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Futebol como conteúdo generificado: uma possibilidade para rediscutir as relações de

gênero

*Lda. em Educação Física – Unisuam/RJ


**Unisuam/RJ-PGCAF/Universo (Brasil)
Viviane Cristina Alves Pereira*
Prof. Dr. Fabiano Pries Devide**
vi.cris@globo.com

Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar o futebol como conteúdo de ensino generificado para
estimular a reflexão sobre as desigualdades de gênero na Educação Física Escolar. O presente
estudo tem caráter descritivo e bibliográfico. Através de uma reflexão sobre as relações entre
gênero, futebol, co-educação e Educação Física Escolar, observamos que o processo de transmissão
cultural das representações de gênero reforça os preconceitos, colaborando para que situações de
exclusão e desigualdades aconteçam nas aulas de Educação Física. O uso do futebol enquanto um
conteúdo generificado pode ser uma das vias para educar os discentes a lidarem com as diferenças
de gênero, o que poderá ser efetuado com a aplicação de uma prática pedagógica co-educativa e
crítica na EFe, levando-se em consideração o contexto histórico e social ao qual se insere essa
problemática.
Unitermos: Educação Física escolar. Futebol. Co-educação. Gênero.

Introdução

Nas aulas de Educação Física Escolar (EFe), assistimos a inúmeras divisões na participação entre
os sexos nas atividades propostas, além de, por vezes, os docentes reforçarem padrões
discriminatórios de comportamento em seu discurso e ação pedagógica. A escola, enquanto espaço
de construção de conhecimento, vem contribuindo para que perdure uma divisão sexista,
permitindo a transmissão de valores discriminatórios.
No contexto da EFe, o futebol é um universo cercado de valores sexistas, atrelado às
características fundamentais da corporalidade masculina – força, competitividade, agressividade e
domínio do espaço. A não participação feminina no futebol sempre esteve associada às dimensões
da perda da saúde, prejuízo à maternidade, razões estéticas e de feminilidade (FARIA JUNIOR,
1995).

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Nas aulas de EFe essas dimensões são evidenciadas quando a monocultura do futebol
transforma-se no principal, senão o único conteúdo de ensino para os meninos; enquanto às
meninas são oferecidos jogos e entre as modalidades esportivas, o vôlei (DARIDO, 2002). Desta
forma, a categoria de gênero deve ser considerada no espaço escolar para que se possa interpretar
as causas e conseqüências desse fato nas aulas de Educação Física, quando o docente ministra
conteúdos generificados, ou seja, interpretados como masculinos ou femininos.
Apesar de possuir uma grande participação feminina em sua torcida, o futebol ainda é
considerado uma área predominantemente masculina no Brasil (SOUZA, 1996). O valor ocupado
por homens e mulheres nas ideologias nacionalistas transmitidas pelo futebol brasileiro indica que
a construção da nação se utiliza das hierarquizações contidas nas relações entre gêneros para
estabelecer que “tipo de cidadania é pensada para cada sexo” (p.55). Portanto, o processo de
educação de homens e mulheres supõe uma construção social e corporal dos sujeitos, o que implica
- no processo de ensino-aprendizagem de valores - conhecimentos, posturas e movimentos
corporais considerados masculinos ou femininos (SOUSA; ALTMANN, 1999).
Assim, uma reflexão incisiva sobre essas questões se faz necessária para construirmos uma
escola embasada em valores de respeito, justiça e igualdade entre os gêneros, sobrepondo-se aos
preconceitos, desigualdades e injustiças presentes em nossa sociedade. Neste sentido, o presente
estudo se justifica, ao buscar discutir as relações de gênero na Educação Física Escolar a partir do
ensino do conteúdo futebol, através de uma proposta Co-educativa para Educação Física.
Diante dos argumentos apresentados, apresentamos o problema que norteia essa pesquisa: Quais
as contribuições do futebol, como conteúdo de ensino generificado, para a problematização das
desigualdades de gênero na Educação Física Escolar, numa ótica Co-educativa? O estudo tem como
objetivo geral apresentar o futebol como conteúdo de ensino generificado para estimular a reflexão
sobre as desigualdades de gênero na Educação Física Escolar. Como objetivos específicos, visa:
discutir as relações de gênero nas aulas de Educação Física; apresentar as características de uma
aula Co-educativa e analisar o futebol como um conteúdo de ensino generificado.

Metodologia

A presente pesquisa é de natureza qualitativa e descritiva (GIL, 2002), caracterizando-se por um


ensaio teórico, pois tem como objetivo a descrição das características de um fenômeno - no caso,

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o ensino de conteúdos generificados na EFe, com foco no futebol. Segundo Gil (2002), o presente
estudo corresponde à revisão bibliográfica. A base da pesquisa se consistiu no estudo de produção
acadêmica afim, tais como livros, artigos publicados em periódicos indexados, dissertações de
mestrado e teses de doutorado, o que possibilita o acesso e a manipulação de informações
relevantes para a reflexão sobre as relações entre gênero, futebol, Co-educação e Educação Física
Escolar.

Revisão de literatura
As relações de gênero nas aulas de Educação Física escolar

Gênero é interpretado neste ensaio como uma “[...] construção social do sexo. Ou seja, como
categoria analítica e política evidenciam que masculino e feminino são construções sociais e
históricas” (GOELLNER,2005, p.207). Historicamente ocorreu uma construção de conceitos
hegemônicos referentes à feminilidade e masculinidade, ou seja, comportamentos considerados
adequados foram estabelecidos para cada um dos sexos no transcorrer da história.
Os estudos sobre gênero na EFe começaram a se delinear no final da década de oitenta, com
pesquisas apoiadas teoricamente nos estudos sobre mulheres, que por sua vez, tiveram seu apoio
nos estudos desenvolvidos principalmente pela Antropologia e História, em décadas anteriores,
tratando do problema da estereotipia dos papéis sociais diferenciados para os sexos
(SARAIVA,2002).
Romero (1994), nos lembra que historicamente a Educação Física foi sempre discriminatória,
mantendo os papéis sexuais distintos e determinados, caracterizando comportamentos tipicamente
masculinos e femininos, a serviço da “ideologia sexista”. Essa história mostra que na aparência das
diferenças biológicas entre os sexos ocultaram-se relações de poder marcadas pela dominação
masculina que mantiveram a separação e a hierarquização entre homens e mulheres, mesmo após
a criação da escola mista, nas primeiras décadas deste século. Buscou-se manter a simbologia da
mulher como um ser dotado de fragilidade e emoções, e do homem como força e razão, por meio
das normas, dos objetos, do espaço físico e das técnicas do corpo e dos conteúdos de ensino, fossem
eles a ginástica, os jogos ou – e, sobretudo – os esportes (SOUSA; ALTMANN, 1999).
Tanto professores, como os alunos (as), sustentam as divisões de gênero nas aulas de EF
reforçando a feminilidade e a masculinidade como excludentes entre si. Desde a introdução dos

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esportes nas aulas de EFe brasileira, as meninas sempre foram tidas como frágeis e dóceis e os
meninos como seres dotados de força, dominação e poder. Aos homens era permitido qualquer
esporte e às meninas apenas as danças e a ginástica. O esporte e a dança, enquanto conteúdos da
EF, durante muito tempo adotaram/adotam instrumentos de diferenciação e hierarquização dos
sexos a partir de suas práticas.
A disciplinarização dos corpos também atravessa a formação das identidades de gênero, marcada
pelo predomínio de uma tradição biológica/tecnicista arraigada na história e nas práticas da
Educação Física. Essa tradição pode ser percebida nas práticas escolares na quais prevalecem a
prática desportiva e a divisão das atividades entre meninos e meninas. A aula de Educação Física,
desta forma, acaba fortalecendo padrões e estereótipos de gênero, produzindo sujeitos masculinos
e femininos (DINIS; LIMA, 2007).
Apesar das distinções de gênero permearem todas as instâncias escolares, é na educação física
que ela é salientada repetidamente. Pois ainda hoje, a partir de uma hierarquização social dos
corpos, consideram-se as meninas "naturalmente" mais frágeis do que os meninos, justificando,
assim atividades diferenciadas para as meninas. A partir dessa separação, considerada “natural”
por muitos docentes, são reforçados os estereótipos de gênero. Às meninas cabe jogar amarelinha,
realizar atividades ligadas à dança, entre outros, e, aos meninos, são permitidas atividades
esportivas mais “agressivas”, que desenvolvem e/ou liberam sua suposta agressividade.

Co-educação nas aulas de Educação Física escolar

A co-educação surge como possibilidade para o desvelamento de estereótipos, desigualdades e


diferenças que, na EF, estiveram essencialmente enraizados pelo discurso biologista que
fundamentou a área, principalmente relacionando à aptidão física e ao rendimento, situando a EF
como instância de reforço de uma socialização especifica para cada sexo (SARAIVA, 2005).
A co-educação considera a igualdade de oportunidades entre os gêneros, porém, é importante
destacar que a escola mista não possui o mesmo significado da escola co-educativa. Neste sentido,
para esclarecer os caminhos da co-educação em Educação Física, convém assinalarmos que esta
proposta não aborda a igualdade entre os sexos, e sim a eqüidade, tendo como objetivo, criar um
clima que permita o desenvolvimento integral: afetivo, social, intelectual, motor e psicológico, sem
o prejuízo em relação ao gênero, ou seja, uma escola para a formação do sexo feminino e do sexo

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masculino, que valorize as diferentes contribuições e habilidades independentemente do sexo
(COSTA; SILVA, 2002).
A escola mista é um meio e um pressuposto para haver co-educação, mas não é suficiente para
que esta ocorra. Em uma escola mista, a co-educação pode se desenvolver, mas isto não acontecerá
sem medidas guiadas por parte dos professores e o amparo de políticas públicas. Assim, escola
mista e co-educação são termos que podem ser diferenciados, apesar de serem utilizados como
sinônimos no cotidiano. A maneira pela qual a “mistura” entre meninos e meninas se impõe na
realidade escolar, sem objetivos definidos e sem reflexão pedagógica, pode influenciar na
construção e no reforço de relações de gênero desiguais na realidade escolar.
O docente precisa entender o que é e saber como trabalhar com aulas co-educativas, aceitando
trabalhar com meninos e meninas juntos. Freire (1989), um dos primeiros críticos desta separação,
afirma que um dos principais argumentos utilizados para a separação por sexo nas aulas de EF é
biologicista e frágil, referindo-se à superioridade dos meninos em termos de capacidades físicas e
habilidades motoras. O que para o autor só se justificaria se o objetivo da EF fosse o rendimento
físico.
Segundo Saraiva (2005), o cotidiano das aulas de EF ministradas nas redes de ensino particular
e pública, ainda hoje, é marcado por dificuldades e resistências à prática conjunta entre meninos e
meninas, tanto por parte dos alunos quanto dos professores. Darido (2005) nos lembra que são
inúmeras as diferenças no comportamento de meninas e meninos. Cabe ao educador o papel de
reconhecê-las e trabalhar para não transformá-las em desvantagens. Estar atento às questões de
gênero durante as aulas de EF é uma forma de ajudar os jovens a construírem relações com
eqüidade e respeito pelas diferenças, somando e complementando o que os homens e as mulheres
têm de melhor, compreendendo o outro e, com isso, aprendendo a ser pessoas mais solidárias.

O Futebol como conteúdo generificado: uma possibilidade para rediscutir as relações de


gênero
É notório que o universo do futebol caracteriza-se por ser desde sua origem, um espaço
eminentemente masculino. Esse espaço não é apenas esportivo, mas também sociocultural, os
valores nele atribuídos e dele derivados estabelecem limites que, embora nem sempre tão claros,
devem ser observados para perfeita manutenção da “ordem” ou da “lógica” que se atribui ao jogo
e que nele se espera ver confirmada. A entrada das mulheres nesse espaço subverteria tal ordem, e

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as reações daí decorrentes expressam muito bem as relações de gênero presentes em cada
sociedade. (FRANZINI, 2005). Sendo assim, em nossa cultura temos o reconhecimento de padrões
comportamentais de predominância masculina no futebol. Na história do esporte, identificamos
que essa atividade é símbolo de um imaginário de força e poder, se enquadrando como sendo de
característica masculina, portanto, as mulheres deveriam ser poupadas deste processo de
masculinização, não estando presente da mesma forma que os homens no mundo esportivo.
Historicamente, argumentos biológicos foram utilizados também para afastar as mulheres do
futebol. Ballariny (1940) apud Faria Júnior (1995), afirmou que o futebol era um esporte violento
e prejudicial ao corpo feminino, podendo causar danos permanentes aos órgãos reprodutores das
mulheres. Ballariny acreditava ainda, que a prática do futebol masculinizava o corpo das mulheres,
desenvolvendo pernas mais grossas, tornozelos rechonchudos e joelhos deformados. Outro falso
argumento utilizado para contra-indicar o futebol feminino foi a ocorrência de lesões mamárias
(FARIA JÚNIOR, 1995). À medida que os anos transcorreram, presenciamos algumas mudanças:
nas últimas décadas, o futebol passou a ser praticado por mulheres, tanto nos clubes quanto em
algumas escolas. Entretanto, não se pode considerar que, pelo fato das mulheres praticarem o
futebol, este tenham deixado de ser generificado.
Na Educação Física Escolar, enquanto o futebol constituía-se no principal, quando não o único,
conteúdo das aulas dos meninos, às meninas eram oferecidos jogos e brincadeiras infantis e entre
as modalidades esportivas podia-se encontrar o voleibol, o basquetebol e o handebol (DARIDO,
2002). Altmann (2002) mostra que, na escola, os meninos ocupam espaços mais amplos que as
meninas por meio do esporte, o qual está vinculado à imagem de uma masculinidade forte, violenta
e vitoriosa. Em seu estudo, a autora também observou que apesar de os meninos em média
participarem dos jogos mais do que as meninas, tanto quantitativas como qualitativamente, podia-
se notar meninas que tinham um nível de participação próximo ao dos meninos e vice-versa. A
autora sustenta que, mais do que uma exclusão de gênero – ou ao menos além dela – existe uma
exclusão por habilidade motora.
Romero (1994) entende que há diferenciação efetiva em termos de experiências de movimentos
vivenciados por meninos e meninas. Aos primeiros são permitidas e incentivadas brincadeiras mais
agressivas e livres: jogam bola nas ruas, soltam pipas, andam de bicicleta, rolam no chão em brigas
intermináveis, escalam muros e realizam muitas atividades que envolvem riscos e desafios. As

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meninas, por outro lado, são desencorajadas, e até mesmo proibidas, de praticarem essas
brincadeiras e atividades, o que tem resultado num quadro de desempenho motor diferenciado.
Portanto, o que podemos constatar é que por força do processo de transmissão cultural reforçam-
se os preconceitos, colaborando para que as meninas não tenham as mesmas experiências motoras
dos meninos, criando-se então uma cadeia de situações que leva à exclusão e à falta de motivação
por parte das mesmas quanto à prática da Educação Física.
Uma alternativa para tentar reverter este quadro seria, na fase anterior à iniciação esportiva, da
educação infantil e do primeiro segmento do ensino fundamental, oferecer para as meninas os
mesmos estímulos motores amplamente explorados pelos meninos, minimizando-se os efeitos
proporcionados pelo maior envolvimento dos meninos com diversas atividades que ocorre não só
na escola, mas em casa, na rua, no parque, no clube (DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2002).
Faria Júnior (1995) entende que a prática do futebol como desporto de equipe pode atuar como
meio eficaz de ensinar aos jovens a tolerância e aceitação das diferenças individuais e, para isto,
propõe uma série de procedimentos didáticos para os professores de Educação Física.

Sugestões didáticas para minimizar a hierarquia de gênero nas aulas de Educação Física
escolar
Dividir os alunos em grupos equilibrados em relação às habilidades motoras, força e velocidade, e
para os jogos, designar quem tem mais habilidade, força ou velocidade, para marcar quem é mais
habilidoso, forte ou veloz da outra equipe.
Modificar as regras de tal forma que dois sucessivos chutes a gol não possam ser dados por
jogadores do mesmo gênero. Cada tentativa a gol terá uma intervenção precedente do jogador de
outro gênero (o menino passa a bola e a menina tenta a finalização a gol, ou vice-versa).
Evitar situações como: relacionar as meninas por último, escolher apenas os meninos para fazer
demonstrações, designar apenas os meninos para capitães da equipe, dirigir atenções
preferencialmente a eles.
Evitar piadas e linguagem com conotações sexistas, por exemplo, marcação “homem-homem” em
jogo de mulheres. Utilizar estratégias de modelação, mostrando fotos e desempenho de jogadoras
de futebol. Altmann (1999), argumenta que ao criar regras específicas que possibilitem uma maior
participação feminina, pode quebrar a dinâmica do jogo, e as meninas podem ser "culpadas" por
isso. Modificar as regras do jogo pode representar, como lembra Louro (1997), uma forma de

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ajustar o jogo à “debilidade” feminina, mais uma vez consagrando-se a idéia de que o feminino é
um desvio construído a partir do masculino.
Portanto, o reconhecimento e a reflexão sobre as diferenças de habilidade motora entre os alunos
e as alunas permitem ao docente utilizar o esporte e outras práticas corporais como meios eficazes
de ensinar aos jovens a tolerância e a aceitação das diferenças individuais. Neste contexto, o uso
do futebol, enquanto um conteúdo generificado pode ser uma das vias para educar os discentes a
lidarem com as diferenças de gênero que desencadeiam uma prática de exclusão cotidiana nas aulas
de EFe, fazendo-os aceitarem e compreenderem como se constroem as diferenças, através de aulas
co-educativas, com a finalidade de que adotem práticas sociais menos discriminatórias.

Resultados e considerações finais


Por meio deste estudo, identificamos que as relações de gênero na Educação Física podem se
estruturar como uma relação produtiva, possível e necessária através de uma prática pedagógica
crítica e alicerçada em valores de respeito, justiça e igualdade entre os gêneros, sobrepondo-se aos
preconceitos, desigualdades e injustiças presentes em nossa sociedade. Percebemos a necessidade
de uma prática pedagógica crítica em relação ao gênero na Educação Física escolar, levando-se em
consideração o contexto histórico e social ao qual se insere essa problemática. A sociedade atual
prioriza valores de competitividade, exploração e exclusão e uma reflexão a esse respeito se faz
necessária para entender a forma com a qual o gênero se relaciona nesse contexto.
Portanto, é importante constatar que por força do processo de transmissão cultural reforçam-se
os preconceitos, colaborando para que situações de exclusão e desigualdades aconteçam nas aulas
de Educação Física. Nessa perspectiva, o futebol, não só permite a discussão sobre gênero como é
um meio para ensinar aos jovens a tolerância, a aceitação e o respeito pelas diferenças individuais,
ajudando na construção de relações de gênero com eqüidade, passando a ser palco de igualdades
de acesso para todos, a partir da compreensão de que as diferentes formas de jogá-lo não são
superiores ou inferiores, mas diferentes. Ao invés de palco de preconceitos, a aula de Educação
Física deverá ser uma nova via para que alunos e alunas compreendam como se constroem as
diferenças entre os sexos no que diz respeito às práticas corporais. Para tal, a Educação Física
escolar tem uma longa caminhada para a superação das desigualdades de gênero, a partir do
desenvolvimento de práticas pedagógicas mais democráticas.

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