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Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia Mecânica

Relatório de Estágio em Engenharia Mecânica

por

Marcos Bassani Rech

Tutor: Prof. Drª. Thamy Cristina Hayashi


Ass.:______________________________

Coordenador: Prof. Dr. Fernando Marcelo Pereira


Ass.:________________________________

Supervisor: Engº. Guilherme Garcez Cabral


Ass.:_________________________________

Porto Alegre, dia, mês e ano.


ÍNDICE

Deverá listar, a partir da página 1, todos os capítulos, subcapítulos e apêndices do


Trabalho. Exemplo:

Pág.

1 Caracterização da Empresa............................................................................... 01
2 Atividades Desenvolvidas.................................................................................... 10
3 Apreciação sobre o Estágio ................................................................................ . 27
4 Referências Bibliográficas................................................................................ .36
Anexos........................................................................................................................ 37
Apêndice...................................................................................................................... 40
1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A SULGÁS – Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul é a empresa


responsável pela distribuição de gás natural canalizado no estado. A SULGÁS foi criada no ano
de 1993, sendo uma empresa de economia mista. Neste caso, 51% das ações da empresa
pertencem ao Estado do Rio Grande do Sul enquanto que os 49% restantes pertencem à
GASPETRO – Petrobras Gás S/A. Inicialmente, a empresa comercializava e distribuía gás de
processo de indústrias da região metropolitana de Porto Alegre. Com a conclusão do Gasoduto
Bolívia – Brasil (GasBol), a empresa passou a comercializar e distribuir gás natural Boliviano.
A SULGÁS tem como missão promover o crescimento do mercado de gás natural,
buscando soluções para todas as suas aplicações, atuando de forma segura e rentável,
contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do estado. A visão da empresa é ser
reconhecida como uma empresa de referência no mercado brasileiro de gás natural.
A sede da empresa, onde o estagiário atua, fica localizada na Rua 7 de setembro,
número 1069, quinto e décimo andares, no centro histórico de Porto Alegre. Na figura 1.1
abaixo é possível ver um mapa com a localização da empresa.

Figura 1.1: Localização da sede da SULGÁS no centro de Porto Alegre

Além da sede de Porto Alegre, a SULGÁS também tem um centro de operações que fica
localizado na Rua Boqueirão, número 2752, Bairro Igara, na cidade de Canoas / RS. A figura
1.2 abaixo mostra a localização do centro de operações em canoas.

Figura 1.2: Localização do centro de operações da SULGÁS em Canoas


O centro de operações é responsável pela operação e manutenção dos City Gates que
recebem o gás natural da TBG – Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia Brasil S/A. Para a
região metropolitana de Porto Alegre, existem dois City Gates. Um localizado em Canoas
(CG1) e outro localizado em Cachoeirinha (CG2). Juntos, eles formam um anel que abastece à
toda a região metropolitana de Porto Alegre. Na figura 1.3 abaixo está apresentado o City Gate
1, localizado em Canoas / RS.

Figura 1.3: City Gate 1, em Canoas. Técnicos realizando a manutenção


das válvulas e filtros.

A SULGÁS tem como missão promover o crescimento do mercado de gás natural,


buscando soluções para todas as suas aplicações, atuando de forma segura e rentável,
contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do estado. A visão da empresa é ser
reconhecida como uma empresa de referência no mercado brasileiro de gás natural.
Atualmente, a SULGÁS comercializa cerca de 1,9 milhões de m3/dia de gás natural,
sendo que os clientes da empresa são formados por 103 indústrias, 207 estabelecimentos
comerciais, 78 postos de GNV, 4113 residências e dois projetos de cogeração. No total, são
530 km de rede. São atendidos 36 municípios, sendo 21 deles abastecidos com GNC (Gás
Natural Comprimido). O GNC é comprimido em cilindros e transportado por via rodoviária. Na
figura 1.4 abaixo está apresentado o mapa da rede de distribuição da SULGÁS na região
metropolitana de Porto Alegre.

Figura 1.4: Rede da SULGÁS na região metropolitana de


Porto Alegre
Na figura acima é possível visualizar parte do Gasoduto Bolívia – Brasil, representado
pela linha verde musgo. As linhas em vermelho representam a canalização de distribuição em
aço, enquanto que as demais linhas representam a canalização em PEAD (Polietileno de Alta
Densidade). A SULGÁS está modernizando a rede de distribuição para diminuir assim as
operações de manutenção e garantir o abastecimento de toda a região.

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
No período em que o estágio foi realizado, as primeiras atividades realizadas basearam-
se em visitas aos diversos setores que compõem a empresa para que o estagiário ficasse
integrado aos procedimentos da empresa. Foram apresentadas as áreas do setor comercial
para a indústria, setor comercial para residências, setor jurídico, setor de engenharia e o setor
de qualidade, setor de qualidade e meio ambiente.
O setor de atuação no período de estágio foi a Coordenadoria de Novos Negócios e
Aplicações para o gás natural - CONEG. Este setor, como o nome sugere, é responsável pela
viabilização técnico econômica de aplicações para o gás natural. Os principais projetos ali
desenvolvidos são relativos à geração de energia em horário de ponta, em postos de
combustíveis e em indústrias, além de projetos como cogeração, balonismo à gás natural, gás
natural para o aeromóvel do Aeroporto Internacional Salgado Filho e o Projeto GNVERDE no
qual se busca a purificação de biogás proveniente de aterro sanitário.

2.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS – PROJETO GNVERDE

A principal atividade realizada pelo estagiário durante o período de estágio foi o


acompanhamento técnico da operação de uma planta piloto do Projeto GNVERDE. Como já foi
citado anteriormente, o objetivo deste projeto é a purificação experimental de biogás
proveniente de um aterro sanitário. Com o biogás purificado, a SULGÁS pretende abastecer e
avaliar o desempenho três automóveis convertidos para o uso do gás natural veicular. Mais
adiante, será apresentada uma sessão sobre o biogás e suas possibilidades de utilização. Este
projeto está sendo realizado através de uma parceria entre a SULGÁS e a SIL Soluções
Ambientais. A SIL é uma empresa do Grupo Copelmi, responsável pela mineração de carvão
mineral em Minas do Leão.
O aterro sanitário da SIL foi construído dentro de uma antiga cratera onde havia uma
jazida de carvão mineral, dentro das dependências da mineradora Copelmi em Minas do Leão.
Este aterro foi construído sobre padrões internacionais, sendo respeitadas todas as etapas de
impermeabilização para que o local pudesse receber os resíduos sólidos provenientes das
cidades da região metropolitana de Porto Alegre e também de algumas cidades do interior do
estado. Cerca de 1/3 do lixo do estado vai para este aterro sanitário.
Este aterro sanitário gera o biogás. Porém, a SIL, até então, apenas tinha como
compromisso garantir a destruição do metano e outros gases combustíveis presentes neste
biogás canalizando o mesmo até uma planta de queima instalada no aterro. Isto é necessário
dado o fato de que, o metano, por exemplo, é cerca de vinte e uma vezes mais agressivo ao
meio ambiente do que o CO2. Na figura 2.1, abaixo é apresentada uma fotografia da
canalização que conduz o biogás para a tubulação principal da planta de queima do aterro
sanitário. Logo após, na figura 2.2 é apresentada uma outra fotografia que dá uma visão geral
da planta de queima do aterro sanitário.
Figura 2.1: Canalização do biogás para a canalização
principal da planta de queima

Figura 2.2: Visão geral da planta de queima.

Nesta última figura é possível ver a canalização principal que conduz o biogás até o flaire
(torre ao fundo) onde o metano contido no biogás é destruído.
Contudo, como se sabe, o metano representa cerca de 40% a 50% deste biogás. Ou
seja, é uma grande quantidade de combustível que é simplesmente queimada sem nenhum
aproveitamento. Atualmente, o aterro sanitário gera cerca de 5000 Nm 3/h de biogás contendo a
faixa de teor de metano citada anteriormente. Como exemplo, se todo o biogás gerado tivesse
pelo menos 40% de metano, são cerca de 2000 Nm3/h que são destruídos sem nenhum
aproveitamento térmico desta energia. Para a ideia do GNVERDE, a SULGÁS já havia enviado
uma equipe de técnicos, juntamente com uma equipe da SIL para a Alemanha, onde foram
visitadas plantas de biogás, presentes já há bastante tempo naquele país.
Para realizar o projeto no aterro sanitário, foi contratada uma empresa nacional de
purificação de biogás. Esta empresa projetou e instalou os equipamentos necessários à
purificação em uma planta piloto construída próximo à planta de queima do aterro. Para
abastecer a planta, foi feita uma ramificação na tubulação principal da planta de queima do
aterro sanitário. Esta tubulação não exige sistema de compressão para enviar o gás à planta
piloto, dado que a pressão à qual o gás está submetido na ramificação é cerca de 6 kPa. Na
figura 2.3 abaixo, é possível visualizar a planta piloto de purificação de biogás. Na figura 2.4 é
possível visualizar a ramificação que abastece a planta piloto.
Figura 2.3: Planta piloto de purificação de biogás

Figura 2.4: Ramificação de fornecimento de biogás

A ideia de volume de purificação para o projeto é de que, pela tubulação acima passem
40 Nm3/h de biogás, e que no final do processo de purificação saiam 13 Nm 3/h de biogás
purificado.
Para se poder utilizar o biogás purificado como combustível, é necessário atender às
especificações técnicas para este combustível. Como é um projeto pioneiro no país e não há
nenhuma norma sobre qual deve ser a composição do biogás purificado, procurou-se pela
especificação técnica da Agência Nacional do Petróleo – ANP para o gás natural. Neste caso,
aplica-se a Resolução ANP Nº 16, de 17 de junho de 2008. Ela específica os teores mínimos e
máximos dos constituintes do gás natural. A tabela 2.1 a seguir apresenta, resumidamente,
quais os limites para os componentes do gás natural, para a região sul do Brasil. O
entendimento e interpretação dos dados desta tabela, bem como os cálculos de alguns
parâmetros
Tabela 2.1: Especificação do gás natural para a região Sul do Brasil,
conforme resolução ANP Nº 16 de 17.06.2008

Característica Unidade Limite Método


NBR ASTM D ISO
3
Poder Calorífico Superior kJ/m 35000 a 43000 15213 3588 6976
kWh/m3 9,72 a 11,94
Índice de Wobbe kJ/m3 46500 a 53500 15213 - 6976
Número de Metano, mín. - 65 - - 15403
Metano, mínimo % mol. 85,0 14903 1945 6974
Etano, máximo % mol. 12,0 14903 1945 6974
Propano, máximo % mol. 6,0 14903 1945 6974
Butanos e mais pesados, máx. % mol. 3,0 14903 1945 6974
Oxigênio, máximo % mol. 0,5 14903 1945 6974
Inertes (N2 + CO2), máx. % mol. 6,0 14903 1945 6974
CO2, máximo % mol. 3,0 14903 1945 6974
Enxofre total, máximo mg / m3 70 - 5504 6326-3
Gás Sulfídrico (H2S), máx. mg / m3 10 - 5504 6326-3
Ponto de Orvalho de água a
ºC -45 - 5454 6327
1atm, máximo
Ponto de Orvalho de
Hidrocarbonetos a 4,5 Mpa, ºC 0 - - 6570
máximo.
Mercúrio, máximo µg / m3 - - - 6978-1

As informações contidas nesta tabela são válidas para 293,15 K (20ºC) e 101,325 kPa
(1atm), exceto os pontos de orvalho de hidrocarbonetos e de água.
Esta tabela pode ser utilizada baseando-se no fato de que o principal constituinte do gás
natural é o metano, assim como é também o principal combustível presente no biogás. Quanto
aos outros constituintes, para saber se o biogás disponível no aterro sanitário de Minas do
Leão poderia ser utilizado na planta piloto, foi coletada uma amostra deste biogás bruto e esta
foi enviada ao Centro de Tecnologias do Gás Natural e Energias Renováveis – CTGÁS ER –
que fica localizado na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. A amostra foi analisada por
cromatografia gasosa. A pressão de amostragem foi de 3 bar, a 47,6ºC.
O resultado da análise apontou que o biogás bruto contém cerca de 44,06 % de metano.
17,99% de nitrogênio, 0,94% de hidrogênio, 3,37% de Oxigênio e 33,63% de dióxido de
carbono. Quanto ao gás sulfídrico, a análise indicou 0,00 mg / m3, fazendo lembrar que este
valor é apontado quando a quantidade desse gás está abaixo da escala inferior do instrumento
de medida. Além disto, também foi verificado que a densidade do gás do aterro é cerca de
1,167 kg / m3, sendo a densidade relativa 0,969 e o peso molecular como sendo 28,01 g / mol.
Quanto a outros constituintes que estão presentes na tabela acima, não foi detectado nenhum
deles na amostra analisada. Enfim, concluiu-se que o biogás gerado no aterro sanitário tem
plenas condições de ser purificado e utilizado como combustível.
Foi feita uma análise dos valores máximos de teores de O2, N2 e CO2 permitidos pela
tabela 2.1, sendo verificado que, se o teor máximo de O2 é 0,5%, o teor máximo de CO2 é 3,0
e o teor máximo de N2 é 3,0 (a soma de CO2 + N2 não pode ser maior que 6,0%), o biogás
purificado deve conter pelo menos 93,5% de metano. Para os cálculos, as propriedades do
metano foram consideradas a 293 K e 1atm, que são as mesmas condições dos valores
apresentados na tabela. Porém, foi verificado que, esta composição não atende às
especificações de PCS, Índice de Wobbe e Número de Metano (MON), calculadas com as
equações 2.1 para PCS, 2.2 para Índice de Wobbe e 2.3 para Número de Metano (MON),
apresentadas como ferramentas para cálculo na página da ANP.
𝑁

𝑃𝐶𝑆 = ∑ 𝑌𝑖 𝑃𝐶𝑆𝑖 (2.1)


𝑖=1

Onde 𝑌𝑖 é a fração mássica de cada componente combustível e 𝑃𝐶𝑆𝑖 é o Poder Calorífico


Superior para cada componente combustível. Neste caso, o único componente combustível é o
metano.

𝑃𝐶𝑆
𝑊𝑜 = (2.2)
√𝑑

Onde 𝑑 é a relação entre a densidade do gás analisado e a densidade do ar.

Para saber qual deveria ser uma composição que pudesse atender à especificações,
algumas possíveis composições começaram a ser estimadas e testadas até os valores
especificados pela tabela da ANP fossem atingidos. Tomando por base 0,3% como teor de O2,
foi estimado que o biogás purificado poderia conter 1,128% de N2, 0,572% de CO2 e, pelo
menos 98% de CH4. Com estes números, e utilizando as propriedades dos gases à 293 K e
1atm, calculadas utilizando o software EES, foi verificado que o PCS do biogás purificado seria
de 35772,41 KJ/m3, o Índice de Wobbe seria 46695 KJ/m3
Estas todas são as especificações que o projeto teria de atender para que o biogás
purificado possa ser utilizado para fins de aplicação automotiva.
Feitas estas verificações, partiu-se para a fase de testes do sistema instalado. Então, o
Start-Up da planta de purificação foi feito em 10 / 08 / 2011. A seguir, é apresentado o sistema
de purificação, cujo funcionamento foi totalmente acompanhado pelo estagiário, como parte
das atividades relacionadas ao projeto.

2.1.1 O sistema de purificação

O sistema de purificação utilizado na planta piloto consiste de uma série de


equipamentos que realizam o processo de purificação do biogás. No caso o caminho percorrido
pelo biogás é apresentado a seguir, na sequência em que o processo ocorre, a partir da
entrada do biogás na planta.

1º Filtro Y;
2º Medidor de Vazão de Lóbulos;
3º Tanque de Dessulfuração;
4º Compressor para a purificação;
5º Trocador de Calor;
6º Filtro coalescente;
7º Secador por Refrigeração;
8º Filtro coalescente;
9º Sistema de Purificação;
10º Filtro coalescente;
11º Reservatório para armazenamento e odorização;
12º Compressor de alta pressão de 3 estágios;
13º Cestos de cilindros para armazenatmento;
14º Mangueira de Abastecimento;

O filtro em Y tem a função de reter partículas mais grosseiras que possam estar
presentes no biogás oriundo do aterro. Este filtro pode ser visualizado na figura 2.5 abaixo.
Figura 2.5: Filtro Y para remoção de partículas.

Prosseguindo, o biogás passa por um medidor de vazão de lóbulos. Este medidor de


vazão pode ser visto na figura 2.6 abaixo.

Figura 2.6: medidor de vazão de lóbulos

Este medidor é do tipo analógico, também conhecido como medidor Roots. Conforme
consta em Henn (2010), este medidor é classificado como uma máquina de fluxo de
deslocamento positivo . Para melhor entender o princípio de funcionamento deste medidor, na
figura 2.7 abaixo é possível visualizar como ocorre o deslocamento do fluido dentro do
medidor.

Figura 2.7: princípio de funcionamento do medidor de vazão de lóbulos


O gás que está chegando na entrada do medidor fica sempre isolado do gás que está na
saída. Com isto, uma variação de pressão muito pequena sobre o medidor faz com que os
rotores girem. O volume de gás que é carregado em cada câmara é conhecido, sendo que para
uma volta completa de ambos os rotores, terão passado quatro volumes iguais de gás pelo
medidor. A soma destes quatro volumes é o volume total de gás que passa pelo medidor por
revolução, sendo que este pode ser medido em ft3/rev ou em m3/rev.
Continuando em seu caminho, o gás passa por um tanque de dessulfuração. Este tanque
pode ser visualizado na figura 2.8 abaixo.

Figura 2.8: Tanque de dessulfuração para o biogás

Como já havia sido citado anteriormente, segundo a análise do biogás que foi realizada,
não foi detectada a presença de gás sulfídrico (H2S) ou outros compostos de enxofre no
biogás. Mas isto não significa que o biogás esteja livre de enxofre, dado o fato que o método de
medida utilizado indica como zero as quantidades que estão abaixo do limite de detecção do
mesmo. Sendo assim, optou-se pela instalação deste tanque que tem a função de remover
eventuais quantidades de H2S que possam estar presentes no biogás.
Para realizar o processo de remoção do H2S, o tanque foi preenchido com palha de aço,
para que esta formasse Óxido de Ferro, de maneira que quando o gás passa no interior do
tanque, ocorrem as reações 2.1 e 2.2 abaixo.

𝐹𝑒2 𝑂3 + 3𝐻2 𝑆 → 𝐹𝑒2 𝑆3 + 3𝐻2 𝑂 2.1

2𝐹𝑒2 (𝑂𝐻)3 + 3𝐻2 𝑆 → 𝐹𝑒2 𝑆3 + 6𝐻2 𝑂 2.2

Esta reação forma Sulfeto de Ferro diluído em água. Porém ocorre ainda mais uma
reação, onde tem-se a regeneração do Óxido de Ferro. Isto está explicitado na reação 2.3
abaixo.

2𝐹𝑒2 𝑆3 + 3𝑂2 → 2𝐹𝑒2 𝑂3 + 6𝑆 2.3

Ao final, o que antes entrou no tanque como H2S, sai agora como uma solução aquosa
de enxofre, que é separada do biogás por gravidade, no interior do próprio tanque. A
quantidade de efluente que foi gerada até então é muito pequena, tanto que não foi verificada a
necessidade de mensurá-la.
O biogás sai pelo topo do tanque para ser levado ao primeiro compressor que leva ao
sistema de purificação. No entanto, como foi verificado na análise do biogás, o teor de oxigênio
do biogás do aterro é cerca de 3,37%. Conforme consta em Coelho, 2007, o limite superior de
inflamabilidade do metano em ar conta com, no mínimo, 17,92% de oxigênio na mistura
combustível. Ou seja, com quantidades menores de oxigênio, como é o caso do biogás do
aterro, não deve haver risco de combustão do metano presente no biogás. Porém, conforme
Raisi, 2006, a composição do biogás de um aterro sanitário varia ao longo do ano, dependendo
da estação climática e da idade do aterro. Além disto, a vedação de um aterro sanitário de
grandes proporções é sempre mais difícil de ser garantida, sendo normal a presença de N2 e
O2 do ar atmosférico junto ao biogás. Por este fato, para que fosse evitado o risco de
explosões, foi colocado um sensor de oxigênio na linha do biogás, após este sair do tanque de
dessulfuração e antes da admissão do compressor. Este sensor emite um sinal elétrico
correspondente ao teor de oxigênio presente no biogás. Este sinal é lido e interpretado por um
CLP. Se o teor de Oxigênio ultrapassar 5,5%, o CLP desativa o compressor e a planta para de
funcionar e volta a ser acionada automaticamente quando o teor de Oxigênio retorna aos níveis
aceitáveis programados.
O compressor que comprime o gás e o envia ao sistema de purificação é um compressor
de dois estágios, que eleva a pressão do gás dos 6 kPa (pressão de entrada do gás na planta)
até 882,6 kPa. Este compressor pode ser visto na figura 2.9 abaixo.

Figura 2.9: Compressor para o sistema de purificação

O cárter deste compressor é mantido com pressão positiva, de maneira que não seja
permitida a sucção de ar através do mesmo para dentro do sistema de compressão.
A seguir, o biogás é enviado ao sistema de purificação, para que sejam removidos os
seus componentes indesejados, como, por exemplo, CO2, O2 e N2. Porém, o método de
remoção de impurezas utilizado não tolera umidade. Para remover qualquer teor de umidade
presente no gás, este passa por um secador por refrigeração. Este equipamento resfria o
biogás a tal ponto que a água presente no mesmo condensa e pode então ser removido. Há
ainda outro ponto que deve ser salientado. Este secador por refrigeração só trabalha bem com
gases até a temperatura de 50 ºC e, como o biogás é comprimido antes disto, a temperatura
deste pode ultrapassar este valor em dias de verão. Para isto, logo após a saída do
compressor, está instalado um pequeno trocador de calor, em forma de serpentina, junto ao
solo, para resfriar o biogás até uma temperatura adequada para a entrada do mesmo no
secador por refrigeração. Na figura 2.10 abaixo, segue uma imagem do trocador de calor e do
secador por refrigeração.
Figura 2.10: Trocador de calor por serpentina (esquerda);
Secador por refrigeração (direita)

Na figura acima é possível visualizar também, à direita e à esquerda do secador, os filtros


coalescentes, responsáveis pela remoção de quaisquer partículas sólidas que possam se
desprender dos equipamentos e serem carregadas junto com o escoamento de biogás e
prejudicarem, assim, o sistema de purificação.
Continuando o processo, o biogás chega ao sistema de purificação. O sistema adotado
para purificar o biogás é o Pressure Swing Adsorption – PSA (Adsorção por Troca de Pressão).
Na figura 2.11 abaixo, segue uma figura que mostra os leitos de purificação empregados.

Figura 2.11: Leitos de purificação por processo PSA

Conforme Cavenati, 2005 (página 69), o processo de adsorção pode ser definido como o
aumento da densidade do fluido na vizinhança da interface deste com um sólido poroso. Na
figura 2.12 abaixo é apresentado esquematicamente a adsorção de um fluido em um sólido
poroso.
Figura 2.12: Processo PSA

A adsorção neste processo depende da temperatura do gás, da pressão, da porosidade


do sólido, da área superficial do sólido e, secundariamente, da quantidade de líquido na
mistura de gases. Se houver grande quantidade de líquido deve ser considerada a tensão
superficial das partículas líquidas. Como, neste projeto, o biogás já havia sido secado
anteriormente à entrada no leito de adsorção a quantidade de líquido pode ser desconsiderada.
Ainda segundo Cavenati, 2005 (pgs 27 a 46), alguns adsorventes comuns são o carvão
ativado, a peneira molecular de carbono e zeólitos (compostos minerais naturais e sintéticos
compostos à base de Sódio, Alumina e Sílica).
Por motivos de sigilo, a empresa que é dona dos equipamentos do sistema de purificação
instalados na planta não revelou, em momento algum, qual o tipo de sólido adsorvente
utilizado. Porém, alegaram firmemente que, para que a purificação fosse assegurada, o
manuseio com o sólido só pode ser realizado mediante condições climáticas com baixa
umidade no ar. Assim, ficou justificada a necessidade do secador por refrigeração no processo.
O funcionamento do sistema de purificação ocorre basicamente da seguinte forma. O
biogás bruto entra pela parte inferior do leito, sendo que os cilindros não são todos preenchidos
de uma só vez. Após um cilindro completar o processo de purificação, o mesmo libera o biogás
purificado e sofre o processo de “lavagem”, que é a dessorção das impurezas contidas no
sólido. Enquanto esta “lavagem” ocorre outro cilindro, antes vazio, é então preenchido com
biogás para que este seja purificado. O controle de qual cilindro é preenchido primeiro, o tempo
de permanência e lavagem além de outros parâmetros é configurado pelo projetista do
sistema. Sendo assim, também por motivos de sigilo, estes dados não foram informados. A
entrada e saída do biogás no sistema são controladas por válvulas pneumáticas que são
acionadas pelo próprio biogás, através de uma tomada feita na tubulação que se encontra
antes da entrada dos leitos de purificação.
As impurezas retiradas são reenviadas à planta de queima do aterro sanitário. Este
sistema que está instalado na planta piloto permite um “recovery” de 72%, ou seja, 72% do
metano contido no biogás que entra no leito de purificação é aproveitado. O restante é perdido
junto com as impurezas.
Prosseguindo na linha da planta, o biogás passa então por outro filtro coalescente, para a
remoção de partículas que possam ter se soltado do sistema de purificação. Após, o biogás
passa por um medidor de vazão instantâneo do tipo rotâmetro. Este rotâmetro pode ser visto
na figura 2.13 abaixo.
Figura 2.13: rotâmetro

A função deste rotâmetro é permitir ao operador da planta verificar se o volume de gás


que está sendo purificado está dentro do projetado. Em seguida o biogás passa por um outro
medidor de vazão de lóbulos, igual ao mostrado na figura 2.6.
O biogás vai então para o reservatório, que tem funciona como um capacitor, onde é
odorizado para seguir para o sistema de compressão. O reservatório é mantido à pressão
manométrica de 1,0 kgf/cm2. Na figura 2.14 abaixo segue uma fotografia deste reservatório
enquanto que na figura 2.15 é apresentado o sistema de odorização instalado no topo do
cilindro.

Figura 2.14: reservatório para odorização


Figura 2.15: Dispositivo para odorização do biogás purificado

O dispositivo de odorização acima consiste de um pequeno reservatório da substância


odorizante, preso no olhal á direita, e de uma válvula de esfera, no topo do reservatório de
biogás. A substância odorizante utilizada é a mercaptana, que é a mesma utilizada para
odorizar o gás natural comercializado pela SULGÁS. Este dispositivo dispensa qualquer tipo de
fonte de energia dado o fato de que a mercaptana, que possui ponto de vaporização de 6ºC, é
gotejada no biogás, que normalmente está bem acima desta temperatura.
Neste reservatório encontram-se ainda as tomadas de coleta de amostra de biogás
purificado para análise dos constituintes presentes neste biogás. Na figura 2.16 abaixo é
possível visualizar a tomada para a realização das coletas.

Figura 2.16: Tomada para coleta de amostras

Mais adiante será apresentada uma seção que descreve o procedimento de coleta de
amostra, sendo esta uma função prevista dentro da atividade de acompanhamento do projeto
que foi realizada pelo estagiário durante o período.
Como foi citado anteriormente, pretende-se utilizar o biogás purificado como combustível.
A ideia é utilizálo em veículos convertidos para o uso de gás natural e verificar o desempenho
dos mesmos. Porém, para isto, entende-se que, primeiramente, é necessário atender às
especificações que a Agência Nacional do Petróleo impõe para o gás natural. Portanto, o
biogás que está sendo purificado nesta planta piloto retorna à planta de queima para que o
metano seja destruído juntamente com o biogás bruto do aterro, pelo menos até que se atinja a
especificação apresentada na tabela 2.1. Na figura 2.17, abaixo, é mostrada a tubulação do
reservatório que leva o biogás purificado de volta ao aterro sanitário.
Figura 2.17: Tubulação de retorno do biogás purificado
à planta de queima do aterro.

Esta tubulação leva o biogás a uma outra tubulação de maior diâmetro que também
recebe as impurezas retiradas do biogás e leva tudo à planta de queima.
Não é possível notar na imagem acima, mas a parte circulada em vermelho é uma
válvula de esfera. Esta válvula tem duas funções. A primeira é manter a pressão no cilindro,
sendo que a válvula é aberta até que a pressão estabilize em 1,0 kgf/cm2. Esta regulagem é
feita manualmente pelo operador da planta. A segunda função é fechar o reservatório para que
a pressão no interior do mesmo aumente aos níveis necessários para realizar a coleta de
biogás purificado para análise de constituintes e compostos de enxofre. O procedimento de
coleta será apresentado na sessão a seguir, tendo em vista que a amostragem de biogás para
análise também é uma das atividades que também foi realizada no processo de
acompanhamento do projeto.

2.1.2 Coleta de biogás purificado para análise

Para que o biogás purificado possa ser caracterizado são necessárias análises dos seus
constituintes. Para realizar estas análises, a SULGÁS firmou parceria com o Centro de
Tecnologias do Gás e Energias Renováveis – CTGÁS ER – que fica localizado na cidade de
Natal, RN. Para cada análise devem ser coletadas duas amostras. Uma delas é para
caracterizar os constituintes do biogás purificado, tais como de Nitrogênio, Dióxido de Carbono,
Metano, Etano, Propano, I-Butano, N-Butano, I-Pentano, N-Pentano, Hexano e Superiores
(C6+). A outra amostra é para detectar a presença de compostos de enxofre, como Sulfeto de
Hidrogênio, Etil Mercaptana, Terc Butil Mercaptana (TBM), Isso Propil Mercaptana (IPM),
Normal Propil Mercaptana (THT).
Os cilindros utilizados para coletar as amostras são de aço inox, porém o cilindro
destinado à coleta de biogás para detecção de compostos de enxofre é feito de uma liga que
não reage com enxofre. Se esta medida não fosse tomada, o enxofre e seus compostos
presentes no biogás poderiam reagir com as paredes do cilindro amostrador e os resultados
seriam mascarados.
Para que se entenda o procedimento de amostragem o cilindro para coleta de biogás
purificado para análise de constituintes e o cilindro para coleta de biogás purificado para
detecção de compostos de enxofre são apresentados, respectivamente, nas figuras 2.18 e
2.19, abaixo.
Figura 2.18: Cilindro para coleta de biogás para
análise de constituintes

Figura 2.19: Cilindro para coleta de biogás para


detecção de compostos de enxofre

O cilindro da figura 2.18 tem capacidade de 1 litro enquanto que o cilindro da figura 2.19
tem capacidade 0,5 litro. Circulado em azul, em ambas as figuras, estão as válvulas dos
cilindros para realizar a amostragem.
Para coletar o biogás purificado para caracterização dos constituintes, o cilindro
apresentado na figura 2.19 deve primeiramente ter uma de suas extremidades rosqueada na
tomada de coletas do reservatório, apresentada e circulada em vermelho na figura 2.16. em
seguida as duas válvulas do cilindro (circuladas em azul na figura 2.18) devem ser abertas. Em
seguida abre-se a válvula da tomada de coleta de amostras e permite-se que o biogás
purificado passe pelo cilindro e saia para a atmosfera. Este procedimento é necessário para
que qualquer poeira que possa estar presente nos cilindros amostradores seja arrastada para
fora dos cilindros. Após 30 segundos, fecha-se a válvula do cilindro que libera o biogás
purificado para a atmosfera e aguarda-se até que a pressão no interior dos cilindros atinja os
valores mínimos exigidos pelo CTGÁS-ER.
Para a análise de constituintes, a pressão mínima no interior do cilindro de amostra da
figura 2.18 deve ser de 1,2 kgf/cm2. Esta é a pressão mínima que garante o volume necessário
de biogás para a análise. No caso das amostras para detecção de compostos de enxofre, a
pressão mínima deve ser de 4,8 kgf/cm2. Para que a pressão do biogás purificado seja
conhecida, é utilizado o manômetro da figura 2.16, bastando aguardar que a pressão no
reservatório atinja a pressão desejada no interior dos cilindros. Este procedimento é válido uma
vez que o cilindro e o reservatório são vasos comunicantes.
Para encerrar o procedimento de amostragem, devem ser fechadas a válvula do cilindro
à montante do corpo do mesmo e a válvula do reservatório. Por fim, os cilindros devem ser
identificados com a pressão de amostragem (que pode ser a mínima ou maior do que a
mínima), a temperatura do gás, no interior do reservatório, a data, a hora e o local de
amostragem.

2.1.3 Acompanhamento de dados operacionais

Para que se tivesse uma idéia da qualidade do biogás bruto que a planta capta e purifica,
foi fornecido ao operador dos equipamentos um aparelho medidor portátil, que pertence à
administradora do aterro, e que dá uma estimativa do teor dos constituintes do biogás. Este
aparelho pode ser visto na figura 2.20, abaixo. Foi pedido ao operador que ele registrasse os
dados lidos pelo aparelho em uma tabela e que a leitura de dados fosse feita algumas vezes
durante o dia.

Por figura do GEM 2000

Este aparelho mede o teor de Metano, o teor de Dióxido de Carbono, o teor de Oxigênio
e o teor de Nitrogênio presente no biogás bruto. Além disto, o aterro sanitário também dispõe
de uma pequena estação climática, que registra minuto a minuto as condições atmosféricas de
temperatura, umidade relativa, velocidade e direção do vento, etc. Sabendo que os principais
fatores de influência de um aterro, conforme Raisi, 2006, são temperatura e umidade relativa,
foi solicitado ao aterro que fornecesse os dados desta estação climática para que estes fossem
cruzados com os dados registrados pelo operador da planta. Assim foi possível ter uma idéia
da influência da temperatura e umidade relativas ambiente sobre o biogás bruto produzido.

Finalmente, outras atividades realizadas pelo estagiário sobre este projeto diziam
respeito a registros de falhas ocorridas durante a operação da planta. A única falha que
ocorreu até então e que exigiu a parada imediata da planta foi que ocorreu o descolamento da
tubulação que leva o biogás bruto do tanque de dessulfuração à admissão do compressor do
sistema de purificação, apresentado na figura 2.9. Este descolamento causou a aspiração de ar
atmosférico junto ao biogás, passando a existir alto risco de explosão. A planta foi então
desligada e o engenheiro responsável pela instalação dos equipamentos do sistema de
purificação foi acionado para solucionar o problema. Após este episódio, a planta voltou a
operar sem problemas

2.2 PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS – ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICO


ECONOMICA

Esta atividade baseia-se em verificar se é viável técnica e economicamente instalar um


gerador a gás natural em horário de ponta em indústrias e postos de combustíveis. Como a
análise para indústrias é muito complicada, devido ao fato de que normalmente grandes
empreendimentos terem contrato de demanda do tipo horo-sazonal azul com as
concessionárias, o estagiário não acompanhou ou realizou este tipo de análise.
Para postos de combustíveis, esta análise e mais simples e será explicada a seguir.
Primeiramente, para que se entenda melhor o caso são necessárias algumas
explicações. A começar a tarifa de consumo de energia elétrica, em contrato de demanda ou
convencional, para horário de ponta é mais cara que a tarifa em horário comercial. O horário de
ponta é um período de três horas, entre o final da tarde e as 22:00 horas, em que o consumo
de energia elétrica aumenta muito, motivando o aumento do custo da tarifa. No caso de
contrato convencional de demanda, a tarifa de consumo em horário de ponta é mais barata que
a tarifa de consumo em contrato de demanda do tipo horo-sazonal verde. Porém, fora do
horário de ponta ocorre o contrário. Sendo assim, a idéia de instalar um grupo gerador em
horário de ponta, para substituir a energia da concessionária, é muito boa para contratos de
demanda horo-sazonal verde, já que o gerador cobre o horário em que a tarifa é muito cara e
durante o dia, em que o gerador está desligado, a tarifa fica mais barata do que a tarifa
convencional.
Para prospectar a instalação de um grupo gerador em um posto, prefere-se
primeiramente analisar o caso dos postos que já comercializam GNV. Isto dá a viabilidade
técnica para o projeto, pois não há mais necessidade de levar a tubulação de gás até o posto,
dado o fato que ela já está lá.
Como segundo passo, solicita-se ao dono do posto uma cópia das ultimas contas de
energia elétrica do posto. Isto é importante para que seja verificada qual foi o consumo máximo
de energia que o posto teve durante o mês por um período de quinze minutos. Assim, se
estima qual é o pico de carga que o gerador deverá suprir. Conseqüentemente, já se sabe qual
a potência do gerador a instalar.
A partir dos dados de potência necessária, é estimado qual o volume de gás que o
gerador irá consumir durante um mês, funcionando três horas por dia, para cobrir o horário de
ponta e não consumir energia elétrica da rede neste horário. O cálculo de consumo é feito
considerando-se um gerador com eficiência global de 27% e fator de carga 0,97. Isto quer dizer
que está sendo prevista uma parada, de 3% do tempo de operação do gerador para
manutenção do mesmo. A partir deste volume de gás, calcula-se o custo de gás que o dono do
posto terá por mês. Este custo é somado aos custos de manutenção do gerador e ao custo de
consumo de energia da rede elétrica em horário fora de ponta. Estes valores são comparados
com os gastos antigos que o dono do posto tinha com energia elétrica e verifica-se a existência
de economia ou não. Em caso positivo, como é na maioria das vezes, estima-se que o dono do
posto utilizaria a economia mensal para quitar a aquisição do grupo gerador. A partir daí é
calculado o tempo de pay-back. Estes dados são todos colocados em um gráfico de colunas
que é apresentado ao dono do posto, para que ele verifique a economia mensal que pode ter
com um grupo gerador à gás natural. Para exemplificar, na figura 2.23 é possível visualizar um
gráfico construído para um case analisado.

30000

Economia mensal
25000
927
Financiemento do G.G. -
R$/mês
20000 8.688
Manutenção - R$/mês
12.374
15000 599
1.118 223 Combustivel GN -
Geração - R$/mês
3.197
10000 Consumo de E.E. - Ponta
- R$/mês

5000 10.657 10.133 Demanda de E.E -


F.Ponta - R$/mês
Consumo de E.E. -
0 F.Ponta - R$/mês
Sistema Atual - Geração Ponta
Convencional GN
Figura 2.23: Análise de case

Desta forma, com uma análise simples, é possível mostrar que pode ser mais econômico
utilizar a energia de um gerador à gás natural em horário de ponta do que simplesmente
consumir energia elétrica da rede elétrica. Além disto, como o gerador fica dentro do terreno do
posto de combustível, as perdas de energia em cabeamento e conexões são desprezíveis se
comparadas às perdas elétricas que ocorrem nas grandes redes de transmissão. Por fim, um
grupo gerador à gás natural é ecologicamente correto se comparado a um grupo gerador à
Diesel, cujas emissões de fuligem e material particulado são elevadíssimas.
2.2 DEMAIS ATIVIDADES REALIZADAS – ACOMPANHAMENTO DE CONVERSÃO DE
CONDOMÍNIO QUE UTILIZAVA GLP PARA O USO DE GÁS NATURAL

Assim como em postos de combustíveis, a SULGÁS também prospecta e converte


condomínios que utilizam GLP para o uso do gás natural. Esta atividade é desempenhada pelo
setor de mercado urbano da empresa. Como faz parte das atividade de integração do
estagiário à empresa o acompanhamento da execução de projetos de outros setores, será
dada uma breve explicação do procedimento de conversão dos condomínios para o uso de gás
natural.
Não será explicado aqui a parte de prospecção e cálculos econômicos realizados pelo
setor comercial, dado o fato de que o estagiário não acompanhou esta etapa do processo. Mas
partindo do ponto de que um condomínio quer passar a utilizar gás natural, a SULGÁS
primeiramente contrata uma empresa terceirizada para realizar os ajustes técnicos nos fogões
e aquecedores de cada residência. Estes ajustes consistem basicamente em trocar os injetores
dos fogões e aquecedores de água. Na figura 2.24, abaixo, segue uma imagem de um injetor
de fogão à gás.

Figura 2.24: Injetor de fogão à gás

A troca desta peça é necessária devido à diferença de poder calorífico existente entre o
gás natural e o GLP. No caso, o gás natural tem um poder calorífico menor do que o GLP,
sendo que, para que a mesma potência possa ser mantida, a vazão de gás natural deve ser
maior do que a vazão antiga de GLP. Isto pode ser verificado pela equação de potência de um
queimador, apresentada em Pereira, 2010, expressa nas equações 2.4 abaixo.

𝑆𝑟̇ = (𝐴𝑖 √2∆𝑝𝑖 )𝑊𝑜 (2.4)

Onde 𝑆𝑟̇ é a potência do queimador, 𝐴𝑖 é a área do injetor do queimador e 𝑊𝑜 é o Índice de


Wobbe, que pode ser calculado pela equação 2.2
Para que se tenha uma idéia da quantidade de ajustes necessários, segundo Pereira,
2010, analisa-se a semelhança entre o Índice de Wobbe do combustível novo e do combustível
substituído sendo que quanto mais semelhantes menos alterações são necessárias. No caso
do GLP para o gás natural, a relação 𝑊𝑜𝐺𝑁 /𝑊𝑜𝐺𝐿𝑃 vale, aproximadamente, 0,61. Isto, segundo
Pereira, 2010, indica que os combustíveis são pouco semelhantes, sendo necessários
pequenos ajustes, sejam no orifício do injetor ou na pressão de abastecimento.
No caso destas conversões a empresa terceirizada troca os injetores originais por outros
com furação de diâmetro maior. Em seguida são feitos os testes que são acompanhados pelos
engenheiros do setor de mercado urbano da SULGÁS. Basicamente, os bicos dos fogões e
aquecedores são acionados, verificando-se a coloração da chama e a sua estabilidade em fogo
baixo. Chamas azuladas indicam que a combustão está ocorrendo completamente, enquanto
que chamas amareladas indicam combustão incompleta. Exemplos destes dois tipos de
chamas podem ser vistos nas figuras 2.25 e 2.26, respectivamente abaixo.
Figura 2.25: Coloração de chama indicando
combustão completa

Figura 2.26: Coloração de chama


indicando combustão incompleta

Quando esta última chama ocorre, é sinônimo de excesso de vazão de combustível.


Sendo assim, troca-se o injetor por um de menor diâmetro, até que a chama fique adequada.
Quando a chama fica muito instável em fogo baixo, são realizados ajustes nas válvulas do
fogão ou aquecedor até que a chama fique estável em todas as faixas.
Para finalizar, é verificado juntamente ao dono da residência se a sensação de
aquecimento de água está confortável. Caso contrário, são realizados novos ajustes até que as
necessidades do morador sejam atendidas.
Após as conversões, o setor de mercado urbano fica à disposição para qualquer
reclamação ou aviso que os moradores das residências convertidas tenham a respeito do gás
natural.

2.3 DEMAIS ATIVIDADES REALIZADAS – ACOMPANHAMENTO DE MANUTENÇÃO DE


CITY GATE

3. APRECIAÇÃO SOBRE O ESTÁGIO

Ao final do período de estágio obrigatório, ressalta-se a importância que o mesmo teve


para o estagiário nos aspectos profissionais e pessoais, tanto de conhecimento como de
relacionamento.
Nos aspectos profissionais, foi possível a fixação e implementação dos conhecimentos
obtidos em sala de aula. Através das atividades realizadas, o estagiário pôde aplicar na prática
conhecimentos obtidos na universidade, principalmente na área de combustão. Além disto,
também foi possível adquirir novos conhecimentos na área do gás natural, sendo este um dos
principais ganhos durante o período de estágio. Como se sabe, o gás natural tem sido a
alternativa mais barata e ecológica de combustível para o setor industrial brasileiro. Além disto,
o consumo de gás natural deve crescer bastante nos próximos anos, dadas as novas
descobertas de poços, ocorridas na costa brasileira.
Além disto, como o principal projeto no qual o estagiário esteve envolvido, que foi a
utilização de biometano como combustível, é de caráter ecológico, e deve ser o carro chefe dos
recursos energéticos mundiais nos anos vindouros, dada a quantidade de projetos deste tipos
que estão espalhados pelo mundo. Participar de um projeto destes é muito gratificante já que o
mesmo contribui para o fomento das energias renováveis no Brasil.
Assimilar novos conhecimentos só foi possível graças à ótima base teórica obtida ao
longo dos anos de estudo na universidade. Esta base teórica muitas vezes foi ferramenta de
trabalho nas atividades desempenhadas durante o estágio, servindo de referência na tomada
de decisões.
Quanto ao professor Tutor, se mostrou à disposição para atendimento sempre que
necessário, fosse por correio eletrônico ou por atendimento em sua sala de trabalho. Quanto
ao Supervisor do estágio, foi um dos responsáveis diretos pelo grande aproveitamento obtido
no período de estágio dada a confiança que o mesmo depositou no estagiário ao lhe confiar
tarefas de todos os níveis de responsabilidade possível.
Por fim, o estágio propiciou também grandes ganhos nos aspectos pessoais, devido ao
contato que o mesmo teve com os funcionários dos outros setores da empresa. Para que uma
empresa tenha sucesso, o trabalho em equipe é fundamental. Compartilhar opiniões e
conhecimentos foi muito importante para o aproveitamento obtido no estágio. Porém, isto é
uma experiência que ocorre, em menor escala, em sala de aula, através da formação de
grupos de estudos e círculos de amizade que contribuem para o crescimento no âmbito do
convívio social.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Coelho, Pedro; Costa, Mario, Combustão. Lisboa, 1ª Edição, Edições Orion, capítulos 4
e 7, 2007;

Pereira, F. M. Combustão Industrial e uso Eficiente de Combustíveis. Apresentação,


DEMEC UFRGS, 2010;

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