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Modesta Anastácio Nangomua

Governação Autárquica e o Desenvolvimento Socioeconómico Local: Caso da


Vila Sede Do Distrito de Ribáuè, (2009-2017).

(Curso de licenciatura em ensino de História com habilitações em Geografia)

Universidade Pedagógica
Nampula
2019
i

Modesta Anastácio Nangomua

Governação Autárquica e o Desenvolvimento Socioeconómico Local: Caso da Vila


Sede Do Distrito deRibáuè, (2009-2017).

(Curso de licenciatura em ensino de História com habilitações em Geografia)

Monografia científica apresentada ao


Departamento de Ciências Sociais e
Filosóficas, para obtenção do grau de
licenciatura em ensino de História com
habilitações em Geografia.

Supervisor: MSc. Jorge Muchacona

Universidade Pedagógica

Nampula

2019
ii

Índice
Lista de abreviaturas ........................................................................................................ iv

Lista de tabelas ................................................................................................................. v

Lista de gráficos ............................................................................................................... vi

Declaração de Honra ....................................................................................................... vii

Dedicatória ..................................................................................................................... viii

Agradecimentos................................................................................................................ ix

Resumo ............................................................................................................................. x

Introdução........................................................................................................................ 11

CAPITULO I: CONTEXTUALIZAÇAO DO LOCAL DA PESQUISA ................................. 15

1.1.Localização geográfica do município Ribáuè ............................................................ 15

1.2.Historial do Município ................................................................................................ 15

1.3.Divisão administrativa e população do município de Ribáuè ..................................... 16

Fonte: Adaptado pelo autor com base no PEUVR (2018). .............................................. 16

1.4.Aspectos socioculturais ............................................................................................. 16

1.5.Organização e Funcionamento dos Órgãos Municipais ............................................ 18

1.5.1.Membros da Assembleia Municipal ........................................................................ 18

1.5.2.Conselho Municipal ................................................................................................ 18

1.6.Relevo e Solos .......................................................................................................... 20

1.7.Destinos Turísticos e unidades industriais................................................................. 20

CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 21

2.1.Conceitos................................................................................................................... 21

2.2.Desenvolvimento local ............................................................................................... 22

2.2.1.Teoria de Desenvolvimento económico .................................................................. 24

2.2.1.1.Diferença entre crescimento e desenvolvimento económico ............................... 25


iii

2.2.2.O índice de desenvolvimento humano.................................................................... 27

2.3.Teorias de administração pública .............................................................................. 28

2.3.1.Centralização e Descentralização .......................................................................... 29

2.3.2.Concentração e desconcentração .......................................................................... 30

2.4.Contexto da criação das autarquias locais em Moçambique ..................................... 31

2.5.O papel das autarquias locais ................................................................................... 32

2.6.Os órgãos das autarquias locais ............................................................................... 33

2.6.1.A assembleia municipal ou de povoação................................................................ 34

2.6.2.O conselho municipal ou de povoação ................................................................... 35

2.6.3. O presidente do conselho municipal ou de povoação ........................................... 36

2.7.A dinâmica gradual do poder local em Moçambique ................................................. 37

CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS ............ 40

3.1.A participação dos munícipes na gestão e desenvolvimento socioeconómico do


município de Ribáuè ........................................................................................................ 40

3.1.1.As formas de participação dos munícipes da vila de Ribáuè na gestão e


desenvolvimento socioeconómico local ........................................................................... 42

3.2.Impactos da municipalização para o processo de desenvolvimento socioeconómico


local. ................................................................................................................................ 43

3.3. O contributo da municipalização para o desenvolvimento socioeconómico local ..... 46

3.4.Validação de hipóteses.............................................................................................. 51

Conclusão........................................................................................................................ 53

Sugestões........................................................................................................................ 55

Bibliografia ....................................................................................................................... 57

Apêndices ........................................................................................................................ 60
iv

Lista de abreviaturas

BCI Banco Comercial de Investimentos


BIM Banco Internacional de Moçambique
CMVR Conselho Municipal da Vila de Ribáuè
CP Conversa Pessoal
CRM Constituição da República de Moçambique
EOMR Estatuto orgânico do Município de Ribáuè
FAO Organização das Nações Unidas Para a Alimentação e a Agricultura

FRELIMO Frente de Libertação Nacional


MAE Ministério da Administração Estatal
MCEL Moçambique Celular

MDM Movimento Democrático de Moçambique

ONU Organização das Nações Unidas

PA Posto Administrativo

PCM Presidente do Conselho Municipal

PEUVR Plano Estrutural Urbano da Vila de Ribáuè

PIB Produto Interno Bruto

RENAMO Resistência Nacional Moçambicana

RGPH Recenseamento Geral da População e Habitação

TDM Telecomunicações de Moçambique

TM Termo de Mandato

UEM Universidade Eduardo Mondlane


v

Lista de tabelas

Tabela 1: Divisão administrativa da Vila de Ribáuè……………………………………….16


vi

Lista de gráficos

Gráfico 1: A participação dos munícipes na gestão, governação e desenvolvimento da


autarquia de Ribáuè…………………………………………………………………………….39

Gráfico 2: Visão dos munícipes dos sobre os impactos da municipalização da vila de


Ribáuè…………………………………………………………………...………………….……42
vii

Declaração de Honra

Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, Março de 2019

________________________________________

(Modesta Anastácio Nangomua)


viii

Dedicatória

Á minha família.
ix

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Deus todo-poderoso pela vida, saúde, inteligência e


sabedoria.

Ao meu supervisor, homem que admiro tanto, MA Jorge Muchacona, pela orientação
científica, paciência, ajuda, suporte e simplicidade. Atributos estes, que proporcionaram
um ambiente magnífico na realização das actividades inerentes a esta pesquisa.

De igual modo agradeço aos meus aos meus filhos, que tanto me apoiaram durante esta
caminhada académica. A todos os meus colegas, em particular Domingas Florência
Joaquim, Catarina Maria Adelino e Hilário Compocha pelo companheirismo, ajuda,
confiança, apoio e força nos momentos difíceis e bons na carreira estudantil e vida
pessoal, têm sido amigos no verdadeiro sentido.

E finalmente, todos que contribuíram directa ou indirectamente para a realização deste


trabalho, com destaque para os docentes do departamento de ciências sociais e
filosóficas da universidade pedagógica delegação de Nampula, em destaque ao chefe
do Departamento Arlindo Nkadibuala e em ultima instancia aos funcionários dos
conselho municipal e da Assembleia Municipal da vila de Ribáuè e aos munícipes
inqueridos, pois sem eles não seria possível realizar a presente pesquisa.
x

Resumo

O presente trabalho de pesquisa tem como tema Governação autárquica e o


desenvolvimento socioeconómico local: caso da vila sede do distrito de Ribaué, (2009-
2017). O tema é relevante para a pesquisadora em virtude de observação própria do
processo de desenvolvimento da vila sede do distrito de Ribaué desde a sua elevação a
categoria de vila municipal em 2008, esta observação feita pela pesquisadora de forma
cíclica, criou bases para uma analise comparativa com outras vilas autárquicas como é o
caso das de Malema e de Cuamba, tendo como elemento de comparação o ritmo de
crescimento económico das vilas municipais fruto da municipalização, o que de certa
forma levou a concluir que existem disparidades no concerne aos índices de
desenvolvimento das vilas municipais, razão pela qual autora pretende com a pesquisa
conhecer que contributos a municipalização trouxe no processo de desenvolvimento
socioeconómico da vila de Ribaué O objectivo geral do trabalho é deConhecer o
contributo do municipio de Ribaué no desenvolvimento socioeconomico
local.Paralelamente ao objectivo geral, seguem-se os seguintes objectivos específicos,
Descrever o processo de surgimento das autarquias em Moçambique;Analisar a
legislação autárquica Moçambicana comparada e a sua evolução e Avaliar o contributo
da autarquia de Ribaué para o desenvolvimento socioeconómico local. Portanto, o
problema que se coloca é o seguinte: Qual é o contributo da autarquia de Ribaué para o
desenvolvimento socioeconómico local? Na tentativa de alcançar possíveis respostas
para esta inquietação, levantam – se as seguintes hipóteses: A reabilitação e construção
de infra-estruturas básicas, podem contribuir para a melhoria da qualidade e criação de
condições para o aumento do acesso aos serviços sociais; Assegurar a sustentabilidade
do ambiente, através do abastecimento de água e saneamento do meio, que de certa
forma pode contribuir para a promoção de desenvolvimento integrado da autarquia e O
incremento de oportunidades para a criação de postos de emprego, que de certa forma
pode contribuir para a elevação do nível de vida dos munícipes. As técnicas de colecta
de dados que foram usados nesta pesquisa são: observação entrevista, questionário e
levantamento bibliográfico. Esta pesquisa quanto abordagem é quantitativa, no que
tange a sua natureza é básica e quanto a forma de abordagem do problema é
qualitativa. Como conclusão do impacto da municipalização da Vila de Ribaué temos a
melhoria nos serviços básicos as populações, construção de infra-estruturas públicas e
económicas, a expansão da vila, o aumento do índice de criminalidade, prostituição e de
construções desordenadas.
Palavras-chave: autarquia, desenvolvimento, governação, socioeconómico e Vila.
11

Introdução

O presente trabalho de pesquisa tem como tema: Governação autárquica e o


desenvolvimento socioeconómico local: caso da vila sede do distrito de Ribaué, (2009-
2017). O tema é relevante para a pesquisadora em virtude de observação própria do
processo de desenvolvimento da vila sede do distrito de Ribaué desde a sua elevação
a categoria de vila municipal em 2008, esta observação feita pela autora de forma
cíclica, criou bases para uma analise comparativa com outras vilas autárquicas como é
o caso das de Malema e de Cuamba, tendo como elemento de comparação o ritmo de
crescimento económico das vilas municipais fruto da municipalização, o que de certa
forma levou a concluir que existem disparidades no concerne aos índices de
desenvolvimento das vilas municipais, razão pela qual autora pretende com a pesquisa
conhecer que contributos a municipalização trouxe no processo de desenvolvimento
socioeconómico da vila de Ribáuè.

Assumindo a importância da representação e participação política nas democracias


actuais, importa analisar a dinâmica da relação representante/representado nos novos
espaços de interacção política, concretamente municípios.

O objectivo geral do trabalho é de Conhecer o contributo do município de Ribaué no


desenvolvimento socioeconómico local. Paralelamente ao objectivo geral, seguem-se
os seguintes objectivos específicos, Descrever o processo de surgimento das
autarquias em Moçambique; Analisar a legislação autárquica Moçambicana comparada
e a sua evolução e Avaliar o contributo da autarquia de Ribáuè para o desenvolvimento
socioeconómico local.

Foi em conformidade com a Lei número 3/2008 de 02 de Maio, que cria novas
Autarquias de Vila em algumas circunscrições territoriais, que a Vila de Ribáuè, foi
integrada no grupo de 43 Vilas e Cidades já municipalizadas na República de
Moçambique.

As autarquias possuem funções distintas para a promoção do desenvolvimento local, e


tem a função de velar pelo meio ambiente, saneamento básico, abastecimento público,
urbanização, construção e habitação, polícia autárquica e um vasto leque de funções
que se prendem nas áreas sociais como saúde, educação, cultura, tempos livres e
12

desporto. Volvidos dez anos desde a elevação da vila de Ribáuè a categoria de


autarquia, os serviços básicos ainda não respondem a necessidade dos munícipes.
Assim, o problema levantado para a pesquisa é o seguinte: Qual é o impacto que a
autarquia trouxe para o desenvolvimento socioeconómico local?

Na tentativa de responder o problema da pesquisa foram levantadas as seguintes


hipóteses: A reabilitação e construção de infra-estruturas básicas, podem contribuir
para a melhoria da qualidade e criação de condições para o aumento do acesso aos
serviços sociais; Assegurar a sustentabilidade do ambiente, através do abastecimento
de água e saneamento do meio, que de certa forma pode contribuir para a promoção
de desenvolvimento integrado da autarquia e O incremento de oportunidades para a
criação de postos de emprego, que pode contribuir para a elevação do nível de vida
dos munícipes.

Esta pesquisa quanto á abordagem é quantitativa, pois de acordo com SILVA &
MENEZES (2001:26), este tipo de pesquisa, considera que tudo pode ser quantificável,
o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e
analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média,
moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.).

O método que foi usado nesta pesquisa é o método indutivo, aquele que na óptica de
SILVA & MENEZES (2001:26), “no raciocínio indutivo a generalização deriva de
observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à
elaboração de generalizações.”

Do ponto de vista da sua natureza, a pesquisa é básica, aquela que objectiva gerar
conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista.
Envolve verdades e interesses universais. Quanto á forma de abordagem do problema
a pesquisa é qualitativa. Segundo SILVA & MENEZES (2001), na pesquisa qualitativa
há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável
entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em
números. O ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é
o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados
indutivamente.
13

Quanto aos objectivos, a pesquisa é explicativa, porque de acordo com SILVA &
MENEZES (2001), a pesquisa explicativa visa identificar os factores que determinam
ou contribuem para a ocorrência dos fenómenos. Aprofunda o conhecimento da
realidade porque explica a razão, o “porquê” das coisas.

E, quanto aos procedimentos técnicos a pesquisa é um estudo de caso, uma vez que
envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos de maneira que se
permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

O grupo alvo nesta pesquisa foi a população residente na vila sede do distrito de
Ribáuè e os funcionários do conselho municipal da mesma vila. Como amostra da
pesquisa serão inqueridos vinte e cinco (25) pessoas, dentre os quais vinte (20)
munícipes e cinco (05) funcionários de conselho municipal, escolhidos de forma
aleatória que representarão o universo populacional da pesquisa.

As técnicas de colecta de dados que foram usados nesta pesquisa são: observação
entrevista, questionário e levantamento bibliográfico. A observação será directa; a
entrevista será semi-estruturada, isto é, será feito um roteiro (perguntas) com
antecedência que será dirigida aos munícipes da vila de Ribaué. As perguntas foram
elaboradas de forma clara e precisa, sendo de fácil compreensão. Quanto ao
questionário, este comportou perguntas abertas, o que permitiu que a recolha de
opiniões fosse mais eficiente e, foram feitas perguntas de múltipla escolha que
permitiram testar as hipóteses e o alcance dos objectivos da pesquisa.

No que diz respeito ao levantamento bibliográfico, este serviu de suporte ou


fundamento do que foi colectado e apresentado. Para analisar os dados colectado fez-
se a selecção que se caracterizou numa verificação crítica, com a finalidade de
detectar falhas ou erros, evitando informações confusas, distorcidas, incompletas que
podem prejudicar o resultado da pesquisa, em seguida fez-se codificação dos dados
como forma de categorizar os que se relacionam e por ultimo irei fazer a interpretação
dos dados procurando dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as
outros conhecimentos.

O trabalho, para além da introdução, está estruturado em três capítulos. No capítulo I,


faz-se uma descrição do local de pesquisa, apresentando-se o historial do distrito de,
14

Ribáuè as características políticas, económicas e socioculturais, bem como os


aspectos físico-naturais inerentes à esta porção geográfica. No capítulo II,
fundamentação teórica, faz-se uma descrição da governação autárquica em
Moçambique. No capítulo III, faz-se a apresentação, análise e interpretação de dados,
explicando o impacto da autarquia da vila sede do distrito de Ribáuè para processo de
desenvolvimento socioeconómico local, esta explicação foi feita mostrando as opiniões
colhidas no campo de pesquisa e as diversas obras bibliográficas.
15

CAPITULO I: CONTEXTUALIZAÇAO DO LOCAL DA PESQUISA

Este capítulo faz uma breve contextualização e caracterização do distrito de Ribáuè em


geral, e da vila sede em particular, que foi o local da realização da pesquisa. São
descritos neste capítulo aspectos como a localização geográfica, breve historial do
distrito, os aspectos socioculturais, as actividades económicas, divisão política e
administrativa, estrutura orgânica do conselho municipal de Ribáuè, os destinos
turísticos e as unidades industrias.

1.1.Localização geográfica do município Ribáuè

A Vila de Ribáuè localiza-se geograficamente no interior da Província de Nampula,


estende-se numa superfície territorial de 342,94 Km² e divide-se administrativamente
em duas localidades Municipais com um total de 26 Bairros. A Vila de Ribáuè dista a
125 km da cidade de Nampula ou seja da capital provincial.

De acordo com PEUVR, (2016), a vila municipal de Ribáuè, apresenta os seguintes


limites geográficos:

 A Norte:Serra M’palue, entroncamento com o rio Mussi;


 A Sul: Estação de CDN de Namiconha até Bairro de Pecuária;
 A Este:Igreja Católica de Nachilapa;
 A Oeste:Rio Niuarro e Instituto Agrário de Ribaué.

1.2.Historial do Município

Segundo Termo do mandato 2009-2013, Ribáuè foi administrativamente declarada Vila


pelo diploma legislativo 3011, de 2 de Setembro de 1970, que declara o dia 1 de Junho
do mesmo ano, data da criação do Conselho e do respectivo Corpo administrativo e
elevada de povoação a categoria de Vila. E de seguida, em conformidade com a Lei n o
3/2008 de 2 de Maio, que cria novas Autarquias de Vila em algumas circunscrições
territoriais, a Vila de Ribáuè foi integrada no grupo dos 43 Municípios do País.

O nome de Ribáuè derivou-se de uma actividade de pesquisa dos portugueses na


montanha MPHALUE com um grupo de nativos, onde encontraram uma gruta que
despertou interesse, tendo na ocasião orientado aos nativos para que entrassem no
interior da mesma com o propósito de visualizar algo do seu interesse.
16

Regressados do interior da gruta deram a resposta aos portugueses que no interior


estava ‘’escuro’’ e nada se visualizava, que dido em Macua Significa: ‘’Iwe ORIPAWO”,
o que significa em português que lá estava escuro. Daí que os portugueses passaram a
escrever e a chamar de Ribáué, (TM 2009-2013, Pag.08)

1.3.Divisão administrativa e população do município de Ribáuè

Administrativamente a Vila Municipal de Ribáuè está subdividida em duas Localidades


Municipais (Ribáuè Sede eNamiconha) constituído por 26 bairros.

Tabela 1: Divisão administrativa da Vila de Ribáuè

Localidade Municipal de Ribaue-Sede: Localidade Municipal de Namiconha:

Muatala, Nachilapa, Quitheele, 7 de Abril, Mocambique-Novo, Roieque, dois mil,


Molipiha, Bairro-Novo, Marrocane, Nanhotto, Ex-colonato, Lokhone, Acordos
Muhiliale Namirapue, Murrapania, Junta, de Incomate e Acordos de Roma.
Saua-saua, Mesa, Mithupa, Murrauane,
Namarepo, Napasso e Namihara.

Fonte: Adaptado pelo autor com base no PEUVR (2018).

Conforme estimativas do III Recenseamento Geral da População e Habitação realizado


em 2007, cujo apuramento final realizou-se em 2009, a população da Vila de Ribáuè é
de 26.330 habitantes e que até em 2015 pudesse atingir uma média de 38.460
habitantes, com uma superfície de 342,94 km 2 e densidade populacional de 112.15
habitantes por km2, distribuídos em 26 bairros.

1.4.Aspectos socioculturais

De acordo com MAE (2011:14), no Município de Ribáuè habitam populações


pertencentes às linhagens Amale, Amilima, Alucassi, Amirassi, Ayage, Atcheletche,
Alaponi, Anela e Amirole. A maioria dos habitantes é da linhagem Amilima.

Todo o indivíduo macua, ao nascer fica intrinsecamente integrado numa determinada


linhagem que é determinada pelos antepassados da linhagem feminina. Explica-se aqui
o facto de jovens adolescentes ao casarem-se, obrigatoriamente juntam-se a família da
17

jovem mulher. Os filhos que resultem do casamento automaticamente são da pertença


da mulher.

Ainda na óptica do MAE (2011:14),

aorganização social das populações está dependente do tipo de povoamento


existente em cada local. Assim, as comunidades rurais onde reina o povoamento
disperso a organização social orientem pelas tradições. O Muene é autoridade
legitimada pelas comunidades, dado o seu peso na liderança do clã ao longo
dos tempos a quem são investidas funções administrativas, políticas e religiosas.
Ao Muene compete resolver problemas que emergem da convivência entre famílias
arbitra conflitos de terras, distribui terras as famílias do clã, organiza as cerimónias
ligadas as preces de pedido de sorte, chuvas afastamento de males e agradecimento
aos antepassados pelos sucessos, sobre tudo nas campanhas agrícolas.

Das 6.369 famílias do Município da vila de Ribáuè, a maioria é do tipo sociológico


nuclear com filhos, com um ou mais parentes e tem, em média, 5 a 6 membros. Com
uma forte crença religiosa, denominada pela religião Muçulmana. A língua materna
dominante é Emakhua, em seguida o Elomwe.

Nas comunidades fixadas em aldeias e outros aglomerados populacionais junto da vila,


a organização social assume um carácter duplo. Por um lado, a influência da
autoridade tradicional, seguindo a lógica de tradição ancestral e, por outro, a estrutura
fragmentada dos grupos dinamizadores que seguem o modelo adoptado depois da
Independência Nacional.

Estas estruturas, geralmente não encontram convivência pacífica dada a politização


que ainda é evidente. O Decreto 15/2000 tem apoiado na organização comunitária. Na
estrutura familiar, o sistema matrilinear reserva à mulher a “chave” da existência do ser
humano. A mulher guarda e difunde os valores da sociedade, educa e ensina os filhos,
fabrica os utensílios domésticos, cuida da saúde da família e está presente em todas
as actividades de produção alimentar, sua confecção e conservação.

A dança é uma actividade ligada ao ciclo de vida das comunidades: momentos de


dor,recordação dos antepassados, ritos de iniciação, momentos de alegria e
agradecimento aos antepassados pelos êxitos na produção agrícolas e outras
benesses.
18

1.5.Organização e Funcionamento dos Órgãos Municipais

A criação do Município de Ribáuè, foi em conformidade com a Lei no 3/2008 de 2 de


Maio, que cria novas Autarquias de Vila em algumas circunscrições territoriais, a Vila
de Ribáuè foi integrada no grupo dos 43 Municípios do País, e em 2009 a autarquia
começou a funcionar, tendo o seu Estatuto Orgânico, Regulamento Interno e Quadro
de Pessoal aprovados nesse mesmo ano.

De acordo com LALÁ & OLIVEIRA (2016:09),

ainda não existem suficientes dados demográficos disponíveis sobre a


autarquia, mas Ribáuè, é parte do território do Distrito de Ribáuè, ocupando,
principalmente, o território da Vila Sede do Distrito de Ribáuè, estando situado
no extremo Ocidental da província de Nampula, possui um relevo
predominantemente de planalto e altamente acidentado.
1.5.1.Membros da Assembleia Municipal

Desde a municipalização na Autarquia de Ribáuè, a Assembleia Municipal conta com


13 membros em efectividade de funções. No primeiro mantado a assembleia municipal
era composta por 12 menbros da bancada da Frelimo e 1 da bancada da Renamo.
Actualmente sua Assembleia Municipal é formada por 13 membros, 6 mulheres e 5
homens, da FRELIMO, e 2 homens do MDM.

Eis a constituição da Mesa da Assembleia:

 Presidente da Assembleia Municipal


 Vice-presidente da Assembleia Municipal
 Um Secretário da Mesa da Assembleia Municipal

1.5.2.Conselho Municipal

Nos termos da alínea d), nº 1 do artigo 50 da lei 2/97, O CMVR é constituído por Um
Presidente e 4 vereações, nomeadamente:

 Vereação de Infra-estruturas, Construção, Urbanização e Meio Ambiente;


 Vereação de Planificação e Desenvolvimento Económico Local;
 Vereação de Desenvolvimento Social;
 Vereação de Administração, Finanças eFiscalização.
19

a) Vereação de Infra-estruturas, Construção, Urbanização e Meio Ambiente

Composta porSecção de Urbanização e Meio Ambiente com 4 (quatro) Subsecções,


nomeadamente:

 Construção e PlaneamentoFísico;

 Infra-estruturas e Meio Ambiente;

 Abastecimento de Água e Energia;


 Transportes, Auto Licenciamento e Equipamentos;
 Expediente e Arquivo.

b) Vereação de Planificação e Desenvolvimento Económico Local

Composta por:Secção de Desenvolvimento Económico Local, com 2 (duas)


Subsecções nomeadamente:

 Indústria, Comércio e Turismo;

 Agricultura.

Secção de Planificação, Estatística e Promoção de Projectos

 Expediente e Arquivo.

c) Vereação de Desenvolvimento Social

Composta por:Secção de Saúde, Acção Social e Género, com 2 (duas) Subsecções:

 SaúdeComunitária;

 Saúde, Acção Social e Género.

Secção de Educação, Cultura, Juventude e Desporto, com 2 (duas) Subsecções:

 Educação, Cultura;

 Juventude e Desporto.

d) Vereação de Administração, Finanças e Fiscalização

Secção de Recursos Humanos, com 2 (duas) Subsecções

 Gestão de Pessoal e Salários;


20

 Recrutamento, Selecção e Formação.

Secção de Contabilidade, com 5 (cinco) Subsecções:

 Património,

 Fiscalização,

 Tesouraria;

 Receitas; e

 Despesas.

Secção de Atendimento, Arquivo e Expediente.

1.6.Relevo e Solos

O relevo é caracterizado pelo médio e altos planaltos pertencentes a cordilheira de


chire – Namuli com uma altitude de 500m, e formação de montanha é monte M’palue
mais alto do município de Ribáuè;

Os principais tipos de solos do município são (arenosos leves, argilosos vermelho, etc.
e tipos de vegetação (savana simples e ou arbustiva, florestas, mangal);

Arenoso com subsolo profundo de Textura fraco arenoso, argila de cor castanha a
vermelha, vegetação de florestas tropicais por vezes densa e floresta de galerias ao
longo dos rios.

1.7.Destinos Turísticos e unidades industriais

Na Vila Municipal de Ribáuè, podemos encontrar alguns espaços ou abrigo


considerados destinos turísticos, embora o potencial turística acolher com menos
fluência os considerados turistas em visita a esta bela Autarquia, sendo: Serra Mpalue,
Escola da Frelimo (Escola Secundária de Ribáuè) e a Represa da Escola Instituto
Agrário de Ribáuè.

A Vila Municipal de Ribáuè quanto as unidades industriais apresenta a fábrica de


processamento de algodão (OLAM), Fábrica de processamento de água (OASIS),
pequenas indústrias moageira (24 unidades) e fábrica de processamento de mandioca
para a cerveja denominada Impala.
21

CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo faz-se uma contextualização teórica sobre as autarquias locais,


sobretudo conceito das autarquias, as estrutura e órgão do poder local, a dinâmica
evolutiva do poder local em Moçambique, as teorias da administração pública e o papel
das autarquias no desenvolvimento socioeconómico local. Este capítulo espelha o
primeiro e o segundo objectivo da pesquisa que é de descrever o processo de
surgimento das autarquias em Moçambique e analisar a legislação autárquica
Moçambicana comparada e a sua evolução.

2.1.Conceitos

Existem vários conceitos que fazem menção as autarquias, conceitos estes que são
debatidos por diversos fazedores das ciências sociais, dentre eles: politólogos,
sociólogos, juristas e historiadores.

Autarquia é uma palavra derivada do grego autos-arkhé, com a significação de


autonomia, independência, foi trazido para linguagem jurídica, notadamente do Direito
Administrativo, para designar toda organização que se gera pela vontade do Estado,
mas a que se dá certa autonomia ou independência, organização esta que recebeu
mais propriamente a denominação de autarquia administrativa, (SILVA, 1999)

Para o filólogo FERREIRA (1996),

autarquia significa Entidade autónoma, auxiliar e descentralizada da


administração pública, sujeita à fiscalização e à tutela do Estado, com património
constituído de recursos próprios, e cujo fim é executar serviços de carácter
estatal ou interessantes à colectividade, como, entre outros, caixas económicas
e institutos de previdência.
Ao passo que ALVES & COSSA (1999:03),

as autarquias locais são uma forma de governo que actua com uma relativa
independência do poder do estado central e com órgãos próprios que
desenvolvem as suas actividades a bem dos interesses das populações
residentes na sua área de acção, mas sem prejudicar os interesses de toda a
nação, nem a participação do estado.
Uma autarquia local pode ser um município, que corresponde á uma área territorial de
uma cidade ou vila, ou então uma povoação, que corresponde á a área territorial da
sede de um posto administrativo.
22

Na óptica de AMARAL (1998:417),

Municípios/autarquias são pessoas colectivas públicas de população e de


território nacional e que asseguram a prossecução dos interesses comuns
resultantes da vizinhança, mediante órgãos próprios, representativos de
respectivos habitantes
Na visão de GASPAR (2013:02), “as autarquias locais são pessoas colectivas
territoriais, dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses
próprios das populações respectivas.” A Constituição da República Portuguesa enuncia
três espécies de autarquias locais: as Freguesias, os municípios e as regiões
administrativas. As autarquias locais existentes - freguesia e município - estão
constitucionalmente previstas no título respeitante ao "poder local". Dispõem, com vista
à eficaz prossecução dos seus objectivos, de património, finanças, receitas, poder
regulamentar e quadros de pessoal próprio.

De acordo com CAETANO (2010:316),

podem pois, admitir-se dois conceitos de município: o conceito lato, que


identifica o município com qualquer núcleo populacional em que os órgãos
autárquicos sejam constituídos por pessoas que façam parte do respectivo
agregado; e o conceito restrito, que se limita a designação de município ao
conselho, isto é, a autarquia cujo território é a circunscrição municipal.
Fazendo uma fusão dos conceitos aqui mensurados por estes autores, pode afirmar-se
que á autarquia são pessoas colectivas, de uma determinada unidade territorial, seja
ela cidade, vila, posto administrativo ou povoados, que possuem órgãos
representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das respectivas
populações.
2.2.Desenvolvimento local

Apesar da noção de desenvolvimento local ter se imposto, tal se operou muitas vezes
num quadro de uma grande instabilidade conceptual. A sua compreensão implica uma
participação mista, dos universitários para um esclarecimento teórico e a opinião
fundamental dos fazedores do desenvolvimento, os «homens que estão no terreno»,
mais a sua captação passa igualmente pelo reconhecimento da dimensão
multidisciplinar deste conceito, buscando compreender a sua dimensão jurídica,
económica, sociológica ou política. Não é nossa intenção apresentar uma proposta de
um conceito unificado de desenvolvimento local. Alias, isto é impossível, mas
23

confrontar alguns pontos de vista divergentes, com vista a uma melhor compreensão
do conceito, e sobretudo demonstrar que esta incerteza pode influenciar negativamente
a acção da Administração Pública moçambicana, incluindo a acção dos Municípios.

O desenvolvimento local segundo FIEVET (2002) “não é mais que um efeito de moda”.
Assim, segundo o mesmo autor “o nível local tornou-se em pouco tempo, num contexto
de mundialização, o laboratório que se ocupa pela recuperação da identidade cultural e
garantia da qualidade de vida dos cidadãos”. Foi nos anos 1970-1980 que este
conceito se impôs, como uma realidade dinâmica ao nível Europeu. Julgamos que em
Moçambique foi sobretudo a partir dos anos 90, que o conceito se impôs, basta
pensarmos na sua ampla inserção nos textos legais e nos discursos políticos. Portanto,
conceito é ainda emergente. Este conceito procura fazer face aos males do centralismo
do Estado. Visa remediar as evoluções nefastas recentes - desemprego, pobreza,
êxodo rural, «neutralidade do Estado», etc. Apoiando-se sobre a vontade,
possibilidades, capacidades e necessidades locais.

De acordo com FIEVET (2002), o conceito de desenvolvimento local deve enviar-nos


previamente a duas palavras que formam a sua locução: local e desenvolvimento, pois
constituem os pontos de partida e chegada na procura de uma compreensão do seu
conteúdo. Por isso é essencial começar este percurso através da fixação do conteúdo
destas duas palavras:

 Local: pode ser entendido como modo privilegiado através do qual apropriamo-
nos do território, a partir do qual construímos o mundo. O local se constituído por
redes de relações construídas pela experiência individual e colectiva. O local é
sobretudo o «lugar onde habitamos», onde vivemos. Mas por habitar, é preciso
entender um gesto mais largo que habitação, a simples residência. Habitar
inclui, pois, toda a gestão e melhoramentos que o homem realiza para se inserir
na natureza: estradas, escolas, fábricas, comércio, habitação propriamente dita,
numa palavra tudo que contribui para vivermos, todos os equipamentos que
permitem a vida em comunidade. Habitar vai implicar, por fim, o respeito do
lugar e do ambiente que nos rodeia.
24

 Desenvolvimento: o crescimento aparece como central na noção de


desenvolvimento, como sua essência: não há desenvolvimento sem
crescimento. Daqui podem derivar as seguintes questões: quem tem direito ao
desenvolvimento? Podemos imaginar uma sociedade sem crescimento? Existem
autores que preferem falar de mudanças no lugar de desenvolvimento. O
desenvolvimento deve ser perspectivado no sentido da qualidade e não no
sentido da quantidade.

2.2.1.Teoria de Desenvolvimento económico

Ao abordar sobre a questão de desenvolvimento socioeconómico local, fruto da


municipalização em Moçambique torna-se indispensável fazer uma abordagem sobre
as teorias de desenvolvimento e os indicadores de desenvolvimento.

Para SOUSA (1993:20),

a teoria evolucionária do desenvolvimento económico diz que, o


desenvolvimento é o canal de transformações nas estruturas materiais e
institucionais que permitam o aparecimento do crescimento e o seu
prolongamento num período histórico da humanidade.
Nesta ordem de ideias, a satisfação das necessidades dos munícipes só poderá
ocorrer se as transformações e mudanças tiverem lugar. O bem – estar dos munícipes
resulta em grande parte da produção de bens e serviços para o crescimento
económico.

Portanto, o desenvolvimento dos municípios responde à uma exigência de disposição


de bens de consumo e prestação de serviços. No caso concreto, trata-se de satisfação
da necessidade das populações que fazem parte da comunidade do Município da vila
de Ribaué.

De acordo SCATOLIN, 1989, apud OLIVEIRA, (2002:38),

o debate acerca do desenvolvimento é bastante rico no meio académico,


principalmente quanto a distinção entre desenvolvimento e crescimento
económico, pois muitos autores atribuem apenas os incrementos constantes no
nível de renda como condição para se chegar ao desenvolvimento, sem, no
entanto, se preocupar como tais incrementos são distribuídos. Deve se
acrescentar que “apesar das divergências existentes entre as concepções de
desenvolvimento, elas não são excludentes. Na verdade, em alguns pontos, elas
se completam.
25

2.2.1.1.Diferença entre crescimento e desenvolvimento económico

É reconhecida a inadequação do uso dos conceitos “crescimento económico”


e“desenvolvimento” como sinónimos, uma vez que o primeiro é apenas uma das
dimensões do segundo. Conforme afirmou SCHUMPETER (1982): “não será
designado aqui como um processo de desenvolvimento o mero crescimento da
economia (...), pois isso não suscita nenhum fenómeno qualitativamente novo (...) ”.

Muitos economistas não ortodoxos a identificação do desenvolvimento económico com


crescimento seriam ideológicos: ela ocultaria o facto de o desenvolvimento económico
implicar melhor distribuição de renda enquanto crescimento, não. AMARTYA SEN
(1989,1993, 1999), cujo nome está ligado à formulação do Índice de Desenvolvimento
Humano, é talvez o mais radical nessa matéria: para ele, desenvolvimento económico
implica expansão das capacidades humanas ou aumento da liberdade.

o processo de desenvolvimento económico não pode abstrair da expansão da oferta de


comida, vestuário, moradia, serviços médicos, educacionais, etc. e da transformação da
estrutura produtiva, e estas mudanças e cruciais sem dúvida para questões de
crescimento económico, (SEN, 1995:12).
Com a mesma opinião, DASGUPTA (1990), considera que o desenvolvimento não
deve limitar-se a posse de bens físicos ou outros notadamente incluídos na análise
tradicional. A garantia de liberdades indivíduas precisa ser levada em consideração,
apesar da teoria económica dispensar interesse a estas questões, quer seja por
questões metodológicas ou simples irrelevância ou menosprezo.

Em suma o desenvolvimento económico abrange, pois, um amplo escopo analítico,


nomeadamente no que diz respeito aos aspectos metodológicos. Deve ter em mente,
entretanto, que o crescimento abrange somente um dentre os múltiplos aspectos do
desenvolvimento.

a) Indicadores de desenvolvimento
A questão do desenvolvimento ainda e algo actual e relevante para qualquer
sociedade; muito mais do que mudanças quantitativas na condição de vida do
indivíduo, leva-se em consideração os aspectos qualitativos. A grande dificuldade se
encontra em como mensurar, de maneira eficiente, o desenvolvimento de uma
sociedade.
26

De acordo com OLIVEIRA et all (2006:78),


durante muito tempo, os termos crescimento e desenvolvimento económico
foram utilizados como sinónimos, mesmo não tendo o mesmo significado. O
crescimento e condição indispensável ao desenvolvimento, e, resumidamente,
pode-se dizer que o primeiro possibilita a produção de demais bens, enquanto o
segundo implica aperfeiçoamento na qualidade de vida e nos bens disponíveis,
além da forma como a produção e organizada.

Nas primeiras fases do desenvolvimento, a quantidade dos recursos naturais


disponíveis influencia a taxa de crescimento económico e serve como condição
decisiva para ela. Posteriormente, leva-se em conta a qualidade da forca de trabalho
humano, que depende do nível de educação já atingido pela nação, da saúde pública e
da eficiência da organização política, social e económica. Estreitamente relacionados
com esses factores, estão o volume e a utilização de capital e o nível de
desenvolvimento tecnológico. Outro aspecto importante e a estabilidade política que
atrai investimentos internos e de outros países. Para PERROUX (1967) apud
OLIVEIRA et all (2006), o desenvolvimento e a combinação de mudanças mentais e
sociais que tornam uma população apta a fazer crescer, cumulativa e duradouramente,
seu produto real e global. Já o crescimento económico possui uma constatação apenas
quantitativa, traduzida por uma expansão da produção de bens e serviços a disposição
de uma comunidade sem reflexos sensíveis na distribuição de renda. Geralmente, a
expressão crescimento económico refere-se ao aumento da riqueza em um período de
médio e longos prazos. As condições que determinam o crescimento económico
podem ser divididas em internas e externas. Entre as externas, pode-se citar o nível da
actividade económica mundial, por ele determinar o nível de comércio internacional que
depende de uma parcela significativa da renda de muitos países, advinda das
exportações. Entre as condições internas, estão, a qualidade, variedade e quantidade
de recursos naturais e minerais, combustíveis, fertilidade da terra, clima apropriado etc,
(OLIVEIRA et all, 2006).

b) Produto Interno Bruto

Um dos grandes indicadores de desenvolvimento usado pelos economistas é o produto


interno bruto, pois permite a o crescimento económico que de certa forma se
27

metamorfoseia no desenvolvimento socioeconómico de uma determinada unidade


geográfica.

Para OLIVEIRA et all (2006:80),


uma unidade de medida largamente utilizada para mensurar o grau de
desenvolvimento e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, ou seja, o valor da
produção de bens e serviços em unidades monetárias num determinado período
de tempo, dividido pela população.
Pode-se dizer que a renda percapita, a despeito de ser um indicador social valido,
apresenta várias limitações, especialmente por considerar \ (parcialmente) apenas uma
das dimensões do desenvolvimento, que, nesse caso, seria a económica, além de não
levar em consideração factores importantes como as diferenças no custo de vida e na
distribuição de renda nas distintas unidades geográficas (pais, Estado, município,
região).

2.2.2.O índice de desenvolvimento humano

O Relatório sobre o desenvolvimento humano de 1990, organizado pela Organização


das Nações Unidas (ONU), representou um acontecimento importante no que se refere
a apresentação conceitual do desenvolvimento humano e ao processo metodológico
usado para mensura-lo. Nesse relatório, demonstra-se a preocupação de que a
finalidade última do desenvolvimento deve ser o atendimento das necessidades
básicas do indivíduo.

Segundo OLIVEIRA et all (2006:83), O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e


uma medida sintética, composta por três dimensões do desenvolvimento social:
 Longevidade (esperança de vida ao nascer): indicador que mostra a
quantidade de anos que uma pessoa nascida, em uma determinada localidade e em
um ano de referência, deve viver;
 Educação (alfabetização e taxa de matricula): são utilizados dois indicadores
nessa dimensão. A taxa de alfabetização de pessoas com mais de 15 anos que
possui peso 2, e o somatório das pessoas matriculadas em algum curso,
independentemente da idade;
 Renda (PIB per capita): a renda e calculada com base no PIB per capitado
país. Por existirem diferenças no custo de vida de um país para o outro, a renda
28

medida pelo IDH e em dólar PPC (paridade do poder de compra) que elimina essas
diferenças.
Na óptica de SILVA & LEMOS (2004:29),

o desenvolvimento ocorre quando os benefícios de crescimento são distribuídos


por toda a população, verificando – se uma melhoria na redistribuição da riqueza
para todos, sem excepção, e não apenas a favor de uma minoria, os mais ricos.
O desenvolvimento engloba pois, o conjunto de serviços postos à disposição de
toda a população que lhe permite viver e ultrapassar a insegurança das suas
vidas quotidianas, quer alimentar, sanitária, política e até a falta de liberdade.
Em suma, o desenvolvimento económico e social passa pela alocação de meios
materiais tais como: escolas, hospitais, água potável, energia, estradas, tecnologias,
porém não se deve colocar de lado a formação do capital humano oferecido pela
educação, considerado como elemento de grande importância para o crescimento
económico.

2.3.Teorias de administração pública

Ao se fazer menção as autarquias locais, torna-se fundamental abordar as teorias da


administração pública pois as autarquias locais fazem parte da do leque de temáticas
abordadas na administração pública. Pós ao abordarmos a temática das autarquias
locais é imperioso ter em conta que estas fazem parte da descentralização
administrativa, razão pela qual se aborda aqui algumas teorias da administração
pública particularmente, a descentralização e centralização e por outro lado a
desconcentração e concertação.

De acordo com PARK (1997:77),a palavra administração vem do latim ad (direcção) e


minister (obediência), ou seja, o administrador dirige obedecendo à vontade de quem o
contratou. Assim, o administrador público vai conduzir o seu trabalho procurando
atender a necessidade da população que o elegeu (obediência ao seu objectivo).
29

Na sua origem a administração e o controle tinham como características arigidez e


coerção, com a evolução da prática e da teoria geral da administração, as formas de
controle foram se transformando incorporando a flexibilidade, participação e
negociação como estratégias, passando a ser compreendidas como forma de
monitoramento das práticas ou ações (PINHEIRO, 1998).

Para CHIAVENATO (1993) administrar nos dias de hoje significa fazer uma leitura dos
objetivos propostos pelas instituições e empresas e transformá-los em ação
organizacional partindo das funções administrativas ou seja do planejamento,
organização, direção e controle através do esforço de todos, realizado em todas as
árease em todos os níveis da organização, a fim de alcançar os objetivos propostos da
maneira mais adequada à situação.

Segundo PARK (1997) “a administração é uma filosofia em ação”, pois ao observamos


a realidade, construímos nossas idéias, que são transformadas em ação pelo princípio
criativo e a administração visa um equilíbrio entre a compreensão e a extensão de
nossas idéias.

Para DRUCKER (2001:13) “Administrar é aplicar o conhecimento à acção”(grifo nosso),


uma vez que a administração transforma a informação em conhecimento e este em
ação.

2.3.1.Centralização e Descentralização

A descentralização em sentido político-administrativo ocorre quando os órgão da


autarquias locais são livremente eleitos pela respectiva população, quando a lei os
considera independentes na orbita das suas atribuições e competências, e quando
estiverem sujeitos a formas atenuadas de tutela administrativa, em regra restrita ao
controle de legalidade, (CHIZIANE, 2011).

Na óptica de SOUSA (1999:223), “há descentralização administrativa, quando existem


múltiplas pessoas colectivas, nomeadamente públicas, que participam no exercício da
função administrativo do estado-colectividade.”

Em Moçambique a descentralização está igualmente presente apenas no caso das


autarquias. Os presidentes dos municípios prestam as contas a assembleia municipal e
30

através deste órgão eleito, aos cidadãos do município. Por outro lado, a lei dos órgãos
locais do estado determina explicitamente que os governadores provinciais e os
administradores distritais são os representantes do estado e prestam contas ao
presidente da república.

Ocorre a chamada centralização administrativa quando o estado executa suas


tarefas por meio dos órgãos e agentes integrantes da Administração Directa.
Nesse caso, os serviços são prestados pelos órgãos do Estado,
despersonalizados, integrantes de uma mesma pessoa política (União, DF,
estados ou municípios), sem outra pessoa jurídica interposta. Portanto, quando
falamos que determinada função é exercida pela Administração Centralizada
Federal, sabemos que é a pessoa jurídica União quem a exerce, por meio de
seus órgãos; quando se diz que um serviço é prestado pela Administração
Centralizada do Distrito Federal, significa que é a pessoa jurídica Distrito Federal
quem presta o serviço, por meio de seus órgãos, e assim por diante, (SOUSA,
1999:223).
Em síntese, a centralização administrativa, ou o desempenho centralizado de funções
administrativas, consubstancia-se na execução de atribuições pela pessoa política que
representa a administração pública competente - união, estado membro, municípios ou
DF, dita, por isso, administração centralizada. Não há participação de outras pessoas
jurídicas na prestação do serviço centralizado.

2.3.2.Concentração e desconcentração

Segundo CAETANO (2010:254), “dada a organização vertical dos serviços, a


administração estará concentrada quando o superior da hierarquia é único competente
para tomar as decisões, limitando-se os agentes dos escalões subalternos a informar e
executar.”

Ainda na óptica do autor, “a administração estará desconcentrada quando em todos ou


em alguns graus inferiores dos serviços há chefes com competência para decidir
imediatamente, embora sujeitos á direcção, inspecção e superintendência dos
superiores.”

Ao passo que para CHIZIANE, (2011:38),

a administração concentrada é o sistema em que o superior hierárquico mais


elevado é único órgão competente para tomar decisões, ficando os subalternos
limitados às tarefas de preparação e execução das decisões daquele. Ao passo
que a administração desconcentrada é o sistema em que o poder decisório se
reparte entre o superior e um ou vários órgão subalternos, os quais, todavia,
permanecem, em regra, sujeitos e supervisão daquele.
31

É preciso discutir a diferença conceitual e operacional entre a descentralização e


desconcentração, enquanto a descentralização implica a redistribuição do poder, a
desconcentração é a delegação de competências sem, necessariamente, o
deslocamento do poder decisório, (SILVESTRE & ARAUJO, 2003).

2.4.Contexto da criação das autarquias locais em Moçambique

De acordo com CARVALHO (1996:39), “em Moçambique houve a necessidade de se


criar os municípios para atender os interesses da população, através das actividades
económicas viradas ao desenvolvimento das cidades e vilas municipais”.

No quadro jurídico moçambicano, as Autarquias Locais são pessoas colectivas


públicas dotadas de órgãos representativos que visam a prossecução dos interesses
das populações respectivas, sem o prejuízo dos interesses nacionais e da participação
do Estado (WATY, 2000). As autarquias locais têm por objectivo organizar a
participação dos cidadãos na solução dos problemas próprios das suas comunidades e
promover o desenvolvimento local, bem como o aprofundamento e a consolidação da
democracia.

Segundo CISTAC & ZAVALE (2011: 31),

o poder local constitui o mais significativo instrumento de participação política


dos cidadãos, só superado, no seu simbolismo, pelo exercício do direito de
voto. Porem, o voto recua na avaliação a que os indivíduos o sujeitam,
enquanto o poder local se fortifica e cria as suas raízes na sua vontade.
A CRM (2004) consagra, no seu título XIV, a existência do “Poder local”. De acordo
com o Artigo 271 da Lei fundamental:

 1. O poder local tem como objectivos organizar a participação dos cidadãos na


solução dos problemas próprios da sua comunidade e promover o
desenvolvimento local, o aprofundamento e a consolidação da democracia, no
quadro da unidade do Estado Moçambicano.

 2. O poder local apoia-se na iniciativa e na capacidade das populações e actua


em estreita colaboração com as organizações de participação dos cidadãos.

Assim a Lei Fundamental atribui objectivos ao “Poder Local” que este deverá
prosseguir. Contudo, a realização destes objectivos precisa de estruturas e um grau de
32

autonomia suficiente para permitir a realização concreta dos interesses e fins


consagrados pela constituição. No entanto, a criação das autarquias locais não liberta o
estado da sua responsabilidade global sobre o país e o funcionamento das diversas
instituições constitucionalmente existentes; deve, por conseguinte, exercer algum
controlo sobre as autarquias locais, (CISTAC, 2012).

Os municípios têm como objectivos de desenvolverem as suas actividades para


garantir a satisfação das necessidades colectivas através dos recursos existentes na
área de sua jurisdição. Porem, o tratamento de interesses locais traduz – se em
assegurar a satisfação das necessidades da população promovendo o bem – estar,
interferindo – se nas áreas tradicionais como o abastecimento de água, saneamento do
meio, tratamento de resíduos sólidos, apoios sociais, ocupação dos tempos livres,
habitação e ambiente, (Idem).

2.5.O papel das autarquias locais

No interesse das populações da sua área, as autarquias locais devem promover o


desenvolvimento económico e social, defender o meio ambiente, garantir o
saneamento básico para que haja saúde, estimular o abastecimento para que não falte
as populações o essencial para viverem, criar as condições para que se desenvolva a
educação, a cultura, o desporto e formas ideias de ocupação dos tempos livres, de
modo a que se forme uma juventude sã, garantir a tranquilidade e segurança da
respectiva área através da policia da autarquia, criar condições para que esteja
garantida a habitação para todos, através do estimulo á construção e urbanização,
(ALVES & COSSA, 1999).

Segundo ALVES & COSSA (1999:04), para que possam realizar com eficácia as
tarefas que lhes cabem, as autarquias locais gozam de seguintes autonomias:

a) Administrativa, que lhes confere o poder de praticar actos, definitivos e


executórios, a serem cumpridos nas suas áreas e de criar, organizar e fiscalizar
os serviços que tem por objectivo permitir que executem as tarefas que lhes
cabem;
33

b) Financeira, que lhes confere o poder de elaborar, aprovar, alterar e executar


orçamentos e planos de actividade, elaborar e aprovar as contas de gerência,
dispor de receitas próprias e arrecadar outras que, por lei, lhes forem
atribuídas, ordenar e processar as despesas e, em caso de necessidade, e de
acordo com a lei em vigor, contrair empréstimos; e
c) Patrimonial, que lhes confere o poder de terem bens próprios, tanto imóveis
como móveis, para porem em andamento as suas actividades.

No entanto, como as autarquias são parte integrante da nação moçambicana, elas


estão sujeitas ao poder do estado, que através dos órgãos por si criados para o efeito,
procede á verificação das legalidades na forma como elas são administradas pelos
seus órgãos.

Ainda na óptica de ALVES & COSSA (1999:04),

as autarquias locais estão sujeitas á tutela administrativa do estado, o qual deve


verificar se órgãos autárquicos agem de acordo com a lei. Este poder do estão
sobre as autarquias locais é exercido pelos ministros da administração estatal e
do plano e finanças, no respeitante às áreas de sua competência, e estes, por
sua vez, podem exerce-lo através dos governadores provinciais.
Embora as autarquias locais tenham liberdade de realizar o que lhes compete, algumas
das suas acções devem ser aprovadas pelos órgãos de tutela. Assim, os actos
administrativos que tem a ver com o plano de e desenvolvimento, com orçamentos,
com o quadro de pessoal, com a limitação de empréstimos e seus pagamentos, e com
o ordenamento territorial das autarquias locais, só podem ser realizados mediante a
aprovação dos órgãos de que dependem, aos quais cabe apenas aprovar ou não
aprovar.

2.6.Os órgãos das autarquias locais

A administração das autarquias locais é confiada há dois tipos de órgãos: um órgão


deliberante e representativo: a assembleia municipal ou de povoação e órgãos
executivos: o conselho municipal ou de povoação e o presidente do conselho municipal
ou de povoação (CISTAC, 2012).

Esta estrutura obedece a teoria de separação dos três poderes proposta por
Montesquieu. Segundo SANTOS (2006:38), “Montesquieu demonstrou a separação
34

dos poderes e além de julgar necessária a harmonia entre eles defendia uma limitação
para que uns não paralisassem os outros.”

O autor sustenta ainda de que Montesquieu no livro Espírito das leis (1748), defendeu
a Tripartição dos Poderes do Estado em Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder
Judiciário, dividindo as funções e atribuições do Estado a cada um desses poderes,
que devem ser harmónicos e independentes entre si, (Idem).

2.6.1.A assembleia municipal ou de povoação

A assembleia municipal ou de povoação é o órgão representativo da autarquia local


dotado de poderes deliberativos é a expressão concreta do multipartidarismo e do
pluralismo ideológico ao nível da autarquia local. Por outras palavras, é o fórum das
correntes políticas e ideológicas existentes na autarquia local. A assembleia municipal
ou de povoação é eleita por sufrágio universal, directo, igual, secreto, pessoal e
periódico por todos os cidadãos eleitores residentes na circunscrição territorial da
autarquia local, segundo o sistema de representação proporcional. O mandato dos
membros da assembleia municipal ou povoação é de 5 anos (CISTAC, 2012).

Ainda de acordo com CISTAC (2012), a Assembleia Municipal ou da Povoação é


constituída por um número de membros proporcional a um determinado número de
eleitores residentes no respectivo círculo eleitoral, na razão de:

 13 - Membros quando o número de eleitores for igual ou inferior a 20 000;

 17- Membros quando o número de eleitores for superior a 20 000 e inferior a 30


000;

 21- Membros quando o número de eleitores for superior a 30 000 e inferior a 40


000;

 31- Membros quando o número de eleitores for superior a 40 000 e inferior a 60


000;

 39 - Membros quando o número de eleitores for superior a 60 000.


35

2.6.2.O conselho municipal ou de povoação

De acordo com CISTAC (2012), o conselho municipal ou de povoação é o órgão


executivo colegial constituído pelo presidente do conselho municipal ou de povoação e
pelos vereadores por ele escolhidos e nomeados. O número de vereadores é fixado
pela assembleia da municipal ou de povoação sob proposta do presidente do conselho
municipal ou de povoação, de acordo com parâmetros estabelecidos por lei. Em
especial, a lei opera uma distinção entre duas categorias de vereadores: os vereadores
em regime de permanência e os vereadores em regime de tempo parcial. Cabe ao
presidente do conselho municipal ou de povoação de definir quais são os vereadores
que exercem as funções em cada um dos dois regimes. Os vereadores respondem
perante o Presidente do Conselho Municipal ou de Povoação e submetem-se às
deliberações tomadas por este órgão, mesmo no que toca às áreas funcionais por si
superintendidas.

“A periodicidade das reuniões e o procedimento de adopção das deliberações do


conselho municipal ou de povoação são definidos pelo regulamento interno do
respectivo órgão”, (Idem:09).

Todas as competências do órgão executivo colegial da autarquia local são


estabelecidas pelos artigos 56 e 88 da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro. Pode-se
distinguir vários tipos de competências: as que têm como finalidade permitir a execução
de determinadas tarefas ou programas (por exemplo, executar as tarefas e programas
económicos, culturais e sociais definidos pela assembleia municipal ou de povoação);
as que visam apoiar o presidente do conselho municipal ou de povoação na realização
das suas actividades (por exemplo, o conselho municipal ou de povoação coadjuva o
seu presidente na execução das deliberações aprovadas pelo respectivo órgão da
autarquia local: execução do orçamento e do programa de actividades definido pela
assembleia municipal ou de povoação); as que têm por objecto organizar a sua
participação na elaboração da gestão municipal (por exemplo, apresentar à assembleia
municipal ou de povoação os pedidos de autorização e exercer as competências
autorizadas nas matérias previstas pela lei); e as de natureza normativa (por exemplo,
36

o conselho municipal ou de povoação fixa regulamentarmente um valor a partir do qual


a aquisição de bens móveis depende de uma deliberação sua), (CISTAC, 2012).

2.6.3. O presidente do conselho municipal ou de povoação

Na óptica de CISTAC (2012:09),

o presidente do conselho municipal ou de povoação dirige o conselho municipal


ou de povoação. O Presidente do Conselho Municipal ou de Povoação é o órgão
executivo singular da respectiva autarquia local. Ele é eleito por cinco anos, por
sufrágio universal, directo, igual, secreto e pessoal, por escrutínio maioritário
uninominal em dois sufrágios, dos cidadãos eleitores recenseados e residentes
na respectiva circunscrição territorial.
A lei vigente atribui numerosas competências ao presidente do conselho municipal ou
de povoação. Pode-se classificá-las em cinco grupos distintos: as competências de
direcção e de administração (por exemplo, a direcção e a coordenação do
funcionamento do conselho municipal ou povoação); as competências de
representação (por exemplo, o presidente do conselho municipal ou de povoação é o
representante legal da autarquia local); as competências de execução e de controlo
(por exemplo, o presidente do conselho municipal ou de povoação é o principal
responsável para a execução das deliberações da assembleia municipal ou de
povoação); competências em matéria de nomeação dos vereadores e do pessoal
administrativo; as competências de substituição (por exemplo, no caso de situação de
urgência, o presidente do conselho municipal ou de povoação pode tomar actos no
âmbito da competência do conselho municipal ou de povoação. Os referidos actos
devem ser sujeitos à ratificação do órgão executivo colegial na primeira reunião após a
sua prática, o que deverá acontecer num prazo máximo fixado por lei.

além destas competências, o presidente do conselho municipal ou de localidade


participa nas sessões da assembleia municipal ou povoação mas sem direito a
voto. A presença do presidente do conselho municipal ou de povoação às
sessões da assembleia municipal ou de povoação visa, por um lado, permitir a
assembleia municipal ou de povoação de exercer a sua função de controlo sobre
a actividade do conselho municipal ou de povoação, e por outro lado, garantir a
sua intervenção nos procedimentos decisórios da assembleia municipal ou de
povoação. É este quadro institucional que permite a expressão de uma
autonomia político-administrativa que se traduz no poder de desenvolver uma
acção política própria, (CISTAC, 2012).
37

2.7.A dinâmica gradual do poder local em Moçambique

Segundo CISTAC (2012:22), “A dinâmica do processo de descentralização territorial é


orientada pelo princípio do “gradualíssimo” que encontra a sua aplicação tanto ao nível
do processo de criação das autarquias locais como ao nível da transferência das
competências do Estado para autarquias locais”.

O processo de Municipalização em Moçambique teve início em 1997 com o principal


objectivo de combater a pobreza no país através do estabelecimento de Autarquias e
da desconcentração dos poderes centrais do Estado para instituições locais
autónomas, mais próximas dos cidadãos que pudessem responder de forma mais
eficiente às necessidades dos mesmos através do aumento, e da melhoria, da
prestação de serviços a nível local. Este foi um processo gradual que teve até então 3
fases principais nas quais: em 1998 quando foram criadas as primeiras 33 autarquias;
em 2008 quando nasce uma segunda geração de 10 autarquias; e, em 2013, quando
mais 10 autarquias foram criadas perfazendo assim um total de 53 autarquias, (LALÁ &
OLIVEIRA 2016).

As razões da escolha do gradualismo estão directamente ligadas à existência de


condições mínimas para poder gozar efectivamente da autonomia administrativa,
financeira e patrimonial. A reunião destas condições caracteriza o que foi baptizado de
“princípio do gradualismo”. Assim, a escolha do princípio do gradualismo explica-se por
razões directamente ligadas à existência ou a suficiência de condições económicas e
sociais necessárias e indispensáveis para o bom funcionamento da administração
autárquica e isto, de forma sustentável. Contudo, alguns autores criticaram o “princípio
do gradualismo” defendendo que, o princípio do gradualismo estabelecido pelo
legislador limita sem dúvida a afirmação, o desenvolvimento do princípio constitucional
do poder local, limita a participação de todos os cidadãos na promoção democrática do
desenvolvimento da sua comunidade, bem como priva os cidadãos de terem as
mesmas oportunidades de aprofundamento e consolidação da democracia, através da
participação nas eleições autárquicas, (CISTAC, 2012).

O Artigo 5 da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro estabelece os critérios para a criação de


autarquias locais. Nesta perspectiva, o Parlamento deve tomar em conta:
38

 Os factores geográficos, demográficos, económicos, sociais, culturais e


administrativos;

 Os interesses de ordem nacional ou local em causa;

 As razões de ordem histórica e cultural;

 A avaliação da capacidade financeira para a prossecução das atribuições que


lhes estiverem cometidas.

Assim, a lógica do gradualismo fundamenta-se em factores objectivos. O factor


geográfico tem a ver com a localização das vilas propostas, uma em cada província; o
factor demográfico tem como indicador o número dos cidadãos eleitores apurados em
1994; o factor económico é caracterizado pela actual capacidade de realização de
actividades económicas (produção e comercialização) dos sectores familiar e
empresarial; os factores sociais e culturais são caracterizados pela actual capacidade
financeira avaliada e representada pelo grau de dependência de cada vila em relação a
subsídios do Estado ao respectivo orçamento. Além dos factores legais já referidos, há
a considerar a capacidade actual das infra-estruturas para instalação dos serviços e
habitação da Administração Pública em cada vila e o facto de a administração das vilas
encontrar-se totalmente integrada na administração do distrito, (CISTAC, 2012)

Assim, o Artigo 5 da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro, estabelece uma espécie de "auto-
vinculação limitada". Com efeito, o Legislador impõe-se, previamente o respeito de
determinadas regras que têm um conteúdo objectivo no âmbito da criação, extinção e
modificação das autarquias locais. É, de alguma forma, uma garantia no que diz
respeito à criação de uma autarquia local. Com efeito, a partir do momento em que os
requisitos relativos à criação da autarquia local são reunidos será difícil ao órgão
competente para criar uma nova autarquia local fundamentar uma recusa da sua
criação. É, também, uma garantia no que diz respeito à extinção de uma autarquia local
existente, (Idem).

Com efeito, o órgão competente para extinguir deverá, pelo menos, verificar que as
condições enumeradas no Artigo 5 da referida lei, que existia na altura da criação da
autarquia local, não se encontram reunidas num determinado momento que é
39

susceptível de permanecer. Em certa medida, existe uma competência vinculada por


parte da Assembleia da República na apreciação de alguns elementos de facto na sua
decisão de criar, extinguir ou modificar as autarquias locais. Isto quer dizer que a partir
do momento em que o Parlamento inicia um processo de criação, extinção ou
modificação das autarquias locais, ele é obrigado – deve - conforme nos termos do n.º
2 do Artigo 5 da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro - a tomar em conta os requisitos
básicos estabelecidos por esta disposição. Mas esta competência vinculada é limitada
pelo facto de que a tomada em conta desses factores não exclui outros factores,
(ibidem).
40

CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Neste capítulo faz-se a apresentação, análise e interpretação de dados colhidos no


âmbito da pesquisa. Os dados analisados foram colhidos de acordo com as seguintes
técnicas de colecta de dados: entrevista, observação e revisão bibliográfica. Na análise
e interpretação de dados é usado o método indutivo tal como afirmou-se na introdução
do presente trabalho. A amostra sobre os munícipes abrange pessoas de vários
estratos sociais dentre os quais, funcionários públicos, estudantes, agentes
económicos entre outros.

Para garantir a confidencialidade dos dados colhidos no âmbito da pesquisa, a autora


recorreu ao critério de codificação, na apresentação dos dados fornecidos, assim
sendo foram utilizadas as seguintes abreviaturas: FCM (Funcionário do Conselho
Municipal) e MVR (Munícipe da Vila de Ribáuè).

No processo de validação das respostas, a pesquisadora procurou agrupar as


respostas consoante os objectivos pretendidos e por meio dos métodos indutivos e
quantitativo, fez-se a interpretação dos dados, atribuindo significados e fazendo uma
conclusão final.

3.1.A participação dos munícipes na gestão e desenvolvimento socioeconómico


do município de Ribáuè

Os munícipes de Ribáuè participam de forma diferenciada no processo de


desenvolvimento socioeconómico da vila. Foi colocada a seguinte questão aos
mesmos: Participa na gestão, governação e desenvolvimento socioeconómico da
autarquia?

Para esta questão, foram inquiridos vinte (20) munícipes, dos quais dezanove (19) que
correspondem a 95% afirmam que sim, e, um (1) munícipe corresponde a 5% afirma
que não participa na gestão, governação e desenvolvimento socioeconómico da
autarquia, vide o gráfico um.

A governação participativa refere-se a articulação e cooperação entre o governo


Municipal, actores sociais e políticos (que inclui não apenas redes sociais formais, mas
também redes sociais informais que compreende a sociedade civil local, religiosa,
41

líderes tradicionais, Organizações Comunitárias, Associações de varia ordem), na


gestão de interesses económicos, sociais, políticos e culturais do âmbito Municipal,
(LANGUANE, 2014).

Os mecanismos de participação compreendem as diversas formas de envolvimento


dos cidadãos nos processos de governação. Inclui o conjunto de acções do munícipe
individual ou colectivamente com vista a provocar mudança nas decisões políticas que
as autoridades Municipais tomam de modo a que elas possam responder interesses e
expectativas dos Munícipes.

Gráfico 1: A participação dos munícipes na gestão, governação e desenvolvimento da


autarquia de Ribáuè.

Participa na gestão, governação e desenvolvimento socioeconómico


da autarquia?
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sim Não

Fonte: Adaptado pela autora a partir da amostra, 2019.


42

3.1.1.As formas de participação dos munícipes da vila de Ribáuè na gestão e


desenvolvimento socioeconómico local

Tendo sido questionados acerca das formas de participação, dezassete (17) inquiridos
justificaram que participam através do pagamento de impostos; dois (2), afirmaram que
participam nas actividades promovidas pelo conselho municipal; e, Um (1) inquirido
justifica que não participa no desenvolvimento do município.

A participação não é muito notória porque, a edilidade não cria mecanismos exequíveis
para a participação dos munícipes na governação, gestão e desenvolvimento
socioeconómico da autarquia, (MVR6, CP.2018).

Em contrapartida, a AFRIMAP (2009:18), afirma que,


(...) a experiência dos municípios já implantados, contudo, mostram que tal
processo está ainda um pouco desenvolvido, com estudos a demonstrar que é
rarefeita interacção entre as autoridades locais e os cidadãos e que há uma
frequente falta de informações sobre os serviços municipais, e muito baixo
contacto popular com os departamentos e serviços municipais.
Ainda, na mesma linha de pensamento CISTAC & CHIZIANE (2008:168), afirmam que,
“na realidade, o modelo democrático autárquico actual conserva, ainda, uma natureza
representativa e não verdadeiramente participativa. Com efeito, as experiencia
desenvolvidas em matéria participativa ao nível autárquico são meramente empíricas,
não apresentando qualquer substrato legislativo.”
Com base no ponto de vista dos autores acima, conclui-se que a edilidade deRibáuè,
não tem criado mecanismos de forma a proporcionar uma governação participativa aos
munícipes, razão pela qual algumas realizações levadas a cabo pela edilidade não
respondem aos reais problemas que estes enfrentam.

Como afirmaMVR2, (…por exemplo, a rede de abastecimento da água potável dentro


da vila tem uma cobertura muito baixa razão pela qual parte considerável dos
munícipes consomem água dos poços tradicionais e rios, mais em contrapartida, o
município investiu oito milhões trezentos e sessenta e sete mil quarenta e dois meticais
e sessenta e cinco centavos (8.367.042.65), para a pavimentação de algumas ruas da
urbe…Isso na óptica dos munícipes é fruto da falta da auscultação dos problemas dos
munícipes porque, a pavimentação era necessária mais não oportuna porque a
43

edilidade tinha que dar mais prioridade á ampliação do sistema de abastecimento de


água para a população local.)

Vasculhando a participação dos cidadãos no desenvolvimento local, MATOVU apud


ZAVALE (2011:262) afirma que,

um dos desafios centrais da participação é envolver os actores não só na


execução de programas governamentais, como também na tomada de decisões
relativas á forma como o governo deve alocar fundos e que tipos de programas
devem ser implantados. Esse esforço implica a criação de fóruns onde o cidadão
comum possa debater assuntos tais como habitação, saúde, educação, e
política orçamental.
De acordo com FCM1,

os munícipes participam na gestão e desenvolvimento socioeconómico da


autarquia, através do conselho consultivo criado na assembleia municipal, este
órgão, faz a auscultação dos reais problemas que á população enfrenta, razão
pela qual houve melhoria na área do saneamento do meio, abertura de várias
fontes de água, construção de mercados, compra de viaturas dos serviços
funerários, em suma todas aquisições do município de Ribáuè são feitas com
base nas auscultações dos munícipes, outras formas de participação feitas
menção pelos órgão municipais de Ribáuè são as visitas aos bairros com a
finalidade de se inteirar dos reais problemas dos munícipes e convite aos líderes
comunitários e outros munícipes sem excepção, nas secções da Assembleia
Municipal, de modo acompanharem de perto as realizações do município.,
(CP.2018)
Portanto, conclui-se que, existem controvérsias entre os munícipes e as autoridades
municipais, quanto a forma de participação dos munícipes na gestão e governação da
autarquia de Ribáuè, mas, com tudo, conclui-se que a maior parte dos munícipes
participam através do pagamento de impostos e algumas actividades promovidas pela
edilidade, tais como as sessões do conselho consultivo e da assembleia municipal,
reuniões com os munícipes, jornadas de limpeza e policiamento comunitário.

3.2.Impactos da municipalização para o processo de desenvolvimento


socioeconómico local.

A municipalização da vila sede do distrito de Ribáuè impulsionou impactos negativos e


positivos. Para avaliar os impactos da municipalização da Vila, foram entrevistados
vinte (20) munícipes, dos onde catorze (14) que correspondem a 70% referem que a
municipalização trouxe impactos positivos, apontando o fornecimento dos serviços
básicos, melhoramento de infra-estruturas públicas e sócias, expansão da vila e
redução da burocracia na emissão de qualquer tipo de licença seja ela económica ou
44

não. E, seis (6) que correspondem a 30% referem que ela trouxe impactos negativos
ao desenvolvimento socioeconómico da vila sede do distrito de Ribáuè, conforme o
gráfico que se segue.

Gráfico 2: Visão dos munícipes dos sobre os impactos da municipalização da vila de


Ribáuè.

Visão dos munícipes sobre os impactos da municipalização da


vila sede do distrito de Ribáuè
20

18

16

14

12

10

0
Positivos Negativos

Fonte: Adaptado pela autora a partir da amostra, 2019.

Perante as observações da autora, os impactos da municipalização da vila sede do


distrito de Ribáuè devem ser vistos de forma isolada dependendo do contexto. Assim, a
municipalização trouxe impactos negativos e positivos no cômputo social e económica.

Como afirmam FARIA & CHICHAVA (1999:11),


as autarquias têm autonomia administrativa, financeira e patrimonial, podendo
inclusivamente criar e receber impostos. Sendo a função tradicional fundamental
da autarquia prover serviços de utilidade pública aos autarcas, o município deve
ser visto como um agente catalizador do desenvolvimento económico e social
local em benefício dos munícipes (residentes do município).

Em consonâncias com os estes autores, MVR14 (CP.2018) realçou o seguinte, “hoje já


é possível passear no Ribáuè, porque o município abriu muitas ruas ligando diversos
45

bairros da vila, alegam ainda que graças a municipalização foi possível ver uma rua
pavimentada na vila de Ribáuè.”

De igual modo FCM (CP.2018), “com municipalização mudou o aspecto físico,


económico e social da vila, principalmente a questão de vias de acesso e mercados.”

Portanto, conclui-se que a municipalização, trouxe a melhoria das infra-estruturas


públicas e sociais, fruto das actividades realizadas durante os anos de 2009-2014
(primeiro mandato) e 2015-2018 (segundo mandato). Pelo que, pode-se afirmar que,
após a municipalização da vila, houve abertura, melhoramento e pavimentação de
diversas ruas e vias de acesso, (vide o apêndice III), construção de quatro mercados
nos bairros de expansão e na zona cimento, construção de aquedutos e pontes,
alargamento da rede eléctrica nos bairros, construção de raiz do edifício do CMVR
(vide o apêndice III), criação de associações juvenis na área da agricultura, aquisição e
distribuição de produtos nutricionais, crianças órfãs e vulneráveis e abertura de
serviços bancários, passando a contar com três (03) agências bancárias sendo uma
(01) do BCI (vide o apêndice III), Standart Bank e Millenium BIM.

Os outros impactos que a municipalização trouxe para o desenvolvimento


socioeconómico local, foram, a redução da burocracia no sector público e a expansão
da vila.

De acordo com MVR11 (CP.2018),

com a municipalização a emissão de licença de qualquer tipo de actividade seja


ela económica ou não passou a ser flexível. De igual modo assiste-se a
construção de vias de acesso e respectivos aquedutos que permitem a ligação
da zona cimento para os bairros periféricos, alargando assim, a extensão
territorial das zonas habitadas, com objectivo de expandir a vila.
Ainda como forma de expandir a vila de Ribáuè, a edilidade criou o plano pormenor do
posto administrativo urbano de Namiconha, que esta compartimentado em zonas
económicas, residências, jardins e infra-estruturas sociais, (FCM, CP.2018).

O processo de elevação da Vila-sede de Ribáuè á categoria de município também


trouxe impactos negativos ao processo de desenvolvimento socioeconómico local, pois
com a municipalização o preço de venda de talhões subiu de forma exorbitante, a taxa
46

diária do mercado foi agravada de cinco (05) meticais para dez (10), aumento de
número de construções desordenadas aumento da criminalidade e prostituição.

Na óptica de MVR (CP.2018), …não olho a municipalização apenas de forma positiva,


falo isso na qualidade de comerciante do mercado central, antes pagamos a taxa diária
de 5mt e agora são 10mt e ainda somos exigidos a pagar certas taxas mensais ou
anuais no município, esta situação esta nus deixar agastados… mais também temos de
olhar para o período antes da municipalização o nível de criminalidade não era muito
acelerada como na actualidade, quase todos dias a furto de mota ou bicicleta em plena
luz do dia aqui no mercado…)

3.3. O contributo da municipalização para o desenvolvimento socioeconómico


local

Os munícipes da vila sede do distrito de Ribáuè percebem de forma diferente os


impactos da elevação desta á categoria de município, è um facto inegável que
actualmente a vila atravessa um período de rápido crescimento no campo económico e
social, razão pela qual afirma-se que este processo trouxe o desenvolvimento. Porem,
a questão de desenvolvimento da vila não é uma unanimidade no seio da população
local, ou seja, existem opiniões divididas.

De acordo com FARIA & CHICHAVA (1999:21),

as autarquias podem contribuir para um ambiente mais propício ao investimento


local e internacional e à criação de emprego, através de uma gama de
instrumentos, inclusive investimentos em infra-estruturas essenciais (p.ex:
estradas urbanas), redução da burocracia (p.ex: licenças comerciais) e o
fornecimento de serviços públicos através de parcerias público-privadas. Se as
autarquias estiverem equipadas e interessadas em promover o desenvolvimento
dos pequenos negócios e o emprego, podem mesmo implementar actividades
destinadas a facilitar núcleos específicos com potencial de crescimento e
emprego de trabalhadores indiferenciados, como o agro-processamento,
turismo, construção e fornecimento de serviços públicos.
Para responder a questão acima, foram colocadas questões especulativas, na tentativa
de apurar o sentimento dos munícipes quanto ao desenvolvimento da vila por causa da
tal municipalização. As questões colocadas foram:

a) Qual é a sua satisfação em relação ao desempenho do Município de Ribáuè


para desenvolvimento socioeconómico?
47

Esta questão teve como objectivo conhecer o grau de satisfação dos munícipes em
relação ao desempenho do município de Ribáuè em prol do desenvolvimento
socioeconómico local. Assim, foram inqueridos vinte (20) munícipes onde dezasseis
(16) que correspondem a 60% afirmam que o seu grau de satisfação em relação ao
desempenho do município é positivo, e, descrevem a sua satisfação apontando as
seguintes realizações: gestão de resíduos sólidos, através da colocação de tambores
de lixo e limpeza diária, construção de infra-estruturas como mercados, salas de aulas
nas escolas, abertura de novas vias de acesso e pavimentação de algumas já
existentes, melhoria da iluminação pública, organização do comércio, melhoria no
abastecimento de água aos munícipes através da abertura de fontenários nos bairros
da vila, atribuição de licenças para construção, alocação da viatura funerária e moto
ambulâncias.

Como afirma MVR9 (CP.2018), “…quem viu Ribáuè em 2006 e volta hoje a visitar vai
notar muita diferença, esta vila era tão pequena, as ruas não estavam iluminadas, não
havia quartos condignos para hospedar, quando chovesse as ruas ficam todas
alagadas, o mercado central era feito de bancas insignificantes, a água potável talvez
saia apenas na casa do senhor administrador… (risos).”

O mesmo sentimento foi partilhado por MVR2 (CP.2018),

Ribáuè era uma vila insignificante e hoje notamos grandes avanços e melhorias
na esfera económica e social… não podemos remeter esse tipo de analise a
esfera política, pôs o desenvolvimento económico da vila é visível mesmo na
escuridão da meia-noite… quem diria que Ribáuè teria um dia u ma Rádio
comunitária local, uma instancia hoteleira como o residencial Malema que esta
ali em Namiconha, 4 bombas de combustível, lojas da Vodacom e Movitel, 3
agencias bancárias simultâneas, uma viatura para os serviços funerários, ruas
pavimentadas…eu pelo menos nunca pensei que em pouco tempo estaríamos
nestes patamares.
Ainda nesta questão, quatro (4) inqueridos que perfazem 40%, responderam
negativamente, tendo justificado nos seguintes moldes: desconhecimento por parte dos
funcionários acerca dos dispositivos legais que regem as autarquias locais em
Moçambique, razão pela qual há violação da lei de probidade pública por parte de
alguns funcionários que chegam a usar os bens do município em benefício próprio.
Autorização de construções de forma desordenada; Não há inclusão dos munícipes na
tomada de decisões.
48

Segundo MVR6 (CP.2018), “as decisões do município de Ribáuè são tomadas nas
sessões do comité distrital do partido Frelimo, quem não é camarada nunca tem a
oportunidade de trazer seus pontos de vista pelo progresso da nossa vila…o uso dos
bens do município principalmente dos meios circulantes por parte dos funcionários do
corpo dirigente da autarquia cria sem sombra de duvida um clima de insatisfação por
parte de muitos munícipes, mais como não há fórum apropriado apara isso,
continuamos sofrendo calados.”

De acordo com SILVA & LEMOS (2004:29),


o crescimento é o aumento continuado num período longo de tempo, de
quantidades significativas e cuja persistência indica, fundamentalmente
mudanças das estruturas económicas, assim como o aumento regular de bens e
serviços numa determinada sociedade.

Em concordância com o autor e perante os dados apresentados acima, pode-se


concluir que a maior parte da população está satisfeita quanto á contribuição da
edilidade para o desenvolvimento socioeconómico da vila sede do distrito de Ribáuè,
mas também, o desconhecimento de dispositivos legais que regem as autarquias em
Moçambique, faz com que a edilidade entre em conflito de interesse manifestado
através do uso de bens públicos, para o benefício próprio. Atitudes que levam alguns
munícipes a afirmar que não estão satisfeitos com o desempenho do CMVR.

b) O que gostaria que o município fizesse em prol do desenvolvimento local?

A questão teve por objectivo colher pontos de vista dos munícipes em relação às
actividades que deviam ser levadas a cabo pelo município no sentido de promover
desenvolvimento local. Assim, foram inqueridos vinte (20) munícipes, onde, dez (10)
que correspondem a 50%, disseram que gostariam que o município fizesse a
requalificação urbana e saneamento do meio. Cinco (5) Munícipes, que correspondem
a 25% disseram que gostariam que o município fizesse melhoramento das infra-
estruturas. Três (3) Inqueridos que correspondem a 15%, gostariam que, o município
cria-se as seguintes condições: Massificação de actividades socioculturais. Ainda na
mesma questão, dois (2) apontaram a massificação das actividades económicas, como
seu anseio.

Como se pode ver na visão MVR10 (CP.2018),


49

a recolha de lixo na vila é muito deficiente, no meu ponto de vista a recolha de


lixo é feita apenas na zona cimento da vila, mais para quem entra nos bairros se
depara com forte concentração de lixo, a título de exemplo no bairro de Muhiliale
onde resido nunca vi nenhuma campanha de recolha de lixo… gostaria que a
recolha de lixo fosse abrangente aos bairros periféricos.
De acordo com MVR12 (CP.2018),“…gostaria que o município pudesse dar prioridade
a construção de novas infra-estruturas de abastecimento de água potável, aquedutos,
novas ruas, isso principalmente no posto administrativo de Namiconha… de igual modo
o município devia criar mecanismo para prover serviços básicos nos bairros de
expansão, isso como forma de alargar a extensão da vila municipal.”

Conforme o artigo 56 da Lei 2/97, de 18 de Fevereiro,

as principais competências do Conselho Municipal são: manutenção do sistema


de esgotos; tratamento de lixo e limpeza pública; iluminação pública, urbana e
rural; distribuição de energia eléctrica; cuidar da rede viária, urbana e rural;
regular os transportes públicos; manutenção da educação básica; conservação
das casas de cultura, bibliotecas, e museus; apoio aos mendigos, doentes
mentais e meninos de rua; responsável pelos cemitérios e conservação de
jazigos; manter e conservar os postos médicos; funcionamento e organização
dos mercados e feiras; conceder licenças para construção e conservação dos
edifícios.

Fazendo uma fusão entre o artigo supracitado e os anseios dos munícipes pode-se
concluir que, as actividades sugeridas estão devidamente enquadradas com a lei
autárquica moçambicana, assim sendo, a requalificação urbana é mesmo imperiosa
para estimular o desenvolvimento socioeconómico da vila, uma vez que maior parte da
área municipal de Ribáuè é constituída por bairros periféricos, com construções
desordenadas, sem iluminação pública e sem acesso a água potável, por essa razão a
requalificação urbana é mesmo uma actividade que o CMVR deverá levar á cabo com
vista a impulsionar o desenvolvimento socioeconómico da vila.

Outra sim, a edilidade deve envidar esforço no sentido de garantir o saneamento do


meio da vila, não apenas da zona cimento como acontece actualmente tem acontecido,
mais também nos bairros pré-urbanos, esforços que devem ser extensivos na
massificação de actividades económicas e socioculturais.

Ainda com intuito de estimular o desenvolvimento socioeconómico local, devem ser


criados mecanismos junto dos agentes económicos locais como forma de atrair mais
investimentos do sector privado dentro da autarquia. De igual modo deve se ter
especial atenção as actividades socioculturais, tais como desporto, actividades
50

culturais, assistências aos idosos, as crianças órfãs e vulnerais e pessoas portadoras


de deficiência.

C) O que acha que deveria ser melhorado no âmbito da actividade do


município em prol do desenvolvimento socioeconómico local?

Esta questão teve por objectivo colher as sugestões dos munícipes em prol do
desenvolvimento socioeconómico da vila municipal de Ribáuè. Assim foram inqueridos
vinte (20) munícipes, onde cada um apresentou de forma aberta os seus pontos de
vista e entre vários pontos de vista atinentes a esta questão, conclui-se que os
munícipes querem que a edilidade construa mais mercados, construção de um novo
sistema de abastecimento de água, expansão da corrente eléctrica e água potável aos
bairros pré urbanos, contratação de mais agentes para polícia municipal, abertura de
estradas qualificadas, melhoria no saneamento do meio dos bairros pré urbanos, criar
novas zonas de expansão, construção de uma casa mortuária no Hospital Rural de
Ribáuè e criar mecanismos de forma a incluir os munícipes na governação da
autarquia.

De acordo com MVR5 (CP.2018), “ de entre vários problemas que o nosso município
enfrenta na actualidade, a fraca cobertura de abastecimento de água potável aos
munícipes é um dos que merece uma atenção especial, gostaria que o município
tomasse em consideração essa particularidade.”

Na óptica de MVR10 (CP.2018), “a iluminação pública é deficitária nos bairros da vila


de Ribáuè, principalmente no posto administrativo de Namiconha…”

De acordo com o artigo 6 da lei 2/97 de 18 de Fevereiro,

as atribuições das autarquias locais respeitam os interesses próprios, comuns e


específicos das populações respectivas e designadamente: a) desenvolvimento
económico e social local; b) meio ambiente, saneamento básico e qualidade de
vida; c) abastecimento público; d) saúde; e) educação; f) cultura, tempos livres e
desporto; g) polícia da autarquia; urbanização, construção e habitação .
Olhando o artigo acima, comparando com as sugestões colocadas pelos munícipes
afirma-se que as opiniões por estas apresentadas estão devidamente enquadradas
com os princípios plasmados na legislação autárquica vigente no país. A maior parte
dos munícipes, sugeriu a melhoria do sistema de abastecimento de água potável como
51

uma actividade que deve ser feita no sentido de impulsionar o desenvolvimento


socioeconómico da vila sede do distrito de Ribáuè, assim pode-se concluir que as
sugestões levantadas pelos munícipes estão devidamente enquadradas com a
realidade observada pelo autor no âmbito da pesquisa.

3.4.Validação de hipóteses

A construção das hipóteses neste estudo foi feita através da observação da realidade
dos factos relacionados. Antes de proceder com a comprovação das hipóteses, foi
colocada a seguinte questão como ponto de partida desta pesquisa: Qual é o impacto
que a autarquia trouxe para o desenvolvimento socioeconómico local?

Na tentativa de responder o problema levantado e alcançar os objectivos propostos


foram levantadas as seguintes hipóteses:

 A reabilitação e construção de infra-estruturas básicas, podem contribuir


para a melhoria da qualidade e criação de condições para o aumento do
acesso aos serviços sociais;
 Assegurar a sustentabilidade do ambiente, através do abastecimento de
água e saneamento do meio, que de certa forma pode contribuir para a
promoção de desenvolvimento integrado da autarquia; e
 O incremento de oportunidades para a criação de postos de emprego,
que pode contribuir para a elevação do nível de vida dos munícipes.

As hipóteses foram confirmadas positivamente tal como foi demonstrado nas secções
anteriores deste capítulo. Quanto à primeira hipótese, relacionando as opiniões
colhidas e às observações, afirma-se que esta hipótese foi confirmada, pois com a
municipalização da vila sede do distrito de Ribáuè, varias foram as infra-estruturas
foram construídas outras reabilitadas, com destaque para ruas, salas de aulas, furos de
água, recintos desportivos e infra-estruturas municipais com maior destaque para o
edifício sede do CMVR.

Com a construção e reabilitação das referidas infra-estruturas levadas a cabo pela


edilidade de Ribáuè, houve um aumento significativo do acesso aos serviços básicos
tais como água potável, pés embora a cobertura de abastecimento de água potável é
52

ainda baixo e melhoria sobretudo da transitabilidade das principais vias que liga zona
cimento aos bairros pré-urbanos da vila. De igual modo pode se destacar a melhoria na
iluminação pública dentro da zona cimento da vila e a reabilitação de recintos
desportivas que incrementaram a prática de diversas modalidades desportivas. Ainda
relativamente a primeira hipótese, importa frisar que esta foi confirmada na seguinte
questão: Qual é o impacto que a autarquia trouxe para o desenvolvimento
socioeconómico local?

No que tange a segunda hipótese, o trabalho de pesquisa demonstrou de forma clara


que com a elevação da vila de Ribáuè á categoria de município no ano de 2009,
registou-se uma grande melhoria no fornecimento dos serviços básicos, tais como
saúde, educação, iluminação pública, saneamento do meio e a gestão de mercados. E
com a melhoria registada no tratamento dos resíduos sólidos, ficou resolvida a questão
da sustentabilidade ambiental, através do saneamento do meio e promoção de higiene
na vila de Ribáuè.

A remoção diária dos resíduos sólidos contribui significativamente para a redução de


certas patologias tais como malária e diarreias, o que de certa forma contribui para o
desenvolvimento integrado da vila e na melhoria da higiene pública. Esta hipótese foi
confirmada na seguinte questão: Qual é a sua satisfação em relação ao desempenho
do Município de Ribáuè para desenvolvimento socioeconómico?

Quanto á terceira hipótese, a partir da entrevista feita aos funcionários do CMVR e


alguns munícipes, foi possível concluir-se de que com a municipalização da vila de
Ribáuè em 2009, criou-se um clima favorável ao investimento privado, a massificação
das actividades económicas e emprendedorismo juvenil através do agro negócio. E
com a construção de diversas instancias turísticas e comercias, registou-se um
incremento de posto de trabalho e de auto emprego, o que favoreceu para a melhoria
das condições de vida dos munícipes e consequente aumento de poder de compra dos
mesmos. Esta hipótese pode ser confirmada na seguinte questão: Qual foi o contributo
da municipalização da para o desenvolvimento socioeconómicolocal?
53

Conclusão

A municipalização em Moçambique teve início no ano de 1998 com a aprovação da lei


2/97 de 18 de Fevereiro sobre as autarquias locais. Numa primeira fase, foram criados
33 municípios, no ano de 2008 foram mais 10 novas vilas foram elevadas a categoria
de município na altura uma em cada província e no caso de Nampula foi a Vila Sede do
distrito de Ribáuè, em 2013, o número que evoluiu perfazendo actualmente 53
municípios.

A questão da municipalização em Moçambique, surge no contexto da descentralização


administrativa tendo em vista a promoção do desenvolvimento socioeconómico local
através da participação do cidadão na tomada de decisão sobre os problemas da sua
comunidade. Existe um profundo casamento entre a descentralização e
desenvolvimento local. Em linhas gerais, a descentralização administrativa possibilita
um rápido desenvolvimento económico e social de uma determinada unidade
geográfica. Assim, a municipalização da vila sede do distrito de Ribáuètrouxe impactos
positivos e negativos á mesma.

A elevação da Vila Sede do Distrito de Ribáuè a categoria de município, impulsionou o


desenvolvimento socioeconómico local, através da melhoria no fornecimento de
serviços básicos, tais como saúde, educação, energia eléctrica, água potável,
saneamento do meio e segurança pública através da criação da polícia da autarquia,
construção de diversas infra-estruturas públicas, económicas e sociais, tais como
estradas, aquedutos, pontes, salas de aulas, centros de saúde, mercados, jardins entre
outras. A municipalização também criou um ambiente atractivo para investimento do
sector privado, de igual modo através de políticas e estratégias que se traduziram na
presença da Rádio Comunitária, de três agências bancárias desta feita do BCI,
Standart Bank e Millenium BIM, construção de vários estabelecimentos comerciais e
instância turísticas e hoteleiras.

De igual modo conclui-se de que com a municipalização houve a expansão da Vila,


com o surgimento de novas zonas de expansão, fruto dos esforços levadas a cabo pela
edilidade no sentido de expandir os serviços básicos, nestas zonas de expansão.
54

Importa aqui referenciar que com a elevação de Ribáuèa categoria de vila municipal
registou-se aumento de índice de criminalidade e de prostituição, na mesma linha de
pensamento, conclui-se que também o valor das taxas diárias do mercado tende
agravar-se.

Portanto, o sucesso do processo de descentralização em Moçambique dependerá


fundamentalmente da participação e do envolvimento popular na gestão autárquica. A
experiencia dos municípios já instalados, contudo, mostra que tal processo está ainda
pouco desenvolvido, com estudos e debates a demonstrar que é rarefeita a interacção
entre as autoridades locais e os seus cidadãos e que há uma frequente falta de
informação sobre os serviços municipais, e muito baixo contacto popular com os
departamentos e serviços municipais.
55

Sugestões

Para que o sucesso de descentralização em Moçambique continue produzindo


resultados tangíveis, é necessário que se tome em consideração a participação activa
dos cidadãos na gestão autárquica. Durante a pesquisa foi possível tirar varias
conclusões relativas ao impacto da elevação da vila de Ribáuèa categoria de município,
e face a estas constatações, como sugestões relacionadas ao estudo, propõe-se ao
conselho municipal da Vila Sede do Distrito de Ribáuè, que possa:

 Melhorar o controlo de receitas e despesas para assegurar a eficiência e eficácia


na gestão;
 Garantir a existência de mais serviços básicos para responder as necessidades
dos munícipes;
 Garantir a existência de transporte público urbano, que assegure a locomoção
de pessoas e bens dentro da vila, principalmente na rota que liga o posto
administrativo urbano sede e o posto administrativo urbano de Namiconha que
dista 12 km.
 Melhorar as condições de saneamento do meio para permitir que haja um bom
ambiente de convivência harmoniosa nos bairros pré-urbanos;
 Melhorar o ordenamento urbano com o intuito de assegurar a boa estrutura do
município;
 Construir um segundo sistema de abastecimento de água potável de forma a
aumentar a cobertura actual que ronda em 25%;
 Construir uma casa mortuária no Hospital Rural local;
 Criar mecanismos de forma a envolver os munícipes na gestão e governação da
autarquia; e
 Criar maismicro-projectos de forma a promover as iniciativas juvenis e absorver
mais jovens desempregados.

Aos munícipes sugere-se o seguinte:

 Procurar conhecer os seus representantes ao nível do Município;

 Conhecer as responsabilidades e prerrogativas que os órgãos Municipais têm na


prossecução do desenvolvimento sócio-económico e cultural local;
56

 Participar na gestão do património Municipal;

 Colaborar com as Autoridades Municipais nos processos de consulta


Comunitária;

 Cumprir com as suas obrigações fiscais, pagando impostos ao Município;

 Fazer bom uso das Infra-estruturas e espaços Municipais.

E aos agentes economicos, é necessario que:

 Colaborem com as autoridades municipais no sentido de criar um clima


favorável aos investimentos dentro da autarquia;

 Paguem atempadamente os impostos autárquicos no sentido de garantir o


funcionamento da edilidade;

 Participar de forma activa nas actividades promovidas pelo município, de modo a


melhorar a qualidade de serviços básicos disponíveis.
57

Bibliografia

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58

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59

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ZAVALE, G. Jonas Bernardo. Municipalismo e Poder Local em Moçambique. Editora


Escolar, Maputo, 2011.
60

Apêndices
61

Apêndice I
Inquérito aos Munícipes da Vila de Ribaué

Caro Munícipe!
Modesta Anastácio Nangomua, estudante do 4º ano do curso de Licenciatura em Ensino de
História com Habilitações em Geografia, na Universidade Pedagógica, Delegação de
Nampula. O presente inquérito tem por objectivo colher dados empíricos sobre:
Governação Autárquica e o Desenvolvimento Socioeconómico Local: Caso da Vila Sede Do
Distrito de Ribaué, (2009-2017). Os dados serão usados para a redacção de uma
monografia científica com vista a conclusão do curso de Licenciatura em Ensino de História
com Habilitações em Geografia, e o guião comporta perguntas abertas e fechadas. Desde
já garante-se a confidencialidade dos dados fornecidos.

No preenchimento do seguinte inquérito, marque X na opção que acha ser correcta e


nas perguntas abertas comenta nos espaços indicados.

1. Nome (opcional) ___________________________________________________

2. Sexo:

a) Masculino b) Feminino

3. Idade:

a) 20 a 25 b ) 26 a 35 c) 36 a 50 d) 51 ou mais

4. Ocupação:

a) Funcionário público b) Aluno c) Agente económico d) outras

5. Participa na gestão, governação e desenvolvimento socioeconómico da


autarquia?
a) Sim b) Não
62

Se sim de que forma?


a) Pagamento de impostos
b) Participação nos comités consultivos
c) Participação em actividades promovidas pelo concelho municipal
d) Outras Justifique __________________________________________
Se não porque?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6.O que gostaria que a edilidade fizesse em prol do desenvolvimento local?
a) Requalificação urbana e saneamento do meio;
b) Melhoramento das infra-estruturas;
c) Massificação de actividades económicas;
d) Massificação de actividades socioculturais.
7.Qual é a sua satisfação em relação ao desempenho do Município de Ribaué no
desenvolvimento socioeconómico da Vila?
a) Positiva b) Negativa
Justifique___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
8.Qual é o contributo que o processo de municipalização trouxe no
desenvolvimento da Vila sede do Distrito de Ribaué?
a) Melhoria no fornecimento de serviços básicos;
b) Redução da burocracia no sector público;
c) Melhoramento das infra-estruturas publico sócias;
d) Expansão da vila.
9.No seu ponto de vista a municipalização criou oportunidades para a criação de
postos de trabalho aos munícipes de Ribaué?
a) Sim
63

b) Não
Justifique___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

10.O que acha que deveria ser melhorado no âmbito da governação autárquica em prol
do desenvolvimento sócio - económico da Vila de Ribaué?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________________________________________________

Muito obrigado pela colaboração!


64

Apêndice I
Guião de Entrevista aos Funcionários do Conselho Municipal da Vila de Ribaué

Caro Representante do Concelho Municipal da Vila de Ribaué!


Modesta Anastácio Nangomua, estudante do 4º ano do curso de Licenciatura em Ensino de
História com Habilitações em Geografia, na Universidade Pedagógica, Delegação de
Nampula.

O presente inquérito tem por objectivo colher dados empíricos sobre: Governação
Autárquica e o Desenvolvimento Socioeconómico Local: Caso da Vila Sede Do Distrito de
Ribaué, (2009-2017). Os dados serão usados para a redacção de uma monografia
científica com vista a conclusão do curso de Licenciatura em Ensino de História com
Habilitações em Geografia, e o guião comporta perguntas abertas e fechadas. Desde já
garante-se a confidencialidade dos dados fornecidos.

1. Quais são os principais constrangimentos que o município enfrenta no seu dia-a-


dia?
2. O que o município tem feito para ultrapassar tais dificuldades?
3. Que mecanismos tem sido criado com vista a incluir os munícipes na gestão,
governação e desenvolvimento socioeconómico da autarquia?
4. Qual tem sido a articulação entre o município e os agentes económicos de forma
a criar um ambiente favorável de negócios na vila com vista a gerar emprego
aos munícipes?
5. Qual é o contributo que o processo de municipalização trouxe no
desenvolvimento da vila Sede do Distrito de Ribaué?
6. Quais são os desafios da edilidade com vista a promover o desenvolvimento
socioeconómico da vila sede de Ribaué?

Muito obrigado pela colaboração!


65

Apêndice III
Agência do BCI na Vila de Ribaué

Fonte: Captada pela autora, Dezembro de 2018.

Rua pavimentada pelo CMVR

Fonte: Captada pela autora, Dezembro de 2018.


66

Edifício sede do CMVR

Fonte: Captada pela autora, Dezembro de 2018.

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