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DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIAS
FEIRA DE SANTANA-BA
2019
MURILO MATOS CONCEIÇÃO
VOLVENTES
FEIRA DE SANTANA-BA
2019
MURILO MATOS CONCEIÇÃO
VOLVENTES
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Prof. Msc. Hélio Guimarães Aragão
(Universidade Estadual de Feira de Santana)
______________________________________________
Prof. Msc. Marcelo Pedreira da Silva
(Universidade Estadual de Feira de Santana)
______________________________________________
Prof. Msc. Durval de Oliveira Pinto Neto
(Faculdade de Tecnologias e Ciências)
DEDICATÓRIA
À STR consultorias e projetos estruturais Ltda e por permitir que o projeto de sua
propriedade fosse usado como exemplo.
Aos meus amigos e familiares que me apoiaram e me deram suporte neste longo
caminho, em especial a minha mãe, Herliane, que sempre esteve presente em minha vida
Aos meus irmãos Anderson, Emerson e Rebeca pelas sugestões e pela ajuda.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho,
muito obrigado.
"Se fracassar, ao menos que fracasse ousando
grandes feitos, de modo que a sua postura não
seja nunca a dessas almas frias e tímidas que
não conhecem nem a vitória nem a derrota."
-Theodore Roosevelt
RESUMO
The slab is one of the most important elements of the structure of a building and has in
the literature many ways of analysis and calculation of working stress. This work will analyze
the torsional moments in the corners and edges of rectangular slabs, using the plate theory with
the method of Kalmanok, the grid analogy, with the help of AltoQi Eberick V8 Gold software
and by the finite element method using the CSI SAP2000. On the method of Czerny was used
the normative recommendation of NBR 6118 (ABNT, 2014) to find the reinforcement on the
corner and on the edge. The goal was to compare the result of the methods used and apprise if
the normative consideration about the corners and edges reinforcement is coherent with the
obtained results. To do this, it was chosen a shape plant of an eight floors residential building
with nineteen rectangular slabs per floor, were calculated the slabs’ working stress using the
methods mentioned. Finally, a comparison was made between the results.
Key word: torsional moment, solid slabs, software AltoQI-Eberick, Kalmanok, finite
element, SAP200.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 2: Tipos de lajes de acordo com seus vínculos nas bordas ........................................... 27
Figura 6: Momentos fletores em uma laje apoiada em uma direção sob carga concentrada ... 31
Figura 9: Direção dos momentos principais em lajes armadas em duas direções com carga
uniformemente distribuída: a) apoiada em todo o contorno; b) engastada em todo o contorno
.................................................................................................................................................. 33
Figura 11: Disposição das armaduras em lajes com cantos garantidos contra levantamento .. 35
Figura 14: Redistribuição dos momentos fletores nas lajes devido às deformações nas vigas de
apoio ......................................................................................................................................... 39
Figura 25: Sistema de coordenadas local de um elemento FRAME com seção transversal
retangular .................................................................................................................................. 54
Figura 27: Forças normais e cisalhantes em um elemento SHELL quadrilateral de 4 nós ...... 56
Figura 28: Momentos fletores e torçores em um elemento SHELL quadrilateral de 4 nós ..... 56
Figura 31 : Trecho de viga que se apoia nas duas extremidades em pilares ............................ 58
Figura 32: Trecho de viga que se apoia em uma extremidade em pilar e na outra e viga ........ 58
Figura 35: Seção transversal da laje para cálculo das armaduras ............................................. 65
Figura 60: Modelo de pórtico para análise não linear em apoios extremos de vigas ............... 88
Figura 64: Modelo em elementos finitos modelado no SAP200 (vista 3D) ............................. 92
Tabela 6: Momentos fletores máximos calculados pelo AltoQi Eberick v8 Gold ................... 85
Tabela 14: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o MEF com
recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014).......................................................................... 100
Tabela 15: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o MEF
considerando resistência do concreto com recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014) ...... 100
Tabela 16: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o método de
Kalmanok com recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014) ................................................ 101
Tabela 17: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o método de
Kalmanok com recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014), considerando resistência do
concreto. ................................................................................................................................. 101
LISTA DE SÍMBOLOS
As - Área de aço
J - Constante de torção
L - Comprimento da barra
c - Cobrimento nominal
d - Altura útil
l - Vão efetivo
l0 - Vão livre
αx e αy - Coeficiente para cálculo dos momentos fletores positivos atuantes nas direções
paralelas a lx e ly, respectivamente
βx e βy - Coeficiente para cálculo dos momentos fletores negativos atuantes nas direções
paralelas a lx e ly, respectivamente
ε - Deformação específica.
ν - Coeficiente de Poisson
σ - Tensão
ø - Diâmetro da barra
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18
1.2. OBJETIVOS........................................................................................................ 20
4. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO....................................................................... 61
6. RESULTADOS ......................................................................................................... 71
1. INTRODUÇÃO
A laje maciça de concreto armado surgiu em 1854, quando o inglês William Boutland
Wilkinson (1819 – 1902) patenteou esse sistema de laje. Ele construiu uma casa de campo com
dois pavimentos, onde ele reforçou os planos de concreto com barras de ferro e arames. Desde
então, com o avanço na tecnologia dos materiais e o crescimento do mercado imobiliário este
tipo de laje passou a ser usado cada vez mais, pois apresentam diversas vantagens nos aspectos
custo e facilidade de construção.
A determinação correta dos esforços solicitantes em lajes é uma das mais difíceis tarefas
na análise estrutural de edifícios. Isto devido ao fato de que os esforços no pavimento de um
edifício dependem da interação entre vigas e lajes (ARAÚJO, 2010b).
De acordo com Araújo (2010b), modelos simplificados vêm sendo utilizados a muito
tempo no dimensionamento de estruturas e têm sido comprovados na prática, através de
estruturas que foram dimensionadas a partir desses métodos e que se mantiveram seguras e em
19
bom funcionamento por sua vida útil. Porém, estes métodos simplificados possuem limitações
que devem ser conhecidas pelo projetista.
De acordo com Spohr (2008 apud Franca, 1997), em edifícios de vários pisos as lajes
correspondem a elevada parcela do consumo de concreto. No caso de laje maciça essa parcela
chega usualmente a cerca de dois terços do volume total de consumo de concreto da estrutura.
1.1. JUSTIFICATIVA
Na NBR 6118 (ABNT, 2014) são encontradas várias recomendações quanto a armação
de lajes maciças, inclusive em bordas de lajes sem continuidade, porém, a mesma é omissa
quanto a armação nos cantos das lajes, devido a isto, uma prática comum entre projetistas é
armar os cantos com a malha formada pelo transpasse das armaduras de borda, utilizando, em
apenas a taxa geométrica mínima de armadura para estas regiões.
20
Com a análise de lajes do pavimento tipo de um edifício, por quatro métodos distintos,
o presente trabalho visou mostrar qual a influência da consideração dos momentos volventes
para o caso de estudo.
1.2. OBJETIVOS
1.3. METODOLOGIA
Para o presente trabalho foi utilizado um projeto arquitetônico, cedido pela STR
consultorias e projetos estruturais. Trata-se de um edifício residencial de 8 pavimentos o qual
terá os esforços solicitantes nas lajes do pavimento tipo encontrados através da teria de placas,
21
Para um embasamento teórico sobre o tema foi realizada também uma revisão
bibliográfica, onde são estudados os principais conceitos e teorias que serão utilizados.
No terceiro capitulo capítulo é exposto a arquitetura modelo usada para análise das lajes
é feita uma breve descrição do edifício.
Por fim no oitavo capítulo são apresentadas as considerações finais por meio de análises
dos resultados, avaliando as recomendações da NBR 6118 (ABNT, 2014) em relação aos
demais métodos e, qual a influência da consideração dos momentos volventes na análise.
23
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para função estrutural não é recomendado o uso de concreto simples, pois sua resistência
à tração é muito limitada, cerca de 10% da resistência à compressão. A NBR 6118 (ABNT,
2014) recomenda que na ausência de ensaios para obtenção dos valores de resistência a tração,
seja adotado, para concretos de classe até C50, como valor de resistência média à tração do
concreto:
2
𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3. 𝑓𝑐𝑘 3 Eq. 1
É a aderência entre o aço e o concreto é o que permite que o concreto armado funcione
como um único material estrutural, pois garante a transferência de esforços de um material para
o outro. Sem a aderência, as barras de aço deslizariam dentro do concreto e não estariam
submetidas aos esforços de tração, e a estrutura se comportaria como sendo de concreto simples.
Segundo Süssekind (1980) outra razão básica que viabiliza o uso do concreto armado é
a similaridade dos coeficientes de dilatação térmica do aço e do concreto, com o coeficiente do
concreto em torno de 1,0 x 10-5 ºC-1, ao passo que o aço possui coeficiente igual a 1,2 x 10-5 ºC-
1
. Esta pequena diferença é irrelevante em casos correntes, onde as variações de temperatura
não ultrapassam 50 ºC. Uma diferença relevante entre os coeficientes de dilatação térmica
24
Lajes são elementos estruturais que tem como principal função receber as cargas de
utilização das edificações, aplicadas nos pisos, e transmiti-las aos apoios.
Os tipos mais usuais de lajes são as lajes pré-moldadas, lajes nervuradas, lajes cogumelo
e lajes maciças, a qual é o foco deste trabalho.
As lajes maciças são usadas nos mais variados tipos de construção, como edifícios de
múltiplos pavimentos (residenciais, comerciais, etc.), muros de arrimo, escadas, reservatórios,
construções de grande porte, como escolas, indústrias, hospitais, pontes de grandes vãos, etc.
De modo geral, não são aplicadas em construções residenciais e outras construções de pequeno
porte, pois nesses tipos de construção as lajes nervuradas pré-fabricadas apresentam vantagens
nos aspectos custo e facilidade de construção (BASTOS, 2015)
O modelo estrutural mais comum nas edificações brasileiras é constituído de lajes, vigas
e pilares, onde, as lajes têm a função de receber as cargas aplicadas nos pisos das edificações e
transmiti-las para seus apoios, geralmente, vigas, que por sua vez transmite para os pilares e, a
partir destes, o carregamento é transmitido para as fundações.
Uma das características das lajes maciças é que elas distribuem suas reações em todas
as vigas de contorno, diferentemente das lajes pré-moldadas, com isso há um melhor
aproveitamento das vigas do pavimento, outra vantagem em relação as lajes pré-moldadas é a
facilidade de colocar, antes da concretagem, as tubulações (CARVALHO e FIGUEREDO
FILHO, 2014).
Uma das grandes desvantagens das lajes maciças comparadas às outras lajes é seu
elevado volume de concreto, e consequentemente, elevado peso próprio; utilização de formas e
escoras que geram um custo adicional, porém em edifícios com muitas repetições de
pavimentos esse custo pode ser diluído.
A laje maciça, possuindo extrema rigidez no próprio plano vai ter um comportamento
próximo ao de um diafragma rígido, e será então capaz de unir todos os pilares fazendo com
que a responsabilidade pela recepção de cargas verticais seja dividida entre todos os elementos
verticais.
A Figura 2 apresentam as simbologias dos vínculos e os tipos lajes de acordo com sua
vinculação, respectivamente.
27
O apoio simples surge nas bordas onde não existe ou não se admite continuidade da laje
com outras lajes vizinhas. O apoio pode ser uma parede de alvenaria, uma viga ou um consolo.
Quando a viga, apoio da laje, tem dimensões não muito grandes, o que leva a uma
pequena rigidez à torção, pode se admite como apoio simples. Caso contrário é mais
aconselhável engastar a laje na viga e considerar os esforções decorrentes da torção. (BASTOS,
2015).
Quando há continuidade de lajes, porém não em toda sua borda, considera-se apoiada,
caso o comprimento de continuidade for maior ou igual dois terços do comprimento da borda,
como mostrado na Figura 3.
2
Segundo Bastos (2015), as lajes L1 e L2 podem ser consideradas engastadas se a ≥ L,
3
caso contrário, apenas a laje L2 estará engastada.
No projeto de lajes o primeiro passo é determinar os vãos livre (l0) e os vãos efetivos
(l).
29
Considera-se vão livre a distância entre as faces dos apoios, em caso de laje em balanço,
é a distância da extremidade livre até a face do apoio.
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) os vãos efetivos nas lajes podem ser calculados
pelas seguintes expressões.
l = l0 + a1 + a2 Eq. 2
Onde:
𝑡1⁄
a1 ≤ { 2
0,3ℎ
𝑡2⁄
a2 ≤ { 2
0,3ℎ
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), não é necessário adotar valores maiores
que o vão livre acrescido de 60% da espessura.
Lajes armadas em uma direção são aquelas que apresentam λ ≥ 2. Neste tipo de lajes
com carregamento uniformemente distribuídos, os momentos na direção x (direção do menor
vão), podem ser comparados aos de um conjunto de vigas justapostas, já que não surgem flechas
diferentes na direção y (direção do maior vão).
Como os momentos My são pequenos em relação aos momentos Mx, muitos autores
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1972, 1978; ARAÚJO, 2010b) recomendam a simplificação, a
favor da segurança, de se considerar a laje como uma faixa de largura unitária na direção no
menor vão. Considerando para dimensionamento à ruptura por flexão apenas o esforço do
momento Mx.
A rigor, essas considerações só são verdadeiras para lajes apoiadas em apoios rígidos,
caso contrário a distribuição dos momentos fletores depende da rigidez das vigas de apoio,
podendo em alguns casos o maior momento na direção ocorrer na direção do maior vão
(ARAÚJO, 2010b).
31
Figura 6: Momentos fletores em uma laje apoiada em uma direção sob carga concentrada
As lajes armadas em duas direções, são aquelas que apresentam apoio em duas direções
e λ < 2. Estes tipos de lajes apresentam comportamento diferente das lajes armadas em uma
direção e, por conta disso o cálculo dos esforços solicitantes deve ser feito levando-se em conta
sua flexão biaxial.
Sob ação de uma carga, uma laje retangular apoiada em todo o perímetro apoia-se
preferencialmente no trecho central das bordas de apoio e nos trechos situados fora de uma
elipse inscrita na laje e os seus cantos tendem a levantar de seu apoio. (Figura 7)
32
Quando os cantos das lajes não forem garantidos contra a possibilidade de levantamento,
ou seja, quando não há uma sobrecarga suficientemente grande no canto, é recomendado prever
uma ancoragem para a força que tende a levantar o canto. Isso pode ser feito através de
chumbadores ou dobrando as barras nos apoios. A ancoragem nos cantos ocasiona, através do
momento M1, uma sensível redução dos momentos Mx e My nos trechos internos dos vãos
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1972).
Ancorando-se as regiões dos cantos, ou existindo uma sobrecarga, surgem, nos cantos,
momentos principais negativos M1 (traciona a face superior da laje) na direção diagonal e, em
direção perpendicular, momentos principais positivos M2 (traciona a face inferior da laje).
A partir da solução de Navier para uma laje retangular apoiada nos quatro bordos,
demostrada por (ARAÚJO, 2010b), temos que os momentos principais M1 e M2 são dados por:
𝑀𝑥 + 𝑀𝑦 𝑀𝑥 + 𝑀𝑦 2
𝑀1,2 = √
± ( ) + 𝑀𝑥𝑦 2 Eq. 3
2 2
33
Logo, podemos notar que na região central da laje, onde os momentos fletores (Mx e
My) são principais os momentos Mxy são nulos. Nos cantos, onde os momentos volventes
(Mxy) são máximos, os momentos fletores são nulos (ARAÚJO, 2010b).
Figura 9: Direção dos momentos principais em lajes armadas em duas direções com carga uniformemente
distribuída: a) apoiada em todo o contorno; b) engastada em todo o contorno
Para a máxima eficiência das armaduras de canto, essas devem ser dispostas a 45° na
face superior, para combater os momentos M1 e a 135° na face inferior, para resistir aos
esforços de M2 (Figura 11a). Porém, na prática essa solução não é bem aceita, pois,
construtivamente é mais complexa, já que as barras teriam comprimentos diferentes e estariam
dispostas em ângulo com a armadura principal. Por conta disso, uma prática comum é usar
amaduras em malha, nas direções x e y, uma na face superior e outra na face inferior (Figura
11b), mesmo que a quantidade de aço necessária seja maior. Assim cabe ao projetista analisar
qual a solução mais viável para cada caso (LEONHARDT e MÖNNIG, 1978).
35
Figura 11: Disposição das armaduras em lajes com cantos garantidos contra levantamento
Como em geral as barras da armadura inferior são adotadas constantes em toda a laje,
não é necessária armadura adicional inferior de canto. Já a armadura superior se faz necessária
e, para facilitar a execução, recomenda-se adotar malha ortogonal superior com seção
transversal, em cada direção, não inferior a armadura na direção do maior momento.
(PINHEIRO, MUZARDO e SANTOS, 2003; ARAÚJO, 2010b; LEONHARDT e MÖNNIG,
36
1978). Já Montoya (1969) apud Parsekian (1996) e IBRACON (2007) recomenda que a
armadura de canto seja 75% da armadura principal.
A NBR 6118 (ABNT, 2014) não faz nenhuma recomendação sobre armadura de canto
em lajes maciças, porém recomenda uma armadura negativa mínima em bordas sem
continuidade, a qual deve ter comprimento mínimo de 15% do vão, consequentemente nas
regiões de canto essas armaduras formarão malhas e aço perpendiculares, semelhantes a
sugeridas pelos autores. Assim, seguindo esta recomendação tem-se nos cantos armadura de
canto igual a 0,67.Asmin.
Além da área de aço necessária outro aspecto importante a ser mencionado é até onde a
armadura se estenderá. Segundo o IBRACON (2007) e Araújo (2010b), a armadura de canto
deve se estender até 0,2lx, a contar do eixo da viga. Leonhardt e Mönning (1978), recomenda
que a armadura para os momentos principais deve se estender até 0,3lx para lajes apoiadas nos
quatro cantos e 0,25lx para lajes apoiadas em três lados. Em (CELESTE, 2011) é apresentado
um estudo mais detalhado sobre o comportamento dos momentos volventes em relação as
condições de apoio, relação entre os vãos e até onde estes momentos são importantes, fazendo
uso do método de Wood.
(LEONHARDT e MÖNNIG,
As1 0,25lx~0,3.lx
1978)
(PINHEIRO, MUZARDO e
As1 0,2.lx
SANTOS, 2003)
Fonte: Elaborado pelo Autor
eventuais fissuras decorrentes do engastamento parcial entre a laje e a viga, mesmo que a laje
tenha sido calculada como simplesmente apoiada.
(LEONHARDT e MÖNNIG,
0,5.As1 0,25.lx
1978)
Fonte: Elaborado pelo Autor
Segundo Park e Gamble (1980), o valor do momento volvente resistido pelo concreto
depende do fck, da altura da laje e da força cortante que atua na laje, e pode ser calculado pela
seguinte expressão de acordo com o ACI, que foi adaptada por Parsekian (1996) para o sistema
internacional de medidas (S.I.).
ℎ2 0,4.√𝑓𝑐𝑘 Eq. 6
Mxyc = φ . .
3 τ
√1+(1,2. 𝑤⁄τ𝑡 )
, h em metros e fck em MPa
Onde, τw e τt são as tensões cisalhantes devido à força cortante de referência e a tensão
cisalhante devida ao momento.
Parsekian (1996) ainda alterou esta equação para adapta-la à ABNT (NB1, 1982) para
incrementar às variáveis a máxima tensão cisalhante resistida pelo concreto.
Desta forma momento volvente resistido pelo concreto pode ser calculado como:
ℎ2 .τwu1 𝑉𝑑 2
Mxyc = . √1 − ( )
4,2 𝑑.𝜏𝑤𝑢1 Eq. 7
Onde, τwu1 é a tensão cisalhante permitida em lajes sem armadura transversal, dada
por:
O valor de τwu1 foi calculado através das duas equações e utilizado o valor mais
conservador.
Em condições reais nos pavimentos dos edifícios, as lajes estão apoiadas sobre vigas
que são flexíveis. Esta condição de apoio altera o campo de deformações da laje e, como
consequência, os esforços internos e as reações de apoio, como mostram as Figuras 14 e 15.
Figura 14: Redistribuição dos momentos fletores nas lajes devido às deformações nas vigas de apoio
Segundo Coelho (2013) para pavimentos compostos por lajes retangulares, sem muita
variação em suas dimensões e com vigas de apoio suficientemente rígidas, podendo se
considerar as lajes apoiadas sobre apoios rígidos os resultados encontrados por métodos
simplificados não são muito diferentes daqueles obtidos com uma análise do pavimento inteiro
por Analogia de Grelha ou pelo Método dos Elementos Finitos.
Coelho (2013) em seu trabalho fez uma análise da influência da flexibilidade do apoio
em uma laje quadrada com quatro lados apoiados e em um painel de laje contínuas, analisando
a influência da flexibilidade do apoio intermediário. No primeiro caso a laje maciça quadrada
com lado de 4 m e espessura de 10 cm e viga com largura de 12 cm e altura variando entre 26
cm e 500 cm. A partir disso é calculado a relação entre a rigidez da viga e a placa (γ), flecha
máxima na laje (f), momento máximo no meio do vão (Mx) e momento máximo na viga de
apoio (Mxa). O problema foi analisado pela analogia das grelhas e coeficiente de Poisson usado
foi de 0,25.
indeformável, apresenta um módulo de zero atinge valores consideráveis. Esses esforços caso
não sejam considerados em projeto podem comprometer a estrutura.
Tabela 1: Avaliação da influência da flexibilidade do apoio em laje quadrada com quatro lados apoiados
h(viga) f Mx Mxa
γ
(cm) (cm) (Kgf.m) (Kgf.m)
∞ 500 0,72 731,00 0,00
100 151 0,73 735,00 0,00
50 120 0,74 736,00 0,00
25 95 0,76 740,00 107,00
10 70 0,8 751,00 146,00
5 56 0,88 769,00 209,00
4 52 0,92 777,00 240,00
3 47 0,98 791,00 289,00
2 41 1,1 819,00 381,00
1 33 1,41 889,00 623,00
0,5 26 1,87 995,00 979,00
0 0 3,89 1457,00 2428,00
Fonte: Coelho, 2013
No segundo caso é estudado um painel contínuo composto por duas lajes retangulares
de 4 x 6 m com espessura de 10cm, apoiado em vigas. A viga intermediária foi considerada
com largura de 15 cm e altura variando de 20 cm a 100cm. As demais vigas de apoio foram
consideradas com uma grande altura para simular o efeito de um apoio indeformável.
O painel foi calculado usando o método de elementos finitos considerando uma carga
uniformemente distribuída de 1000Kgf/m². Na Tabela 2 são apresentados os resultados. Onde
Mx é o momento na direção X, My é o momento na direção Y, Mxy é o momento volvente,
nos cantos, Mxa é o momento máximo na viga intermediária, f1 a flecha máxima na laje e f2
flecha máxima da viga.
Tabela 2: Avaliação da influência da flexibilidade do apoio em um painel de lajes continuas apoiados nos quatro
lados
A lei de Hooke é a lei que rege a teoria da elasticidade e segundo ela quando aplicada
uma força sobre um sistema, o mesmo irá sofrer uma determinada deformação que é função da
força aplicada e da do material.
𝐹 = 𝑘. ∆𝑙 Eq. 10
A Lei de Hooke também é percebida após a realização de ensaios onde é obtido o gráfico
de Tensão x Deformação (Figura 16). O comportamento linear mostrado no início do gráfico
está nos afirmando que a tensão é proporcional à deformação. Logo, existe uma constante de
proporcionalidade entre essas duas grandezas.
Sendo,
𝜎 = 𝐸. 𝜀 Eq. 11
σ = Tensão;
ε = Deformação específica.
43
A teoria clássica de placas é uma formulação matemática muito utilizada para descrever
o comportamento elástico de placas com carregamentos predominantemente transversais.
Segundo Szilard (1974), uma placa pode ser considerada fina quando a espessura da
mesma for inferior a 10% do menor vão. Para espessuras maiores devem ser considerados as
deformações por cisalhamento que poderão causar o empenamento da seção transversal.
Uma grande diferença entre as placas finas e espessas é o estado de tensões que em
placas espessas o estado de tensões é triplo e em placas finas tem-se o estado duplo de tensões.
O primeiro estudo significativo das placas foi nos anos 1800, desde então, foram
resolvidos muitos problemas de flexão de placas, com a teoria fundamental (Navier, Kirchhoff
e Lévy) e com resoluções numéricas (Galerkin e Wahl). Sendo uma das mais conhecidas a
teoria de Kirchhoff onde são admitidas, para placas finas com pequenas deflexões, as seguintes
hipóteses:
Deve-se também corrigir os momentos positivos. Para isso, soma-se o momento positivo
com metade da diferença entre o momento negativo e o momento negativo corrigido, como no
caso da laje L2 da Figura 18. Esta correção só será realizada se o momento sofrer acréscimo,
caso contrário é adotado o momento positivo calculado inicialmente, como a laje L1 e L4,
também da Figura 18.
Neste método as lajes são consideradas como painéis isolados e não é considerada a
deformabilidade dos apoios, ou seja, as vigas de bordo são idealizadas como apoios rígidos.
Além disso também não é considera o efeito da excentricidade entre laje e viga.
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 25) “Para tensões de compressão menores que
0,5fc e tensões de tração menores que fct, o coeficiente de Poisson pode ser tomado como
igual a 0,2”. Sendo assim, deve-se adaptar o método para atender as recomendações previstas
em norma.
46
Para emprego das tabelas é preciso determinar a relação entre os vãos e as condições de
apoio das lajes, para identificar qual caso se aplica. As condições de apoio usadas nas tabelas
de Czerny estão representadas na Figura 2.
𝑞. 𝑙𝑥2
𝑀𝑥 = Eq. 12
𝛼𝑥
𝑞. 𝑙𝑥2
𝑀𝑦 = Eq. 13
𝛼𝑦
𝑞. 𝑙𝑥2
𝑀𝑥𝑒 = Eq. 14
𝛽𝑥
𝑞. 𝑙𝑥2
𝑀𝑦𝑒 = Eq. 15
𝛽𝑦
Os coeficientes αx, αy, βx e βy podem ser obtidos em tabelas e são função da relação entre
vãos e da condição de apoio.
Grelha é uma estrutura formada por barras coplanares, que são submetidas a
carregamento perpendicular a seu plano (SUSSEKIND, 1981).
A analogia das grelhas consiste em substituir a laje por uma malha de vigas que se
cruzam, denominado de grelha equivalente. Este método pode ser aplicado considerando os
apoios rígidos ou sobre apoios deformáveis, este último considera que os apoios sofrem
deformações suficientes para alterar os esforços e as flechas da laje. (ARAÚJO, 2010b).
Este método foi inicialmente idealizado por Marcus em 1932, que pensou em criar uma
técnica aproximada para obter os esforços em lajes, já que nesta época não se dispunha de
computadores. Em 1959, com a constatação de que a análise de grelhas e pórticos planos pelo
método dos deslocamentos era bastante parecida, Lightfoot e Sawko adaptaram um programa
de cálculo de pórtico plano para o cálculo de grelhas, e, posteriormente, o método foi
sistematizado por Hambly (STRAMANDINOLI e LORIGGIO, 2003).
capaz de representar todo o tabuleiro, lajes e vigas, dessa forma, o efeito de deformabilidade
das vigas pode ser considerado na análise.
Como se trata de um método matricial. A estrutura formada por essa malha de vigas
pode ser analisada com a utilização de software baseados no método da rigidez, o qual utiliza a
matriz de rigidez dos elementos da grelha. A matriz de rigidez do elemento de grelha em relação
ao sistema de eixo local é dada por:
𝐺𝑗 −𝐺𝑗
0 0 0 0
𝐿 𝐿
|0 4𝐸𝐼 6𝐸𝐼 2𝐸𝐼 6𝐸𝐼 |
0
𝐿 𝐿2 𝐿 𝐿2
−6𝐸𝐼 12𝐸𝐼 −6𝐸𝐼 −12𝐸𝐼
0 0
𝐿2 𝐿3 𝐿2 𝐿3
KM = |−𝐺𝐽 𝐺𝑗
|
0 0 0 0
𝐿 𝐿
2𝐸𝐼 −6𝐸𝐼 4𝐸𝐼 −6𝐸𝐼
|0 𝐿 𝐿2
0
𝐿 𝐿2 |
6𝐸𝐼 12𝐸𝐼 −6𝐸𝐼 12𝐸𝐼
0 0
𝐿2 𝐿3 𝐿2 𝐿3
Um fator de grande importância é a ligação entre laje e viga, pois, se a laje for
simplesmente apoiada na viga de bordo, há uma transferência de dois esforços para a viga: força
cortante, de igual valor ao esforço cortante nas barras da grelha, e de momento fletor, devido
ao momento torsor nas barras da grelha. Porém se a laje tiver ligação rígida com a viga de
bordo, haverá além da transferência de força cortante e momento fletor a transferência de
momento torsor, que é devido ao momento fletor negativo que atua na barra da grelha
(ARAÚJO, 2010b).
As cargas podem ser cargas distribuídas ao longo das barras e como cargas concentradas
nos nós. Para ambos os casos a carga deve ser calculada através da área de influência do
elemento (barra ou nó).
Neste trabalho foi utilizado o AltoQi Eberick, um software para elaboração de projetos
estruturais em concreto armado moldado in-loco, pré-moldado, alvenaria estrutural e estruturas
mistas, que possui recursos para agilizar etapas de modelagem. Além disso, realiza a análise da
49
No AltoQi Eberick as lajes podem ser consideradas apoiadas nas vigas do contorno,
engastadas na laje adjacente, ou ainda ter seus lados definidos como bordo livre, atendendo as
necessidades do projeto.
É possível analisar todo o conjunto de vigas de apoio e lajes como uma grelha plana,
assim a laje e as vigas de apoio passam a ser uma única estrutura. Este modelo é mais
conveniente quando se trata de painéis de lajes contínuas, já que é usual que a concretagem
desses elementos se dê ao mesmo tempo, gerando uma ligação monolítica entre lajes e vigas,
50
O Método dos Elementos Finitos (MEF) teve origem no final do século XVIII, quando
Gauss propôs a utilização de funções de aproximação para a solução de problemas matemáticos.
Diversos matemáticos, durante mais de um século, desenvolveram teorias e técnicas analíticas
para a solução de problemas, contudo, pouco se evoluiu devido à dificuldade e à limitação
existente no processamento de equações algébricas. O desenvolvimento prático desta análise
ocorreu somente muito mais tarde devido os avanços tecnológicos e o advento da computação.
Isto permitiu a elaboração e a resolução de sistemas de equações complexas. (LOTTI,
MACHADO, et al., 2006).
Um grande atrativo do MEF é a generalidade de sua formulação, o que permite que seja
usado em diversas áreas do conhecimento, resolvendo problemas diferentes. No âmbito da
engenharia de estruturas, esse método pode ser empregado na formulação em deslocamentos e
51
Na análise de lajes, que podem ser descritas como placas, pode-se empregar elementos
finitos para análise bidimensional (Figura 21). Os elementos são definidos por sua geometria e
pelo número de nós. Portanto, tem-se os elementos triangulares de 3 e 6 nós, elementos
retangulares de 4 e 8 nós e elementos isoparamétricos (elementos distorcidos, permitem uma
boa modelagem de domínios irregulares) (ARAÚJO, 2010b).
Para modelagem das lajes no método dos elementos finitos foi utilizado elemento de
placa fina, pois apresenta resultado mais próximo dos reais.
Neste trabalho, será utilizado um programa de elementos finitos, o CSI SAP2000 versão
20.1.0.
2.11.1. SAP2000
É possível também a definição das seções dos elementos que serão utilizadas na
modelagem, para isso é utilizado o comando “Define/Section Properties/Frame Sections” para
os elementos de barras e “Define/Section Properties/Area Sections” para os elementos de
placas.
O elemento FRAME é utilizado para modelar elementos estruturais com barras (vigas,
pilares, pórticos, etc.). Para a devida consideração das rijezas dos elementos e do correto peso
próprio do modelo, é necessário se fazer a definição das propriedades das barras do
modelo.(MELO, 2016).
54
O elemento FRAME é representado por uma linha reta conectando dois pontos que são
designados como nós I e J. Esses nós possuem 6 graus de liberdade, sendo 3 de translação e 3
de rotação.
Cada elemento possui seu próprio sistema de coordenadas local, onde seus eixos são
denominados eixos 1, 2 e 3, sendo o eixo 1 o eixo longitudinal, com sentido em I-J. Já os eixos
2 e 3 são perpendiculares ao eixo longitudinal e, geralmente, paralelos aos eixos de simetria da
seção, Figura 25. O sistema de coordenadas locais é utilizado para definir propriedades da seção
transversal, cargas e esforços nas barras.
Figura 25: Sistema de coordenadas local de um elemento FRAME com seção transversal retangular
O elemento SHELL é um tipo de elemento finito de área usado para modelar estruturas
com comportamentos de membranas, placas e cascas.
Neste trabalho o modelo utiliza a teoria de placas finas. O elemento SHELL, portanto,
possui seis graus de liberdade em cada nó: três translações e três rotações.
Assim como o elemento FRAME, cada elemento SHELL tem seu próprio sistema de
coordenadas local que é utilizado para definir propriedades do material, cargas e esforços e
saída de resultados.
Os esforços internos em um elemento SHELL são as forças Fij e momentos Mij (ambos
por unidade de comprimento) decorrentes da integração das tensões ao longo da espessura do
elemento.
56
A Figura 27 mostra a direção e o sentido positivo das forças normais F11 e F22 e das
forças cisalhantes F12 e F21, já a Figura 28 mostra a direção e o sentido positivo dos momentos
fletores M11 e M22 e dos momentos torçores M12 e M21.
Em situação real da estrutura, geralmente, o eixo da viga não coincide com o plano
médio da laje. Porém, ao realizar a modelagem do pavimento através do programa SAP2000,
os elementos FRAME e os elementos SHELL são criados no plano médio da laje. A conexão
57
OFFSET cria conexões virtuais entre alguns nós dos dois elementos e faz com que o eixo do
elemento de barra seja deslocado para a posição correta.
Os nós de pórtico não podem ser considerados totalmente rígidos, pois apresentam certa
flexibilidade, principalmente devido ao cisalhamento. Em casos de ligações excêntricas das
vigas nos pilares, além das deformações de distorção devido ao cisalhamento surgem
deformações próprias de torção.
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 87), “os trechos de elementos lineares
pertencentes à região comum ao cruzamento de dois ou mais elementos podem ser considerados
rígidos (nós de dimensões finitas)”
58
Figura 32: Trecho de viga que se apoia em uma extremidade em pilar e na outra e viga
3. ARQUITETURA MODELO
Para efeito de estudo, foi considerado para análise em questão apenas o pavimento tipo,
desconsiderando os demais níveis. O pavimento tipo é composto de 4 apartamentos idênticos,
as áreas de seus ambientes estão descritas na Tabela 3.
Tabela 3: Ambientes
4. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO
4.1. MATERIAIS
Aço CA-50;
4.2. CARGAS
A NBR 6120 (ABNT, 1980), norma que fixa as condições exigíveis para determinação
dos valores das cargas que devem ser consideradas no projeto de estrutura de edificações, traz
o peso específico dos materiais de construção mais frequentes e, para o projeto exemplo foram
utilizados os seguintes pesos específicos, segunda a norma citada:
Para a carga referente a revestimento, (ARAÚJO, 2010b) recomenda valores entre 0,8
e 1,0 kN/m². Neste trabalho foi considerado carga de revestimento igual a 1,0 kN/m².
As cargas acidentais são aquelas que sofrem variações consideráveis durante e vida útil
da edificação, elas atuam nas lajes em função da finalidade da edificação e incluem o peso de
pessoas, móveis, veículos e materiais diversos
A carga utilizada neste trabalho foi de 1,5 KN/m², valor referente carregamento
para edifícios residenciais em Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro da NBR 6120
(ABNT, 1980).
62
Estado limite é o estado que define impropriedade para o uso da estrutura, por razões de
segurança, funcionalidade ou estética, desempenho fora dos padrões especificados para sua
utilização normal ou interrupção de funcionamento em razão da ruína de um ou mais de seus
componentes.
Estados limite últimos são aqueles relacionados ao colapso ou qualquer outra forma de
ruína estrutural que determine a paralisação do uso da estrutura. Segundo a NBR 6118 (ABNT,
2014) A segurança das estruturas de concreto deve sempre ser verificada em relação aos
seguintes estados limites últimos:
Colapso progressivo;
Para determinar a o carregamento que atuará sobre a estrutura as ações que atuam sobre
a mesma são combinadas considerando a probabilidade não desprezíveis de atuarem
simultaneamente, durante um período preestabelecido. A combinação das ações deve ser feita
de forma a serem determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. Verificando os
63
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), são classificadas de acordo com sua permanência
na estrutura e devem ser verificadas como estabelecido a seguir:
Quase permanentes
Frequentes
Raras
5. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO
d=h−∅−c Eq. 21
Onde:
d é a altura útil;
h é a espessura da laje;
∅ é o diâmetro da barra;
c é o cobrimento nominal.
Onde:
b*d cm2
Kc = ( ) Eq. 22
Md kN
ks*Md
As = (cm2 /𝑚) Eq. 23
d
Figura 36: Tabela para dimensionamento de área de aço
67
5.1. DETALHAMENTO
O detalhamento das armaduras é uma etapa fundamental para o projeto estrutural. Além
de um cálculo preciso das solicitações e das dimensões dos elementos estruturais devem ser
tomadas algumas medidas que facilitem a execução e a compreensão do projeto, possibilitando
uma maior uniformidade na concretagem da estrutura e uma adequada proteção das armaduras
contra a corrosão. (ARAÚJO, 2010b)
d = h − 3 (cm)
O arranjo das armaduras deve além de atender a sua função atender também às
condições que viabilizem sua execução, como, ter o espaçamento adequado para introdução do
vibrador e que impeçam a segregação do agregado graúdo. As armaduras devem ser dispostas
de forma a que se possa garantir o seu posicionamento durante a concretagem.
A ABNT NBR 6118:2014 em seu item 20.1 define algumas prescrições sobre o
detalhamento das lajes, como:
Qualquer barra da armadura de flexão deve ter diâmetro no máximo igual a h/8;
Nos apoios de lajes apoiadas que não apresentem continuidade, deve-se dispor de
armadura de borda que atenda aos valores mínimos dados na tabela 19.1 da NBR
68
6118:2014 (Figura 37). Essa armadura deve se estender até pelo menos 0,25 do vão
menor da laje a partir da face do apoio.
Nas lajes maciças armadas em uma ou em duas direções, em lajes que seja dispensada
armadura transversal, e quando não houver avaliação explícita dos acréscimos das
armaduras decorrentes da presença dos momentos volventes, toda a armadura positiva
deve ser levada até os apoios, não se permitindo escalonamento desta armadura. A
armadura deve ser prolongada no mínimo 4 cm além do eixo teórico do apoio.
Nos apoios de lajes que não apresentem continuidade e que tenham ligação com os
elementos de apoio, deve-se dispor de armadura negativa de borda, conforme tabela
19.1 da NBR 6118:2014. Essa armadura deve se estender até pelo menos 0,15 do vão
menor da laje a partir da face do apoio.
Segundo Araújo, 2010b a armadura negativa de borda em lajes que não apresentem
continuidade deve ser maior ou igual ao maior valor entre 25% da armadura positiva, na direção
perpendicular à borda e 67% da armadura mínima dada pela NBR 6118 (ABNT, 2014).
69
Ainda segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), em bordos livres e faces das lajes maciças
junto as aberturas devem ser protegidas por armaduras longitudinais e transversais. Os detalhes
típicos sugeridos para armadura complementar pela NBR 6118:2014 são mostrados na Figura
39, as quais devem considerar a dimensão e o posicionamento das aberturas, o carregamento
aplicado nas lajes e a quantidade de barras que está sendo interrompida pelas aberturas.
6. RESULTADOS
Para que a análise dos momentos possa ser comparada, foram usados os valores de carga
característica, calculado pelo Eberick, esses valores estão representados na Tabela 4.
72
6.1. LAJES
Relação de forma:
lx = 463 cm ly = 531 cm
73
λ = 1,15
Por conta da continuidade com a laje L19 ser menor que 2⁄3 do vão da laje L13, esta
foi considerada apena apoiada nesta borda, conforme 2.4.3.
Relação de forma:
lx = 531 cm ly = 797 cm
λ = 1,50
Relação de forma:
74
lx = 334 cm ly = 531 cm
λ = 1,60
6.1.4. Laje L7
Por conta da continuidade com a laje L14 ser menor que 2⁄3 da borda inferior da laje
L7, esta foi considerada apenas apoiada nesta borda, conforme 2.4.3.
A laje L7 possui dois shafts que ocupam mais da metade de dois de suas bordas (Figura
44), por conta disso, nos métodos de Czerny e Kalmanok estes bordas foram considerados como
bordas livres e, os seus momentos máximos foram calculados como lajes armadas em uma
direção, com o vão de 660 cm.
Para ser possível o cálculo do momento Mxy nesta laje, no método de Kalmanok apenas
para o cálculo no coeficiente mxy esta laje foi considerada como apoiada em todas as bordas.
Relação de forma:
lx = 526 cm ly = 660 cm
λ = 1,25
75
Relação de forma:
lx = 57,5 cm ly = 612 cm
Estas lajes não foram consideradas engastadas nas lajes L8 e L11, pois estas possuem
pequeno comprimento e menor espessuras que as lajes L9 e L10, por tanto, não possuem rigidez
suficiente para impedir a rotação destas lajes.
Relação de forma:
lx = 531 cm ly = 612 cm
λ = 1,15
Relação de forma:
lx = 256 cm ly = 823 cm
Relação de forma:
lx = 268 cm ly = 270 cm
77
λ = 1,00
Para os métodos de Czerny e Kalmanok as lajes as lajes L8, L11 e L14 serão calculadas
como vigas justapostas, pois, apresentam relação entre vãos maior que dois. Essas lajes serão
armadas em uma direção, contando com armadura de distribuição na direção perpendicular.
𝑞𝑑 ∗ 𝑙 2
𝑀=
2
840,0 ∗ 0,5752
𝑀=
2
𝑀 = 138,86 kgf. m
A laje L14 tem o carregamento de 525,0 kgf/m², com a majoração da carga, 735,0
kgf/m². Assumindo vigas de 1m de largura, o carregamento nas mesmas será de 735,0 kgf/m,
com vão de 256 cm, assim o momento máximo será:
𝑞𝑑 ∗ 𝑙 2
𝑀=
8
735 ∗ 2,562
𝑀=
8
𝑀 = 602,11 kgf. m
78
A laje L7, como já descrito em 6.1.4 será calculada como viga justa postas com vão de
660cm, por conta de suas duas bordas serem ocupados em grande parte por um shaft que impede
este apoio.
𝑞𝑑 ∗ 𝑙 2
𝑀=
8
902,2 ∗ 6,602
𝑀=
8
𝑀 = 4912,48 kgf. m
Todas as características dos elementos e das cargas foram consideradas as mesmas para
os demais métodos.
Para que a análise dos momentos possa ser comparada, foram alteradas algumas
configurações do software AltoQi Eberick v8. Os coeficientes de ponderação. Foi também
desconsiderada a ação do vento na estrutura criada.
Após o cálculo o software gerou um modelo da grelha utilizada para o cálculo dos
momentos (Figura 57). Como configuração padrão, o espaçamento das faixas da grelha ficou
em 50 cm, com o número mínimo de faixas em uma direção como 4 faixas.
Em todas as lajes foi considerado a flexibilidade dos apoios o que permite à análise um
resultado mais próximo do real, como discutido em 2.8.
85
Mx My Mxe Mye
Laje
(kgf.m/m) (kgf.m/m) (kgf.m/m) (kgf.m/m)
L1 1.150,65 809,20 1.799,90 1.041,90
L2 730,40 1.826,48 1.700,80 5.068,10
L3 730,40 1.826,69 1.698,90 5.068,40
L4 1.150,65 809,20 1.800,00 1.041,80
L5 675,05 450,70 1.594,90 973,80
L6 675,03 450,70 1.594,90 973,80
L7 1.962,70 1.139,43 2.673,50 3.466,40
L8 426,10 10,36 592,60 176,40
L9 1.524,50 1.193,58 3.731,60 3.646,70
L10 1.521,00 1.206,15 3.352,60 3.638,70
L11 434,30 10,46 513,00 182,40
L12 641,19 444,00 1.594,90 1.062,80
L13 549,30 1.699,34 2.630,40 4.765,40
L14 143,30 255,77 1.299,10 1.105,30
L15 577,90 1.511,68 2.353,60 4.155,10
L16 650,54 447,50 1.594,90 1.061,70
L17 1.123,03 824,90 1.697,80 1.123,30
L18 1.126,52 826,20 1.631,80 1.121,20
L19 142,37 71,90 1.074,20 189,80
Fonte: Elaborado pelo Autor
86
Para cálculo pelo método dos elementos finitos foi utilizado o software SAP2000. Na
modelagem foram utilizadas as mesmas dimensões e características dos elementos utilizadas
nos outros métodos. Assim como as cargas e matérias foram mantidos. Inicialmente foram
configurados os materiais que foram utilizados, o concreto e o aço, definindo também seu
comportamento não linear, segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) em seu item 8.2.10, Figura 58
e Figura 59.
Fonte: SAP2000
87
Fonte: SAP2000
Após os materiais foram definidas as seções dos elementos de barras, para isso utiliza-
se o comando “Frame Sections” da aba “Define” do SAP2000.
Foi elaborado o modelo do pavimento tipo, onde em sua modelagem as vigas e os pilares
foi utilizado uma modelagem com elementos reticulados em barras FRAME, e os pilares estão
em suas extremidades fixados por apoios de segundo gênero, este modelo é uma aproximação
permitida pela NBR 6118 (ABNT, 2014) para análise não linear em apoios extremos de vigas ,
Figura 60.
88
Figura 60: Modelo de pórtico para análise não linear em apoios extremos de vigas
Considerou-se o trecho rígido na ligação dos elementos de vigas com os pilares. Assim,
o trecho elástico das vigas não é definido de eixo a eixo dos pilares, pois há a consideração do
trecho rígido na ligação dos elementos como discutido em 2.12.1.3. No SAP2000 o comando
“End Offset” é matematicamente equivalente à criação dos trechos rígidos. Neste trabalho será
seguido a recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014) para consideração do nó de pórtico.
Fonte: SAP2000
Como discutido em 2.12.1.2, o eixo das vigas não é considerado no plano médio da laje,
para isso é realizado a conexão OFFSET. No SAP2000 o comando “Insertion Point” é
matematicamente equivalente à criação das conexões OFFSET
89
Da mesma forma que é necessário a definição das propriedades das barras, é necessário
fazer a definição dos elementos SHELL. O elemento SHELL é utilizado para a modelagem de
elementos laminares, como placas, cascas e lajes. Foi usado o elemento SHELL para a
modelagem das lajes.
Para definir as propriedades das lajes utiliza-se o comando “Area Sections”, onde foram
criadas as seções com espessura de 11cm, 13 cm e 15 cm.
Fonte: SAP2000
Na modelagem das lajes foi utilizado o elemento de casca fina shell thin. Segundo Melo
(2016), este modelo é o mais adequado para a modelagem de lajes usuais de concreto armado.
Para adicionar restrições de aresta dos elementos SHELL em regiões onde duas malhas
incompatíveis se encontram ao longo de uma borda, foi utilizado o comando “Generate Edge
Constraints”. Este recurso de restrição permite que o usuário especifique que os elementos
enquadrados na borda de um elemento do SHELL sejam conectados com isso o SAP2000 cuida
internamente da conexão entre os elementos, restringindo os pontos situados ao longo de uma
borda do elemento SHELL para se mover com essa borda do elemento.
As cargas consideradas foram as mesmas utilizadas nos outros métodos, sendo elas, o
peso próprio, que é calculada automaticamente pelo programa a partir do peso especifico do
material, a sobrecarga de 150 kgf/m², a carga do revestimento de 100 kgf/m² e a carga das
90
paredes que foram lançadas a partir da planta arquitetônica. Para a carga da parede foi feita a
mesma consideração que no Eberick, considerou-se parede com 15 cm de espessura e altura de
265 cm, para o peso específico da parede adotou-se 1300 kgf/m³.
Para o estudo de convergência foram estudadas as lajes L1, L3, L7, L9 e L16.
Tabela 7: Deslocamentos máximos nas lajes para diferentes níveis de discretização (mm)
Malha
L1 L3 L7 L9 L16
(cm)
100 0,6331 0,8774 0,9958 0,9001 0,3838
80 0,6479 0,8804 0,9969 0,9008 0,4010
60 0,6408 0,8681 1,0005 0,8874 0,3896
40 0,6381 0,8693 0,9970 0,8860 0,3842
30 0,6444 0,8760 1,0032 0,8782 0,3856
20 0,6559 0,9061 1,0119 0,8820 0,3859
10 0,6709 0,9017 1,0155 0,8797 0,3801
Fonte: Elaborado pelo Autor
Com os resultados obtidos para a malha mais refinada com elementos de 10 cm pode
ser feita uma comparação dos deslocamentos para todos os modelos das lajes, como mostrado
nas Tabelas 8 e Tabela 9, onde observa-se que a malha com elementos menores ou iguais que
30 cm tem em todos os casos uma diferença menor que 5% em relação à malha mais refinada.
91
Deslocamento (mm)
Malha
(cm) % % %
L1 L3 L7
Diferença Diferença Diferença
100 0,6331 5,97% 0,8774 2,77% 0,9958 1,98%
80 0,6479 3,55% 0,8804 2,42% 0,9969 1,87%
60 0,6408 4,70% 0,8681 3,87% 1,0005 1,50%
40 0,6381 5,14% 0,8693 3,73% 0,9970 1,86%
30 0,6444 4,11% 0,8760 2,93% 1,0032 1,23%
20 0,6559 2,29% 0,9061 0,49% 1,0119 0,36%
10 0,6709 0,00% 0,9017 0,00% 1,0155 0,00%
Fonte: Elaborado pelo Autor
Deslocamento (mm)
Malha
(cm) Diferença Diferença
L9 L16
% %
100 0,9001 2,27% 0,3838 0,96%
80 0,9008 2,34% 0,4010 5,21%
60 0,8874 0,87% 0,3896 2,44%
40 0,8860 0,71% 0,3842 1,07%
30 0,8782 0,17% 0,3856 1,43%
20 0,8820 0,26% 0,3859 1,50%
10 0,8797 0,00% 0,3801 0,00%
Fonte: Elaborado pelo Autor
Para um resultado mais preciso optou-se por utilizar a malha mais refinada, com
elementos de dimensão máxima de 10 cm.
Para cálculo do momento volvente resistido pelo concreto será aplicado o método
utilizado por (PARSEKIAN, 1996), mencionada no item 2.7.1 deste trabalho.
Inicialmente, com as Eq. 8 e Eq. 9 foi calculado a tensão cortante admissível do concreto
para todas as lajes, admitindo-se o valor mais conservador.
h tw1
Laje
(cm) (Mpa)
L1 13,0 1,0
L2 13,0 1,0
L3 13,0 1,0
L4 13,0 1,0
L5 13,0 1,0
L6 13,0 1,0
L12 13,0 1,0
L16 13,0 1,0
L17 13,0 1,0
L18 13,0 1,0
Fonte: Elaborado pelo Autor
95
Como em todas as lajes o valor de τwu1 foi maior que 1 MPa, adotou-se para todas as
lajes τwu1 = 1,0 MPa
Em seguida, com a Eq. 7 foi calculado o momento volvente que o concreto é capaz de
suportar. O valor de Vd foi retirado da modelagem gerada pelo SAP2000 (Tabela 12).
ℎ2 .τwu1 𝑉𝑑 2
Mxyc = . √1 − ( )
4,2 𝑑.𝜏𝑤𝑢1
Mxyc
Laje Vd(kgf)
(kgf.m/m)
L1 2458 390,04
L2 2003,2 394,22
L3 2048,5 393,85
L4 5117 345,71
L5 2283,7 391,75
L6 3233,9 380,76
L12 2253,6 392,03
L16 3235,8 380,73
L17 2591,4 388,64
L18 5137,7 345,21
Fonte: Elaborado pelo Autor
96
Com base nos resultados encontrados, observou-se que houve uma semelhança no
comportamento das lajes, com esforços em mesma ordem de grandeza, como mostram os
gráficos comparativos dos momentos fletores positivos entre os resultados do SAP2000, do
Eberick e do método de Kalmanok. Estes resultados mostram que as análises realizadas estão
coerentes e apresentam certa repetibilidade.
Mx
2000
Eberick
1800
Momento fletor (kgf.m/m)
1600 SAP
1400
Kalmanok
1200
1000
800
600
400
200
0
L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 L12 L13 L14 L15 L16 L17 L18 L19
My
6000
5000 Eberick
Momento fletor (kgf.m/m)
SAP2000
4000 Kalmanok
3000
2000
1000
0
L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 L12 L13 L14 L15 L16 L17 L18 L19
Nota-se que os valores obtidos pelo método de Kalmanok destoam-se em alguns casos
dos demais. Esta diferença se dá em consequência a este método analisar as lajes isoladamente
e sem considerar a flexibilização dos apoios. A maior discrepância se dá na laje L7, por conta
da análise desta ter sido feita como laje armada em uma direção, resultando num momento
muito acima dos demais em uma direção e sem um módulo significante na direção ortogonal.
Para comparar a armadura mínima recomendada pela NBR 6118 (ABNT, 2014) com os
resultados encontrados, realizou-se um cálculo de um momento mínimo referente à esta
armadura nas bordas sem continuidade, o qual será chamado de Md,min, definida como:
𝜌𝑠 ≥ 0,67𝜌𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑠 . ℎ (𝑐𝑚²⁄𝑚)
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,67.0,15. ℎ
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,1005. ℎ
E,
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 . 𝑑
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 =
𝑘𝑠
𝑏. 𝑑²
𝑘𝑐 =
𝑀𝑑
0,1005.13.10
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = = 544,38 𝑘𝑔𝑓. 𝑚
0,024
100.10²
𝑘𝑐 = = 18,4
544,38
0,1005.13.10
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = = 568,04 𝑘𝑔𝑓. 𝑚
0,023
100.10²
𝑘𝑐 = = 17,6
568,04
0,1005.15.12
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = = 786,52 𝑘𝑔𝑓. 𝑚
0,023
100.12²
𝑘𝑐 = = 18,3
786,52
Com isso, temos que o momento referente à armadura negativa mínima de bordas sem
continuidade são 568,04 kgf.m e 786,52 kgf.m para as lajes com espessura de 13 cm e 15 cm,
respectivamente.
M11 M22
Laje Md,min
borda borda
L1 394,94 334,27 568,04
L2 363,79 389,08 568,04
L3 358,91 389,16 568,04
L4 209,19 433,83 568,04
L5 373,41 275,75 568,04
L6 174,13 336,5 568,04
L7 - 451,69 786,52
L12 376,17 279,08 568,04
L13 450,16 346,82 568,04
L14 898,88 175,33 568,04
L15 - 431,23 568,04
L16 174,39 330,06 568,04
L17 394,65 334,18 568,04
L18 311,41 475,96 568,04
L19 - 182,73 568,04
Fonte: Elaborado pelo Autor
Nota-se que a armadura mínima recomendada pela norma é suficiente em todos os casos
para resistir aos momentos encontrados pelos dois métodos, com exceção .da laje L14 que
apresenta em uma direção o momento de 898,88 kgf.m/m, necessitando assim de um
dimensionamento específico para esta região.
Para análise dos momentos principais nos cantos das lajes, serão analisadas as lajes L1,
L2, L3, L4, L5, L6, L12, L16, L17 e L18, pois só estas apresentam cantos apoiados sem
continuidade com outra laje. Os resultados obtidos pelos métodos de Kalmanok e elementos
finitos apresentam um comportamento semelhante, como pode-se observar na linha de
tendência polinomial no Gráfico 3. Quanto aos módulos, foi observado que o método dos
elementos finitos se mostrou mais conservador, apresentando resultados, em média 50%
maiores quando comparado com os resultados do método de Kalmanok.
99
1600 SAP2000
1400
1200 Kalmanok
Mxy (kgf.m/m)
1000
800 Poly.
(SAP2000)
600
400 Poly.
(Kalmanok)
200
0
L1 L2 L3 L4 L5 L6 L12 L16 L17 L18
Semelhante ao que foi feito para as bordas sem continuidade, realizou-se o cálculo de
um momento mínimo referente à armadura mínima de canto recomendada pela NBR 6118
(ABNT, 2014). Como descrito no item 2.7 a taxa mínima para a região de canto é ρs ≥ 0,67.ρmin
em cada direção, mesma taxa de armadura das bordas sem continuidade calculado
anteriormente, assim, o momento mínimo referente a armadura mínima também será 544,38
kgf.m/m em cada direção para as lajes de 13 cm de espessura.
Para comparar este valor com os resultados, os momentos principais nos cantos foram
decompostos para as direções X e Y, encontrando assim, os momentos Mx* e My* (Eq. 4 e Eq.
5).
100
Tabela 14: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o MEF com recomendação da NBR
6118 (ABNT, 2014)
Tabela 15: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o MEF considerando resistência do
concreto com recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014)
Visto que com o método de Kalmanok não é possível determinar o ângulo em que esse
momento se encontra, admitiu-se o ângulo de 45° para todos os casos, já que segundo alguns
101
Tabela 16: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o método de Kalmanok com
recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014)
Tabela 17: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o método de Kalmanok com
recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014), considerando resistência do concreto.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se uma grande diferença, superior a 120%, nos esforços da laje L7 que foram
calculadas como armadas em uma direção, quando comparados ao modelo de elementos finitos
e analogia de grelhas. Por se tratar de uma laje não retangular, com aberturas em suas laterais,
esta análise se mostrou muito singela, e demonstrando que para este caso deve-se usar uma
análise mais rebuscada.
Para ser possível a análise comparativa entre os momentos obtidos e a armadura mínima
para as bordas sem continuidade e cantos foram encontrados os momentos referentes à taxa de
armadura mínima. Foi constatado com os resultados que a armadura mínima seria suficiente
para suportar os esforços nas bordas, com exceção da laje L14, que precisaria ser dimensionada
especialmente para esta região. Para os cantos, segundo o método de Kalmanok, a armadura
mínima seria suficiente para suportar os esforços em todas as lajes, com exceção das lajes L2 e
L3. Porém, segundo o MEF, seria necessária uma maior taxa de armadura para todas os casos.
103
Apesar de o trabalho ter tratado de um caso específico de lajes de edifício, com formato
retangular e com análise linear-elástica, foi possível notar a importante influência da
consideração do momento volvente na análise do painel de lajes.
A continuação deste trabalho pode ser desenvolvida para outros casos de análises e
estudando diferentes tipos de lajes.
104
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J. M. Curso de Concreto Armado. 3ª. ed. Rio Grande: Editora Dunas, v. I,
2010a.
ARAÚJO, J. M. Curso de Concreto Armado. 3ª. ed. Rio Grande: Editora Dunas, v. II,
2010b.
BARES, R. Tablas para el Cálculo de Placas y Vigas Pared. 2ª. ed. Barcelona: Ed.
Gustavo Gili, 1981.
BEER, F. P. et al. Mecânica dos Materiais. 5ª. ed. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda.,
2011.
105
MELO, C. Análise Estrutural com o SAP 2000. Researchgate, 2016. Disponivel em:
<https://www.researchgate.net/publication/309851471_Analise_Estrutural_com_o_SAP_200
0>. Acesso em: 24 Novembro 2018.
MONTOYA, P. J. Hormigón Armado. 3. ed. Barcelona: Gustavo Gili, SA, 1969. 844
p.
PARK, R.; GAMBLE, W. L. Reinforced Concrete Slabs. New York: John Wiley &
Sons, 1980.
SZILARD, R. Theory and analysis of plates: classical and numerical methods. New
Jersey: ed. Prentice-Hall, Inc., 1974.
108
ANEXO A
KALMANOK
109
Tabela B1 – CASO 1 - Laje retangular simplesmente apoiada no contorno com carga uniformemente distribuída
110
Tabela B2 - CASO 2 - Laje retangular simplesmente apoiada em três lados e engastado no quarto, com carga
uniformemente distribuída
111
Tabela B3 – CASO 3 - Laje retangular simplesmente apoiada em dois lados opostos e engastada nos demais,
com carga uniformemente distribuída
112
Tabela B4 – CASO 4 - Laje retangular apoiada em dois lados contíguos e engastada nos demais, com carga
uniformemente distribuída
113
Tabela B5 – CASO 5 - Laje retangular simplesmente apoiada em um lado e engastada nos demais, com carga
uniformemente distribuída
114
Tabela B6 – CASO 6 - Laje retangular engastada em todo o contorno, com carga uniformemente distribuída