Vous êtes sur la page 1sur 5

CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA

CARTA DE OSÓRIO
Das Políticas Públicas de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Rio
Grande do Sul

Reunidos na cidade de Osório, Rio Grande do Sul, Brasil, nos dias 30 de abril e 1º de maio
de 2019, com convocação do Conselho Estadual de Cultura (CEC-RS) e apoio do
Colegiado Setorial de Memória e Patrimônio, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do
Estado do Rio Grande do Sul (CAU-RS), do Conselho dos Dirigentes Municipais de
Cultura (CODIC–Famurs), do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (CAOMA)
do Ministério Público Estadual, do Núcleo Rio Grande do Sul do Icomos Brasil, do
Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul (SAERGS), da Federação Nacional de
Arquitetos e Urbanistas (FNA), da Associação de Conservadores e Restauradores de Bens
Culturais do Rio Grande do Sul (ACOR-RS), do Núcleo Osório e Região do Instituto dos
Arquitetos do Brasil (IAB-RS), do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul
(IHGRGS), do GT Acervos: História, Memória e Patrimônio da ANPUH-RS (Associação
Nacional de História, seção do Rio Grande do Sul), do Programa de Pós-Graduação em
Memória e Patrimônio da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), da Graduação em
Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Prefeitura
Municipal de Osório; agentes culturais, gestores públicos e profissionais do campo do
patrimônio de diversas áreas de atuação debateram pautas relativas às políticas públicas
para a preservação, gestão e participação comunitária nos processos patrimoniais, no
âmbito do estado do Rio Grande do Sul, e como conclusão redigiram essa Carta:

I – Da ampliação do campo do patrimônio cultural

Considerando

A recente dilatação do campo do patrimônio cultural, em que são incluídos novos processos,
linguagens arquitetônicas e artísticas, paisagens e manifestações culturais;

A necessidade de diminuir a distância entro o contexto legal e as práticas cotidianas, aumentando


as iniciativas de proteção e fortalecimento do sentido de coletividade;

Que as noções de território e paisagem aproximam o campo do patrimônio cultural do meio


ambiente, não só através do meio físico mas também das práticas culturais que relacionam o ser
humano com a natureza;

A necessidade de diálogo entre a área dos direitos humanos e do patrimônio cultural;

Que o patrimônio às avessas – a memória que nos envergonha, precisa ser lembrado de forma a
evitar que se repitam situações de invisibilidade, injustiça, discriminação e barbárie.

Propõe-se
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA
Através dos órgãos estaduais, garantir que os processos de inventário, registro e
tombamento do patrimônio (seja ele arquitetônico, de sítios de valor histórico, de
referências culturais, de paisagens ou acervos documentais) contemplem uma metodologia
adequada a estes novos critérios e ao conceito ampliado de patrimônio já previsto na
Constituição Federal;

Constituir na esfera estadual uma maior interlocução de entidades, agentes e órgãos do


patrimônio com o campo do meio ambiente, de forma a viabilizar a discussão e aplicação
conjunta de políticas de preservação ambiental e do patrimônio cultural e paisagístico;

Compor, com pesquisadores e associações voltadas ao tema, uma rede de cooperação de


informações e de ações de educação patrimonial e de educação em direitos humanos;

Dar continuidade aos debates realizados no âmbito deste evento, discutindo as políticas de
preservação e valorização do patrimônio cultural; garantindo a realização em 2020 o II
Fórum Estadual de Patrimônio Cultural.

II - Das políticas públicas de Participação

Considerando

Os deslocamentos e a ampliação do campo do patrimônio cultural, que exigem a modificação da


gestão deste patrimônio, contemplando a participação dos sujeitos;

A necessidade de interlocução das políticas patrimoniais envolvendo Cultura e Educação, e de


estimular a valorização do patrimônio por parte da sociedade;

A inexistência, desarticulação ou inatividade dos Fóruns Setoriais municipais, que são instâncias
de articulação para o debate de políticas de preservação, análogas aos Colegiados Setoriais de
nível estadual, que subsidiam de forma ampliada e participativa os Conselhos e o Executivo;

A existência de associações regionais vinculadas a FAMURS em que CODIC não está organizado;

Propõe-se

Garantir, em interlocução com a Secretaria de Educação do Estado e ao Conselho Estadual


de Educação, a implantação de políticas continuadas de educação patrimonial no currículo
da rede pública de ensino;

Que seja fomentada a criação e a manutenção dos espaços de participação da sociedade


civil no debate de políticas de preservação (Conselhos, Colegiados, Fóruns Setoriais,
Comitês, Câmaras técnicas, Comissões temporárias e grupos de trabalho representativos
dos profissionais e da comunidade), no Estado e Municípios;
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA
Que seja realizado pela SEDAC/RS, em conjunto com sua Coordenadoria de Memória e
Patrimônio e com o IPHAE/RS, um diagnóstico das políticas de preservação do patrimônio
cultural hoje implantadas e um levantamento da situação atual dos bens patrimoniais
tutelados;

Que o CAOMA/MP, junto das ações que já desenvolve de implantação dos sistemas
municipais de cultura, reforce também a necessidade de constituição e atividade dos
Conselhos Municipais de Patrimônio Cultural e dos Fóruns Setoriais de Patrimônio
Cultural;

Que as entidades e participantes do Fórum incentivem a organização dos dirigentes


municipais para integração ao CODIC/FAMURS, de forma a constituir uma rede de fato
representativa, proporcionando o fluxo de informações e trocas de experiências entre
gestores.

III - Do Financiamento

Considerando

A importância dos projetos arquitetônicos de conservação e restauro para assegurar a qualidade


das intervenções, e a necessidade prévia do projeto arquitetônico para fins de inscrição em leis de
incentivo e outras formas de captação;

Existência de um mercado de trabalho precário para os profissionais da área, que atuam em


projetos de risco;

O alto custo dos projetos de restauro e a dificuldade de captação dos projetos aprovados via Leis
de Incentivo;

O sucesso da Linha específica que contemplou um Projeto Arquitetônico de Restauro em edital do


FAC RS;

A necessidade de pluralizar as fontes de financiamento para a preservação do patrimônio, e a


existência de diferentes instrumentos urbanísticos que podem viabilizar financeiramente a
recuperação de bens patrimoniais;

A dificuldade de protagonismo das comunidades tradicionais e culturas populares no registro,


inclusive audiovisual, de suas práticas culturais.

Propõe-se

Edital anual do FAC RS exclusivo para viabilização do financiamento de projetos de


Conservação e Restauro de bens culturais;
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA
Que a LIC RS também contemple a possibilidade de aprovação de projetos culturais com
fins de captação de recursos para a elaboração de projetos arquitetônicos e complementares
de Conservação e restauro;

Publicação de linhas de editais que permitam o registro do patrimônio cultural de


comunidades tradicionais pelos próprios agentes;

Que seja acionado o mecanismo previsto na lei do Sistema Estadual de Cultura das “Ações
especiais”, com fins de fomentar os projetos de conservação e restauro do patrimônio
cultural, com captação de renúncia fiscal realizada previamente pela SEDAC/RS;

Que se busque nos Municípios a aplicação dos instrumentos urbanísticos previstos no


Estatuto das Cidades, através da atuação dos representantes da sociedade civil nas
instâncias competentes (Conselhos da Cidade, Conselhos Municipais de Políticas e
Culturais e de patrimônio cultural) junto aos órgãos públicos, comunidades, proprietários,
setor da construção civil e outros agentes;

Divulgar através das instituições a possibilidade de uso de outras fontes de financiamento


além das verbas públicas da Cultura, como os Fundos oriundos do Judiciário, as Medidas
Compensatórias, entre outras.

IV - Do exercício profissional

Considerando

A necessidade de comunicação e interlocução entre as diferentes áreas de atuação profissional do


campo do patrimônio cultural; e também de relação entre profissionais do campo do patrimônio e
as comunidades;

Os inúmeros casos de intervenções informais em bens arquitetônicos, sem responsável técnico ou


em desacordo com a obra licenciada pelos órgãos responsáveis;

A necessidade de diálogo entre diferentes instâncias do poder público estadual para exercer a
custódia do seu patrimônio documental.

Propõe-se

Debate e formulação de critérios para efetivar a transdisciplinaridade nos projetos culturais


financiados com recursos públicos, de forma que os profissionais do campo estejam
contemplados em suas respectivas áreas de atuação;

Efetivar e ampliar a fiscalização das intervenções em bens culturais, de forma a


desestimular as más práticas profissionais;
CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA
Fomento às iniciativas de educação patrimonial e educação para a ciência, priorizando o
convívio e as trocas entre profissionais e comunidade;

Que as entidades organizadoras do Fórum proponham para a SEDAC RS criação de um


Núcleo de Documentação das Políticas Culturais.

Sendo estas as demandas discutidas e consensuadas pelos participantes, os itens foram


submetidos individualmente a apreciação do plenário, que aprovou todos por
unanimidade em votação.

Osório, 01 de Maio de 2019.

Vous aimerez peut-être aussi