trazendo conseqüências que desprezam muito freqüentemente o contexto social e humano.
Para o autor, o conhecimento só é pertinente quando se consegue contextualizar sua
informação, globalizá-la e, ao mesmo tempo, situá-la em um todo.
Desta maneira, revela-se a nossa preocupação com a prática da interdisciplinaridade
no Curso de Ciências Contábeis, para que o futuro contador seja um profissional dotado de
uma visão sistêmica da realidade, levando-o a constituir-se em um ser pensante e crítico e, a
relacionar a prática contábil com outros ramos do conhecimento.
Riccio e Sakata (2004), afirmam que:
“Ao utilizar uma abordagem sistêmica da Contabilidade no mundo,
percebe-se que a educação superior em Contabilidade é um sub-
sistema do sistema mundial de contabilidade, por sua vez, formado
por outros sub-sistemas: associações de profissionais, empresas,
instituições públicas, órgãos regulamentadores, instituições de ensino,
para citar alguns apenas, todos envolvidos na regulamentação,
estruturação e propagação do conhecimento e da prática contábil no
mundo” (RICCIO E SAKATA, 2004, p.1).
Portanto, na Era do conhecimento, há de se resgatar a integração entre os diversos
ramos do saber pela prática da interdisciplinaridade no ensino superior, pois, não há como
dissociar as disciplinas dos diferentes cursos, uma vez que esta integração se converte num
ponto central de um ensino integral e voltado para a compreensão complexa da realidade, por
parte do educando.
Deste modo, percebe-se a relevância da interdisciplinaridade no curso de Ciências
Contábeis, pela forte inter-relação da Contabilidade com outras áreas de conhecimento, tais
como, Economia, Direito, Administração, Sociologia, Psicologia, Matemática, Estatística,
dentre outras.
O presente estudo tem como objetivo geral, destacar a importância de uma formação
interdisciplinar no ensino de Ciências Contábeis e por objetivos específicos:

a. verificar como a interdisciplinaridade pode resgatar a educação de forma integral no


ensino de Ciências Contábeis;
b. analisar de que modo a interdisciplinaridade pode proporcionar ao futuro contador
visão sistêmica da realidade, constituindo-se em ser pensante e crítico.
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2 INTERDISCIPLINARIDADE

No mundo contemporâneo, as transformações sociais, políticas, econômicas e


ambientais ocorridas, têm colocado em questão não apenas as estruturas administrativas das
universidades, mas também a forma de pensar acerca da práxis pedagógica, que procura
adaptar-se aos novos tempos, incluindo a interdisciplinaridade na formação dos educandos.
Mas, qual a definição de interdisciplinaridade? Não há uma uniformidade entre os
vários estudiosos, pois a própria interdisciplinaridade não se encaixilharia em um único
conceito.
Conforme KLEIN (2001), a interdisciplinaridade surgiu no século XX e são vários
seus conceitos e definições, como veremos a seguir:
Para Japiassu (1976), “a interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas
entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas, no interior de um projeto
específico de pesquisa” (JAPIASSU, 1976, p. 74).
Fazenda (2002) diz que “Interdisciplinaridade é um termo utilizado para caracterizar a
colaboração existente entre disciplinas diversas ou entre setores heterogêneos de uma mesma
ciência. Caracteriza-se por uma intensa reciprocidade nas trocas, visando um enriquecimento
mútuo” (FAZENDA, 2002, p. 40). Para a autora, este conceito remete à unicidade entre os
saberes que a interdisciplinaridade propõe.
Para Luck (1994):

“interdisciplinaridade é o processo que envolve a integração e o


engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interação das
disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a
superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral
dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania,
mediante uma visão global de mundo e serem capazes de enfrentar os
problemas complexos, amplos e globais da realidade atual” (LUCK,
1994, p. 63).
A autora evidencia importância da interdisciplinaridade na formação dos educandos de
forma fazer da realidade seu objeto de estudo.
Morin (2005) afirma que:
“a interdisciplinaridade pode significar, pura e simplesmente, que
diferentes disciplinas são colocadas em volta de uma mesma mesa,
como diferentes nações se posicionam na ONU, sem fazerem nada
além de afirmar, cada qual, seus próprios direitos nacionais e suas
próprias soberanias em relação às invasões do vizinho. Mas
interdisciplinaridade pode significar também troca e cooperação, o
que faz com que a interdisciplinaridade possa vir a ser alguma coisa
orgânica” (MORIN, 2005, p. 105).
Desta maneira, entendemos que a interdisciplinaridade remete ao conhecimento
humano e leva a uma postura crítica na formação do ser, na construção do conhecimento.
Diante da exigência de respostas rápidas, face aos desafios impostos em todos os
ramos do conhecimento, faz-se necessária a adoção de uma gestão universitária que prime
pela des-construção de um modelo arcaico de ensino baseado na fragmentação, e ao mesmo
tempo na construção de um modelo interdisciplinar, de maneira a assegurar a eficácia de um
ensino integrado, visando o desenvolvimento de uma compreensão da realidade sob a ótica da
complexidade, definida por Morin, (1980) da seguinte forma:
“É a viagem em busca de um modo de pensamento capaz de respeitar
a multidimensionalidade, a riqueza, o mistério do real; e de saber que
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as determinações – cerebral, cultural, social, histórica – que impõem a


todo o pensamento, co-determinam sempre o objeto de conhecimento.
É isto que eu designo por pensamento complexo, numa perspectiva
holística desta realidade” (MORIN, 1980, p. 14).

Bochniack (2000) discorre sobre o que chama de caminhos da integração dos


conteúdos, em que a interdisciplinaridade é vista como atitude de superação de todas e
quaisquer visões fragmentadas e /ou dicotômicas - sedimentadas pelo modelo da
racionalidade cientifica da Modernidade.
Corroborando com Bochniack (2000), Furlaneto (2000, p.88), diz que a
interdisciplinaridade assumiu um importante papel na Educação no Brasil, rompendo com as
amarras construídas pelas rotinas escolares, que acabam por levar o educador a repetir sempre
a mesma forma de transmissão do conhecimento - cada professor é encarregado de ministrar o
conteúdo de determinada disciplina de forma rígida e linear.
A autora percebe a interdisciplinaridade como conhecimento produzido além das
fronteiras, e, no momento em que as linhas fronteiriças deixam de ser estanques, passam a
possuir múltiplas possibilidades, tais como a flexibilização da integração de todos os ramos
do conhecimento.
Na contemporaneidade, todavia, todos os ramos do conhecimento demandam o
retorno da interdisciplinaridade na educação superior, como forma de transformação de um
ensino fragmentado em um ensino complexo, em que educadores e educandos possam, juntos,
construir um conhecimento integral de modo a resgatar as interseções entre os diversos
campos do saber.
Assim sendo, Fazenda (2006, p. 75) afirma que “a construção de uma didática
interdisciplinar baseia-se na possibilidade da efetivação de trocas subjetivas”. Entendemos,
portanto, que essas trocas permitem a auto-educação de forma a contribuir para o resgate do
saber em toda sua totalidade.
Para a autora, na interdisciplinaridade não se ensina, nem se aprende, mas vive-se,
exerce-se, em decorrência do envolvimento das pessoas e das instituições, a partir da
responsabilidade individual.
No propósito de alcançar a qualidade e a eficiência desejadas, o ensino superior deve
buscar o processo de integração entre os cursos, através de um modelo de inter-relação
disciplinar como ponto de convergência para as várias disciplinas. Um mesmo tema pode ser
abordado por diferentes disciplinas, possibilitando, deste modo, uma multi-visão sobre ele,
para que o educando passe a refletir de forma crítica.
Santos (2005) afirma que no Século XX, o conhecimento universitário foi tão somente
disciplinar, em que a autonomia estabeleceu um processo de produção descontextualizado do
quotidiano das sociedades. Para o autor, o conhecimento pluriversitário é contextual, pois
possui aplicação fora da própria universidade, de forma a propor resoluções para problemas,
sendo o resultado uma partilha entre pesquisadores e utilizadores.
Isto só é possível através de um planejamento integrado, de modo que venha a existir
uma complementaridade entre as disciplinas, destruindo as fronteiras estanques ainda
existentes entre os diversos campos do conhecimento.
Todavia, Ferreira (2005), discorre de forma lúcida sobre a integração de todos os
elementos do conhecimento pela interdisciplinaridade e chama a atenção para o fato de que a
interdisciplinaridade não é apenas isto, mas se constitui em um movimento sem fim de modo
a criar constantemente outros pontos para discussão.
Assim sendo, faz-se necessário buscar superar a fragmentação do conhecimento,
dotando o processo ensino-aprendizagem com uma visão múltipla e indivisível, de maneira a
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impedir que o conhecimento se petrifique através de uma mera reprodução, sem espaço para
questionamentos, críticas e novas elaborações.
Isto posto, vai ao encontro de Demo (2002) quando afirma a aprendizagem se constitui
em um fenômeno crítico consciente e que para saber pensar, é necessário possuir a autocrítica,
bem como habilidade no questionamento crítico, de forma a entrever muito além das
aparências, sem se permitir inserir o finalmente como forma definida e já pronta de
pensamento.
Percebemos que a interdisciplinaridade oferece aos indivíduos, a oportunidade de
transformação para que possam tornar-se aptos a compreender e se relacionar com o meio, de
forma integrada e não mais fragmentada - como ainda ocorre. Esta integração provoca uma
sinergia entre os vários campos do conhecimento, que gera uma troca positiva de modo a se
complementarem entre si, aproximando-os cada vez mais, fortalecendo a construção de um
conhecimento integral no individuo.
A interdisciplinaridade, todavia, não condena a especialidade e, Fazenda (2000),
retrata isto ao discorrer que a interdisciplinaridade respeita a diversidade e deste modo,
permite a construção de um conhecimento plural.
Portanto, entende-se que a interdisciplinaridade reconhece os diversos ramos do
conhecimento e permite trabalhar com a integração destes ramos, de forma a receber as
contribuições que cada um destes pode proporcionar uns aos outros, superando a
fragmentação e caminhando para a totalidade e a reciprocidade.

2.1 A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE NO CURSO DE CIÊNCIAS


CONTÁBEIS

A Contabilidade é uma ciência social aplicada e, como tal, interage com outras
ciências. A sua importância no ensino de Ciências Contábeis faz-se predominante, pois
através dela, os educandos são levados a conhecer outras áreas do conhecimento, tais como
Economia, Administração, Direito, Matemática, Estatística, Sociologia, Filosofia, dentre
outras que possam lhes proporcionar um conhecimento sistêmico.
Deste modo, os futuros contadores poderão atuar em um mercado de trabalho em que
os profissionais são exigidos a exercerem qualquer tipo de função das organizações e, não
mais funções especialistas como na era industrial.
Marion (2001) revela a necessidade de que os métodos de ensino da contabilidade
sejam diversificados, pois a abordagem inicial para estes métodos relacionados ao processo de
aprendizagem foi a do aluno como agente passivo - método tradicional de ensino. Para o
autor, tornou-se inevitável a formação de profissionais dotados de visão crítica, sendo o
educado, o agente ativo do processo ensino-aprendizagem.
Este pensamento remete a Maseto (2003) que afirma que os alunos devem ser os
sujeitos do processo ensino-aprendizagem, enquanto o professor deve ser o mediador da
aprendizagem.
A interdisciplinaridade leva ao educando a compreensão da realidade, de modo total,
critico e articulado com outras áreas do conhecimento, para que aquele possa desenvolver a
capacidade de criação de novos conhecimentos, tornando-se o pilar na construção do
conhecimento integral, capaz destruir as fronteiras das disciplinas.
Compreendemos a necessidade de substituir, no Curso de Ciências Contábeis, a
especialidade pela complexidade, formando construindo a inter-relação entre as partes, no
sentido de formarem um todo na busca pelo conhecimento integral do futuro contador.
Dialogando com Demo (2002), entende-se a dinâmica, como uma das características
da complexidade e, pertencente ao conhecimento científico, permite que algo de novo se
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configure na educação, partindo-se para a não linearidade, também como característica da


complexidade, em que a relação entre o todo e as partes é ao mesmo tempo de autonomia e
dependência, na complexidade não linear.
Fazenda (2005, p. 16) afirma que “os currículos organizados pelas disciplinas
tradicionais conduzem o aluno apenas a um acúmulo de informações que de pouco ou nada
valerão na sua vida profissional...”
Diante de tal perspectiva, é importante que os educadores colaborem para o
desenvolvimento de uma abordagem integrada e coordenada na implementação dos currículos
escolares para que estes passem a possuir disciplinas que levem aos educandos, o
conhecimento integral dentro da Contabilidade.
Assim sendo, Freire (2007b) adverte para a importância da tomada consciente de
decisões no ato de ensinar, destacando a intervenção do professor educador nas mudanças
sociais, sob a forma de intervenção na realidade, o que chama de “tarefa incomparavelmente
mais complexa e geradora de novos saberes ...”
Desta maneira, entendemos que a interdisciplinaridade no Curso de Ciências
Contábeis é uma forma de geração de novos conhecimentos, ao mesmo tempo em que
promove a unicidade entre os vários campos do saber, contribuindo para superação da
fragmentação do ensino.
Neste sentido, Hendriksen e Van Breda (1999) listam os vários enfoques teóricos da
Contabilidade:

a. Enfoque Fiscal: Influência da Legislação Fiscal no desenvolvimento de conceitos


contábeis;
b. Enfoque Legal: A Lei (Constituição, Código Civil, Penal, etc.) como fator conflitante
em questões relativas ao pensamento contábil;
c. Enfoque Ético: Conceitos de justiça; subjetividade;
d. Enfoque Econômico: é a análise da correspondência entre interpretações econômicas e
os dados contábeis;
e. Enfoque Comportamental: Para o desenvolvimento da abordagem comportamental, é
necessário o auxílio das ciências do comportamento, ou seja: psicologia, sociologia e
economia, que contribuem, cada uma delas, com sua visão de comportamento.
Isto posto, percebemos a importância da interdisciplinaridade para o curso de Ciências
Contábeis, pois ao sair da faculdade, os futuros profissionais poderão relacionar a teoria
adquirida na universidade com a realidade, podendo intervir nesta mesma realidade, em um
processo de mudança social. Freire (2007a, p. 30) afirma que “O homem que compreende sua
realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções”.
O exposto acima reforça a necessidade do fim da hiper-especialização, em que
educadores se voltem para a dinâmica da realidade atual de forma a transmitir o conhecimento
contábil de forma integrada com as outras áreas afins.
Neste sentido, o MEC – Ministério de Educação e Cultura, de acordo com a Resolução
04/97, traçou as diretrizes para os cursos universitários, sugerindo perfis para os egressos dos
cursos de Ciências Contábeis:
Competências e habilidades:
a. ser proficiente:

• no uso da linguagem contábil, sob a abordagem da teoria da


comunicação (semiótica);
• na visão sistêmica, holística e interdisciplinar da atividade contábil;
• no uso de raciocínio lógico e crítico-analítico para a solução de
problemas (grifos nossos);
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• na elaboração de relatórios que contribuam para o desempenho


eficiente e eficaz de seus usuários;
• na articulação, motivação e liderança de equipes multidisciplinares
para a captação de dados, geração e disseminação de informações
contábeis (grifos nosso).
b. ser capaz de:

• desenvolver, analisar e implantar sistemas de informação contábil e


de controle gerencial;
• exercer com ética as atribuições e prerrogativas que lhes são
prescritas por meio de legislação específica.

Por outro lado, de igual forma, faz-se necessária a modificação da postura rígida
encontrada ainda dentro das universidades, de modo a levá-las a integrar-se com o ambiente,
de forma a converter-se em lugar em que as trocas de experiências dos mais diversos ramos
do saber irão enriquecer o processo de ensino-aprendizagem.
Nesta premissa, Morin (1990) defende a dialogicidade, bem como o conhecimento
promovido pela integração entre as partes, como forma de transmutação da rigidez no
processo educativo.
Assim, Silva (2002) afirma que a Universidade nasceu como lócus de eruditos e
isolou-se do mundo; todavia, a atual realidade mundial passou a exigir uma ligação entre a
Universidade e o meio social, novas formas de participação, bem como requer novos meios
educativos.
Como expõe Rosa (1999), o contador tem por uma de suas responsabilidades a
geração de informações necessárias em relação à organização como um todo e deve estar
preparado para atender às demandas atuais de uma economia globalizada.
Na contemporaneidade, as decisões têm que ser tomadas de forma ágil e correta ao
mesmo tempo, pois, o desempenho das organizações depende da qualidade do seu
gerenciamento.
Desta forma, o contador faz-se cada vez mais importante para as organizações, e, com
o conhecimento integral adquirido pela interdisciplinaridade, pode fornecer aos decisores
informações relevantes para as tomadas de decisão, constituindo-se, assim, em um
profissional fundamental para a eficácia organizacional.
Iudícibus (2000) retrata a necessidade do contador manter-se atualizado, não apenas
com a sua profissão, mas, deve expandir o seu conhecimento para outros assuntos que
influenciam no ambiente, tais como assuntos econômicos, sociais e políticos.
A interdisciplinaridade proporciona o conhecimento integral na formação do contador,
para que este profissional possa sair da universidade preparado para enfrentar o mercado de
trabalho, cada vez mais exigente, e assim, levá-lo a desenvolver habilidades relacionadas com
as diversas áreas do conhecimento, na busca de soluções para os problemas organizacionais
de forma pró-ativa, atendendo às diferentes demandas requeridas pelos diversos setores dentro
das organizações.
Passos (2004), entretanto, observa a falta de propostas voltadas para
interdisciplinaridade nos estudos sobre o ensino contábil no Brasil, tais como: grades
curriculares dos Cursos de Ciências Contábeis que tendem a ser iguais aos Cursos de
Administração e Economia até o quarto semestre (nenhumas das grades dos cursos
pesquisados apresentou característica interdisciplinar), bem como baixo nível de
relacionamento entre as disciplinas, indicando uma necessidade premente dos cursos
adotarem propostas interdisciplinares.
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Diante do exposto, faz-se necessário que a fragmentação, advinda da visão cartesiana,


ainda existente dentro das universidades, que segrega os diversos tipos de conhecimento,
passe por um processo de integração, para que, deste modo, possa haver uma harmonia entre
estes dois pólos, que ainda permanecem distintos, desfavorecendo o processo educacional.

3 METODOLOGIA

De acordo com a natureza da investigação, a metodologia do presente trabalho foi de


natureza qualitativa, porque descreveu a complexidade de um dado problema analisando a
interação de determinadas variáveis, que levarão à compreensão dos processos dinâmicos
vivenciados pelo grupo social estudado (RICHARDSON, 1999).
Para o autor, há uma necessidade de determinadas características de um grupo de
serem analisadas em um contexto mais amplo, com propósitos de investigar mais a fundo o
contexto do que foi descoberto.
Quanto aos fins, a pesquisa foi exploratória, pois segundo Vergara (2000), pesquisas
exploratórias procuram desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, no sentido de
formulação de problemas mais precisos para estudos posteriores.

3.1 ESTRATÉGIA METODOLÓGICA: MATERIAIS E MÉTODOS

Nesta etapa, os objetivos consistiram em levantar, ordenar as informações e definir


qual a melhor forma de utilização destas informações. A coleta de dados da pesquisa
bibliográfica foi iniciada com a identificação das fontes bibliográficas adequadas ao estudo,
de modo a auxiliar a solucionar o problema da pesquisa. Esta identificação foi feita através de
diferentes fontes, como bibliotecas em busca de livros, artigos científicos, dissertações e teses.
Após a localização e busca do material bibliográfico, foi procedida a sua leitura, com
o intuito de selecionar o material coletado, mais importante para pesquisa. Depois, foi feito
um aprofundamento desta material, de modo a analisá-lo e interpretá-lo.
A etapa seguinte da pesquisa bibliográfica ocorreu o fichamento, para, em seguida, ser
elaborada a construção do estudo.

3.2 SEGUNDO MOMENTO – ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

Este foi o estágio em que verificamos, de acordo com Gil (1999, p. 165), o recorte a
ser dado (escolha das unidades), a enumeração (escolha das regras de contagem) e a
classificação (escolha da categoria).
A análise das informações permeia pela descrição e crítica do material coletado,
utilizando as informações ordenadas e classificadas anteriormente. Ao longo da pesquisa seu
foco foi constantemente delimitado, além de terem sido feitos registros de observações para
que, no final da coleta, as informações não fossem imprecisas ou irrisórias.

3.3 TERCEIRO MOMENTO - TRATAMENTO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Segundo Vergara (2000, p. 59), “tratamento dos dados refere-se àquela seção na qual
se explica para o leitor como se pretende tratar os dados a coletar, justificando por que tal
tratamento é adequado aos propósitos do projeto”.
Neste momento procedemos ao ordenamento e à análise crítica das informações
coletadas comparando as informações, identificando possíveis contradições e estabelecendo
tendências.
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Os dados foram tratados de maneira que pudessem permitir ir além da comunicação e


da linguagem, sendo fundamental, para isto, uma postura interpretativa, da nossa parte, para
que se pudéssemos prever possíveis contradições entre o que foi afirmado e a realidade do
pensamento.
Deste modo, o tratamento dos dados teve uma abordagem qualitativa, e estes foram
apresentados de forma que se buscássemos responder, com propriedade, os objetivos da
pesquisa, sendo o momento em que verificamos se os resultados alcançados foram correlatos
entre os objetivos e a metodologia utilizada para atingi-los.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho discorreu sobre a importância da interdisciplinaridade no ensino


de Ciências Contábeis, como forma de resgatar a educação integral e complexa na
Contabilidade.
Constatamos que é pela interdisciplinaridade que o ensino-aprendizagem pode
proporcionar ao futuro contador visão sistêmica da realidade, constituindo-se em ser pensante
e crítico, para que possa intervir nesta própria realidade, modificando-a, pelos conteúdos que
contenham real significado.
Verificamos a existência de uma grande lacuna entre a prática do ensino contábil e a
interdisciplinaridade, como meio para que a Contabilidade possa inter-relacionar-se com
outros campos do saber, mas sim a existência de uma forma fragmentada de construção do
conhecimento contábil, com currículos que não primam a realidade como objeto de estudo,
mas apenas à forma tecnicista de passar os conteúdos aos futuros contadores.
Evidenciamos que a interdisciplinaridade perpassa pela dialogicidade, então
concluímos que, para o ensino contábil possa evoluir para a totalidade, é necessário que os
educadores se permitam construir o conhecimento de forma humana, em que o educando
passa a ser o sujeito ativo no processo ensino-aprendizagem e que juntos, educador e
educando possam ir a busca de objetivos educacionais comuns.
Pensamos que, uma mudança de paradigma ajudará na reconstrução de um novo
ensino contábil, em que a reflexão, através da interdisciplinaridade possa transformar o
processo educativo em um processo integral, dinâmico e complexo, que desenvolva no
educando a “curiosidade crítica” de que já tratava Paulo Freire.
Entendemos que é incontestável a necessidade do constante aprimoramento da prática
educacional, e modo a alcançar resultados expressivos, através da interdisciplinaridade.
Concluímos que é necessária a busca pela transformação da fragmentação do
conhecimento através da totalidade deste, dotando o processo ensino-aprendizagem de uma
visão múltipla e indivisível, de maneira a impedir que o conhecimento se petrifique através de
uma mera reprodução, sem espaço para questionamentos, críticas e novas elaborações.
Este tema tão amplo e complexo não se esgota aqui e sempre haverá espaço para
novas pesquisas de modo a aprofundar os conhecimentos numa área de vital importância para
a prática docente.
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REFERÊNCIAS

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