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Gerada em

  10/05/2019
13:28:17

Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe

SENTENÇA

Dados do Processo:
Número:
201900712914
Classe:
Efeito Suspensivo
Fase:
DISTRIBUÍDO
Escrivania:
Escrivania da 1ª Câmara Cível
Grupo: Situação:
III JULGADO Órgão Julgador:
Proc. Principal: Julgamento: 1ª CÂMARA CÍVEL
10/05/2019 Procedência:
201800721688 Impedimento/Suspeição: 1ª Vara Cível de São Cristóvão
Vinculado ao nº: NÃO Distribuido Em:
201800721688 Processo Sigiloso: 10/05/2019
NÃO
Processo Origem:
201883000975
Segredo de Justiça:
NÃO
Tipo do Processo:
Eletrônico
Número Único:
0003802-72.2019.8.25.0000

 
Partes do Processo:
Tipo Nome Representante da Parte
Requerente ESTADO DE SERGIPE Procurador Estadual: LAÍS NUNES DE OLIVEIRA - 636-B/SE
Advogado: CHRISTIAN ARY DA CRUZ BARBOSA - 281-A/SE
Requerido ANDERSON DE MOTA ASSUNÇÃO
Advogado: VITOR CONDORELLI DOS SANTOS - 2831/SE
Requerido IBFC INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO Advogado: RICARDO RIBAS DA COSTA BERLOFFA - 185064/SP

 
   
ESTADO DE SERGIPE peticionou requerendo a concessão do efeito suspensivo da
sentença proferida pelo Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de São Cristóvão, nos autos
Ação Cominatória nº 201883000975. O decisum possuiu o seguinte desfecho, verbis:

Diante do exposto, e considerando tudo quanto mais dos autos consta, JULGO
PROCEDENTE em parte o pedido para DECLARAR a nulidade da etapa de
aplicação das provas objetivas do Concurso Público da Polícia Militar de
Sergipe realizadas no dia 1º de julho de 2018, e consequentemente das etapas
posteriores dela decorrentes. Outrossim, verificada em sede de cognição
exauriente a presença dos requisitos previstos no art. 300 do CPC, conforme
fundamentação supra, DEFIRO ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA e
determino a imediata suspensão do concurso público e de todo e qualquer ato
administrativo decorrente do EDITAL Nº 05/2018, da Secretaria de Estado do
Planejamento, Orçamento e Gestão do Estado de Sergipe, que vise dar
seguimento as etapas do concurso pendentes de serem realizadas.”
 

Sustenta “NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO À SENTENÇA


PROFERIDA E GARANTIA DA CONTINUIDADE DO CONCURSO PÚBLICO PARA
PROVIMENTO DE CARGO DE SOLDADO DA PM/SE”.

Afirma que “O Poder Público, em parceria com o IBFC, banca organizadora do


certame, tomou todas as medidas preventivas e repressivas com vistas a afastar
qualquer tentativa de fraude ao certame. Assim, houve mera tentativa de fraude,
fato este incontrolável por qualquer ente público ou banca examinadora,
principalmente em face da progressiva profissionalização de quadrilhas por todo o
país no exclusivo intuito de aprovar, por meios inidôneos e mediante pagamento de
determinado valor, indivíduos incapacitados de lograr, por mérito próprio, a
aprovação em concurso público. “

Afirma que “o IBFC, banca examinadora responsável pela organização do concurso,


e a PM/SE, antes e durante a realização das provas da 1ª etapa do certame, já cientes
de nomes de candidatos que, em concursos anteriores, foram suspeitos de tentativas
de fraude, procederam a todos os cuidados necessários para a sua devida
fiscalização, inclusive reunindo, em determinadas salas, referidos candidatos
suspeitos, a fim de que pudessem ser acompanhados não só pelos fiscais, mas por
policiais militares descaracterizados.”

Acrescenta que “o IBFC se utiliza de mecanismo estatístico que culminou na


eliminação sumária de 23 candidatos, por tentativa de fraude. Tal mecanismo
consiste, conforme explicado pelo Instituto, na análise de identidade de respostas
incorretas. Assim, o resultado do cruzamento revelou existência de identidade entre
questões assinaladas incorretamente no cartão-resposta, de forma que alguns
candidatos, além das mesmas corretas, teriam optado exatamente pelas mesmas
alternativas incorretas, o que, segundo cálculos realizados pelo IBFC, seria quase
que absolutamente impossível. Trata-se de metodologia consagrada nacionalmente,
utilizada até mesmo pelo ENEM.”

Assim, asseveram que “verificou-se, na aplicação das provas da 1ª etapa do concurso


de soldado da PM/SE, excessiva diligência por parte da banca em parceria com a
PM/SE, que se utilizaram de mecanismos extraordinários para manter a integridade
do certame. De fato, não existem provas de mácula à lisura do concurso público,
mas tão somente tentativas frustradas de fraude, coibidas pelo IBFC em conjunto
com a PM/SE.”

Salienta a imperiosa necessidade de concessão do efeito suspensivo diante das


graves lesões ao Estado e aos candidatos, uma vez que “determinada a suspensão e
anulação de concurso que envolve aproximadamente 70 mil candidatos, com
centenas de candidatos já nas etapas finais do concurso, na iminência de iniciar o
curso de formação para soldado!”.

Assim, requer o efeito suspensivo poderá ser atribuído tanto pela probabilidade de
provimento do recurso quanto pela relevância da fundamentação c/c risco de dano
grave.

Eis o relatório.

Decido.

Compulsando os autos de origem, constato que a requerente manejou apelação cível


09/05/2019 nos autos da ação cominatória (processo nº 201883000975), encontrando-
se orecurso tempestivo e dispensado de preparo, estando preenchidos, portanto, os
requisitos de admissibilidade.

Cabe-me analisar a possibilidade de deferimento ou não pedido de efeito


suspensivo.

Eis o disposto no artigo 1012 do CPC:

“Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo.

§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos


imediatamente após a sua publicação a sentença que:

...

V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

...

§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento


provisório depois de publicada a sentença.

§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá


ser formulado por requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua


distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-
la;

II - relator, se já distribuída a apelação.

§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo


relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou
se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil
reparação.

In casu, o apelante insurge-se contra parte da sentença que determinou a nulidade


do Concurso Público da Polícia Militar de Sergipe realizado no dia 1º de julho de
2018, e consequentemente das etapas posteriores dele decorrentes, determinando,
ainda, em sede de antecipação de tutela a imediata suspensão do referido concurso
público e de todo e qualquer ato administrativo.

Pois bem.

No caso dos autos, imperiosa a concessão do efeito suspensivo vindicado.

A situação foi amplamente exposta na mídia que acabou por gerar forte repercussão
no Estado, qual seja, a tentativa de fraude no concurso para provimento de vagas
para o cargo de Soldado, restando também evidenciado que tal tentativa foi
prontamente combatida pelos responsáveis pela fiscalização do certame.
Forçoso é perceber que a banca examinadora, assim como a autoridade policial, não
foram pegos de surpresa, pois já tinham conhecimento prévio de que os dois
fraudadores presos estariam prestando o concurso público em questão, e para tanto,
fora planejado um estado de flagrância esperado.

Não se olvide que deve haver a cobrança não só da honestidade bem como da
aparência de lisura nos atos administrativos.

Ocorre que no caso em tela, todos os atos efetuados pela banca organizadora e o
Estado de Sergipe buscaram justamente demonstrar a honestidade e moralidade
empregadas no certame, não podendo permitir que atos criminosos individuais, que
foram debelados pelos responsáveis do certame, possam macular a integridade do
concurso.

Neste ínterim, não vislumbro que os postulados que regem os concursos públicos
foram feridos. A competição fora realizada em pé de igualdade sendo respeitada a
moralidade administrativa.

A não concessão do efeito suspensivo ao apelo pode configurar graves danos à figura
do Estado de Sergipe, bem como aos candidatos aprovados no concurso que
atuaram de forma honesta e lícita.

Diante dos fatos narrados e da probabilidade de provimento do recurso, os danos


são ainda mais amplos pois atingem a figura da segurança pública do Estado que já
se encontra com um número defasado de policiais militares nas ruas.

Frise que além de gerar novos gastos, a medida concedida acarretaria no


retardamento da conclusão do concurso e prejuízos à ordem pública que necessita
urgentemente da incorporação de novos nomes ao cargo de Soldado Militar.

Impende salientar que o próprio sentenciante não concedeu tal medida


antecipatória liminarmente nos autos de origem.

Sendo assim, havendo plausibilidade no direito invocado e considerando o perigo de


dano com a espera do processamento do recurso, deve ser concedido o efeito
almejado pela parte.

Forte nestes fundamentos, tenho por justificável a concessão do pleiteado pelo


requerente à apelação, na forma do artigo 1012, §4º do CPC.

Intimem-se as partes.

Comunique-se ao Juízo a quo.

Dê-se baixa.

Roberto Eugenio da Fonseca Porto


Desembargador(a)

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