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CURSO SERVIÇO SOCIAL

CAMPUS BAIXADA SANTISTA

O Método em Marx e a Transformação Social

UC Teoria Social de Marx


Professor Mauro Iasi

RENATA BRUNO

1º Semestre de 2018
O método que alicerçou a teoria social de Karl Marx, longe de ser uma cartilha
do pensamento ou um manual de análise da realidade, constitui um instrumento que
guarda grande atualidade e é importantíssima a sua compreensão para aqueles que
desejam aprofundar o conhecimento sobre o funcionamento da sociedade.
Anos de investigação severa e minuciosa foram necessários para a elaboração
do que seriam as bases de sua teoria social. Marx, ao contrário do que as distorções
posteriores do seu pensamento podem induzir a crer, buscou, antes de tudo,
compreender profundamente a sociedade do seu tempo. A par desta investigação não
se furtou a atuar de forma intensa na defesa das suas ideias, com uma atuação política
bastante intensa e ligando de forma indissociável seu pensamento a uma perspectiva
revolucionária. No entanto, aqueles que o acusam de uma certa teleologia tresleem sua
obra sem observar o fundamental do seu método.

Também no que toca à teoria social de Marx, a questão do método se


apresenta como um nó de problemas. E, neste caso, problemas que não se
devem apenas a razões de natureza teórica e/ou filosófica: devem-se
igualmente a razões ideopolíticas – na medida em que a teoria social de Marx
vincula-se a um projeto revolucionário, a análise e a crítica da sua concepção
teórico-metodológica (e não só) estiveram sempre condicionadas às reações
que tal projeto despertou e continua despertando. (Netto, 2011. P.10)

O pensamento de Marx é uma construção de uma vida inteira. Partindo de uma


formação em direito e filosofia, o início das bases filosóficas do que viria a se tornar
conhecido como materialismo histórico e dialético, se deu inicialmentena sua análise
crítica ao pensamento de Hegel, um dos mais influentes filósofos alemães do início do
século XVIII. A crítica de Marx ao pensamento hegeliano dialoga com a concepção da
dialética, mas reverte os elementos idealistas deste pensamento, trazendo para o
campo material a realização da história e fazendo do homem o seu principal sujeito.
Mas se o homem é então o sujeito da história, para fazer história o homem
precisa existir e sua existência depende dos aspectos materiais da sua sobrevivência.
Para garantir esta sobrevivência o homem precisa transformar a natureza e construir
suas condições de vida. Este determinante econômico, segundo Marx, é também o
determinante das ideias que o homem desenvolve sobre sua realidade. Ou seja, suas
condições reais de sobrevivência são determinantes do seu pensamento.

Alicerçando essa pesquisa de toda uma vida, além do profundo conhecimento


que Marx adquiriu em seu trato com os maiores pensadores da cultura
ocidental e da sua ativa participação nos processos político-revolucionários da
época, está a sua re-elaboração crítica do acúmulo cultural realizado a partir do
Renascimento e da Ilustração. Com efeito, a estruturação da teoria marxiana
socorreu-se especialmente de três linhas-de-força do pensamento moderno: a
filosofia alemã, a economia política inglesa e o socialismo francês (LENIN,
1977, p. 4-27 e 35-39). Numa palavra: Marx não fez tábula rasa do
conhecimento existente, mas partiu criticamente dele. (NETTO, 2011, p14).

O interessante no desenvolvimento do método em Marx é a compreensão da


contradição dialética permanente que existe em todas as coisas. Esta contradição, que
coloca aspectos em permanente luta, motivam também um permanente movimento em
todas as coisas. Ao pensar no funcionamento da sociedade, Marx entende que se o
pensamento humano depende diretamente das suas condições de sobrevivência,
também este homem, como agente histórico permanentemente transforma estas
condições.
O método em Marx, portanto, é ao mesmo tempo forma de estudo e base de
intervenção. Para Marx a teoria e a práxis precisam caminhar jutas de forma constante,
dialética.
Os elementos deste método levam em consideração as principais leis da
Dialética. Todas as coisas, e aí incluídas as sociedades, contém em si uma
contradição, uma luta permanente e desta luta provém o movimento. Tudo, portanto, se
move. Cada coisa é ela mesma e ao mesmo tempo seu contrário. Desta luta
permanente surge o novo, que já estava contido no velho, para tornar-se esse mesmo
novo em velho e vice-versa, e prosseguir assim em luta e movimento constante. No
entanto, o que antes foi velho, ao tornar-se novo, retornará de forma diferente, numa
evolução não circular, mas espiral.
Também a noção de que todas as coisas estão ligadas e que cada movimento
gera conseqüências no todo, constitui uma das leis da dialética.
Por fim, a questão do salto qualitativo, que realiza a ruptura de uma coisa em
outra, será fruto do acúmulo das mudanças geradas pelo movimento da contradição
dialética e do momento em que o velho já não pode conter o novo, que surge e se
consolida.
Ao aplicar este pensar filosófico aos seus estudos das sociedades humanas ao
longo da história e, em especial no sistema capitalista, Marx buscou identificar as
contradições essenciais do sistema, concluindo pelo antagonismo de classes como um
ponto central no funcionamento da sociedade. No escravismo a luta entre escravos e
proprietários de escravos, no feudalismo a luta dos servos e senhores feudais e no
caso do capitalismo entre proletariado e burguesia. Destas contradições nascem as
norvas formas de organização social do homem.
Segundo Marx, cada novo sistema está contido, sendo gerado e em contradição
ao sistema estabelecido. O velho já contém o novo e o novo ainda conterá elementos
do velho.
Para Marx, apenas quando do total esgotamento das formas de produção e
organização social de um sistema, se estabelecerá um novo.
Mas se Marx também se propôs a transformar o mundo em que vivia, e deixou
uma enorme trilha de seguidores que perseguem este mesmo objetivo, constitui um
método em que é essencial captar as contradições e o movimento, aprofundar o
conhecimento, verificar tendências, infinitamente. O conhecimento não se esgota, mas
precisa ser sempre aprofundado, pois haverá sempre mais e mais complexidade a ser
apreendida.

Marx buscou, antes até de formular uma proposta de sociedade socialista,


compreender o funcionamento do capitalismo profundamente e as razões da aparente
falência do modelo liberal para a promoção do progresso da humanidade.
Se, por um lado, não há dúvidas do que significou o capitalismo em termos de
velocidade de desenvolvimento dos meios de produção, avanços tecnológicos e
possibilidades de produção de bens e serviços para o homem, por outro lado, na
mesma velocidade, aprofundou-se a desigualdade social, a miséria e a guerra.
Porque, afinal, um sistema aparentemente detentor de valores como a liberdade
e a igualdade afinal produz uma crescente falta destes dois elementos para a
esmagadora maioria da humanidade? Se nunca antes na história tanto se produziu,
tanto se avançou, como se explica então que, de tempos em tempos, uma crise
extrema se abata sobre a economia, empurrando milhões para a fome e a miséria?
Foi, então, através da exploração minuciosa dos mecanismos do próprio
capitalismo e seu funcionamento que Marx encontrou respostas importantes.
O capitalismo, por sua natureza, ao contrário do que possa parecer a primeira
vista, funciona de maneira caótica. Sua extrema organização aparente tem por objetivo
a acumulação do próprio capital, o que leva a uma perseguição permanente pela
manutenção das taxas de lucro.
Marx encontra a chave da produção da riqueza no trabalho. Apenas o trabalho,
efetivamente, gera valor na economia. Mas para garantir uma alta taxa de lucro o
capitalista tenderá a sempre rebaixar o valor do trabalho na economia.
A lógica do capital é sempre a da acumulação. Mas é justamente a acumulação
que vai gerar uma situação de superprodução, que reduzirá brutalmente as taxas de
lucro.
No passado as soluções encontradas para estas crises se deram pela expansão
do capital para partes do mundo onde este era menos desenvolvido, e as grandes
guerras que foram formas de rearranjo dos mercados do capital ao redor do globo. A
guerra, estado permanente de funcionamento do capitalismo, é uma das formas de
garantir sua sobrevivência. Ao destruir abre-se a possibilidade de reconstruir e assim
iniciar um novo ciclo de crescimento. As vidas humanas que se perdem neste processo
pouco ou nada importam.
No entanto, o capitalismo gera em seu interior uma contradição essencial, uma
vez que a única forma da sua sustentação é a geração de riqueza e a riqueza só pode
ser gerada pelo trabalho, são, portanto, os trabalhadores a força motriz em permanente
relação com o capital, em contradição irreconciliável com este, e que poderá proceder
a transformação social que desloque os interesses caóticos da produção e acumulação
de lucros para uma produção de riqueza que sirva aos interesses da humanidade.
A relação desta possibilidade de transformação com as crises do capital se dá
justamente pelo tensionamento nestas relações que acontece por ocasião das grandes
crises. É no decorrer das grandes crises que, ao mesmo tempo em que o capitalismo
utiliza mais poderosamente seus artifícios ideológicos, se evidenciam suas
contradições e a sua completa incapacidade para responder aos anseios humanos.
Marx nos ajuda a compreender, portanto, que é necessário superar esta forma
de organização societária para dar lugar a uma outra lógica, a ela superior em tudo.
As crises cíclicas do capitalismo representam sempre um período de grande
sofrimento para os trabalhadores, mas são também os momentos em que o véu de
legitimidade construído através do aparato ideológico do capital se torna mais leve e é
possível vislumbrar sua incoerência e limitação. É neste momento que se apresenta a
melhor oportunidade dos trabalhadores ganharem consciência de sua tarefa de liderar,
por suas próprias mãos, a construção de uma nova sociedade.

Referências Bibliográficas:

• MARX, Karl. Para a crítica da economia política. In: ______. Os pensadores:


Marx. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
• NETTO, J. P. Introdução ao método na teoria Social. In: Serviço Social: direitos
sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/Abepss, 2009.

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