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Em resolução publicada no ano de 2005, a OIT propõe que, substituindo o termo setor
informal, “a expressão economia informal refere-se a todas as atividades econômicas de
trabalhadores e unidades econômicas que não são abrangidas, em virtude da legislação ou da
prática, por disposições formais”. (OIT, 2005, p. 6-7). Sendo assim, a economia informal não
representa um setor específico, mas sim uma série de atividades produtivas que existem em
paralelo - e em complementariedade - aos diversos setores da economia que atuam
regulamentados por dispositivos legais.
No Brasil, de acordo com dados do IPEA (2016), ao final do ano de 2015, cerca de 45,1%
da PEA1 brasileira estava em condições de informalidade2. Apesar deste grande contingente
de trabalhadores, tal realidade tem se encontrado à margem das prioridades das pesquisas
científicas - que por várias décadas estiveram comprometidas com um modelo hegemônico de
gestão e pelo utilitarismo (Sato, 2003; Spink, 2009). Esta marginalização tem conferido à
economia informal uma dimensão de invisibilidade: “Há um mercado de trabalho, invisível,
mantido e reproduzido por pessoas que se vinculam a comunidades e redes de relações
interpessoais. Nele, trabalho no mercado formal, informal, emprego e desemprego convivem
sem barreiras” (Sato, 2013, p.106).
Portanto, conhecer a importância de investigar sobre aspectos estruturantes e
organizativos da economia informal, frente à considerável participação desta realidade na
PEA em todo mundo, é um relevante papel cientifico pautado pela crítica e reflexão sobre os
caminhos que o trabalho tem percorrido na economia capitalista.
Sendo assim, defende-se a relevância no estudo teórico e empírico sobre a atividade
prática do trabalho em condições de informalidade para a compreensão, a partir do ponto de
vista dos próprios trabalhadores, sobre os principais determinantes (históricos, sociais e
objetais) que envolvem a saúde orgânica e mental destes sujeitos.
1
População Economicamente Ativa (PEA): número de habitantes em idade e condições físicas para exercer
algum ofício no mercado de trabalho.
2
A quantificação estatística deste público torna-se um problema para os órgãos oficiais de pesquisa, pois a
informalidade não pode ser identificada pelo recolhimento de impostos trabalhistas (registros da RAIS) e nem
pela movimentação de contratações via carteira profissional (registro do CAGED). A mensuração dos
trabalhadores informais só é possível por meio da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) e
prospecções estatísticas de acordo com o crescimento da população e o avanço de determinados setores da
economia.
3. PROBELMATIZAÇÃO
4.1 GERAL
Identificar empiricamente e analisar teoricamente as condições estruturais e sociais que
influenciam a saúde de trabalhadores informais em Quixadá/CE no contexto de suas
atividades cotidianas, considerando as interfaces entre as suas possibilidades e limitações de
ação produtiva em comparação aos aspectos do trabalho decente definidos pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
4.2 ESPECÍFICOS
- Empreender programa de estudo sistemático sobre as categorias: atividade prática,
trabalho informal, saúde dos trabalhadores e trabalho decente.
- Realizar levantamento de informações estatísticas sobre o mercado de trabalho de
Quixadá com o objetivo de agrupar dados secundários que favoreçam na compreensão da
realidade econômica local quanto as (in)formalidades.
- Elaborar e validar questionário estruturado que será aplicado em diferentes
segmentos de trabalhadores informais de Quixadá, selecionados mediante levantamento
amostral. O questionário será elaborado com base nas quatro categorias teóricas explicadas no
primeiro objetivo específico.
- Elaborar e publicar relatórios e resultados da pesquisa a fim de divulga-los em
periódicos e eventos temáticos sobre as ciências do trabalho, bem como servir de subsídio
para discussões sobre as realidades e demandas dos trabalhadores informais quanto a políticas
públicas trabalho e seguridade social.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
Fev Mar Abril Maio Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
ATIVIDADE 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019
Estudo teórico
e metodológico
Coleta de
dados
secundários
junto aos
órgãos de
pesquisa
Elaboração e
validação de
questionário
Delineamento
amostral
estratificado
Aplicação de
questionário
na amostra
Elaboração de
relatórios
parcial e final
Produção
cientifica para
publicação em
revistas e
eventos
8. RESULTADOS ESPERADOS
Bernardo, M. H. (2009). Trabalho duro, discurso flexível: uma análise das contradições do
toyoismo a parir da vivência dos trabalhadores. São Paulo: Expressão Popular.
Sato, L. (2007). Processos cotidianos de organização do trabalho na feira livre. Psicologia &
sociedade; 19, edição especial: 95-102, 2007
Sato, l., Hespanhol Bernardo, M. & Oliveira, F. (2008). Psicologia social do trabalho e
cotidiano: a vivência de trabalhadores em diferentes contextos micropolíticos. Psicol. Am.
Lat., México, 15, versão online.
Spink, P. K. (1996). Organização como fenômeno psicossocial: notas para uma redefinição da
psicologia do trabalho. Psicologia & Sociedade, 8 (11), 174-192.
acerca das estruturas do trabalho informal, e como essa constituição social pode afetar a saúde
contribuindo assim para elaboração do questionário, que além de conhecer, será produzido