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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIAS

COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

MURILO MATOS CONCEIÇÃO

ANÁLISE DE LAJES MACIÇAS PARA AVALIAÇÃO DE MOMENTOS


VOLVENTES

FEIRA DE SANTANA-BA

2019
MURILO MATOS CONCEIÇÃO

ANÁLISE DE LAJES MACIÇAS PARA AVALIAÇÃO DE MOMENTOS

VOLVENTES

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao departamento de


tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana como
requisito parcial à obtenção do título de bacharel em engenheiro
civil.

Orientador: Prof. Msc. Hélio Guimarães Aragão

FEIRA DE SANTANA-BA

2019
MURILO MATOS CONCEIÇÃO

ANÁLISE DE LAJES MACIÇAS PARA AVALIAÇÃO DE MOMENTOS

VOLVENTES

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao departamento de


tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana como
requisito parcial à obtenção do título de bacharel em engenheiro
civil.

Ferira de Santana, 11 de Fevereiro de 2019

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________
Prof. Msc. Hélio Guimarães Aragão
(Universidade Estadual de Feira de Santana)

______________________________________________
Prof. Msc. Marcelo Pedreira da Silva
(Universidade Estadual de Feira de Santana)

______________________________________________
Prof. Msc. Durval de Oliveira Pinto Neto
(Faculdade de Tecnologias e Ciências)
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho para meus


pais, irmãos e amigos
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, o maior de todos os engenheiros, por ter


me dado a vida, coragem e perseverança para não desistir de meus objetivos diante de tantas
dificuldades encontradas.

Ao Prof. Msc. Hélio Guimarães Aragão, pela dedicação dispensada à competente


orientação deste trabalho, pelas lições de conhecimento e, principalmente, por sua amizade.

Ao Prof. Msc. Marcelo Pedreira da Silva, por sua disponibilidade em me coorientar,


pelas suas sugestões e contribuições.

Ao Departamento de Tecnologias da Universidade Estadual de Feira de Santana, por


permitir e dar todas as condições para realização deste trabalho.

À STR consultorias e projetos estruturais Ltda e por permitir que o projeto de sua
propriedade fosse usado como exemplo.

Aos meus amigos e familiares que me apoiaram e me deram suporte neste longo
caminho, em especial a minha mãe, Herliane, que sempre esteve presente em minha vida

Aos meus irmãos Anderson, Emerson e Rebeca pelas sugestões e pela ajuda.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho,
muito obrigado.
"Se fracassar, ao menos que fracasse ousando
grandes feitos, de modo que a sua postura não
seja nunca a dessas almas frias e tímidas que
não conhecem nem a vitória nem a derrota."
-Theodore Roosevelt
RESUMO

CONCEIÇÃO, M. M. Análise de lajes maciças para avaliação de momentos


volventes. Feira de Santana, 2018. 114p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Feira de Santana.

A laje é um dos elementos mais importantes da estrutura de uma edificação, e possui,


na literatura, várias formas de análise e cálculo dos esforços solicitantes. Este trabalho analisou
os momentos volventes nos cantos e nas bordas sem continuidade de lajes maciças, utilizando
para isso, a teoria de placas, com o método de Kalmanok, a analogia de grelha, empregando o
software AltoQi Eberick V8 Gold e o método dos elementos finitos com uso do software CSI
SAP2000. O objetivo deste trabalho foi comparar os resultados dos métodos utilizados e avaliar
se a consideração normativa sobre taxa geométrica mínima de armadura nos cantos e em bordas
sem continuidade é coerente com os resultados obtidos. Para tanto, foi definido uma planta de
forma do pavimento tipo de um edifício residencial de oito pisos, a qual conta com dezenove
lajes retangulares. Foram calculados os esforços solicitantes de todas as lajes através dos
métodos citados e ao final, feita a comparação entre os resultados.

Palavras chave: momentos volventes, lajes maciças, AltoQI-Eberick, Kalmanok,


Elementos finitos, SAP2000.
ABSTRACT

CONCEIÇÃO, M. M. Analysis of solid slabs to torsional moment evaluation. Feira


de Santana, 2018. 114p. Completion of course work (graduate in Civil Engineering) - State
University of Feira de Santana.

The slab is one of the most important elements of the structure of a building and has in
the literature many ways of analysis and calculation of working stress. This work will analyze
the torsional moments in the corners and edges of rectangular slabs, using the plate theory with
the method of Kalmanok, the grid analogy, with the help of AltoQi Eberick V8 Gold software
and by the finite element method using the CSI SAP2000. On the method of Czerny was used
the normative recommendation of NBR 6118 (ABNT, 2014) to find the reinforcement on the
corner and on the edge. The goal was to compare the result of the methods used and apprise if
the normative consideration about the corners and edges reinforcement is coherent with the
obtained results. To do this, it was chosen a shape plant of an eight floors residential building
with nineteen rectangular slabs per floor, were calculated the slabs’ working stress using the
methods mentioned. Finally, a comparison was made between the results.

Key word: torsional moment, solid slabs, software AltoQI-Eberick, Kalmanok, finite
element, SAP200.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Comportamento das lajes .......................................................................................... 24

Figura 2: Tipos de lajes de acordo com seus vínculos nas bordas ........................................... 27

Figura 3: Lajes parcialmente continuas .................................................................................... 28

Figura 4: Dimensões consideradas no cálculo do vão efetivo das lajes ................................... 29

Figura 5: Laje retangular sobre contorno rígido ....................................................................... 30

Figura 6: Momentos fletores em uma laje apoiada em uma direção sob carga concentrada ... 31

Figura 7: Ação de momentos volvente em laje retangular ....................................................... 32

Figura 8: Ancoragem da armadura afim de evitar o levantamento .......................................... 32

Figura 9: Direção dos momentos principais em lajes armadas em duas direções com carga
uniformemente distribuída: a) apoiada em todo o contorno; b) engastada em todo o contorno
.................................................................................................................................................. 33

Figura 10: Fissuras devido à escassez de armadura de canto ................................................... 34

Figura 11: Disposição das armaduras em lajes com cantos garantidos contra levantamento .. 35

Figura 12: Decomposição de momento principal ..................................................................... 35

Figura 13: Combinação de tensões cisalhantes em lajes .......................................................... 38

Figura 14: Redistribuição dos momentos fletores nas lajes devido às deformações nas vigas de
apoio ......................................................................................................................................... 39

Figura 15: Influência das vigas no modelo das lajes ................................................................ 40

Figura 16: Gráfico Tensão x Deformação ................................................................................ 43

Figura 17: Deflexão de placa .................................................................................................... 43

Figura 18: Uniformização de momentos fletores ..................................................................... 45

Figura 19: Momentos principais e reações de apoio em uma placa ......................................... 46

Figura 20: Pavimento de edifício elaborado no software AltoQi Eberick v9 .......................... 49

Figura 21: Elementos finitos para análise bidimensional ......................................................... 51

Figura 22: Diagrama tensão-deformação do concreto idealizado ............................................ 52

Figura 23: Diagrama tensão-deformação bilinear de tração do concreto ................................. 53


Figura 24: Diagrama tensão-deformação para aços de armadura passiva ................................ 53

Figura 25: Sistema de coordenadas local de um elemento FRAME com seção transversal
retangular .................................................................................................................................. 54

Figura 26: Graus de liberdade de um elemento SHELL .......................................................... 55

Figura 27: Forças normais e cisalhantes em um elemento SHELL quadrilateral de 4 nós ...... 56

Figura 28: Momentos fletores e torçores em um elemento SHELL quadrilateral de 4 nós ..... 56

Figura 29: Conexão OFFSET ................................................................................................... 57

Figura 30: Nó de pórtico (Trecho rígido) ................................................................................. 58

Figura 31 : Trecho de viga que se apoia nas duas extremidades em pilares ............................ 58

Figura 32: Trecho de viga que se apoia em uma extremidade em pilar e na outra e viga ........ 58

Figura 33: Planta arquitetônica do pavimento tipo ................................................................... 59

Figura 34: Corte do edifício...................................................................................................... 60

Figura 35: Seção transversal da laje para cálculo das armaduras ............................................. 65

Figura 36: Tabela para dimensionamento de área de aço ......................................................... 66

Figura 37: Valores mínimos para armaduras passivas aderentes ............................................. 69

Figura 38: Detalhamento de armadura negativa ....................................................................... 69

Figura 39: Detalhamento de bordos livres e aberturas ............................................................. 70

Figura 40: Planta de Forma ...................................................................................................... 71

Figura 41: Laje L1 .................................................................................................................... 72

Figura 42: Laje L2 .................................................................................................................... 73

Figura 43: Laje L5 .................................................................................................................... 73

Figura 44: Laje L7 .................................................................................................................... 74

Figura 45: Laje L8 .................................................................................................................... 75

Figura 46: Laje L9 .................................................................................................................... 75

Figura 47: Laje L14 .................................................................................................................. 76

Figura 48: Laje L19 .................................................................................................................. 76


Figura 49: Modelo de viga das lajes L8 e L11 ......................................................................... 77

Figura 50: Modelo de viga da laje L14..................................................................................... 78

Figura 51: Modelo de viga da laje L7....................................................................................... 78

Figura 52: Momentos Uniformizados (kgf.m/m) – Kalmanok ................................................ 80

Figura 53: Pórtico 3D ............................................................................................................... 81

Figura 54: Configuração de análise do painel de lajes ............................................................. 82

Figura 55: Configuração de análise do painel de lajes ............................................................. 83

Figura 56: Configuração de análise do painel de lajes ............................................................. 84

Figura 57: Grelha do painel de lajes ......................................................................................... 85

Figura 58: Definição do material Concreto .............................................................................. 86

Figura 59: Definição do material Aço ...................................................................................... 87

Figura 60: Modelo de pórtico para análise não linear em apoios extremos de vigas ............... 88

Figura 61: Nó de pórtico ........................................................................................................... 88

Figura 62: Definição das propriedades da seção das lajes........................................................ 89

Figura 63: Modelo em elementos finitos modelado no SAP200 (planta) ................................ 92

Figura 64: Modelo em elementos finitos modelado no SAP200 (vista 3D) ............................. 92

Figura 65: Momentos máximos (SAP200) ............................................................................... 94


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Avaliação da influência da flexibilidade do apoio em laje quadrada com quatro


lados apoiados .......................................................................................................................... 41

Tabela 2: Avaliação da influência da flexibilidade do apoio em um painel de lajes continuas


apoiados nos quatro lados ......................................................................................................... 41

Tabela 3: Ambientes ................................................................................................................. 60

Tabela 4: Dados das Lajes - AltoQi Eberick v8 Gold .............................................................. 72

Tabela 5: Momentos fletores máximos segundo o método de Kalmanok (kgf.m/m) .............. 79

Tabela 6: Momentos fletores máximos calculados pelo AltoQi Eberick v8 Gold ................... 85

Tabela 7: Deslocamentos máximos nas lajes para diferentes níveis de discretização.............. 90

Tabela 8: Tabela comparativa dos deslocamentos ................................................................... 91

Tabela 9: Tabela comparativa dos deslocamentos ................................................................... 91

Tabela 10: Resultados SAP2000 .............................................................................................. 93

Tabela 11: Tensão cortante admissível das lajes ...................................................................... 94

Tabela 12: Momentos volventes resistidos pelo concreto ........................................................ 95

Tabela 13: Momentos máximos em bordas sem continuidade (kgf.m/m) ............................... 98

Tabela 14: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o MEF com
recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014).......................................................................... 100

Tabela 15: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o MEF
considerando resistência do concreto com recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014) ...... 100

Tabela 16: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o método de
Kalmanok com recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014) ................................................ 101

Tabela 17: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o método de
Kalmanok com recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014), considerando resistência do
concreto. ................................................................................................................................. 101
LISTA DE SÍMBOLOS

Letras romanas maiúsculas:

As - Área de aço

E - Módulo de elasticidade longitudinal

Ecs - Módulo de elasticidade secante

G - Módulo de elasticidade transversal

I - Momento de inércia à flexão

J - Constante de torção

L - Comprimento da barra

M1, M2 - Momentos principais

M11, M22 - Momentos nas direções 1 e 2 (SAP2000)

Md,min - Momento referente a amadura mínima

Mn1, Mn2 - Momento principal na direção θ

Mx, My - Momento fletor positivo normais às direções X e Y

Mxe, Mye - Momento fletor negativo normais às direções X e Y

Mxy - Momento volvente

Mxyc - Momento volvente resistido pelo concreto

Letras romanas minúsculas:

al - Distância do deslocamento do diagrama de momentos

c - Cobrimento nominal

d - Altura útil

fc - Resistência à compressão do concreto


fck - Resistência característica à compressão do concreto

fct - Resistência do concreto à tração direta

fct,m - Resistência média à tração do concreto

h - Espessura da laje ou altura da seção da viga

l - Vão efetivo

l0 - Vão livre

lx - Comprimento do menor vão da laje

ly - Comprimento do maior vão da laje

q - Carga uniformemente distribuída

Sym - Matriz simétrica

Letras gregas minúsculas

αx e αy - Coeficiente para cálculo dos momentos fletores positivos atuantes nas direções
paralelas a lx e ly, respectivamente

βx e βy - Coeficiente para cálculo dos momentos fletores negativos atuantes nas direções
paralelas a lx e ly, respectivamente

ε - Deformação específica.

λ - Razão entre o maior e o menor lado da laje

ν - Coeficiente de Poisson

ρmin - Taxa geométrica de armadura mínima

ρs - Taxa geométrica de armadura aderente passiva

σ - Tensão

ø - Diâmetro da barra
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

CSI - Computers and Structures, Inc.

ELS - Estado Limite de Serviço

ELU - Estado Limite Último

MEF - Método dos Elementos Finitos

NBR - Norma Brasileira Registrada

SAP - Stuctural Software for Analysis

UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18

1.1. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 19

1.2. OBJETIVOS........................................................................................................ 20

1.2.1. Objetivo Geral ............................................................................................ 20

1.2.2. Objetivos Específicos ................................................................................. 20

1.3. METODOLOGIA ............................................................................................... 20

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................ 21

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 23

2.1. CONCRETO ARMADO..................................................................................... 23

2.2. DEFINIÇÃO DE LAJES .................................................................................... 24

2.3. LAJES MACIÇAS .............................................................................................. 24

2.4. CONDIÇÕES DE CONTORNO ........................................................................ 26

2.4.1. Apoio Simples ............................................................................................. 27

2.4.2. Bordo Livre ................................................................................................. 27

2.4.3. Engaste Perfeito .......................................................................................... 28

2.4.4. Engaste Elástico .......................................................................................... 28

2.5. VÃOS LIVRE E VÃOS TEÓRICOS ................................................................. 28

2.6. CLASSIFICAÇÃO DAS LAJES QUANTO ÀS DIREÇÕES PRINCIPAIS ..... 29

2.6.1. Lajes Armadas em Uma Direção .............................................................. 30

2.6.2. Lajes Armadas em Duas Direções ............................................................ 31

2.7. MOMENTOS VOLVENTES ............................................................................. 32

2.7.1. Resistência do Concreto ao Momento Volvente ...................................... 37

2.8. INFLUÊNCIA DA FLEXIBILIDADE DOS APOIOS ...................................... 39

2.9. COMPORTAMENTO ELÁSTICO .................................................................... 42

2.9.1. FLEXÃO DE PLACAS ...................................................................................... 43

2.9.1.1. Tabelas de Czerny ...................................................................................... 45


2.9.1.2. Tabelas de Kalmanok ................................................................................ 46

2.10. ANALOGIA DE GRELHAS .............................................................................. 47

2.10.1. AltoQi Eberick ............................................................................................ 48

2.11. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS .......................................................... 50

2.11.1. SAP2000 ...................................................................................................... 52

3. ARQUITETURA MODELO ................................................................................... 59

4. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO....................................................................... 61

4.1. MATERIAIS ....................................................................................................... 61

4.2. CARGAS ............................................................................................................. 61

4.3. ESTADOS LIMITES DE AÇÕES E SEGURANÇA ......................................... 62

4.3.1. Estado Limite Último (ELU) ..................................................................... 62

4.3.2. Estado Limite de Serviço (ELS) ................................................................ 63

5. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO ..................................................................... 65

5.1. DETALHAMENTO ............................................................................................ 67

6. RESULTADOS ......................................................................................................... 71

6.1. LAJES ................................................................................................................. 72

6.1.1. Laje L1 = L4 = L17 = L18.......................................................................... 72

6.1.2. Laje L2 = L3 = L13 = L15.......................................................................... 73

6.1.3. Laje L5 = L6 = L12 = L16.......................................................................... 73

6.1.4. Laje L7 ........................................................................................................ 74

6.1.5. Laje L8 = L11 ............................................................................................. 75

6.1.6. Laje L9 = L10 ............................................................................................. 75

6.1.7. Laje L14 ...................................................................................................... 76

6.1.8. Laje L19 ...................................................................................................... 76

6.2. LAJES ARMADAS EM UMA DIREÇÃO ........................................................ 77

6.3. MÉTODO DE KALMANOK ............................................................................. 78

6.4. MÉTODO DAS GRELHAS – ALTOQI EBERICK V8 GOLD ........................ 80


6.5. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS – SAP2000 ...................................... 86

6.6. MOMENTO VOLVENTE RESISTIDO PELO CONCRETO ........................... 94

7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 96

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 102

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 104

ANEXO A ......................................................................................................................... 108


18

1. INTRODUÇÃO

A laje maciça de concreto armado surgiu em 1854, quando o inglês William Boutland
Wilkinson (1819 – 1902) patenteou esse sistema de laje. Ele construiu uma casa de campo com
dois pavimentos, onde ele reforçou os planos de concreto com barras de ferro e arames. Desde
então, com o avanço na tecnologia dos materiais e o crescimento do mercado imobiliário este
tipo de laje passou a ser usado cada vez mais, pois apresentam diversas vantagens nos aspectos
custo e facilidade de construção.

Hoje a laje maciça é amplamente utilizada em todo o mundo em diversos tipos de


edificações. Recomendada para vãos de até 7m e com espessura, variando de 7 a 15 cm
(BASTOS, 2015).

A determinação correta dos esforços solicitantes em lajes é uma das mais difíceis tarefas
na análise estrutural de edifícios. Isto devido ao fato de que os esforços no pavimento de um
edifício dependem da interação entre vigas e lajes (ARAÚJO, 2010b).

Um procedimento bastante utilizado é o de desconsiderar a rigidez à torção na laje, para


isso elas são consideradas como faixas ortogonais fletidas. Assim tem-se como esforços
solicitantes apenas Mx e My, o que implica no aumento dos valores destes momentos e da
flecha. Neste caso o projetista deve estar sempre atento às regiões de canto de laje onde há
necessidade de uma armadura de combate aos momentos volventes, apesar do método de
cálculo empregado não as indicar (PARSEKIAN, 1996, p. 1).

Segundo Parsekian (1996), uma maneira de tornar os cálculos mais eficientes é


considerar todos os esforços resistentes, incluindo o momento volvente. Para isso é necessário
o estudo de algoritmos que permitam determinar momentos normais a duas direções escolhidas,
que cubram o terno de esforços Mx, My e Mxy calculados, para que, a partir destes, sejam
determinadas as armaduras necessárias à laje, dispostas segundo estas direções.

Para tal cálculo é necessário o emprego de métodos numéricos refinados, como o


método dos elementos finitos e uso de softwares de computador. Com a disponibilidade, hoje
no mercado, de vários recursos computacionais, vem se tornando cada vez mais rotineiro seu
uso em projetos de engenharia.

De acordo com Araújo (2010b), modelos simplificados vêm sendo utilizados a muito
tempo no dimensionamento de estruturas e têm sido comprovados na prática, através de
estruturas que foram dimensionadas a partir desses métodos e que se mantiveram seguras e em
19

bom funcionamento por sua vida útil. Porém, estes métodos simplificados possuem limitações
que devem ser conhecidas pelo projetista.

Para Banki (2013), na análise de um pavimento composto por lajes quadradas ou


retangulares, com dimensões semelhantes, e com vigas de apoio suficientemente rígidas, para
que se possa considerar os apoios das lajes indeformáveis, o procedimento simplificado, de se
considerar as lajes como isoladas não leva a resultados muito diferentes daqueles obtidos com
uma análise do pavimento inteiro pelo Método dos Elementos Finitos ou por Analogia de
Grelha.

O uso de softwares no projeto de edificações, além de agilizar os cálculos permitiram o


uso de modelos matemáticos mais próximos do modelo real, e consequentemente a obter uma
estrutura mais eficiente. Entretanto, apesar de serem mais precisos comparados aos métodos
simplificados, os softwares também possuem limitações, já que são elaborados com base em
um modelo teórico e dependem da entrada de alguns parâmetros que se não forem corretos,
seus resultados não expressarão a realidade.

De acordo com Costa (1997 apud ALBUQUERQUE, 1999), a evolução do processo


construtivo começa pela qualidade dos projetos, e entre os projetos elaborados para a construção
civil, destaca-se o estrutural. A estrutura da edificação, individualmente responde pela etapa de
maior representatividade no custo total da construção (15% a 20% do custo total).

Segundo Albuquerque (1998), uma redução de 10% no custo da estrutura pode


representar uma diminuição de 2% no custo total de uma edificação.

De acordo com Spohr (2008 apud Franca, 1997), em edifícios de vários pisos as lajes
correspondem a elevada parcela do consumo de concreto. No caso de laje maciça essa parcela
chega usualmente a cerca de dois terços do volume total de consumo de concreto da estrutura.

1.1. JUSTIFICATIVA

Na NBR 6118 (ABNT, 2014) são encontradas várias recomendações quanto a armação
de lajes maciças, inclusive em bordas de lajes sem continuidade, porém, a mesma é omissa
quanto a armação nos cantos das lajes, devido a isto, uma prática comum entre projetistas é
armar os cantos com a malha formada pelo transpasse das armaduras de borda, utilizando, em
apenas a taxa geométrica mínima de armadura para estas regiões.
20

Devido à baixa difusão de métodos para mensurar os momentos volventes ou


conhecimento sobre os mesmos. Este trabalho tem a finalidade de tornar mais conhecidos os
procedimentos que permitem a consideração de momentos volventes e a análise de sua
influência em lajes maciças de concreto armado, que apesar de serem relativamente simples as
expressões que permitem levar em conta sua contribuição no cálculo, tanto no caso de
armaduras dispostas ortogonalmente, quanto no caso de armaduras oblíquas, são poucos os
profissionais que as conhecem.

Com a análise de lajes do pavimento tipo de um edifício, por quatro métodos distintos,
o presente trabalho visou mostrar qual a influência da consideração dos momentos volventes
para o caso de estudo.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

Confrontar as recomendações da NBR 6118 (ABNT, 2014) quanto a taxa geométrica


mínima de armadura em bordas apoiadas sem continuidade e cantos com bordas apoiados de
lajes maciças de concreto armado.

1.2.2. Objetivos Específicos

Calcular esforços solicitantes (momentos máximos positivos, momentos nos cantos e


momentos em bordas sem continuidade) no painel de lajes do pavimento tipo do edifício
estudado pelo método de Kalmanok, pela analogia de grelhas, com a ajuda do software AltoQI
– Eberick V8 Gold e pelo método dos elementos finitos com auxílio do CSI SAP2000;

Comparar os resultados de esforços para as bordas sem continuidade com a armadura


mínima, recomendada por norma.

Comparar os resultados de esforços para os momentos volventes nos cantos apoiados


com a armadura mínima, recomendada por norma.

1.3. METODOLOGIA

Para o presente trabalho foi utilizado um projeto arquitetônico, cedido pela STR
consultorias e projetos estruturais. Trata-se de um edifício residencial de 8 pavimentos o qual
terá os esforços solicitantes nas lajes do pavimento tipo encontrados através da teria de placas,
21

com o método de Kalmanok, da analogia de grelha, empregando o software AltoQi Eberick V8


Gold e o método dos elementos finitos aplicando o SAP2000.

Foram calculados os momentos máximos positivos, a fim de confrontar os resultados e


analisar sua convergência. Calculou-se ainda os momentos nas bordas apoiadas sem
continuidade e nos cantos das lajes.

Com os esforços solicitantes obtidos através dos três métodos, determinou-se o


momento referente a armadura mínima recomendada pela NBR 6118 (ABNT, 2014), para as
bordas sem continuidade e cantos. Os resultados foram comparados e discutidos.

Com a finalidade de se considerar a resistência do concreto ao momento volvente, foi


aplicado o método descrito por Parsekian (1996) para mensurar tal resistência.

Para um embasamento teórico sobre o tema foi realizada também uma revisão
bibliográfica, onde são estudados os principais conceitos e teorias que serão utilizados.

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho é dividido em 8 capítulos. Como já apresentado, o primeiro capítulo introduz


o tema, justifica a realização do trabalho, assim como apresenta os objetivos gerais e específicos
deste trabalho e a metodologia empregada.

No segundo capítulo é apresentada referência bibliográfica sobre o tema proposto,


descrevendo o histórico, explanando sobre conceitos utilizados e métodos de cálculo
empregados para obtenção de esforços.

No terceiro capitulo capítulo é exposto a arquitetura modelo usada para análise das lajes
é feita uma breve descrição do edifício.

O quarto capítulo é reservado a demonstrar as considerações feitas para o projeto,


materiais e cargas utilizadas.

O quinto capitulo demonstra as metodologias e recomendações que foram usadas para


o dimensionamento e detalhamento das lajes. Em seguida no capitulo seis são exibidos os
resultados dos esforços solicitantes das lajes pelos métodos utilizados os momentos volventes
máximos resistidos pelo concreto. Esses resultados são comparados e discutidos no sétimo
capitulo.
22

Por fim no oitavo capítulo são apresentadas as considerações finais por meio de análises
dos resultados, avaliando as recomendações da NBR 6118 (ABNT, 2014) em relação aos
demais métodos e, qual a influência da consideração dos momentos volventes na análise.
23

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. CONCRETO ARMADO

O concreto é um material constituído de cimento, água e agregados, podendo ainda


apresentar aditivos e adições minerais, e é o segundo material mais consumido no mundo e o
primeiro na construção civil, isso se deve a características como durabilidade, resistência,
economia, versatilidade e plasticidade (capacidade de adquirir qualquer forma). O concreto
continua sendo, para a maioria dos casos, a melhor solução. Dentre as desvantagens do concreto
destaca-se o elevado peso de suas estruturas e a deficiência em sua resistência de tração.

Para função estrutural não é recomendado o uso de concreto simples, pois sua resistência
à tração é muito limitada, cerca de 10% da resistência à compressão. A NBR 6118 (ABNT,
2014) recomenda que na ausência de ensaios para obtenção dos valores de resistência a tração,
seja adotado, para concretos de classe até C50, como valor de resistência média à tração do
concreto:

2
𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3. 𝑓𝑐𝑘 3 Eq. 1

Devido a esta deficiência, é importante associar o concreto a um material que resista


bem aos esforços de tração e seja mais deformável, sendo o aço o material mais usado. A
associação do concreto simples e aço é denominado concreto armado (ARAÚJO, 2010b).

É a aderência entre o aço e o concreto é o que permite que o concreto armado funcione
como um único material estrutural, pois garante a transferência de esforços de um material para
o outro. Sem a aderência, as barras de aço deslizariam dentro do concreto e não estariam
submetidas aos esforços de tração, e a estrutura se comportaria como sendo de concreto simples.

O concreto tem função de proteger o aço fisicamente através do cobrimento e


quimicamente, já que envolve o aço em um ambiente alcalino inibindo sua oxidação.

Segundo Süssekind (1980) outra razão básica que viabiliza o uso do concreto armado é
a similaridade dos coeficientes de dilatação térmica do aço e do concreto, com o coeficiente do
concreto em torno de 1,0 x 10-5 ºC-1, ao passo que o aço possui coeficiente igual a 1,2 x 10-5 ºC-
1
. Esta pequena diferença é irrelevante em casos correntes, onde as variações de temperatura
não ultrapassam 50 ºC. Uma diferença relevante entre os coeficientes de dilatação térmica
24

levaria ao surgimento de tensões internas entre os materiais, acarretando em fissuras e perda de


aderência.

2.2. DEFINIÇÃO DE LAJES

Lajes são elementos estruturais que tem como principal função receber as cargas de
utilização das edificações, aplicadas nos pisos, e transmiti-las aos apoios.

As lajes também servem para distribuir as ações horizontais entre os elementos


estruturais de contraventamento, além de funcionarem como mesas de compressão das vigas T,
como mostra a Figura 1 (ARAÚJO, 2010b).

Figura 1: Comportamento das lajes

Fonte: Fusco, 2003

As lajes são elementos bidimensionais planos, também denominados de placas, cuja


espessura é muito inferior às outras duas dimensões. As solicitações nas placas são
predominantemente por cargas perpendiculares ao seu plano.

Os tipos mais usuais de lajes são as lajes pré-moldadas, lajes nervuradas, lajes cogumelo
e lajes maciças, a qual é o foco deste trabalho.

2.3. LAJES MACIÇAS

As lajes maciças são placas de espessura uniforme, constituídas de concreto armado,


apoiadas ao longo do seu contorno em vigas, pilares ou alvenarias. Este tipo de laje é um dos
mais utilizados no mundo e predominantemente em edifícios residenciais, onde os vãos são
relativamente pequenos.
25

As lajes maciças são usadas nos mais variados tipos de construção, como edifícios de
múltiplos pavimentos (residenciais, comerciais, etc.), muros de arrimo, escadas, reservatórios,
construções de grande porte, como escolas, indústrias, hospitais, pontes de grandes vãos, etc.
De modo geral, não são aplicadas em construções residenciais e outras construções de pequeno
porte, pois nesses tipos de construção as lajes nervuradas pré-fabricadas apresentam vantagens
nos aspectos custo e facilidade de construção (BASTOS, 2015)

O modelo estrutural mais comum nas edificações brasileiras é constituído de lajes, vigas
e pilares, onde, as lajes têm a função de receber as cargas aplicadas nos pisos das edificações e
transmiti-las para seus apoios, geralmente, vigas, que por sua vez transmite para os pilares e, a
partir destes, o carregamento é transmitido para as fundações.

Uma das características das lajes maciças é que elas distribuem suas reações em todas
as vigas de contorno, diferentemente das lajes pré-moldadas, com isso há um melhor
aproveitamento das vigas do pavimento, outra vantagem em relação as lajes pré-moldadas é a
facilidade de colocar, antes da concretagem, as tubulações (CARVALHO e FIGUEREDO
FILHO, 2014).

Uma das grandes desvantagens das lajes maciças comparadas às outras lajes é seu
elevado volume de concreto, e consequentemente, elevado peso próprio; utilização de formas e
escoras que geram um custo adicional, porém em edifícios com muitas repetições de
pavimentos esse custo pode ser diluído.

A laje maciça, possuindo extrema rigidez no próprio plano vai ter um comportamento
próximo ao de um diafragma rígido, e será então capaz de unir todos os pilares fazendo com
que a responsabilidade pela recepção de cargas verticais seja dividida entre todos os elementos
verticais.

Segundo pela NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 94)

A laje de um pavimento pode ser considerada como uma chapa totalmente


rígida em seu plano, desde que não apresente grandes aberturas e cujo lado
maior do retângulo circunscrito ao pavimento em planta não supere em três
vezes o lado menor.
A NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 74) define os limites mínimos para espessura de lajes
maciças em:

 7 cm para cobertura não em balanço;


 8 cm para lajes de piso não em balanço;
26

 10 cm para lajes em balanço;


 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;
l
 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, com o mínimo de para lajes
42
l
de piso biapoiadas e 50 para lajes de piso contínuas;

 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo, fora do capitel.

2.4. CONDIÇÕES DE CONTORNO

Inicialmente no cálculo de deformações e esforços solicitantes nas lajes devemos


estabelecer os vínculos com seus apoios. Devemos então classificar os apoios ao longo de um
bordo em: perfeitamente ou elasticamente engastada, simplesmente apoiada ou livre.

As tabelas usadas nos cálculos de esforços solicitantes e deformações de lajes só


admitem três tipos de vínculos, o apoio simples, o engaste perfeito e o bordo livre. Os softwares
de computador permitem que se admita um engaste elástico. O apoio simples e o engaste
perfeito raramente ocorre na realidade.

A Figura 2 apresentam as simbologias dos vínculos e os tipos lajes de acordo com sua
vinculação, respectivamente.
27

Figura 2: Tipos de lajes de acordo com seus vínculos nas bordas

Fonte: Adaptado de Bastos, 2015

2.4.1. Apoio Simples

O apoio simples surge nas bordas onde não existe ou não se admite continuidade da laje
com outras lajes vizinhas. O apoio pode ser uma parede de alvenaria, uma viga ou um consolo.

Quando a viga, apoio da laje, tem dimensões não muito grandes, o que leva a uma
pequena rigidez à torção, pode se admite como apoio simples. Caso contrário é mais
aconselhável engastar a laje na viga e considerar os esforções decorrentes da torção. (BASTOS,
2015).

No caso de duas lajes contínuas com espessuras muito diferentes, é aconselhado


considerar a laje de menor espessura engastada na de maior espessura, mas a laje com maior
espessura pode ser considerada apenas apoiada na borda comum as duas lajes.

2.4.2. Bordo Livre

O bordo livre caracteriza-se pela ausência de apoio, apresentando, consequentemente,


deslocamentos verticais. Este tipo de borda ocorre, geralmente, em marquises, lajes em balanço
e em aberturas na laje.
28

2.4.3. Engaste Perfeito

O engastamento perfeito ocorre geralmente nas lajes em balanço (como marquises e


varandas), em lajes continuas com espessuras muito diferentes, neste caso, admite-se a laje com
menor espessura engastada na de maior espessura e essa simplesmente apoiada (BASTOS,
2015).

Quando há continuidade de lajes, porém não em toda sua borda, considera-se apoiada,
caso o comprimento de continuidade for maior ou igual dois terços do comprimento da borda,
como mostrado na Figura 3.

Figura 3: Lajes parcialmente continuas

Fonte: Bastos, 2015

2
Segundo Bastos (2015), as lajes L1 e L2 podem ser consideradas engastadas se a ≥ L,
3
caso contrário, apenas a laje L2 estará engastada.

2.4.4. Engaste Elástico

Nos apoios intermediários de lajes continuas, surgem momentos de engastamento


gerados pela continuidade entre as lajes. A compatibilização deve ser feita entre os diferentes
valores dos momentos fletores que surgem nesses apoios, o que conduz ao engastamento
elástico. Entretanto, para o cálculo inicial dos momentos fletores, as lajes contínuas devem ser
consideradas perfeitamente engastadas nos apoios intermediários (BASTOS, 2015)

2.5. VÃOS LIVRE E VÃOS TEÓRICOS

No projeto de lajes o primeiro passo é determinar os vãos livre (l0) e os vãos efetivos
(l).
29

Considera-se vão livre a distância entre as faces dos apoios, em caso de laje em balanço,
é a distância da extremidade livre até a face do apoio.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) os vãos efetivos nas lajes podem ser calculados
pelas seguintes expressões.

l = l0 + a1 + a2 Eq. 2

Onde:

𝑡1⁄
a1 ≤ { 2
0,3ℎ

𝑡2⁄
a2 ≤ { 2
0,3ℎ

Figura 4: Dimensões consideradas no cálculo do vão efetivo das lajes

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014)

De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), não é necessário adotar valores maiores
que o vão livre acrescido de 60% da espessura.

2.6. CLASSIFICAÇÃO DAS LAJES QUANTO ÀS DIREÇÕES PRINCIPAIS

Considerando a laje retangular simplesmente apoiada em todo o perímetro, representada


na Figura 5, submetida a um carregamento uniformemente distribuído por toda a área e,
admitindo os apoios rígidos, ou seja, a flecha da laje no contorno é igual a zero. Como a flecha
no centro das duas faixas indicadas são iguais, temos diferentes curvaturas para as duas
direções, pois os vãos lx e ly são diferentes. Uma vez o que o momento fletor é diretamente
proporcional à curvatura, isso significa que o momento Mx é maior que o momento My, já que
a curvatura na direção x é maior que a curvatura na direção y (ARAÚJO, 2010b).
30

Figura 5: Laje retangular sobre contorno rígido

Fonte: Adaptado de Araújo, 2010b, p. 05

Portanto conclui-se que os momentos fletores solicitantes são maiores na direção do


menor vão. Dessa forma, quando a laje apresenta um vão muito maior que outro, o momento
na direção do maior vão será relativamente pequeno. Assim, as lajes são classificadas em lajes
armadas em uma direção e lajes armadas em duas direções, com base na relação dos vãos. A
razão entre os vãos lx/ly recebe a notação de λ.

2.6.1. Lajes Armadas em Uma Direção

Lajes armadas em uma direção são aquelas que apresentam λ ≥ 2. Neste tipo de lajes
com carregamento uniformemente distribuídos, os momentos na direção x (direção do menor
vão), podem ser comparados aos de um conjunto de vigas justapostas, já que não surgem flechas
diferentes na direção y (direção do maior vão).

Como os momentos My são pequenos em relação aos momentos Mx, muitos autores
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1972, 1978; ARAÚJO, 2010b) recomendam a simplificação, a
favor da segurança, de se considerar a laje como uma faixa de largura unitária na direção no
menor vão. Considerando para dimensionamento à ruptura por flexão apenas o esforço do
momento Mx.

A rigor, essas considerações só são verdadeiras para lajes apoiadas em apoios rígidos,
caso contrário a distribuição dos momentos fletores depende da rigidez das vigas de apoio,
podendo em alguns casos o maior momento na direção ocorrer na direção do maior vão
(ARAÚJO, 2010b).
31

Apesar de receberem esse nome é importante prever uma armadura de distribuição na


direção do maior lado, essa armadura tem o intuito de distribuir os eventuais esforços nessa
direção e controlar as fissuras.

No caso de cargas não uniformemente distribuída ou cargas concentradas, os momentos


My devem ser considerados e as lajes com esses tipos de carregamento possuem armadura em
duas direções. Ambos os momentos diminuem à medida que se distanciam do centro de
aplicação da carga, como mostra a Figura 6. Para cargas concentradas muito elevadas, pode
ocorrer, no ponto de aplicação da carga, uma ruptura por força cortante, devido ao
puncionamento (LEONHARDT e MÖNNIG, 1972).

Figura 6: Momentos fletores em uma laje apoiada em uma direção sob carga concentrada

Fonte: Leonhardt & Mönnig, 1972, p. 77

2.6.2. Lajes Armadas em Duas Direções

As lajes armadas em duas direções, são aquelas que apresentam apoio em duas direções
e λ < 2. Estes tipos de lajes apresentam comportamento diferente das lajes armadas em uma
direção e, por conta disso o cálculo dos esforços solicitantes deve ser feito levando-se em conta
sua flexão biaxial.

Sob ação de uma carga, uma laje retangular apoiada em todo o perímetro apoia-se
preferencialmente no trecho central das bordas de apoio e nos trechos situados fora de uma
elipse inscrita na laje e os seus cantos tendem a levantar de seu apoio. (Figura 7)
32

Figura 7: Ação de momentos volvente em laje retangular

Fonte: Leonhardt & Mönnig, 1982

Quando os cantos das lajes não forem garantidos contra a possibilidade de levantamento,
ou seja, quando não há uma sobrecarga suficientemente grande no canto, é recomendado prever
uma ancoragem para a força que tende a levantar o canto. Isso pode ser feito através de
chumbadores ou dobrando as barras nos apoios. A ancoragem nos cantos ocasiona, através do
momento M1, uma sensível redução dos momentos Mx e My nos trechos internos dos vãos
(LEONHARDT e MÖNNIG, 1972).

Figura 8: Ancoragem da armadura afim de evitar o levantamento

Fonte: Adaptado de Leonhardt & Mönnig, 1978, p. 111

2.7. MOMENTOS VOLVENTES

Ancorando-se as regiões dos cantos, ou existindo uma sobrecarga, surgem, nos cantos,
momentos principais negativos M1 (traciona a face superior da laje) na direção diagonal e, em
direção perpendicular, momentos principais positivos M2 (traciona a face inferior da laje).

A partir da solução de Navier para uma laje retangular apoiada nos quatro bordos,
demostrada por (ARAÚJO, 2010b), temos que os momentos principais M1 e M2 são dados por:

𝑀𝑥 + 𝑀𝑦 𝑀𝑥 + 𝑀𝑦 2
𝑀1,2 = √
± ( ) + 𝑀𝑥𝑦 2 Eq. 3
2 2
33

Logo, podemos notar que na região central da laje, onde os momentos fletores (Mx e
My) são principais os momentos Mxy são nulos. Nos cantos, onde os momentos volventes
(Mxy) são máximos, os momentos fletores são nulos (ARAÚJO, 2010b).

Os valores e as direções de M1 e M2 nos cantos dependem do tipo de apoio, da posição


ou da distribuição da carga, bem como do valor de λ.

Figura 9: Direção dos momentos principais em lajes armadas em duas direções com carga uniformemente
distribuída: a) apoiada em todo o contorno; b) engastada em todo o contorno

Fonte: Adaptado de Leonhardt & Mönnig, 1978, p. 109


34

De acordo com Leonhardt e Mönnig (1978, p. 108), o comportamento resistente de uma


laje depende muito da relação entre seus lados. Na Figura 9 pode-se ver como os momentos
principais se distribuem em lajes retangulares apoiadas nos quatro lados com diferentes relações
ly/lx. No centro dos vãos os momentos principais se desenvolvem paralelamente em relação às
bordas, e nas regiões dos cantos, com ângulo de aproximadamente 45º.

A direção dos momentos principais determina o desenvolvimento das fissuras de lajes


de concreto armado como mostrado na Figura 10 as fissuras ocorrem na direção perpendicular
aos momentos M1 e M2.

Figura 10: Fissuras devido à escassez de armadura de canto

Fonte: Elaborado pelo Autor

Para a máxima eficiência das armaduras de canto, essas devem ser dispostas a 45° na
face superior, para combater os momentos M1 e a 135° na face inferior, para resistir aos
esforços de M2 (Figura 11a). Porém, na prática essa solução não é bem aceita, pois,
construtivamente é mais complexa, já que as barras teriam comprimentos diferentes e estariam
dispostas em ângulo com a armadura principal. Por conta disso, uma prática comum é usar
amaduras em malha, nas direções x e y, uma na face superior e outra na face inferior (Figura
11b), mesmo que a quantidade de aço necessária seja maior. Assim cabe ao projetista analisar
qual a solução mais viável para cada caso (LEONHARDT e MÖNNIG, 1978).
35

Figura 11: Disposição das armaduras em lajes com cantos garantidos contra levantamento

Fonte: Elaborado pelo Autor

Para calcular a armadura nas direções ortogonais X e Y, pode-se decompor o momento


principal no canto nestas direções, assim:

𝑀𝑥 ∗ = 𝑀𝑛1 ∗ cos(𝜃) Eq. 4

𝑀𝑦 ∗ = 𝑀𝑛1 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃) Eq. 5

Figura 12: Decomposição de momento principal

Fonte: Elaborado pelo Autor

Como em geral as barras da armadura inferior são adotadas constantes em toda a laje,
não é necessária armadura adicional inferior de canto. Já a armadura superior se faz necessária
e, para facilitar a execução, recomenda-se adotar malha ortogonal superior com seção
transversal, em cada direção, não inferior a armadura na direção do maior momento.
(PINHEIRO, MUZARDO e SANTOS, 2003; ARAÚJO, 2010b; LEONHARDT e MÖNNIG,
36

1978). Já Montoya (1969) apud Parsekian (1996) e IBRACON (2007) recomenda que a
armadura de canto seja 75% da armadura principal.

A NBR 6118 (ABNT, 2014) não faz nenhuma recomendação sobre armadura de canto
em lajes maciças, porém recomenda uma armadura negativa mínima em bordas sem
continuidade, a qual deve ter comprimento mínimo de 15% do vão, consequentemente nas
regiões de canto essas armaduras formarão malhas e aço perpendiculares, semelhantes a
sugeridas pelos autores. Assim, seguindo esta recomendação tem-se nos cantos armadura de
canto igual a 0,67.Asmin.

Além da área de aço necessária outro aspecto importante a ser mencionado é até onde a
armadura se estenderá. Segundo o IBRACON (2007) e Araújo (2010b), a armadura de canto
deve se estender até 0,2lx, a contar do eixo da viga. Leonhardt e Mönning (1978), recomenda
que a armadura para os momentos principais deve se estender até 0,3lx para lajes apoiadas nos
quatro cantos e 0,25lx para lajes apoiadas em três lados. Em (CELESTE, 2011) é apresentado
um estudo mais detalhado sobre o comportamento dos momentos volventes em relação as
condições de apoio, relação entre os vãos e até onde estes momentos são importantes, fazendo
uso do método de Wood.

Quadro 1: Recomendações para armadura de canto

Referência Área de aço Comprimento

NBR 6118 (ABNT, 2014) 0,67.Asmin 0,15.lx

(ARAÚJO, 2010) As1 0,2.lx

IBRACON (2007) 0,75.As1 0,2.lx

(LEONHARDT e MÖNNIG,
As1 0,25lx~0,3.lx
1978)

(MONTOYA 1969) 0,75.As1 -

(PINHEIRO, MUZARDO e
As1 0,2.lx
SANTOS, 2003)
Fonte: Elaborado pelo Autor

Em bordas apoiados de lajes sem continuidade os momentos se desenvolvem


perpendicularmente ao apoio, deve-se prever então uma armadura negativa para prever
37

eventuais fissuras decorrentes do engastamento parcial entre a laje e a viga, mesmo que a laje
tenha sido calculada como simplesmente apoiada.

Existem na literatura várias recomendações de como se deve armar estas regiões.


Araújo, 2010b, recomenda uma área mínima de 25% da armadura positiva, disposta até 15%
do vão. Assim como Araújo, 2010b, o IBRACON (2007) aconselha uma área maior ou igual a
25% da armadura positiva, porém com comprimento de 0,2.lx.

Quadro 2: Recomendações para armadura de borda sem continuidade

Referência Área de aço Comprimento

NBR 6118 (ABNT, 2014) 0,67.Asmin 0,15.lx

(ARAÚJO, 2010) 0,25.As1 0,15.lx

IBRACON (2007) 0,25.As1 0,2.lx

(LEONHARDT e MÖNNIG,
0,5.As1 0,25.lx
1978)
Fonte: Elaborado pelo Autor

2.7.1. Resistência do Concreto ao Momento Volvente

O Cisalhamento desenvolvido em uma laje maciça de concreto armado sujeita a um


momento volvente é em parte resistido pelo próprio concreto. A determinação do momento
volvente que pode ser resistido pelo concreto depende da máxima tensão cisalhante de torção
que pode ser resistida pelo concreto (PARSEKIAN, 1996).

No trabalho desenvolvido por (PARSEKIAN, 1996) é demonstrado que o valor da


máxima tensão cisalhante resistida pelo concreto em uma peça sujeita à torção pura é
significantemente maior do que em peças sujeitas à torção combinada com outros esforços
como flexão, força cortante ou forças axiais.

Tomou-se o valor de τwu1 como referência para a resistência do concreto às tensões


cisalhantes devidas ao Mxy, combinadas com as tensões cisalhantes devidas à força cortante.
38

Figura 13: Combinação de tensões cisalhantes em lajes

Fonte: (PARSEKIAN, 1996, p. 42)

Segundo Park e Gamble (1980), o valor do momento volvente resistido pelo concreto
depende do fck, da altura da laje e da força cortante que atua na laje, e pode ser calculado pela
seguinte expressão de acordo com o ACI, que foi adaptada por Parsekian (1996) para o sistema
internacional de medidas (S.I.).

ℎ2 0,4.√𝑓𝑐𝑘 Eq. 6
Mxyc = φ . .
3 τ
√1+(1,2. 𝑤⁄τ𝑡 )
, h em metros e fck em MPa
Onde, τw e τt são as tensões cisalhantes devido à força cortante de referência e a tensão
cisalhante devida ao momento.

Parsekian (1996) ainda alterou esta equação para adapta-la à ABNT (NB1, 1982) para
incrementar às variáveis a máxima tensão cisalhante resistida pelo concreto.

Desta forma momento volvente resistido pelo concreto pode ser calculado como:

ℎ2 .τwu1 𝑉𝑑 2
Mxyc = . √1 − ( )
4,2 𝑑.𝜏𝑤𝑢1 Eq. 7

Onde, τwu1 é a tensão cisalhante permitida em lajes sem armadura transversal, dada
por:

τwu1 = (0,06.C + 0,08).1,06.(1,6-d).√𝑓𝑐𝑘 ≤ 1,0 Eq. 8

Sendo o coeficiente C, a relação entre a parcela de força cortante decorrente de cargas


distribuídas e o valor total da força cortante na laje. Para o presente trabalho foi adotado C=1,
recomendado para lajes com predominância de cargas uniformemente distribuídas.
39

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), o valor da tensão de cisalhamento resistente de


cálculo em lajes de concreto simples, submetidas a flexão ou flexo-tração, deve ser calculado
por:

τwu1 = 0,3. 𝑓𝑐𝑡𝑑 ≤ 1,0 Eq. 9

O valor de τwu1 foi calculado através das duas equações e utilizado o valor mais
conservador.

Segundo Parsekian (1996), em casos de lajes maciças, valores de momentos volventes


menores que Mxyc podem ser desprezados no detalhamento. Para valores de Mxy maiores que
Mxyc, pode-se diminuir o valor do momento volvente resistido pelo concreto do valor do
momento volvente de cálculo.

2.8. INFLUÊNCIA DA FLEXIBILIDADE DOS APOIOS

Em condições reais nos pavimentos dos edifícios, as lajes estão apoiadas sobre vigas
que são flexíveis. Esta condição de apoio altera o campo de deformações da laje e, como
consequência, os esforços internos e as reações de apoio, como mostram as Figuras 14 e 15.

Figura 14: Redistribuição dos momentos fletores nas lajes devido às deformações nas vigas de apoio

Fonte: Araújo, 2010b


40

Figura 15: Influência das vigas no modelo das lajes

Fonte: Banki, 2013

A falta de recursos computacionais capazes de resolver o grande número de equações


necessárias para analisar um pavimento, considerando a continuidades das lajes e a flexibilidade
das vigas, fez com que durante muitos anos esses pavimentos fossem calculados de forma
simplificada.

Segundo Coelho (2013) para pavimentos compostos por lajes retangulares, sem muita
variação em suas dimensões e com vigas de apoio suficientemente rígidas, podendo se
considerar as lajes apoiadas sobre apoios rígidos os resultados encontrados por métodos
simplificados não são muito diferentes daqueles obtidos com uma análise do pavimento inteiro
por Analogia de Grelha ou pelo Método dos Elementos Finitos.

Coelho (2013) em seu trabalho fez uma análise da influência da flexibilidade do apoio
em uma laje quadrada com quatro lados apoiados e em um painel de laje contínuas, analisando
a influência da flexibilidade do apoio intermediário. No primeiro caso a laje maciça quadrada
com lado de 4 m e espessura de 10 cm e viga com largura de 12 cm e altura variando entre 26
cm e 500 cm. A partir disso é calculado a relação entre a rigidez da viga e a placa (γ), flecha
máxima na laje (f), momento máximo no meio do vão (Mx) e momento máximo na viga de
apoio (Mxa). O problema foi analisado pela analogia das grelhas e coeficiente de Poisson usado
foi de 0,25.

Os resultamos mostrados na Tabela 1 mostra como a flexibilidade dos apoios altera o


campo de deformações da laje e os esforços internos e as reações de apoio. Pode-se perceber
que o momento Mx apresenta um aumento considerável ao passo que se reduz a rigidez da viga.
Ao mesmo tempo o momento Mxa que, inicialmente, quando a viga é considerada
41

indeformável, apresenta um módulo de zero atinge valores consideráveis. Esses esforços caso
não sejam considerados em projeto podem comprometer a estrutura.

Tabela 1: Avaliação da influência da flexibilidade do apoio em laje quadrada com quatro lados apoiados

h(viga) f Mx Mxa
γ
(cm) (cm) (Kgf.m) (Kgf.m)
∞ 500 0,72 731,00 0,00
100 151 0,73 735,00 0,00
50 120 0,74 736,00 0,00
25 95 0,76 740,00 107,00
10 70 0,8 751,00 146,00
5 56 0,88 769,00 209,00
4 52 0,92 777,00 240,00
3 47 0,98 791,00 289,00
2 41 1,1 819,00 381,00
1 33 1,41 889,00 623,00
0,5 26 1,87 995,00 979,00
0 0 3,89 1457,00 2428,00
Fonte: Coelho, 2013

No segundo caso é estudado um painel contínuo composto por duas lajes retangulares
de 4 x 6 m com espessura de 10cm, apoiado em vigas. A viga intermediária foi considerada
com largura de 15 cm e altura variando de 20 cm a 100cm. As demais vigas de apoio foram
consideradas com uma grande altura para simular o efeito de um apoio indeformável.

O painel foi calculado usando o método de elementos finitos considerando uma carga
uniformemente distribuída de 1000Kgf/m². Na Tabela 2 são apresentados os resultados. Onde
Mx é o momento na direção X, My é o momento na direção Y, Mxy é o momento volvente,
nos cantos, Mxa é o momento máximo na viga intermediária, f1 a flecha máxima na laje e f2
flecha máxima da viga.

Tabela 2: Avaliação da influência da flexibilidade do apoio em um painel de lajes continuas apoiados nos quatro
lados

h (viga) Mx My Mxy Mxa f1 f2


(cm) (Kgf.m) (Kgf.m) (Kgf.m) (Kgf.m) (cm) (cm)
100 935,00 407,00 661,00 -1560,00 0,79 0,3
80 944,00 463,00 721,00 -1400,00 0,94 0,67
60 966,00 624,00 860,00 -1040,00 1,31 1,1
40 1040,00 1150,00 1190,00 -226,00 2,05 2,38
20 1230,00 2090,00 1680,00 1120,00 3,22 4,29
Fonte: Coelho, 2013
42

É possível ver através dos resultados mostrados na Tabela 2, como é considerável a


variação dos momentos internos e das deformações, para vigas com diferentes flexibilidades,
com destaque para o momento volvente que apresentou uma variação de aproximadamente
250%. Pode-se notar que para o caso com maior flexibilidade, viga com altura de 20 cm, o
momento do apoio passa a ser positivo.

2.9. COMPORTAMENTO ELÁSTICO

A teoria da elasticidade estuda o comportamento mecânico de um material em relação


a solicitação de carga, sob o ponto de vista da deformação elástica reversível, até o seu limite
de comportamento elástico. Esta teoria possui seu suporte fundamental na lei de Hooke.

A lei de Hooke é a lei que rege a teoria da elasticidade e segundo ela quando aplicada
uma força sobre um sistema, o mesmo irá sofrer uma determinada deformação que é função da
força aplicada e da do material.

𝐹 = 𝑘. ∆𝑙 Eq. 10

A Lei de Hooke também é percebida após a realização de ensaios onde é obtido o gráfico
de Tensão x Deformação (Figura 16). O comportamento linear mostrado no início do gráfico
está nos afirmando que a tensão é proporcional à deformação. Logo, existe uma constante de
proporcionalidade entre essas duas grandezas.

Sendo,

𝜎 = 𝐸. 𝜀 Eq. 11

σ = Tensão;

E = Módulo de elasticidade de Yang;

ε = Deformação específica.
43

Figura 16: Gráfico Tensão x Deformação

Fonte: BEER et al, 2011

2.9.1. Flexão de Placas

A teoria clássica de placas é uma formulação matemática muito utilizada para descrever
o comportamento elástico de placas com carregamentos predominantemente transversais.

O comportamento de uma placa é função de sua espessura, podendo ser classificada


como placas finas ou placas espessas, e da deflexão a qual a placa está sujeita.

Segundo Bares (1981), pequenas deflexões são deslocamentos, normais ao plano da


placa, inferiores a 30% da sua espessura, ou seja, w ≤ 0,3h (Figura 17). Em placas sujeitas a
deflexões maiores que 30% de sua altura, ocorrem os chamados esforços de membrana. Para
deflexões comparáveis com a espessura da placa os esforços de membrana serão preponderantes
sobre os esforços de flexão.

Figura 17: Deflexão de placa

Fonte: (SZILARD, 1974)


44

Segundo Szilard (1974), uma placa pode ser considerada fina quando a espessura da
mesma for inferior a 10% do menor vão. Para espessuras maiores devem ser considerados as
deformações por cisalhamento que poderão causar o empenamento da seção transversal.

Uma grande diferença entre as placas finas e espessas é o estado de tensões que em
placas espessas o estado de tensões é triplo e em placas finas tem-se o estado duplo de tensões.

As lajes presentes em edificações convencionais quase sempre se enquadram na


formulação de placas finas sujeitas a pequenas deformações.

O primeiro estudo significativo das placas foi nos anos 1800, desde então, foram
resolvidos muitos problemas de flexão de placas, com a teoria fundamental (Navier, Kirchhoff
e Lévy) e com resoluções numéricas (Galerkin e Wahl). Sendo uma das mais conhecidas a
teoria de Kirchhoff onde são admitidas, para placas finas com pequenas deflexões, as seguintes
hipóteses:

 O material da placa é elástico linear, homogêneo e isotrópico;


 A espessura da placa é pequena em relação as outras dimensões;
 As deflexões são pequenas em relação a espessura da placa;
 As rotações da superfície média deformada são pequenas em relação a unidade;
 Linhas retas, inicialmente normal à superfície média, permanecem retas e
normais à superfície média após as deformações;
 As deflexões da placa são normais ao plano indeformável inicial;
 As tensões normais à superfície média são desprezíveis (sz = 0).

Existem na literatura, várias tabelas baseadas na teoria da elasticidade e na teoria


clássica de placas. Estas tabelas são usadas para o cálculo simplificado de esforços e reações de
apoios em placas. Porém são métodos que possuem limitações por assumirem algumas
simplificações como a consideração de painéis isolados, o que torna necessário a uniformização
dos momentos em regiões de continuidade.

As diferentes tabelas presentes nas literaturas se diferenciam e apresentam resultados


com diferenças devido a valores adotados para o coeficiente de Poisson e aproximações devidas
ao truncamento das séries de Fourier.

A uniformização de momentos é necessária para aproximar o modelo de cálculo do


modelo real, por isso torna-se necessário uniformizar os momentos negativos nas regiões de
continuidade.
45

O momento da região da continuidade adotado será o maior valor entre a média


aritmética dos momentos negativos das duas lajes ou 80% do maior momento.

Deve-se também corrigir os momentos positivos. Para isso, soma-se o momento positivo
com metade da diferença entre o momento negativo e o momento negativo corrigido, como no
caso da laje L2 da Figura 18. Esta correção só será realizada se o momento sofrer acréscimo,
caso contrário é adotado o momento positivo calculado inicialmente, como a laje L1 e L4,
também da Figura 18.

Quando ocorrer de a compatibilização aumentar o momento positivo de um lado e


diminuir do outro, ignora-se a diminuição e só é considerado o acréscimo, como no caso da laje
L3 da Figura 18.

Figura 18: Uniformização de momentos fletores

Fonte: Pinheiro, 2007

2.9.1.1. Tabelas de Czerny

Baseado na teoria da elasticidade, Czerny desenvolveu um método simplificado para


cálculo de momentos fletores e deslocamentos em lajes maciças, o qual consiste em tabelas
semiempíricas.

Neste método as lajes são consideradas como painéis isolados e não é considerada a
deformabilidade dos apoios, ou seja, as vigas de bordo são idealizadas como apoios rígidos.
Além disso também não é considera o efeito da excentricidade entre laje e viga.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 25) “Para tensões de compressão menores que
0,5fc e tensões de tração menores que fct, o coeficiente de Poisson pode ser tomado como
igual a 0,2”. Sendo assim, deve-se adaptar o método para atender as recomendações previstas
em norma.
46

Para emprego das tabelas é preciso determinar a relação entre os vãos e as condições de
apoio das lajes, para identificar qual caso se aplica. As condições de apoio usadas nas tabelas
de Czerny estão representadas na Figura 2.

Os momentos máximos positivos e negativos podem ser encontrados através das


equações:

𝑞. 𝑙𝑥2
𝑀𝑥 = Eq. 12
𝛼𝑥
𝑞. 𝑙𝑥2
𝑀𝑦 = Eq. 13
𝛼𝑦
𝑞. 𝑙𝑥2
𝑀𝑥𝑒 = Eq. 14
𝛽𝑥
𝑞. 𝑙𝑥2
𝑀𝑦𝑒 = Eq. 15
𝛽𝑦
Os coeficientes αx, αy, βx e βy podem ser obtidos em tabelas e são função da relação entre
vãos e da condição de apoio.

2.9.1.2. Tabelas de Kalmanok

Assim como Czerny, Kalmanok desenvolveu um método simplificado para o cálculo de


esforços e reações de apoio de lajes maciças o qual que consiste em tabelas semiempíricas
baseadas na Teoria da Elasticidade.

As tabelas de Kalmanok fornecem coeficientes que permitem calcular a flecha no centro


da laje, os momentos fletores positivos nos vãos, os momentos fletores negativos nos bordos
engastados os momentos torçores nos cantos simplesmente apoiados e as reações de apoio,
assim como mostrado na Figura 19.

Figura 19: Momentos principais e reações de apoio em uma placa

Fonte: Araújo, 2010b, p. 338


47

Kalmanok, em suas tabelas, admite o coeficiente de Poisson igual a 0, para adequar os


resultados às recomendado da NBR 6118 (ABNT, 2014), (ARAÚJO, 2010b) adaptou as tabelas
de Kalmanok para ν = 0,2.

Os momentos fletores podem ser encontrados através das equações:

𝑀𝑥 = 0,001. 𝑞. 𝑚𝑥 . 𝑙𝑥2 Eq. 16

𝑀𝑦 = 0,001. 𝑞. 𝑚𝑦 . 𝑙𝑥2 Eq. 17

𝑀𝑥𝑒 = 0,001. 𝑞. 𝑚𝑥𝑒 . 𝑙𝑥2 Eq. 18

𝑀𝑦𝑒 = 0,001. 𝑞. 𝑚𝑦𝑒 . 𝑙𝑥2 Eq. 19

𝑀𝑥𝑦 = 0,001. 𝑞. 𝑚𝑥𝑦 . 𝑙𝑥2 Eq. 20

Os coeficientes 𝑚𝑦 , 𝑚𝑦 , 𝑚𝑥𝑒 , 𝑚𝑦𝑒 𝑒 𝑚𝑥𝑦 são obtidos nas tabelas do Anexo A.

2.10. ANALOGIA DE GRELHAS

Grelha é uma estrutura formada por barras coplanares, que são submetidas a
carregamento perpendicular a seu plano (SUSSEKIND, 1981).

A analogia das grelhas consiste em substituir a laje por uma malha de vigas que se
cruzam, denominado de grelha equivalente. Este método pode ser aplicado considerando os
apoios rígidos ou sobre apoios deformáveis, este último considera que os apoios sofrem
deformações suficientes para alterar os esforços e as flechas da laje. (ARAÚJO, 2010b).

Este método foi inicialmente idealizado por Marcus em 1932, que pensou em criar uma
técnica aproximada para obter os esforços em lajes, já que nesta época não se dispunha de
computadores. Em 1959, com a constatação de que a análise de grelhas e pórticos planos pelo
método dos deslocamentos era bastante parecida, Lightfoot e Sawko adaptaram um programa
de cálculo de pórtico plano para o cálculo de grelhas, e, posteriormente, o método foi
sistematizado por Hambly (STRAMANDINOLI e LORIGGIO, 2003).

O método vem sendo muito utilizado em projetos e em trabalhos acadêmicos, por


possuir a versatilidade de adequar-se bem a diversos formatos de geometria de lajes, ser de fácil
compreensão e utilização, relativamente barato, e sua precisão tem sido provada em uma grande
variedade de estudos (BUENO, 2013; STRAMANDINOLI e LORIGGIO, 2003). O método é
48

capaz de representar todo o tabuleiro, lajes e vigas, dessa forma, o efeito de deformabilidade
das vigas pode ser considerado na análise.

Como se trata de um método matricial. A estrutura formada por essa malha de vigas
pode ser analisada com a utilização de software baseados no método da rigidez, o qual utiliza a
matriz de rigidez dos elementos da grelha. A matriz de rigidez do elemento de grelha em relação
ao sistema de eixo local é dada por:

𝐺𝑗 −𝐺𝑗
0 0 0 0
𝐿 𝐿
|0 4𝐸𝐼 6𝐸𝐼 2𝐸𝐼 6𝐸𝐼 |
0
𝐿 𝐿2 𝐿 𝐿2
−6𝐸𝐼 12𝐸𝐼 −6𝐸𝐼 −12𝐸𝐼
0 0
𝐿2 𝐿3 𝐿2 𝐿3
KM = |−𝐺𝐽 𝐺𝑗
|
0 0 0 0
𝐿 𝐿
2𝐸𝐼 −6𝐸𝐼 4𝐸𝐼 −6𝐸𝐼
|0 𝐿 𝐿2
0
𝐿 𝐿2 |
6𝐸𝐼 12𝐸𝐼 −6𝐸𝐼 12𝐸𝐼
0 0
𝐿2 𝐿3 𝐿2 𝐿3

Onde, GJ e EI representam a rigidez à torção e rigidez à flexão das barras da grelha,


respectivamente.

Um fator de grande importância é a ligação entre laje e viga, pois, se a laje for
simplesmente apoiada na viga de bordo, há uma transferência de dois esforços para a viga: força
cortante, de igual valor ao esforço cortante nas barras da grelha, e de momento fletor, devido
ao momento torsor nas barras da grelha. Porém se a laje tiver ligação rígida com a viga de
bordo, haverá além da transferência de força cortante e momento fletor a transferência de
momento torsor, que é devido ao momento fletor negativo que atua na barra da grelha
(ARAÚJO, 2010b).

A precisão da modelagem pela analogia da grelha depende de três parâmetros:


espaçamento da malha, rigidez à flexão e a rigidez à torção (BUENO, 2013).

As cargas podem ser cargas distribuídas ao longo das barras e como cargas concentradas
nos nós. Para ambos os casos a carga deve ser calculada através da área de influência do
elemento (barra ou nó).

2.10.1. AltoQi Eberick

Neste trabalho foi utilizado o AltoQi Eberick, um software para elaboração de projetos
estruturais em concreto armado moldado in-loco, pré-moldado, alvenaria estrutural e estruturas
mistas, que possui recursos para agilizar etapas de modelagem. Além disso, realiza a análise da
49

estrutura, o dimensionamento das peças estruturais, a compatibilização com as demais


disciplinas de projeto e a geração de pranchas finais contendo detalhamentos das armaduras e
planta de formas.

No AltoQi Eberick as lajes podem ser consideradas apoiadas nas vigas do contorno,
engastadas na laje adjacente, ou ainda ter seus lados definidos como bordo livre, atendendo as
necessidades do projeto.

O dimensionamento foi realizado para os diversos formatos das lajes, isoladas ou


contínuas através de um modelo de grelha 3D, onde é possível verificar os esforços e
deslocamentos em cada laje, facilitando a compreensão dos resultados.

É possível verificar todos os carregamentos aplicados na laje na janela de


dimensionamento, além dos momentos fletores e resultados das armaduras. Ao fim do processo
o software cria um detalhamento completo para as armaduras.

Figura 20: Pavimento de edifício elaborado no software AltoQi Eberick v9

Fonte: Banki, 2013

Assim como no Método dos Elementos Finitos, ao se dividir a laje em um número


suficiente de faixas, pode-se reproduzir o comportamento de estruturas com praticamente
qualquer geometria. Esta é a base do processo da Analogia de Grelha utilizado pelo AltoQi
Eberick v8 Gold. O modelo também pode conter todas as lajes de um pavimento e todas as
vigas, analisando o comportamento do painel como um todo. Os resultados finais obtidos com
um e outro método são bastante semelhantes (BANKI, 2013).

É possível analisar todo o conjunto de vigas de apoio e lajes como uma grelha plana,
assim a laje e as vigas de apoio passam a ser uma única estrutura. Este modelo é mais
conveniente quando se trata de painéis de lajes contínuas, já que é usual que a concretagem
desses elementos se dê ao mesmo tempo, gerando uma ligação monolítica entre lajes e vigas,
50

obtendo-se uma configuração de deformação e esforços mais próxima da situação real em


regime elástico.

Segundo Banki (2013),

Outro item importante é a influência da rigidez à torção (relativa ao momento


de torção ou também chamado momento volvente das placas.) no
comportamento de uma laje ou de um painel de lajes, ou mesmo no
comportamento de todo o pavimento. Na formulação da Analogia de Grelha,
pode-se estabelecer uma relação qualquer entre a rigidez à torção e à flexão
das barras (respeitada a capacidade de redistribuição de esforços da laje),
obtendo diferentes resultados. Usualmente, como no caso do AltoQi Eberick,
procura-se calibrar essa relação para que os resultados se aproximam o
máximo possível da solução elástica.
Banki (2013) ainda completa dizendo os processos simplificados para análise de lajes
isoladas fornecem resultados próximos aos da analogia de grelha enquanto se tem lajes
retangulares maciças com apoios muito rígidos.

2.11. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

O Método dos Elementos Finitos (MEF) teve origem no final do século XVIII, quando
Gauss propôs a utilização de funções de aproximação para a solução de problemas matemáticos.
Diversos matemáticos, durante mais de um século, desenvolveram teorias e técnicas analíticas
para a solução de problemas, contudo, pouco se evoluiu devido à dificuldade e à limitação
existente no processamento de equações algébricas. O desenvolvimento prático desta análise
ocorreu somente muito mais tarde devido os avanços tecnológicos e o advento da computação.
Isto permitiu a elaboração e a resolução de sistemas de equações complexas. (LOTTI,
MACHADO, et al., 2006).

O método dos elementos finitos consiste num procedimento geral de discretização de


um meio contínuo em um número finito de partes, formando uma malha de elementos, os quais
são descritos por equações diferenciais e resolvidos por modelos matemáticos. (LOTTI,
MACHADO, et al., 2006). Os elementos são conectados entre si por meio de pontos nodais.
Na solução em deslocamentos, as incógnitas do problema são os deslocamentos dos pontos
nodais, e a partir destes, as deformações são calculadas. Estabelecendo-se, então, relações
constitutivas dependentes das deformações, as tensões podem ser determinadas.

Um grande atrativo do MEF é a generalidade de sua formulação, o que permite que seja
usado em diversas áreas do conhecimento, resolvendo problemas diferentes. No âmbito da
engenharia de estruturas, esse método pode ser empregado na formulação em deslocamentos e
51

na formulação das forças, sendo a formulação em deslocamentos mais amplamente utilizada


devido sua maior facilidade de implantação computacional (ARAÚJO, 2010b).

Segundo Azevedo (2003), um dos objetivos deste método é a determinação do estado


de tensões e de deformação de um sólido de geometria arbitrária sujeito a ações exteriores. O
MEF, permite ainda a consideração das não linearidades física e geométrica, as diferentes
condições de contorno e de carregamento, formas diversificadas, etc.

Na análise de lajes, que podem ser descritas como placas, pode-se empregar elementos
finitos para análise bidimensional (Figura 21). Os elementos são definidos por sua geometria e
pelo número de nós. Portanto, tem-se os elementos triangulares de 3 e 6 nós, elementos
retangulares de 4 e 8 nós e elementos isoparamétricos (elementos distorcidos, permitem uma
boa modelagem de domínios irregulares) (ARAÚJO, 2010b).

O número de nós do elemento é diretamente proporcional a sua precisão, sendo assim,


malhas com maior número de nós será mais refinada.

Para modelagem das lajes no método dos elementos finitos foi utilizado elemento de
placa fina, pois apresenta resultado mais próximo dos reais.

Figura 21: Elementos finitos para análise bidimensional

Fonte: Araújo, 2010b, p. 128

Foram compostas diversas teorias sobre o comportamento elástico dos materiais. As


teorias mais divulgadas foram a Teoria de Euller-Bernoulli e a Teoria de Timoshenko para as
vigas e a Teoria de Kirchhoff e Teoria de Reissner-Mindlin para as lajes (NEVES, 2010). Já foi
feito no item 2.9.1.2 deste trabalho uma breve introdução à teoria de Kirchoff.
52

Neste trabalho, será utilizado um programa de elementos finitos, o CSI SAP2000 versão
20.1.0.

2.11.1. SAP2000

A plataforma computacional de elementos finitos selecionada para o estudo foi o


programa SAP2000, ferramenta de software amplamente utilizada. O CSI SAP2000 é um
programa de elementos finitos, com interface gráfica 3D orientado a objetos, preparado para a
modelagem, análise e dimensionamento do mais vasto conjunto de problemas de engenharia de
estruturas.

O SAP2000 permite ao usuário a criação de qualquer tipo de material inserindo suas


propriedades mecânicas, para isso é utilizado o comando “Define/Materials” após a seleção dos
elementos que se deseja fazer a definição. O usuário poderá ajustar o peso específico, módulo
de elasticidade, resistência à compressão, coeficiente de Poisson, coeficiente de expansão
térmica do material considerado. O SAP2000 oferece a possibilidade de modelagem de
estruturas de concreto armado com a possibilidade de trabalhar com o comportamento
elastoplástico do concreto (Figura 22 e Figura 23) e o comportamento elastoplástico perfeito
do aço (Figura 24), assim como recomenda a NBR 6118 (ABNT, 2014) em seu item 8.2.10.

Figura 22: Diagrama tensão-deformação do concreto idealizado

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 26)


53

Figura 23: Diagrama tensão-deformação bilinear de tração do concreto

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 27)

Figura 24: Diagrama tensão-deformação para aços de armadura passiva

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 29)

É possível também a definição das seções dos elementos que serão utilizadas na
modelagem, para isso é utilizado o comando “Define/Section Properties/Frame Sections” para
os elementos de barras e “Define/Section Properties/Area Sections” para os elementos de
placas.

2.11.1.1. O elemento FRAME

O elemento FRAME é utilizado para modelar elementos estruturais com barras (vigas,
pilares, pórticos, etc.). Para a devida consideração das rijezas dos elementos e do correto peso
próprio do modelo, é necessário se fazer a definição das propriedades das barras do
modelo.(MELO, 2016).
54

O elemento FRAME é representado por uma linha reta conectando dois pontos que são
designados como nós I e J. Esses nós possuem 6 graus de liberdade, sendo 3 de translação e 3
de rotação.

Cada elemento possui seu próprio sistema de coordenadas local, onde seus eixos são
denominados eixos 1, 2 e 3, sendo o eixo 1 o eixo longitudinal, com sentido em I-J. Já os eixos
2 e 3 são perpendiculares ao eixo longitudinal e, geralmente, paralelos aos eixos de simetria da
seção, Figura 25. O sistema de coordenadas locais é utilizado para definir propriedades da seção
transversal, cargas e esforços nas barras.

Figura 25: Sistema de coordenadas local de um elemento FRAME com seção transversal retangular

Fonte: (ALMEIDA, 2009, p. 17).

2.11.1.2. O elemento SHELL

O elemento SHELL é um tipo de elemento finito de área usado para modelar estruturas
com comportamentos de membranas, placas e cascas.

O elemento SHELL é resultado da somatória entre o elemento de membrana e do


elemento de placa (Figura 26). O elemento de membrana possui, em cada nó, três graus de
liberdade: duas translações no plano do elemento e uma rotação em torno do eixo normal ao
plano do elemento. O elemento de placa possui uma rotação em torno de cada eixo do plano do
elemento e uma translação no eixo normal ao plano do elemento. Para o elemento de placa é
usada a formulação de placas finas de Kirchhoff, a qual despreza as deformações transversais
de cisalhamento. Opcionalmente, pode-se usar a teoria de placas grossas de Mindlin/Reissner,
a qual inclui os efeitos das deformações transversais de cisalhamento (ALMEIDA, 2009).
55

Figura 26: Graus de liberdade de um elemento SHELL

Fonte: (ALMEIDA, 2009, p. 28).

Neste trabalho o modelo utiliza a teoria de placas finas. O elemento SHELL, portanto,
possui seis graus de liberdade em cada nó: três translações e três rotações.

Segundo Almeida (2009), o elemento SHELL pode ter a forma quadrilateral ou


triangular, com quatro ou três nós, respectivamente, sendo o elemento quadrilateral o mais
preciso. Os quatro vértices do elemento não precisam necessariamente ser coplanares. Uma
pequena torção no elemento pode ser considerada pelo programa. O elemento triangular plano
de três nós não é recomendável para a modelagem de estruturas. Seu uso é recomendável apenas
para transições.

Assim como o elemento FRAME, cada elemento SHELL tem seu próprio sistema de
coordenadas local que é utilizado para definir propriedades do material, cargas e esforços e
saída de resultados.

O eixo 3 é normal ao plano do elemento e os eixos 1 e 2 situam-se em seu plano. É


recomendado a orientar os eixos locais de forma a serem paralelos aos eixos X, Y e Z do sistema
global.

Os esforços internos em um elemento SHELL são as forças Fij e momentos Mij (ambos
por unidade de comprimento) decorrentes da integração das tensões ao longo da espessura do
elemento.
56

A Figura 27 mostra a direção e o sentido positivo das forças normais F11 e F22 e das
forças cisalhantes F12 e F21, já a Figura 28 mostra a direção e o sentido positivo dos momentos
fletores M11 e M22 e dos momentos torçores M12 e M21.

Figura 27: Forças normais e cisalhantes em um elemento SHELL quadrilateral de 4 nós

Fonte: (ALMEIDA, 2009, p. 22)

Figura 28: Momentos fletores e torçores em um elemento SHELL quadrilateral de 4 nós

Fonte: (ALMEIDA, 2009, p. 22)

2.11.1.3. Conexões OFFSET

Em situação real da estrutura, geralmente, o eixo da viga não coincide com o plano
médio da laje. Porém, ao realizar a modelagem do pavimento através do programa SAP2000,
os elementos FRAME e os elementos SHELL são criados no plano médio da laje. A conexão
57

OFFSET cria conexões virtuais entre alguns nós dos dois elementos e faz com que o eixo do
elemento de barra seja deslocado para a posição correta.

Figura 29: Conexão OFFSET

Fonte: (ALMEIDA, 2009, p. 24).

2.11.1.4. Trecho Rígido

A região de interseção de pilares e vigas é chamado nó de pórtico, essa região apresenta


rigidez elevada à flexão. Os nós de pórtico, em alguns casos, têm dimensões que não podem
ser desprezadas com prejuízos de erros significativos na análise do comportamento da estrutura
(ALMEIDA, 2009).

Os nós de pórtico não podem ser considerados totalmente rígidos, pois apresentam certa
flexibilidade, principalmente devido ao cisalhamento. Em casos de ligações excêntricas das
vigas nos pilares, além das deformações de distorção devido ao cisalhamento surgem
deformações próprias de torção.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 87), “os trechos de elementos lineares
pertencentes à região comum ao cruzamento de dois ou mais elementos podem ser considerados
rígidos (nós de dimensões finitas)”
58

Figura 30: Nó de pórtico (Trecho rígido)

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 87)

No SAP2000 o comando “End Offset” é matematicamente equivalente à criação dos


trechos rígidos.

Figura 31 : Trecho de viga que se apoia nas duas extremidades em pilares

Fonte: (ALMEIDA, 2009, p. 26).

Figura 32: Trecho de viga que se apoia em uma extremidade em pilar e na outra e viga

Fonte: (ALMEIDA, 2009, p. 26).

As extremidades de vigas que se apoiam em pilares são, em geral, constituídos de


trechos rígidos e as extremidades de vigas que se apoiam em outra viga são, em geral,
constituídos de um trecho elástico, Figuras 31 e 32.
59

3. ARQUITETURA MODELO

O edifício utilizado para o desenvolvimento deste trabalho consiste em um edifício


residencial de 8 pavimentos, sendo, um pavimento de garagem, um pavimento com área de
playground, salão de festa e três apartamentos e o terceiro ao sétimo pavimento são pavimentos
tipos com quatro apartamentos por andar e por último o pavimento de cobertura.

Para efeito de estudo, foi considerado para análise em questão apenas o pavimento tipo,
desconsiderando os demais níveis. O pavimento tipo é composto de 4 apartamentos idênticos,
as áreas de seus ambientes estão descritas na Tabela 3.

As Figuras 33 e 34 representam a planta de baixa do pavimento tipo e o corte do edifício,


respectivamente.

Figura 33: Planta arquitetônica do pavimento tipo


60

Figura 34: Corte do edifício

Tabela 3: Ambientes

Ambiente Área (m2)


Hall 1 1,75
Hall 2 10,40
Quarto 10,20
Banheiro 2,98
Suite1 11,45
Sanitario1 3,00
Suite2 15,99
Sanitário2 3,00
Cozinha 9,00
Área de Serviço 3,95
Laje I. 1,46
Sala TV 8,45
Varanda 3,57
Fonte: Elaborado pelo Autor
61

4. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO

4.1. MATERIAIS

Para o presente trabalho considerado os seguintes materiais:

 Concreto: C30 (fck = 30 Mpa);

 Aço CA-50;

 Diâmetro máximo do agregado graúdo = 15mm;

O empreendimento foi considerado na classe de agressividade ambiental II.

4.2. CARGAS

As cargas atuantes em lajes de edificações podem ser classificadas como cargas


permanentes e cargas acidentais.

As cargas permanentes são aquelas cujo seu valor é constante ou de pequena


variabilidade durante praticamente toda a vida útil da estrutura. Assim serão consideradas
cargas permanentes: peso próprio da estrutura, peso de revestimento e alvenarias.

A NBR 6120 (ABNT, 1980), norma que fixa as condições exigíveis para determinação
dos valores das cargas que devem ser consideradas no projeto de estrutura de edificações, traz
o peso específico dos materiais de construção mais frequentes e, para o projeto exemplo foram
utilizados os seguintes pesos específicos, segunda a norma citada:

 Concreto armado: 25 KN/m³;

 Tijolo furado: 13KN/m³;

Para a carga referente a revestimento, (ARAÚJO, 2010b) recomenda valores entre 0,8
e 1,0 kN/m². Neste trabalho foi considerado carga de revestimento igual a 1,0 kN/m².

As cargas acidentais são aquelas que sofrem variações consideráveis durante e vida útil
da edificação, elas atuam nas lajes em função da finalidade da edificação e incluem o peso de
pessoas, móveis, veículos e materiais diversos

A carga utilizada neste trabalho foi de 1,5 KN/m², valor referente carregamento
para edifícios residenciais em Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro da NBR 6120
(ABNT, 1980).
62

4.3. ESTADOS LIMITES DE AÇÕES E SEGURANÇA

O dimensionamento de uma estrutura de concreto armado deve garantir requisitos


esperados como: reunir condições adequadas de segurança, funcionalidade e durabilidade, de
modo a atender todas as necessidades para as quais foi projetada. Assim a NBR 6118 (ABNT,
2014) define os estados limites de segurança, que são critérios de segurança estabelecidos, que
podem ser estados limite último e estados limite de serviço.

Estado limite é o estado que define impropriedade para o uso da estrutura, por razões de
segurança, funcionalidade ou estética, desempenho fora dos padrões especificados para sua
utilização normal ou interrupção de funcionamento em razão da ruína de um ou mais de seus
componentes.

4.3.1. Estado Limite Último (ELU)

Estados limite últimos são aqueles relacionados ao colapso ou qualquer outra forma de
ruína estrutural que determine a paralisação do uso da estrutura. Segundo a NBR 6118 (ABNT,
2014) A segurança das estruturas de concreto deve sempre ser verificada em relação aos
seguintes estados limites últimos:

 Perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido;

 Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte, pelas


solicitações normais e tangenciais;

 Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte,


considerando os efeitos de segunda ordem;

 Provocado por solicitações dinâmicas;

 Colapso progressivo;

 Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte,


considerando exposição ao fogo;

 Esgotamento da capacidade resistente da estrutura, considerando ações sísmicas;

 Outros estados-limites últimos que eventualmente possam ocorrer em casos especiais.

Para determinar a o carregamento que atuará sobre a estrutura as ações que atuam sobre
a mesma são combinadas considerando a probabilidade não desprezíveis de atuarem
simultaneamente, durante um período preestabelecido. A combinação das ações deve ser feita
de forma a serem determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. Verificando os
63

estados-limites últimos e aos estados-limites de serviço através de combinações últimas e de


combinações de serviço, respectivamente.

As combinações últimas podem ser normais, especiais e excepcionais.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 66):

 Combinações últimas normais

Em cada combinação devem estar incluídas as ações permanentes e a ação


variável principal, com seus valores característicos e as demais ações
variáveis, consideradas secundárias, com seus valores reduzidos de
combinação, conforme ABNT NBR 8681.

 Combinações últimas especiais

Em cada combinação devem estar presentes as ações permanentes e a ação


variável especial, quando existir, com seus valores característicos e as demais
ações variáveis com probabilidade não desprezível, de ocorrência simultânea,
com seus valores reduzidos de combinação, conforme ABNT NBR 8681.

 Combinações últimas excepcionais

Em cada combinação devem figurar as ações permanentes e a ação variável


excepcional, quando existir, com seus valores representativos e as demais
ações variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea,
com seus valores reduzidos de combinação, conforme ABNT NBR 8681.
No presente trabalho será utilizado apenas a combinação última normal, que, segundo a
ABNT NBR 6118:2018 é dada por:

𝐹𝑑 = γ𝑔 . 𝐹𝑔𝑘 + γε . 𝐹εg𝑘 + γ𝑞 . (𝐹𝑞1𝑘 + ∑ Ѱ0𝑗 . 𝐹𝑞𝑗𝑘 ) + γεq . Ѱ0ε . 𝐹εq𝑘

4.3.2. Estado Limite de Serviço (ELS)

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) estados-limites de serviço são aqueles


relacionados ao conforto do usuário e à durabilidade, aparência e boa utilização das estruturas,
seja em relação aos usuários, seja em relação às máquinas e aos equipamentos suportados pelas
estruturas. a segurança das estruturas de concreto armado pode exigir a verificação dos
seguintes estados-limite de serviço

 Estados-limites de formação e abertura de fissuras;

 Estado-limite de abertura das fissuras: estado em que as fissuras se apresentam com


aberturas iguais aos valores máximos especificados na norma;

 Estado-limite de deformação excessiva: estado em que as deformações atingem os


limites estabelecidos para a utilização da estrutura;
64

 Estado-limite de vibrações excessivas: estado em que as vibrações atingem os limites


estabelecidos para a utilização normal da construção.

Para verificação do estado-limite de deformação excessiva a NBR 6118 (ABNT, 2014),


em seu item 13.3, dispõe em sua tabela 11.3 com valores limites para deformações.

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), são classificadas de acordo com sua permanência
na estrutura e devem ser verificadas como estabelecido a seguir:

 Quase permanentes

Podem atuar durante grande parte do período de vida da estrutura, e sua


consideração pode ser necessária na verificação do estado-limite de
deformações excessivas;

 Frequentes

Repetem-se muitas vezes durante o período de vida da estrutura, e sua


consideração pode ser necessária na verificação dos estados-limites de
formação de fissuras, de abertura de fissuras e de vibrações excessivas. Podem
também ser consideradas para verificações de estados-limites de deformações
excessivas decorrentes de vento ou temperatura que podem comprometer as
vedações;

 Raras

Ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura, e sua


consideração pode ser necessária na verificação do estado-limite de formação
de fissuras.
65

5. DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO

Para ser possível a comparação da armadura mínima com os resultados de momentos


obtidos, foi realizado o cálculo do momento referente a armadura mínima. As áreas de aço em
cm²/m são referentes a uma seção retangular unitária de altura útil d. A rigor, a altura útil é
diferente para as duas direções da malha de aço da laje. Por questão de simplificação foi adotado
a mesma altura útil as duas direções (ARAÚJO, 2010b).

Figura 35: Seção transversal da laje para cálculo das armaduras

Fonte: Araújo, 2010b, p. 164

Assim, a altura útil média é dada por:

d=h−∅−c Eq. 21

Onde:

d é a altura útil;

h é a espessura da laje;

∅ é o diâmetro da barra;

c é o cobrimento nominal.

No dimensionamento de uma seção transversal de concreto armado são admitidas


algumas hipóteses básicas, como hipóteses das seções planas, aderência perfeita e desprezo da
resistência a tração do concreto (ARAÚJO, 2010a).

O modelo de cálculo empregado considera os domínios de deformação definidos pela


NBR 6118 (ABNT, 2014). As lajes foram dimensionadas para os domínios 2 e 3 de deformação.

Os cálculos foram realizados a partir do quadro mostrado na Figura 36 utilizando a


formulação de dimensionamento com o fator Kc e Ks:
66

Onde:

b*d cm2
Kc = ( ) Eq. 22
Md kN
ks*Md
As = (cm2 /𝑚) Eq. 23
d
Figura 36: Tabela para dimensionamento de área de aço
67

5.1. DETALHAMENTO

O detalhamento das armaduras é uma etapa fundamental para o projeto estrutural. Além
de um cálculo preciso das solicitações e das dimensões dos elementos estruturais devem ser
tomadas algumas medidas que facilitem a execução e a compreensão do projeto, possibilitando
uma maior uniformidade na concretagem da estrutura e uma adequada proteção das armaduras
contra a corrosão. (ARAÚJO, 2010b)

A durabilidade das estruturas de concreto armado é altamente dependente das


características do concreto e da espessura e qualidade do cobrimento da armadura, é ela que
garante à armadura a proteção física e química que a protege de agressões do meio ambiente
que induziriam à corrosão do material e comprometeria a capacidade de suporte de carga de
toda a estrutura.

Como já mencionado anteriormente, no presente trabalho será adorado classe de


agressividade II. De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014) o cobrimento nominal de lajes
para classe de agressividade II deve ser de 25mm.

Assim, a partir da Eq. 21 e assumindo ∅ = 0,5cm:

d = h − 3 (cm)

O detalhamento neste trabalho buscou atender as considerações e disposições


construtivas da NBR 6118 (ABNT, 2014) e demais literaturas.

O arranjo das armaduras deve além de atender a sua função atender também às
condições que viabilizem sua execução, como, ter o espaçamento adequado para introdução do
vibrador e que impeçam a segregação do agregado graúdo. As armaduras devem ser dispostas
de forma a que se possa garantir o seu posicionamento durante a concretagem.

A ABNT NBR 6118:2014 em seu item 20.1 define algumas prescrições sobre o
detalhamento das lajes, como:

 Qualquer barra da armadura de flexão deve ter diâmetro no máximo igual a h/8;

 Na região de momentos máximos, o espaçamento das armaduras não deve exceder 2h


ou 20 cm;

 Nos apoios de lajes apoiadas que não apresentem continuidade, deve-se dispor de
armadura de borda que atenda aos valores mínimos dados na tabela 19.1 da NBR
68

6118:2014 (Figura 37). Essa armadura deve se estender até pelo menos 0,25 do vão
menor da laje a partir da face do apoio.

 Nas lajes maciças armadas em uma ou em duas direções, em lajes que seja dispensada
armadura transversal, e quando não houver avaliação explícita dos acréscimos das
armaduras decorrentes da presença dos momentos volventes, toda a armadura positiva
deve ser levada até os apoios, não se permitindo escalonamento desta armadura. A
armadura deve ser prolongada no mínimo 4 cm além do eixo teórico do apoio.

 A armadura secundária de flexão deve ser igual ou superior a 20 % da armadura


principal;

 Para melhorar o desempenho e a ductilidade à flexão, assim como controlar a


fissuração, são necessários valores mínimos de armadura, definidos pela NBR
6118:2018, na tabela 19.1. Essa armadura deve ser constituída preferencialmente por
barras com alta aderência ou por telas soldadas.

 Nos apoios de lajes que não apresentem continuidade e que tenham ligação com os
elementos de apoio, deve-se dispor de armadura negativa de borda, conforme tabela
19.1 da NBR 6118:2014. Essa armadura deve se estender até pelo menos 0,15 do vão
menor da laje a partir da face do apoio.

Segundo Araújo, 2010b a armadura negativa de borda em lajes que não apresentem
continuidade deve ser maior ou igual ao maior valor entre 25% da armadura positiva, na direção
perpendicular à borda e 67% da armadura mínima dada pela NBR 6118 (ABNT, 2014).
69

Figura 37: Valores mínimos para armaduras passivas aderentes

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 158)

Figura 38: Detalhamento de armadura negativa

Fonte: Araújo, 2010b, p. 176


70

Ainda segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), em bordos livres e faces das lajes maciças
junto as aberturas devem ser protegidas por armaduras longitudinais e transversais. Os detalhes
típicos sugeridos para armadura complementar pela NBR 6118:2014 são mostrados na Figura
39, as quais devem considerar a dimensão e o posicionamento das aberturas, o carregamento
aplicado nas lajes e a quantidade de barras que está sendo interrompida pelas aberturas.

Figura 39: Detalhamento de bordos livres e aberturas

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 170)


71

6. RESULTADOS

A partir da planta arquitetônica foi feito o lançamento da estrutura levando em


consideração a compatibilidade com o projeto arquitetônico e vagas de garagem, as seções dos
elementos estruturais vigas e pilares foram dimensionadas e lançadas no software AltoQi-
Eberick v8 Gold para verificar se atendem aos requisitos de norma. Assim, foi gerado a planta
de forma exposta na Figura 40.

Figura 40: Planta de Forma

Fonte: Elaborado pelo Autor

Para que a análise dos momentos possa ser comparada, foram usados os valores de carga
característica, calculado pelo Eberick, esses valores estão representados na Tabela 4.
72

Tabela 4: Dados das Lajes - AltoQi Eberick v8 Gold

Seção (cm) Cargas (kgf/m²)


Peso
Laje Tipo h Acidental Revestimento Paredes Total
Próprio
L1 Maciça 13 325 150 100 113,0 688,0
L2 Maciça 13 325 150 100 76,8 651,8
L3 Maciça 13 325 150 100 76,8 651,8
L4 Maciça 13 325 150 100 113,0 688,0
L5 Maciça 13 325 150 100 106,1 681,1
L6 Maciça 13 325 150 100 106,1 681,1
L7 Maciça 15 375 150 100 19,4 644,4
L8 Maciça 11 275 150 100 74,9 599,9
L9 Maciça 15 375 150 100 141,6 766,6
L10 Maciça 15 375 150 100 141,6 766,6
L11 Maciça 11 275 150 100 74,9 599,9
L12 Maciça 13 325 150 100 103,8 681,5
L13 Maciça 13 325 150 100 76,8 651,8
L14 Maciça 11 275 150 100 0,0 525,0
L15 Maciça 13 325 150 100 76,8 651,8
L16 Maciça 13 325 150 100 103,8 681,1
L17 Maciça 13 325 150 100 113,0 688,0
L18 Maciça 13 325 150 100 113,0 688,0
L19 Maciça 11 275 150 100 0,0 525,0
Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold

6.1. LAJES

6.1.1. Laje L1 = L4 = L17 = L18

Figura 41: Laje L1

Relação de forma:

lx = 463 cm ly = 531 cm
73

λ = 1,15

6.1.2. Laje L2 = L3 = L13 = L15

Por conta da continuidade com a laje L19 ser menor que 2⁄3 do vão da laje L13, esta
foi considerada apena apoiada nesta borda, conforme 2.4.3.

Figura 42: Laje L2

Relação de forma:

lx = 531 cm ly = 797 cm

λ = 1,50

6.1.3. Laje L5 = L6 = L12 = L16

Figura 43: Laje L5

Relação de forma:
74

lx = 334 cm ly = 531 cm

λ = 1,60

6.1.4. Laje L7

Por conta da continuidade com a laje L14 ser menor que 2⁄3 da borda inferior da laje
L7, esta foi considerada apenas apoiada nesta borda, conforme 2.4.3.

A laje L7 possui dois shafts que ocupam mais da metade de dois de suas bordas (Figura
44), por conta disso, nos métodos de Czerny e Kalmanok estes bordas foram considerados como
bordas livres e, os seus momentos máximos foram calculados como lajes armadas em uma
direção, com o vão de 660 cm.

Para ser possível o cálculo do momento Mxy nesta laje, no método de Kalmanok apenas
para o cálculo no coeficiente mxy esta laje foi considerada como apoiada em todas as bordas.

Figura 44: Laje L7

Relação de forma:

lx = 526 cm ly = 660 cm

λ = 1,25
75

6.1.5. Laje L8 = L11

Figura 45: Laje L8

Relação de forma:

lx = 57,5 cm ly = 612 cm

λ ≥ 2,00 (laje armada em uma direção)

6.1.6. Laje L9 = L10

Estas lajes não foram consideradas engastadas nas lajes L8 e L11, pois estas possuem
pequeno comprimento e menor espessuras que as lajes L9 e L10, por tanto, não possuem rigidez
suficiente para impedir a rotação destas lajes.

Figura 46: Laje L9


76

Relação de forma:

lx = 531 cm ly = 612 cm

λ = 1,15

6.1.7. Laje L14

Figura 47: Laje L14

Relação de forma:

lx = 256 cm ly = 823 cm

λ ≥ 2,00 (laje armada em uma direção)

6.1.8. Laje L19

Figura 48: Laje L19

Relação de forma:

lx = 268 cm ly = 270 cm
77

λ = 1,00

6.2. LAJES ARMADAS EM UMA DIREÇÃO

Para os métodos de Czerny e Kalmanok as lajes as lajes L8, L11 e L14 serão calculadas
como vigas justapostas, pois, apresentam relação entre vãos maior que dois. Essas lajes serão
armadas em uma direção, contando com armadura de distribuição na direção perpendicular.

As lajes L8 e L11 têm o carregamento igual a 599,9 kgf/m², aplicando a combinação


mostrada em 4.3.1, a carga será qd = 840,0 kgf/m², assumindo vigas de 1m de largura o
carregamento nas mesmas será de 844,0 kgf/m, com vão de 57,5 cm, assim o momento máximo
será:

𝑞𝑑 ∗ 𝑙 2
𝑀=
2

840,0 ∗ 0,5752
𝑀=
2

𝑀 = 138,86 kgf. m

Figura 49: Modelo de viga das lajes L8 e L11

Fonte: Elaborado pelo Autor

A laje L14 tem o carregamento de 525,0 kgf/m², com a majoração da carga, 735,0
kgf/m². Assumindo vigas de 1m de largura, o carregamento nas mesmas será de 735,0 kgf/m,
com vão de 256 cm, assim o momento máximo será:

𝑞𝑑 ∗ 𝑙 2
𝑀=
8

735 ∗ 2,562
𝑀=
8

𝑀 = 602,11 kgf. m
78

Figura 50: Modelo de viga da laje L14

Fonte: Elaborado pelo Autor

A laje L7, como já descrito em 6.1.4 será calculada como viga justa postas com vão de
660cm, por conta de suas duas bordas serem ocupados em grande parte por um shaft que impede
este apoio.

𝑞𝑑 ∗ 𝑙 2
𝑀=
8

902,2 ∗ 6,602
𝑀=
8

𝑀 = 4912,48 kgf. m

Figura 51: Modelo de viga da laje L7

Fonte: Elaborado pelo Autor

6.3. MÉTODO DE KALMANOK

A partir das Tabelas do Anexo A foram encontrados os momentos fletores máximos


positivos, máximos negativos e momentos volventes nas lajes.
79

Tabela 5: Momentos fletores máximos segundo o método de Kalmanok (kgf.m/m)

Laje Caso Mx My Mxe Mye Mxy


L1 4 901,11 578,14 1.408,55 2.155,10 635,96
L2 4 1.537,85 630,37 2.155,10 2.151,94 885,09
L3 4 1.537,85 630,37 2.155,10 2.151,94 885,09
L4 4 901,11 578,14 1.408,55 2.155,10 635,96
L5 4 524,38 260,59 1.408,55 2.155,10 365,90
L6 4 524,38 260,59 1.408,55 2.155,10 365,90
L7 1 - 4.912,48 - - 1.113,24
L8 - - - 138,86 - -
L9 3 562,86 1.249,42 - 2.151,94 -
L10 3 562,86 1.249,42 - 2.151,94 -
L11 - - - 138,86 - -
L12 4 524,38 260,59 1.408,55 2.155,10 366,14
L13 4 1.537,85 630,37 2.155,10 2.151,94 885,09
L14 - 602,11 - - - -
L15 4 1.537,85 630,37 2.155,10 2.151,94 885,09
L16 4 524,38 260,59 1.408,55 2.155,10 371,24
L17 4 901,11 578,14 1.408,55 2.155,10 635,96
L18 4 901,11 578,14 1.408,55 2.155,10 635,96
L19 3 113,50 167,35 - 368,48 -
Fonte: Elaborado pelo Autor

Com os momentos encontrados para lajes calculadas isoladamente, deve-se uniformizar


os momentos em regiões de continuidade, conforme descrito em 2.10. Os momentos
uniformizados estão exibidos na Figura 52.
80

Figura 52: Momentos Uniformizados (kgf.m/m) – Kalmanok

6.4. MÉTODO DAS GRELHAS – ALTOQI EBERICK V8 GOLD

A estrutura do pavimento definido anteriormente foi lançada no software AltoQi Eberick


V8 Gold, do qual foi gerado um pórtico 3D apresentado na Figura 53.
81

Figura 53: Pórtico 3D

Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold

O Eberick possui diversas configurações que permitem ao usuário personalizar o


processo de dimensionamento dos elementos estruturais de concreto armado. O
dimensionamento é realizado pelo programa de acordo com as instruções normativas, porém
existem diversos parâmetros variáveis de projeto durante este processo de dimensionamento,
sendo responsabilidade do projetista definir os valores adotados para tais configurações. Para
auxiliar na determinação destes valores, esta série de artigos destaca e explica as principais
configurações de dimensionamento existentes no Eberick. (FRANCESCHI, 2018). As
configurações utilizadas para o dimensionamento e análise estão expostas nas Figura 54, Figura
55 e Figura 56.
82

Figura 54: Configuração de análise do painel de lajes

Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold


83

Figura 55: Configuração de análise do painel de lajes

Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold


84

Figura 56: Configuração de análise do painel de lajes

Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold

Todas as características dos elementos e das cargas foram consideradas as mesmas para
os demais métodos.

Para que a análise dos momentos possa ser comparada, foram alteradas algumas
configurações do software AltoQi Eberick v8. Os coeficientes de ponderação. Foi também
desconsiderada a ação do vento na estrutura criada.

Após o cálculo o software gerou um modelo da grelha utilizada para o cálculo dos
momentos (Figura 57). Como configuração padrão, o espaçamento das faixas da grelha ficou
em 50 cm, com o número mínimo de faixas em uma direção como 4 faixas.

Em todas as lajes foi considerado a flexibilidade dos apoios o que permite à análise um
resultado mais próximo do real, como discutido em 2.8.
85

Figura 57: Grelha do painel de lajes

Fonte: AltoQi Eberick v8 Gold

Após o processamento da estrutura foram obtidos os valores de momentos máximos nos


vãos, nas regiões de continuidade e nas bordas sem continuidade.

Tabela 6: Momentos fletores máximos calculados pelo AltoQi Eberick v8 Gold

Mx My Mxe Mye
Laje
(kgf.m/m) (kgf.m/m) (kgf.m/m) (kgf.m/m)
L1 1.150,65 809,20 1.799,90 1.041,90
L2 730,40 1.826,48 1.700,80 5.068,10
L3 730,40 1.826,69 1.698,90 5.068,40
L4 1.150,65 809,20 1.800,00 1.041,80
L5 675,05 450,70 1.594,90 973,80
L6 675,03 450,70 1.594,90 973,80
L7 1.962,70 1.139,43 2.673,50 3.466,40
L8 426,10 10,36 592,60 176,40
L9 1.524,50 1.193,58 3.731,60 3.646,70
L10 1.521,00 1.206,15 3.352,60 3.638,70
L11 434,30 10,46 513,00 182,40
L12 641,19 444,00 1.594,90 1.062,80
L13 549,30 1.699,34 2.630,40 4.765,40
L14 143,30 255,77 1.299,10 1.105,30
L15 577,90 1.511,68 2.353,60 4.155,10
L16 650,54 447,50 1.594,90 1.061,70
L17 1.123,03 824,90 1.697,80 1.123,30
L18 1.126,52 826,20 1.631,80 1.121,20
L19 142,37 71,90 1.074,20 189,80
Fonte: Elaborado pelo Autor
86

6.5. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS – SAP2000

Para cálculo pelo método dos elementos finitos foi utilizado o software SAP2000. Na
modelagem foram utilizadas as mesmas dimensões e características dos elementos utilizadas
nos outros métodos. Assim como as cargas e matérias foram mantidos. Inicialmente foram
configurados os materiais que foram utilizados, o concreto e o aço, definindo também seu
comportamento não linear, segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014) em seu item 8.2.10, Figura 58
e Figura 59.

Figura 58: Definição do material Concreto

Fonte: SAP2000
87

Figura 59: Definição do material Aço

Fonte: SAP2000

Após os materiais foram definidas as seções dos elementos de barras, para isso utiliza-
se o comando “Frame Sections” da aba “Define” do SAP2000.

Foi elaborado o modelo do pavimento tipo, onde em sua modelagem as vigas e os pilares
foi utilizado uma modelagem com elementos reticulados em barras FRAME, e os pilares estão
em suas extremidades fixados por apoios de segundo gênero, este modelo é uma aproximação
permitida pela NBR 6118 (ABNT, 2014) para análise não linear em apoios extremos de vigas ,
Figura 60.
88

Figura 60: Modelo de pórtico para análise não linear em apoios extremos de vigas

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 94)

Considerou-se o trecho rígido na ligação dos elementos de vigas com os pilares. Assim,
o trecho elástico das vigas não é definido de eixo a eixo dos pilares, pois há a consideração do
trecho rígido na ligação dos elementos como discutido em 2.12.1.3. No SAP2000 o comando
“End Offset” é matematicamente equivalente à criação dos trechos rígidos. Neste trabalho será
seguido a recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014) para consideração do nó de pórtico.

Figura 61: Nó de pórtico

Fonte: SAP2000

Como discutido em 2.12.1.2, o eixo das vigas não é considerado no plano médio da laje,
para isso é realizado a conexão OFFSET. No SAP2000 o comando “Insertion Point” é
matematicamente equivalente à criação das conexões OFFSET
89

Da mesma forma que é necessário a definição das propriedades das barras, é necessário
fazer a definição dos elementos SHELL. O elemento SHELL é utilizado para a modelagem de
elementos laminares, como placas, cascas e lajes. Foi usado o elemento SHELL para a
modelagem das lajes.

Para definir as propriedades das lajes utiliza-se o comando “Area Sections”, onde foram
criadas as seções com espessura de 11cm, 13 cm e 15 cm.

Figura 62: Definição das propriedades da seção das lajes

Fonte: SAP2000

Na modelagem das lajes foi utilizado o elemento de casca fina shell thin. Segundo Melo
(2016), este modelo é o mais adequado para a modelagem de lajes usuais de concreto armado.

Para adicionar restrições de aresta dos elementos SHELL em regiões onde duas malhas
incompatíveis se encontram ao longo de uma borda, foi utilizado o comando “Generate Edge
Constraints”. Este recurso de restrição permite que o usuário especifique que os elementos
enquadrados na borda de um elemento do SHELL sejam conectados com isso o SAP2000 cuida
internamente da conexão entre os elementos, restringindo os pontos situados ao longo de uma
borda do elemento SHELL para se mover com essa borda do elemento.

As cargas consideradas foram as mesmas utilizadas nos outros métodos, sendo elas, o
peso próprio, que é calculada automaticamente pelo programa a partir do peso especifico do
material, a sobrecarga de 150 kgf/m², a carga do revestimento de 100 kgf/m² e a carga das
90

paredes que foram lançadas a partir da planta arquitetônica. Para a carga da parede foi feita a
mesma consideração que no Eberick, considerou-se parede com 15 cm de espessura e altura de
265 cm, para o peso específico da parede adotou-se 1300 kgf/m³.

A discretização da estrutura no SAP2000 é crucial para a análise, pois, quanto mais


refinada a malha de elementos finitos, mais precisos são os resultados da análise do modelo.
Porém, maior será o custo computacional e mais tempo levará para o programa realizar a
análise. Para encontrar a malha mais adequada para as lajes do modelo, realizou-se um estudo
de convergência para assim definir o nível adequado de refinamento da malha de elementos
finitos. O parâmetro para a seleção da malha foi: a diferença entre as deformações máximas em
comparação com a malha mais refinada (elementos de 10 cm). Inicialmente, foram adotadas
malhas menos refinadas, com elementos quadrilaterais, com dimensão máxima de 100 cm,
gradativamente, as malhas foram sendo mais refinadas até dimensão máxima de 10 cm de lado.
Para o estudo de convergência os deslocamentos máximos nas lajes foram observados para
efeito de comparação. Na Tabela 7 é possível ver os resultados das deformações máximas nas
lajes estudadas para cada malha.

Para o estudo de convergência foram estudadas as lajes L1, L3, L7, L9 e L16.

Tabela 7: Deslocamentos máximos nas lajes para diferentes níveis de discretização (mm)

Malha
L1 L3 L7 L9 L16
(cm)
100 0,6331 0,8774 0,9958 0,9001 0,3838
80 0,6479 0,8804 0,9969 0,9008 0,4010
60 0,6408 0,8681 1,0005 0,8874 0,3896
40 0,6381 0,8693 0,9970 0,8860 0,3842
30 0,6444 0,8760 1,0032 0,8782 0,3856
20 0,6559 0,9061 1,0119 0,8820 0,3859
10 0,6709 0,9017 1,0155 0,8797 0,3801
Fonte: Elaborado pelo Autor

Com os resultados obtidos para a malha mais refinada com elementos de 10 cm pode
ser feita uma comparação dos deslocamentos para todos os modelos das lajes, como mostrado
nas Tabelas 8 e Tabela 9, onde observa-se que a malha com elementos menores ou iguais que
30 cm tem em todos os casos uma diferença menor que 5% em relação à malha mais refinada.
91

Tabela 8: Tabela comparativa dos deslocamentos

Deslocamento (mm)
Malha
(cm) % % %
L1 L3 L7
Diferença Diferença Diferença
100 0,6331 5,97% 0,8774 2,77% 0,9958 1,98%
80 0,6479 3,55% 0,8804 2,42% 0,9969 1,87%
60 0,6408 4,70% 0,8681 3,87% 1,0005 1,50%
40 0,6381 5,14% 0,8693 3,73% 0,9970 1,86%
30 0,6444 4,11% 0,8760 2,93% 1,0032 1,23%
20 0,6559 2,29% 0,9061 0,49% 1,0119 0,36%
10 0,6709 0,00% 0,9017 0,00% 1,0155 0,00%
Fonte: Elaborado pelo Autor

Tabela 9: Tabela comparativa dos deslocamentos

Deslocamento (mm)
Malha
(cm) Diferença Diferença
L9 L16
% %
100 0,9001 2,27% 0,3838 0,96%
80 0,9008 2,34% 0,4010 5,21%
60 0,8874 0,87% 0,3896 2,44%
40 0,8860 0,71% 0,3842 1,07%
30 0,8782 0,17% 0,3856 1,43%
20 0,8820 0,26% 0,3859 1,50%
10 0,8797 0,00% 0,3801 0,00%
Fonte: Elaborado pelo Autor

Para um resultado mais preciso optou-se por utilizar a malha mais refinada, com
elementos de dimensão máxima de 10 cm.

As Figuras 63 e 64 ilustram a malha de elementos finitos de casca modelada com o


auxílio do SAP2000, representando as lajes do pavimento tipo do edifício.
92

Figura 63: Modelo em elementos finitos modelado no SAP200 (planta)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Figura 64: Modelo em elementos finitos modelado no SAP200 (vista 3D)

Fonte: Elaborado pelo Autor


93

A partir do modelo criado no SAP2000 foram obtidos os resultados de momentos


fletores máximos e nas bordas sem continuidade nas direções ortogonais (M11 e M22) e o
momento principal nos cantos sem continuidade (Mn1) e seu ângulo em relação à borda (Tabela
10). O momento principal no canto foi admitido como o valor máximo na região de canto até
0,2.lx, o que é uma recomendação de alguns autores ( ARAÚJO, 2010b, IBRACON, 2007 e
PINHEIRO, MUZARDO e SANTOS, 2003) de até onde estes esforços são relevantes.

Tabela 10: Resultados SAP2000

M11 M22 Mn1


Laje
(kgf.m/m) (kgf.m/m) (kgf.m/m) θ (°)
L1 1069 957 1150 55,2
L2 1605 884 1223 53,7
L3 1605 884 1224 53,8
L4 1058 1016 1389 33,0
L5 622 638 757 57,6
L6 609 653 833 34,5
L7 1429 2209 - -
L8 - 1343 - -
L9 1378 1485 - -
L10 1378 1487 - -
L11 - 1339 - -
L12 626 650 763 57,4
L13 1448 713 - -
L14 287 109 - -
L15 1436 718 - -
L16 612 654 835 34,6
L17 1078 963 1661 55,4
L18 1066 1023 1398 33,1
L19 206 158 - -
Fonte: Elaborado pelo Autor

Pode-se perceber na Figura 65 que o comportamento dos momentos máximos na


modelagem realizada no SAP2000 segue o comportamento descrito por (LEONHARDT e
MÖNNIG, 1978), onde os momentos principais se distribuem no centro dos vãos paralelamente
em relação às bordas, e nas regiões dos cantos, com ângulo de aproximadamente 45º.
94

Figura 65: Momentos máximos (SAP200)

Fonte: CSI SAP2000

6.6. MOMENTO VOLVENTE RESISTIDO PELO CONCRETO

Para cálculo do momento volvente resistido pelo concreto será aplicado o método
utilizado por (PARSEKIAN, 1996), mencionada no item 2.7.1 deste trabalho.

Inicialmente, com as Eq. 8 e Eq. 9 foi calculado a tensão cortante admissível do concreto
para todas as lajes, admitindo-se o valor mais conservador.

Tabela 11: Tensão cortante admissível das lajes

h tw1
Laje
(cm) (Mpa)
L1 13,0 1,0
L2 13,0 1,0
L3 13,0 1,0
L4 13,0 1,0
L5 13,0 1,0
L6 13,0 1,0
L12 13,0 1,0
L16 13,0 1,0
L17 13,0 1,0
L18 13,0 1,0
Fonte: Elaborado pelo Autor
95

Como em todas as lajes o valor de τwu1 foi maior que 1 MPa, adotou-se para todas as
lajes τwu1 = 1,0 MPa

Em seguida, com a Eq. 7 foi calculado o momento volvente que o concreto é capaz de
suportar. O valor de Vd foi retirado da modelagem gerada pelo SAP2000 (Tabela 12).

ℎ2 .τwu1 𝑉𝑑 2
Mxyc = . √1 − ( )
4,2 𝑑.𝜏𝑤𝑢1

Tabela 12: Momentos volventes resistidos pelo concreto

Mxyc
Laje Vd(kgf)
(kgf.m/m)
L1 2458 390,04
L2 2003,2 394,22
L3 2048,5 393,85
L4 5117 345,71
L5 2283,7 391,75
L6 3233,9 380,76
L12 2253,6 392,03
L16 3235,8 380,73
L17 2591,4 388,64
L18 5137,7 345,21
Fonte: Elaborado pelo Autor
96

7. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com base nos resultados encontrados, observou-se que houve uma semelhança no
comportamento das lajes, com esforços em mesma ordem de grandeza, como mostram os
gráficos comparativos dos momentos fletores positivos entre os resultados do SAP2000, do
Eberick e do método de Kalmanok. Estes resultados mostram que as análises realizadas estão
coerentes e apresentam certa repetibilidade.

Gráfico 1: Comparativo entre momentos fletores positivos máximos na direção X

Mx
2000
Eberick
1800
Momento fletor (kgf.m/m)

1600 SAP
1400
Kalmanok
1200
1000
800
600
400
200
0
L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 L12 L13 L14 L15 L16 L17 L18 L19

Fonte: Elaborado pelo Autor

Gráfico 2: Comparativo entre momentos fletores positivos máximos na direção Y

My
6000

5000 Eberick
Momento fletor (kgf.m/m)

SAP2000
4000 Kalmanok

3000

2000

1000

0
L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 L12 L13 L14 L15 L16 L17 L18 L19

Fonte: Elaborado pelo Autor


97

Nota-se que os valores obtidos pelo método de Kalmanok destoam-se em alguns casos
dos demais. Esta diferença se dá em consequência a este método analisar as lajes isoladamente
e sem considerar a flexibilização dos apoios. A maior discrepância se dá na laje L7, por conta
da análise desta ter sido feita como laje armada em uma direção, resultando num momento
muito acima dos demais em uma direção e sem um módulo significante na direção ortogonal.

Para comparar a armadura mínima recomendada pela NBR 6118 (ABNT, 2014) com os
resultados encontrados, realizou-se um cálculo de um momento mínimo referente à esta
armadura nas bordas sem continuidade, o qual será chamado de Md,min, definida como:

𝜌𝑠 ≥ 0,67𝜌𝑚𝑖𝑛

Sendo, 𝜌𝑚𝑖𝑛 para concreto C30 igual a 0,15%, assim:

𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑠 . ℎ (𝑐𝑚²⁄𝑚)

𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,67.0,15. ℎ

𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,1005. ℎ

E,

𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 . 𝑑
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 =
𝑘𝑠

𝑏. 𝑑²
𝑘𝑐 =
𝑀𝑑

Adotando, inicialmente, ks=0,024, para as lajes com espessura de 13 cm, temos:

0,1005.13.10
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = = 544,38 𝑘𝑔𝑓. 𝑚
0,024

100.10²
𝑘𝑐 = = 18,4
544,38

Para valores de kc maior que 17,4, ks é igual é 0,023.

0,1005.13.10
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = = 568,04 𝑘𝑔𝑓. 𝑚
0,023

100.10²
𝑘𝑐 = = 17,6
568,04

Para as lajes com espessura de 15 cm, admitindo ks = 0,023:


98

0,1005.15.12
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = = 786,52 𝑘𝑔𝑓. 𝑚
0,023

100.12²
𝑘𝑐 = = 18,3
786,52

Com isso, temos que o momento referente à armadura negativa mínima de bordas sem
continuidade são 568,04 kgf.m e 786,52 kgf.m para as lajes com espessura de 13 cm e 15 cm,
respectivamente.

Tabela 13: Momentos máximos em bordas sem continuidade (kgf.m/m)

M11 M22
Laje Md,min
borda borda
L1 394,94 334,27 568,04
L2 363,79 389,08 568,04
L3 358,91 389,16 568,04
L4 209,19 433,83 568,04
L5 373,41 275,75 568,04
L6 174,13 336,5 568,04
L7 - 451,69 786,52
L12 376,17 279,08 568,04
L13 450,16 346,82 568,04
L14 898,88 175,33 568,04
L15 - 431,23 568,04
L16 174,39 330,06 568,04
L17 394,65 334,18 568,04
L18 311,41 475,96 568,04
L19 - 182,73 568,04
Fonte: Elaborado pelo Autor

Nota-se que a armadura mínima recomendada pela norma é suficiente em todos os casos
para resistir aos momentos encontrados pelos dois métodos, com exceção .da laje L14 que
apresenta em uma direção o momento de 898,88 kgf.m/m, necessitando assim de um
dimensionamento específico para esta região.

Para análise dos momentos principais nos cantos das lajes, serão analisadas as lajes L1,
L2, L3, L4, L5, L6, L12, L16, L17 e L18, pois só estas apresentam cantos apoiados sem
continuidade com outra laje. Os resultados obtidos pelos métodos de Kalmanok e elementos
finitos apresentam um comportamento semelhante, como pode-se observar na linha de
tendência polinomial no Gráfico 3. Quanto aos módulos, foi observado que o método dos
elementos finitos se mostrou mais conservador, apresentando resultados, em média 50%
maiores quando comparado com os resultados do método de Kalmanok.
99

Gráfico 3: Comparativo entre momentos principais nos cantos das lajes

Momento nos cantos


1800

1600 SAP2000

1400

1200 Kalmanok
Mxy (kgf.m/m)

1000

800 Poly.
(SAP2000)
600

400 Poly.
(Kalmanok)
200

0
L1 L2 L3 L4 L5 L6 L12 L16 L17 L18

Fonte: Elaborado pelo Autor

O momento volvente resistente do concreto calculado pelo método descrito no capítulo


2.7.1, quando comparados com os resultados de Mxy obtidos, demonstrou ser insuficiente para
resistir aos esforços calculados pelo método dos elementos finitos, porém, quando comparados
com os resultados do método de Kalmanok, as lajes L5, L6, L12 e L16, as quais são
semelhantes, apresentaram Mxy menor que o momento resistente do concreto, assim, para estas
lajes, não seria necessário armadura adicional no canto, pois o concreto seria suficiente para
suportar tais esforços.

Semelhante ao que foi feito para as bordas sem continuidade, realizou-se o cálculo de
um momento mínimo referente à armadura mínima de canto recomendada pela NBR 6118
(ABNT, 2014). Como descrito no item 2.7 a taxa mínima para a região de canto é ρs ≥ 0,67.ρmin
em cada direção, mesma taxa de armadura das bordas sem continuidade calculado
anteriormente, assim, o momento mínimo referente a armadura mínima também será 544,38
kgf.m/m em cada direção para as lajes de 13 cm de espessura.

Para comparar este valor com os resultados, os momentos principais nos cantos foram
decompostos para as direções X e Y, encontrando assim, os momentos Mx* e My* (Eq. 4 e Eq.
5).
100

Tabela 14: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o MEF com recomendação da NBR
6118 (ABNT, 2014)

Laje Mxy θ (°) Mx* My* Md,min


L1 1150 55,2 656 944 568,04
L2 1223 53,7 986 724 568,04
L3 1224 53,8 988 723 568,04
L4 1389 33,0 1165 757 568,04
L5 757 57,6 406 639 568,04
L6 833 34,5 686 472 568,04
L12 763 57,4 411 643 568,04
L16 835 34,6 687 474 568,04
L17 1661 55,4 943 1367 568,04
L18 1398 33,1 1171 763 568,04
Fonte: Elaborado pelo Autor

De acordo com os resultados expostos na Tabela 14 a armadura mínima recomendada


pela NBR 6118 (ABNT, 2014) não é suficiente para suportar os esforços calculados pelo
método dos elementos finitos com o SAP2000. Porém caso seja subtraído o valor do momento
resiste do concreto do momento principal e decompondo nas direções X e Y, temos:

Tabela 15: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o MEF considerando resistência do
concreto com recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014)

Laje Mxy' θ (°) Mx* My* Md,min


L1 760 55,2 434 624 568,04
L2 829 53,7 668 491 568,04
L3 830 53,8 670 490 568,04
L4 1043 33,0 875 568 568,04
L5 365 57,6 196 308 568,04
L6 452 34,5 373 256 568,04
L12 371 57,4 200 313 568,04
L16 454 34,6 374 258 568,04
L17 1272 55,4 723 1047 568,04
L18 1053 33,1 882 575 568,04
Fonte: Elaborado pelo Autor

Considerando a resistência do concreto ao momento volvente foram reduzidos os


módulos dos momentos, sendo que nas lajes L5, L6, L12 e L16 a armadura mínima já se mostra
suficiente pra resistir aos esforços. Porém, nas demais lajes ainda é necessário maiores taxas de
armaduras.

Visto que com o método de Kalmanok não é possível determinar o ângulo em que esse
momento se encontra, admitiu-se o ângulo de 45° para todos os casos, já que segundo alguns
101

autores (LEONHARDT e MÖNNIG, 1978) e (ARAÚJO, 2010b) estes momentos principais se


desenvolvem na região dos cantos com uma angulação de aproximadamente 45º em relação às
bordas da laje.

Tabela 16: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o método de Kalmanok com
recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014)

Laje Mxy θ (°) Mx* My* Md,min


L1 611 45,0 432 432 568,04
L2 867 45,0 613 613 568,04
L3 867 45,0 613 613 568,04
L4 611 45,0 432 432 568,04
L5 366 45,0 259 259 568,04
L6 366 45,0 259 259 568,04
L12 366 45,0 259 259 568,04
L16 366 45,0 259 259 568,04
L17 611 45,0 432 432 568,04
L18 611 45,0 432 432 568,04
Fonte: Elaborado pelo Autor

Na Tabela 16, percebe-se que, diferente da comparação com o SAP200 o método de


Kalmanok apontou que a armadura mínima é suficiente para suportar os esforços solicitantes
na maioria das lajes, com exceção das lajes L2 e L3, que apresentam momentos nas direções X
e Y maior que o Md,min. Porém caso seja considerado a resistência do concreto ao momento
volvente, percebe-se que para todas as lajes a taxa de aço mínima da norma é suficiente,
ressalta-se ainda que para as lajes L5, L6, L12 e L16 o concreto resistiria aos esforços
calculados.

Tabela 17: Comparativo entre momentos volventes nos cantos obtidos com o método de Kalmanok com
recomendação da NBR 6118 (ABNT, 2014), considerando resistência do concreto.

Laje Mxy θ (°) Mx* My* Md,min


L1 221 45 156 156 568,04
L2 473 45 334 334 568,04
L3 473 45 335 335 568,04
L4 265 45 188 188 568,04
L5 -26 45 -18 -18 568,04
L6 -15 45 -10 -10 568,04
L12 -26 45 -18 -18 568,04
L16 -15 45 -10 -10 568,04
L17 222 45 157 157 568,04
L18 266 45 188 188 568,04
Fonte: Elaborado pelo Autor
102

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi comparar as recomendações normativas da NBR 6118


(ABNT, 2014) quanto a armação de bordas apoiados sem continuidade e cantos com bordas
apoiados de lajes maciças de concreto armado.

No presente trabalho, utilizou-se o método de elementos finitos e método de Kalmanok,


com intuito de confrontar as recomendações da norma quanto à armação nos cantos (MEF e
Kalmanok) e nas bordas sem continuidade (MEF), para efeito de comprovação de resultados e
estudo de convergência utilizou-se a analogia de grelhas.

Os momentos máximos positivos obtidos pelas tabelas de Kalmanok, quando


comparados com os obtidos pelo modelo de elementos finitos e analogia de grelhas, se
mostraram próximos, conservando a ordem de grandeza, com diferenças, de aproximadamente
30%. Possivelmente estas diferenças são influenciadas pelo fato de as tabelas utilizarem uma
metodologia mais simplificada, analisando as lajes isoladamente e considerando seus apoios
rígidos.

Observou-se uma grande diferença, superior a 120%, nos esforços da laje L7 que foram
calculadas como armadas em uma direção, quando comparados ao modelo de elementos finitos
e analogia de grelhas. Por se tratar de uma laje não retangular, com aberturas em suas laterais,
esta análise se mostrou muito singela, e demonstrando que para este caso deve-se usar uma
análise mais rebuscada.

Na modelagem no SAP2000 a distribuição dos momentos principais seguiram o que foi


descrito por (LEONHARDT e MÖNNIG, 1978), onde, no centro dos vãos os momentos
principais têm direção paralela em relação às bordas, e nas regiões dos cantos, com ângulo de
aproximadamente 45º.

Para ser possível a análise comparativa entre os momentos obtidos e a armadura mínima
para as bordas sem continuidade e cantos foram encontrados os momentos referentes à taxa de
armadura mínima. Foi constatado com os resultados que a armadura mínima seria suficiente
para suportar os esforços nas bordas, com exceção da laje L14, que precisaria ser dimensionada
especialmente para esta região. Para os cantos, segundo o método de Kalmanok, a armadura
mínima seria suficiente para suportar os esforços em todas as lajes, com exceção das lajes L2 e
L3. Porém, segundo o MEF, seria necessária uma maior taxa de armadura para todas os casos.
103

Buscando uma maior economia no projeto de lajes de concreto armado, procurou-se


considerar a resistência do concreto ao momento volvente, determinando um critério para
cálculo desta resistência. As tensões cisalhantes produzidas pelo momento volvente,
combinadas com as tensões cisalhantes devidas à força cortante, devem ser menores que as
tensões cisalhantes resistidas pelo concreto.

Caso seja considerado a resistência do concreto ao momento volvente na análise pelo


método dos elementos finitos, as lajes L5, L6, L12 e L16 suportariam os momentos principais
calculados nos cantos com apenas taxa de armadura mínima.

Apesar de o trabalho ter tratado de um caso específico de lajes de edifício, com formato
retangular e com análise linear-elástica, foi possível notar a importante influência da
consideração do momento volvente na análise do painel de lajes.

A continuação deste trabalho pode ser desenvolvida para outros casos de análises e
estudando diferentes tipos de lajes.
104

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108

ANEXO A

TABELAS PARA DE DIMENSIONAMENTO DE LAJES PELO MÉTODO DE

KALMANOK
109

Tabela B1 – CASO 1 - Laje retangular simplesmente apoiada no contorno com carga uniformemente distribuída
110

Tabela B2 - CASO 2 - Laje retangular simplesmente apoiada em três lados e engastado no quarto, com carga
uniformemente distribuída
111

Tabela B3 – CASO 3 - Laje retangular simplesmente apoiada em dois lados opostos e engastada nos demais,
com carga uniformemente distribuída
112

Tabela B4 – CASO 4 - Laje retangular apoiada em dois lados contíguos e engastada nos demais, com carga
uniformemente distribuída
113

Tabela B5 – CASO 5 - Laje retangular simplesmente apoiada em um lado e engastada nos demais, com carga
uniformemente distribuída
114

Tabela B6 – CASO 6 - Laje retangular engastada em todo o contorno, com carga uniformemente distribuída

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