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SUBLIME ROMÂNTICO
Júlio França
(Uerj)
ETIMOLOGIA DA PALAVRA
2
ACEPÇÕES DICIONARIZADAS
4
NO CAMPO DA ESTÉTICA, O TERMO SUBLIME...
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PONTOS CENTRAIS DO SUBLIME EM LONGINO
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O SUBLIME NA ERA MODERNA
DUAS TRADIÇÕES DO SUBLIME
17
O SUBLIME NATURAL NA MODERNIDADE NASCENTE
20
NICOLAS POUSSIN (SÉC. XVII)
21
CLAUDE
LORRAIN
(SÉCULO XVII)
22
PIERRE PATEL (1688)
23
JARDINS DE VERSAILLES
24
ANDREAS ACHENBACH (1847)
25
CASPAR
DAVID
FRIEDRICH
(1810)
26
PHILIP DE LOUTHERBOURG (1803)
27
O sublime entre
os Teólogos:
Thomas Burnet
Albert Bierstadt
28
THOMAS BURNET. THE SACRED THEORY OF THE EARTH (1689)
32
AQUILO QUE EXCEDE À NATUREZA
Victor Hugo
O MODERNO
36
O CLÁSSICO E O MODERNO
38
AINDA O PRINCÍPIO MIMÉTICO
39
O CLÁSSICO E O MODERNO
40
A UNIÃO ENTRE O GROTESCO E O SUBLIME
“O belo tem somente um tipo; o feio tem mil. É que o belo, para falar
humanamente, não é senão a forma considerada na sua mais simples
relação, na sua mais absoluta simetria, na sua mais íntima harmonia com
nossa organização. Portanto, oferece-nos sempre um conjunto completo,
mas restrito como nós. O que chamamos o feio, ao contrário, é um
pormenor de um grande conjunto que nos escapa, e que se harmoniza,
não com o homem, mas com toda a criação. É por isso que ele nos
apresenta, sem cessar, aspectos novos, mas incompletos.”
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“Uma manhã, [Esmeralda] descobriu, quando acordou, sobre
a janela dois vasos cheios de flores. Um era de cristal, belo e
luzente, mas rachado. Deixara fugir a água de que o tinham
enchido, e as flores que continha estavam murchas. O outro
era um pote de barro, grosseiro e vulgar, mas que conservava
toda a água e as flores frescas e vermelhas. Não sei se foi
intencionalmente, mas a Esmeralda pegou no ramalhete
murcho e trouxe-o todo dia no seio.”
Victor Hugo. O corcunda de Notre Dame.
45
O SUBLIME TERRÍVEL
O EMPIRISMO INGLÊS E AS CAUSAS DO SUBLIME
51
UMA INVESTIGAÇÃO
FILOSÓFICA SOBRE A Edmund
ORIGEM DE NOSSAS Burke
IDEIAS DO SUBLIME E DO
BELO (1757)
PARTE I
O SUBLIME COMO UMA
CATEGORIA ESTÉTICA
AUTÔNOMA
Burke
ARGUMENTOS CENTRAIS
ü L ogo, “as ideias de dor são muito mais poderosas do que
aquelas que provêm do prazer.”
59
O SUBLIME E AS PAIXÕES RELATIVAS À AUTOPRESERVAÇÃO
63
O PRAZER DA MÍMESIS E O DELEITE NA ARTE
ü “ N e n h u m a p a i x ã o d e s p o j a t ã o
completamente o espírito de toda as sua
faculdade de agir e de raciocinar quanto o
medo. Pois este, sendo um pressentimento
de dor ou de morte, atua de maneira
semelhante à dor real.”
65
O TERROR
68
O PRINCÍPIO DA OBSCURIDADE
Ø “ A obscuridade é uma condição do Sublime: “Quando temos
conhecimento de toda a extensão de um perigo, quando
conseguimos que nossos olhos a ele se acostumem, boa parte da
apreensão desaparece. Qualquer pessoa poderá perceber isso, se
refletir o quão intensamente a noite contribui para o nosso temor
em todos os casos de perigo (...)”
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Do brilho original inda conserva
Boa porção, — nem menos parecia
Do que um arcanjo a que somente falta
De sua glória o resplendor mais vivo
(Tal é o sol nascente, quando surge
Por cima do horizonte nebuloso,
De sua coma fúlgido privado;
Ou quando posto por detrás da lua,
E envolto no pavor de escuro eclipse,
Desastroso crepúsculo derrama
Pela metade do orbe, e os reis consterna
Em seu poder temendo algum desfalque).
Obscurecido, mesmo assim fulgura
Mais que os outros arcanjos, seus consócios;
(...)
John Milton. Paraíso Perdido
71
O ILIMITADO
72
Se se morre de amor
(Gonçalves Dias)
(...)
Compreender o infinito, a imensidade
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!
(...) 73
PODER E TERROR
83
A LIBERDADE MORAL
85
DO SUBLIME:
PARA UMA EXPOSIÇÃO
ULTERIOR DE ALGUMAS
IDEIAS KANTIANAS
Sturm und Drang
FRIEDRICH SCHILLER
86
DA TERMINOLOGIA KANTIANA À SCHILLERIANA
87
DO SUBLIME
“Sublime denominamos um objeto frente a cuja representação
nossa natureza sensível sente suas limitações, enquanto nossa
natureza racional sente sua superioridade, sua liberdade de
limitações; portanto, um objeto contra o qual levamos a pior
fisicamente, mas sobre o qual nos elevamos moralmente, i.e., por
meio de ideias.” (p. 21)
88
Os dois impulsos fundamentais do homem
v 2. impulso de autoconservação.
89
A dependência e a independência do homem
v Dependência da natureza v Independência da natureza
90
Do Sublime
v Sublime teórico
v E m contradição com o impulso da representação.
v S ublime prático
v E m contradição com o impulso da autoconservação.
91
SUBLIME TEÓRICO Sublime prático
v Sublime Teórico v Sublime Prá<co
v 2. Infinitude v 2. Perigo
93
Sublime prático > sublime teórico
1. Objeto temível agride mais violentamente que o objeto infinito
3. Logo, sublime prático é mais intenso na sensação que o sublime teórico.
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Dir-se-ia que algum monstro enorme, dessas jiboias tremendas que vivem nas profundezas
da água, mordendo a raiz de uma rocha, fazia girar a cauda imensa, apertando nas suas mil
voltas a mata que se estendia pelas margens. Ou que o Paraíba, levantando-se qual novo
Briareu no meio do deserto, estendia os cem braços titânicos,e apertava ao peito,
estrangulando-a em uma convulsão horrível, toda essa floresta secular que nascera com o
mundo. As árvores estalavam; arrancadas do seio da terra ou partidas pelo tronco,
prostravam-se vencidas sobreo gigante, que, carregando-as ao ombro, precipitava para o
oceano. O estrondo dessas montanhas de água que se quebravam, o estampido da torrente,
os troos do embate desses rochedos movediços, que se pulverizavam enchendo o espaço
de neblina espessa, formavam um concerto horrível, digno do drama majestoso que se
representava no grande cenário. As trevas envolviam o quadro e apenas deixavam ver os
reflexos prateados da espuma e a muralha negra que cingia esse vasto recinto, onde um dos
elementos reinava como soberano. Cecília, apoiada ao ombro de seu amigo, assistia
horrorizada a esse espetáculo pavoroso; Peri sentia o seu corpinho estremecer; mas os
lábios da menina não soltaram uma só queixa, um só grito de susto. Em face desses transes
solenes, desses grandes cataclismas da natureza, a alma humana sente-se tão pequena,
aniquila-se tanto, que se esquece da existência; o receio é substituído pelo pavor, pelo
respeito, pela emoção que emudece e paralisa. (José de Alencar. O Guarani.)
95
Todo objeto temível é necessariamente sublime?
v As duas condições para o sublime:
98
Sublime, razão e liberdade:
¡ Por meio do sublime, o homem é capaz de “se tornar
consciente de sua autonomia, de sua independência de tudo
aquilo que a natureza física pode atingir – em suma, de sua
liberdade.” (p. 38);
v O sublime ativa uma “faculdade de resistência” (p. 39).
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O Mar (Gonçalves Dias) Contra coisa tão fraca!
Oceano terrível, mar imenso (...)
De vagas procelosas que se enrolam Mas nesse instante que me está marcado,
Floridas rebentando em branca espuma Em que hei de esta prisão fugir p'ra sempre,
Num pólo e noutro pólo, Irei tão alto, ó mar, que lá não chegue
Enfim... enfim te vejo; enfim meus olhos Teu sonoro rugido.
Na indômita cerviz trêmulos cravo, Então mais forte do que tu, minha alma,
E esse rugido teu sanhudo e forte Desconhecendo o temor, o espaço, o tempo,
Enfim medroso escuto! Quebrará num relance o círc'lo estreito
Do finito e dos céus!
O que há mais forte do que tu? Se erriças
A coma perigosa, a nau possante,
Extremo de artificio, em breve tempo
Se afunda e se aniquila.
És poderoso sem rival na terra;
Mas lá te vás quebrar num grão d'areia,
Tão forte contra os homens, tão sem força
100
Classificando o sublime
Sublime
Sublime patético
contemplativo
Faculdade de Representação
imaginação objetiva da dor
101
Sublime contemplativo
v Ação da fantasia [imaginação], não do objeto em si
v Imaginação pode tornar um objeto temível e, em seguida, a razão os
torna sublimes
v Criação da fantasia a partir do extraordinário e o indeterminado;
103
SUBLIME CONTEMPLATIVO
104
Sublime patético
v “ A representação do sofrimento alheio, ligada ao afeto e
à consciência de nossa liberdade moral interna, é sublime
de modo patético”.
105
Resumo do Sublime patético
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O Navio Negreiro (Castro Alves) E voam mais e mais...
¡ Presa nos elos de uma só cadeia,
Canto IV A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
¡ Era um sonho dantesco... o tombadilho
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Que das luzernas avermelha o brilho.
Outro, que martírios embrutece,
Em sangue a se banhar.
Cantando, geme e ri!
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite, ¡ No entanto o capitão manda a manobra,
Horrendos a dançar... E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
¡ Negras mulheres, suspendendo às tetas
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
Magras crianças, cujas bocas pretas
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Rega o sangue das mães:
Fazei-os mais dançar!..."
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas, ¡ E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
Em ânsia e mágoa vãs! E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
¡ E ri-se a orquestra irônica, estridente...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
E da ronda fantástica a serpente
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
Faz doudas espirais ...
E ri-se Satanás!...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 107
Arte trágica
“ D e s t e p r i n c í p i o s e g u e m a s d u a s l e i s
fundamentais de toda arte trágica. Estas são: em
primeiro lugar, a apresentação da natureza que
sofre; em segundo lugar, a apresentação da
autonomia moral no sofrimento.” (p. 51)
108
O Sublime em Schiller
Sublime
teórico
Sublime
Sublime
contemplativo
Sublime
prático
Sublime
Arte trágica
patético
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