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Joana Belarmino de Sousa

Aspectos comunicativos da percepção tátil:


a escrita em relevo como mecanismo
semiótico da cultura

Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC (SP)

São Paulo
2004
Joana Belarmino de Sousa

Aspectos comunicativos da percepção tátil:


a escrita em relevo como mecanismo
semiótico da cultura

Tese apresentada à Banca Examinadora


da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, como exigência parcial para
obtenção do título de Doutor do Programa
de Pós-Graduação em Comunicação e
Semiótica sob a orientação do Prof. Dr.
José Amálio Pinheiro.

São Paulo
2004
Joana Belarmino de Sousa

Aspectos comunicativos da percepção tátil:


a escrita em relevo como mecanismo semiótico da cultura

Aprovada em 03/ 03/ 2004.

BANCA EXAMINADORA:

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou


parcial desta tese por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

Assinatura:__________________________________________________________
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São Paulo, 03 de março de 2004.


DEDICATÓRIA

Aos meus pais (in memoriam), eles que esboçaram os


gestos mais significativos da minha existência e me ensinaram,
na sua simplicidade, as lições fundamentais sobre ética, justiça
e amor.
À Luzia Almeida (in memoriam), amiga inesquecível, que
fez do seu estar aqui, um tempo de dedicação e trabalho à
causa da cegueira.
Às minhas filhas, Mayra e Mariana, elas que entretecem
comigo o desafio fascinante de criar o vivo e à Gabriela, minha
neta, que vai chegar, para emprestar seu sorriso aos dias de
abril.
AGRADECIMENTOS

Foram inúmeros os apoios que recebi de amigos, familiares,

instituições e organizações não-governamentais para a realização deste trabalho.

Agradeço à minha instituição de origem, a Universidade Federal da Paraíba, mais

particularmente aos integrantes da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e aos meus

colegas do Departamento de Comunicação e Turismo, que, juntos, conjugaram

esforços para a efetivação da minha liberação.

Agradeço ao conjunto de professores e funcionários do Programa de

Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, pela acolhida, pelo apoio, pelo intercâmbio de experiências.

Agradeço especialmente a alguns professores com os quais convivi de

forma mais assídua no decorrer do meu curso de doutoramento: à professora Irene

Machado, primeira interlocutora no que se refere aos meus anseios de pesquisa,

incentivadora entusiasmada, colocando à minha disposição bibliografia, tempo para

conversas sobre o meu tema de investigação, sendo amiga e colaboradora nos

momentos mais importantes desse percurso; ao professor Winfried Nöth, importante

interlocutor, sobretudo no período em que preparava o capítulo semiótico do

trabalho, fornecendo-me bibliografia fundamental para a sua materialização, pondo-

me ainda em contato com Marcel Pauluck (dada a proximidade de nossas

temáticas), a quem também agradeço pela relevante colaboração; ao professor

Jorge Albuquerque Vieira, com quem pude reencontrar o entusiasmo e a aventura de

estar fazendo pesquisa pensando no vivo, no complexo, no fazer da condição

humana alargado para um mundo tecido pela ética, pela solidariedade e pela justiça;
à professora Helena Katz, meiga instigadora dos meus propósitos em estudar

Ciências Cognitivas, aportes teóricos fundamentais para o desenvolvimento do meu

trabalho; à professora Lúcia Santaella, cujo contato deu-se fundamentalmente por

meio da vasta bibliografia que a mesma produziu sobre a obra de Peirce, e que foi

decisiva para o meu aprendizado de semiótica e para a fundamentação deste

trabalho.

Devo, do mesmo modo, alguns agradecimentos especiais a amigos

que compartilharam comigo na PUC a experiência do doutoramento: à Sandra

Regina Moura e Rinaldo de Fernandes, com os quais dividi angústias e alegrias,

numa interlocução quase diária em São Paulo, a qual ainda se mantém viva e

fecunda; a Jeová Mendonça, de cuja solidariedade e apoio sem reservas pude

usufruir durante todo o tempo do meu doutoramento; à Nirvana Marinho,

incentivadora e amiga em horas indispensáveis.

Meu especial agradecimento às associações de cegos que me

apoiaram: Associação Paraibana de Cegos, entidade onde compartilho amigos e

atividades de militância; Associação de Deficientes Visuais de Poços de Caldas,

onde recebi apoio para a utilização de equipamentos de informática, sobretudo no

início da pós-graduação.

Alguns amigos foram indispensáveis no decorrer dessa minha

caminhada. Agradeço a Aluyzio Boynard, cujas críticas foram tão estimulantes para

a revisão de alguns momentos do trabalho e cujos diálogos sobre o ver e o não ver

auxiliaram-me na tentativa de pensar a problemática da cegueira; à Edith Suli, que

tendo igualmente passado pela experiência do ver e do não ver, possibilitou-me

instigantes diálogos; a Gesuel Tonon, solidário nas muitas horas de dúvidas sobre

problemas técnicos, amigo incomparável em alguns dos meus momentos


reservados ao descanso; a Luís Gonzaga Gonçalves, interlocutor dos mais

entusiasmados, sempre pronto a colaborar com bibliografia e dicas que melhoraram

muito alguns tópicos abordados; a Filipe Oliva e Vítor Reino, estudiosos do Braille

em Portugal e que compartilharam comigo bibliografias e idéias; a José Adelino

Guerra, um dos primeiros amigos a dialogar comigo sobre este projeto; ao professor

Laerte Pereira da Silva, pelo árduo e competente trabalho de revisão do texto; à

amiga Débora Regina Fernandes, incansável colaboradora nas tarefas de leitura, de

preparação de quadros, ilustrações e de todo o trabalho de formatação do texto final;

a Rosandro de Lima e Heitor Vale, pelo apoio na elaboração das ilustrações; à Clélia

Pereira colaboradora nos trabalhos de tradução.

Um agradecimento especial às minhas filhas, Mayra e Mariana, pela

paciência e tolerância para com as minhas ausências e os muitos momentos de

trabalho em que me distanciei do nosso convívio; a Lau Siqueira, presença

indispensável junto delas, quando das minhas ausências; aos meus irmãos, pela

confiança que sempre me dedicaram e pelo incentivo nessa nova etapa da minha

vida.

A acolhida do meu projeto pelo professor José Amálio Pinheiro

possibilitou-me um convívio cordial e amistoso com este meu orientador de

pesquisa; sua dedicação, suas críticas, seus elogios, sua solidariedade e

compreensão nos momentos de dificuldades são somente alguns dos ingredientes

que permearam todo esse percurso e que me levam a ser-lhe eternamente grata e a

dedicar-lhe os resultados que advierem deste trabalho.


RESUMO

A realização de uma análise semiótica aplicada ao sistema Braille, método de leitura


e escrita das pessoas cegas, é o objetivo central deste trabalho. Numa perspectiva
antropológico-histórico-comunicativa, a investigação recupera os laços existentes
entre esse tipo de escritura em relevo e a cultura mais ampla, estabelecendo a sua
qualidade de mecanismo semiótico da cultura e evidenciando a sua capacidade de
corporificação de objetos e coisas em texto. O trabalho contribui para a discussão
semiótica sobre escritura tátil, aponta pistas para aprofundamentos analíticos, ao
mesmo tempo que interconecta relevantes campos de dialogicidade, unindo a
temática Braille à problemática da cognição humana e ao próprio campo da
comunicação e da cultura. Explicita quatro eixos de análise: a abordagem histórica,
a pesquisa de semiótica aplicada, a abordagem culturológica e neurocognitiva,
envolvendo a temática da cegueira e do complexo tátil e a investigação sobre a
longevidade do Braille na cultura, em que o pano de fundo para o debate reflexivo é
o cenário das tecnologias informáticas e sua inserção na vida das pessoas cegas.
De caráter marcadamente exploratório, o trabalho apresenta como alguns
resultados, importantes pistas de pesquisa nos campos linguístico-semiótico e no
campo comunicativo.

PALAVRAS-CHAVE: Cegueira, Braille, Percepção Tátil, Semiótica.


ABSTRACT

The main objective of this work is to apply a semiotic analysis to the Braille system, a
reading and writing method for blind people. From an anthropological, historical and
communicative perspective, this investigation recovers the existing links between this
type of writing in relief and a broader idea of culture, establishing its quality as a
cultural semiotic mechanism while making evident its capacity of corporification of
objects and things in text. It also contributes towards a discussion on tactile writing,
hints at some analytical depths and, at the same time, interconnects relevant fields of
dialogue thus linking the Braille theme to the human cognition problem as well as to
the fields of communication and culture proper. It makes explicit four kinds of
analysis: the historical approach, the applied semiotics research, the cultural and
neurocognitive approach, involving the subject of blindness and of the tactile
universe, as well as the investigation on Braille’s longevity in a given culture in which
the background for the reflective debate is the information technology scenery and its
insertion into blind people’s life. Notably exploratory, this work presents as its results
some important clues for research in both the semiotic-linguistic field and the
communication area.

KEY WORDS: Blindness, Braille, Tactile perception, Semiotics


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura ou
quadro nº Legenda Página

FIGURA 1 ― Máquina de Saunderson ............................... 35

FIGURA 2 ― Reglete de plástico ........................................ 35

FIGURA 3 ― Punção ............................................................ 45

FIGURA 4 ― Célula Braille .................................................. 46

FIGURA 5 ―Seqüência dos sessenta e três sinais


simples do sistema Braille................................ 47

FIGURA 6 ― Sinais de pontuação e acessórios ............... 68

FIGURA 7 ― Vogais acentuadas em Braille ...................... 69

FIGURA 8 ― Os números em Braille................................... 70

QUADRO 1 ― A integração do Braille na cultura


tiflológica............................................................. 142
QUADRO 2 ― Os processos de mecanização da
impressão Braille ............................................... 143
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14

CAPÍTULO 1 A EPIGÊNESE DO SISTEMA BRAILLE .............................. 25


1.1 Introdução .............................................................................................. 26
1.2 O período pré-Braille: uma proto-escritura tátil? ............................... 27
1.2.1 Experiências significativas do período pré-Braille ......................... 31
1.3 Antecedentes históricos e comunicacionais do código Braille ........ 36
1.3.1 O método do relevo linear ................................................................. 38
1.3.2 A sonografia de Charles Barbier ....................................................... 40
1.3.3 A escrita pontográfica ........................................................................ 41
1.3.4 Breve descrição do código Braille .................................................... 44
1.4 O código Braille e a história da escritura ............................................ 50

CAPÍTULO 2 A DIMENSÃO SEMIÓTICA DO CÓDIGO BRAILLE ............. 54


2.1 Introdução .............................................................................................. 55
2.2 Um alerta necessário ............................................................................. 57
2.3 O código Braille como objeto semiótico: primeira aproximação ...... 58
2.4 Pontos significantes: breve incursão por dentro da célula 67
Braille .. 70
2.4.1 Os subsistemas do código Braille e a idéia de metatexto .............. 72
2.5 A idéia da informação como diferença ................................................

CAPÍTULO 3 A SIGNICIDADE DA CÉLULA BRAILLE ............................... 76


3.1 Introdução .............................................................................................. 77
3.2 A célula Braille como percepto tátil ..................................................... 78
3.3 A célula Braille e a segunda tricotomia peirceana ............................ 81
3.3.1 Os pontos em relevo: diagramaticidade e iconicidade ................... 84
3.4 O relevo Braille: seis pontos de uma revolução semiósica .............. 89

CAPÍTULO 4 CEGUEIRA, CULTURA E MUNDIVIDÊNCIA TÁTIL .............. 96


4.1 Introdução .............................................................................................. 97
4.2 O encontro com o não-ser na cegueira: breve discussão
antropológica ............................................................................................... 99
4.3 Cegueira e discurso: a dupla face do estigma 103
................................... 107
4.4 Cegueira e ciência: novos lugares de estranhamento ....................... 112
4.5 A mundividência tátil ou munditactência ............................................ 113
4.5.1 Corpo, tempo e ambiente: o diálogo de uma transação ................. 120
4.5.2 A mundividência tátil como uma visão diferente de mundo ..........

CAPÍTULO 5 A MATRIZ BRAILLE NA CONTEMPORANEIDADE: O 134


PROBLEMA DA INTEGRAÇÃO CULTURAL .............................................. 135
5.1 Introdução .............................................................................................. 138
5.2 O problema da integração do Braille na cultura tiflológica ............... 144
5.3 Os pontos de Braille e o seu lugar dentro da cultura ........................ 146
5.4 A Revolução informática ...................................................................... 148
5.4.1 Cegueira e tecnologia: breve panorama histórico .......................... 153
5.5 Braille e tecnologias: um campo híbrido e os seus paradoxos ........ 154
5.5.1 Desbrailização: mito ou realidade? ...................................................
160
CONCLUSÕES .............................................................................................
170
REFERÊNCIAS ...........................................................................................
175
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................
“[...] mas depois vêm os dedos e,
com um movimento de recolha,
como se estivessem a ceifar uma
seara, levantam do chão todas as
cores que há no mundo.”

(José Saramago)

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