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CARTA DE MENDES

O Diretório Nacional do PDT esteve reunido, durante dois dias consecutivos, na cidade de
Mendes, Rio de Janeiro, para ampla discussão e tomada de decisões sobre os rumos a
serem assumidos pelo Partido e sobre suas responsabilidades neste momento da vida
brasileira. Como ponto preliminar, estabeleceu-se um conjunto de medidas visando ao
fortalecimento e a ampliação das estruturas partidárias em todo o País, procedendo-se,
com vistas a essa finalidade, a um levantamento detalhado da situação partidária e social
dos principais municípios de todos os Estados.

A parte fundamental do debate constitui-se no debate sobre a identidade e os


compromissos do Partido neste grave período histórico que atravessamos.

A Nação está mergulhada numa crise sem precedentes. O nosso povo, perplexo e sofrido,
vem reclamando definições quando se tornam transcendentes decisões sem a sua
audiência e que o afetam até mesmo no seu elementar direito à vida. Estamos
persuadidos de que somente através da democracia e do socialismo em liberdade será
possível encontrar saídas para o atual contexto de dependência, de injustiças e de
sofrimentos para o nosso povo.

Por isso mesmo, o PDT assume, com inabalável e definitiva convicção e firmeza, pelo seu
programa, sua prática e objetivos, a causa do socialismo democrático no Brasil. O PDT é
um Partido Socialista. O nosso Socialismo há de ser construído através do voto livre, numa
sociedade pluralista e civil, sem discriminar ou excluir quem quer que seja.

O nosso socialismo está indissoluvelmente ligado ao conceito de liberdade. Socialismo e


liberdade, para nós, são inafastáveis como dois trilhos de uma estrada de ferro,
expressando um Estado de Direito democrático e de profundo conteúdo social. Os nossos
métodos e caminhos são pacíficos e democráticos. O PDT não luta pela tomada do poder.
O seu propósito é ascender ao poder, inundando este país de consciências esclarecidas.
Desses compromissos com a Nação, que alimentamos sem ódios ou revanchismos,
ninguém, nem razão alguma nos afastará.

Afirmamos que, enquanto não se colocar um basta à dominação do capitalismo


internacional, não haverá condições de edificar, no interior de nossas fronteiras, uma
sociedade democrática, dentro dos padrões mínimos de justiça e de liberdade. Nós,
trabalhistas, somos a oposição sem cumplicidade a tudo o que tem sido imposto ao polvo
brasileiro nestes quase 20 anos de autoritarismo, particularmente a uma política
econômica que vem comprometendo a soberania do País e sacrificando ao desespero o
povo trabalhador.

Quando à mudança na nossa sigla, como forma inclusive de expressar mais diretamente a
índole socialista do Partido, não constitui prioridade imediata e exige um processo de
amadurecimento.

No que diz respeito às iniciativas de fusão e de integração com outras agremiações e


correntes afins, reafirma o PDT a intenção de levá-las à plena efetivação. Dependesse o
assunto exclusivamente de nós, já essa unidade estaria consolidada. Mas em verdade,
implica em decisões fora do nosso alcance, como por exemplo, as dificuldades da
legislação eleitoral e a própria vontade dos demais partidos e seus dirigentes.

O que importa, porém, é que serão crescentemente intensificados os esforços do PDT no


sentido da unificação do movimento social brasileiro, que não está longe de realizar-se,
como fundamento basilar para a construção da Democracia no Brasil.
Mendes (RJ), 23 de janeiro de 1983

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