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2ª VARA DO TRABALHO DE CAMPINAS

PROCESSO N. 0010442-96.2014.5.15.0032 RTOrd

RECLAMANTE: OSVALDO MARTINS MARQUES

RECLAMADA: VETOR SERVIÇOS LTDA.

Submetido o processo a julgamento foi proferida a seguinte

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

O reclamante ajuizou a presente reclamação trabalhista em face das reclamadas


pretendendo, em síntese, o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, pagamento de
salários a contar da alta médica previdenciária ante a recusa da empregadora em lhe fornecer trabalho,
recolhimentos do FGTS e contribuição previdenciária do período, indenização por danos morais, multas
legais e honorários advocatícios.

As reclamadas, presente a audiência inicial, apresentou defesa rechaçando a pretensão


da autora, em sua integralidade.

Em audiência de instrução, foi colhido o depoimento pessoal do autor e testemunhas.


Sem outras provas a produzir, foi encerrada a instrução processual.

Razões finais remissivas.

Tentativas conciliatórias infrutíferas.

É o relatório.

II- FUNDAMENTAÇÃO

PRELIMINARMENTE
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TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL

Defiro a tramitação processual prioritária. Observe a Secretaria.

NCOMPETÊNCIA MATERIAL - RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS


NÃO REALIZADOS

A ampliação da competência material desta Justiça Especializada, promovida pelas EC


20/98 e 45/04, cingiu-se à execução das contribuições previdenciárias decorrentes das sentenças
condenatórias proferidas ou relativas aos acordos homologados, consoante entendimento consubstanciado
na Súmula 368, do C. TST.

No mesmo sentido, o E. STF, em sua composição plenária, sedimentou a interpretação


do disposto no art. 114, VIII, da CF/88, estabelecendo que a competência da Justiça do Trabalho alcança
somente a execução das contribuições derivadas das parcelas constantes das condenações das sentenças
que proferir.

Destaco, inclusive, que o E. STF reconheceu a repercussão geral do tema, decidindo


pela edição de súmula vinculante. Eis a ementa exarada no julgamento do RE 569.056/PA, in verbis:

"Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Competência da Justiça


do Trabalho. Alcance do art. 114, VIII, da Constituição Federal. 1. A competência
da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança
apenas a execução das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir. 2. Recurso extraordinário
conhecido e desprovido". (RE 569056, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO,
Tribunal Pleno, julgado em 11/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
DJe-236 DIVULG 11-12-2008 PUBLIC 12-12-2008).

Assim, refoge competência a Justiça do Trabalho para determinar o recolhimento


previdenciário sobre salários outrora quitados em virtude da não realização tempestiva pela empregadora
ao órgão previdenciário durante a vigência do contrato.

Não se pode olvidar que a condição necessária para a atuação jurisdicional desta
Especializada não se revela presente, razão pela qual deve ser exigida no Juízo competente.

Logo, procedo à extinção do feito, neste particular, sem resolução do mérito, com fulcro
no art. 267, IV, do CPC, dada a inviabilidade da remessa destes autos ao Juízo competente.

MÉRITO

PRESCRIÇÃO

Tendo em vista o disposto no art. 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal e o


ajuizamento da ação em 29.03.2014, estão prescritas as pretensões aos créditos postulados e anteriores a
29.03.2009, com exceção dos depósitos do FGTS, com resolução do mérito, nos termos do artigo 269,
inciso IV, do CPC.

Cumpre, ainda, consignar que em que pese o E. STF, no Recurso Extraordinário com
Agravo n. 709.212, tenha reconhecido a inconstitucionalidade dos arts. 23, § 5o, da Lei 8036/90 e 55 do
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Regulamento do FGTS, por violação ao art. 7o, XXIX, da Constituição Federal, entendendo que o prazo
prescricional aplicável à cobrança de valores não depositados no FGTS é quinquenal, deve-se ter em
mente que uma vez dispensado do trabalho, o trabalhador poderá vindicar os depósitos dos 30 anos
anteriores ao ajuizamento, em até 5 anos após a decisão do Supremo Tribunal.

De outra forma, após 5 anos da referida decisão, apenas os últimos 5 anos anteriores ao
ajuizamento. Por conseguinte, no caso em tela, não há que se falar em prescrição dos depósitos fundiários,
observando-se, apenas, os termos da Súmula 206, do C. TST.

LIMBO PREVIDENCIÁRIO - SALÁRIOS A CONTAR DA ALTA


PREVIDENCIÁRIA - RESCISÃO INDIRETA
O reclamante afirma que obteve alta previdenciária em agosto/2009, tendo sido
considerada apta para o retorno ao trabalho pela autarquia previdenciária, sendo certo ao retornar ao
trabalho, o médico responsável atestou a sua incapacidade para retorno ao trabalho, o que perdura até o
presente momento, razão pela qual pugna pelo reconhecimento da rescisão indireta do contrato de
trabalho, ante a ausência de recebimento de salários, recolhimentos do FGTS e de contribuições
previdenciárias.
A empregadora aduz que em conformidade com as informações prestadas pela
reclamante, no sentido de que não estava em condições de retornar ao trabalho, embora tivesse sido
considerada apta pelo INSS, inclusive, munido de atestados médicos e informação de ajuizamento de
ação ordinária em desfavor do INSS, atestou sua inaptidão para o desempenho de suas tarefas.
Em primeiro lugar, é imperioso registrar que de acordo com os documentos que
acostam aos autos, ao contrário do que informa o reclamante, há demonstração de que o reclamante
permaneceu em gozo de benefício previdenciário até 12.02.2010 (ID 4f412d7), oportunidade na qual, de
fato, recebeu alta da autarquia previdenciária (requerimento de concessão de benefício realizado em
15.09.2009).
Da análise dos documentos acostados aos autos, impõe-se a exposição dos mesmos, de
forma especificada, para auxiliar na compreensão do raciocínio, desta julgadora.
Apresentado relatório médico na data de 18.06.2010, a ser encaminhado ao INSS,
atestando dores e limitação funcional. Requerimento de concessão de benefício previdenciário formulado
pelo reclamante dia 29.06.2010, o qual fora negado pelo INSS.
Novo relatório médico formulado na data de 16.07.2010, dirigido ao INSS, atestando
dores e limitação funcional.
Ajuizada demanda cível em desfavor do INSS, junto ao Juizado Especial Federal,
postulado pela concessão de aposentadoria por invalidez, em 23.08.2010. Laudo pericial elaborado no
bojo de referida demanda cível, atestando inexistência de incapacidade laboral pelo reclamante.
Ato contínuo, há demonstração de que foi agendado exame médico para retorno ao
trabalho no dia 07.12.2010, sendo certo que na oportunidade o médico do trabalho, considerou o
reclamante inapto para o retorno ao mister. Consigno, por importante, que o documento juntado pela
empregadora sob ID 2619006 evidencia que até dia 07.12.2010 o reclamante não tinha se apresentado ao
labor, sendo certo que nesta data foi apresentado pelo mesmo, laudo pericial referente ao processo judicial
2010.63.03.0060320 atestando inexistência de incapacidade laboral, cientificando sua empregadora
desta circunstância.
Laudo médico apresentado pelo médico do trabalho vinculado à reclamada, no dia
10.12.2010, a fim de instruir recurso junto ao INSS, atestando a inaptidão para o labor, por tempo
indeterminado.
Ajuizada nova demanda judicial em face do INSS, perante o Juízo Cível desta comarca,
já em 05.01.2011. O empregado forneceu à empregadora, em 24.08.2011 relatório da demanda judicial
ajuizada em face do INSS. Ação julgada extinta sem resolução do mérito em 30.11.2011.
Atestado médico emitido em 02.10.2012, atestando existência de relatos de dor e
incapacidade para laborar.
Em 25.10.2012 há novo laudo médico elaborado pelo médico do trabalho vinculado à
reclamada, atestando incapacidade para o labor, inclusive, com recomendação de aposentadoria por
invalidez a ser sopesada pelo INSS.
Em 11.05.2013, emitido relatório médico destinado ao Ministério do Trabalho, em que
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há informação de que a empresa não encaminha o empregado à reabilitação profissional/readaptação, o
que também é obstaculizado pelo médico do trabalho.
Em 25.11.2013 há nova emissão de ASO de retorno, atestado a incapacidade para o
labor, pelo reclamante.
Inquirido o médico do trabalho, como testemunha da reclamada, o mesmo atestou que o
reclamante apresentava-se munido de documentos médicos particulares e que não apresentava intuito em
retornar a laborar, em que pese em momento nenhum tenha rechaçado o conteúdo do ASO elaborado (em
07.12.2010), sequer do laudo elaborado em 25.10.2012.
A segunda testemunha da reclamada apenas asseverou que o reclamante comparecia à
empresa munido de documentos médicos à empresa, sem qualquer manifestação de vontade de retornar
ao labor.
Entretanto, não se pode olvidar, por imperioso, que se o reclamante foi considerado
inapto para retornar ao desempenho de seu trabalho pelo médico vinculado à empregadora, por mais de
uma vez, isto se deve ao contato do médico do trabalho com o trabalhador, no desempenho da anamnese e
análise dos relatos e condições físicas da mesma, bem sopesando os documentos e exames médicos
apreciados na oportunidade, mas JAMAIS APENAS PELO SIMPLES REQUERIMENTO DO
EMPREGADO, até mesmo sob pena de falta profissional cometida pelo mesmo.
Pois bem. Fincadas estas premissas fáticas, necessário tecer algumas considerações
jurídicas.
Tal situação tem se tornado relativamente comum nesta justiça especializada: a
autarquia previdenciária entende pela aptidão do trabalhador, procedendo à cessação do benefício
previdenciário - que mantinha suspenso o contrato de trabalho -, enquanto o setor médico do empregador
adota entendimento contrário, e se nega a reintegrar o empregado a suas antigas funções.
Ora, entende este Juízo que, uma vez cessado o benefício previdenciário - e,
consequentemente, afastada a causa de suspensão do contrato de trabalho -, este (o pacto laboral) volta a
viger em todos os seus termos, permitindo que o empregado retome a prestação de serviços. Eventual
divergência de entendimento quanto ao estado de saúde do obreiro, por parte do setor médico da
empregadora, não enseja nova suspensão do contrato de trabalho. Isso porque somente os peritos médicos
vinculados àquela autarquia detêm atribuição para a realização de exames com fins previdenciários, ex vi
do art. 170, caput, do Decreto 3.048/991. Nesse sentido a jurisprudência:

"RECURSO ORDINÁRIO PATRONAL. FIM DO BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO. INCAPACIDADE LABORATIVA ATESTADA PELO
MÉDICO DA EMPRESA. OBRIGATORIEDADE DE PAGAMENTO DOS
SALÁRIOS. O gozo de auxílio-doença pelo trabalhador é hipótese de suspensão do
contrato de trabalho. Findo o benefício, as obrigações são restabelecidas.
Considerando que são os peritos médicos do INSS que têm autoridade para atestar
a capacidade ou incapacidade laborativa do trabalhador e que são do empregador
os riscos da atividade econômica, não pode o empregado ficar abandonado à
própria sorte enquanto durar o impasse entre o médico da empresa e os peritos do
INSS acerca da sua capacidade para o trabalho, restando devido o pagamento dos
salários do período respectivo. Recurso improvido." (TRT/6, RO
0001329-47.2011.5.06.0009, DJ 11/09/2012)

"EMENTA: DIVERGÊNCIA ENTRE CONCLUSÕES DA PERÍCIA DO INSS E


MÉDICO DO TRABALHO DA EMPRESA RECLAMADA. RETORNO AO
TRABALHO IMPEDIDO. NECESSIDADE DE REPARAÇÃO. Reprovável a
conduta da empregadora que, ciente da cessação do benefício previdenciário da
reclamante, obstou, por vezes, seu retorno ao trabalho, deixando a obreira
desamparada financeiramente, já que ela permanecia sem receber o auxílio-doença
ou os salários, em um inadmissível 'limbo jurídico'. Certo é que, a princípio,
prevalece a perícia médica realizada pelo INSS, que conclui pela aptidão da
trabalhadora, ainda que divergente o diagnóstico do médico do trabalho do
empregador (artigo 170 do Decreto 3.088/99). Competia à reclamada, pois,
reintegrar a reclamante e, em seguida, encaminhá-la novamente ao Órgão
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Previdenciário. Ao revés, quedou-se inerte, o que ensejou uma situação de
indefinição em relação à obreira, a qual vem se arrastando por anos e anos.
Correta, pois, a decisão de origem que determinou a reintegração da autora com o
pagamento de salários, 13º salários e FGTS do período em que não houve
pagamento do benefício previdenciário." (TRT/3, RO 0000326-23.2011.5.03.0112,
DJ 23/01/2012)

"ALTA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO - RETORNO AO TRABALHO


IMPEDIDO PELO EMPREGADOR - Divergindo as conclusões das perícias do
INSS, pela aptidão da empregada para o trabalho, e do médico da empresa, pela
incapacidade laboral, prevalece a posição da autarquia, a quem compete a
responsabilidade sobre os exames médicos para concessão e manutenção de
benefícios, conforme art. 170 do Decreto n. 3.048/99. Se, por outro lado, tolera o
empregador a situação de discrepância entre as posições de seu médico próprio e
as da perícia previdenciária, deve responder pelos salários e demais vantagens
trabalhistas da autora do período em que lhe impediu de trabalhar em discussão,
uma vez que, em vez de dar seguimento ao contrato, diante da situação jurídica já
consolidada, assumiu o risco de mantê-lo nessa situação temporariamente
indefinida." (TRT/3, RO 0104700-45.2008.5.03.0064, DJ 02/03/2010)

Ora, é preciso considerar, nesses casos, que a alta previdenciária é ato administrativo, o
qual, por definição, goza de presunção de veracidade e boa-fé.
Portanto, em havendo a alta previdenciária, presume-se que o empregado está apto ao
trabalho e à disposição do empregador (art. 4° da CLT).
Nesse quadro, o empregador deve aceitar o retorno do empregado ao trabalho, ou, se
discordar da alta previdenciária, deve buscar as vias adequadas para impugnar o referido ato
administrativo, quer administrativa, quer judicialmente.
O que o ordenamento jurídico não tolera é que o empregador simplesmente recuse o
retorno do empregado ao trabalho, negando-se a lhe pagar os seus salários e abandonando-o a sua própria
sorte. Isso porque tal conduta fere frontalmente garantias fundamentais básicas asseguradas pela
Constituição da República, tais como a dignidade do trabalhador, o valor social do trabalho e a função
social da empresa e da propriedade.
Em suma, portanto, após a alta previdenciária cessa a causa de suspensão do contrato,
razão pela qual deve o empregado voltar ao trabalho, sob pena de abandono de emprego. A seu turno,
deve o empregador aceitar o retorno do empregado ao trabalho, ou, a seu critério, adotar as medidas
cabíveis para impugnar o ato administrativo da alta previdenciária.
O contrato de emprego consubstancia-se como negócio jurídico entabulado entre as
partes, razão pela qual atrai não só a aplicação dos princípios do direito do trabalho como os estabelecidos
pelo Código Civil de 2002, dentre eles o da boa-fé e função social.
A boa fé objetiva, consagrada no art. 422 do CC, traduz uma cláusula geral
principiológica de conteúdo ético e exigibilidade jurídica implícita em todo contrato. Referida cláusula
não diz respeito ao estado mental subjetivo do agente, mas ao seu comportamento em determinada
relação jurídica.
Outrossim, desempenha a função constitutiva de estabelecer deveres anexos tão
importantes quanto o dever principal.
Historicamente, enxergou-se o descumprimento contratual pelo comportamento
negativo (abstenção), ou seja, por o contratante deixar de realizar as obrigações que lhe são afetas.
No entanto, atualmente, as partes devem cumprir obrigações expressas e também os
deveres anexos.
Assim sendo, ainda que cumpridas todas as obrigações contratuais expressas, a violação
de um dever anexo de conduta também importa o inadimplemento contratual de forma positiva.
Não passou desapercebido pelo Juízo, que em 07.12.2010, como declarado pela própria
empregadora no bojo do documento de ID 2619006, tinha real ciência de que não fora constatada
incapacidade laboral quando da realização de perícia médica judicial, no bojo dos autos de n.
2010.63.03.0060320, em que pese, de forma curiosa, na mesma data tenha atestado sua INAPTIDÃO ao
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labor. Ademais, no mesmo sentido, a plena possibilidade de ter acesso ao julgamento da demanda
ordinária ajuizada sob o n. 650.01.2011.000052-1, que fora extinto sem resolução do mérito. Ou seja, a
reclamada tinha ciência de que ao reclamante, de fato, fora atestada a plena possibilidade de laborar.
Porém, além de constatar a inaptidão do obreiro, nada fez. O descuido para com o caso
do obreiro não se mostra compatível com o ordenamento vigente, especialmente pela leitura que se faz do
direito do trabalho e civil à luz da Constituição Federal, que tem como fundamentos a dignidade da
pessoa humana e valor social do trabalho (artigo 3º).
Poderia o empregador se valer de diversas medidas jurídicas para tentar solucionar o
problema, como recorrer da decisão da previdência, readaptar o empregado em função compatível com
sua capacidade laboral ou até mesmo arcar com os valores dos salários e obter ressarcimento juntamente
ao INSS posteriormente por via judicial.
A empregadora deveria, ao menos, remanejar o obreiro para função que não o
prejudique ou agrave seu problema, sob pena de ser entendido como recusa deliberada em adaptação de
nova função, de maneira que tal ato é considerado como impedimento de retorno ao labor, e neste caso,
deve tal situação ser vista como se o empregado estivesse à disposição da empresa esperando ordens.
E mais. Ainda que, hipoteticamente, se admita que aquiesceu com o intuito do
reclamante em não retornar ao trabalho, considerando os deveres contratuais as quais se submete, patente
que deve arcar com o ônus de sua incúria. Não é demais lembrar que, se o caso de constatação de aptidão
ao trabalho, e na inércia do trabalhador em se apresentar ao trabalho, patente, por outro lado, a
possibilidade, inclusive, se ser penalizado por justa causa.
Em outra hipótese, exigir a prestação de trabalho e, se o caso, receber, eventuais
atestados médicos fornecidos pelo empregado, pelo tempo que nele consta, apenas, bem como
encaminha-lo ao INSS, quando do afastamento superior ao prazo legal apto a ensejar a suspensão
contratual. Logo, não há que se argumentar que se trata de proteção desarrazoada ao empregado, mas, ao
revés, de atitude negligente externada pela empregadora.
E, sendo assim, o tempo de trabalho deve ser contado e os salários e demais vantagens
decorrentes do vínculo de emprego quitados pela empregadora ao empregado, nos termos do artigo 4º da
CLT, considerando os exatos pedidos formulados. Ora, não se revela razoável que a empregadora
permaneça na cômoda situação de recusa em dar trabalho e, carrear aos ombros do trabalhador uma
situação de "limbo jurídico previdenciário trabalhista", à própria sorte, sem receber salários e benefício
previdenciário.
Saliento, ainda, que não se pode sequer falar-se em inércia do reclamante ao buscar a
rescisão indireta do contrato de trabalho, eis que há comprovação de ASO de retorno, com menção a
INAPTIDÃO, emitido em 15.11.2013. Há comprovação de formulação de requerimentos de benefício
previdenciário em 28.10.2013 e 13.11.2013, negados pelo INSS.
Em decorrência, é ilícita a simples recusa de retorno ao trabalho, hipótese na qual o
empregado se considera à disposição do empregador e, por conseguinte, reconheço a rescisão indireta do
contrato de trabalho, operada quando do ajuizamento da demanda, ou seja, em 19.03.2014, dada a afronta
aos deveres contratuais inerentes à manutenção da relação de emprego.
Ato contínuo, considerando os limites dos pedidos formulados, devidas são as
seguintes rubricas ao reclamante, CONSIDERANDO A EVOLUÇÃO SALARIAL DO SALÁRIO
NORMATIVO ATRELADO ÀS FUNÇÕES DE CONTROLADOR DE ACESSO (CONFORME
CONSTA NAS CCTS ACOSTADAS AOS AUTOS), RECONHECENDO COMO ÚLTIMO
SALÁRIO, O IMPORTE DE R$ 987,00, A CONTAR DE 01.01.2013:

- aos salários devidos durante o período compreendido entre 13.02.2010 até 19.03.2014,
enquanto perdurou tal situação (art. 4° da CLT), sob a condição de indenização compensatória por danos
materiais sofridos, nos exatos termos do pedido;
- depósitos do FGTS do período compreendido entre 13.02.2010 até 19.03.2014,
enquanto perdurou tal situação (art. 4° da CLT), na conta vinculada do autor, no prazo de 10 dias, a
contar do trânsito em julgado desta decisão, sob pena de execução direta. Registro, entretanto, que
não há qualquer causa de pedir que justifique a postulação dos depósitos a contar de 19.05.2000, mas
apenas relato que no período em que impossibilitado de trabalhar não houve tal adimplemento;
- indenização rescisória de 40% sobre a totalidade dos depósitos do FGTS, na conta
vinculada do autor, no prazo de 10 dias, a contar do trânsito em julgado desta decisão, sob pena de
execução direta;
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- aviso prévio indenizado e projeção correspondente;
- 05/12 de 13º salário proporcional de 2009, 13º salário integral de 2011, 2012 e 2013,
bem como 03/12 de 13º salário de 2014, eis que a prestação de trabalho fora vedada pela empregadora,
ainda que de forma indireta;
- férias vencidas, em dobro, referentes aos períodos aquisitivo de, 2010/2011,
2011/2012 e 2012/2013, bem como 10/12 de férias proporcionais, todas acrescidas de 1/3, eis que a
prestação de trabalho fora vedada pela empregadora, ainda que de forma indireta. Não há que se falar em
férias de 2009/2010, ante aos termos do art.133, IV, da CLT.

A reclamada deverá proceder à anotação de baixa na CTPS do autor, no prazo de 10


dias, a contar da juntada das mesmas aos autos, após o trânsito em julgado desta decisão, sob pena
de o fazê-lo a Secretaria desta Vara do Trabalho, mediante expedição de certidão ao trabalho, sem
qualquer menção ao ajuizamento da presente demanda.

A reclamada deverá providenciar a entrega das GUIAS, no prazo de 10 dias, a contar


da ciência do trânsito em julgado desta decisão, para saque do FGTS e habilitação ao seguro
desemprego, sob pena de pagamento de multa no importe de R$ 500,00 para cada obrigação descumprida,
sem prejuízo da expedição de ALVÁRA JUDICIAL para soerguimentos dos depósitos do FGTS.
Não sendo cumprida a obrigação de fornecimento da guia CD/SD, a reclamada deverá
arcar com a indenização compensatória, correspondente ao número de parcelas do benefício a que o
empregado faria jus, nos moldes do entendimento jurisprudencial consubstanciado na Súmula 389, do C.
TST.

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Pretende, o reclamante, seja reconhecido o direito à indenização compensatória por


danos morais, em razão do abandono que lhe foi imposto, ante a recusa da empregadora em permitir que o
mesmo voltasse a laborar.

A reclamada, em defesa, rechaça integralmente as pretensões aduzidas.

O pleito de indenização por dano moral, refere-se a lesão à esfera extrapatrimonial, em


bens que restam atrelados ao direito da personalidade, exemplificadamente insculpidos no art. 5° X, da
CF/88.

Deve-se ter em mente que referida lesão não exige prova específica dada a real
impossibilidade de o fazê-lo, motivo pelo qual dá-se em "in re ipsa", devendo ser analisados os fatos
ocorridos para dimensionar ou não a caracterização do dano moral, bem como a dosimetria do valor
indenizatório.

É necessário ter em mente, todavia, que nem todo sofrimento, dissabor ou chateação em
razão de uma ofensa tipifica dano moral. É necessário que a agressão extrapole os aborrecimentos
normais de tantos quantos vivem em coletividade.

O que se pode entender por "aborrecimentos normais" é também casuístico e depende


de uma avaliação objetiva e subjetiva que somente o juiz pode fazer diante do caso concreto, devendo ser
sopesados os fatos e observada a lógica do razoável, tomando por base o meio termo e as experiências do
homem médio.

Logo, os danos morais são inquietações graves do espírito, turbações de ânimo,


desassossego aviltante e constrangedor que tira a pessoa do eixo de sua rotina, a ponto de lhe impor
sofrimento psicofísico cuja sequela seja facilmente identificável se comparado o comportamento atual e
aquele anterior a conduta ofensiva. Neste sentido, as palavras do ilustre Sérgio Cavalieri Filho:

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"Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame,
sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e
desequilíbrio em seu bem-estar.

Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão


fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade
do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente
familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o
equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por
banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos
mais triviais aborrecimentos". (in Programa de responsabilidade civil, Malheiros
Editores, 2a ed., 1998.,p.78)

Neste sentido, presume-se o dano de cunho moral diante de fatos suficientemente graves
para proporcionar lesões a direitos de personalidade de qualquer trabalhador médio. Na hipótese em tela,
considerando que as atividades profissionais culminaram com o desenvolvimento de patologia, com a
necessidade de realização de tratamento médico, afastamento do trabalho, patente o sofrimento íntimo, a
dor moral, o sentimento de menos valia, a redução da auto-estima, a angústia acerca das incertezas e
desvalorização profissional.

No caso vertente, o obreiro teve atingida sua esfera moral ao ser exposto à situação
angustiante de se ver sem salário durante o período que denominei limbo previdenciário, ocasião em que
não teve como arcar com suas contas mensais para o sustento próprio e de sua família, sem qualquer
previsão de solução para o impasse que vivia.

Assim, com fulcro nos arts. 5º, V e X e 186, 187 e 927, do Código Civil, condeno a
reclamada a proceder ao pagamento de indenização compensatória ora arbitrada em R$ 10.000,00,
quantia que reputo razoável, como lenitivo a dor sofrida, bem como para fins de não banalizar o instituto.

Atento que referida quantia, não pode ser ínfima a provocar sentimento de impunidade,
nem exagerada a ponto de ensejar enriquecimento indevido, tendo sido fixada considerando a extensão do
dano, as condições financeiras da empregadora e o caráter pedagógico da pena, segundo critério de
equilíbrio e justa medida.

Quanto ao dano material, a reparação já foi deferida em tópico supra.

MULTA DO ART. 467, DA CLT

Indevida é a aplicação da penalidade em comento, eis que não há que se falar em verbas
rescisórias incontroversas não adimplidas quando da audiência inaugural.

MULTA DO ART. 477, PARÁGRAFO OITAVO DA CLT

Não há que se falar na incidência da multa em testilha, eis que fora reconhecido a
ruptura do contrato por rescisão indireta através da presente ação, não havendo que se falar em mora.

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - RECLAMANTE


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Não há que se falar em litigância de má-fé pelo autor, tendo em vista a ausência dos
requisitos estampados nos arts. 16 e 17, do CPC. Deve-se ter em mente que o reclamante apenas se
utilizou os meios legalmente previstos para garantir a proteção dos direitos que acreditava fazer jus, com
amparo no direito constitucional de ação.

Dizer se era correta, ou não, a referida conformação jurídica é, data vênia, o exercício
da estrita função jurisdicional do Estado.

Improcede, pois, a condenação.

OFÍCIOS

Diante das irregularidades perpetradas pela empregadora, expeçam-se ofícios a SRTE e


ao Ministério Público do Trabalho, para as providências que entenderem cabíveis, após o trânsito em
julgado desta sentença.

JUSTIÇA GRATUITA

Apresentada declaração de pobreza, concedo ao (à) reclamante os benefícios da Justiça


gratuita, nos termos do artigo 790, § 3º, da CLT.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - MODALIDADE DE RESSARCIMENTO


DOS HONORÁRIOS CONTRATADOS - PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO INTEGRAL

Inicialmente, mister tecer breves comentários acerca dos tipos de honorários


advocatícios existentes em nosso ordenamento para, posteriormente, fixar qual a natureza jurídica da
verba prevista nos artigos acima mencionados.

O art. 22, caput, da Lei nº 8.609/94 (Estatuto da Advocacia) estabelece três tipos de
honorários advocatícios, quais sejam: honorários convencionais, honorários fixados por arbitramento
judicial e honorários de sucumbência.

Os honorários de sucumbência são os previstos no art. 20 do Código de Processo


Civil, e fixados pelo juiz em decorrência da derrota de uma das partes no processo. Pertencem ao
advogado (art. 23 do Estatuto da Advocacia) e não se confundem com os honorários contratuais. Na
Justiça do Trabalho, são fixados apenas quando o empregado for beneficiário da gratuidade de justiça e
estiver assistido pelo sindicato (Lei nº 5.584/70, Súmula 219 TST).

Os honorários contratuais são aqueles pactuados entre o advogado e seu cliente,


esclarecendo o art. 35 do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil que "os
honorários advocatícios e sua eventual correção, bem como sua majoração decorrente do aumento dos
atos judiciais que advierem como necessários, devem ser previstos em contrato escrito, qualquer que seja
o objeto e o meio da prestação de serviço profissional, contendo todas as especificações e forma de
pagamento, inclusive no caso de acordo".

E, finalmente, os honorários fixados judicialmente referem-se àquelas hipóteses nas


quais não foram convencionados os honorários contratuais. Neste caso, o juiz, por arbitramento, fixará
uma remuneração compatível com o trabalho realizado e com o valor econômico da questão, observando
para que a verba a ser fixada não seja inferior ao valor estabelecido na tabela organizada pelo Conselho
Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 22, §2º, da Lei nº 8.609/94). Pertencem ao advogado.
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Feita as considerações, sopesando o pedido formulado na exordial, sob o viés da
sucumbência não há que se falar em honorários sob os argumentos já externos por este Juízo.

PARÂMETROS DE LIQUIDAÇÃO

CORREÇÃO MONETÁRIA

O valor da condenação, parcela a parcela, deverá ser corrigido monetariamente desde a


data do inadimplemento de cada verba até a data do efetivo pagamento dos valores devidos, independente
da data em que a reclamada eventualmente venha a efetuar o depósito da condenação.

Sendo assim, para efeito da correção monetária, regra geral, fixa-se o termo "a quo" na
data do vencimento de cada obrigação, ou seja, a partir do momento em que cada prestação se torna
exigível, mesmo porque só incorre em mora o devedor ao não efetuar o pagamento no tempo devido (art.
397 do Código Civil e Súmula 381 do C. TST).

Excetuam-se da regra geral as eventuais indenizações deferidas por danos, eis que não
dizem respeito à obrigação contratual stricto sensu. Assim, como a respectiva apuração dos danos indica
valores já fixados em expressão monetária atual, devem ser corrigidas a partir data da prolação desta
decisão.

Nesse aspecto, para a correção dos valores deverá ser observada a correção monetária
pela TR mensal, pro rata die, em consonância com a Lei 8.660/93. No procedimento da atualização
monetária, deverá ser utilizada a tabela única de atualização de débitos trabalhistas a que alude a
Resolução no. 8/2005 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

JUROS DE MORA

Responderá a parte reclamada pelo pagamento dos juros de mora até a data do efetivo
pagamento dos valores devidos, independente da data em que eventualmente venha a efetuar o depósito
da condenação.

Por força do art. 883 da CLT, regra geral, os juros de mora serão calculados a partir da
data em que foi ajuizada a ação.

De igual sorte, não se aplica a mencionada regra geral às eventuais indenizações por
danos com indicação de valores já fixados em expressão monetária atual, hipótese em que os juros de
mora deverão ser calculados a partir da data da prolação desta decisão.

Ademais, os referidos juros de mora incidirão sobre a importância da condenação já


corrigida monetariamente nos termos da Súmula 200 do C. TST, calculados na base de 1% a.m. (um por
cento ao mês), de forma simples (não capitalizados), e aplicados pro rata die, nos termos do parágrafo 1o.
do art. 39 da Lei 8.177/91.

Na eventualidade de haver adimplementos parciais do crédito exequendo, a imputação


do pagamento deve ser levada a cabo de forma preferencial nos juros de mora, consoante regra do art. 354
do Código Civil.

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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS INCIDENTES

Nos termos do art. 43 da Lei 8.212/91, deverá a parte reclamada recolher as


contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social, englobando as contribuições devidas
diretamente pelo empregador (art. 22, I e II da Lei de Custeio e as referentes aos terceiros) e as
contribuições a cargo do empregado (art. 20 da referida Lei), sendo que o montante destas será recolhido
às expensas do réu, mediante desconto sobre o valor da condenação conforme obriga o art. 30, I, 'a' da Lei
8.212/91. A incidência se dará sobre as parcelas de natureza salarial, assim fixadas no art. 28 da Lei
8.212/91.

A apuração do crédito previdenciário será levada a cabo através do regime de


competência (cálculo mês a mês dos montantes devidos), observadas as alíquotas e, exclusivamente para
as contribuições a cargo do empregado, o limite máximo do salário de contribuição, ambos vigentes em
cada mês de apuração, bem como a exclusão da base de cálculo do salário-contribuição das parcelas
elencadas no parágrafo 9o. do art. 28 da Lei de Custeio.

O prazo para recolhimento da contribuição previdenciária será o mesmo previsto para o


adimplemento dos créditos trabalhistas em liquidação de sentença ou em acordo homologado, no prazo
fixado pelo Juízo, em conformidade com a nova Lei 11.941/2009, que alterou o art. 43, § 3°, da Lei
8.212/91.Não efetuado o pagamento das contribuições no prazo legal, só a partir daí, o(a) contribuinte
constituir-se-á em mora e tornar-se-ão exigíveis os juros equivalentes à taxa SELIC e à multa pela mora,
conforme estipulado pelos art.s supramencionados.

Após o trânsito em julgado e respectiva liquidação do crédito previdenciário, caso não


haja o recolhimento voluntário das contribuições pertinentes, seguir-se-á a execução direta da quantia
equivalente, em conformidade com o inciso VIII do art. 114 da Constituição Federal.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE

O montante da condenação, objeto de pagamento em pecúnia, deverá sofrer a retenção a


título de imposto de renda na fonte com observância do regime de caixa, ou seja, retenção na fonte no
momento em que, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário e por ocasião
de cada pagamento (parágrafo 1o. do art. 7o. da Lei 7.713/88 e art. 46 da Lei 8.541/92).

Para tanto, a base de cálculo do imposto de renda retido na fonte será determinada
obedecendo-se os seguintes parâmetros: exclusão das parcelas elencadas no art. 39 do Decreto no.
3.000/99; dedução da contribuição previdenciária a cargo do empregado e demais abatimentos previstos
no art. 4º da Lei 9.250/95; bem como exclusão dos juros de mora incidentes sobre as parcelas objeto da
presente condenação (independente da natureza jurídica dessas verbas), ante o cunho indenizatório
conferido pelo art. 404 do Código Civil (OJ 400 da SDI-1 do C. TST).

Os créditos correspondentes aos anos-calendários anteriores ao ano do recebimento


devem sofrer tributação de forma exclusiva na fonte e em separado dos demais rendimentos
eventualmente auferidos no mês, na forma da regra consignada no art. 12-A da Lei 7.713/88, com a
aplicação da tabela progressiva resultante das regras estabelecidas na Instrução Normativa RFB
1.127/2011. Já os eventuais créditos correspondentes ao ano-calendário do recebimento, ou mesmo os
anteriores que tenham sido objeto de opção irretratável do contribuinte para posterior ajuste na declaração
anual, devem sofrer tributação do imposto de renda na fonte relativo a férias (nestas incluídos os abonos
previstos no art. 7º, inciso XVII, da Constituição e no art. 143 da Consolidação das Leis do Trabalho) e
décimos terceiros salários, efetuados individualmente e separadamente dos demais rendimentos pagos ao
beneficiário no mês, sendo que cada desconto será calculado com base na aplicação de forma não
cumulativa da tabela progressiva (respectivamente art.s 620 e 638, I do Decreto no. 3.000/99).

O recolhimento do imposto de renda retido na fonte será efetuado até o último dia útil
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do segundo decêndio do mês subsequente ao mês da disponibilização do pagamento (art. 70, inciso I,
alínea 'd' da Lei 11.196/2005). Por derradeiro, deverão ser comprovados nos autos os recolhimentos do
imposto de renda retido na fonte, no prazo de 10 (dez) dias após o respectivo recolhimento, sob pena de
expedição de ofício à Secretaria da Receita Federal para a tomada das providências cabíveis.

COMPROVANTE DE RETENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA


FONTE

Outrossim, deverá a parte reclamada fornecer à pessoa física beneficiária o documento


comprobatório da retenção, em duas vias, com indicação da natureza e do montante do pagamento, das
deduções e do imposto de renda retido, a fim de possibilitar eventual ajuste anual e restituição na
declaração do imposto de renda anual (artigo 86 da Lei 8.981/95), sob pena de expedição de ofício à
Secretaria da Receita Federal e imposição da multa prevista no parágrafo 2o. do artigo supracitado.

III - DISPOSITIVO

Pelo exposto, DECIDO:

1. extinguir o processo, sem resolução do mérito, com fulcro no art. 267, IV, do CPC,
no tocante ao recolhimento das contribuições previdenciárias, dada a inviabilidade da remessa destes
autos ao Juízo competente.

2. pronunciar a prescrição das pretensões aos créditos postulados e anteriores a


29.03.2009, com exceção dos depósitos do FGTS (observando-se, apenas, os termos da Súmula 206, do
C. TST), com resolução do mérito, nos termos do artigo 269, inciso IV, do CPC;

3. julgar PROCEDENTES, EM PARTE os pedidos formulados pela reclamante,


OSVALDO MARTINS MARQUES, em face de VETOR SERVICOS LTDA., para reconhecer a
rescisão indireta do contrato de trabalho em 19.03.2013 e, ato contínuo, condená-la ao adimplemento das
seguintes rubricas, observados os valores postulados na exordial, nos termos da fundamentação supra,
CONSIDERANDO A EVOLUÇÃO SALARIAL DO SALÁRIO NORMATIVO ATRELADO ÀS
FUNÇÕES DE CONTROLADOR DE ACESSO (PORTEIRO) (CONFORME CONSTA NAS
CCTS ACOSTADAS AOS AUTOS), RECONHECENDO COMO ÚLTIMO SALÁRIO, O
IMPORTE DE R$ 987,00, A CONTAR DE 01.01.2013 E OS LIMITES DOS PEDIDOS:

- aos salários devidos durante o período compreendido entre 13.02.2010 até 19.03.2014,
enquanto perdurou tal situação (art. 4° da CLT), sob a condição de indenização compensatória por danos
materiais sofridos, nos exatos termos do pedido;

- depósitos do FGTS do período compreendido entre 13.02.2010 até 19.03.2014,


enquanto perdurou tal situação (art. 4° da CLT), na conta vinculada do autor, no prazo de 10 dias, a
contar do trânsito em julgado desta decisão, sob pena de execução direta;
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- indenização rescisória de 40% sobre a totalidade dos depósitos do FGTS, na conta
vinculada do autor, no prazo de 10 dias, a contar do trânsito em julgado desta decisão, sob pena de
execução direta;

- aviso prévio indenizado e projeção correspondente;

- 05/12 de 13º salário proporcional de 2009, 13º salário integral de 2011, 2012 e 2013,
bem como 03/12 de 13º salário de 2014, eis que a prestação de trabalho fora vedada pela empregadora,
ainda que de forma indireta;

- férias vencidas, em dobro, referentes aos períodos aquisitivo de, 2010/2011,


2011/2012 e 2012/2013, bem como 10/12 de férias proporcionais, todas acrescidas de 1/3, eis que a
prestação de trabalho fora vedada pela empregadora, ainda que de forma indireta;

- indenização por danos morais, no valor de R$ 10.000,00.

A reclamada deverá providenciar a entrega das GUIAS, no prazo de 10 dias, a contar


da ciência do trânsito em julgado desta decisão, para saque do FGTS e habilitação ao seguro
desemprego, sob pena de pagamento de multa no importe de R$ 500,00 para cada obrigação descumprida,
sem prejuízo da expedição de ALVÁRA JUDICIAL para soerguimentos dos depósitos do FGTS.
Não sendo cumprida a obrigação de fornecimento da guia CD/SD, a reclamada deverá
arcar com a indenização compensatória, correspondente ao número de parcelas do benefício a que o
empregado faria jus, nos moldes do entendimento jurisprudencial consubstanciado na Súmula 389, do C.
TST.

A reclamada deverá proceder à anotação de baixa na CTPS do autor, no prazo de 10


dias, a contar da juntada das mesmas aos autos, após o trânsito em julgado desta decisão, sob pena
de o fazê-lo a Secretaria desta Vara do Trabalho, mediante expedição de certidão ao trabalho, sem
qualquer menção ao ajuizamento da presente demanda.

Concedo, ao reclamante, os benefícios da Justiça Gratuita.

Recolhimentos previdenciários fiscais e incidência de correção monetária e juros de


mora, nos termos da fundamentação supra, que é parte integrante deste dispositivo.

Custas pela reclamada, sobre o valor da condenação, ora arbitrada em R$ 50.000,00 no


importe de R$ 1.000,00, a teor do art. 789, da CLT.

Expeçam-se os ofícios, oportunamente.

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Intimem-se as partes.

Atentem as partes que a interposição de embargos de declaração com mero intuito


de prequestionamento, revisão do julgado, considerações sobre teses jurídicas aventadas, análise de
provas dos autos, depoimentos, valores fixados, sanções e honorários, será considerado
PROTELATÓRIO, pois esta peça recursal não se destina a tal efeito, cabível apenas nas hipóteses
expressamente previstas em lei.

Fundamentada a sentença, e analisados os pleitos da exordial, restaram atendidas


as exigências do art. 832, caput, da CLT e do art. 93, IX, da Constituição Federal, sendo
desnecessário pronunciamento explícito acerca de todas as argumentações das partes, até porque o
recurso ordinário não exige prequestionamento viabilizando ampla devolutividade ao tribunal (art.
769, da CLT c.c. art. 515, §1º do CPC, Súmula 393 e Orientação Jurisprudencial 142, ambas do C.
TST).

Observe a Secretaria a tramitação processual prioritária.

Campinas, 27 de abril de 2015.

CAROLINA SFERRA CROFFI

Juíza do Trabalho Substituta

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