Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1\
ra p az es e m oças
Der Ozea nf lu g
Radiol ehrstü ck {ü r Kria ben u nd À-'Lídc h e n
-_ ---------_
.
C;ER :\L
i
OS JO RN !\ IS AMERI CA N C}S t\ l\l PRLJDi; NC-I t\ oos
AVIADOR ES
É. ve rdad e) C01110 dize rn que
Ai\IÉRI C . ..\' (. IC.\t) IOJ -
"- ... vo cê lev av a
1
( )S i\ \f IA DO RES -M eu n o rn c n .io
T enho :2 5an os .
Me u ;lVÔ era su cco ,
Eu sou .une ric a no .
Colabor adores. E. r"Iaup rmann , K . \V eil1
l b}
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
.\1eu ap a re lho , f U l e u rnc srn o q U t;' escolh i.
Ag orJ anr o
Ek' J 21 0 k m p o r hu ra)
I-Iá vi n t.e a n o s o ho mem Blér ior
Seu n orne é ·' F:SL r.1[ r it ei .I , U 'I S " .
Foi homena geado porq ue
As f á bri c as de Ryan de San l) ie go Sob re v o o u 30 m ise r ávcis q u ilóme tr os
Co nsr r u ir a m-ri o em 60 d ias. Li
es t iv e D e ág ua salg:ld a.
f;() ri ; '1 oc ,· c, LlLL..
,.. ,U t·" / (", ·
1 . .
... ... H lê () j ( l a S (C1Ct'l, Eu ;1t L H ' l' SSO
N as cJ.n as tc r rcs
'-. t r ...es. c n u n .' ti I1 L b , .> .000 .
A rota d o meu v ôo .
V ÔO so z in ho .
r
l:l g ar
! j •
ue ou tro ho me m . le v o m a is g a so! w J com igo.
l:u voo num a p a relho se rn rá d io .
Eu vôo com a melhor bú sso la. D E NE \X' YORK JNT E R.R O C;A ()S N !', V [ C)')
) di as fi quei csp cr ari d o t em po , A CID/ \DE D EN E \X
/ 'y' O RK [)I() ;1
Mas os relatór ios d o s obse rva tor ios New Yo rk :
Não são bons e vâ o pi o ra r : Hoje de man há às 8 hOL1"l
N evoe iro sob re a c os r a e tern pesr ad e sobre o rna r. U In ho m em d e colo u d .iq u i
Mas ago ra rúio q u e r o rna is espera r. Sobrevoando as águas em direç ào
Agora cu VOlt c rn b a r c a r. Ao vosso continente.
E u arr isco.
Já es t á v iajan do há sete h o ras.
Del e nã o te rnos sinal ;d g u n l,
E u le vo comigo :
E pedimos
.2 lâmpadas elé tric as
Aos nav ios que n os into r rne.m
rolo de cord a
Se o av istarem.
rol o de ba rba n te
fa cã o d e caça Os Se eu não chegar,
A V I A DOfU::S -
ra ções de em ergê n c ia) con serv as do Exé rci to america - ru in u tos de long itude oeste .
no, c a da u m a p a r a u m di a . E111 C:150 d e n ec essid ad e ,
Há pou co o u v imos no céu ,
p a ra ma is. Ac ima de n ós,
I en xad a () ru íd o de um m oto r
! ser r a r\ g r an de altitude.
P o r c ausa d o n evoe ir o
I ba rc o d e borracha .
'N ;in c o ns eg m rnos ver n .td .r.
---- - - - - - - - - - _ - ...
......
M a s ti be m p os s í ve l q u e Agor ;l voe e .u n da YC urn P O UC C) de JgtLl Li e m bai xo
Tenh a sido o homem q u e v occ s pn)CU L H 11, E sabe
Com seu aparelh o, Dist in g u ir ;-1 I. hrc iLl csq u c
O " Espí r it o de Sã o Luís". Mas aguarde ;lln d a u rn a r)()lt c t um U
i 1
170
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
()s IA,I)()RES VCHj
evasca '
n
6
N O n··r c /\ I u l):'1f\ t\ E
A NEVASCA ( que
num
m homem .e seu
imo à
q ue o arrcrnevso
contra o
não conscg ue se segurar em mas
CaI.
despenca p ara rrua
E para
AVIADORES - vcnro náo
1.:1e é mais (1 ue unia arvore ;j,
A e o ar rne são cu
Fraco como urna folha sem mas
seu irurrugo.
Não cu.
Hii este
so urn PC)UCO;
mesmo sua
Sua máo pe rrn a nece r á alerta.
._----------------------..-.
I
Ele cairá. Barulbo dc lia (Rád iu ) .
Os ap er f eiçoados a p a rel hos ()s A - Meus Deus! P o r p o uc o
O expulsarão dos ares. N âo no s aca b amos!
O saneamento das c id ades . I
!
O exterrni ni o da rrus éria ,
Farã o co m qu e el e desap areça e 10
() en xot a r ão de vo lta ao primeiro m il ê n io.
DUR1\N TE TOD O O v óo OS JORN A IS AlvIERI C !\ N O S N Ao CES -
4 SAVAM D E F ALAR SOBRE A SORT E DOS AV I AD O R ES
Mesmo nas cidades mclhoradas t\l'vCÚRI CA ( R .t\DIO ) - T od a a América acredita que o vôo so -
Aind a prevalece a d esordem,
bre o o c ea n o
Q ue n asce da ignorânc ia e se p a rec e CO ITl De u s. D o cap itão Fulan o de Tal será bem -su ced ido .
Por érn as m áqu inas e o s operá r ios a Apesar dos m a us bo let in s meteorol ógicos e
Com ba t e r ão . E v o c ês t am b ém D o estado p rec á ri o de seu f r ági l avião,
Devem part icip a r T od o mundo nos Estados Unidos acredit a
Da luta co ntra o q ue é p rirni t ivo !
Que ele chegar á.
Jam ais, esc r eve u rn jo rnal , irnag inarn os
Que u m ho m em d e n osso p a ís
9 T iv esse t anta so rte .
Quand o aquele que tem so r t e sobrevoa o m a r ,
AGUA .A.s t cn1pestades se ret raem,
Se as tempesrades não se re t raern
Os AVIADORES - Agora,
O m o tor agüenta.
A água novamente se aproxima.
Se o motor não agüenta,
Barulho de água (Rádio ) . O homem agüenta.
Os AVIADORES - Preciso E se o homem não agüenta,
Ganhar altura! C orno este vento A sorte agüenta .
Faz pressão! Por isso nós acreditan10s
Que o hornern de so r te c hegar á .
Barulho de água (Rádio) .
Os A VIADORES .- Agora est á m elh or .
Mas o que é isso? () lem e
11
N ão quer mais funcionar . .Alguma CO I sa
Não está certa. Isso não é . O S PENSA \ 'fE NTO S DOS HOMENS D E SORTE
U f i ru ido no motor? Agora
Ji estamos caindo de no vo . ( )S AVIADORES - Dois continentes, do is continent.::s
Soc orro! Esperam por mirn ! Eu
17 7
176
Prec iso chegar !
o
Pela fo t o n os jo r n ais, que
Quem espera alg uérn?
Aqui c h eg a r ;lr11 dele.
aquele que ninguém espera
Nlas rcceanlOS que
recisa chegar.
Ele não chegue. A s t C111pe stad t:s
coragem não é nada , ma s
Chegar é tudo. "
O bnç'u ão ao mar , ,
Seu lTl0t()r não agüentara,. _ "
Quem sobrevoa o 111ar Ele m esmo nã o en c ontr a r;l o ca rni nlio a te n os.
E se afoga
por isso ac re d i t ;lI110S
É con1pletarnente louco, poi s
Que não o v e r ClTIOS.
r;o mar a gente se afoga.
lortanto eu prec iso chegar.
e) ve n t o f orç a p ara bai x o e
? nevoeiro desorien t a, n L1 5
1;,u preciso chegar.
v erda de que m eu ap arelho
'O DIALO G O DOS AV IADORES cov O lvl0 T OR
E frágil , c frágil é Motor em fuucíonam en to ( R ádio) .
cabeça, mas,
s AVIADORE S - A gOLljá não es t á mais lon ge. A gor a
Do outro lado, eles '" rne espe ram e d. l. Z ClTI : 'feITIO S qu e jun t ar nossas forças ,
Este chegará , e por isso
Eu preci so c h eg ar. Nós d oi s.
Você tem óleo su fíciente?
V o c ê ach a que a gasolin a lhe b ast a ?
A refri ge r ação está f u ncion ando?
12 Voc ê est á se se n ti n do bem?
ASSLYl VO AM ELES, ESCRE VIA M O ', r ' - " " - Motor em fU1icí onam ento ( Rádio) .
CIMA AS T E''\ ;I[)E'S'fAD . 5 JORNAIS FRANCESES '
_H . , ES, AO REDOR O !v : - . . I A VIADORE S - O gelo que lhe pe sava
SOMBRA DE NUNGESSER , . {AR, E EMBAIXO,
Jáse foi todo.
E UROPA (RADJO ) - Enl direçã o .. O nevoeiro é assunto meu.
Há mais de 24 horas. .10 n osso Você faz seu trabalho ,
Um homem VOa, - Que é só girar.
Quando ele chegar .lVl oto r em !IlJlci o}UHll CJltO ( R ádiu).
Um ponto aparecerá n o céu
Os AVIADORJ-:S - Lcrnbre-sc: ern São Luí s n ós d ois
Aumentará de tamanho c '
Estivemos mais tempo n o ar.
Será um avião e
Não está rnais tão longe. Agora vem
Descerá e
A I rlanda . depois ve rn P ar is.
Pelo carnpo virá um homem e
17 9
178
___________________ I
Conseg uiremos?
Nós do is? C air ia na água;
O p ró p rio vento
iYr% r em fUJlciontlJJl cnlo (R ádio l . Acaba r ia com ele. E q ual o homem que
Se ma n te r ia t an t o tempo no comando?
S A VIADO R E S - A lô! Onde
14 Fica a Inglate r r a?
PESC ADORE S ( RÁD IO) - M as p elo t11 en O S o lhe!
FINA Li\tEN<TE, PER TO D Para q ue olhar, se
1 .. A ESCÓC IA, OS AV IAD O R ES
.)ESCADORES
Un1J coisa des sas é irnposs ive l?
Os A VIADORES - Lá Agora su m iu.
E st ão barcos de pesca. Também não sei
Eles sa bem Corno é possi vel.
Onde fi ca a ilha. Mas foi ,
Al ô! Onde
Fica a Ing late r r a ?
()s PESCADORES (RÁDIO)' l '', stao
- cnarnando.
I
-
Esc u te!
O q ue é q ue es ta ria charnando? N A NOITE DE z t DE MAIO DE 1927 , AS 22 H ORAS , U;vlA iNtEN·
Es c u te, o baru lh o ! SA ;vlULTlDAO ESPERA VA O S AV IA DOR ES A tvl ER ICANOS NO
No ar AERO PO RT O "LE BOURGET", PERTO DE P j\RIS
Alg uln a coisa faz b a rulho!
E URO P A ( RA DIO ) -- Ele está chegando!
O q u e é que esta ri a f a ze n d o esse bar ul ho ? Um ponto ap ar ece
C)s A VIA DO R E 5 - Alô! O n d e No céu,
F ica a Inglaterra? Está crescendo , Ê
OS PESCADORES ( RÁDIO) - O" Ih' I" Um avião.
U ' . . .. . ,1 .1
. ma COIsas q ue voa rn ! Agor a desce ,
É um avião! Pelo campo vern
Como pode ser UOl avi ão ? U m hornern. E agora
Nunc a Nós o rccorrhcc eruos : é
l!
m a coisa des sas, fe l ta d e c o rd as, () aviador.
Farra pos de lona e aço, A t empestad e não O t ra gou
Poderia sobre voar as águas !
Nem a água.
Nenl mesm o um lou co
Seu m otor agüentou , e el e
Embarcaria nisso.
Encontrou o ca m in ho a té n ós.
Sinl p lesnl en te
El e c he go u .
180
18 1
16
De que algu rn hom em
CHEG A DA D OS AV IADORES AO A EROPOR T O " LE Tenha at r a ve ssac1o os ares voan do.
PERT O DE PA RIS
Mas nós nos erguemos. .
Ru mores de um a g ran de m ultidão ( R ádio) .
. .
Pr óximo ao 1n 1 d O )., .,, rmle n io d e no ssa eLl
Ergue-se nossa
OS A VIADORES - Eu sou Fulano d e T al, Por favor, levcm_
Para um hangar escuro, onde Ingeri uidade de aç o, ,
Ninguém possa ver o que é poss ivel
Minha fraqueza natural. Sem nos deixar esquecer: _ , .1
Mas comuniquem aos meus cama rnd n; da O que ainda não t01 a l c a n ç a li o.
de San Diego A isto é dedicado est e re la to .
Que seu trabalho foi born.
Nosso moto r agüentou ,
() trabalh o d eles n ã o t e ve fa lhas.
J7
a poesia como maréria para ex erc íc ios didát icos. Esta aérea d o oceano". , ,
é certamente a rnaneir a mais importante de utilização 2. Em 3 (Apresentação dos e : ',,)
r ád io, mas sern dúvida se inse re ern toda uma série substitu ir: "Meu nome é Ch arles Lindbergh p o r : Meu
ex p e ri ên cias que clnl inharn ne ste sen t id o". n ornc n ão interessa". .
Em d ezem bro d e 1949 a r ád io d e Stu ttgart (C) E (Durante t odo o v ôo não c essnv am de l,a -
10
tscber Rundjullk ) p ediu a Brecht autori zação », nl, b" " , "Eu sou Charles Li n dbe rzh . Por f a-
t r ansrnitir (J l 'ÔO d e Liud bergh, Brecht respon deu c ' lar . . . ) su st iruir : .. .: . . . . . " 1) "'- r
· ."
vo 1', 1cvc rn -rne por . .. <tEu "O U Fu lano de Tal. ( h avor ,
a carta abaixo. tarde, corno respost a a
[everu-rnc " .
pedido de tran smissã o, esclareceu que esta
im plic av a necessariamente o bede c er às 1110difíc'lções Se esta ve rsao - Ih es convr ern
' , I ra. da t enho co ntraI a apre- r
t idas nesta c a r t a. Para a impressão da p eç a Brechr sent aç âo da peça. Est as m odificações p odem J dter1a:. '11-
. - (O
geirarnente o poema, mas a su p ressao 1 n O lue ' e .UH -
minou a substituição de ( )s LiJldber gb p or () s
dores. O texto deveria vir sem p r e acomp anhado de ber gh servirá de lição.
carta ao Siiddeutscher RUlldfunk, be m corno de C o rdi ais sau d aç ões
"Prólogo",
Seu
( assin ad o ) Bcrtolt Brccht
A CARTA
Berlim, 3 .1 .1950
Ao Süddeutscher Rundfunk
Stuttgart. N. B. - Se os tí tulos forem ::nantidos,
é preciso que também neles le ia-se sempre "Os
Prezados Senhores:
a viadores".
Se os senhores tencionam transmitir () L'ÔO de Líndbergb
em uma retrospectiva histórica, devo lhes pedir que pro-
cedam a transmissão de um Prólogo e que se façam
algumas pequenas modifrcaçôes no texto. É sabido que o PRÓLOGO
Lindbergh manteve estreitas relações com os nazistas; . - o dc ()
Prólogo, para ser lido antes'd a tr ansrmssa .w -
seu relatório entusiástico naquela ocasião so b r e a inven- bre o ocean o:
cibilidade da Força Aérea nazista provocou um efeito
185
184
...
Vocês ouvirão
O relato do prirneiro vôo sobre o oceano,
Em maio de 1927. UIn jovem
o realizou. Ele triunfou
Sobre a tempesrnde, o gelo e as águas vorazes.
treranto,
Que seu nome seja apagado; pois
Ele, que se orientou por sobre águas extraviadoras,
Perdeu-se no pântano de nossas cidades.
gelo
Não o venceram, mas seu semelhante
venceu. Uma década
De glória e de riqueza e o m.ise ráve]
Ensinou os carrascos de Hitler
i\ pilotar bombardeiros nlOrtiferos. Por
Seja apagado seu nome, Mas
Lernbrern-se : nem a coragern nem o conhecinlento
00$ motores e das cartas náuticas inscrevem o
N"t a epopéia.
A peça didática de Baden-Baden
sobre o acordo
No caderno I dos Versucbc (Ensaios), () sobre
oceano termina com o "'Relato do inatingível", onde
lê no final: "Sem nos deixar esquecer o .
Num.a nota de rodapé no início da Peça didática
den-Baden sobre o acordo. Brechr recomenda: "No
meiro Ensaio) a colocação da palavra 'inatingível'
está correta. Deve-se corrigi-la para: que ainda não
foi alcançado'H. De acordo com esta nota de Brechr, a
linha em questão e o título correspondente foram alte-
rados. Portanto a nota de rodapé da Peça did ática de Das Badener Lchrst iick vorn Einverstindnis
Baden-Baclen pode ser dispensada.
Escrito em 1929
E"'.strera:
""8 s: ( . 7 • ·19')9
..... em Baden-Badcn
DO v óo
QUATRO i\. VIADORES rernpo ern que a
manidade
Começava a se conhecer,
Nós construímos aviões,
Com macieira, ferro e vidro,
E atravessamos os ares voando;
Por sinal, com uma velocidade
Superiorenl mais do dobro à do furacão.
E na verdade nossos motores eram
Mais fortes que cem cavalos,mas
Menores que cada um deles.
Durante mil anos tudo caiu de cima para baixo,
Com exceção dos pássaros.
Nem mesmo nas mais anrigas pedras
Encontramos qualquer testemunho
De que algum homem
Tenha atravessado os ares voando.
?vlas nós 110S erguemos.
Próximo ao fim do segundo milênio de nossa era
Ergueu-se nossa
Ingenuidade de aç(),
191
_ _ _ _ _ _ _ .
Lá coris t r ui r am grandes c idades c om A p resen t am-se i.in te foto g rafias que mostram corno, em nossa
Muito esforço e inteligênc ia. ép octl, os h om ens são m assac rados pelos bo m eu s.
() CORO retruca - Nem por isso o pão ficou mais barato.
A g rita - O homem n âo ajuda o h ornern!
O L íDER DO CORO - Um de nós construi u U111;} m áquin .,
Cujo v apor ac iona urna roda , e essa f o i
.A. rnâe de muitas outras máquinas. T erceiro l n q u r r ito .
Mas muitos trabalham nelas O LÍDE R DO COR O d irigin do- se a l\:fult ídâu - O bserve m o
Todos os d ias. nosso n úrn ero d e palhaços, no qu al
() CORO retruca - Nenl por isso o pão ficou ma is barato. Homens ajudam uni homem!
() LÍDER DO C ORO - Muitos d e nós m ed ir a r arn Trê s p alhaços de circo sobem ao estrado; u m dele,: , cha mado
Sobre o rno v irnen t o d a T er r a ao red o r d o SoL so b re Sr. Scbmitt, é um gigan te . Eles f alam em UOZ lJlu!f o alta.
O int im o do hom em , as leis PRtM E IRO - U rna bela noite est a, 11.1 0 é Sr. Sc h rn itt ?
G er a is, a com posiç âo do ar,
SEG UNDO - O que o sen hor d iz da n oite, senhor Schm itt ?
E so bre os peixes a b issais.
SR. Nã o acho bo n it a.
-
E descobri rarn
- O senhor não quer se sentar, senhor Schrnit t ?
Grandes coisas.
SEGUNDO - Aqui está urna cadeira , sen h o r Schrn itr. Po r qu e
( ) CORO retrll ca- Nenl po r isso o pão fic ou rna is bar ato. o senhor nã o res pon d e ?
Pelo contrário,
PRIM EIRO - Você nã o está vendo ? O senhor Sc h mi tr q uer
A m is ér ia au men tou e m nossas cidades,
f ic ar o lh a n do a lu a.
E já há muito tempo
SEGU N DO - Me diz UlTIa co isa. Por q ue é q U é você est á sem -
Ninguém mais sabe o que é u m horne rn .
pre pux ando o sa co do Sr. Schm itt? Isso in cornodu o se-
Por exemplo: enquanto vocês voavarn, rastejava nhor Schmitt.
Pelo chão algo semelhante a voc ês ,
- Porque o senhor Schmitt é muito fo r te . É por
Não como UOl homem!
isso que eu fico puxando o sac o dele .
O LÍDER DO C ORO dirigindo-se á lVI u l tid âo - E n r âo , o ho- SEGUNDO - Eu tamb ém.
rnem ajud a o homem?
PRIMEIRO - Peça ao senhor Schrnitt para que se sente aqui
A Mu rcsbonde - N âo. conosco.
SR. SCHMITT - Eu não me sinto bem hoje.
Segundo Luqucrito. PRIMEIRO - Então o senh or t ern que se d istrair. sen ho r
Schrnitt.
O LÍDER DO CORO dirigindo-se à fyflllti d ão - ObSerVClTI estas
imagens e d epois digam SR. SCHMITT - Eu acho que eu não p osso mais me distrair.
Que o homem ajuda o horn ern! Pausa.
194 195
- - - - - - - - - - - - - - _........
C o rn o é que está a minha cara? Serram-lh e () jJé esq u erd o.
PR I MEIRO - R osada, sen ho r Schm itr, sem p re rosada. SR. S CH i\lIT T - U rna beng,tla, por favor.
SR. SCHMITT - Olhem, pois eu pensei que estava pálido.
PRIMEIRO - I sso é cur ioso. O sen h o r di z que pensou Dão a ele u m" beugalc1 .
est av a p ál id o? Olhando par a o senhor ag ora, não posso PRIMEIRO - E ago ra, está conseg u in d o fica r de pé, sen hor
negar que eu tamb ém acho que o senhor está com Schmitt?
rosto pálido. SR. ScHMtTT - Sim , do lado esquerd,o. tvlas têm que
S EG UNDO - Já que o senhor está assim , sen ho r .Sc h rni rr , se m e d ev olver o pé. E u nã o gos t a r ia de perd e- lo .
fosse o sen h or, eu m e sen t av a. PRI!'t-1EIRO - Pois não , se o senhor não con f ia, . .
SR. S CH MITT - H oje cu não quero me sentar. SEGU NDO - A gen te também podi a ir anda n do. ' .
PR L\'1EIRO - N ão, não. Nã o sen t e, de man eira SR. S C H i\HTT - N ão , n ão . .A go ra voc ê s t êm que ficar aqui ,
mel h or fic ar d e pé. por q ue eu n ã o posso m ais anda r sozinho.
SR. S CH:\UTT - Por que você ac h a q u e eu de vo fi car de pé?
PRIM EIRO - Aqu i est á o pé.
P RI M EIRO p arti o Seg un do - H o je ele n ão pode se sen t ar,
p orque senão ele é c a p az d e n ão consegui r se levantar O senhor S cb mit t segura o pé debaixo do b raço.
nunca mais. SR. SCH i\-H TT --Ago ra, a m inha beng ala c a iu .
SR. S CHMITT - Meu Deus! S E GU N DO - Em cornpcnsa çâo, o sen hor já t em o seu p é de
PRI:iVfEIRO - Ouviu ? Ele m esmo j á est á en t endendo. Por isso vo lta .
o sr . Schmitt prefere fi c ar d e p é.
SR. - Sabe, eu acho q ue o meu pé esquerdo est á me O s dois riem ruidosame n te.
doendo um pouco. SR. S CH MIT T - Ago r a cu n ão p osso fi car de p é m esm o. E é
PRIM EIRO - D ói muito? claro q u e ago ra a ou tra per n a t ambém começa a d oer.
SR. com dor - Con10? PRIMEIRO - Sen1 dúvida .
PRIN!EIRO - Dói muito? SR. SCHMITT - Eu não queria in c o rnod a r vocês mais do
SR. SCHMITT - Sim, dói bastante. , . o necessário, mas sem a bengala eu não posso me a r r an ja r .
SEGUNDO - É de ficar em pé. SEGUNDO · - En1 vez de pega rrnos a bengala , far i arnos melhor
ern serrar a o u t r a perna , que lhe dói tanto.
SR. - Bem, será que eu devo nle sentar?
SR. S CHMITr - É. Talve z melhore assim.
PRI:\IEIRO - Não, de jeito nenhum. Isso nós ternos que evitar.
S EGUNDO - Se o seu pé esque rdo está doendo, só tem um Serram a outra perna. () sen ho r Scbmit t caí .
rem édio: fora com o pé esquerdo. SR. S CHMI TT - Agora eu não consigo m ai s me levant ar.
PRI1\lEIRO - E quanto mais rápido, melhor. PRIMEIRO - Is so é horrível. E eraju starnente isso que nós
SR. SCHMITT - Bem, se vocês acham. . , quer iarnos evitar: que o senhor se sen t asse.
SEGUNDO - Claro. SR . S CHMITT - () qu ê?
196 19 7
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ."";...-:>M
SEGlJ NDO - O senhor não coriseg
. . ue mais se 1evanrar. senho' r SI', SC1IMITT - Obrigado. Vocês estão se incomodando de-
Schrnitr. . .
111a15 C0t111g0.
SR. SCHMITT-N ão me digam
<
isso nle
[·SSO.
",.
i"
. (OI. PRIMEIRO - 80n1, senhor Schrnitt, aqui está tudo o que lhe
SEGUNDO - () que é qure e'l'• nao
,- d evo mais . cl'
. izer? perrencc. Ninguém mais lhe tira.
SR. SCHl\HTT - Isso, , .
põem no seu colo todos os membros que lhe for,nn arranca-
SEGUNDO
. -- Que o ,senl.10r
. nao- consegue 111alS se lcvan tar?
dos. O Sr. Sclnnit t os observa.
SR. SCHMrrT - Você n ão pode caiar a boca?
SR. SCB!vUTr- É estranho, estou com uns pensamentos tão
SEGUNDO
, _. Não
" senhor. Sc hmi '1 as eu posso desatarraxar
1mltt, 1V desagrudáveis na cabeça. Por favor - ao Primct ro '-, di-
,1 orelha para que assim o senhor não me
ga-IueaIgurna coisa agradável.
OUÇ.l quando eu disser que o senhor não consegue se I c,_
vanrar. c PRI!\IEIRO - Com prazer, senhor Schrnitt , o senhor quer ou-
SR, SCHMITT - talvez seja melhor, vir urna história? Dois homens saem de urna taberna. Ai,
eles começam a brigar e a atirar bosta de cavalo um no
Eles desatarra.'çanz sita orelha esquerda. outro. Um deles acerta corn a bosta na boca do outro,
SR, SCH,MITT fbara
À •
f) Pri meiro
' , ' -
.'[ ...\ gora
. eu 50' posso escutar ao que este diz: "Pois bem, esta vai ficar aqui, até a
voce, () Segundo passa turra o outro lado. Por frvo ' policia chegar".
orelha! Furioso. E por favor me dêem tarnbé '. r,.l
d . ' .'.... <, em a segun-
a perna, que esta me faltando. Isso não é jeito de tra- o Segundo ri, mas o senhor Scb mitt não ri.
tar um honlen1. doente. Devolvanl os SR. SCHMI'T'T - Esta não é urna história bonita. Você não
membros extraviados a mim, seu leg i tirno proprietário.
podia me contar uma história bonita? Con10 eu já disse,
a outra jJerna debaixo do braço do Sr. Scbmiit
epoem a orelha no seu ("010'.• r: estou com uns pensamentos desagradáveis na cabeça.
L ,tem
. . , . ....<c
1'1.1·'"
1 ,» .," 'es pre-
se '"'OC,"
tendem
1 ". . fazer hora 'o ,. . h '"
. "".. c m a rrun a cara, voc es estão com- PRI1\.lEfRO - Não, senhor Schmit t, infelizmente, fora essa
p etarnente . <, O que é que está havendo agora COHl história eu não sei contar mais nenhuma.
o meu braço? SEGUNDO - Ora, a gente podia era serrar logo a sua cabeça,
SEGUNDO - " rque."o sen 1IOr
Deve ser" po .esta
' carregando toda já que o senhor está com pensamentos esquisitos dentro
essa tralha aí! dela.
SR.
.. SCHMITT baixn - Claro Vocês poder',1<1n1 111e"]' - d e,1.ar
a lV1ar SR. SCHMITT - Sim, por favor, talvez isso ajude.
SEGUNDO
, -" . Ora , <
a "gente
. . . : . "podila era tirar Jogo o b raça todo, o
que serra bem melhor. Eles lhe serram a parte superior da cabeça.
SR. Bem por fa "or" Corno está se sen rindo agora, senhor 5ch011 tt?
-
SCHMITT - , ,se voces ac 11am. , .
"" y
.-:----------- lE1!:e·,lfs.D
SEGlJ N DO - Entã o ponha o chapéu. Grita. Ponha O
4
SR . - N ão co nsigo pegá-lo.
A REC USA DA AJ UDA
SEGUNDO - O senhor quer a bengala?
O CORO - Quer d izer então qu e eles não devem ser ajudados .
SR. SCIL\HTT- Sim , por favor. Tenta pescar () clu/Jéu com Rasgaremos o travesseir o c
a bengala. Agora, a bengala c aiu e eu nã o co nsigo alcan- Jogaren10s fora a água.
çar o chapéu. Estou sen t in do muito fri o.
SEGUNDO - E se nós de satarrax ássemos a cabeça? O Narrador rasga () tra vesseiro e joga fora a água.
SR. S CH MIT T - Bem, eu não sei . .. A N1\.JL lê para si m esmo - Cerranlentevocês j á obs er-
PRI MEIRO -.- C la ro . .. varam
A a juda em m ais de um lugar,
SR. SC H .\'1 1Tr - Re almen te, e u já n ã o sei m ais na da. Sob diferentes form as. G erada por urn est ado d e COisas
SEG UNDO - Por isso l11e5n10. Que ainda nã o c onsegu ilnos dispen sar :
A violência.
D esatarrax am- lb e a cabeça . () sen hor Scbmit.t cai de cosi as. C ontudo, nós os aco nsel hamos a enfren t a r
A cruel realidade
SR. SH MI TT - Es pe re m ! Un1 de você s prec isa p ôr a mã o na
C om urna crueldade ainda m aior. E ,
minha t est a. Abandonando o estado de coisas que gera a necessid ade ,
PRIM EIRO . - Onde? Abandonen1 a necessidade. Portanto
SEGU NDO .- Um de vocês preci sa segurar minh a m ão. Não contem com ajuda:
Recusar a ajuda supõe a violência.
PRl.\1EIRO - Oride? Obter ajuda também supõe a vio lência.
SEG UNDO - O senho r ago ra se sente m ais aliv iado, senho r Enquanto a v iolênc ia impera, a ajuda, ser .' :
Schmitt? Quando não mais imperar a viol ência, a ajuda n ao mais
SR. SHMITT - N ão. () problema é que cu est ou deit ad o de ser á
costas sobre uma pedra. Necessária.
Por isso, em vez de reclamar ajuda, é preCISO abolir a
SEGUNDO - Ora, sen hor Schrnit t , t ambém nã o se pode ter
violência.
tudo. Ajuda e violência constituem um todo ,
E é este todo que é preciso rrnnsfor mar.
Os dois riem ruid osamente , Fim do núm ero dos palhaço s.
A grita - O homem não ajuda o homem.
O LÍDER DO CORO - DeVClTIOS rasgar o travesseiro? 5
A Mur, TID.:\O - Sim. A DELIBERi\Çf\O
O LÍDER DO CORO - Devemos jogar fora a água? O AVIADOR ACIDENTADO - C amaradas . nos
A lvfuLTID.:\O - Sim. Vamos morrer.
200 201
..... %
O s TRÊs iv1E CÂN ICOS A C ID E N TADOS - N ós sabe mos que Va- . Os Não nos resta mu it o tempo,
A C ID E N T A DO S -
202 20 3
( ) s ""t \C IDE N T A DO S - Reduzido à su a me nor di m ensã o, ele o C O RO - A q ue altu r a voa r arn ?
br eviveu à te m p estade. Os TR ÊS :NIECi\N ICOS .l\ C IDE N T ADO S - E rguemo-n os UlTI pou -
O N AR RADOR - 3. P ara a ju d ar UITl homem a acei tar a co ac ima do solo.
o Pensador interv en ien t e p ed iu-lhe que se despoj asse O LÍDE R DO CORO dirigindo -se ti Nful tid áo - Eles se erg u e-
todos os seus bens. D epois de ter aband onado tudo
r , ram U111 p ouco ac irna do solo .
hornem 50 r est ava a v ida. Aband on a m ais um a coi sa, dis- O AV I A DO R A C IDE N T A DO - Eu vo ei a \H11a altura extraord i-
se- lh e o Pensador.
n ári a.
4. Se o .Pensador ven ce u a tempest ade, ve n c eu - a porque · O CORO - E ele voou a urna altu ra ex t rao r di n ria. á
204
..
" -
. ..
O s TRES lvlEC..\NICOS A CIDENTADOS - Nã o somos ningué ' o AVIADOR ACIDENTADO - NL1S eu. corn m eu vôo ,
O LÍDER DO CORO para a l-r'!ulfidão - Eles não são ninguétil. Atingi minha maior dimensã o .
Tão alto quanto eu voei .
O 1\ VIADOR l \ C IOE N T Ano - Eu sou Charles N ungesser. '
Ninguém voou.
() CORO - E ele é CharlesN ungesser, Eu não fui enaltec ido o bastante, eu
4 Não poderei ser enaltecido o bastante.
Não voei por nada nem por ninguém.
O CORO - Quem os espera? Voei por voar.
Os ACIDENTADOS Ninguém me espera, eu
além-mar. Não vôo em sua direção, eu
a CORO - Quem os esp era? Vôo para me afastar de vocês, eu
jamais morrerei.
Os TR ÊS !vlECÂNlcosAcI DENTADOS - Nosso pai e nossa mãe
nos esperam .
() CORO - Quem os esp era?
9
Os TRÊS l\'fEC ÂNlCOS A CIDEN TADO S - Ninguém n os espera.
O L íDE R DO CORO irar a ti i\tf ul fi dâo - N inguém os esper a. ENALTECI MENTO E D ESAPROPRIAÇÃ O
210 211
Aquele que diz SIm e
Aquele que diz não
Ópe ras escolares
Escrito em 1929/30
Estréia: 23 .6 .1930 em Berlim
o PROFESSOR
a 1V1ENINO
Baseada na adaptação inglesa de Arthur \V'ale)' do "N ô' Ja-
ponês "Taniko". A MAE
()S TRÊS ESTUDA NTE5
Colaboradores: E. Hauptmann. K. W'eilJ
O GRANDE CORO
QUE snv1
t
o GR AN DE CORO - O m a is irn po r t an te de t udo é aprender a
estar de acordo.
Muitos dizem sim, mas sem estar de ac ordo.
Muitos não são consultados, e muitos
Estão de acordo com o erro. Por isso:
O mais irn portarite de tudo é aprende r a est ar de ac ordo.
. .
- - - - - - - - - - - - -- -- ---_._ - _ .
O PROFESSOR - Faz muito tempo que eu não ven ho o MENINO - É porq ue m in ha rn âe está d oente q ue
Seu filho diz qu e a sen ho r a tamb ém f ic ou doen te. E u quero i r com voc ê ) p ara
melhor agora? Buscar para ela rem édios e instruções
A :M AE - Infelizmente não estou nada melhor, já Com os g r an d es médicos, na cidade al ém d as mon tanhas.
agora não se conhece nenhum remédio para essa ....... ... O PRO FES SOR - Eu t enho que falar co rn su a m âe nova mente .
() PROFESSOR - l \ gente tem que descobrir alguma .: . .
Por isso eu vim me despedir de vocês: ama n h ã eu
Ele uol ta ao plano 2. O m enino escuta à porta.
partir para uma viagem através das m ontanhas em () PROF E SSOR - Estou aqui de nov o. Seu fil ho d iz que que r
ca de remédios e instruções. Porque na c id ad e, além vir con osc o. Eu expliquei que ele nã o poderia dei xar a
montanhas, moram os grandes m édicos, senhora so z in h a e doente e que, além disso, é urna via-
A - Uma caravana d e soco r ro n as m ontanhas! É ver- gern difícil e perigosa. É absolu t amen t e im po ssív el vo c ê
dad e, eu o uvi d ize r que os gran des m éd ic os moram vi r conosco, eu lh e d isse. M as ele r esp o n d eu q ue te rn que
mas t amb ém ouv i di z er que é u m a caminhada perigosa. ir à cidade, alé rn das mon tanhas , buscar rem édios e ins-
O sen ho r pret ende levar m eu fi lho? tr uções pa ra a sua d oenç a.
O - N urn a viagem c omo est a n ão se levam A - Eu ouv i su as pa la v r as. E não duvido do que o
crranças, meni n o d iz - que ele gostaria d e faz er a cami n h ada
perigosa C0111 o sen ho r . Meu filho , venha cá .
A r-.1 .ÃE - Bom, esp er o que o sen h o r volte com saú de .
O P R O F ES SOR - l\gora eu tenho que ir embora. Adeus. o menino ent ra 11 0 plaru» 2.
Desde o dia ern qUI?
Sai para o plano 1. Se u pai nos deixou,
O ME N INO seguindo o fnofe ssor, no 11ft/no I - Eu tenho q ue E u não t e nho ning u ém
d izer urna coisa. A não ser voc ê ao meu la do.
Você nunca saiu
A mãe escuta ti porta. De m inha vista nem do meu pensamento
O PROFESSOR - O que é? Por mais tempo que eu precisasse
Para fazer su a comid a,
O b fE N IN O - Eu quero ir com o sen h o r para as mon ra nhas.
Arrumar su as roupas e
O PROFESSOR - C on10 eu ja di sse à s u a m âe, Ganhar dinheiro.
É uma viagem difícil e O MENINO - É como a senhora diz. 1\135 apesar diss o nada
Perigosa. 'Você não vai poder me desviar do que eu pretendo.
Vai conseguir nos acompanhar. .Além di sso:
O .M E N I N O, A o PROFESSOR - E u vou ( ele va i ) f aze r
E
Como você pode querer abandonar
a perigosa caminhada
Sua fi ãe, que está doen te?
E buscar rem édios e instruções
Fique. É absolutamente Para a su a (a minha) doença,
Irnpossi vel você vir conosco. N a cidade al ém das m on tanhas.
219
________________________
Z:ll:',ftf,.;.'311
O G RA N DE CORO - Eles vi r am que nenh um arg umen r-, () - Eu tenho que dizer UH1a COi sa.
) ").,
222 .:. ... J
E;:coste a em nossos braços. AQUELE QUE 1)IZ NÃ()
N ao faça força.
Nós le vamos você com cuidado.
Os três est u dant es colocam () menino na parte p t . 1
esi ra -/0 I P' f . . . os erto r do
, . { c, ae e a sua ren t e, esco u dem cn ., do pú blico.
O fvl E N I N O Íln'i sÍl/el- Eu sabia muit bern r . O GRANDE CORO - O mais importante de tudo é aprender a
,\ '. . .• 1 o ern que nesta vi agem
i "1..rrrscava perder minha vida. estar de acordo.
Foi pensando em minha mãe Muitos dizem sim, mas sem estar de acordo.
Que m e fez a partir. Muitos não são consultados, c muitos
Tomem meu cantil , Estão de acordo corn o erro. Por isso:
Ponham o reméd io nele O mais importante de tudo é aprender a estar de acordo.
E levem para minha mãe,
Quando vocês voltarem. O professor está no plano 1 ; a-màe e o m enino, no plano 2.
O GR.ANDE CORO - .EJ f1 t ao - .
os amigos pegaram o cant il O PROFESSOR - Eu sou o professor. E u tenho uma escola n a
deploraram os tristes caminhos do m und o cidade e tenho um aluno cujo pai morreu. Ele só t em
duras leis amargas, a mãe, que cuida dele. Agora, eu vou at é a casa deles
E Jogaram o menino. para me despedir, porque estou de partida para uma via-
Pé com pé, um ao lado do outro gem às montanhas. Bate naborta. Posso entrar?
Na beira do abismo ' C) ME NINO passando do plano 2 para o plano 1 - Quem é?
De olhos fechad os, ei es joga ra m o m en ino Oh, o professor está aqui! O professor veio n os v isit ar!
m ais culpado que o ou t ro. ' () PROFESSOR - Por que faz tanto t empo que você nã o v ai
E jogaram pedaços de terra à escola na cidade?
E umas pedrinhas O M E NI NO - Eu não podi a ir porque m inha mãe f icou d o-
Lo go em seguida.
ente.
It O PROFESSOR - Eu n ão sabia. Por f avor, v á log o d izer J ela
que eu estou aqui.
j O M E N I N O grita em direção aoplano 2 - Mamãe, o professor
está aqui.
A MÃE sentada IIUI'na cad eira de madeira no jJ[aJlo 2 - Ma n -
I
de entrar.
O MENINO - Entre, por favor .
Ele forçou demais seu coração, Que o menino está somente cansado por causa da su bida.
Que pedia retorno imedia to. Mas ele não está ficando com uma aparência estranha?
Na alvorada, ao pé das montanhas, Logo depois da cabana vem a passagem estreita.
Ele quase não conseguia mais Só se pode passar por ela
Arrastar seus pés cansados. Agarrando-se à rocha e001 as duas mãos.
Nós não podemos carregar ninguém.
Entrar!': no plano 1: o professor, os três estudantes e, por Devemos então seguir o grande costume e
ltlU1110, o-menino trazendo um cantil.
Jogar o menino no vale?
O PROFESSOR - A subida foi rápida. Lá está a primeira ca-
bana. Lá nós vamos parar um pouco. Eles gritam em direção ao plano 1, com as mâos em
()S TRÊS ESTUDANTES - Nós obedecemos, concha:
A subida da montanha lhe fez mal?
Eles sobe!t1 num estrado do plano 2. O menino detém o
professor. O lV1ENINO - Não.
Vejam, eu estou em pé.
a NIENINO - Eu tenho que dizer uma coisa.
Eu não estaria sentado
() PROFESSOR- o que é?
Se estivesse doente?
228 229
.. -.......---- - - - - - - - - - - - - - - - - ........
Pausa. O rne ni no u n t a-se. o - Eu compre e ndo .
()S TRÊS ESTUDA N T ES - V 3n10S f al a r pro f essor. Mes-
co m o
() PRO F E SSO R - Você exige q ue se vo lte po r sua causa? O u
está d e acordo em ser jogado n o v aie corno exi ge o gran-
tre, quand o h á pouco perguntamos pel o m en ino, você
di sse que ele estava sirn p lcsrne n te cansad o por causa da de c ostume?
subida. Mas agora ele está C0t11 urna aparência muito o MENINO, dep ois ti!', um te mpo de reflcxtio _.- N ão. Eu n âo
estranha. O lhe, ele até est á se n t ado. É terr i vel ter que estou d e aco r do.
dizer ist o, mas há muito tClTIpO reina um grande coseu- O PROFES SOR grit a em di rcçtÍo ao J}lau(J 2 - Desçalll até aq ui .
me entre nós: aquele que não pode continuar será jogado E le não re sp ondeu d e acordo corn o cost urne.
n o vale. ()S TRÊS ESTUDANTES de sce n do em direção ao plano 1 -. Ele
( ) P RO FESSOR - C orno, vo cês querem jog a r este mem no no d isse não. i 10 menino: P o r qu e você não res po n de de
v ale ? acor do com O costu rn e ? .A.. quclc que disse a , r arnb érn
O s T RÊS EST U DA NTE S - Sim. É a nossa in ten ção. tem q ue d ize r b , aquele t empo q u an do lhe pe rg:r n t a-
varn se você estaria de acordo com tudo que esta Yiagenl
O PROFESSOR .- É um g rande costume . E u não posso me
opor a ele . Mas o grande cost u m e t amb ém exige q ue se poderia t razer" você re spondeu que sim.
per gu n t e àquele que fic ou d oe nte se se deve voltar po r O lvfEN INO - 1\ resposta que e u de i foi fa lsa, [nas a sua per-
sua c ausa . Meu coração tem muit a pen a d essa pess oa. gunta) ma is f alsa aind a. Aquele q ue diz <1 , n ão ten-:. q ue
Eu vou até ele e, com o ma io r cuidado , vou lhe f ala r do dizer b. Ele t arn be rn p ode re conhecer que a era f also.
grande costu me . Eu q ueria b uscar remé dio p a ra . mir:ha lTI_ãe,. mas, agora
eu t arn b érn f iquei doen te, c , assim, .Isto na o . e
( )S T RÊS E STU D A N TES - Faça isso, por fav o r.
sivel. E d iante de sta riov a situ ação, q u ero voltar imedia-
El es se colocam fr en t e a f ren te. tamerite. E eu p eço a voc ês que t am b ém v oltem e m e
lev em p ara casa. Seu s estudos podem m ui to bern espe rar:
Os T RÊS ES TUDA NTES E O GRA N DE CORO - N ós vamos lh e E se há algu m a coisa a apre nd e r lá , o que eu espero, 50
perguntar ( eles lhe perguntaram ) se d e quer poderia ser que, ern nossa sit uação, nós
Que se volte (que voltem) por SUa c au sa. E quanto ao antigo g r an de costume, n ao ve jo n ele o
Porém , mesmo se ele quiser, menor sen t id o. Preciso é de um novo grande c ostume .
Nós não vamos (eles não iam ) voltar, que devemos introduz ir irnedi a rame nte : ,0 de
E sim jogá-lo no vale. refletir novamente diante de cada nov a siruaç ao.
O PROFESSOR, que f oi até o menino no plano 1 - Presta aten- Os TRÊS ESTUDANTES ao professor - O q ue f :1z er? O qu e o
çã o! Há muito tempo existe a lei que aquele que fica menino disse não é nada heróico, nus faz sen t ido.
doente numa viagem como esta tem que ser jogado no O PROFESSOR - Eu de ix o corn voc ês :1 dec isã o do que f azer.
vale. A morte é imediata. Mas o costume também exige Mas tenho que lhes dizer uma co isa: se você s volta rern ,
que se pergunte àquele que ficou doente se se deve voltar
vão ser cobertos de zornbar ia e vergonha .
por sua causa. E o costume exige que aquele que ficou
doente responda: Vocês não devem voltar. Se eu estivesse Os TRÊS ESTUDANTES - Não é vergonha ele falar ;1 f a vor
em seu lugar. com que prazer eu morreria! de si próprio?
230
O PROFESSOR - Não. Eu não vejo nisso nenhuma vergonha
Os TRÊS ESTUDANTES - Então nós queremos voltar. Não
ser a zombaria e não vai ser o desprezo que vão nos
u .-.:';•• •.
oU
pedir de fazer o que é de bom senso, c não vai ser um
antigo costume que vai nos impedir de aceitar uma idéia
justa.
Encoste a cabeça em nossos braços.
Não faça força.
Nós levamos você com cuidado.
O GRANDE CORO - Assim os amigos levaram o amigo
E eles criaram um novo costume,
E uma nova lei,
E levaram o menino de volta.
Lado a lado, caminharam juntos
Ao encontro do desprezo)
Ao encontro da zombaria, de olhos abertos,
Nenhum mais covarde que o outro.
A decisão
Peç a did át ica
Die Massnahrne
Lehrstück
Escrito em 1929/30
Estréia: 13.12.1930 em Berlim
2 _')
) ...
PERSONAGENS:
Os QUATRO AGITADOR.ES, um após o outro como:
O J OVEM
O DIRETOR DA CASA DO PAR TIDO
OS DOIS CULES
O INSPETOR
OS DOIS TRABALHADORES TÊXTEIS
O POLICIAL
O COMERCIANTE
Colaboradores: S.Dudow, H. Eisler () CORO DE CONTROLE
o C O R O DE C O N T RO L E - Adiantem-se ! Seu trabalho foi bem-
sucedido, também nesse paí s a revolução está em ITIa r-
cha , c as fileiras de combate ntes estão o rga ni zad as. Es-
tamos de acordo com v oc ês.
OS Q UATRO AG IT ADO RE S - A lto, t emos algo a d iz er ! Q uere-
mos COlTIUnÍcar a morte de um c am ar ad a.
O CORO DE CONTR.OLE - Quem o matou?
OS Nós o m atarnos. Atiramos nele c
QUATRO AGITADORES -
o jogamos numa mina de cal.
O CORO DE CONTROLE - O que ele fez para que vocês o ma -
tassem?
OS QUATRO AGITADOR E S - Muitas v ez es fe z o que era cer to,
alg u mas vezes o que e ra er ra do, mas po r últ im o co locou
em r isco o movimento. El e q ueria o certo e f ez o er ra do.
Exigimos su a sentença.
() C O R O DE C O N T R O L E - M ostrem- nos c orno e por q ue
teceu e ouv ir ão n ossa serr .en ça.
0 5 Q UA TRO AGI T ADORE S - A ceitaremos sua sentença.
237
,J
o JO VEM CAMARADA - SOU O secretário da Casa do Partido , OS T R f.: S AG IT A DO RES - Não.
que é a última antes d a fronteir a. M eu coração bate pela O Não trocamos de roupa dia e n oite,
J OV E M CAM A R A D A -
revolução. O espetáculo da injustiça fez com que eu rne lutando contra as investidas da fome, da decadênci a e da
enfileirasse entre os combatentes. O homem deve ajudar contra-revolu ção. E vocês não nos trazem nada.
o homem. Sou pela liberdade. Acred ito na humanidade.
Os T R Ê S AGI TADORES - Assim é: nad a lhes t razemos. IY1as,
E SOu a f avor das medidas cornadas pelo Partido C omu-
at rav essan do a front eira p ara M uk d en, levamos aos ope-
n ista , que luta Contra a exploração, a ignorância e pela
soci ed ad e sem classes.
rários chineses os ensinamentos d os clássicos e dos pro-
pagandistas: o ABC do comunismo. Levamos aos igno-
O s T RÊS AGITADORES - N ós viem os de M oscou. rantes ensinamentos so b re a su a sit u aç ão ; aos oprimidos,
O JO VEM. CAMARADA - Esperávamos por vo c ês. a consciência de classe; e aos conscientizados, a experiên-
Os TR Ê S AG ITADORES - Por quê? cia d a revolução. De vocês, no
entan t o, d evemos solic it a r
O JOVEM CAMA RA 01\ - N ão pod em os p rossegu ir. P or todo um a u to m ó v el e um gu ia .
lado há desor dem e penúria, pouco pão e m ui ta luta . O J O VE M CA M A RAD A - Então fi z u m a pe r g u nt a im pr ópri a?
M u itos est ão che ios de coragem, m as poucos sabem ler. Os TRÊ S AG IT ADORE S - N ão. A u ma b oa pe rgu n ta seg u e-se
H á pou cas máqu in as e ni ng u ém entende dela s. Nossas uma resposta ai n d a melhor. E stamos vend o qu e d e vo c ês
locomot iv as estão quebradas. Voc ês t rouxeram Íocomo - já foi ex igid o o máximo, mas se ex ig ir á ainda m ais ; um
rivas? de vocês dois deverá nos guiar até Mukden ,
Os TRÊ S AGITADOR ES - Nã o. O JOVEM CA }"l A RA D A - Neste caso, deixo meu post o j á ex -
() J OVEM C A?\·1ARA DA - Vocês trouxeram tratores ? trernamerrte d ifícil p ara dois c p ara o qual um apenas
OS TRI:'S AGIT ADORES - Nã o . deve bastar agora. Ire i COHl vocês. M ar cha n d o em frent e,
d ifundindo os ensin amentos dos cl ássicos comun ist as : a
O N osso s c am poneses ain da se a t re lam
] O VE .M C A M A RA DA -
revolução mundial.
a si mesmos d iante d os velhos a rados de madeira . E nad a
ternos para sem ear c a l nossos campos. Vocês trouxeram
sem en t es? O C O R O DE CO N T RO L E
........-..---- -L...
Puxem compassadamente. Não empurrem Puxem cornp assada menr e. Não ern purrcrn
O companheiro ao lado. O companheiro ao lado.
o cule cai novamente. A comidavem lá debaixo
Para os que a comerão lá ern cirn a.
O CULE - Me ajudem!
Aqueles que a trazem
O JOVEM CA .MARADA para () inspetor - Você não é um ser Não comeram.
humano?
Vou pegar uma pedra e colocá-la na lama - para () U 111 dos cules escorrega, o ioue m camarada coroca a jJC-
cule - e agora pise! dra, O cule se Iei-anta.
O INSPETOR. - Certo. De que nos adiantam sapatos de Tienc- O JOVEM Não agüento mais. Vocês têm que
-
sin? Prefiro deixar que o seu piedoso camarada nos acorri- exigir outros sapatos.
panhe colocando uma pedra para aquele que escorregar. O CULE - É U!TI idiota digno de r iso.
OS CULES - N a canoa há arroz. O camponês que O INSPETOR - Não, é um daqueles que agitanl nossa gente.
Fez a colheita recebeu Ei) peguem-no!
Um punhado de moedasvN ós
OS QUATRO AGITADORES - E ele foi logo identificado !Per-
Recebemos menos ainda. Um boi seguiram-no durante dois dias até que nos encontrou.
Sairia mais caro. Somos mu iros. Nós fomos perseguidos com ele durante urna
cidade de Mukden e não pudemos mais pôr os pés na CI-
Um dos culcs escorrega, o [ouem camarada coloca a pcd ra
(' o cu/e se levanta. dade baixa.
()S TRÊS AGITADORES - Você vai se comportar melhor na O ]OVE!vt CAMARADA entrega u.m panfleto para um deles, o
distribuição dos panfletos? ouéro permanece parado ao seu ltulo-- Leia c passe adi-
ante. Quando tiver lido, vai saber o que fazer.
O JOVEM CA:\-1ARADA - - Sim.
Os TRÊS AGITADORES - Mostramos agora o comporramento o primeiro pega o panfleto e segue O seu cantinho.
do jovem camarada na distribuição dos panfletos. O POLICIAL tira o panjleto do primeiro - Quen1 lhe deu esse
Dois agitadores representem trabalhadores téxt eis c o panfleto?
ou tro, u.m policial, O PRL\fEIRO - Não sei, alguém me deu quando eu vinha
passando.
OS DOIS OPERÁRIOS TÊXTEIS - - Nós somos operários na fá-
brica de tecidos. O POLICIAL se aproxima do segundo - Foi você QUClTI deu o
panfleto para ele. Nós da polícia procuramos aqueles
O POLICIAL - Eu sou policial e recebo meu pão dos domina-
dores para reprimir a insatisfação.
que distribuem panfletos como este.
O CORO DE CONTROLE - Venha, camarada! Arrisque O SEGUNDO - Não dei panfletos para ninguém.
O centavo, que já não é mais centavo, O JOVEM CAMARADA - É crime instruir os ignorantes sobre
A cama debaixo da goteira a sua situação?
248 249
I
....................... _._--_......
() POLICIAL - ensinamentos de vocês levam a coisas ter-
()S o PRIMEIRO agride () polidal - Seu cachorro vendido!
ri veis. Se vocês dout rinarern U01;l fábrica corno essa, ela
() policial puxa o ret'óh'cr.
não mais reconhecerá nem o seu próprio dono. Esse pe-
queno panfleto é mais perigoso do que dez canhões. O JOVEM CA!\IARADA grita - Socorro! Camaradas! Socorro!
O JOVEM CA:\íAflADA - () que está escrito aí? Estão matando inocentes!
O POLICIAL - Isso eu não sei. Para o segundo: O que está () jaz/em camarada agarra o pescoço do policiai por trás.
escrito aí? () primeiro operário cur ua le ntamen ie o seu braço par..l
O SEGUNDO - Não conheço o panfleto. Não fui eu quem Irás. O tiro dispara, o policial é desarmado e 'lba/ido.
o distribuiu. O SEGU NDO OPERARIO, le uan tando-se para o primeiro - Ma-
O JOVEM CAMARADi\ - Eu sei que não foi ele. ramos policial e não podemos mais ir à fábrica. Para
UOl
o [ouem cam arada: E você é o culpado.
() POLICIAL para o jOl'cm camarada -Foí você quem deu o
panfleto para ele? OS QUATRO AGITADORES - - E ele teve que se pôr a salvo em
vez de distribuir panfletos, pois o policiamento foi re-
O JOVEM CA}.1ARAOA ._- N âo.
forçado.
() POLICIAL para o segu n d o - Então foi você.
() JOVE.M CA).,lARADA para o [Jrimeíro - C) que vai acontecer
com ele? . DISCUSSÃO
() PRIMEIRO - Ele pode ser preso. () CORO DE CONTROLE - Mas não é correto evitar a injustiça
O JOVEM CAMARADA - Por que você quer que ele seja preso? onde quer que ocorra?
Você não é proletário também, seu guarda? ()S QUATRO AGITADORES - Ele evitou uma pequena injustiça,
() POLICIAL par« o segundo - Venha cornigo. Bate-lhe IUi mas a grande injustiça) o furo da greve) continuou.
cabeça. O CORO DE CONTROLE - Nós estamos de acordo.
O JOVEM im-pedindo-o - Não foi ele.
O POLICIAL - Então foi você mesrno l
O SEGU NDO - N ão foi ele. 5
() POLICIAL - Então foram vocês dois.
o QUE É AFINAL?
O PRt:MEIRO - Corre, homem, corre. Você está COIn o bolso
cheio de panfletos. OS QUATRO AGITADORES - Lutávamos diariamente contra as
antigas associações, a desesperança e a submissão: ensiná-
O policial derruba o segundo. vamos os operários a transformar a luta por melhores
O JOVEM CAMARADA aponta para o policial, [alando para o salários em luta pelo poder. Ensinávamos o uso de armas
In/melro - Ele acaba de abater um inocente, você é e a arte de fazer manifestações. Depois ouvimos que os
testernurrha. comerciantes estavam brigando com os ingleses, que do-
251
.250
m ina varn a cidade por m eio da alfândega . Para tirar pro- O C O MERC IAN TE - Pois e u di go: nã o. Se os são rna rs
veito da briga entre os dominadores ern favor d os d orni , baratos d o qu e o arroz , ent ão po sso ar ran ja r u m n ov o
nados, enviamos o jovem camarada com urna carta para cu]e. Isto não está mais certo ainda?
o comerciante mais rico. Nela estava escrito: Armem os O C A 1\1ARA D A - Sim, está mais certo ainda. Aliás ,
cules! Dissemos ao jovem carnar ada : Comporte- se de f or- , quando o sen h or v ai envia r as primeiras a r mas pa ra a
111 <1 a conseguir as a rn1415. M as quando a com id a chegou cidade b ai xa?
à mesa, ele não soube calar. Mostrarnos COrno foi. O C O M E RC IA N T E - Logo, logo. V oc ê deveria ver co rno 0 5
cules, que carregam o meu couro, corn pram n1CU ar ro z
U 'm agitador como co me r cian te ,
na cantina.
O COMERCIANTE - Eu sou o comerciante. Estou aguardando O CAMARADA - Eu deveria ver.
urna carta da assoc iação dos cules so bre urna aç ão con- e) CO M E RC IA N T E - ( ) que voc ê ac ha , est ou paga ndo muito
ju n t a contra os ingleses.
pelo trabalho ?
O J O VEM - A q ui está a carta da associaç ão dos O .lOVEIvl CAMARADA - Não, mas o seu ar:oz .é caro c o tra-
cules. balho de ve ser bom, m as o seu ar r oz e r u irn.
O - Está conv idado a almo çar comigo. . O C O.M E R C IAN TE -
Vocês são pessoas espertas.
O JOV E !vl CAlvlARADA - É urna honra almo çar com o senhor. O JOVEp.:t - E quando o sen h or vai armar os cules
O COM ERCIANTE - Enquanto a comida preparada ) quero
é
contra os ingleses?
dizer-lhe minha opi nião so b re os cules, P or fa v or, sen - O COMERC IANT E - Depois de comer p odemos v isita r os de-
te- se aqui. pósitos d e arma s. Ago r a vo u cantar para você a rni n h a
O JOVEM C A]\.{AKADA - Estou mu ito in te res sad o em su a canç ão p r ed ilet a.
opiniã o.
O COMERCIANTE - Por que recebo tudo m ais barato do qu e
qualquer outro? E por que um cule trabalha para mim CANÇÃ() DA
quase de graça?
Tem arroz lá, rio abaixo.
O JO VEM CAMARADA - Não sei. , . . acima
,
Nas prOVlnC13S no as p essoas preC ISaITI de arroz..
O COMERCIANTE - Porque sou uni h omem esperto. Voc ês Se deixarmos o arroz rios depósitos,
também são espertos porque sabem corno receber salá- O arroz ficará mais caro para elas.
rios dos cules. Aqueles que puxam a canoa receberão ainda ar roz,
O JOVE!v! CAMARADA - Nós sabemos - aliás, o sen ho r vai Então o arroz ficará ainda mais barato para rrnrn,
armar os cuIes contra os ingleses? O que é o arroz, afinal?
O COMERCIANTE - Talvez, talvez. Sei c orno trat ar com UII1 E eu lá sei o que é o arroz?
cule. Deve dar-lhe arroz o bastante para que não morra , E eu lá sei, quem sabe diss o?
sen ão como é que ele vai trabalhar para você? Está certo? Não sei o que é o arroz,
O .JOVEM - Sim, está certo. Eu só conheço o seu preço.
253
..
Chega o inverno, as pessoas precisam de roupa. Os QUATRO AGITADORES - Não.
Então é preciso comprar algodão
E não liberar o algodão. O CORO DE CONTROLE
Quando chega o frio, as roupas ficam mais caras.
As fiações pagam salários altos demais. TRANSFOR:NIE o I\fUNDO: ELE PRECISA !)ISS()
O problema é que existe algodão demais.
O que é o algodão, afinal? Com quem o justo não sentaria
E eu lá sei o que é o algodão? Para promover a justiça?
E cu lá sei, quem sabe disso? Que remédio é tão ruim
N ão sei o que é o algodão, Para quem está moribundo?
Eu só conheço o seu preço. Que baixeza você não cometeria
Para extirpar a baixeza?
() homem precisa de muita ração, Se você, finalmente, pudesse rransformar o mundo ,
Com isso o homem fica mais caro. Para que se julgaria bom demais?
Para arrumar ração, precisa-se de homens. Quem é você?
Os cozinheiros tornam a comida mais barata, mas Afunde na sujeira,
Aqueles que comem a tornam mais cara. Abrace o carniceiro, mas
O problema é que existem homens de menos. Transforme o mundo: ele precisa disso!
O que é um homem, afinal? Con tinuern a narrar!
E eu lá sei a que é um homem? Há muito já não os escutamos como juízes,
E eu lá sei, quem sabe disso? Mas desde já corno aprendizes.
N ão sei o que é um homem, Os QtJ ATRO AGITADORES - Mal chegou à escadaria, o jovem
Eu só conheço o seu preço. camarada reconheceu o seu erro. N'os disse que podería -
Para o [oue n: camarada: E agora vamos comer o meu mos mandá-lo de volta através da fronteira. Vimos cla-
arroz de boa qualidade. ramente a sua fraqueza, mas precisávamos dele, pois
tinha muitos adeptos entre os desempregados, e ele nQS
o JOVEM CAMARADA leuan ta-se - Não posso comer com o ajudou muito, nesses dias, a tecer a rede do Partido, di-
senhor. ante dos canos dos fuzis dos empresários.
OS QUATRO AGITADORES - Foi o que ele disse e não houve
zombaria nem ameaça que o levassem a comer com aque-
6
le a quem desprezava; e o comerciante o expulsou e 05
cules não foram armados.
A TRAIÇAO
256 217
ccrnercian res e o seu conselho de in vadir a Câmara u- A nossa revolução começa amanhã.
nicipal e convença-os a participar, hoje à noite, da ma- Vence e t ransforrna o mundo.
nifestação dos trabalhadores das fábricas. Nós procura- A sua revolução acaba quando você acaba.
remos convencer os soldados insatisfeitos, reunidos e!11 Quando você tiver acabado,
volta da Câmara Municipal, a participar conosco, uni- A nossa revolução continuará.
formizados, da manifestação,
o JOVEM CAMARADA - Ouçam o .esto:l dizendo: vejo
() JOVEM CAMARADA - Lembrei aos desempregados quantas com os meus dois olhos que a rruserra n ao
vezes os soldadas a ti raram neles. E agora tenho que di- Por isso me oponho à sua decisão de esperar. Ainda hoje
zer-lhes que devem participar de urna manifestação jun- à noite vou ocupar a Câmara Municipal à frente dos
to com os assassinos?
desernpregados.
Os TRÊS AGITADORES - Sim, porq ue os soldados podem reco- Os TRÊS AGITADORES - SabClTIOS que a Câmara
nhecer que estava errado atirar em rnisera vei s da sua pró- está repleta de soldados. Mas ainda que não estlvess..e po-
pria classe. Lembre-se do conselho do camarada Lênin liciada, de que nos adiantaria a ". estaçoes _de.
de que não se devem considerar todos os camponeses trem) as estações telegráficas e os qU<lrtels,estao nas mao:
como inimigos de classe, mas sirn conquistar a miséria do governo? Você não nas convenceu. Va: portanto, ate
do campo como aliada. os desempregados e convença-os de que nao podem ata-
() JOVEM CAMARADA - Então eu pergunto: os clássicos role- car sozinhos. Exigimos isso de você agora em nome do
ram que a miséria espere? Partido.
()S TRÊS AGITADORES - Eles f alam de métodos que abrangem O J OVEl\l CAMARADA - Mas quem é o Partido?
a miséria em toda a sua dimensão. Ele está sentado em uma casa corn ,
Seus pensamentos são secretos) suas decisões desconheCi-
() JOVEM CAMARADA - Então os clássicos não são a favor de
que se dê ajuda imediata a todo miser áve]? das?
Quern é ele?
()S TRÊS AGITADORES - N ão.
Os TRÊS AGITADORES - Nós somos ele.
O JOVEM CA!\-lARADA - Então os clássicos são uma merda Você e eu e vocês - nós todos.
e eu os rasgarei; pois o homem, como ser vivo, berra, e Ele está na sua vestimenta, camarada. e pensa co:r1 •a sua
a sua miséria rompe todos os diques do ensinamenro. Por cabeça. Onde, eu moro, é a sua casa, e onde voce e ata-
isso darei início agora à ação, agora e já, pois eu berro e cado ele luta.
rompo os diques do ensinamen to. Mostre-rios o caminho que devemos percorrer
Ele rasga os escritos. E o percorreremos com você, mas
°
Não percorra sem nós caminho correto,
Os Não os rasgue! Precisamos deles,
'l' R Ê S AGITADORES - Sem nós ele seria
De cada um deles. Veja a realidade! Ornais errado.
A sua revolução é feita rapidamente Não se separe d e nos
't
E dura apenas um dia, Podemos estar errados e você ter razão, portanto
Amanhã estará sufocado. Não se separe de nós!
258 259
() J OV E M C A M A RA DA - Aqu i h á op ressão . Sou a fav or da lí-
Que o caminho ma is curto é melhor d o que o mais longo
berdade !
Ninguém nega
Mas se alguém o conhece ()S TRÊS AGITADORES - Cale-s e! Você está nos expondo.
E não é capaz de mostrá-lo a nós, de que nos adianta a O JOVE1\1 - Nã o posso ca lar - ru e, porque estou
su a co m a razão.
Sabedoria?
Os T R Ê S AGITADORES - E stej a o u não c om a raz ão - se você
Esteja sabi am en t e conosco!
falar, estamos perdidos! - C ale- se!
Não se separe de nós!
O JOVEM CAMARADA - Já vi demais,
() JOVE:1\l CAMARADA - Porque tenho razão, não posso ceder.
Não me calarei por mais tempo.
Vejo com os meus dois olhos que a miséria não pode Por que calar-me ainda?
esperar. Se eles não sabem que têm am igos ,
Corno se levantarão?
() C O R O DE C O N T R OLE Por isso coloco-me à sua fr ente,
C 0 0 10 aquele que sou e diz o que é.
Quando ern nossa fuga chegamos perto das mi nas d e O S Q UA TRO AG IT ADO RES - Nós dec idimos:
Então, ele tem que desaparecer, c omple camen te.
cal fora da c idade, ouvimos nossos perseguidores ern n osso
encalço. Nosso jovem camarada ouviu, ao acordar, o tro- Pois nós precisamos voltar ao noss?
vejar dos canhões, que vinha da direção da Câmara Mu - E não podemos levá-lo nem deixa-lo aqui..
nicipal. Reconheceu o que fizera c disse: nossa causa está Portanto temos que matá -lo e jogá-lo na mma de cal ,
perdida. E nós dissemos: nossa causa não está perdida. Pois a calo queimará.
Mas ele foi reconhec ido e não pode escapar. E nos rios há O C O RO DE CONTROLE - Não encontraram outra saída?
canhoeiras ancoradas, c comboios bl indados se encontram Os QUATRO AGITADORES - Corno o tempo era pouco, não en-
estacionados nas ferrovias, prontos para atacar-nos irnc- contramos outra saída.
diat arnenre, caso um de nós seja avistado. Ele não pode Assim como o animal ajuda o animal,
ser v isto. Também nós desejávamos ajudá-lo, àquele que
O CORO DE CONTROLE - Se nos encon trarern, seja onde for, Lutara conosco pela nossa causa.
Sa berão: os poderosos Distante cinco minutos dos perseguidores
Devem ser aniquilados! Pensamos numa
E os canhões dispararã o. Alternativa melhor.
162
..
_------------------------------ -- _._ _ _-- _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __.... .....
T arnbé rn vocês ago ra cs t áo pensando Os TRÊS :\GIL\ DORE S - pe r g u ntarnos : vo c ê está d e
N l H TLl altern ativa m elh o r. aco r d o ?
Pausa. Pausa.
Portanto dec idi m os sep a r a r () . I O V E i\l CA\1i\ R i\ D :\ - S im . V e jo qu e se m p re ag i errada-
A gora o n osso pró p r io p é d o co r po. men t e.
Ê t err í v el m a r a r . Os AG ITA DORE S - N ão sempre .
Mas não so me n t e os o u t ro s, t arnbcrn nos m a rar ia rnos, ( ) J O VE !\'t CArvl i\ R AD A - Eu que que r ia t an t o se r ú t il, apenas
c aso fosse n ec essár io , troux e p rejuí z o.
Já que só c om violê n cia é p ossí vel transf orma r Os T RÊ S A GITADORES - Não a pe nas.
Esse mundo assassin o,
() J OVE ,\l CA:'\1ARAD :\ - M as ago r a se r ra mel h o r se cu não
Co rno sabe todo ser vivo.
exi stisse.
A ind a n ão n os fo i dad o , dissem os,
Nã o m atar. U nicarncn te Os T RÊS AG f L>\DO R E S - Sim. Quer f azê -lo sozin ho ?
Pela von t ade in abalá vel d e t ra n sfo rm a r o m u ndo é que O J O VE.M C 1\ \ l A RADA - A ju dem -me.
just if ic amos ()S TR ÊS AG I TADORES - E ncoste a sua ca beç a em noss o br aç o .
A dec isão. F eche os olhos.
O COR O DE CO N T R OLE - C o n t in ue m con t a n d o. Pod em estar O J O VE M C A M AR A D A in uisli.cl - El e ainda d isse : No intcres-
cer tos se d o com u n ismo,
D e n o ssa si m p a t ia. D e aco rdo c om o avanç o das m assas proletá r ias
Nã o foi f ác il f azer o qu e era correto, D e t od os os pa ís es,
Nã o foram voc ês q ue p ro nu n ciaram a su a se n t e n ç a, Af ir m and o a revoluçã o rn und ial.
m as sim ( ) S Q UATR O A G ITA DORE S - E nt ão a ti r amos ne le
A realidade. E o jo g am os n a mina de ca l.
Os QUA TRO AGITADORES - Repetimos nossa ult irna conversa. E , quando a calo ha via en go lido)
() PRI MEIRO AG ITADO R - V an105 perguntar se el e está d e V ol tarnos ao n osso t rab alho.
ac o rdo , p oi s f oi um l utador co ra joso . () C O R O D E CO NTROLE - O seu tra balh o f oi be m -su ced ido ,
( ) SE GU NDO AG IT A DO R - M as m esmo que n ã o es tej a d e aco r - \ To c ês propaga ranl
do, ele terá que desaparecer c ompletamente. Os ensin ament os d os clássicos,
() ABC d o cornun ismo.
O PRIMEIRO AGITADOR para o ioi-e m cama rada - Se f or cap- Aos ign orantes ens in am en t o s sobr e a sua sit u aç ão ;
turad o eles at ira r ão em v o c ê , e, corno vão reconhecê-lo , Aos o p r irn id os , a consciênci a de cl asse,
n osso trabalho será descobert o. P ortanto t emo s que ati- E aos con scient izados, a experiê nc ia da re vol u ç ão.
r a r ern voc ê e jogá-lo na min a de cal para que a calo E t amb ém lá a r evoluç ão está em marcha,
queime. M as perguntamo s: voc ê vê urn a sa íd a ? E as fileira s d e co m ba t en t es estã o o rga n iz ad as t amb ém l á.
O J OV E 1\'1 CA M A RA D A - N ã o. E stamos d e ac ordo com você s.
264 265
Seu re lat o nos mostra o quanto
É n ecessário p ara se t r ansforrna r o rn u n do :
R aiva e pertinácia , saber e revolt a,
Intervenção rápida, profunda ponderação,
Fria tolerância , infinita perseverança .
Compreens ão da parte c compreensão do tod o:
Só ensin ados pela realidade é que p odemos
T ransforrn ar a realidade.
266