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CÂMPUS CRICIÚMA
Pós-Graduação em Ensino Integrado de Filosofia, Geografia, História e
Sociologia
ISRAEL ANDRADE
Criciúma/SC – 2019
ISRAEL ANDRADE
CRICIÚMA/SC – 2019
MÚSICA E EDUCAÇÃO: PERSPECTIVAS SOBRE USO DE MÚSICAS COMO
FERRAMENTA DIDÁTICA
ISRAEL ANDRADE
ISRAEL ANDRADE
ABSTRACT: In this research, the educational value of the use of MPB songs as a
didactic tool was studied. The research initially started with a bibliographic review
and then collected data through a questionnaire with high school students in the city
of Laguna, aiming to identify a little of what the adolescents think about the use of
music as a teaching method. The result of the research showed that young people
listen to a lot of music, that they have accepted the music as a teaching tool,
reporting mostly that with this method they learn more easily or feel more willing to
learn. The research also revealed that these students would like to have a greater
presence of music in their classes. Despite being widespread in all areas of society,
research has shown that music, occupies a limited space in the classroom, being
used by very few teachers despite the quantity and variety of songs produced daily.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------06
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------------23
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. INTRODUÇÃO
A música está inserida no dia-a-dia das pessoas. Com exceção de quem possui
algum tipo de deficiência auditiva praticamente todas as pessoas escutam música,
elas querendo ou não, nas palavras de Murray Schafer, “os ouvidos não possuem
pálpebras”. Portanto não fechamos os ouvidos assim como fechamos os olhos para
não ver algo que desagrade.
A música cumpre variadas funções dentro da sociedade. Algumas são utilizadas
para lazer, outras para despertar emoções e algumas vezes para transmitir algum
valor, alguma idéia. Querendo o compositor ou não a musica irá, em determinado
momento, cumprir um papel específico, por vezes alheio ao pensado pelo mesmo.
A experiência de utilizar musica como ferramenta didática é uma prática que vêm
sendo inserida nas salas de aula da educação básica por iniciativa de alguns
professores, cabe, porém, destacar que a sistematização destas experiências
através de metodologia científica e sua publicação é algo bastante escasso nos
meios acadêmicos brasileiros. Este aspecto pode ser sentido nesta pesquisa, devido
a grande dificuldade de encontrar fontes teóricas com esta abordagem.
Existe um vasto material sobre educação musical, mas no caso do presente
trabalho, não se está aqui pesquisando a musica com finalidade em si mesma, como
um conhecimento puro, com valor último. A preocupação desta pesquisa é sim o
valor educativo da música, quando a mesma é utilizada como ferramenta
pedagógica.
É importante destacar que diante da quantidade de informação musical
produzida diariamente e com a variedade de temas e linguagens que esta
apresenta, podemos usar esta arte como ferramenta pedagógica. Dentro das
disciplinas da área de ciências humanas este potencial não é diferente.
Esta pesquisa de caráter exploratório, tem como foco compreender a presença
de música em sala de aula da Educação Básica como ferramenta didática dos
Componentes Curriculares da Área do Conhecimento das Ciências Humanas a partir
da visão dos estudantes. Para isto, além de pesquisa bibliográfica, foi utilizado como
método de pesquisa um questionário aplicado aos estudantes secundaristas após
estes terem participado de aulas onde utilizei música como forma de
transmitir/reforçar conteúdos. As respostas dos adolescentes foram sistematizadas e
agrupadas, transformadas por tanto em números, que nos permitirão entender um
pouco sobre o que estes jovens - para quem a didática é direcionada com intuito de
descobrir formas de educar – pensaram sobre a prática didática proposta.
A música é algo feito por seres humanos e para seres humanos. Ela pode
ser considerada uma linguagem inclusive porque se organiza a partir de
certos pressupostos (escolha de sons, maneiras de articulá-los, etc) que
garantem a ela aquilo que se poderia chamar de coerência interna. A rigor,
para ser uma linguagem, ela não precisa “expressar” alguma coisa que
esteja fora dela, pois a música pertence ao universo não verbal (MORAES,
1983, p. 67).
A situação descrita é somente uma das funções possíveis das quais podem
ser atribuídas a música. Alguns autores refletiram sobre as funções sociais da
música, sendo talvez o mais importante deles Allan Merriam, que elaborou uma lista
com dez categorias principais. Estas estão divididas entre:
- Função de expressão emocional, seria a função da música onde está manifesto
“o descargo de pensamentos e idéias, a oportunidade de alívio e, talvez, a resolução
de conflitos, bem como a manifestação da criatividade e a expressão das
hostilidades (MERRIAM, 1964, p. 219 apud HUMMES, 2004, p. 39).
- Função do prazer estético, seria a função onde a contemplação inclui “a estética
tanto do ponto de vista do criador quanto do contemplador. Para Merriam, deve ser
demonstrável para outras culturas além da nossa” (HUMMES, 2004, p. 40).
- Função de divertimento, entretenimento, esta função estaria presente em todos
os agrupamentos humanos. Porém é necessário pensar na existência da distinção
entre “entretenimento ‘puro’ (tocar ou cantar apenas), o que parece ser uma
característica da música na sociedade ocidental, e entretenimento combinado com
outras funções, como, por exemplo, a função de comunicação” (Merriam, 1964, p.
223 apud HUMMES, 2004, p. 40).
- Função de comunicação, seria a função de trazer alguma informação dirigida,
sem deixar explícito, porém, como, o quê ou para quem a comunicação é dirigida
(HUMMES, 2004).
- Função de representação simbólica, isto é, a música funcionando
simbolicamente como representação de coisas distintas, outras idéias e
comportamentos. “Ela pode cumprir essa função por suas letras, por emoções que
sugere ou pela fusão dos vários elementos que a compõem” (MERRIAM, 1964, p.
223 apud HUMMES, 2004, p. 41).
- Função de reação física, ou seja, a música como fator que provoca e molda
comportamento dos grupos, produzindo reações de encorajamento em guerreiros e
caçadores (HUMMES, 2004, p. 41).
- Função de impor conformidade às normas sociais, seria quando: “tanto por
advertência direta aos sujeitos indesejáveis da sociedade quanto pelo
estabelecimento indireto do que é ser considerado um sujeito desejável” (HUMMES,
2004, p. 42).
- Função ritual/religiosa, seria quando a música é usada em situações para
transmitir/enfatizar preceitos religiosos ou reforçar/validar instituições e rituais ale de
também pela citação de mitos e lendas em canções (HUMMES, 2004, p. 42).
- Função de contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura:
10
9
8
7
não escuta
6
0 - 1h por dia
5
1 - 3h por dia
4
4 - 6h por dia
3
acima de 12h por dia
2
1
0
tempo que os garotos dedicam a música
12
respostas ambíguas
10
não escutam
8 raramente
6 0 - 1h por dia
1 - 3h por dia
4
4 - 6h por dia
2 acima de 12h por dia
0
tempo que as garotas dedicam a música
Legal 23
Bom 23
Interessante 8
Ajuda na aprendizagem 7
Descontraído 6
Divertido 4
Ótimo 4
“Como eu não conhecia achei estranho, até porque não é do nosso tipo”.
Por causa do ritmo, ele faz com que fique na nossa cabeça. É mais fácil gravar.
Com música os alunos prestam mais atenção na aula e aprendem com mais
facilidade.
Acho fácil a utilização na nossa escola, já que ninguém costuma usar os aparelhos
de som.
Não é muito fácil por falta de equipamentos e pode incomodar outras salas.
Os professores tem que dar aula e muitas vezes não tem tempo de passar música e
é difícil ter músicas referentes ao assunto.
Depende, no meu ponto de vista o governo nos priva de muita coisa e em algumas
escolas a diretoria também, acho que deveriam dar mais apoio aos professores.
Nos dias de hoje existem várias músicas e paródias relacionadas com assuntos
escolares.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPLE, Michael W. Conhecimento oficial: a educação democrática numa era
conservadora. Tradução de Maria Isabel EdelweissBujes. Petrópolis: RJ, Vozes,
1997. 267 p.
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construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. 3. Ed. São Paulo, SP:
Cortez, 2002. p. 124-132
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LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. 261 p. (Coleção
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LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental.
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MARTINS, José do Prado. Didática Geral. São Paulo: Ática, 1989. 247p.
MÉZÁROS, István. A educação para além do capital. 2 ed. São Paulo, SP:
Boitempo,2008,
MORAES, José Jota. O Que é Música. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983. 105p.
ORTIZ, John M. O tao da música: utilizando música para melhorar sua vida. São
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PENNA, Maura. Música(s) e seu ensino. 2. Ed. Porto Alegre: Sulina, 2015. 247 p.
READ, Herbert. A educação pela arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 366p.
SCHAFER, Murray. O Ouvido Pensante. 2.ed. São Paulo, Unesp, 2011. 408p.
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1995. 243 p.
WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São
Paulo, Companhia das Letras, 1989. 283p.