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MANEJO DE FLORESTAS
PLANTADAS
Curitiba - PR
Março de 2016
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS __________________________________________________________ 3
LISTA DE TABELAS __________________________________________________________ 4
PRÓLOGO __________________________________________________________________ 5
1 INTRODUÇÃO _________________________________________________ 7
1.1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS ______________________________________ 7
1.2 HISTÓRIA DO MANEJO FLORESTAL _______________________________ 8
1.2.1 Europa _______________________________________________________________ 8
1.2.2 Estados Unidos de América e Canadá ____________________________________ 8
1.2.3 Brasil ________________________________________________________________ 8
1.3 OBJETIVOS DO MANEJO FLORESTAL _____________________________ 9
2 PRODUÇÃO DA FLORESTA _____________________________________ 10
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS FLORESTAIS _______________________ 11
2.1.1 Povoamentos e Unidades de Manejo ____________________________________ 13
2.1.2 Sistemas de Informação Geográfica (SIG) ________________________________ 13
2.1.3 Prescrições para os povoamentos ______________________________________ 14
2.2 CRESCIMENTO, PRODUÇÃO E ESTRUTURA DO POVOAMENTO ______ 14
2.2.1 Conceitos de crescimento e produção para o manejo florestal _______________ 14
2.2.1.1 Utilização do crescimento da floresta __________________________________ 15
2.2.1.2 Componentes do crescimento da floresta ______________________________ 16
2.2.1.3 Definições do crescimento da floresta _________________________________ 17
2.2.2 A estrutura do povoamento ____________________________________________ 18
2.2.2.1 Características e estrutura de povoamentos equiâneos ___________________ 21
2.2.2.2 Características e estrutura de povoamentos inequiâneos __________________ 22
2.3 QUALIDADE DE SÍTIO E DENSIDADE _____________________________ 25
2.3.1 Qualidade de Sítio no Manejo Florestal __________________________________ 25
2.3.1.1 Medições da Qualidade de Sítio ______________________________________ 26
2.3.1.1.1 Índice de Sítio ___________________________________________________ 26
2.3.1.1.2 A vegetação como indicadora da Qualidade de Sítio _____________________ 27
2.3.1.1.3 Fatores ambientais _______________________________________________ 28
2.3.1.2 Importância da Qualidade de Sítio no Manejo Florestal ____________________ 28
2.3.2 Densidade ___________________________________________________________ 28
2.3.2.1 Densidade do povoamento __________________________________________ 28
2.3.2.2 Medidas da Densidade _____________________________________________ 29
2.3.2.2.1 Número de árvores por unidade de área ______________________________ 29
2.3.2.2.2 Volume por unidade de área ________________________________________ 29
2.3.2.2.3 Área basal por unidade de área _____________________________________ 30
2.3.2.2.4 Densidade relativa________________________________________________ 30
2.3.2.2.5 Índice de Densidade do Povoamento _________________________________ 30
2.3.2.2.6 Densidade relativa do povoamento ___________________________________ 32
2.3.2.2.7 Fator de Competição de Copas _____________________________________ 32
2.3.2.3 Exemplo do cálculo da Densidade do Povoamento _______________________ 33
2.3.2.4 Utilização do espaçamento para o Controle da Densidade _________________ 34
2.3.2.5 Determinação da Densidade desejável ________________________________ 35
3 MODELOS DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO FLORESTAIS __________ 36
3.1 AS EQUAÇÕES NA MODELAGEM DA PRODUÇÃO FLORESTAL _______ 36
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MODELOS DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO ___ 37
4 DESBASTES _________________________________________________ 40
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________ 41
LISTA DE FIGURAS
7 Estrutura equiânea de povoamentos de 10, 20, 30, 40, 50 e 60 anos de idade, e sua soma
ilustrando hipoteticamente a estrutura de um povoamento inequiâneo. ........................................ 23
8 Curva de referência para a densidade máxima (IDR = 1800) e curvas para densidades
inferiores obtidas como proporções da densidade máxima (IDR = 541, 180, 90, 45). Os
pontos () localizados na reta vertical tracejada correspondente ao dg de 25 cm indicam os
valores do IDR de cada uma das linhas de iso-densidade (Adaptado de Daniel et al. 1982)........ 31
LISTA DE TABELAS
3 Cálculo de várias medidas de densidade para uma povoamento representando um hectare. ..... 34
PRÓLOGO1
Existem praticantes da engenharia florestal que vacilam ante o novo e desprezam o conhecimento
antigo; porém, o fato de reconhecer as boas e as mas práticas, como é o caso de Heinrich Cotta,
poderia ser uma citação de atualidade. Cotta, um técnico florestal alemão, mencionou no prefácio de
seu livro Anweisung zum Waldbau (Conselhos Silviculturais), de 1816, traduzido ao inglês por B. E.
Fernow em Forest Quarterly, os seguintes conceitos:
“... Se todos os habitantes da Alemanha abandonassem o país, este se cobriria de florestas em um lapso
de um século; em vista de que não haveria ninguém que as utilizasse, o solo se enriqueceria e as
florestas não só incrementariam seu tamanho, senão também sua capacidade de produção. Porém, se os
habitantes retornassem outra vez e fizessem uma extração de madeira e outros produtos igual à de antes,
as florestas, inclusive com o melhor ordenamento florestal, não tão só voltariam a reduzir seu tamanho,
senão que os solos se tornariam menos férteis.
As florestas surgem e se desenvolvem melhor nos lugares onde não há habitantes e, portanto, tampouco
há engenharia florestal, o que justifica àquelas pessoas que dizem que no passado não existia a
engenharia florestal e tínhamos suficiente madeira; porém, agora que contamos com a ciência, já não
temos madeira.
Poder-se-ia dizer, com a mesma justiça: as pessoas que não necessitam de um médico são mais
saudáveis do que aquelas que o necessitam; mas isto não quer dizer que os médicos sejam os culpados
das doenças: não existiriam médicos se não existissem as doenças; e não existiria a ciência florestal se
não houvesse uma deficiência na quantidade de recursos florestais disponíveis. Esta ciência é somente a
filha da necessidade e a necessidade é, consequentemente, sua causa natural; então a frase deveria ser:
agora temos a ciência florestal porque há escassez e carência de madeira.
Caro leitor, desculpe a interrupção neste belo texto; quero apenas lembrá-lo de que o mesmo foi
escrito no início do século XIX, mais precisamente em 1816. Desfrute desta leitura que é de tocar até
o mais insensível dos profissionais da área florestal.
A engenharia florestal, no entanto, não oferece milagres e nada pode fazer contra o curso da natureza. O
célebre médico Verdey disse: “o bom médico é aquele que deixa a gente morrer; o ruim é o que as
mata”. Com o mesmo direito pode ser dito que o bom técnico florestal é o que permite que as florestas
mais perfeitas deixem de sê-lo; o ruim as arruína. Ou seja, assim como o médico não pode evitar que os
homens morram, porque esse é o recurso da natureza, tampouco o melhor técnico florestal pode evitar
que as florestas, que a ele chegaram a modo de uma herança, se deteriorem a partir do momento em que
as começa a utilizar.
Faz muito tempo Alemanha tinha imensas florestas perfeitas e muito férteis, mas estas grandes florestas
tornaram-se pequenas, e as férteis, quase estéreis; cada geração de homens viu uma geração menor de
florestas. Aqui e ali, ainda é possível admirar as “Eichen” e as “Tannen” gigantescos, que cresceram
sem nenhum cuidado; enquanto isso, nós percebemos com clareza de que nunca conseguiremos nesse
mesmo lugar, mediante nenhuma arte ou ciência, reproduzir árvores semelhantes. Os netos dessas
árvores mostram todos os sintomas da morte próxima antes que seu volume seja de um quarto do que as
árvores antigas têm; e nenhuma arte ou ciência pode produzir, sobre os solos florestais empobrecidos na
atualidade, florestas como aquelas que, todavia, estão sendo derrubadas aqui e ali.
O bom técnico florestal também permite que a floresta se deteriore, mas somente nos casos em que não
as pode auxiliar; o técnico ruim, pelo contrário, sempre as arruína.
Na ausência de utilização, o solo florestal melhora constantemente; se as florestas são utilizadas de
maneira ordenada, as mesmas permanecem dentro de seu equilíbrio natural; no entanto, se são
utilizadas de forma irracional, elas se empobrecem. O bom técnico florestal obtém os maiores
rendimentos florestais da floresta sem deteriorar o solo; já o ruim não pode obter estes rendimentos nem
preservar a fertilidade do solo.
Apenas pode conceber-se em que medida pode beneficiar-se ou danificar-se uma floresta segundo o tipo
de manejo que sobre ela se exerce; portanto, a verdadeira engenharia florestal contém muito mais do
que pensam aqueles que só conhecem suas generalidades.
Há trinta anos, vangloriava-me de conhecer bem a ciência florestal; mas se não havia crescido com ela
e, ademais, a havia aprendido nas universidades! Desde então não desperdiço oportunidade alguma que
me permita aumentar meus conhecimentos em todas as direções, mas durante este longo período cheguei
a ver, com muita clareza, o pouco que sei a respeito das profundidades desta ciência, e aprendi que ela
não chegou, de nenhuma maneira, até o ponto que muitas pessoas creem haver atingido.
Tal vez muitas pessoas encontrem-se nas mesmas condições nas que eu me encontrava há trinta anos;
mas já se curarão de sua vaidade! A engenharia florestal baseia-se no conhecimento mesmo da
natureza; quanto mais se penetra dentro de seus segredos, maior é a profundidade que se abre diante da
gente. Muitas vezes se presta demasiada atenção ao que a luz de uma lâmpada de azeite pode tornar
visível, quando podem ser vistas muitíssimas mais coisas à luz de uma tocha e se tornam evidentes mais
coisas ainda desconhecidas; se alguém considera que o sabe todo, isto com certeza é um sinal de
superficialidade.
Os técnicos florestais podem ser divididos em científicos e empíricos; muito raras vezes se combinam
ambas as qualidades.
O que o científico considera suficiente para o ordenamento de uma floresta pode aprender-se com
facilidade e os conhecimentos sistematicamente ensinados do empírico podem ser memorizados com
rapidez; mas na prática, a arte do primeiro é à ciência florestal o que a medicina tribal é à verdadeira
farmacopeia; e é muito frequente que o outro não conheça as florestas nem pelo grande número de
árvores: as coisas, dentro da floresta real, vêm-se muito diferentes de como se vêm nos livros; assim
sendo, o homem que sabe confia no seu conhecimento, mas não toma a imprudente decisão do empírico.
Existem três causas principais pelas quais a engenharia florestal ainda está atrasada: primeiro, o
prolongado período necessário para o desenvolvimento das florestas; segundo, a grande variedade de
sítios sobre os que as florestas crescem; terceiro, o fato de que o técnico que pratica muito escreve
pouco, e o que escreve quase nem pratica.
O longo período de desenvolvimento ocasiona que muitas vezes se considere como bom algo que não o é,
e se prescreva como tal durante certo tempo, após o qual a prescrição se torna negativa para o manejo
da floresta. O segundo fato ocasiona que o que alguns técnicos consideram bom ou ruim resulte bom ou
ruim somente em certos lugares. O terceiro fato permite ver que as melhores experiências morrem junto
com a pessoa que as realizou e que muitas experiências totalmente unilaterais são copiadas literalmente
pelo engenheiro florestal com tanta frequência, que finalmente chegam a constituir verdadeiros dogmas
de fé que ninguém se atreve a contradizer, sem importar o unilaterais ou errôneas que possam ser ...”
1 INTRODUÇÃO
Silvicultura
Manejo Florestal
“... arte e ciência da tomada de decisões considerando a organização, uso e conservação das
florestas ...”
Ordenamento Florestal:
Manejo sustentável:
A Silvicultura e o manejo florestal não são conceitos paralelos, mas sim complementares e
interdependentes. Um Plano de Manejo nunca poderá ser melhor que as práticas silviculturais por ele
consideradas.
É importante diferenciar entre povoamentos e a floresta. O manejo pode precisar do sacrifício
de algumas decisões ótimas para o povoamento, mas que globalmente, no contexto da floresta,
terminam prejudicando o planejamento.
Exemplo: Uma empresa plantou toda sua área de 3.000 ha na mesma época com somente
uma espécie. Os desbastes normalmente ocorrem na idade de 8, 11, 14 e 17 anos, e o corte final aos
20 anos. É claro que para atingir um certo nível de regulação a nível de floresta, deverão ser
realizadas intervenções a idades diferentes das recomendadas.
Geralmente é preciso aguardar um tempo até atingir os objetivos do manejo florestal. Este
período é por vezes denominado Período de Conversão, conceito este último muito utilizado na
aplicação de técnicas analíticas de otimização, como por exemplo a Programação Linear.
O manejador florestal deve simultaneamente exercer diversos papeis, dentre eles o de
botânico, planejador com visão integrada de curto e longo prazos, administrador e gerente, experto
em negócios e marketing, etc..
O bom manejo florestal inclui uma exploração cuidadosa (de baixo impacto ambiental), a
aplicação de tratamentos silviculturais à floresta para regenerar e fazer crescer outra colheita, e o
monitoramento, para ajudar o manejador na tomada de decisões técnicas e administrativas.
O manejo florestal exige a tomada de decisões, e este é um exercício muito complexo
(subjetividade, intelecto, lógica, etc.). Por isto muitas vezes é utilizada a expressão modelos de auxilio
à tomada de decisões.
Os inícios do manejo florestal são incertos. Já desde antes da era cristã existem
antecedentes de atividades de planejamento e regulação das florestas. Porém, pode-se afirmar que a
situação atual no Brasil está fortemente influenciada pelo desenvolvimento ocorrido na Europa e na
América do Norte.
1.2.1 Europa
1.2.3 Brasil
O termo objetivos indica que existem um ou mais pontos que o manejo florestal deve atingir
com respeito à floresta manejada. Estes pontos referem-se com certeza à produção de bens e
serviços, os quais podem ser materiais, como madeira, lenha, essências, ou não materiais, como
paisagem, regulagem de bacias hidrográficas, etc..
Os objetivos podem ou não estar identificados. Esta identificação pode até ser muito difícil,
pois os objetivos podem mudar de acordo com o grupo de usuários da floresta, e inclusive, para
mesmo grupo de usuários ao longo do tempo. As mudanças nos objetivos podem afetar de maneira
positiva à floresta, quando respondem a interesses da sociedade, ou de maneira negativa, quando
ocorrem com muita frequência e destroem a continuidade do manejo florestal.
Além disso, os objetivos podem surgir de um planejamento cuidadoso com consultas às
partes interessadas, ou de reações sentimentais, emocionais e intuitivas.
Por último, os objetivos geralmente são impostos pelos proprietários do recurso florestal.
2 PRODUÇÃO DA FLORESTA
1. Uma classificação das áreas florestais, que descreva parcelas de tipos de áreas por localização,
dimensões das árvores, estoques, espécies, solos, declividades, e outros atributos.
2. Um programa das atividades de manejo descrevendo tempos, métodos e condições pelos quais a
vegetação e outros recursos serão manipulados ou perturbados para atingir a produção de bens e
serviços desejada, incluindo:
a) Métodos de corte e de transporte;
b) Programas de desbastes e de colheitas; e,
c) Técnicas de regeneração.
3. Projeções quantitativas de crescimento e produção, que descrevam numericamente a quantidade de
madeira que poderá ser obtida das áreas comerciais, detalhando os tipos de produtos florestais e
seus correspondentes volumes.
Os três elementos essenciais à prescrição das atividades e métodos silviculturais podem ser
especificados com maior ou menor detalhamento, mas todos eles são necessários para manejar e
planejar a floresta de maneira coerente e quantitativa. Cada elemento implica em uma decisão de
manejo que deve ser tomada no início do planejamento:
1. Características físicas
a) Declividade (2 classes)
i) Moderada, de 0 a 30 %
ii) Forte, com mais de 31 %
b) Bacias hidrográficas (2 classes)
i) Bacia do rio A
ii) Bacia do rio B
2. Características da vegetação
a) Cobertura florestal (3 classes)
i) Floresta ombrófila mista com araucária
ii) Floresta ombrófila mista sem araucária e com erva-mate
iii) Floresta ombrófila mista sem araucária nem erva-mate
b) Classes de tamanho (2 classes)
i) Diâmetro (DAP) médio menor ou igual a 30 cm
ii) Diâmetro (DAP) médio maior de 30 cm.
3. Características de desenvolvimento
a) Distância às estradas principais (2 classes)
i) Até 1 km
ii) Mais de 1 km
A-F
A-M
FX
FA
A-F
B-F FE
FA
> 1 km
I
x
1 km
x
II
> 1 km x
Em todo projeto de manejo florestal devem ser diferenciadas áreas com características
econômicas e administrativas comuns, e áreas com semelhanças em nível de vegetação, solos,
declividade, dentre outros diversos fatores. Às primeiras geralmente é designado o termo Unidades de
Manejo (UM); às segundas povoamentos florestais.
Os povoamentos ou grupos de povoamentos organizam a área em classes homogêneas a partir
de características inerentes à produção de madeira e outras respostas aos tratamentos silviculturais,
visando aumentar a acurácia das predições. Em contraste, as UM organizam a área em unidades
espaciais lógicas para fins de implementação do plano de manejo, resultando em unidades tipicamente
heterogêneas.
A definição de UM é extremamente útil para levar em consideração as condições de acesso,
necessidade de construção de estradas e caminhos, efeitos da drenagem e erosão do solo, dentre
outros. Os povoamentos a constituem a UM-I, e os povoamentos , e conformam a UM-II.
O povoamento , por exemplo, agrupa as áreas da bacia hidrográfica do Rio A com declividade
moderada, cobertura de floresta ombrófila mista com araucária e distâncias à estrada principal menores a
1 km. Já o povoamento difere do povoamento somente na declividade, que passa de moderada a
forte. Desta maneira todos os povoamentos possuem características próprias que lhes outorgam
homogeneidade e ao mesmo tempo os diferenciam dos povoamentos vizinhos. As áreas demarcados
com x são pequenas demais como para aplicar nelas algum método silvicultural diferenciado.
Pode-se inferir que, enquanto as UM podem ser diferenciadas a partir de mapas, os
povoamentos somente podem ser identificados com precisão a partir de inventários em uma base de
dados georeferenciada, isto é, com limites claramente definidos no terreno e levantados nas cartas e
mapas temáticos de vegetação, declividade, solos, etc..
O manejo florestal deve identificar tanto áreas homogêneas para predição de respostas por
hectare, quanto áreas contíguas mas não homogêneas para analisar a implementação do plano de
manejo. Uma prescrição completa deve possuir instruções específicas e completas para cada tipo de
grupos de povoamentos, como assim também instruções únicas para cada UM.
Os dados são medidas, números, sem nenhum significado. Assim por exemplo temos que
0,02, 15, 3.000.000 são simplesmente dados. A informação, entretanto, é o significado atribuído aos
dados. Desta maneira, 0,02 g/l de um determinado produto químico, 15 cm de DAP, R$ 3.000.000 de
orçamento anual, constituem informação com um significado concreto.
Um Sistema de Informação é desenhado para a entrada, o armazenamento, o processo e a
saída de informação. Estes sistemas nem sempre são computadorizados.
Um Sistema de Informação Geográfico pode ser definido como uma coleção organizada de
equipamentos para computação eletrônica (hardware), programas (software), dados
georeferenciados e pessoal especializado, projetada para coletar, armazenar, atualizar, manipular,
analisar e apresentar visualmente todas as formas de informações geograficamente referenciadas.
O crescimento e a produção podem ser expressos em unidades físicas, como volume, área
basal ou peso, ou em unidades de valor, ou financeiras, as quais geralmente constituem as variáveis
de interesse como, por exemplo, o valor líquido presente (VPL), o valor esperado da terra (VET),
dentre outras. Visto desta maneira, o crescimento representa os juros que uma floresta acrescenta ao
capital investido inicialmente, senda esta uma visão mais do compreensível do crescimento quando
expressado como uma taxa.
Mas em essência, em um povoamento florestal quem cresce são as árvores. Estas acumulam
o crescimento em um período na maneira de camadas, uma por cada ano. O crescimento em
madeira ocorre na totalidade da árvore: galhos, tronco e raízes. Porém, na floresta em geral é
removida somente uma porção dos troncos, até uma determinada altura comercial.
O crescimento da floresta pode ser analisado em termos de potencial total por unidade de
área (Figura 2). O nível A representa o crescimento total em madeira da floresta incluindo a totalidade
dos galhos, troncos e raízes. O nível B indica o crescimento potencial utilizável pela indústria sob as
condições tecnológicas atuais. O nível C expressa o crescimento em madeira efetivamente removido
ou colhido da floresta, refletindo aparte econômica da colheita.
B – Crescimento potencialmente
por unidade de área por ano
atual
C – Crescimento atualmente
removido e utilizado
Nenhum destes três níveis é fixo. O crescimento potencial pode ser incrementado com
preparo do solo, irrigação ou adubação. Inovações tecnológicas podem permitir a utilização de outros
tipos e dimensões de produtos florestais. Neste sentido, por exemplo, a utilização de picadoras
portáteis permite a utilização de porções de galhos e topos de árvores, antes não utilizados e
deixados na floresta. O crescimento por unidade de área utilizado com a tecnologia atualmente
disponível aumenta com a rentabilidade da atividade florestal (custos, preços, etc.) e com o estudo e
conhecimento da utilização da floresta no que se refere à silvicultura e ao manejo florestal.
Pelo crescimento da floresta são responsáveis as árvores vivas, mas a soma dos
crescimentos destas árvores sofre reduções causadas pelas árvores que morrem, se destroem ou
são cortadas. Considere, por exemplo, um povoamento equiâneo medido em dois inventários
sucessivos separados 10 anos entre si (Figura 3). A mudança líquida no povoamento mostra que as
classes diamétricas 1, 2, 3, 4 e 7 perderam árvores, e que as classes 5, 6 e 8 ganharam árvores.
Inventário ano t
Inventário ano t + 10
Freqüência1900r1900r1900r1900r1900r1900r1900r1900r
Classe diamétrica
O primeiro passo na definição do crescimento é a definição da menor árvore que será medida
e que contribuirá, portanto, na estimativa do crescimento da floresta. Esta definição às vezes é feita
baseada em definições tecnológicas ou de comercialização, variando segundo o destino da produção
madeireira previsto pelo manejo florestal (por exemplo: DAP acima de 10, 15 ou 20 cm). Quando o
objetivo é a estimativa do crescimento da biomassa ou do crescimento potencial em fibra, são
medidas todas as árvores acima de um DAP muito pequeno (1 a 5 cm).
Os critérios de comercialização mudam com o tempo, com as espécies, e com a localização
geográfica. As hoje denominadas espécies de valor comercial, será que amanhã ainda o serão?; será
que amanhã ainda existirão?. Enquanto isso as denominadas espécies com potencial de
comercialização serão as espécies comerciais de amanhã. É claro que em florestas implantadas isto
praticamente não acontece, dado que a própria implantação da floresta possui um objetivo de
comercialização ou industrialização claramente definido. Por isto a especificação exata de
comercialização ou industrialização, o que para o manejo florestal se traduz como a menor árvore
que será medida, deve ser cuidadosamente estabelecida antes de realizar quaisquer tipos de
comparações de crescimento e produção entre povoamentos, florestas, ou em tempos diferentes.
No exemplo da Figura 3 para expressar o crescimento do povoamento podem ser utilizados o
número de árvores, a área basal ou o volume, mas este último está estreitamente relacionado ao
valor e é o mais utilizado. As componentes do crescimento da floresta geralmente são definidas em
termos de volume. Assim, o ingresso é definido como o volume das árvores novas que atingiram as
dimensões mínimas de inventariação, a mortalidade como o volume das árvores mensuráveis que
morreram durante o período entre as medições, e o corte como o volume das árvores removidas
durante o período. Outras causas de deterioração, como o declínio, a quebra ou o apodrecimento de
algumas árvores não são usualmente consideradas, dado a grande dificuldade em obter estimativas
acuradas nos inventários.
Segundo Beers (1962), as componentes do povoamento podem ser representadas por:
A partir destas componentes podem ser definidas cinco diferentes medições do crescimento em um
período pelas seguintes equações:
1o 2o
No Crescimento Mortalidade Corte Ingresso Crescimento
inventário inventário
árvore sobrevivente M C I líquido
V1 V2
1 0,621 0,621 -0,621
2 0,813 0,813 -
3 0,668 0,668 -
4 0,424 0,623 0,199 0,199
5 0,633 1,225 0,592 0,592
6 1,060 1,638 0,578 0,578
7 0,346 0,346 0,346
8 0,933 0,933 -
9 0,820 1,198 0,378 0,378
10 1,472 2,463 0,991 0,991
Totais
7,444 7,493 2,738 0,621 2,414 0,346 2,463
parcela
Equação de
Símbolo
crescimento
V2 M C I V1
Crescimento bruto,
= 7,493 + 0,621 + 2,414 - 7,444 = 3,804
incluído o ingresso
Crescimento bruto -
= 7,493 + 0,621 + 2,414 - 7,444 = 2,738
do volume inicial 0,346
Crescimento
líquido incluído o = 7,493 + 2,414 - 7,444 = 2,463
ingresso
Crescimento
-
liquido do volume = 7,493 + 2,414 - 7,444 = 2,117
0,346
inicial
Mudança líquida
do estoque de = 7,493 - 7,444 = 0,049
crescimento
Exemplo adaptado de Davis e Johnson, 1987.
No longo prazo não é possível cortar mais do que o que cresce. Já no curto prazo, quando
grandes quantidades de madeira são abundantes em povoamentos antigos, é possível cortar mais do
que o crescimento durante algum tempo aproveitando essa produção do passado.
O termo estrutura florestal tem a ver com o arranjo que as árvores apresentam em um
determinado momento da vida do povoamento. Dependendo do tipo de arranjo que esteja sendo
considerado surgem termos como estrutura horizontal, estrutura vertical, estrutura dimensional e
estrutura etária.
Para fins de manejo florestal, a estrutura pode ser entendida como o esqueleto tridimensional
que o povoamento possui em um momento determinado, visto que ela tem a ver com a densidade
expressa em número de árvores e em área basal, o volume, a distribuição diamétrica, a altura média
e a altura dominante, a qualidade do sítio, a estratificação das copas e a área de cobertura das
mesmas, o estado sanitário, a idade das árvores, dentre outros diversos aspectos. A estrutura da
floresta é determinada pelas diversas estruturas dos povoamentos em particular.
Povoamentos equiâneos (coetâneos) são aqueles nos quais todas as árvores nasceram no
mesmo ponto no tempo, e enquanto as dimensões das árvores se incrementam de maneira variada
ao longo do tempo, a idade mantém-se uniforme, inclusive após a regeneração. Este tipo de
povoamentos possuem instantes definidos no tempo de início e fim, sendo, portanto, fáceis de
modelar e programar para produção e colheitas. A maioria das características dos povoamentos
equiâneos está relacionada à idade, e esta relações podem ser utilizadas para auxiliar na tomada de
decisões a respeito de quando intervir ou realizar colheitas nos povoamentos. Até o controle genético
das árvores que crescem neste tipo de povoamentos é mais simples para o manejador florestal,
principalmente quando a regeneração e parcial ou totalmente realizada através do plantio.
Um típico diagrama volume-idade de um povoamento equiâneo de 1 hectare pode ser
visualizado na Figura 4 para duas rotações completas desde o plantio até a colheita final. O
povoamento é plantado (p), inicia a produção de volume comercial a partir dos 5 anos de idade e
possui, aos 10 anos de idade, um volume de 200 m 3, dos quais 70 são cortados em um desbaste
(d1). Os 130 m3 remanescentes crescem até 320 m 3 na idade de 15 anos, momento em que ocorre
um segundo desbaste gerando um volume de 140 m 3 (d2). Os 180 m3 remanescentes crescem até
atingir, aos 20 anos de idade, um volume de 340 m 3, o qual é totalmente cortado na colheita final (cf).
Logo o povoamento é novamente plantado e a segunda rotação prevê somente um desbaste aos 15
anos de idade, onde são retirados 150 m 3 (d1) e permanecem em pé 200 m3, e a rotação aos 25 anos
de idade, onde o volume cortado é de 430 m 3 (cf).
Tipicamente sempre se pensa em rotações ou ciclos de mesmo comprimento, mas isto não
deve necessariamente ocorrer na prática. As rotações ótimas estabelecidas no momento do plantio
inicial do povoamento baseiam-se em condições que frequentemente mudam com o tempo, e muitas
vezes a melhor rotação deixa de sê-lo antes de que as árvores que compõem o povoamento atinjam
a maturidade.
A produção total da primeira rotação, incluindo os desbastes, é de 525 m 3 por hectare, com
um crescimento médio de 550 / 20 = 27,5 m 3 por hectare por ano. Na segunda rotação a produção
total incluindo o desbaste é de 580 m 3, e o crescimento médio de 580 / 25 = 23,2 m 3 por hectare por
ano.
1ª Rotação 2ª Rotação
1901ral
1901ral
Volume [m³/ha]
1900ral cf cf
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Tempo [anos]
1901ral
c0 c1 c2 c3
1900ral
Volume [m³/ha]
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Tempo [anos]
A primeira opção informa o volume disponível para o crescimento futuro. A segunda opção
informa o volume disponível justo antes da próxima colheita. A terceira opção informa o volume médio
do estoque sobre o qual é realizado o crescimento. Esta última informação resulta ser
aproximadamente o nível médio do estoque de crescimento da floresta. Cada uma das opções possui
suas aplicações para o manejo florestal, mas deve ser claramente diferenciada das outras para evitar
confusões e superposições entre as diferentes expressões do estoque de crescimento.
O crescimento em um determinado povoamento inequiâneo é raras vezes uniforme de um
período para outro. Fatores climáticos, insetos, doenças e fogo podem todos afetar o crescimento.
Adicionalmente, o volume remanescente após os cortes nem sempre coincide exatamente com o
volume planejado antes de realizar as intervenções. A madeira retirada em cada um dos cortes dos
povoamentos inequiâneos combina todas as operações de desbaste e colheita final próprias do
manejo dos povoamentos equiâneos, que são realizadas em momentos separados no tempo nestes
últimos povoamentos. Em teoria, a cada intervenção o povoamento como um todo recebe as
intervenções necessárias para atender aspectos sanitários, de vida selvagem, liberação da
competição, colheita final, e simultaneamente garantir a regeneração.
20 45 16
1900ral 22 38 11
24 24 8
26 10 6
1900ral
28 3 4
30 1 3
1900ral 32 0 2
34 0 1
36 0 1
1900ral 38 0 1
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 40 0 1
Diâmetro [cm] Total 228 572
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
Freqüência
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Diâmetro [cm]
Figura 7: Estrutura equiânea de povoamentos de 10, 20, 30, 40, 50 e 60 anos de idade, e sua soma
ilustrando hipoteticamente a estrutura de um povoamento inequiâneo.
N ke aD (2)
O trabalho de Meyer mostrou que valores altos de k estão associados a valores altos de a:
quanto maior o número de árvores na menor classe diamétrica, mais rápida é a redução do número
de árvores entre classes diamétricas sucessivas.
O quociente de diminuição q pode ser estimado a partir da equação exponencial dada acima.
Sejam N20 e N22 os números de árvores das classes diamétricas de 20 e 22 cm, respectivamente. Por
definição, q = N20 / N22. Substituindo a estimativa da equação exponencial para o número de árvores
em cada classe diamétrica, tem-se
ke a20
q a 22
e a20 a22 e 2 a (3)
ke
Pode ser observado que o coeficiente q é função da amplitude das classes diamétricas.
Portanto, ao realizar comparações de coeficientes q, devem ser utilizadas classes diamétricas de
igual amplitude. Segundo Husch et al. (1982), K varia com a área do povoamento e com a amplitude
das classes diamétricas, enquanto que a não varia com nenhum deles. As comparações entre valores
de k devem ser realizadas considerando áreas dos povoamentos semelhantes e amplitudes de
classes diamétricas iguais.
A razão q e a equação exponencial associada tornaram-se populares por dois motivos: 1) os
valores de q definem a forma da curva e frequentemente caracterizam a espécie estudada, e 2) a
razão q é utilizada como uma maneira de conceitualizar e descrever a distribuição diamétrica
desejável para povoamentos inequiâneos. Segundo Meyer (1953), uma floresta inequiânea
balanceada é aquela da qual o crescimento corrente pode ser removido mantendo a distribuição
diamétrica e o volume iniciais da floresta. Este autor ainda propõe utilizar o conceito da razão q com a
finalidade de descrever povoamentos e florestas inequiâneas “normais”.
Uma interpretação prática dos conceitos de Meyer salienta que é possível construir uma
distribuição diamétrica balanceada para um povoamento dados quaisquer quatro dos cinco
parâmetros do povoamento:
Utilizando estes parâmetros, a estrutura do povoamento pode ser descrita pelo conjunto das
N–1 equações para todos os pares de classes diamétricas adjacentes,
max
b N
i min
i i B (5)
onde bi é a contribuição no volume, área basal, ou alguma outra medida da densidade por árvore da
classe diamétrica i, e B é a densidade do povoamento definida em unidades de volume, área basal,
ou outra medida da densidade do povoamento.
Estas equações podem ser resolvidas para qualquer um dos parâmetros se os outros são
fornecidos. Quando B, q, Dmin, e Dmax são especificados, frequentemente se deseja calcular o número
de árvores na maior classe diamétrica Nmax para ajustar a distribuição. Este número pode ser obtido
da seguinte maneira:
B
N max
(6)
max Dmax Di
bi q w
i min
Sustentabilidade da estrutura
A qualidade de sitio refere-se a quantidade de madeira que uma floresta pode potencialmente
produzir. O sítio e a densidade referem-se, em conjunto, à quantidade de madeira que pode ser
produzida e a qualidade que terá essa madeira. A densidade do povoamento é o segundo fator em
importância, depois da qualidade do sítio, para a determinação da produtividade de um sítio florestal
(DANIEL et al., 1982), para uma determinada qualidade do material genético utilizado. A densidade
dos povoamentos é o principal fator de produção que o manejador florestal pode controlar durante o
desenvolvimento da floresta.
A produtividade florestal de uma determinada área pode ser definida como o máximo volume
de madeira que nela pode ser produzido em um certo intervalo de tempo. A qualidade de sítio é um
índice numérico relacionado com e esta produtividade florestal. Para a estimativa desta qualidade de
Nada parece mais lógico do que medir a qualidade de sítio através do volume ou peso dos
produtos desejáveis, o qual expressa de forma integrada todos os fatores do sítio. Na prática, porém,
a história do povoamento pode afetar o volume de madeira existente em uma determinada área e
tempo. A densidade original do povoamento, o tipo de intervenções no passado, doenças,
mortalidade, entre outros, podem reduzir o volume em pé que de outro modo existiria. É por isso que
a qualidade de sítio é raramente medida de maneira direta através do volume em pé.
Vários métodos indiretos foram desenvolvidos para medir a qualidade de sítio florestal. Estes
métodos visam selecionar algumas poucas e facilmente medíveis propriedades da vegetação ou do
solo, as quais representam os fatores importantes do crescimento de uma determinada espécie
florestal em um, determinado sítio. Segundo Jones (1969), três abordagens indiretas para estimar a
qualidade de sítio serão abordadas na sequência: índice de sítio, vegetação, e fatores ambientais.
1. Ao comparar diversos IS, verificar a idade índice considerada para cada IS foi construído, e se a
idade é a idade total ou a idade no DAP3.
2. Um IS obtido para uma determinada idade índice não pode ser convertido para outra idade índice
com simples operações numéricas. Para tal fim, necessariamente devem ser utilizadas as curvas
de altura dominante – idade, as quais mostram as alturas à diferentes idades.
3. Um IS obtido para uma idade índice total deve ser cuidadosamente corrigido para obter seu
equivalente índice a idade no DAP.
4. IS similares para diferentes espécies não necessariamente significam produtividades
semelhantes no sentido absoluto ou relativo. Um mesmo IS pode ser intermédio para uma
espécie dada e muito bom para outra, ao passo que a produção volumétrica depende, além do
IS, da densidade, entre outros fatores.
5. Medições de IS realizadas em diferentes momentos da vida de um mesmo povoamento podem
revelar diferentes qualidades de sítio para o mesmo povoamento. As seguintes razões podem
explicar este fenômeno.
Um povoamento jovem e oprimido pode sub-estimar o sítio quando este é medido na sua
juventude, e essa estimativa pode incrementar-se ao longo do tempo.
A qualidade do sítio pode mudar. Se bem que estas mudanças são muito raras na natureza,
elas podem ocorrer artificialmente (fertilização, drenagem, etc.) ou até naturalmente (efeito
estufa, aquecimento do planeta, etc.), deixando sua marca na produtividade florestal.
Povoamentos localizados em determinados microsítios podem não seguir os padrões das
curvas de crescimento em altura utilizadas para obter os IS. Por exemplo, em solos arenosos
algumas espécies experimentam um crescimento inicial acelerado, o qual após alguns anos
diminui bruscamente.
As amostras utilizadas para a construção das curvas altura-idade convencionais podem não
ser balanceadas, requerendo de mais dados para determinadas idades e sítios.
6. As estimativas de produtividade dadas nas tabelas (funções) de produção baseadas nas relações
altura – idade podem ser tendenciosas, especialmente em áreas extremas da distribuição natural
as espécies (solos muito arenosos ou rochosos, precipitações escassas, etc.). Portanto, ao
consultar este tipo de referências, é importante verificar o local de obtenção dos dados para evitar
superestimativas de produção.
A utilização de plantas como indicadoras da qualidade de sítio tem sido muito estudada,
principalmente na Escandinávia e no Canadá, através de uma base de classificação de sítios. Sob
condições naturais sem distúrbios, e principalmente em florestas de regiões temperadas a frias,
determinadas plantas ou comunidades vegetais associam-se de maneira característica com certas
tipologias florestais, e com as qualidades de sítio a elas associadas.
Em regiões tropicais e subtropicias, a utilização da vegetação como indicadora da qualidade
de sítio tem sido pouco utilizada, em função da grande variedade de tipos vegetais existente. Como
3 Idade obtida a 1,30 m do nível do solo, ou seja o número de anos após a árvore ter atingido 1,30 m
de altura. Esta idade é utilizada freqüentemente em florestas naturais quando é comum a presença
de apodrecimentos na base do tronco, dificultando, se não impedindo, a obtenção da idade total a
partir da contagem de anéis na base da árvore.
2.3.2 Densidade
A capacidade potencial de uma determinada área para produzir madeira é determinada pela
qualidade de sítio. A produção atual atingida em um determinado local é determinada pela
quantidade, tipo e distribuição das árvores presentes. A alteração deste estoque de crescimento
vegetativo constitui a principal ferramenta que os florestais possuem para manipular e controlar o
crescimento e a produção das florestas. O estoque de crescimento, i.e. as árvores que estão
crescendo, é avaliado quantitativamente através de uma série de medidas chamadas de densidade
do povoamento.
As medidas de densidade do povoamento são função de estatísticas das árvores, tais como
área basal, número de arvores por hectare, competição das copas, ou diversos índices de densidade
do povoamento. As medidas de densidade são usualmente utilizadas para 1) representar um
povoamento em modelos utilizados para predição futura de crescimento e produção (SisPinus,
SisEucalyptus, WinTipsy, Fan$y), e 2) para decidir a respeito do comportamento do povoamento
quando comparado aos objetivos do proprietário da floresta.
baixa, as árvores não aproveitam todos os nutrientes, água e luz disponíveis naquele local e,
portanto, o povoamento não produz o máximo possível; se, por outro lado, a densidade for muito alta,
a quantidade de nutrientes, água e luz disponível será insuficiente para um bom desenvolvimento das
árvores.
A densidade do povoamento pode descrever não somente o grau de utilização do sítio, mas
também a intensidade da competição entre as árvores do povoamento. A densidades altas a taxa de
crescimento individual do povoamento tende a diminuir bruscamente, apesar do fato de que o
crescimento total por unidade de área continua em aumento. Quando o preço está associado na
maneira de prêmios às árvores de maiores dimensões – situação que ocorre usualmente – então o
objetivo do manejo florestal tal vez seja o de conhecer o grau de associação existente entre as
medidas da densidade do povoamento e a distribuição de tamanhos das árvores que o compõem e
suas respectivas taxas de crescimento, para quantificar de maneira mais eficiente a produtividade
financeira do sítio ou do povoamento.
Na ecologia animal ou vegetal, a densidade e frequentemente definida como o número de
indivíduos por unidade de área. Nos povoamentos florestais, a definição da densidade como sendo o
número de indivíduos por unidade de área possui uma utilização limitada. As árvores aumentam seu
tamanho de maneira mais ou menos indefinida. Somente nos plantios com uma densidade inicial
conhecida é que o conceito de número de árvores por unidade de área é útil como medida da
densidade. É bem mais comum a utilização de medidas de densidade que combinam o tamanho das
árvores com o número delas.
Um dos objetivos de estudar a densidade do povoamento e as diferentes maneiras de
expressá-la no manejo florestal é a respeito da utilização de modelos de crescimento e produção. Se
for conhecido o tipo de modelo a ser utilizado, então as medidas de densidade a serem obtidas da
floresta deverão ser compatíveis com aquelas utilizadas pelo modelo.
A utilização do volume como medida da densidade é extremamente lógica, uma vez que os
objetivos do manejo florestal com muita frequência referem-se ao volume do povoamento. Porém,
sua interpretação deve ser cuidadosamente analisada, e em geral ela é associada com padrões como
tabelas ou funções de volume.
A área basal por unidade de área é uma das mais utilizadas medidas da densidade do
povoamento.
Curtis et al. (1981) combinam a área basal com o diâmetro quadrático médio do povoamento
como uma medida da densidade.
AB
DR (Eq. 1)
dg
onde:
DR = densidade relativa
AB = área basal por hectare
dg = diâmetro quadrático médio do povoamento
As relações entre número de árvores, diâmetro médio, área basal e volume foram observadas
e podem ser utilizadas para a construção de índices ou relações como medidas da densidade do
povoamento. Uma destas medidas é o Índice de Densidade do povoamento de Reinecke (IDR).
Reinecke (1933) propôs uma medida da densidade para povoamentos puros e equiâneos
independente da idade e da qualidade de sítio. Tal proposta baseou-se na observação empírica de
que, para um determinada espécie florestal, a relação entre o número de arvores por unidade de área
e o diâmetro quadrático médio dg de quaisquer povoamentos super estocados dispõem-se em uma
linha reta, quando plotada em um gráfico log-log (Figura 8). A equação desta reta mostrou que para
um grande número de espécies ela possui a mesma inclinação de –1,605, sendo sua expressão a
seguinte:
onde:
N = número de árvores por unidade de área;
dg = diâmetro quadrático médio do povoamento; e,
k = constante que mede a elevação da curva para cada espécie.
O índice IDR é expresso como o número de árvores por unidade de área que possuem um
determinado dg. Em geral, no Sistema Internacional de medidas o diâmetro dg utilizado para realizar
as comparações é de 25 cm, decorrente da conversão do valor original de 10“, e a equação que
permite obter o índice IDR a partir dos dados de qualquer povoamento é dada a seguir:
1,605
dg
IDR N
(Eq. 3)
25
2173ral
Número de árvores por hectare [1/ha]
1927ral
1902ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral
dg - Diâmetro quadrático médio [cm]
Figura 8: Curva de referência para a densidade máxima (IDR = 1800) e curvas para densidades
inferiores obtidas como proporções da densidade máxima (IDR = 541, 180, 90, 45). Os
pontos () localizados na reta vertical tracejada correspondente ao dg de 25 cm indicam os
valores do IDR de cada uma das linhas de iso-densidade (Adaptado de Daniel et al. 1982).
A grande utilidade do IDR é sua independência da idade e do sítio, aliada à vantagem de que
os necessários para sua obtenção, i.é. número de árvores por unidade de área e o diâmetro
quadrático médio dg, são de fácil obtenção.
A utilização do índice IDR no manejo florestal exige o conhecimento prévio das curvas
correspondentes às espécies analisadas. Neste sentido é preciso conhecer a localização da curva
máxima biológica da espécie, e principalmente das curvas de densidades máxima e mínima
desejadas, compatíveis com os objetivos do manejo florestal.
Pode-se observar na Figura 8 que cada uma das retas corresponde a uma densidade única,
indicando que todos os povoamentos cujo par densidade-dg se localize sobre a mesma reta, possuem
a mesma densidade do povoamento. A curva de densidade máxima observada (IDR = 1800) é
característica da espécie considerada, e não pode ser comparada com outras espécies, dado que um
mesmo par densidade-dg pode representar uma densidade alta para uma espécie, e baixa para
outra(s) espécie(s).
O índice de densidade desenvolvido por Drew e Flewlling (1979, citados por Davis e Johnson,
1987) é similar ao IDR mas leva em consideração, adicionalmente, o fato de que o crescimento em
volume de uma árvore está relacionado com sua altura tanto quanto com seu diâmetro. Estes autores
observaram, independentemente da qualidade de sítio, uma relação consistente o máximo volume
individual médio e o número de árvores por hectare em povoamentos naturais. O índice proposto
baseia-se nestes conceitos, e pode ser definido como segue:
Dado que o volume é função tanto do diâmetro quanto da altura, através de uma série de
transformações a densidade, o diâmetro, a altura e o crescimento do povoamento podem ser
vinculados no que os autores denominaram diagrama de manejo de densidades, o qual deve ser
construído para uma espécie em particular.
Uma medida da densidade desenvolvida por Krajicek et al. (1961) representa a porcentagem
de uma determinada área que é coberta pela projeção vertical das copas que nela se desenvolvem.
Ela é calculada em três passos:
1) Associar o diâmetro da copa (DC) de árvores de crescimento aberto com o respectivo DAP;
2) Calcular a máxima área de copa (MAC) em metros quadrados, para cada árvore em um
hectare do povoamento analisado, como se todas as árvores tivessem crescimento aberto; e,
3) Somar a máxima área de copa de todas as árvores representativas de um hectare do
povoamento, dividir por 10.000 m 2, e multiplicar por 100. O valor obtido expressa, em
porcentagem, o Fator de Competição de Copas (FCC).
Assumindo uma relação linear entre o diâmetro de copa (DC) das árvores de crescimento
aberto e seu diâmetro (DAP), podem ser escritas as equações que representam estes três passos:
MACi DCi 2
2
(Eq. 6)
N 100
FCC MAC i
10.000
(Eq. 7)
i 1
Um povoamento pode ter um FCC superior a 100% se ele possui um elevado número de
árvores por hectare e suas copas apresentam superposição. Isto se deve ao fato de que o FCC
assume que todas as árvores possuem uma copa equivalente a árvores com crescimento aberto,
para um determinado diâmetro. Na realidade, a competição reduz o tamanho das copas de todas as
árvores do povoamento, com a eventual exceção das maiores dominantes. O FCC é utilizado no
modelo PROGNOSIS, o qual será discutido mais adiante.
237,00
Volume da árvore média Vi 0,9012 m3
263
20,10
Área basal da árvore média g 0,0764 m²
263
Tabela 3: Cálculo de várias medidas de densidade para uma povoamento representando um hectare.
A razão espaçamento-diâmetro. Como uma regra prática de campo, por vezes é conveniente
expressar o espaçamento diretamente como uma razão do diâmetro. Desta maneira, o espaçamento
médio em um arranjo quadrado pode ser relacionado com a área basal e com o diâmetro médio do
povoamento a partir das seguintes equações:
D2 G 40.000
G N N (Eq. 8)
40.000 D2
10.000 10.000
espq N (Eq. 9)
N espq2
espq espq
C espq C D D (Eq. 10)
D C
onde:
G = área basal do povoamento em m 2 ha-1;
N = densidade do povoamento em árv. ha-1;
D = diâmetro médio do povoamento em cm;
espq = espaçamento das arvores em metros em um arranjo quadrado; e,
C = razão entre o espaçamento [m] e o diâmetro [cm] (adimensional).
Y f (S , I )
onde Y = produção por hectare de povoamentos equiâneos de Pinus taeda, em metros cúbicos
S = índice de sítio aos 15 anos de idade, em metros
I = idade após o plantio, em anos
é uma equação implícita. Ela indica que a produção depende de ou está relacionada com a qualidade
do sítio e com a idade. Esta equação não sugere nenhum valor numérico para a variável Y dados
valores para as variáveis S e I.
A equação se torne explícita quando esta relação é especificada. Uma equação de produção,
escrita explicitamente, é
Y S[ I 0,07( I 20)]
a qual nos informa exatamente qual a produção para uma qualidade de sítio e idade dados.
CT c1 x1 c2 x2
Esta última equação é dita ser linear por estarem todas suas variáveis elevadas à primeira
potência, e a taxa de variação da variável dependente está linearmente relacionada com as variações
das variáveis independentes. Se a variável dependente é plotada contra qualquer uma das variáveis
independentes, uma linha reta é o resultado.
As equações são não lineares quando os expoentes de pelo menos uma das variáveis
independentes é diferente de 1, ou quando ocorrem duas ou mais variáveis independentes no mesmo
termo da equação. Alguns exemplos de equações não lineares são dados a seguir:
R 100Q 0,25Q 2
Y c1 x1 c2 x24
TC c1 x1 c 2 ( x1 x2 ) c3 x2
Alguns autores (Draper e Smith, 1982; Pimentel Gomes, 1992) utilizam como critério de
classificação das equações lineares e não lineares os parâmetros das mesmas. Desta maneira, uma
equação é dita ser não linear se e somente se algum de seus parâmetros (a, b, c, ou b0, b1, b2)
aparece como expoente em algum termo da equação. Os seguintes exemplo ilustram esta situação:
Y aX b Equação multiplicativa
S 1 e b3ti b1S 2
b
sendo que a equação do polinômio de segundo grau Y a bx cx pode ser considerada como
2
uma equação linear nos parâmetros, apesar de possuir uma de suas variáveis independentes
elevada ao quadrado. O critério empregado por estes autores baseia-se no método de regressão que
pode ser empregado na resolução das equações. O método clássico dos mínimos quadrados (MMC)
permite ajustar equações lineares de primeiro, segundo, e demais graus. Já as expressões dadas
acima requerem de um método não linear, como por exemplo o Algoritmo de Marquardt, para sua
resolução, a menos que a expressão possa ser linearizada e resolvida pelo MMC, como é o caso da
equação multiplicativa.
A classificação dos modelos de crescimento e produção pode ser realizada com diversos
critérios e finalidades, mas muitos autores (Davis e Johnson, 1987; Clutter et al., 1983; Vanclay,
1994; Sanquetta, 1996) concordam em separar os seguintes grupos de modelos:
1) modelos para o povoamento como um todo;
2) modelos por classes de tamanhos; e,
3) modelos para árvores individuais.
onde:
D1 = densidade atual do povoamento
D2 = densidade do povoamento ao término do período de crescimento
i = classe diamétrica
f (di)1 = função atual de distribuição diamétrica
f (di)2 = função de distribuição diamétrica ao término do período de crescimento
Alguns autores vão ainda além e reconhecem algumas categorias adicionais para a
classificação dos modelos, como as descritas a seguir:
4 DESBASTES
1. fatores genéticos;
2. qualidade de sítio; e,
3. tratamentos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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