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1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
Para se ter uma idéia do número de fatores que devem ser considerados num
processo de fabricação Kalpakjian [1] usou o exemplo da produção de um simples
artigo: o clipe. Primeiro ele deve ser projetado para atender o requisito funcional que
é segurar folhas de papéis juntas. Para tanto, ele deve exercer uma força suficiente
para evitar o deslizamento de uma folha sobre a outra. Eles são, geralmente, feitos
de arame de aço, embora hoje se encontra no mercado clipe de plástico. O
comprimento do arame requerido para sua fabricação é cortado e então dobrado
várias vezes, para dar a forma final própria. Por sua vez, o arame é feito por um
processo de trefilação a frio. Neste processo a seção transversal de uma haste
longa é reduzida, ao passar por uma matriz de fieira, que também confere algumas
propriedades mecânicas ao material, como resistência e dureza. A haste por sua
vez, é obtida por processos como a trefilação e a extrusão de um lingote. Para evitar
delongas, nenhuma informação quanto ao processo de obtenção deste lingote será
abordada. A fabricação de um simples clipe envolve projeto, seleção de um material
adequado e seleção de um método de fabricação para atender os requisitos de
serviço do artigo. As seleções são feitas não somente com base em requisitos
técnicos, mas também com base nas considerações econômicas, para minimizar os
custos para que o produto possa ser competitivo no mercado.
1
Necessidade do Produto
Conceito Original
Projeto do conceito
Análise do Projeto
Teste do Protótipo
Avaliação
Revisão do Projeto
ão
Avaliação Final
Desenho
Fabricação
2
• Custo total de processamento.
Ao observar esta Figura uma definição simples de usinagem pode ser gerada:
“Processo de fabricação com remoção de cavaco”. Na realidade, ao consultar a
bibliografia, diferentes definições de usinagem serão encontradas. Uma bastante
abrangente é a seguinte [7]: “Operação que ao conferir à peça a forma, ou as
dimensões ou o acabamento, ou ainda uma combinação qualquer destes três
itens, produzem cavaco”. E por cavaco entende-se [7]: “Porção de material da
peça, retirada pela ferramenta, caracterizando-se por apresentar forma geométrica
irregular”.
3
• Torneamento
• Fresamento
• Furação
• Aplainamento
• Mandrilamento
• Convencional
• Serramento
• Brochamento
• Roscamento
• Retificação
etc......
• COM remoção • USINAGEM
de cavaco • Jato d’água
• Jato abrasivo
• Fluxo abrasivo
• Ultrasom
• Eletroquímica
• Eletroerosão
• Não-Convencional
• Feixe de elétrons
Processos de • Laser
Fabricação • Plasma
• Química
• Fotoquímica
etc......
• Fundição
• Soldagem
• Metalurgia do pó
• Laminação
• SEM remoção • Extrusão
de cavaco • Conformação • Trefilação
• Forjamento
• Estampagem
• Outros
4
ENTENDIMENTO do processo, e entendimento é o passo mais próximo da
capacidade de prever”.
Sem dúvidas a abordagem de todos esses tópicos faz deste curso um dos
mais completos sobre a usinagem dos materiais metálicos. As maneiras que serão
tratadas esses tópicos têm como objetivo oferecer informações suficientes para que
o engenheiro ou o técnico de usinagem possa compreender de maneira simples,
complicadas teorias sobre o processo de usinagem. O entendimento de tópicos
importantes, como: O Mecanismo de Formação do Cavaco, Geração de Calor e
Distribuição de Temperatura, Forças de Usinagem e Desgaste das Ferramentas de
Corte, coloca o técnico de Usinagem estimulado e seguro nas tomadas de decisões
para melhoria do processo produtivo. Pelo menos, este é o maior objetivo deste
curso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5
CAPÍTULO 2
GRANDEZAS FÍSICAS NO PROCESSO DE CORTE
2.1. INTRODUÇÃO
2.2. MOVIMENTOS
6
2.3. DIREÇÕES DOS MOVIMENTOS
As Figuras 2.1, 2.2 e 2.3 ilustram essas direções para o torneamento, furação
e fresamento, respectivamente.
7
Figura 2.3. Direção dos movimentos de corte, de avanço e efetivo, no fresamento
discordante.
ae
Figura 2.4. Percurso de corte Lc, percurso de avanço Lf e percurso efetivo Le para
o fresamento discordante.
8
Definições análogas são válidas para os movimentos que não tomam parte
diretamente na retirada de cavaco.
2.5. VELOCIDADES
onde,
φ = diâmetro da peça ou da ferramenta em mm;
n = número de rotações por minuto.
Vf = f ⋅ n [mm/min] (2.2)
onde,
f = avanço em mm/volta;
n = número de rotações por minuto.
9
Ângulo da Direção Efetiva de Corte η : é o ângulo da direção efetiva de corte e a
direção de corte.
vf sen ϕ sen ϕ
tgη = = (2.4)
vf . cos ϕ + vc cos ϕ + vc / vf
10
Nota-se que, como na maioria dos casos vf <<< vc, o ângulo η é desprezível
(nos processos de roscamento, η assume valores consideráveis pois o avanço é
razoável).
f = fz . z (2.5)
onde,
z = número de dentes.
11
Figura 2.8. Avanço por dente fz, avanço de corte fc e avanço efetivo fe no
fresamento discordante.
fc = fz .senϕ (2.6)
fe = fz .sen( ϕ − η) (2.7)
12
2.8. GRANDEZAS RELATIVAS AO CAVACO
ap
b= (2.8)
sen χ r
13
1/ 2
b e = b. (1 − sen 2 η.cos 2 χ r ) (2.9)
h = fc.senχ r (2.10)
h
he = 1/ 2
(2.11)
(1 + sen 2
χ r .tg 2 η )
Seção Transversal Efetiva de Corte A: é a área calculada da seção transversal de
um cavaco a ser retirado, medida no plano normal à direção de corte.
A = ap. fc (2.12)
A e = ap . fe (2.13)
A = b. h (2.14)
Ae = be. he (2.15)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
14
CAPÍTULO 3
NOMENCLATURA E GEOMETRIA DAS FERRAMENTAS DE CORTE
3.1. INTRODUÇÃO
A norma brasileira que trata desse assunto é a norma da ABNT NBR 6163/80
– Conceitos da Técnica de Usinagem – Geometria da Cunha Cortante –
Terminologia [1]. As definições apresentadas a seguir são baseadas nesta norma.
3.2. DEFINIÇÕES
15
Figura 3.1. Cunha de Corte da Ferramenta.
Figura 3.3. Arestas de corte e superfícies da cunha de corte de uma fresa frontal.
16
Figura 3.4. Arestas de corte e superfícies da cunha de corte de uma broca
helicoidal.
17
No sistema de referência da ferramenta, os planos são identificados pela
palavra ferramenta e recebem o símbolo P, com um índice para a sua diferenciação.
No sistema de referência efetivo, os planos são identificados pela palavra efetivo e
os mesmos símbolos do sistema de referência da ferramenta, além do índice e.
Plano de Referência:
• Plano de Referência da Ferramenta - Pr: plano que passando pelo ponto
de corte escolhido, é perpendicular à direção admitida de corte. Esta é
escolhida de maneira que o plano de referência da ferramenta seja o mais
possível paralelo ou perpendicular à uma superfície ou eixo de ferramenta.
• Plano de Referência Efetivo - Pre: plano que passando pelo ponto de
corte escolhido, é perpendicular à direção efetiva.
Plano de Corte:
• Plano de Corte Principal da Ferramenta - Ps: plano que passando pelo
ponto de corte escolhido, é tangente à aresta de corte e perpendicular ao
plano de referência da ferramenta.
• Plano de Corte Secundário da Ferramenta – Ps': plano que passando
pelo ponto de corte escolhido, é tangente à aresta secundária de corte e
perpendicular ao plano de referência da ferramenta.
• Plano de Corte Efetivo - Pse: plano que passando pelo ponto de corte
escolhido, é tangente à aresta de corte e perpendicular ao plano de
referência efetivo Pre.
Plano Ortogonal:
• Plano Ortogonal da Ferramenta - Po: plano que passando pelo ponto de
corte escolhido, é perpendicular aos planos de referência e de corte da
ferramenta.
• Plano Ortogonal Efetivo - Poe: plano que passando pelo ponto de corte
escolhido, é perpendicular aos planos de referência e de corte efetivos.
Plano de Trabalho:
• Plano Admitido de Trabalho - Pf: plano que passando pelo ponto de corte
escolhido, é perpendicular ao plano de referência e paralelo à direção
admitida de avanço. É escolhido de tal forma que fique o mais possível
paralelo ou perpendicular à uma superfície ou eixo da ferramenta,
respectivamente.
18
• Plano de Trabalho Efetivo - Pfe: plano que passando pelo ponto de corte
escolhido, contém as direções de corte e de avanço. Neste plano se
realizam os movimentos responsáveis pela retirada de cavaco, como
definido no Capítulo 2.
Plano Dorsal:
• Plano Dorsal da Ferramenta - Pp: plano que passando pelo ponto de
corte escolhido, é perpendicular aos planos de referência da ferramenta e
admitido de trabalho.
• Plano Dorsal Efetivo - Ppe: plano que passando pelo ponto de corte
escolhido, é perpendicular aos planos de referência efetivo e de trabalho.
19
Figura 3.5. Planos do Sistema de Referência da Ferramenta.
20
Figura 3.6. Planos do Sistema de Referência Efetivo.
21
Figura 3.7. Planos do Sistema de Referência da Ferramenta numa ferramenta de
torneamento.
22
Figura 3.8. Planos do Sistema de Referência Efetivo numa ferramenta de
torneamento.
23
Figura 3.9. Planos do Sistema de Referência da Ferramenta numa fresa cilíndrica.
24
Figura 3.10. Planos do Sistema de Referência Efetivo numa fresa cilíndrica.
25
Figura 3.11. Planos do Sistema de Referência da Ferramenta numa broca
helicoidal.
26
Figura 3.12. Planos do Sistema de Referência Efetivo numa broca helicoidal.
27
3.3.2. Ângulos da Cunha Cortante
28
Ângulos Medidos no Plano Ortogonal
• Ângulo de Saída da Ferramenta γ o: ângulo entre a superfície de saída Aγ
e o plano de referência da ferramenta Pr, medido no plano ortogonal da
ferramenta Po.
• Ângulo de Saída Efetivo γ oe: ângulo entre a superfície de saída Aγ e o
plano de referência efetivo Pre, medido no plano ortogonal efetivo Poe.
αo + βo + γ o = 90o (3.2)
29
Figura 3.13. Ângulos da Ferramenta numa ferramenta de torneamento.
30
Figura 3.14. Ângulos Efetivos numa ferramenta de torneamento.
31
Figura 3.15. Ângulos da Ferramenta numa fresa de faceamento.
32
Figura 3.16. Ângulos Efetivos numa fresa de faceamento.
33
Figura 3.17. Ângulos da Ferramenta numa broca helicoidal.
34
Figura 3.18. Ângulos Efetivos numa broca helicoidal.
35
3.4. FUNÇÕES E INFLUÊNCIA DOS ÂNGULOS DA CUNHA CORTANTE.
Ângulo de Folga (α o)
• Evitar atrito entre a peça e a superfície de folga da ferramenta.
• Se αo é pequeno, a cunha não penetra convenientemente no material, a
ferramenta perde o corte rapidamente, há grande geração de calor e prejudica o
acabamento superficial.
• Se αo é grande, a cunha da ferramenta perde resistência, podendo soltar
pequenas lascas ou quebrar.
• αo depende principalmente de: resistência do material da ferramenta e da peça a
usinar. Geralmente 2o ≤ 14o.
Ângulo de Saída (γ o)
• Influi decisivamente na força e na potência necessária ao corte, no acabamento
superficial e no calor gerado.
• Quanto maior γo menor será o trabalho de dobramento do cavaco.
• γo depende principalmente de:
• resistência do material da ferramenta e da peça a usinar.
• quantidade do calor gerado pelo corte.
• velocidade de avanço (vf).
• γo negativo é muito usado para corte de materiais de difícil usinabilidade e em
cortes interrompidos, com o inconveniente da necessidade de maior força e
potências de usinagem e maior calor gerado na ferramenta.
• Geralmente -10o ≤ γo ≤ 30o.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
36
CAPÍTULO 4
FORMAÇÃO DO CAVACO
37
Figura 4.2. O Corte Ortogonal.
γο
38
Deformações plásticas continuam acontecendo até que as tensões não são mais
suficientes para manter este regime. Assim fica definido uma zona de cisalhamento
primária (Figura 4.4), que para facilitar o estudo ela é representada por apenas um
plano, definido pela linha OD da Figura 4.3.
39
O entendimento das condições dessa interface cavaco-ferramenta é de
importância capital para a análise do processo de corte, e será tratado em separado
no capítulo 6.
Cada volume de material que passar por um ciclo, formará uma lamela de
cavaco.
h' v
Rc = = c (4.1)
h v cav
cos γ n
tgφ = (4.2)
Rc − sen γ n
40
primária. Pequenos valores de φ (altos valores de Rc) significaram grande
quantidade de deformação no plano de cisalhamento primário, e vice-versa.
VCAV
a) b)
onde:
β = ângulo de atrito médio entre o cavaco e a ferramenta.
k = constante do material da peça.
γne = ângulo de saída normal efetivo.
41
Teoria de Lee e Shaffer [5]:
π
φ + β − γ ne = (4.4)
4
a. Cavaco contínuo
b. Cavaco parcialmente contínuo
c. Cavaco descontínuo
d. Cavaco segmentado.
a. Cavacos Contínuos.
42
A análise do problema, entretanto, deve levar em consideração dois
importantes fatores: primeiro que deve existir uma tensão cisalhante no plano
primário suficientemente elevada para garantir a abertura e propagação da trinca na
aresta de corte da ferramenta; segundo que o nível da tensão de compressão que
atua no plano de cisalhamento primário pode (ou não) interromper a propagação
dessa trinca. A complexidade da análise se deve ao fato de que tanto o primeiro
como o segundo fatores são dependentes das condições da interface cavaco-
ferramenta, isto é, quem promove a tensão cisalhante no plano primário, necessária
para a abertura da trinca, é a restrição que o cavaco tem ao se movimentar na
superfície de saída da ferramenta, e quanto maior esta restrição, maior será essa
tensão. É também esta mesma restrição que vai promover a tensão de compressão
no mesmo plano primário, que poderá congelar a propagação da trinca, e quanto
maior a restrição, maior será esta tensão.
43
c. Cavacos descontínuos.
Figura 4.6. Tipos de cavacos: (a) cavaco contínuo; (b) cavaco contínuo com APC;
( c) cavaco descontínuo [8].
44
Figura 4.7. Tipo de cavaco em função da profundidade de corte e do ângulo de
saída. x = cavacos contínuos; Δ = cavacos parcialmente contínuos; o =
cavacos descontínuos [9].
d. Cavacos segmentados.
45
Figura 4.8. Cavaco segmentado [14].
Entretanto, a norma ISO [17] faz uma classificação mais detalhada da forma
dos cavacos, de acordo com a Figura 4.9.
fragmentado
46
O material da peça é o principal fator que vai influenciar na classificação
quanto à forma dos cavacos. Logicamente o tipo do cavaco também vai influenciar.
Cavacos contínuos, parcialmente contínuos e segmentados podem cair em qualquer
“forma” da Figura 4.9, dependendo das condições de corte e do uso ou não de
quebra-cavacos. O tipo de cavacos descontínuos só podem ser classificados quanto
a forma, como lascas e pedaços.
Apesar das condições de corte poderem ser escolhidas para evitar, ou pelo
menos reduzir a tendência de formação de cavacos longos em fita (contínuos,
parcialmente contínuos ou segmentados), até o momento, o método mais efetivo e
popular para produzir cavacos curtos, é o uso de dispositivos que promovem a
quebra mecânica deles. Estes dispositivos são popularmente conhecidos como
“quebra-cavacos”. Esta teoria será abordada a seguir, no capítulo 5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
47
1. TRENT, E.M. “Metal Cutting”, 2nd Edition, Butterworths, Londres, 1984, 245
pags.
2. FERRARESI, D. “Fundamentos da Usinagem dos Metais”, Editora Edgard
Blücher Ltda., São Paulo, 1970, 751 pgs.
3. WHIRGHT, P.K.; BAGHI, A. and CHOW, J.G. “Influence of Friction on the Shear
Plane Angle in Machining”, Proc. of the 10th North American Manufacturing
Conf., Mc Master University, Hamilton, Ontario, Canadá, 24-25 May, 1982, pp.
255-262.
4. ERNEST, H. and MERCHANT, M.E. “Chip Formation, Friction and High Quality
Surfaces”, Proc. Symp. Surface Treatment of Metals, Cleveland, USA, 21-25 oct,
1940, pp. 299-378.
5. LEE, E.H. and SHAFFER, B.W. “The Theory of Plasticity Applied to a Problem of
Machining”, Journal of Applied Mechanics, vol. 18(4), pp. 405-413.
6. RECHT, R.F. “Catastrophic Thermoplastic Shear”, Trans ASME, Journal Applied
Mechanics, June 1964, pp. 189-193.
7. COOK, N.H.; FINNIE, I. and SHAW, M.C. “Discontinuous Chip Formation”, Trans
of ASME, Feb. 1954, pp. 153-162.
8. BOOTHROYD, G. “Fundamental of Metals Machining and Machine Tools”,
International Student Edition, Mc Graw-Hill, 5th Printing, 1981, ISBN 0-07-
085057-7.
9. PALMER, W.B. and RIAD, M.S.M. “Modes of Cutting with Discontinous Chip”,
Proc. 8th Conf. IMTDR, 1967, pp. 259-279.
10. COOK, N.H. “Chip Formation in Machining Titanium”, Proc. Symp. on Mach
Grinding Titanium, Watertown Arsenal, Watertown 72, Massachussets, 31st
March 1953, pp. 1-7.
11. SHAW, M.C.; DIRK, S.O.; SMITH, P.A.; COOK, N.H.; LOEWEN, E.G. and
YANG, C.T. “Machining Titanium”, MIT Report, Massachussets Institute of
Technology, 1954.
12. SHAW, M.C. “The Assessment of Machinability”, ISI Special Report, London,
1967, pp. 1-9.
13. LE MAIRE, J.C. and BACKOFEN, W.A. “Adiabatic Instability in Orthogonal
Cutting of Steel”, Metal Trans, vol. 3, 1972, pp. 477-481.
14. KOMANDURI, R. and VON TURKOVICH, B.F. “New Observations on the
Mechanisms of Chip Formation when Machining Titanium Alloys”, Wear, vol. 69,
1981, pp. 179-188.
15. KOMANDURI, R. and SHROEDER, T.A. “On Shear Instability in Machining a
Nickel-Iron Base Superalloy”, Trans ASME, J. Eng. Industry, vol. 108, May 1986,
pp. 93-100.
16. KOMANDURI, R.; SHROEDER, T.A.; HARZA, J.; VON TURKOVICH, B.F. and
FLOM, D.G. “On the Catastrophic Shear Instability in High Speed Machining of
an AISI 4340 Steel”, Trans ASME, J.Eng. Industry, vol. 104, May 1982, pp. 121-
131.
17. ISO “Tool Life Testing with Single-Point Turning Tools”, ISO 3685, 1977.
18. SMITH, G.T. “Advanced Machining - The Handbook of Cutting Technology”, IFS
Publications, 1989, ISBN 1-85423-022-6.
48
CAPÍTULO 5
CONTROLE DE CAVACO
I. Eles têm baixas densidades efetivas, isto é, ocupam muito espaço, o que causam
problemas econômicos no manuseio e no processo de descarte, ou
reaproveitamento.
II. Eles podem se enrolar em torno da peça, da ferramenta ou de componentes da
máquina e estes cavacos, a temperaturas elevadas e com arestas laterais
afiadas, representam um verdadeiro risco à integridade física do operador.
III. Quando eles se enrolam na peça, apesar de afetar pouco o acabamento
superficial, produzem uma superfície não atrativa, e podem causar danos à
ferramenta.
IV.Eles podem afetar forças de usinagem, temperatura de corte e vida das
ferramentas.
V. Podem impedir o acesso regular do fluido de corte (efeito guarda-chuva).
49
Cavacos contínuos e longos apresentam fator de empacotamento da ordem de 50
ou superiores, enquanto cavacos em lascas ou pedaços podem ter esse valor
reduzido à 3 [1].
50
A aplicação deste método na usinagem de ligas de titânio e de níquel mostrou
muita eficiência no controle do cavaco. O fator de empacotamento passou de 47
para 4,7 quando a usinagem sem quebra-cavacos foi substituída pela utilização do
método [3].
Quanto menor a espessura do cavaco, mais flexíveis eles são, portanto, mais
difíceis de se quebrarem. Os cavacos, que já sofreram deformações intensas nos
planos de cisalhamentos primário e secundário durante a sua formação, necessitam
de uma determinada deformação crítica εf, para se fraturarem, após deixarem a
superfície de saída da ferramenta. A deformação que o cavaco vai sofrer neste
estágio é diretamente proporcional a h’/rc, onde h’ é a espessura do cavaco e rc é o
raio de curvatura do cavaco [4]. Se a deformação do cavaco não for suficientemente
grande para causar a fratura, é necessário tomar medidas, ou para aumentar h’ ou
diminuir rc, e assim promover deformação suficiente para obter a fratura periódica do
cavaco. Como h' depende principalmente do avanço (ou da espessura de corte, h), e
este afeta o acabamento superficial e a produtividade, procura-se então tentar
reduzir rc.
O método mais usual para aumentar a curvatura do cavaco (diminuir rc), como
já foi citado, é a utilização de quebra-cavacos postiços ou integrais (superfícies de
saídas das ferramentas com formatos especiais).
σ
rc = [(ln − lf ) − (t . cot σ )]. cot (5.1)
2
onde:
ln - distância do quebra-cavaco da aresta de corte.
lf - comprimento de contato cavaco-ferramenta
t - altura do quebra-cavaco
σ - ângulo da cunha do quebra-cavaco.
51
Figura 5.3. Quebra-cavaco postiço [1].
(ln− lf ) 2 t
rc = + (5.2)
2 h'
52
rc = qn (5.3)
onde:
Obs. 2. Se qn for muito pequeno, o cavaco pode não seguir o contorno da cratera até
que se desenvolva um desgaste significante.
Foi verificado também [1], que a taxa de desgaste de flanco não muda
significativamente, com a aplicação de quebra-cavacos. Quanto ao desgaste de
cratera, Boothroyd [1] mostrou que os quebra-cavacos do tipo anteparo (Figuras 5.3
e 5.4) reduzem a área de desgaste e os quebra-cavacos do tipo cratera (Figura 5.5)
tendem a aumentá-la.
As equações 5.1, 5.2 e 5.3 podem ser utilizadas para projetar quebra-cavacos
eficientes. Entretanto, o projetista tem que considerar, além dos fatores já citados
(fragilidade do material da peça, raio natural de curvatura, rc e espessura do cavaco,
h’), outros, tais como: geometria da ferramenta (principalmente os ângulos de saída,
inclinação e posição), velocidade de corte, profundidade de corte e rigidez da
máquina ferramenta. Quanto menor o ângulo de saída menor o raio de curvatura
natural, rc, e maior a espessura do cavaco, h'. Quanto ao ângulo de posição, além de
afetar a direção de saída do cavaco, quando, normalmente, o cavaco tende a sair
perpendicular à aresta de corte, ele afeta também a espessura do cavaco, que
aumenta com o aumento deste ângulo. O ângulo de inclinação tem influência direta
na direção de saída do cavaco. Se for negativo ele joga o cavaco contra a peça, se
for positivo ele direciona o cavaco para fora dela. Um aumento na velocidade de
corte tende a aumentar rc porque o comprimento de contato cavaco-ferramenta é
reduzido. Além disso, a ductilidade do material é aumentada, tornando-se a quebra
do cavaco ainda mais difícil.
53
Sales [6], com o objetivo de relacionar o raio de curvatura natural do cavaco,
rc, com a velocidade, profundidade de corte, avanço e ângulo de saída da
ferramenta, filmou a usinagem do aço ABNT 1020, no corte ortogonal no processo
de torneamento em mais de 500 ensaios e por meio de um “software” de análise de
imagens, mediu rc. Os resultados foram representados por um polinômio de grau
três que melhor se ajustou aos pontos distribuídos, com erro calculado de 14.75%. A
Figura 5.6 apresenta os gráficos obtidos, mostrando a influência individual de cada
parâmetro estudado em rc.
Vc=200 [m/min] ; f=0,182 [mm/rot] ; γ=6 [º] Vc=200 [m/min] ; ap=2,5 [mm] ; γ=6 [º]
4 2,5
3,5
3 2
rc#[mm]
rc#[mm]
2,5
2 1,5
1,5
1 1
1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 0,1 0,2 0,3 0,4
ap [mm] f [mm/rot]
a) b)
Vc=200 [m/min] ; f=0,182 [mm/rot] ; ap=2,5 [mm] f=0,182 [mm/rot] ; ap=2,5 [mm] ; γ=6 [º]
3 2,5
2,5
2 2
rc#[mm]
rc#[mm]
1,5
1 1,5
0,5
0 1
2 4 6 8 10 12 14 16 18 50 100 150 200 250 300 350
γ [º] Vc [m/min]
c) d)
ap, f, γ e Vc
Observa-se que o raio de curvatura natural do cavaco aumenta com os
aumentos da profundidade de corte, do ângulo de saída da ferramenta e da
velocidade de corte, dificultando a quebra do cavaco, diminuindo com o aumento do
avanço, facilitando a quebra do cavaco. O comportamento dessas variáveis era
esperado, exceto o efeito da profundidade de corte. Normalmente, o aumento da
profundidade de corte tende a tornar o cavaco mais quebradiço (reduzindo rc), ver
54
Figura 4.10, [8]. Entretanto, este parâmetro pode atuar diferentemente, dependendo
da faixa de avanço [9] e do grau de desgaste da ferramenta [10].
Figura 5.7. Curvatura do cavaco para dentro, causado pela variação da velocidade
de corte ao longo da aresta [4].
55
Figura 5.8. Representação da geração das diversas formas de cavaco: a) cavaco
em fita, reto (ângulo de inclinação = 0o); b) cavaco em fita com direção
de saída variado (ângulo de inclinação = 0o); c) cavaco do tipo arruela
(ângulo de inclinação = 0o, vc variável ao longo da aresta de corte, sem
curvatura para cima); d) cavaco do tipo “c” (ângulo de inclinação = 0o);
e) cavaco curto na forma de “orelha” (ângulo de inclinação = 0o); f)
cavaco longo na forma de “orelha” (ângulo de inclinação = 0o); g)
cavaco na forma de bobina (ângulo de inclinação = 0o, vc variável ao
longo da aresta de corte e curvatura para cima); h) cavaco helicoidal
tubular (ângulo de inclinação positivo e grande profundidade de corte);
i) cavaco do tipo “mola” (ângulo de inclinação positivo e pequena
profundidade de corte); j) cavaco helicoidal cônico (combinação de c) e
h), comum na furação); k) combinação de c) e d) (ângulo de inclinação
diferente de zero); l) cavaco do tipo “c”, conectados [4].
56
desbaste (MR) obteve melhor desempenho quanto a uniformidade na distribuição de
h’ e rc, promovendo uma quebra do cavaco mais eficaz. As geometrias lisa e de
acabamento, promoveram menores deformações no cavaco e conseqüentemente se
mostraram menos eficazes na quebra dos cavacos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
57
CAPÍTULO 6
A INTERFACE CAVACO - FERRAMENTA
6.1. INTRODUÇÃO
Fazer isto, entretanto, tem sido um desafio muito grande, porque são poucas
as conclusões que podem ser tiradas de observações diretas durante o corte. As
maiores dificuldades são provocadas pelas velocidades de saída dos cavacos,
normalmente, muito elevadas e pelas reduzidíssimas áreas de contato cavaco-
ferramenta envolvidas, o que dificultam o monitoramento on line. Apenas para
exemplificar, vamos considerar uma operação de corte ortogonal de aço comum ao
carbono, em que a velocidade de corte, vc, utilizada é de 240m/min, e a espessura
de corte, h, igual ao avanço de corte, fc, de 0,25mm/volta, e a largura de corte, b,
igual à profundidade de corte, ap, de 2,0mm. Se a espessura do cavaco, h’, obtida
foi de 0,5mm, o grau de recalque, Rc, é igual a 2,0 (h’ ÷ h). Nestas condições, a
velocidade de saída do cavaco, vcav, é de 120m/min (Vc ÷ Rc), ou 2,0m/s. Se o
comprimento de contato cavaco-ferramenta, L, nesta operação for de 3,0mm, a área
de contato será 6,0mm2 (L × b). É uma velocidade de saída do cavaco muito alta, e
uma área de contato cavaco-ferramenta muito pequena para se considerar o
monitoramento on line.
Após contar com essas técnicas de quick stops, pode-se constatar a forte
influência que as condições da interface cavaco-ferramenta exerce no processo.
Teorias mais antigas sempre concentravam os estudos na zona de cisalhamento
primário, como Piispanen (1937), Ernest e Merchant (1940) e Lee e Shaffer (1943),
entre outros. Entre estes, Piispanen (1937) foi o primeiro a considerar o processo de
58
cisalhamento no plano primário como se fosse o deslizamento de cartas de baralho,
por isto o seu modelo ficou conhecido como “Baralho de Piispanen”. A figura 6.1
apresenta este modelo.
b)- Escorregamento;
59
Figura 6.2. Áreas de aderência e escorregamento na interface cavaco-ferramenta
(Trent e Wright, 2000).
Figura 6.3. Área de contato numa superfície levemente carregada (Shaw et alli,
1960).
60
suportar, também, esta nova carga aplicada. A força tangencial (ou de atrito), por
conseguinte, aumenta proporcionalmente, e o limite de proporcionalidade é o
coeficiente de atrito µ, valendo, portanto, a lei de atrito de Coulomb. Se a carga
normal aplicada for aumentada indefinidamente, vai existir um momento em que
todos os picos das irregularidades se deformarão de tal maneira que a área real se
iguala à área aparente. A força normal necessária para que isto aconteça é definida
como “carga normal limite”. A partir deste valor, o aumento da força normal não
altera mais a força tangencial (ou de atrito), isto é, a força tangencial não é mais
proporcional à força normal. Ela passa a ser constante e assume o valor suficiente
para vencer a resistência ao cisalhamento do material menos resistente. Nestas
condições a lei de atrito de Coulomb não tem validade.
61
cavaco-ferramenta é dividido em duas regiões distintas: “a região de aderência” e “a
região de escorregamento”. Segundo este modelo, a tensão normal é máxima na
ponta da ferramenta e decresce exponencialmente até zero, no ponto onde o cavaco
perde contato com a superfície de saída. A tensão cisalhante é constante na zona
de aderência (e assume o valor do limite de resistência ao cisalhamento do material
naquela região) e decresce, também exponencialmente, na zona de
escorregamento, até o valor zero, no ponto onde o cavaco perde contato com a
ferramenta. Na região de aderência, Ar = A e vale o regime III. Na região de
escorregamento Ar <<<A e o regime I prevalece. A extensão da zona de aderência
depende do valor da tensão limite σlim (Figura 6.5).
k
β = arctg (6.1)
σ fav
onde k é uma constante e σfav é a tensão normal média que atua na superfície de
saída da ferramenta.
62
6.3. ZONA DE ADERÊNCIA
63
Na zona de fluxo observa-se que, à medida que se aproxima da interface com
a superfície de saída da ferramenta, as deformações do material dentro da zona de
fluxo vão aumentando rapidamente. Chegam a aumentar tanto que mais próximo da
interface não se distinguem mais os microconstituintes (ferrita e perlita) por falta de
resolução, com a ampliação usada nesta micrografia.
a b
Figura 6.6. a)- Micrografia da raiz de um cavaco de aço ABNT 1010; b)- Ampliação
da região indicada em a (Trent e Wright, 2000).
Figura 6.7. Modelo de deformação na zona de fluxo proposto por Trent e Wright
(2000).
64
metade do material da porção inicial considerada, isto é, OcdX (metade de OabX) se
deformou para Oc”d”X que é o dobro da deformação sofrida por ab.
Correspondentemente, o material OefX, onde Oe vale ¼ de Oa, se deforma para
Oe’’’f’’’X quando ele atinge o ponto Y, que é quatro vezes maior que a deformação
sofrida por OabX quando este atinge o mesmo ponto, Oa’b’X.
65
6.4. ZONA DE ESCORREGAMENTO
a b
66
Oxley sugere uma condição de “quase-aderência” na interface cavaco-ferramenta,
no qual a velocidade na interface, apesar de muito baixa, não é zero.
Doyle et alli (1979), após usinar cobre, alumínio, chumbo e índio com
ferramentas transparentes (safira), encontraram uma zona de escorregamento
próximo à aresta de corte com uma zona de aderência posterior a esta, que é
exatamente o contrário àquilo que é defendido por Trent. Whight (1981) utilizou aço-
rápido e também ferramentas transparentes na usinagem de vários materiais, na
tentativa de elucidar o problema. Em algumas condições de usinagem ele confirmou
os resultados de Doyle e colaboradores. Isto ocorreu quando ele usinou materiais
macios, por curtos períodos de tempo, o que sugere que as ferramentas ainda
estavam cobertas por uma camada de alguns contaminantes orgânicos, que
impediam que as ligações fortes se formassem, permitindo dessa maneira que o
escorregamento acontecesse. Em outras condições ele confirmou os resultados de
Trent (1963, 1988a, 1988b, 1988c). Segundo Wright (1981) as condições de
escorregamento (slinding) ou aderência (seizure) dependem: (i) da combinação do
material da peça e da ferramenta; (ii) das condições atmosféricas; (iii) do tempo de
usinagem; e (iv) da velocidade de corte. As “condições de aderência” são
favorecidas por altas velocidades de corte, longos tempos de usinagem e pequenas
diferenças entre o material da peça e da ferramenta.
Em outro artigo, Wright et alli (1979) havia proposto que a região da interface
entre o cavaco e a ferramenta consiste de uma proporção de micro regiões em
condições de aderência (seizure) e o restante em condições de escorregamento
(slinding) simultaneamente. Desta maneira, para superfícies puras quimicamente, a
proporção de região de aderência em relação à área total, se aproxima da unidade e
não existe escorregamento na interface (condição de só aderência). Pode-se,
entretanto, conseguir uma redução nesta proporção (como por exemplo, pela
presença de contaminantes na interface), permitindo, assim, que ocorra algum
escorregamento que, no limite (lubrificação perfeita, como no caso de alguns
materiais de corte fácil) o escorregamento será total.
67
a b
68
6.5. ARESTA POSTIÇA DE CORTE
Figura 6.12. Desenho esquemático de uma aresta postiça de corte - APC (Trent e
Wright, 2000).
69
Figura 6.13. Esquema de crescimento da APC e cisalhamento de partes desta
deixando fragmentos nas novas superfícies geradas (Ferraresi, 1977).
Figura 6.14. Micrografia de uma aresta postiça de corte de uma liga de Al-Si (Trent e
Wright, 2000).
70
pesquisadores também encontraram APCs com diferentes geometrias e as
classificaram de acordo com a Figura 6.15. A mudança de a) para d) é feita com o
aumento da velocidade de corte. Em d), tem-se a presença da zona de fluxo (flow
zone).
Nota-se que a dimensão da APC cresce até atingir um valor máximo, a partir
do qual começa a diminuir até o valor de velocidade de corte crítica, vccrítica, onde a
APC desaparece completamente. Observa-se que para velocidades de corte
menores, à esquerda do valor de dimensão máxima, a APC se encontra em “regime
estável”, enquanto que para valores de velocidade de corte maiores, à direita do
valor de dimensão máxima, ela se encontra em um “regime instável”, isto é, existe
uma freqüência de aparecimento e desaparecimento da APC. Esta freqüência
aumenta à medida que se aproxima do valor de velocidade de corte crítica, quando
ela desaparece por completo.
71
Figura 6.16. Variação das dimensões da APC com a velocidade de corte com
identificação dos regimes estável e instável e da velocidade de corte
crítica (Ferraresi, 1977 e Algarte et alli, 1995).
200µm
72
Esta foto é uma vista da superfície inferior do cavaco, junto à cunha de corte,
obtida quando usinando a 9m/min, observada em microscópio eletrônico de
varredura (MEV). Na figura observa-se que a largura da APC, L1, na região central é
bem maior que a largura, L2, na região periférica da largura de corte, b (L1 > L2).
Este excesso de material de APC pode ser liberado, também, pelas laterais
do cavaco. A Figura 6.18 mostra uma situação dessas. Neste caso, uma mini-apara
lateral se evolui na face livre do cavaco. Quando isto acontece também na face
posterior, esta apara irá encontrar a superfície secundária em usinagem, o que
certamente vai contribuir para prejudicar o acabamento superficial da peça usinada.
Entretanto, o entendimento completo do fenômeno de formação dessas aparas
laterais e suas reais conseqüências à integridade da peça exigem estudos mais
aprofundados.
500µm
Figura 6.18. Fragmentos laterais da APC de Al-Si, vc = 18m/min (Silva Jr, 2003).
Apesar de ênfases diferentes dadas por vários autores, pode-se resumir que
a formação de APC é um fenômeno envolvendo deformação plástica, encruamento
e formação de microtrincas. Estes fatores são fortemente afetados pelas condições
de corte e temperatura.
73
6.6. INFLUÊNCIA DAS DIFERENTES CONDIÇÕES DA INTERFACE, NAS
VARIÁVEIS DO PROCESSO
74
calor que flui para a ferramenta vai depender da condutividade térmica da
ferramenta, da geometria da ferramenta e do método de refrigeração que por
ventura possa ser empregado.
Na usinagem com APC, se esta for estável, ela protege a superfície de saída
da ferramenta. O desgaste neste caso é provocado apenas por adesão e abrasão na
superfície de folga, causado por partes da APC, que se arrastam por entre a
superfície de saída da ferramenta e a peça. No caso da APC ser instável, isto é,
existir uma freqüência na sua existência, um outro importante mecanismo de
desgaste, que envolve a aderência e arrastamento de micropartículas (attrition wear,
da literatura inglesa) vai estar presente e acelerar o desenvolvimento de desgaste na
superfície de saída.
75
Em condições de aderência, a análise se torna ainda mais complexa. A taxa
de desgaste da ferramenta vai depender dos mecanismos de desgaste que
prevalece na interface. As altas temperaturas desenvolvidas podem exercer
influências marcantes nos mecanismos de desgaste termicamente ativados. Porém,
outros fatores devem ser considerados. No mecanismo de desgaste difusivo, por
exemplo, a transferência de átomos só é garantida pela existência da zona de fluxo
com o gradiente de velocidade inerente. A velocidade zero na interface garante
tempo suficiente para ocorrer a difusão e o fluxo de material garante a renovação
contínua do material dentro dessa zona, impedindo dessa forma que aconteça a
saturação, que formaria uma barreira difusiva ao processo, que eliminaria o
mecanismo de desgaste. Um outro mecanismo que pode estar presente nestas
condições de aderência é a deformação plástica, caso o material em usinagem
tenha uma resistência (dureza) razoável. Neste caso, as elevadas temperaturas
desenvolvidas na zona de fluxo, acopladas com as altas forças de usinagem
desenvolvidas por este tipo de material, podem ser suficientes para vencer o limite
de escoamento do material da ferramenta e provocar o colapso da mesma.
Um fato interessante que deve ser ressaltado é que, como foi visto, ambas as
condições, isto é, aderência e escorregamento, podem estar presentes
simultaneamente e isto significa que diferentes mecanismos de desgaste podem
ocorrer simultaneamente ao longo da interface.
76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALGARTE,R.D.; da SILVA, M.B.; MACHADO, A.R., 1995, “Morfologia da APC no
Torneamento do Aço ABNT 1020”, Anais do XIII COBEM, Belo Horizonte, Dezembro,
(em CD ROM).
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International Student Edition, McGraw Hill, 5th Printing, ISBN 0-7-085057-7, 350
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MILOVIK, R. and WALLBANK, J., 1983, “The Machining of Low Carbon Free Cutting
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SHAW, M.C.; BER, A. and MAMIN, P.A., 1960, “Friction Characteristics of Sliding
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da APC de uma Liga de Al-Si”, trabalho não publicado, LEPU / FEMEC/ UFU.
TRENT, E.M., 1963, “Cutting Steel and Iron with Cemented Carbide Toolks - Part II:
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77
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ZOREV, N.M., 1963, “Interrelationship Between Shear Processes Occurring Along
Tool Face and on Shear Plane in Metal Cutting”, Proc. Int. Prod. Eng. Res. Conf.,
Pittsburgh, Pnsylvania, USA, September, pp. 42-49.
78
CAPÍTULO 7
FORÇA, PRESSÃO ESPECÍFICA E POTÊNCIA DE USINAGEM
Figura 7.1. Representação das forças que agem na cunha cortante [1].
79
Admitindo-se que a cunha do cavaco ODB da Figura 7.1 é indeformável, ou
para manter o equilíbrio mecânico:
! !
Fu + Fu' = 0 (7.1)
80
artifício permite que a relação entre as diversas componentes da força Fu, sejam
geometricamente evidentes.
81
Figura 7.4. Componentes da Força de Usinagem. a) no torneamento; b) no
fresamento [3].
82
Com isto, qualquer parâmetro pode ser analisado, com base nos seus efeitos
sobre estes dois fatores principais. Muitos deles vão atuar nos dois fatores e os
resultados vão depender da predominância de um sobre o outro. Apesar da análise
teórica ser de grande utilidade, as predominâncias dos fatores devem ser
comprovadas experimentalmente. Com base em alguns resultados experimentais
[5,6], podemos observar a influência das principais variáveis:
a) Velocidade de corte
83
Figura 7.5. Influência da velocidade de corte na força de corte [4].
84
c) Material da Peça
De uma maneira geral, quanto maior a resistência do material a usinar, maior
a resistência ao cisalhamento nos planos de cisalhamento e, portanto maior a força
de usinagem (ver Figura 7.6). Entretanto, baixa resistência pode vir acompanhada
de elevada ductilidade e isto pode aumentar a área da seção de corte, influenciando
também a força de usinagem.
d) Material da ferramenta.
A afinidade química do material da ferramenta com o material da peça pode
atuar principalmente, na área da seção de corte. Se a tendência for promover uma
zona de aderência estável e forte, a força de usinagem poderá ser aumentada. Se a
tendência for diminuir o atrito na interface (ferramentas revestidas, por exemplo),
evitando as fortes ligações de aderência, a área da seção de corte poderá ser
reduzida, diminuindo a força de usinagem.
e) Geometria da ferramenta
O ângulo mais influente é o de saída. Uma redução deste ângulo tende a
aumentar a área de contato cavaco-ferramenta e impor uma maior restrição ao
escorregamento do cavaco por sobre a superfície de saída, aumentando a força de
usinagem (Figura 7.7).
Outro ângulo que afeta a força de usinagem é o ângulo de posição, χr. Com o
aumento deste ângulo, desde que o ângulo de posição lateral χ’r não se altere, a
força de usinagem diminui ligeiramente (Figura 7.7).
85
f) Estado de afiação da ferramenta
O desgaste da ferramenta de corte, pode alterar a geometria da ferramenta,
porém o efeito maior é devido ao aumento da área de contato com o cavaco e/ou
com a peça, com o crescimento do desgaste de cratera e de flanco,
respectivamente. Isto faz aumentar a força de Usinagem.
Fc
Ks = (7.6)
A
Fc
Ks = (7.7)
ap .fc
Fc.v c Fc
Ks = µe = = (7.8)
v c .fc .ap fc .ap
a) Taylor
88
Ks = 0,25
para FoFo cinzento (7.9)
f . a p0,07
86
138
Ks = para FoFo branco (7.10)
f . a p0,07
0,25
200
Ks = para aços semi-doces (7.11)
f 0,07
Cz
Ks = (7.12)
fn
onde,
Cz = constante do material
n = 0,2 para aços
n = 0,3 para FoFo
Cw
Ks = (7.13)
f 0,477
onde,
Cw = constante do material.
d) Kronenberg.
gs
! G$
Cks# &
" 5%
Ks = (7.14)
A fs
onde,
Cks, gs e fs são constantes que dependem do material da peça e da
ap
ferramenta. G = índice de esbeltez = .
f
e) Kienzle.
Ks = Ks1. h− z (7.15)
87
7.3. POTÊNCIA DE USINAGEM
Potência de Corte - Nc
Fc ⋅ v c
Nc = [CV] (7.16)
60 ⋅ 75
Fc em Kgf e vc em m/min.
Potência de Avanço - Nf
Ff ⋅ vf
Nf = [CV] (7.17)
1000 ⋅ 60 ⋅ 75
Ff em Kgf e vf em mm/min.
Ne = Nc + Nf (7.18)
Nc 2
e a relação = = 1667 .
Nf 0,0012
Este número comprova que a maior parcela de potência efetiva de corte, Ne,
é dada pela potência de corte, Nc, sendo a potência de avanço, Nf, desprezível.
Ne ≈ Nc (7.19)
Por esta razão a força de corte Fc, constituinte da maior parcela de potência
de usinagem, é chamada “força principal de corte” [2].
88
Assim, com uma boa aproximação pode-se escrever:
µe = µs + µf (7.21)
onde:
µe = energia efetiva por unidade de volume de material removido (igual a pressão
específica de corte, Expressão 7.8).
Fc. vc Fc
µe = = (7.22)
vc . f. ap f. ap
Fz. vz
µs = (7.23)
vc . f. ap
FT. vcav
µf = (7.24)
vc . f. ap
Nc
Nm = (7.20)
η
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
89
3. DIN “Krafte und Leistungen”, DIN 6584 (ENT WRF), Berlim, Buethvertrieb Gmbh,
oct, 1963.
4. TRENT, E.M. “Metal Cutting”, 2nd Edition, Buttherworths, London, 1984, 245
pags, ISBN - 0.408.10856-8.
5. MACHADO, A.R.; GIANINI, W.L.; BÖHES, L. “Verificação Experimental do
Comportamento das Forças de Corte e de Avanço no Torneamento do Ferro
Fundido ABNT FC-250 Utilizando-se Pastilhas de Metal Duro, Cerâmica Óxida e
Cerâmica Não Óxida”, VII CBCIMAT, UFSC, Florianópolis SC, dez, 1996, pp.
155-59.
6. MACHADO, A.R.; GONÇALVES, R.A.; GIANINI, W.L. “Verificação Experimental
do Comportamento das Forças de Corte e de Avanço no Torneamento dos Aços
ABNT 1020, ABNT 1045 e Alumínio Comercial”, IX COBEM, UFSC, Florianópolis
SC, dez., 1987, pp. 1029-1033.
7. SCHLESINGER, G. “Die Werkzeng Maschinen”, Berlin, Verlag von Julios
Springer, 1936.
8. VIEREGE, G. “Zerspanung der Eisenwerstogge”, Düsseldorf, Verlag Stahleisen,
M.B.H., 1959.
90
CAPÍTULO 8
TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM USINAGEM
8.1. TENSÕES
Tensão Normal:
FNZ
σ S =
AS
(8.1)
Tensão Cisalhante:
FZ
τ S =
AS
(8.2)
onde,
FNZ e FZ são as forças normal e tangencial, respectivamente, que atuam no plano de
cisalhamento primário (ver Figura 7.1). AS é a área do plano de cisalhamento
primário.
A h.b
No corte ortogonal AS = = .
sen φ sen φ
91
Portanto, é importante conhecer a distribuição de tensão normal e a
distribuição de tensão cisalhante na superfície de saída da ferramenta, mas é
essencial conhecer os valores de tensões máximas.
σ C = q.x y (8.3)
onde:
x = distância da zona de contato, a partir do ponto onde o cavaco perde contato com
a ferramenta.
y e q = constantes.
Foi verificado [5,6] que a distribuição de tensão varia com o material da peça,
porque elas dependem não somente do coeficiente de atrito entre o cavaco e a
ferramenta, mas também das características de deformação do material. Foi
também mostrado [4] que os valores de tensões normais máximas aumentam com o
aumento da velocidade de corte e avanço, mas os valores de tensões cisalhantes
máximos, diminuem.
8.2. DEFORMAÇÕES
92
ΔS cos( γ )
δ= = (8.4)
ΔY sen( φ). cos( φ − γ )
93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
94
CAPÍTULO 9
TEMPERATURA DE CORTE
9.1. INTRODUÇÃO
A Figura 9.1 mostra as três zonas distintas, onde o calor pode ser gerado em
usinagem.
São elas:
Grande parte deste “calor gerado” é dissipada pelo cavaco, uma pequena
porcentagem é dissipada pela peça e uma outra para o meio ambiente. O restante
vai para ferramenta de corte. Apesar desse restante representar apenas pequenos
percentuais (8 a 10%), o aumento da temperatura associado com este calor é
significativo, podendo chegar, em certos casos, a 1100 ºC, o que compromete,
fortemente, a resistência da ferramenta.
onde,
95
Qz = calor gerado na zona de cisalhamento primário.
Qa1 = calor gerado na zona de cisalhamento secundário.
Qa2 = calor gerado na zona de interface peça-superfície de folga da ferramenta.
Qc = calor dissipado pelo cavaco.
Qp = calor dissipado pela peça.
Qma = calor dissipado pelo meio ambiente.
Qf = calor dissipado pela ferramenta de corte.
A maior parte deste calor é dissipado pelo cavaco, mas uma pequena fração
M, é conduzida na peça, e aumenta a sua temperatura, podendo às vezes causar
problemas de precisão dimensional. Segundo Nakayama [2], no torneamento este
aumento de temperatura, Δθp, depende da rotação (aumentando com o aumento da
mesma), e do número de revoluções após o corte ter iniciado (a peça é aquecida
pelos cortes precedentes e isto afeta o aumento da temperatura no corte
subsequente).
onde:
J = equivalente mecânico de calor.
ρ = densidade do material da peça.
c = calor específico do material da peça.
96
temperaturas bem maiores que as temperaturas do cavaco. Assim, o calor fluirá da zona
de fluxo em direção ao cavaco, e não o contrário.
97
Podem-se observar temperaturas bastante elevadas em velocidades de corte
bem baixas, para certos materiais.
98
metal duro classe K10 e de cerâmica à base de Si3N4, durante o torneamento de
ferro fundido cinzento.
600
500
400
Temperatura (°C)
300
200
99
A seguir é apresentada uma descrição suscinta e algumas aplicações desses
métodos. Maiores detalhes podem ser encontrados em [6-16].
100
Figura 9.5. Calibração do método do termopar ferramenta-peça [9].
101
Figura 9.7. Medição da temperatura de corte através da radiação térmica [9].
Pode-se observar que o calor irradiado pela ponta da ferramenta está sendo
projetado, por meio de um sistema de lentes, no termoelemento (termopar), o qual
produz uma d.d.p. proporcional à temperatura naquela região. A f.e.m. gerada é
medida através de um milivoltímetro. O sistema pode ser calibrado de modo a
fornecer valores da temperatura na região da ferramenta, em qualquer unidade.
102
distribuição de temperatura foi determinada numa seção transversal à aresta principal
de corte da ferramenta, após usinar um aço de baixo carbono sob diversas velocidade
de corte [13]. Os resultados são apresentados na Figura 9.8. Observa-se que nesta
aplicação a máxima temperatura acontece à determinada distância da aresta principal
de corte, e que elas crescem com o aumento da velocidade de corte.
(a) (b)
(c)
Figura 9.9. Influencia do avanço nas temperaturas das ferramentas usadas para
cortar aço com avanços de a)- 0.125 mm/volta; b)- 0.250 mm/volta; c)-
0,500 mm/volta [1].
103
A influência da utilização de um fluido de corte e da direção de sua aplicação
são ilustrados na Figura 9.10. Em a tem-se a usinagem sem fluido de corte, em b
utilizou-se um fluido de corte aplicado sobre-cabeça e finalmente em c utilizou-se o
mesmo fluido de corte, aplicado entre a superfície em usinagem principal da peça e
a superfície de folga da ferramenta. Observa-se que o fluido não consegue baixar a
temperatura máxima da ferramenta de 900oC.(que é a temperatura máxima
detectável pelo método utilizado), mas sua aplicação aumenta nitidamente o
gradiente de temperatura e reduz a zona afetada pelo calor. Isto é mais acentuado
quando o fluido é aplicado entre a superfície em usinagem principal da peça e a
superfície de folga da ferramenta de corte.
Esta técnica consiste da utilização de sais com ponto de fusão bem definido
tais como NaCl, KCl, CdCl, PbCl2, AgCl, KNO3, para determinação da distribuição da
temperatura no corpo da ferramenta de corte.
104
Kato et alli [14], determinaram a distribuição de temperatura numa superfície
perpendicular ao plano de referência de ferramentas de metal duro (classe P20),
cermets e cerâmicas, durante o corte ortogonal de tubos do material STKM 13A
utilizando pós de sais com ponto de fusão constante, Figura 9.11.
Casto et alli [15], utilizaram uma técnica semelhante. Com o uso de nitreto de
potássio (ponto de fusão = 390 0C) posto num plano paralelo à superfície de saída
de insertos cerâmicos determinaram a isotérmica gerada durante a usinagem do aço
ISO C40.
Este método foi publicado por Kato e Fujii em 1996. Consiste da deposição de
finas camadas de diversos materiais com pontos de fusão específicos numa
superfície perpendicular à superfície de saída de insertos de metal duro. Após a
deposição do filme de um determinado material, as partes da ferramenta são unidas
e posta para usinar um disco num processo de corte ortogonal como mostra a Figura
9.12.
105
Figura 9.12. Montagem experimental para medir a distribuição de temperatura pelo
método PVD (Kato e Fujii, 1996).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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International Student Edition, Mc Graw-Hill, 5 th Printing, 1981, ISBN 0-07-
085057-7.
4. TRENT, E.M. “Metal Cutting and the Tribology of Seizure: III. Temperature in
Metal Cutting”, Wear, vol. 128, 1988, pp 65-81.
5. TAY, A.O.; STEVENSON, M.G.; DAVIS, G.V. “Using the Finite Element Method
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Inversos em Condução de Calor”, Dissertação de mestrado, Universidade
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7. LIN, J.; LEE, S.; WENG, C. “Estimation of Cutting Temperature in High Speed
Machining”, Journal of Engineering Materials and Technology, vol. 114, 1992, pp
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8. BICKEL, E. “The Temperature on a Turning Tool”, International Prod. Eng. Res.
Conference - ASME, 1963, pp 89-94.
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Blücher Ltda., vol. 1, SP, 1977, 751 pgs.
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1933.
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Temperature Gradients in Cutting Tools”, Journal of the Iron and Steel Institute,
may, 1973, pp 364-368.
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Cemented Carbide Cutting Tools”, Metals Technology, vol. 10, 1983, pp. 205-
214.
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Temperature Distribution Within Tool Using Powders of Constant Melting Point”,
ASME Journal of Engineering for Industry, 1976, pp 607-613.
15. CASTO, S. L.; VALVO, E. L.; PIACENTINI, M.; RUISI, V. F.; LUCCHINI, E.;
MASCHIO, S. “Cutting Temperatures Evaluation in Ceramic Tools: Experimental
Tests, Numerical Analysis and SEM Observations”, Annals of the CIRP, vol. 43,
1994, pp. 73-76.
16. SHAW, M.C. “Metal Cutting Principles”, Oxford University Press, 1984, ISBN 0-
19-859002-4.
107
CAPÍTULO 10
MATERIAIS PARA FERRAMENTAS DE CORTE
10.1. INTRODUÇÃO
! Alta dureza;
108
! Ser inerte quimicamente.
1. Aço Carbono
• Comum
• com elementos de liga (V, Cr)
2. Aço Semi-Rápido (Baixo W)
3. Aço Rápido (Podem ser fundidos ou
fabricadas pela Metalurgia do Pó)
• sem revestimento
• com revestimento
Aumento de tenacidade
revestimento)
Classes:
• P
• M
• K
7. Cermets (Podem ser com ou sem
revestimento)
8. Cerâmicas
• Com e sem revestimento
• A base de Si3N4
• A base de Al2O3
SIALON
• Pura
• com adições
• ZrO2 (branca)
• TiC (preta ou mista)
• SiC (whiskers)
9. Ultraduros
• CBN – PCBN
• PCD
10. Diamante Natural
109
temperatura de trabalho. Nota-se que até mesmo o metal duro e as cerâmicas
têm suas propriedades reduzidas, mas numa taxa bem menor que aquelas
apresentadas pelos aços-rápidos. Isto garante a aplicação destas ferramentas em
condições de corte bem mais desfavoráveis que aquelas a que podem se
submeter os aços-rápidos.
110
Figura 10.3. Diagrama de dureza–tenacidade dos materiais de ferramentas de
corte (Pastor, 1987).
cerâmica
Al2O3
metal duro
revestido
aço rápido
aço carbono
111
TENDÊNCIAS GERAIS DE PROPRIEDADES E PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS DE VÁRIOS MATERIAIS DE FERRAMENTAS DE CORTE*
Carbono e
Liga de Metal CBN
Baixa/Médi Aço
Cobalto Metal Duro Duro Cerâmica Policrista- Diamante
a Ligas de Rápido
Fundido Revestido lino
Aço
Dureza a quente aumento
Tenacidade aumento
Resistência ao impacto aumento
Resistência ao desgaste aumento
Resistência ao lascamento aumento
Velocidade de corte aumento
Profundidade de corte alta a alta a alta a alta a alta a alta a alta a
média profunda profunda profunda profunda profunda profunda
Resistência ao choque térmico aumento
Custo da ferramenta aumento
*Algumas características podem se sobrepor em alguns casos. Exceções à regra são muito comuns. Em muitas classes
de materiais de ferramentas, uma ampla faixa de composições e propriedades são obtidas.
112
10.5 apenas dados qualitativos, enquanto na Tabela 10.1 os dados são
quantitativos. Numa seleção, é de extrema importância conhecer estas
propriedades, mas deve-se conhecer, também, quando e onde estas
propriedades são requeridas.
CONTROLE OU RESTRIÇÕES
PRÁTICA DE MANUFATURA
CONDIÇÕES E CAPACIDADE DAS MÁQUINAS FERRAMENTA DISPONÍVEIS
REQUISITOS DE GEOMETRIA, PRECISÃO E ACABAMENTO SUPERFICIAL
OUTROS REQUISITOS (disponibilidade e entrega de planejamento de ferramentas
escala de produção)
DADOS ECONÔMICOS
113
A seguir apresenta-se um resumo sobre as propriedades, limitações, e
aplicações dos diversos grupos de materiais de ferramentas de corte,
apresentados na Figura 10.1.
Os aços da Tabela 10.2 são os que apresentam custos mais baixos e são,
normalmente, tratados em água, tendo o carbono como o principal elemento de
liga. O teor desse elemento vai regular as propriedades de dureza e tenacidade
requeridas.
I. Aços para trabalho a frio ou indeformáveis: que podem ser tratados em água
ou óleo, tendo como elementos de ligas principais o cromo, o tungstênio, o
molibdênio, e às vezes, o cobalto. São indicados para matrizes de
114
estampagem, forjamento, corte, brochas, alargadores, calibres, punções,
matrizes para compressão de pós metálicos, etc..
II. Aços resistentes ao choque: que são normalmente tratados em óleo, com
teores de Si, relativamente elevados (até 2%), com baixos teores de Cr, Mo
e W. Eles possuem excelente tenacidade e baixa resistência ao desgaste.
Suas maiores aplicações são punções, ferramentas pneumáticas,
talhadeiras, chaves inglesas, lâminas de tesouras, matrizes, etc..
III. Aços para trabalho a quente: Que podem ser tratados em óleo, ar ou banho
de sal, com altos teores de cromo, tungstênio, molibdênio, silício e vanádio.
São usados para matrizes para fundição sob pressão, matrizes para
forjamento, punções, mandris para trabalho a quente, matrizes de extrusão,
etc.. São os conhecidos aços da classificação AISI (e também da ABNT) da
classe H, sendo os H12, H13, H20 e H21 os mais utilizados.
115
Quanto ao tratamento térmico, este se constitui de têmpera e revenido.
No aquecimento devem-se tomar cuidados especiais para evitar crescimento de
grão e descarbonetação superficial. O aquecimento em duas etapas pode diminuir
tanto a tendência de crescimento de grão, como a descarbonetação, por diminuir
o tempo exposto a temperaturas elevadas. No resfriamento, os aços - carbono,
principalmente aqueles com altos teores de carbono, os tempos de transferência
a esquerda do cotovelo das curvas TTT são curtos, portanto são difíceis de
temperar. Nos aços ligas estes problemas desaparecem, podendo ser resfriados
em salmora, água, óleo, banho de sal, ar, etc.. O revenimento é realizado logo
após a têmpera para imediato alivio de tensões e normalmente à temperaturas de
120 a 350ºC.
10.3. AÇOS-RÁPIDOS
116
a 5 m/min) com as ferramentas de aço carbono para 30 a 35 m/min com os aços-
rápidos. Exatamente por isso, estes aços levaram este nome. Hoje, comparando
com os materiais das ferramentas da chamada terceira geração, eles poderiam
ser chamados de “aços-devagar” ou “aços-molengões”. Deixando, porém, de lado
as comparações, é certo que com o passar dos anos as propriedades destes
materiais foram melhoradas, chegando-se à perfeita combinação dos elementos
de liga e domínio do processo de tratamento térmico.
117
que nos aços ao W, resultando em temperaturas de revenimento inferiores. Do
mesmo modo, as durezas a quente são também inferiores.
AISI C Mn Si Cr V W Mo Co Outros
Tipos ao W
T1 0,70/0,75 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,10 1,00/1,20 18,00/18,25 0,70 (opc.) - -
T2 0,80/0,85 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,25 2,00/2,15 18,00/18,50 0,50/0,75 (opc.) - -
T2 0,95/0,98 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,25 2,00/2,15 18,00/18,50 0,50/0,75 (opc.) - -
T7 0,70/0,75 0,10/0,40 0,10/0,40 4,50/5,00 1,50/1,80 13,50/14,50 - - -
T9 1,22/1,28 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 3,75/4,25 18,00/18,50 0,71 (opc.) - -
Tipos ao W - Co
T4 0,70/0,75 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,50 1,00/1,25 18,00/19,00 0,60/0,70 (opc.) 4,75/5,25 -
T5 0,77/0,85 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,50 1,85/2,00 18,50/19,00 0,65/1,00 (opc.) 7,60/9,00 -
T6 0,75/0,85 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,50 1,60/2,00 18,75/20,50 0,60/0,80 (opc.) 11,50/12,25 -
T8 0,75/0,80 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 2,00/2,25 13,75/14,00 0,75 5,00/5,25 -
T15 1,50/1,60 0,10/0,40 0,10/0,40 4,50/4,75 4,75/5,00 12,50/13,50 0,50 (opc.) 4,75/5,25 -
Tipos ao Mo
M1 0,78/0,85 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,00 1,00/1,25 1,50/1,65 8,00/9,00 - -
M7 0,97/1,03 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,00 1,90/2,10 1,50/1,75 8,50/8,75 - -
M10 0,85/0,90 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,25 1,90/2,10 - 8,00/8,50 - -
Tipos ao Mo - Co
M30 0,80/0,85 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 1,10/1,40 1,50/1,80 8,25/8,50 4,75/5,25 -
M33 1,05/1,10 0,10/0,40 0,10/0,40 3,50/4,00 1,05/1,25 1,30/1,70 9,25/9,75 7,75/8,25 -
M34 0,87/0,93 0,10/0,40 0,10/0,40 3,50/4,00 1,85/2,25 1,30/1,60 8,45/8,95 8,00/8,50 -
M42 1,05/1,10 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 1,10/1,40 1,30/1,60 9,25/9,75 7,75/8,25 -
M43 1,15/1,25 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 1,60/2,00 2,50/2,75 7,75/8,20 8,00/8,50 -
M46 1,20/1,25 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 3,00/3,30 1,75/2,20 8,00/8,50 8,00/8,50 -
Tipos ao Mo - W
M2 0,80/0,85 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,25 1,70/2,10 6,00/6,50 4,75/5,25 - -
M3 1,00/1,10 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,25 2,40/2,55 6,00/6,25 5,70/6,25 - -
(tipo 1) M3 1,10/1,20 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,25 3,00/3,30 5,60/6,25 5,00/6,25 - -
(tipo 2) M4 1,25/1,30 0,10/0,40 0,10/0,40 4,25/4,50 3,75/4,25 5,50/6,00 4,50/4,75 - -
Tipos Mo - W - Co
M6 0,75/0,80 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 1,25/1,55 3,75/4,25 4,75/5,25 11,50/12,50 -
M15 1,50/1,60 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,75 4,75/5,25 6,25/6,75 3,00/5,00 4,75/5,25 -
M35 0,80/0,85 0,10/0,40 0,10/0,40 3,90/4,40 1,75/2,15 6,15/6,65 4,75/5,25 4,75/5,25 -
M36 0,80/0,90 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 1,65/2,00 5,50/6,00 4,25/5,25 7,75/9,00 -
M41 1,05/1,10 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,75 1,65/2,00 6,25/6,75 3,00/5,00 4,75/5,25 -
M44 1,10/1,20 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,75 2,00/2,25 5,00/5,50 5,00/6,25 11,50/12,50 -
M45 1,20/1,25 0,10/0,40 0,10/0,40 4,00/4,75 1,60/2,00 6,75/8,10 4,75/5,25 5,25/5,75 -
118
Cromo: Aparece em teores sempre em torno de 4%. Juntamente com o
carbono, são responsáveis pela elevada temperabilidade dos aços-rápidos. Ele
também diminui a oxidação do aço durante o tratamento térmico.
119
O crescimento da dureza após revenimento naquela faixa de temperatura
foi denominado de dureza secundária (Chiaverini, 1979), e é causado pela
combinação dos processos apresentados na Figura 10.9.
Dureza (RC)
Dureza
a) b)
120
(complexos de Fe/W/Mo do tipo M6C), para assim se ter maior garantia de
precipitação dos carbonetos secundários durante o revenimento (do tipo M2C). A
tabela 10.4 apresenta os valores médios de temperaturas de tratamento de várias
classes de aços-rápidos.
121
permitirem velocidades de corte da ordem de 25% a 30% maiores que seus
similares sem este elemento.
Coeficiente de
Módulo de expansão Temperatura de
Young, térmica, Densidade, fusão, Dureza,
Material GN m-2 10-6 K -1 g cm-2 ºC GN m-3
TiC 450 7,4 4,94 3100 30 HV (50g)
TaC 285 5,5 14,50 3800 18 HV (50g)
Cr3 C2 373 9,9 6,66 1800* 14 HV (50g)
Mo2 C (hex.) 533 6,7 9,18 2500 15 HV (50g)
WC (hex.) 696 5,2 15,70 2800* 13-22 HV (50g)
ZrC 348 6,7 6,56 3400 27 HV (50g)
HfC 352 6,6 12,76 3900 26 HV (50g)
VC 422 7,2 5,71 2700 29 HV (50g)
NbC 388 6,7 7,80 3600 20 HV (50g)
Diamante 1.141 1,5 - 4,8 3,52 transforma ~80 HV
BN (cúbico) 680 4,8 3,48 3200* ~50 HV
TiN 250 9,4 5,40 2950 25 HV
Bl2 N2 210 3,0 3,11 1900 22 HV
Al2 O3 400 8,4 3,88 204 25 HV
TiH2 480 8,0 4,50 2900 34 HV
* Temperatura de dissociação
122
de grão do constituinte. Outros carbonetos também atuam neste sentido, como
mostrado pela ordem da tabela.
Outro produto deste grupo que recebeu nome específico foram os aços
super-rápidos. São aqueles que possuem elevados teores de vanádio (podendo
chegar a 5%). Este elemento forma carbonetos extremamente duros como já foi
discutido e comentado quando da apresentação das Tabelas 10.5 e 10.6. Os aços
com altos teores de vanádio apresentam durezas médias superiores e permitem o
emprego de velocidades de corte maiores que os aços-rápidos convencionais.
123
Tabela 10.8 Composição dos aços-semi-rápidos usados pelos americanos na
época da Segunda Guerra Mundial (Ferraresi, 1970).
Composição dos aços semi-rápidos, usuais nos Estados Unidos
(Grupo 300 - Classe 360)
Classe AISI C Mn Si Cr V W Mo
360 - 0,75/0,85 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 1,00/1,20 - 4,00/4,50
361 - 0,85/0,95 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 1,75/2,05 - 4,00/4,50
362 - 1,15/1,25 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 3,00/3,30 - 4,00/4,50
363 - 1,35/1,45 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 3,90/4,40 - 4,00/4,50
364 - 0,90/1,00 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 2,15/2,45 2,60/3,00 2,25/2,75
365 - 0,85/0,95 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 2,10/2,40 0,80/1,20 1,80/2,20
366 - 1,15/1,25 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 2,70/3,10 1,25/1,55 1,45/1,75
367 - 0,90/1,00 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 2,05/2,35 1,75/2,05 1,00/1,20
368 - 1,05/1,15 0,10/0,40 0,10/0,40 3,75/4,25 3,75/4,25 2,30/2,70 2,40/2,80
124
procedimento de revestimento. Neste caso, ele passa a utilizar uma ferramenta
que fica com uma das superfícies sem cobertura. No caso das brocas e fresas, as
ferramentas são normalmente reafiadas pela retificação da superfície de folga,
ficando a superfície de saída sempre com a camada revestida. No caso de
hobies, a ferramenta é reafiada pela retificação da superfície de saída, neste caso
quem fica sempre com o revestimento são as superfícies de folgas.
125
# Pelo mesmo motivo, os HSS - PM têm maior tenacidade que os HSS
convencionais.
Figura 10.10 Partícula esférica de um aço-rápido AISI T15 obtido por atomização
(Komanduri and Desai, 1982).
a) b)
126
ferramentas a base de Co, contendo W e Cr em solução sólida, e às vezes alguns
carbonetos. Estas ligas são mais duras do que os aços-rápidos e mantém esta
dureza a temperaturas mais elevadas, e em decorrência disso as velocidades de
corte empregadas são maiores (em torno de 25%). A Figura 10.12 apresenta as
curvas características de dureza contra a temperatura de uma liga fundida e de
dois aços-rápidos. Nota-se a queda de dureza com o aumento de temperatura
sendo mais branda na liga fundida.
127
Tabela 10.9 Composição e propriedades das ligas fundidas (Ferraresi, 1970).
Ligas Fundidas para Ferramentas
Composição química [%]
128
Figura 10.14 Faixas de velocidades de máximo rendimento no torneamento de
uma liga de alumínio (Ferraresi, 1970).
A grande popularidade dos metais duros, que são fabricados pelo processo
de metalurgia do pó, se deve ao fato deles possuirem a combinação de
resistência ao desgaste, resistência mecânica e tenacidade em altos níveis.
129
importantes materiais de uso geral em engenharia, não poderiam deixar de se
beneficiar desta revolução. Adicionou-se, então TiC, TaC e/ou NbC aos WC + Co
e verificaram que este produto reduziu em muito o problema de craterização na
usinagem dos aços. As razões para isto são:
iii A estabilidade dos carbonetos adicionados é maior que os WC. Isto implica
em maiores dificuldades de dissolução e difusão desses elementos.
A classe K é também conhecida como a classe dos não ferrosos. Elas são
sempre indicadas para usinagem dos materiais não ferrosos, devido ao fato dos
carbonetos adicionados na classe P e M terem maiores afinidades química com
os não ferrosos que os carbonetos de tungstênio da classe K. Neste caso, a
designação de classe dos cavacos curtos não se refere aos não ferrosos, pois a
maioria deles formam cavacos longos (alumínio, cobre, titânio, níquel, etc.).
130
DESIGNAÇÃO DUREZA E RESIST.
TENACIDADE
ISO AO DESGASTE
P 01
P 10
P 20
P 25
P 30
P 40
P 50
M 10
M 20
M 30
M 40
K 01
K 05
K 10
K 20
K 30
K 40
131
Figura 10.16 Variação de algumas propriedades do metal duro com a variação do
teor de Co. a)- Dureza; b)- TRS – resistência à ruptura transversal;
c)- Resistência ao impacto; d)- Módulo de elasticidade (Komanduri
and Desai, 1982).
132
A Tabela 10.11 mostra as ferramentas mais comuns de cada grupo (P, M
ou K) e suas respectivas aplicações.
133
Na prática, entretanto, esta classificação ISO, que considera principalmente
a composição química e as propriedades de dureza (ou resistência ao desgaste)
e tenacidade, está deixando de ser adotada, sendo substituída por classificação
específica dos diversos fabricantes de ferramentas de metal duro. Assim, um
determinado produto, pode cobrir uma vasta faixa da classificação ISO, pois os
fabricantes alegam que os seus produtos podem, perfeitamente, ser utilizados em
toda aquela faixa, com resultados satisfatórios. Às vezes esta classificação pode
até apresentar um mesmo produto sendo listado na classe P, M e K
simultaneamente. Na realidade isto significa que os fabricantes estão enfatizando
mais a aplicabilidade da ferramenta, do que propriamente o sentido da
classificação original. A Figura 10.17 apresenta a relação dos produtos de um
fabricante de metal duro, onde se observam os fatos descritos acima.
134
e depois secados com spray. Esta moagem pode ser feita após a mistura com o
cobalto, na proporção ideal de cada classe. Opcionalmente, a mistura com o
cobalto (na forma de pós finos) pode ser feita após a moagem individual dos
constituintes. A mistura é comprimida a frio em matrizes, geralmente usando uma
adição de cera lubrificante para facilitar esta etapa. Esta cera será extraída do
produto durante o tratamento de sinterização. Após a prensagem o produto já
ganha o formato final desejado, apresentando uma porosidade da ordem de 50%
em volume, e pode ser manipulado. A sinterização segue imediatamente esta
etapa, e é realizada a vácuo, em temperaturas da ordem de 1500°C, com a
porosidade sendo reduzida para menos de 0,01% (Jack, 1987). Esta baixa
porosidade é possível de ser obtida devido à fase líquida do metal ligante
presente. Após a sinterização o produto sofre uma redução de tamanho, que pode
chegar da ordem de 18%. Antes de ser comercializado, normalmente, o produto é
retificado, para formatar as arestas. A Figura 10.18 ilustra este processo. Nota-se
que quando se tratar de produtos da classe P ou M, há também a adição de TiC,
TaC e/ou NbC.
135
constituintes, enquanto que no segundo a união é garantida pela fusão do
elemento ligante. A Figura 10.19 ilustra esses dois métodos.
Figura 10.19. Esquema ilustrativo dos dois mecanismos de união dos pós
durante o processo de sinterização; a)- transporte de material no
estado sólido; b)- transporte de material no estado líquido
(Kalpakajian, 1984).
136
esta propriedade. Isto implica em problemas da aplicação de ferramentas
revestidas pelo processo CVD em cortes interrompidos. A causa desta redução
de tenacidade está na tensão residual de tração deixada pelo método CVD,
enquanto que no método PVD a tensão residual é de compressão, igual a
conseguida no substrato, após a retificação (Quinto et alli, 1988). Portanto, é a
tensão residual de tração que reduz a resistência ao lascamento da aresta de
corte.
137
da temperatura. Isto garante uma barreira térmica interessante para a superfície
da ferramenta. Salienta-se que no revestimento, ao contrário do substrato, quanto
menor a condutividade térmica melhor, pois menor a quantidade de calor que irá
chegar ao substrato. Para o substrato quanto maior a condutividade térmica
melhor, pois o calor que chega será mais rapidamente dissipado.
138
totalizando a mesma espessura (Wertheim et alli, 1982). A explicação para este
fato é que uma possível trinca que se forma na superfície, por fadiga, por
exemplo, irá se propagar apenas até a interface da primeira camada, se
propagando paralela a esta, posteriormente. Assim, quanto mais fina a camada,
menor o caminho percorrido pela trinca perpendicularmente à superfície.
139
Figura 10.21 Classes de metal duro revestido da Kennametal Hertel
(Kennametal Hertel, 1998).
140
procura identificar geometricamente os suportes e os insertos que neles serão
montados.
141
Figura 10.23 Designação ISO dos suportes de ferramentas de barras
(Kennametal Hertel, 1998).
142
Figura 10.23 Designação ISO dos suportes de ferramentas de barras
(Kennametal Hertel, 1998) (continuação).
143
Figura 10.24 Designação ISO dos insertos intercambiáveis (Kennametal Hertel,
1998).
144
Figura 10.24 Designação ISO dos insertos intercambiáveis (Kennametal Hertel,
1998) (continuação).
10.6. CERMETS
145
a partir da década de 70 que o cermet entrou realmente no mercado, para hoje
ser uma ferramenta competitiva.
146
PROPRIEDADES FÍSICAS CERMET METAL DURO
TEMPERATURA DE OXIDAÇÃO
1100 700
(ºC)
CONDUTIVIDADE TÉRMICA
0,052 0,42
(cal/cm·s·ºC)
COEFICIENTE DE DILATAÇÃO
TÉRMICA 7,2 5,2
(10-6/ºC)
COEFICIENTE DE CHOQUE
1,9 27,1
TÉRMICO*
Metal duro
Outros
Fas es de
trans iç ão
Inglaterra e Mo2O TaC TiC WC AlN TaN TiN Al Co Mo Ni
número RS
TiMo
NbC
Adamas Carbide USA - T70 ! ! ! ?
Corp
Carmet C ompany USA Pinner T ools Ltd 83,5 3,5 13
501
Duracarb by Duracarb Ltd
País es Ba ix os T70 ! ! ! ?
502
EC Tools GmbH Alemanha - MAX1 ! ! ! ?
Feldmuhle AG Alemanha Feldmuhle Ceratip ! ! ! ?
Technical TC30
Produc ts Ltd
503
Kennametal Inc USA Kennametal Ltd KT150 ! ! ! ?
504
Kobe Steel Ltd Japão - KZ160 ! !
KZ180 ! !
KZ200 ! !
Krupp Widi a GmbH Alemanha Krupp Widi a TTI ! ! ! !
(UK) Ltd
505
Kyocera Japão - TC30 ! ! ! ?
TC40N ! ! ! ?
TC60 ! ! ! ! ?
TC60M ! ! ! ?
Mitsubishi Metal Japão Kingston C utting NX22 ! ! ! ! ! ! ! ! !
Corporation Tools Ltd NX33 ! ! ! ! ! ! ! ! !
506 NX55 ! ! ! ! ! ! ! ! !
NX99 ! ! ! ! ! ! ! ! !
NGK Spark Plug Co Japão NGK Sparg Plug N20 ! ! ! !
Ltd (UK) Ltd N40 ! ! ! !
507 T3N ! ! ! ! !
T4N ! ! ! ! ! !
T5N ! ! ! ! ! !
T35 ! ! ! ?
Nippon Tungsten Co Japão - DUX30 ! ! ! ! ! !
Ltd DUX40 ! ! ! ! ! !
AB Sandvik Hard Suécia Sandvik CT515 ! ! !
Materials Coromant Ltd
508
Sumitomo Electric Japão Sumitomo T05A ! ! ! ! ?
Industries Ltd Electric T12A ! ! ! ! ?
Hardmetals Ltd T23A ! ! ! ! ?
509 T25A ! ! ! ! ?
Teledyne Firth USA Teledyne Ltd SD3 ! ! ! !
Sterling 510
Toshiba Tungal oy Japão - N302 ! ! ! ! ! ?
Co Ltd N308 ! ! ! ! ! ?
N350 ! ! ! ! ! ! ?
Valenite Di vision of USA Valenite-Modc o VC67 ! ! ! ?
GTE Val eron (UK) Ltd
Corporation 511
147
10.7. CERÂMICAS
148
No passado o que limitava a aplicação das cerâmicas era a fragilidade que
elas apresentavam. Hoje, com a introdução no mercado das cerâmicas mistas,
reforçadas com SiC (Whiskers) e a base de nitreto de silício, elas podem ter
aplicações até nos cortes interrompidos, como por exemplo, no fresamento dos
ferros fundidos cinzentos à altíssimas velocidades de corte e avanços. Isto é
possível porque o grau de tenacidade conseguido nestas pastilhas é algo
relativamente excepcional.
149
ferramentas de corte para cada aplicação individual, para então poder selecionar
a ferramenta corretamente.
As primeiras ferramentas com adições apareceram nos anos 70, com altos
percentuais (podendo chegar a 30%) de ZrO2 e/ou TiC principalmente, podendo
ainda conter TiN, TiO2 e WC. Estas adições conferem à matriz de AI2O3 um maior
grau de tenacidade para suportar maiores impactos e choques térmicos, inerentes
a certos processos de corte. Uma ferramenta de AI2O3 pura tem o coeficiente de
tenacidade à fratura Kic de 180 N/mm3/2, a adição de zircônia (ZrO2) pode elevar
este valor a 300 N/mm3/2 com 15% de ZrO2, como mostra a Figura 10.26.
150
Observa-se que a tenacidade é melhorada para valores até 15% de ZrO2. Para
valores superiores, a tenacidade começa a diminuir.
Outra introdução no mercado nos anos 80, que teve grande receptividade,
é a ferramenta cerâmica, também a base de Al2O3, reforçada com SiC (Whiskers).
Estes carbonetos são adicionados em até 20% na alumina, na forma de longos
cilindros, de 0,5 a 6µm de diâmetro e 10 a 80µm de comprimento (Komanduri,
1989). A mecânica do processo de aumento da tenacidade com a adição dos
"whiskers" pode ser entendido como segue (Komanduri, 1989). Durante a
propagação de uma trinca, apesar dos SiC permanecerem íntegros, sem se
quebrarem, há a separação deles da matriz de AI2O3, e este processo absorve
grande quantidade de energia de fratura e inibe a propagação da trinca. Devido a
grande resistência dos "whiskers", a trinca não atravessa sua estrutura, tendo
portanto que desviar-se, o que também consome energia. Tudo isto aumenta a
tenacidade do material. Estas ferramentas possuem, também, maior resistência
ao choque térmico, devido a maior condutividade térmica do SiC em relação à
alumina (ver Tabela 10.15). As propriedades desse grupo de material são
consideradas excepcionais, com aplicação na usinagem dos aços duros, aços
inoxidáveis e principalmente nas superligas de níquel (Smith, 1986). A Figura
10.27 apresenta o melhor comportamento de tenacidade de uma ferramenta de
AI2O3 contendo ZrO2 com a adição de SiC contra a mesma ferramenta sem SiC.
151
Esta adição também aumenta a dureza e a resistência ao desgaste, como
mostra a Figura 10.28.
Figura 10.27 Tempo de usinagem e aumento do avanço para iniciar uma trinca
em duas ferramentas cerâmicas, uma com outra sem adição de
"Whisker", no corte contínuo de aço C 60 N, Vc = 150 m/min e ap =
2 mm. (Krupp Widia - Tech. lnf. HVT 78.521).
Figura 10.28 Desgaste nas ferramentas a base de alumina com e sem adição de
"Whisker", no corte contínuo de lnconel 718, Vc = 150 m/min, f =
0,25 mm/volta, ap = 1 mm e tempo de corte = 2 min. (Krupp Widia -
Tech. Inf. HVT 78.521).
152
Cerâmica a Base de Si3N4
153
A Figura 10.30 apresenta um diagrama que resume o campo de aplicação
das cerâmicas. Nota-se que no fresamento de ferro fundido cinzento já existe
aplicação de cerâmicas. No torneamento desse material, cerâmicas mistas e
sialon podem ser usadas com aplicação de fluidos de corte. Na usinagem dos
aços, a grande parte das aplicações fica por conta das cerâmicas mistas e óxidas
(normalmente com adição de ZrO2), com pouca aplicação das sialons. A
usinagem de superligas e de aços endurecidos é dividida entre a cerâmica mista,
o sialon e o CBN, mas apenas no torneamento.
TORNEAMENTO FRESAMENTO
SIALONS
ÓXIDAS
SUPERLIGAS
CORTE DE DESBASTE
CBN
ÓXIDA
S
CERÂMICAS ÓXIDAS: Al2O3+0,8%ZrO2
SIALONS: 80-90%Si3N4+Al2O3+Y2O3
154
Tabela 10.16 Composição e propriedades das cerâmicas a base de óxidos
(Brookes, 1986).
155
Tabela 10.17 Composição e propriedades das cerâmicas a base de nitretos
(Brookes, 1986).
156
% Use-as com as máximas condições de corte (Vc, f, ap) recomendadas.
➪ ➪ ➪
! Diamante natural;
Os sintéticos foram produzidos pela primeira vez nos anos 50, mas apenas
no final da década de 70 que eles entraram no mercado como ferramentas de
corte competitivas. Tanto os PCDs como os CBNs podem ser encontrados
apenas como uma camada de 0,5 a 1,0 mm, que são brasadas geralmente no
metal duro WC + Co, ou então mais raramente como ferramentas totalmente
sólidas.
157
O diamante sintético é obtido sujeitando o carbono, na forma de grafite a
temperaturas e pressões extremamente altas. Como grafite, os átomos de
carbono estão arranjados na forma hexagonal. Após o tratamento térmico ele se
transforma em diamante, possuindo uma estrutura cúbica de face centrada (CFC).
A Figura 10.31 ilustra a estrutura cristalina da grafite e do diamante e apresenta o
diagrama de equilíbrio das duas formas.
transformação
a)
Diamante
Grafite
Temperatura [K]
b)
158
transformação
a)
Nitreto
Cúbico de
Boro
Nitreto
Hexagonal de
Boro
Temperatura [K]
b)
Figura 10.32 a)- Estrutura cristalina do HBN e do CBN b)- diagrama de equilíbrio
(Heath, 1986).
159
Os policristais de diamante e de CBN (PCD e PCBN, respectivamente) são
obtidos pelo processo de metalurgia do pó, usando monocristais de diamante e
CBN, respectivamente. Novamente deve-se adicionar catalisadores para acelerar
a sinterização. Naturalmente, durante o tratamento térmico, toda a massa do
produto deve estar contida dentro da fase cúbica do respectivo diagrama de
equilíbrio para evitar a reversão da fase cúbica em hexagonal. Neste processo,
pode-se obter uma variedade imensa de produtos, dependendo de: tamanho de
grão dos monocristais (estes dependem do tempo de permanência na câmara de
transformação), solvente/catalisador empregado (devido a problemas de
instabilidade térmica no produto final de PCD, a variação dos solventes utilizados
são restritos, mas nos PCBN são muitos), grau de sinterização, etc., com isto
obtendo-se uma variedade muito grande nas propriedades finais dos produtos,
sendo, portanto possível desenvolver produtos para aplicações específicas
(Heath, 1986).
Hidrogênio
+
Metano
Acima de 2000ºC
Substrato
160
O diamante sintético tem a limitação de não poder ser utilizado na
usinagem de aços ou qualquer outro material ferroso, pois ele se desintegra
quimicamente quando as temperaturas ultrapassam 700ºC. Mas as ligas de
alumínio, cobre puro, metais duros e materiais compostos, principalmente os
MMC (compostos de matrizes metálicas) têm-se beneficiado pelo uso desse que
é o mais duro material da natureza como ferramenta de corte.
O que mais limita a aplicação dos ultraduros ainda é o seu alto custo de
fabricação. O preço dessas pastilhas no mercado está em torno de 80 vezes o
preço do metal duro e de 15 a 25 vezes o preço da cerâmica. Elas estão sendo
comercializadas a um preço médio de US$ 80 a US$120 cada aresta. Com o
maior domínio da técnica de obtenção este custo pode baixar, tornando este
grupo de materiais ainda mais competitivo.
10.9. CONCLUSÃO
161
disse oportunamente o Dr. Milton C. Shaw no prefácio de seu livro "Metal Cutting
Principies": "devido à complexidade do processo de usinagem é impossível uma
teoria preditiva. Uma solução prática fundamentada em muitas experiências tem
que ser adotada, ao invés de se procurar o impossível".
162
deve pensar assim. É preciso equipar os laboratórios adequadamente. As
pesquisas os pagarão. É assim que funciona nos grandes países. Por que não no
Brasil?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Advanced Ceramic Cutting Tools", PhD Thesis, University of Birmingham, UK.
BROOKES, K.J.ª, 1986, “Hard and Superhard Tools Are a Cut Above the Rest”,
Metal Working Production, October, pp. 92-104.
BULJAN, S.T.; SARIN, V.K., 1985, “The Future of Silicon Nitride Cutting Tools”,
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CLARK, I.E. and SEM, P.K., 1998, “Advances in the Development of Ultrahard
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Manufacturing”, seventh edition, Macmillan Publishing Company, New York, USA,
1172 p.
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September, pp 516 - 520.
163
KOLASKA, H. and DREYER, K., 1990, “Metal Duro, Cermets e Cerâmica”, Metal
Mecânica, Set/Out., pp 62 – 70.
KOMANDURI, R., 1989, “Advanced Ceramic Tool Materials for Machining”, Int. J
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Electric - Technical Information Series, number 82 CRD, August, 32 pags.
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Cutting Tools”, Interantional Journal of Refractory ard Metals, vol. 6, nº 4,
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RIDHOUGH, M., 1970, “Cast Cobalt Alloy Cutting Metal”, Materials for Metal
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SANDVIK, Corokey.
TöNSHOFF, H.K. and BARTSCH, S., 1988, “Performance of Ceramic Cutting Tool
Materials in Dependence on their Specific Properties”, Intersociety Symp on
Machining of Advanced Ceramic Materials and Components, Winter Annual
Meeting of ASME, Chicago, Ilinois, 27th November to 2nd December, pp. 229-241.
WERTHEIM, R.; SIVAN, R.; PORAT,R. and BER, A., 1982, “Characterization of
CVD Coated Carbide Layers and their Thermal Properties”, Annals of CIRP, vol
31, Nº 1, pp 7- 11.
164
CAPÍTULO 11
AVARIAS, DESGASTE E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS
DE CORTE
11.1. INTRODUÇÃO
165
Desgaste. A Norma ISO 3685 (1977) define desgaste em ferramentas como sendo:
“mudança de sua forma original durante o corte, resultante da perda gradual de
material”. Em tribologia, Hutchings (1992), em seu clássico livro sobre o assunto,
define desgaste como sendo “a destruição de uma ou de ambas superfícies que
compõem um sistema tribológico, geralmente envolvendo perda progressiva de
material”. À destruição que Hutchings se referiu, vamos relacionar a alterações
geométricas, e definir desgaste em usinagem como sendo a mudança da geometria
da ferramenta de corte por perda de massa. No desgaste, ao contrário da avaria,
esta perda acontece de maneira contínua e progressiva, e em proporções pequenas,
às vezes a nível atômico, às vezes a nível granular ou granulares. Pode ocorrer
segundo vários mecanismos e a deformação plástica pode fazer parte dos mesmos.
Neste processo a temperatura desenvolvida durante o corte tem um papel decisivo,
e atinge ferramentas de corte de qualquer material.
Deformação Plástica é a mudança da geometria da ferramenta de corte pelo
deslocamento de massa. Ela ocorre por cisalhamento devido às altas tensões
atuantes nas superfícies das ferramentas de corte. Em casos extremos vai levar à
total destruição da cunha cortante da ferramenta, podendo até perder massa. É mais
comum ocorrer em ferramentas com resistência ao cisalhamento relativamente baixa
e com maior tenacidade, como o aço-rápido, as ligas fundidas e o metal duro. A
ocorrência nas cerâmicas é difícil porque a grande fragilidade deste grupo de
materiais não apresenta campo plástico suficiente para permitir o deslocamento de
material, promovendo, antes, a quebra ou a fratura. É comum encontrar na literatura
(Trent e Wright, 2000) o tratamento da deformação plástica como desgaste, o que é
perfeitamente aceitável, uma vez que ambos promovem a mudança da geometria da
ferramenta, que podem culminar em destruição total da aresta de corte.
Assim, num processo de usinagem existem duas causas fortes para
substituição da ferramenta de corte, a saber:
I. Ocorrência de uma avaria (trinca, lasca ou quebra). Isto é muito raro de ocorrer no
corte contínuo (torneamento), a não ser que as condições de corte usadas estão
acima das condições máximas recomendadas para cada tipo de ferramenta; ou a
geometria da ferramenta é inapropriada; ou mais raro ainda, quando a ferramenta
de corte já possui algum defeito de fabricação (o que pode ser evitado por
inspeções prévias rigorosas, antes do uso). As avarias são mais comuns no corte
interrompido (fresamento), devido aos choques mecânicos e térmicos inerentes a
tais processos.
II. O desgaste ou a deformação atinge proporções elevadas que pode comprometer
o bom andamento do processo. O desgaste e a deformação acontecem tanto nas
superfícies de folga como na superfície de saída das ferramentas, em cortes
contínuos ou interrompidos.
166
mecânicos originados na entrada ou na saída da peça, ou pelo choque de origem
térmica, causado pela flutuação da temperatura durante um ciclo (ou revolução) da
ferramenta. Esta flutuação da temperatura ocorre porque a ferramenta se aquece
durante a parte ativa do ciclo (de retirada do cavaco) e se resfria durante a parte
inativa do ciclo (sem retirada de cavaco). A Figura 11.1 apresenta um desenho
esquemático de um fresamento frontal (ou fresamento de aplainamento), onde os
ciclos ativos (de corte) e inativos (sem corte) durante uma revolução da ferramenta
são destacados.
Fase inativa
Fase ativa
Peça
Fresa
Figura 11.1. Representação esquemática das fases ativa e inativa da aresta de corte
num processo de fresamento frontal (Melo et all, 2004).
167
Neste momento a ferramenta entra novamente em corte (tempo ativo) e o ciclo se
repete.
T const.
t1
168
Figura 11.3. Distribuição da temperatura e de tensões em pastilhas de metal duro,
no corte interrompido (Ferraresi, 1977).
Superfície de saída
Aresta de corte
Superfície de folga
169
abertura da trinca térmica e a segunda etapa compreende o período de
transformação da trinca em sulco.
170
também, observou um aumento discreto da quantidade de trincas térmicas com o
aumento do avanço por dente, contrariando os achados de Lehewald.
A Figura 11.8 mostra que quanto maior a tenacidade das ferramentas de corte
maiores são as resistências aos choques térmicos e, por conseguinte elas
apresentam menores números de trincas. Neste gráfico o número de sulcos aparece
171
em função do número de cortes. Observa-se que, inicialmente, o número de sulcos
cresce exponencialmente e, após um determinado valor, estabiliza. Quanto mais
tenaz for a ferramenta, menor o número de trincas na estabilização.
172
Lf = 500 mm Lf = 1000 mm Lf = 1500 mm
4,5
2
1,5
1
0,5
0
1 1,5 2 2,5
Profundidade de corte (mm)
500 mm
ae = 30 mm
Barra de teste
80
55
Fresa
173
temperatura a cada ciclo, reduzindo o ΔT e, conseqüentemente, as tensões térmicas
sobre a aresta de corte, diminuindo, desta forma, a quantidade de trincas térmicas.
2,5
2
(mm )
-1
1,5
0,5
0
30 55 80
Penetração de trabalho (mm)
174
Observa-se que quando o teste foi feito sem aquecimento, com 8min de corte
(30cm de percurso de corte) 11 sulcos em forma de pente já haviam sido
registrados, e que com pouco mais de 40min de corte (próximo de 200cm de
percurso de corte) este número subiu para 17. O aquecimento da pastilha em 300oC
fez reduzir os números de sulcos, de maneira que o quinto sulco só foi aparecer
após 75min de corte (aproximadamente 325cm de percurso de corte). Quando o
aquecimento foi a 400oC, praticamente eliminou os sulcos. O único sulco registrado
só apareceu após 68min de corte (300cm de percurso de corte). Esta é a prova mais
contundente de que o mais importante no processo é a variação de temperatura ΔT.
O aquecimento reduz o resfriamento da pastilha, diminuindo a diferença de
temperatura T1 - T1’ (Figura 11.2), reduzindo proporcionalmente a variação de tensão
superficial, como abordado com auxílio da Figura 11.3, e conseqüentemente
restringindo a geração de trincas de origem térmica na superfície da ferramenta.
100
a
b
T [m in]
10 c
d
e
1
100 120 140 160 180 200 220
v [m/min]
Figura 11.13. Vida da ferramenta no fresamento frontal de aço ABNT 8640, com
aplicação de vários fluidos de corte e a seco: a- Seco; b- Sintético 5%;
Sintético 10%; d- Emulsionável 5%; e- Semi-Sintético 5%. No detalhe
o desgaste de uma ferramenta quando se empregou o fluido sintético
5% (Vieira et all, 2001).
175
ferramentas de metal duro revestidas, onde trincas térmicas estão predominando.
Neste trabalho o autor propõe um modelo de evolução do desgaste, após intensa
análise de desgaste no microscópio eletrônico de varredura - MEV. Neste modelo, a
transformação das trincas térmicas em sulcos é considerada.
0,2 mm
0,5 mm
176
medições de temperatura, com sensor infravermelho, na entrada e na saída da
ferramenta da peça.
Vários outros pesquisadores (Kakino et all, 1984; Chakraverti et all, 1984b;
Bhatia et all, 1978; Yellowley e Barrow, 1976 e Chandrasekaram, 1985) têm-se
dedicado ao estudo da origem dessas trincas, e eles concluíram que elas se tornam
a maior causa de falhas das ferramentas, em velocidades de corte elevadas. Já a
velocidades de corte baixas, as trincas de origem mecânicas são as principais
responsáveis pelas falhas das ferramentas de corte.
177
A Figura 11.15 apresenta avarias de origem mecânica, em uma ferramenta
utilizada no fresamento de aço inoxidável austenítico ABNT 304. Observa-se que
grandes lascas foram destacadas da superfície de saída da ferramenta, situações
típicas de avaria na entrada da ferramenta na peça.
Superfície da saída
Superfície de folga
178
cavacos aderidos, muitas vezes a arestas das lascas são pontos de ancoragem de
material da peça, como ilustrado na Figura 11.17. O fluxo de material que passa
imediatamente adjacente à superfície, que pode ser de cavaco, quando na superfície
de saída, ou da peça, quando na superfície de folga, vai se depositar na região
lascada, favorecendo, com o prosseguimento do corte, o desenvolvimento de outros
mecanismos de desgaste, como o attrition e a difusão.
Figura 11.17. Vista da superfície de folga de uma ferramenta de metal duro utilizada
no fresamento de aço inoxidável austenítico ABNT 304 com lascas e
ancoragem de material da peça.
179
restrição da resistência do material em condições normais. Devido à falta de apoio, a
borda se deforma no sentido de cisalhamento negativo, até a ruptura, antes de
atingir a borda, promovendo a formação do pé. A separação desta forma de cavaco
no exemplo da figura acontece quando ainda faltava 0,21mm para a ferramenta
atingir a borda lateral da peça.
180
cisalhamento é positivo, tem a direção da esquerda para direita na figura, passa a
ter a direção da direita para a esquerda, quando o ângulo de cisalhamento atinge o
valor negativo.
Obviamente, este tipo de falha pode ser evitado quando a ferramenta de corte
tiver a necessária tenacidade para evitar a ruptura quando da inversão das tensões
na ponta da cunha. Deve-se observar, também, que quanto mais pesado for o corte
(grande profundidades, grandes avanços e alta resistência do material da peça),
mais crítico será o carregamento e mais susceptível estará a ferramenta de sofrer a
ruptura. Se a ferramenta não resistir, a formação do pé no cavaco será a
companhada de uma fratura da ponta da ferramenta, comprometendo seriamente a
integridade da ferramenta. A Figura 11.20 detalha esta fratura (Pekelharing, 1978).
181
A Figura 11.21 apresenta a explicação do pé se formar apenas nos dentes
impares das ferramentas.
Observa-se que após o dente impar promover a formação do pé, ele deixa a
borda de saída da peça chanfrada. Isto favorece a saída do dente posterior, no caso
o dente par, aliviando a saída e evitando a formação do fenômeno neste dente. Em
fresas com número de dentes impares, a combinação levará todos os dentes à falha
após algumas rotações da fresa. Assim, este tipo de falha pode, também, ser
evitado quando a aresta de saída da peça está chanfrada. Nesta situação todos
dentes da fresa encontrarão a saída com a geometria mostrada em “b” da figura
11.21.
Outro parâmetro importante no processo é o ângulo de saída da ferramenta
da peça, ε. No fresamento, a espessura de corte, h, é máxima no centro da fresa, na
direção de avanço. A espessura de corte, h, aumenta da entrada na peça até o
centro, atingindo, então o valor máximo, e reduz à medida que se afasta do centro
no movimento de saída da peça. Quando o ângulo de saída, ε, é zero, tem-se o
maior valor de espessura de corte, h, na saída da peça. Isto torna crítico o processo
de formação do pé. À medida que o ângulo de saída da peça se afasta do zero (pra
negativo ou positivo), o processo de carregamento na saída da ferramenta da peça
vai aliviando, podendo até evitar a formação do fenômeno.
Pekelharing (1978) encontrou a supressão da formação do pé quando o
ângulo de direção da saída, ε, é maior que 20o ou menor que -45o, como mostrado
na Figura 11.21. Estes números concordam com os apresentados pela Sandvik,
(sem data).
Pode-se, portanto, evitar a falha na saída da ferramenta da peça, usando o
chanfro na superfície da peça ou usando uma geometria de saída segura, conforme
abordado neste item. O processo fica mais crítico quando se está faceando uma
182
superfície totalmente irregular, como por exemplo, a face superior de um bloco de
motor, onde a ferramenta experimenta várias saídas, sendo impossível evitar as
direções perigosas mostradas na Figura 11.21. Neste caso a sugestão é reduzir as
condições de corte de maneira a aliviar o carregamento, diminuindo, por exemplo, a
profundidade de corte.
- 45o + 20o
183
Figura 11.22. Principais áreas de desgaste de uma ferramenta de corte (Dearnley e
Trent, 1982).
A Figura 11.23 mostra os parâmetros utilizados pela norma ISO 3685 (1997)
para quantificar esses desgastes. Os principais são
KT = profundidade da cratera,
VBB = desgaste de flanco médio,
VBBmax = desgaste de flanco máximo,
VBN = desgaste de entalhe.
VCN VBN
184
maneira a manter o processo produtivo dentro de condições econômicas
adequadas.
Em usinagem, normalmente, as ferramentas de corte se desgastam seguindo
uma curva padrão, representada na Figura 11.24. Observa-se que na evolução do
desgaste são distinguidos três estágios, I, II e III.
quebra
*
Desgaste
I II III
Tempo
185
Os técnicos envolvidos com o processo de usinagem devem, portanto,
observar atentamente a evolução desta curva, para evitar que a mesma atinja o
estágio III, pois dentro deste estágio o tempo para ocorrer a quebra é muito curto,
tornando-se muito difícil evitá-la. As conseqüências de uma quebra de ferramenta
em serviço podem representar um custo muito elevado. O mais comum é o refugo
da peça, sendo, portanto, uma responsabilidade maior quanto mais nobre for o
material da mesma. Materiais como superligas de Ti e Ni, aços inoxidáveis, ligas de
cobre e alumínio são, normalmente, caras o suficiente para gerar maiores
preocupações. Além do refugo da peça, uma quebra de pastilha pode danificar o
suporte, uma vez que não raro a resta de corte é substituída pela aresta do suporte.
Estes suportes são fabricados em aço comum ou aço liga, sem dureza suficiente
para exercerem o papel de ferramenta. A falha do inserto ocorre repentinamente, e
mesmo com um bom sistema de segurança na máquina, o dano no suporte é
praticamente inevitável. Entretanto, se o inserto vier a quebrar, a conseqüência mais
prejudicial é a danificação no eixo-árvore da máquina-ferramenta. Quando a aresta
da ferramenta deixa de estar presente, o suporte a substitui, sem geometria e
material adequados para responderem pelo processo. Isto eleva imediatamente os
esforços inerentes, podendo levar ao empenamento do eixo-árvore. Quando
estiverem envolvidas máquinas de concepção moderna como as atuais, o custo de
reparo deste eixo pode significar uma boa soma de dinheiro.
Em operações de acabamento os critérios adotados são relacionados com
parâmetros de rugosidade superficial, e portanto, na maioria das vezes muito aquém
do estágio III. Mas em operação de desbaste, os técnicos de usinagem devem ter
total conhecimento do comportamento da curva padrão de desgaste, para adotar
critérios de fim de vida de ferramentas que evitem atingir o estágio III. Por outro lado,
por questões econômicas, ele não pode determinar um critério que fique muito
aquém do mesmo, porque irá condenar uma ferramenta prematuramente. O ideal é
se ter um sistema de monitoramento, que poderá auxiliar com bastante segurança
na definição do critério. As componentes da força de usinagem, a potência do motor
de acionamento do eixo-árvore (Caldeirani Filho, 1998), a temperatura de corte, a
vibração do sistema (Sousa, 1998), a emissão acústica (Pigari, 1995) são
parâmetros muito usados para este fim. Todos eles têm uma correspondência muito
forte com a curva padrão de desgaste. Assim, um controle de um desses parâmetros
pode ser usado para indicar o final de vida da ferramenta e indicar o momento de
troca da aresta cortante. Por serem poucas intrusivas e práticas, a vibração do
sistema e a potência do motor de acionamento do eixo-árvore são os parâmetros
mais utilizados.
Os critérios de fim de vida recomendados pela ISO (1977) para ferramentas
de aço-rápido, metal duro e cerâmica, em operações de desbaste, são:
186
Em operações de acabamento a norma recomenda critérios baseados em
parâmetros de rugosidade superficial, como o Ra.
É importante salientar que estes valores sugeridos pela norma ISO 3685
(1977) são para testes de vida de ferramenta, e industrialmente esses parâmetros
podem assumir valores diferentes, pois eles dependem de vários fatores tais como:
rigidez da máquina ferramenta, precisão requerida na peça, etc..., que são diferentes
para diferentes companhias. Uma maneira prática muito utilizada industrialmente é
permanecer usando a aresta de corte até que as peças produzidas saiam das
especificações de tolerância e/ou acabamento de projetos. Entretanto, se persistir
em continuar usando uma aresta de corte após um elevado nível de desgaste um
alto grau de risco está em jogo, pois valores excessivos de desgaste causam
aumento da força de usinagem e da geração de calor, elevando a chance de
promover a falha catastrófica da ferramenta.
Difusão
Adesão
Abrasão
Oxidação
Temperatura de Corte
(Velocidade de Corte; Avanço e outros fatores)
187
enquanto que em temperaturas elevadas, a adesão perde lugar para os novos
mecanismos de difusão e oxidação. Observa-se que estes dois mecanismos vão
crescendo em participação com o aumento da temperatura e que a difusão cresce
numa escala exponencial. Este diagrama também salienta que o desgaste total
cresce muito com o aumento da temperatura de corte.
A literatura apresenta variações na classificação dos mecanismos de
desgaste, porém, grande parte dos trabalhos existentes considera pelo menos seis
mecanismos diferentes (Trent e Wright, 2000 e Wright e Biagchi, 1981) sumarizados
na Figura 11.26.
188
11.4.1. Deformação Plástica Superficial por Cisalhamento a Altas Temperaturas
(Figura 11.26.1)
Peça
Cavaco
vc
Ferramenta
189
recobrimentos em ferramentas de metal duro no torneamento de aço ABNT 4340
endurecido, e utilizando um perfilômetro para analisar a cratera na superfície de
saída da ferramenta, observou cotas positivas de material nas imediações da
cratera, ou mais precisamente logo após a cratera. Estas cotas positivas são claras
evidencias de deslocamento de material da superfície, o que, portanto, inclui os
revestimentos nas ferramentas revestidas. Estas cotas positivas foram encontradas,
também, nas ferramentas sem revestimentos. Elas significam que houve
deslocamento de material de dentro da cratera para além dela, tanto do substrato
como do revestimento, e tudo indica que isto aconteceu por cisalhamento plástico,
processo similar ao do aço-rápido observado por Trent e Wright (2000). A Figura
11.28 apresenta este resultado encontrado por Ávila em ferramentas sem
revestimento e revestida com TiNAl.
a)
b)
Figura 11.28. Perfis das superfícies de saída de ferramentas de metal duro a)- sem
revestimento e b)- revestida com TiNAl, após usinagem de aço
endurecido por 16 min (Ávila, 2003).
190
desgaste por outros mecanismos (possivelmente difusão) ocorrer mais facilmente,
aliviando o processo de cisalhamento plástico por cisalhamento a altas
temperaturas. A ferramenta revestida, ao contrário, tem mais resistência a estes
outros mecanismos, mas em conseqüência, o trabalho de cisalhamento naquelas
regiões de cotas positivas é mais intenso.
191
pequeno. Se o limite de resistência for atingido, ela entra em ruptura imediatamente,
promovendo a quebra imediata, sem experimentar deformação plástica.
Motta (1995), em seu trabalho de mestrado, usinando aço ABNT 8640 com
ferramentas de metal duro revestidas, em altas velocidades de corte, observou a
deformação plástica na ponta da cunha de corte, após a ferramenta apresentar
desgaste de flanco já acentuado. A Figura 11.30 ilustra esta deformação.
Figura 11.30. Cunha de corte de uma ferramenta de metal duro revestida após
usinar aço ABNT 8640 a 300m/min (Motta, 1995).
192
Entenda solubilidade dos elementos envolvidos como afinidade química entre
os constituintes. Neste processo, o tamanho atômico é muito relevante. Átomos
menores que os da matriz, podem formar soluções sólidas interticiais. Átomos
relativamente de mesmo tamanho dos da matriz tendem a formar soluções sólidas
substitucionais. Átomos maiores que os da matriz, não apresentam solubilidade para
se difundirem na matriz.
Em usinagem, as velocidades relativas entre ferramenta-peça ou ferramenta-
cavaco são altas e o tempo de contato entre esses materiais é muito curto. Isto
praticamente levaria o mecanismo de difusão a ser desprezível, se não fosse a
existência de uma zona de aderência (zona morta ou zona de fluxo) na interface
cavaco-ferramenta (Trent e Wright, 2000). Como visto no Capítulo 6, existe um
gradiente de velocidades dentro da zona de fluxo, assumindo o valor zero na
interface com a ferramenta, o que garante tempo suficiente para haver difusão. As
temperaturas na zona de fluxo são também elevadas o suficiente (podendo chegar a
1000oC, 1200oC) para promover o processo difusivo. A renovação constante da zona
de aderência, promovida pela alta taxa de deformação, garante um fluxo difusivo
também constante. Se esta zona de aderência não fosse renovada, haveria o
saturamento desta zona de aderência, que funcionaria como uma barreira à difusão.
Só é concebível a existência da difusão como um mecanismo de desgaste
nas ferramentas de corte durante a usinagem se existir o íntimo contato entre as
duas superfícies envolvidas, neste caso entre o cavaco e a ferramenta e entre a
peça e a ferramenta. Trent e Wright (2000) oferecem várias provas deste íntimo
contato entre o cavaco e a ferramenta. As fotos a e b da Figura 11.31 apresentam
estas evidências.
a) b)
Figura 11.31. Amostras de Quick-Stop. Em a)- a ponta da cunha da ferramenta
sofreu ruptura e ficou aderida na raiz do cavaco. Em b)- uma
quantidade de material do cavaco ficou aderida na superfície de
saída da ferramenta de corte (Trent e Wright, 2000).
193
Na usinagem de aço com ferramentas de metal duro a mecânica do processo
difusivo ocorre da seguinte maneira: Nas temperaturas elevadas (da ordem de
1200OC) o carbono se satura na fase cobalto com apenas 0,7%. O ferro tem
solubilidade total no cobalto. Assim, o ferro do aço tende a se difundir para a fase
cobalto da ferramenta, fragilizando-a e aumentando a solubilidade do carbono para
2,1%. Esta maior solubilidade do carbono na fase ferro–cobalto, promove a
dissociação de carbonetos de tungstênio, formando um carboneto complexo do tipo
(FeW)23C6, liberando carbono. Este carboneto complexo de ferro e tungstênio tem
uma resistência à abrasão muito menor que o carboneto de tungstênio original,
fragilizando, portanto, a ferramenta de corte. Os carbonetos de titânio e tântalo são
mais estáveis dificultando a formação do carboneto complexo e impedindo o
enfraquecimento da ferramenta de corte. Isto explica a maior resistência das
ferramentas da classe P na usinagem de aço.
Logicamente, cada par ferramenta-peça irá apresentar suas reações
particulares, mas todos tendem a enfraquecer a ferramenta de corte. Não só pela
perda de elementos importantes da ferramenta para a peça pelo transporte atômico
difusivo, mas também pela combinação com elementos da peça que irão envolver
perda de carbonetos duros e abrasivos, em troca de outros menos resistentes ao
desgaste.
Este mecanismo de desgaste poderá atuar tanto na superfície de saída como
na superfície de folga, e a taxa de desgaste irá aumentar com o aumento da
velocidade de corte e do avanço, pois o aumento desses parâmetros faz aumentar a
temperatura de corte, que é a fonte de energia para o processo difusivo. Como se
processa em nível atômico, no microscópio as áreas desgastadas por difusão tem
uma aparência lisa, como detalhado na Figura 11.32. Trata-se de uma ferramenta de
metal duro da classe ISO K20, sem revestimento, utilizada para usinar Ti6Al4V.
Figura 11.32. Vista geral do desgaste de uma ferramenta de metal duro K20, após
usinar Ti6Al4V (Machado, 1990).
194
11.4.4. Desgaste por Aderência e Arrastamento – Attrition (Figura 11.26.4)
195
temperatura que o attrtion em altas velocidades (difusão ou deformações),
ofuscando a contribuição deste mecanismo de desgaste, caso ele esteja presente.
Attrition
Difusão
Figura 11.34. Detalhe da cratera formada em ferramenta de metal duro K20 após
usinar Ti6Al4V a 75 m/min.
196
11.4.5. Desgaste Abrasivo (Figura 11.26.5)
Figura 11.36. Desgaste abrasivo em ferramentas de PCBN após usinar aço ABNT
5140 (Campos, 2004).
197
Nota-se claramente a presença de vários sulcos paralelos entre si, que foram
formados na direção do fluxo de material tanto do cavaco como da peça. No
exemplo da Figura 11.36, trata-se de usinagem de um aço ABNT 5140 (DIN
19MnCr5), endurecido a 58 HRc com ferramentas de PCBN. Mesmo com elevada
dureza, o aço não seria o fornecedor das partículas abrasivas. Neste caso,
possivelmente, as partículas são provindas da própria ferramenta.
Uma vista mais ampliada de regiões desgastadas por abrasão de ferramentas
de PCBN na usinagem deste aço ABNT 5140 pode ser vista na foto da Figura 11.37.
198
3. Formação de trincas térmicas devido a um alto gradiente de temperatura na
superfície livre.
4. Presença de uma rebarba na aresta da superfície previamente usinada.
5. Uma velocidade maior na altura da profundidade de corte onde o diâmetro é
maior (obviamente esta é descartável, pois o desgaste de entalhe acontece
também na ponta da ferramenta, onde a velocidade é menor).
6. Presença de uma camada de óxido abrasiva na superfície previamente
usinada.
7. Fluxo de material de aresta postiça de corte, paralelo, à aresta de corte
(obviamente esta também é descartável, pois quanto maior a velocidade de
corte, incluindo as velocidades onde a APC inexiste, mais problemática é a
formação do desgaste de entalhe).
8. Fadiga da ferramenta devido à flutuação de força na superfície livre que
acompanha os pequenos movimentos laterais das arestas dos cavacos.
9. Partículas da ferramenta depositadas na superfície da peça previamente
usinada, que agem como pequenas ferramentas de corte para induzir o
desgaste.
Figura 11.38. Desgaste de entalhe observado em uma ferramenta de metal duro K20
após usinagem de Inconel 901 (Machado, 1990).
199
velocidade de corte aumentar a taxa de desgaste (Machado, 1990). Existem
evidências para sugerir que óxidos se formam continuamente e se aderem na
ferramenta naquelas regiões, e a quebra das junções de aderência entre os óxidos e
a ferramenta, promovidas pelo mecanismo de attrition, pode ocasionalmente
remover material da superfície desta última (Trent e Wright, 2000).
Uma outra publicação mais recente (Richards e Aspinwall, 1989) afirma,
entretanto, que a teoria que prevalece é a proposta por Shaw et all (1966). Segundo
estes pesquisadores, o entalhe na forma de “V” é formado pelas rebarbas
produzidas nas arestas laterais do cavaco, envolvendo outros mecanismos,
incluindo a aderência e arrancamento (attrition).
Shaw e sues colaboradores propuseram suas teoria após observarem uma
usinagem de ligas de níquel em altas velocidades. Eles verificaram que os cavacos
que caiam estavam rubros nas bordas e cinzas no centro, significando maiores
temperaturas nas bordas. Esta observação lhes chamou a atenção, pois a
expectativa era justamente o contrário. A partir desta observação eles começaram a
estudar o processo de formação do cavaco destes materiais, utilizando a teoria da
plasticidade. Em seus estudos, os autores concluem, que ao se aplicar os critérios
de escoamentos de Tresca e von Mises, bastante conhecidos na literatura, as
deformações se iniciam com tensões menores quando prevalece o estado plano de
tensão (estado que predomina nas bordas do cavaco), que quando o estado plano
de deformação prevalece (estado que predomina no centro dos cavacos). Assim,
material ainda solidário à peça que está se aproximando da zona de cisalhamento
primária e da ferramenta, irá sofrer deformação primeiro na suas bordas (estado
plano de tensão) e só depois no centro. Com isto, materiais da bordas irão se
encruarem também mais, o que impõe maior restrição ao processo de deformação,
gerando mais calor e conseqüentemente maiores temperaturas nas bordas. Com
temperaturas maiores nas bordas do cavaco, a ferramenta de corte estará mais
susceptível de sofrer os mecanismos de desgastes já citados, nas regiões de
contato com as bordas. Com certeza, entre estes mecanismos se encontra a
oxidação, pois nas bordas o oxigênio da atmosfera tem acesso garantido.
Este processo só irá acontecer em materiais que tenham alto grau de
encruamento, como as ligas de níquel e aços inoxidáveis austeníticos. Nos outros
materiais o grau de encruamento não é suficiente para apresentar diferenças
significativas das bordas para o centro.
A seqüência de fotos mostrada nas Figuras 11.39 a 11.41 confirma a
presença do mecanismo de attrition no desgaste de entalhe. Estas fotos foram
tiradas em ferramentas de metal duro da classe K20 após usinagem de Inconel 901
(Machado, 1990).
A Figura 11.39 mostra o entalhe na superfície de folga da ferramenta,
apresentando uma camada de material da peça aderido nesta região. Foi feito um
corte no centro do entalhe e a amostra preparada metalograficametne. Este corte é
visto na figura 11.40. Observa-se uma trinca grande correndo paralela à superfície
de folga da ferramenta, que foi originada quando da preparação da amostra, no
período de polimento com disco de diamante, devido a sobrecarga imprimida
manualmente. A Figura 11.41 mostra uma ampliação da interface ferramenta-
camada aderida, onde se observam, nitidamente, os grãos da ferramenta dentro do
fluxo do material (camada aderida). Confirmação positiva da presença de attrition, no
200
processo de desenvolvimento do desgaste de entalhe, confirmando as teorias de
Shaw e de Trent e Wright.
201
11.4.7. COMENTÁRIOS FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Tools in Intermittent Cutting”, Precision Engineering, pp 148-152.
BHATIA, S.M.; PANDEY, P.C.; SHAN, H.S., 1978, “Thermal Cracking of Carbide
Tools During Intermittent Cutting”, Wear, 51, pp. 201-11.
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Generation of Thermal Crack of Cutting Tool”, Proceeding of 5th International
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203
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204
SHAW, M.C., 1986, “Metal Cutting Principles”, Oxford Science Publications, USA,
ISBN 0 19 859002 4, 594 pgs.
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Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica, FEMEC, Uberlândia – MG, julho,
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YELLOWLEY, I.; BARROW, G., 1976, “The Influence of Thermal Cycling on Tool Life
in Peripheral Milling”, International Journal MTDR, vol. 16, pp. 1-12.
205
CAPÍTULO 12
VIDA DA FERRAMENTA E FATORES QUE A INFLUENCIAM
12.1. INTRODUÇÃO
A vida de uma ferramenta pode ser definida [1] como sendo o tempo em que
a mesma trabalha efetivamente, sem perder o corte ou até que se atinja um critério
de fim de vida previamente estabelecido. O fim de vida de uma ferramenta de corte
será definido pelo grau de desgaste estabelecido. O tamanho deste desgaste, ou a
fixação de um nível de desgaste permitido irá depender de inúmeros fatores, entre
os quais podemos citar:
206
Além destas curvas pode-se construir os gráficos de desgaste em função da
velocidade de corte, para um determinado tempo de usinagem, que permite uma
melhor visualização das condições técnicas, Figura 12.1 (o comportamento da curva
se deve aos diferentes mecanismos de desgaste).
Por meio das curvas de vida, se obtém a velocidade de corte Vc 60 para uma
vida de 60 minutos de trabalho, uma vez especificados os desgastes e as condições
de usinagem. Esta velocidade serve como índice comparativo, para medir a
usinabilidade do par ferramenta-peça.
207
O gráfico T x Vc da Figura 12.2 representa a região c do gráfico da Figura
12.1, que é a região economicamente mais interessante apesar do desgaste ser
maior (mas a velocidade sendo maior irá permitir maior produção). Este gráfico
quando representado em escala dilogarítmica, se aproxima de uma reta, Figura
12.3.
onde,
x = coeficiente angular da reta.
K = vida da ferramenta para uma velocidade de corte 1m/min.
T = K∗ Vc− x (12.2)
208
E
T = K1 ⋅ f ⋅ ap F ⋅Vc G ⋅VB H (12.3)
Motta [5] usinando aço NB 8640, com ferramentas de metal duro revestidas,
sem fluido de corte, no torneamento, determinou os coeficientes K, E, F, G e H da
equação 12.3. Ele fez regressão linear múltipla aplicada, utilizando o método dos
mínimos quadrados, e obteve a equação 12.4.
- Quanto à peça:
• composição química
• tamanho do grão
• fusão e processo de fundição
• fabricação:
• fundido
• forjado
• laminado
• trefilado
• tratamento térmico:
• recozimento
• normalização
• tempera e revenido
• outros
• propriedades:
• resistências a tração
• ductilidade
• dureza
• encruabilidade
• dimensões e forma
• microestrutura
209
• composição
• tratamento térmico
• dureza e resistência ao desgaste
• geometria
• tenacidade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
210
CAPÍTULO 13
FLUIDOS DE CORTE
13.1. INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos, grandes avanços tecnológicos foram obtidos, tanto nos
materiais, como nas máquinas ferramentas. Isto fez com que a demanda dos fluidos
de corte crescesse consideravelmente. Alta demanda causa competitividade, que
por sua vez, causa aumento da qualidade dos produtos. Outro fator que também
influi no aumento da qualidade dos fluidos de corte dos dias de hoje, é a pressão
exercida por Agências de Proteção Ambiental e Agências de Saúde, para que os
produtos sejam comercializados com mais segurança e que causem menos mal ao
meio ambiente [1]. O sucesso dos fluídos de corte nos dias atuais é também devido
a avanços conseguidos nos processos de fabricação dos fluidos, mas muito mais
pelo desenvolvimento de novos aditivos. Com isto, os fluidos de cortes atuais
apresentam melhores propriedades refrigerantes, melhores propriedades
lubrificantes, apresentam menos perigo ao operador e duram consideravelmente
mais, com menos problemas de armazenagem do que os fluidos de corte de
gerações passadas.
e menos importante:
211
refrigeração se torna mais importante, e um fluido de corte à base de água, deve ser
utilizado.
Ainda não está completamente claro, como o fluído de corte ganha acesso à
interface, nem até onde ele pode chegar. Trent [2,3] diz que o lubrificante não tem
acesso à zona de aderência. Childs e Rowe [4] também sustenta esta teoria e
comenta que a atenção deve ser voltada, então, para a zona de escorregamento.
Postinikov [5] sugeriu que o lubrificante penetra contra o fluxo do metal, chegando a
ponta da ferramenta, por uma ação capilar, assumindo que o contato na interface
não é completo (condições de escorregamento). Williams [6] assume também este
ponto de vista. Alguns ensaios com ferramentas transparentes de safira [7],
demonstraram que o fluido de corte ganha acesso à interface, pelos lados, ao invés
de se movimentar contra o fluxo de saída do cavaco. Qualquer que seja o método de
penetração, o fluido de corte, uma vez na interface, deve formar o filme lubrificante,
com resistência ao cisalhamento menor que a resistência do metal. Ele pode
também restringir o caldeamento (solda) do cavaco na superfície de saída, se
aditivos apropriados forem adicionados. A eficiência da lubrificação dependerá das
propriedades do fluido, tais como: características de molhabilidade, viscosidade,
oleosidade e resistência do filme. Estas propriedades podem ser conseguidas com
uma mistura adequada de aditivos.
O objetivo final de se usar fluido de corte é reduzir o custo total por partes
usinadas ou então aumentar a taxa de produção. Isto pode ser conseguido com um
ou mais dos seguintes benefícios que os fluidos de corte podem proporcionar:
212
• fácil remoção do cavaco da zona de corte;
• menos distorção da pela ação refrigerante.
13.4. ADITIVOS
213
fundem a altas temperaturas e são facilmente cisalháveis. Podem ser
relacionados em ordem crescente de eficiência como: matérias graxas e
derivados, fósforo e zinco, clorados, sulfurizados inativos, sulfurizados ativos,
sulfurados e os sulfuclorados. Os mais empregados são aditivos sulfurizados,
sulfurados e fosforosos.
I. Ar;
13.5.1. EMULSÕES
214
aumentam as propriedades de lubrificação, são os mesmos empregados para óleos
puros. No entanto, o uso de cloro como aditivo para fluidos de corte vem
encontrando restrições em todo o mundo, devido aos danos que este causa ao meio
ambiente e à saúde humana. Por esta razão procura-se substituir o cloro por aditivos
a base de enxofre e cálcio. Usa-se ainda gordura e óleo animal e vegetal para
melhorar as propriedades de lubrificação.
13.5.2. SOLUÇÕES
215
13.5.3. ÓLEOS
216
Os ensaios de laboratórios devem ser usados como critério de seleção
correta do fluido de corte e de aditivos, apesar da maioria dos produtores
fornecerem tabelas e diagramas que ajudam o consumidor a selecionar o produto. É
comum encontrar na literatura tabelas completas, como a apresentada em [9], com
indicação do nome do produto, descrição do produto, concentração recomendada,
material a usinar, para vários fornecedores, com telefone e endereços das
companhias. Estas tabelas são úteis e devem ser usadas como ponto de partida.
Metais Ferrosos
Ligas Não-Ferrosas
Alumínio e suas Ligas: Podem muitas vezes ser usinados à seco. Porém, as
ligas de alumínio conformadas, com alto teor de cobre, requerem um fluido de
corte com alta capacidade refrigerante. Quando cavacos longos são formados, a
área de contato é grande e requer lubrificação adequada. As ligas de alumínio e
silício também requerem boa lubrificação. Se a precisão dimensional for
importante, deve-se usar um bom refrigerante, devido ao alto valor de coeficiente
térmico de expansão. Uma escolha correta seria uma emulsão com mistura de
óleo mineral e gordura e a maioria das emulsões solúveis. Alumínio não exige
aditivos EP e o enxofre livre ataca o metal instantaneamente.
Cobre e suas Ligas: Em usinagem este metal pode ser dividido em três grandes
grupos:
217
1. Ligas de fácil usinagem, que inclui a maioria dos latões e alguns bronzes ao
fósforo fundidos. Eles possuem resistência à tração adequada e baixa
ductilidade e geralmente adições de elementos de corte fácil (chumbo,
selênio e telúrio). Isto significa que eles são usinados mais facilmente que as
ligas de outros grupos. Uma emulsão de óleo mineral é suficiente para
praticamente todas as situações.
2. Ligas de usinabilidade moderada, são os latões sem chumbo, alguns
bronzes ao fósforo e bronzes ao silício. Eles tem alta ductilidade que causa
alto consumo de potência e dificulta a obtenção de bom acabamento
superficial. Geralmente, emulsão de óleo mineral ou uma mistura leve de
óleo mineral com gordura preenchem as exigências.
3. Ligas de difícil usinagem, tais como as ligas de chumbo, as ligas níquel-prata
e os bronzes ao fósforo. Eles tem baixa resistência e grande tendência ao
arrancamento e, geralmente, produzem cavacos longos. Neste caso uma
forte mistura de óleo mineral com gordura deve ser usado. Todos os metais
amarelo serão manchados por qualquer óleo contendo enxofre livre.
Como as ferramentas de aço carbono e aço liga devem ser usadas à baixas
temperaturas, é essencial que se use uma refrigeração adequada. Os aços-rápidos
também requerem uma refrigeração eficiente, e na usinagem de materiais tenazes,
aditivos anti-solda devem ser usados.
218
pode alterar o mecanismo de desgaste. Os materiais ultraduros (PCD e CBN) são
resistentes o suficiente para suportarem os choques térmicos e não existe contra-
indicação para o uso do fluido de corte.
Além destes três fatores importantes, o custo do fluido de corte pode também
influenciar na decisão. Os óleos solúveis tem um bom preço no mercado, e muitas
vezes este é um fator chave para a decisão.
219
Taylor [11] encontrou bons resultados quando o fluido é aplicado na direção
“A” (sobre-cabeça). Smart e Trent [12] entretanto encontraram a posição “C” como
sendo a mais eficiente, quando usinando níquel e ferro fundido. Lauterbach [13]
também encontrou esta direção, como sendo a mais eficiente na usinagem de aço.
Niebusch e Strieder [14], entretanto, sugere que melhores resultados são obtidos
quando o fluído é aplicado das direções “A” e “C” simultaneamente. Machado [15],
no torneamento de uma liga de titânio (Ti6V4Al), encontrou bons resultados quando
utilizou a direção “B” de aplicação do fluido, quando comparado com a direção
sobre-cabeça. Em sua investigação o fluido foi aplicado a alta pressão (~145 atm) e
funcionava como quebra-cavacos. Entretanto, este mesmo método e direção de
aplicação do fluido em uma liga de níquel (Inconel 901) não apresentou os mesmos
resultados, isto é, a posição sobre-cabeça apresentou vida das ferramentas
superiores.
220
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
221
CAPÍTULO 14
INTEGRIDADE SUPERFICIAL
14.1. INTRODUÇÃO
-Rugosidade
Acabamento -Ondulações
Superficial -Falhas
-Deformação plástica
Integridade -Rebarbas deformadas plasticamente
Superficial Fatores
-Microdureza
Mecânicos
Alterações -Micro ou macro trincas
Sub-superficiais -Tensões residuais
Fatores -Recristalização
Metalúrgicos -Transformações metalúrgicas
222
a) Rugosidade Superficial
b) Ondulações
c) Falhas
223
Figura 14.2. Elementos do acabamento superficial: a) rugosidade superficial; b)
ondulações; c) marcas denotando direções das irregularidades; d)
falhas (Juneja e Swkhon, 1987).
224
A rugosidade superficial sofre influência de vários parâmetros de usinagem,
incluindo: a geometria da ferramenta de corte, geometria da peça, rigidez da
máquina ferramenta, material da peça, condições de corte e material da ferramenta
(Nakayama et al, 1966; Shouckry, 1982).
225
serão as forças de usinagem e, portanto, as alturas dos picos e profundidades dos
vales que representam a rugosidade das superfícies serão menores.
O ângulo de folga α deve ser suficiente para prevenir o atrito entre a ferramenta e
superfície usinada. O atrito gera forças adicionais que causam deflexões. O contato
com atrito tende a imprimir na superfície usinada, os defeitos ou desgaste da
ferramenta. Além disto, este ângulo de ser adequado para ajudar na saída de
fragmentos de APC, evitando que esses fragmentos fiquem aderidos nas superfícies
usinadas.
O efeito dos ângulos de posição principal e secundário, χr, χ’r, é pequeno, mas
uma redução no ângulo de posição diminui as marcas de avanço e melhora o
escoamento do cavaco e acabamento. É comum usar χ’r = 0o por um comprimento
de 1,5 x f para remover parcialmente ou totalmente as marcas de avanço, são as
ferramentas chamadas de arestas raspadoras. Este método, porém, pode causar
vibrações. Por outro lado, o aumento do ângulo de posição lateral, aumenta a altura
das marcas de avanço e prejudica o acabamento.
226
portanto a temperatura na interface cavaco ferramenta será maior para a cerâmica,
o que reduz a APC e melhora o acabamento da superfície usinada ( Ansell e Taylor,
1962).
227
Figura 14.4. Parâmetro Ra para medir o acabamento superficial. A – perfil com a
linha de centro; B – porção inferior do perfil é invertida; C – Ra é a
altura média do perfil (Dagnall, 1986).
228
Outro parâmetro que se baseia na altura dos picos do perfil num determinado
comprimento de amostragem é a rugosidade Rq, chamado de desvio médio da raiz
quadrada da linha média. Pela definição matemática deste parâmetro, ele tem o
efeito de ampliar os valores dos picos e vales isolados ou esporádicos, podendo
assim evidenciar defeitos ou marcas em superfícies bem acabadas, como em
superfícies de espelhos e lentes.
(a) (b)
2
f f2 f2
Ra = = (14.1) Rt = (14.2)
18 3.rn 31,2.rn 8.rn
229
A seguir são definidos teoricamente os parâmetros Ra e Rt para outras
situações teóricas em função da geometria da ferramenta e avanço.
Torneamento
f f
Ra = (14.3) Rt = (14.4)
4(tan θ s + cot θ e ) tan θ s + cot θ e
f d2 f d2
Ra = (14.6) Rt = (14.7)
18 3.R 8.R
2
&f #
2
rn − r − $ z !
n
% 2" fd
Ra = (14.8) Rt = (14.9)
2 tan C + cot D
θe rn Rt
Rt
θs
f
ferramenta ferramenta
a) Ferramenta sem raio de ponta b) Ferramenta com raio de ponta, (f > rn)
230
R fz
avanço
Rt por dente
Figura 14.8. Perfil teórico de uma superfície usinada por fresamento tangencial.
ferramenta
fz
C
Rt
peça
231
atmosferas corrosivas, porque a resistência à fluência e outras propriedades
mecânicas podem ser afetadas por alterações sub-superficiais. As principais
alterações causadas tanto na usinagem convencional, como na usinagem não
convencional são (Juneja e Swkhon, 1987; Drozda e Wick, 1983; Turkovich e Field,
1981; Field et al, 1972):
Fatores Mecânicos
Fatores Metalúrgicos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
232
4. Dagnall, H. “Exploring Surface Texture”, 2nd edition, Rank Taylor Hobson Limited,
England, 1986.
5. DROZDA, T.J.; WICK, C. “Tools and Manufacturing Engineers Handbook”, vol. 1:
Machining, SME, 1983, pp.21-40.
6. FIELD, M.; KAHLES, J.F.; CAMMET, J.T. “A Review of Measuring Methods for
Surface Integrity”, Annals of the CIRP, vol. 21, 1972, pp. 219-238.
7. JUNEJA, B.L.; SWKHON, G.S. “Fundamentals of Metal Cutting and Machine
Tools”, John Wiley & Sons, New Delhi, India, 1987, 462 pags., ISBN 0-470-
20860-0.
8. NAKAYAMA, K.; SHAW, M.C.; BREWER, R.C. “Relationship Between Cutting
Forces, Temperature, Built-up Edge and Surface Finish”, Annals of CIRP, vol. 14,
1966, pp. 211-223.
9. Reis, A. M. “Influência do Ângulo de Posição Secundário da Ferramenta, Raio de
Ponta e Lubrificação na Usinagem em Presença de Aresta Postiça de Corte”,
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, MG, 90 pags,
2000.
10. SATA, T. “Surface Finish in Metal Cutting”, Annals of the CIRP, vol. 12(4), 1963,
pp. 190-197.
11. SCHAFFER, G.H. “The many Faces of Surface Texture”, American Machinist
and Automated Manufacturing, June 1988, pp. 61-68.
12. SHAW, M.C. “Metal Cutting Principles”, Oxford Science Publication, New York,
1984, 594 pags, ISBN 0-19-859002-4.
13. SHOUCKRY, A.S. “The Effect of Cutting Conditions on Dimensional Accuracy”,
Wear, vol. 80, 1982, pp. 197-205.
14. Smith, G. T. “Industril Metrology: Surface and Roundness”, Springer, 2002.
15. VON TURKOVICH, B.F.; FIELD, M. “Survey on Material Behavior in Machining”,
Annals of CIRP, vol. 30(2), 1981, pp. 533-540.
16. Whitehouse, D. J. “Review Article: Surface Metrology”, Meas. Sci. Technol., n 8,
pp 955-972, 1997.
233
CAPÍTULO 15
ENSAIOS DE USINABILIDADE
15.1. INTRODUÇÃO
234
ponto de partida para uma determinada aplicação. Assim, por meio de ensaios de
usinabilidade pode-se catalogar resultados e gerar informações práticas preciosas
do ponto de vista de chão de fábrica. Informações deste tipo são encontradas nos
catálogos dos principais fabricantes de ferramentas de corte do mercado mundial.
Entretanto, talvez o mais completo banco de dados de usinagem já publicado está
no "Machining Data Handbook" [2] do Machinability Data Center do IAMS (Institue of
Advanced Manufacturing Sciences, Inc).
Dois Grupos:
• Requer usinagem
• Não requer usinagem
Dois Sub-Grupos:
• Ranking testes - R
• Testes absolutos - A
Os testes que não requerem usinagem são sempre Ranking Testes. Os que
requerem usinagem podem ser Ranking ou Absolutos. De acordo com o tempo eles
podem ser classificados em:
235
• Curta duração
• Longa duração
A letra “R” indica que o teste é um ranqueador, e a letra “A” indica que o teste
é absoluto.
Boulger et alli [5], também citado por Mills e Redford [3] encontrou a relação
15.2 para expressar a usinabilidade de aços de livre-corte.
• Teste de microestrutura – R
B AR
VC 60 ∝ • 1− (15.3)
L • HB 100
onde,
B = Condutividade térmica do material
L = um comprimento característico
236
HB = Dureza Brinell do material
Ar = redução de área obtida em ensaio de tração convencional.
Relação similar foi apresentada por Janistky [8], citado por Mills e Redford [3].
D
VC 60 ∝ (15.4)
HB • Ar
onde,
D = Constante que depende das dimensões do corte.
Este teste foi proposto por Boulger et alli [9], citado por Mills e Redford [3] e
pode ser usado tanto na furação como no torneamento. Pela maior simplicidade, o
processo de furação é o mais utilizado. É um teste de curta duração e consiste em
aplicar uma força de avanço, Ff constante e medir o tempo para se furar uma chapa
de espessura fixa, ou fixar um determinado tempo e medir o percurso de avanço. A
força de avanço constante pode ser facilmente conseguida em uma furadeira de
coluna ou de bancada, por meio de uma roldana com um cabo de aço e um prato
com pesos adaptado no eixo de avanço da máquina.
Este teste foi proposto por Kraus e Weddell [10] e Lorenz [11], citados por
Mills e Redford [3], e é outro teste prático e de curta duração, que consiste em
facear um disco do centro para a periferia, normalmente com ferramenta de aço-
237
rápido. Com este procedimento, a velocidade de corte vai aumentando
constantemente, até atingir o ponto crítico onde promove o colapso da ferramenta.
Este colapso é nitidamente observado por uma simples análise na superfície
usinada. A medida de usinabilidade pode ser o tempo para a falha da ferramenta, ou
o percurso de avanço até atingir a falha.
Este teste foi proposto por Heiginbotham e Pandey [12], citado por Mills e
Redford [3] e é classificado como absoluto, porém considerado de curta duração.
Neste tipo de teste utiliza-se uma peça de perfil cônico para ser usada em
torneamento, iniciando no diâmetro menor para o maior do cone. Este procedimento
permite um aumento progressivo da velocidade de corte, acelerando assim o final da
vida da ferramenta, de acordo com um critério pre-estabelecido. Conhecendo-se as
velocidade de corte inicial e sua taxa de crescimento ao longo do tempo, o desgaste
de flanco da ferramenta e com a execução de dois testes, pode-se levantar as
constantes da equação de Taylor. Resultados obtidos por este método se
apresentam em concordância muito grande com testes de usinabilidade de longa
duração descrito abaixo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. TRENT, E.M. “Metal Cutting”, 2nd Edition, Butterworths, 1984, 245 pags, ISBN -
0-408-108568.
2. IAMS, "Machining Data Handbook", 3rd Edition, Machinability Data Center , IAMS
- Isntitute of Advanced Manufacturing Sciences, Inc., Cincinnati, Ohio, USA,
1980.
3. MILLS, B.; REDFORD, A.H. “Machinability of Engineering Materials”, Applied
Science Publishers, London, 1983, 174 pags, ISBN 0-85334-183-4.
4. CZAPLICKI, L. “L’usinabilite et al Coupe des Metaux”, Res. Soc. Roy. Belge
Ingeniere, 12, 1962, pp 708 – 736.
5. BOULGER, F.W.; MOORHEAD, H. and GAVEY, T.M., “Superior Machinability of
MX Steel Explained”, Iron Age, 167, 1951, pp 90 – 95.
6. ZLATIN, N. FIELD, M., “Evaluation of Rolled Steels, Forging and Cating Irons”,
In; Machining Theory and Practice, ªS.M., Cleveland, Ohio, USA, 1950.
7. HENKIN, A. and DATSKO, J., “The Influence of Phisical Properties on
Machinability”, Trans. A.S.M.E., Journal of Engineering for Industry, Novenber
1963, pp 321 – 327.
238
8. JANITZKI,.E.J., “Machinability of Plain Carbon Alloy and Austenitic Steels and its
Relation to Yield Stress Ratios when Tensile Strengths are Similar”, Trans.
A.S.M.E., 66, 1944, pp 649 – 652.
9. BOULGER, F.W.; SHAW M.C and JOHNSON, H.E.,”Constant Pressure Lathe
test for Measuring Machinability of Free Machining Steels”, Trans. A.S.M.E., 71,
1949, pp 431 – 438.
10. KRAUS, C.E. and WEDDEL, R.R., “Determining the Tool Life Cutting Speed
Relatioship by Facing Cuts”, A.S.M.E., Fall Meeting , Erie, Pennsylvania, USA,
Oct. 4 – 6, 1937.
11. LORENZ, G., “Determination of Comprehensive Machinability Equations by
Means of Rapid Facing Tests”, S.M.E., MR, 1970, pp 70 – 177.
12. HEGINBOTHAM, W.B. and PANDEY, P.C., “Taper Turning Tests Produce
Reliable Tool Life equation”, Proc. 7th M.T.D.R. Conf., 1966, p 515.
13. ISO “Tool Life Testing with Single-Point Turning Tools”, ISO 2685, 1997
239
CAPÍTULO 16
CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE CORTE
16.1. INTRODUÇÃO
• velocidades de corte
• avanços
• profundidade de corte
• material e geometria da ferramenta
• fluido de corte
A escolha das condições de usinagem deve ser feita através de uma análise
dos diversos fatores relacionados com o tempo total e o custo total envolvidos no
processo.
O tempo total de fabricação por peça pode ser dividido em vários tempos,
segundo as várias etapas de fabricação. De uma maneira geral, este tempo total é
composto de [1]:
• tempo de operação, e
• tempo improdutivo.
Como foi dito anteriormente o tempo total de usinagem pode ser escrito como:
240
t t = tc + t1 t1 = t 2 + t 3 (16.1)
onde:
tt - tempo total de usinagem por peça
tc - tempo de operação propriamente dito
t1 - tempo improdutivo (colocação, fixação e retirada da peça, tempo de troca e
afiação da ferramenta).
t2 - tempo de colocação, fixação e retirada da peça.
t3 - tempo de troca e afiação da ferramenta.
Figura 16.1. Comportamento das variáveis de tempo de fabricação por peça com a
velocidade de corte.
T. v cx = K (16.2)
quando aplicarmos à equação 16.1, devemos obter o tempo total de confecção por
peça, tt, em função da velocidade de corte, do avanço, profundidade de corte e
qualquer parâmetro que influencie os coeficientes x e K da equação 16.2. Se
admitirmos que o avanço e a profundidade de corte sejam preestabelecidos, e os
coeficientes não variam, obteremos o tempo tt em função da velocidade de corte vc,
o qual para a máxima produção deve ser mínimo. Obteremos assim a velocidade
para a máxima produção, vcm.
241
Figura 16.2. Variação da taxa de produção em função da velocidade de corte [1].
Para velocidades de corte baixas o custo de produção por peça é alto, pois a
produção é baixa e o tempo total é alto. Aumentando a velocidade de corte o custo
de produção começa a cair até atingir um mínimo. A partir daí o custo começa a
aumentar porque o desgaste das ferramentas também aumenta.
Daí:
C = Mc + Dc + Tc (16.3)
242
Figura 16.3. Comportamento das componentes de custo com a velocidade de corte.
243
econômica de usinagem, Vcn, um intervalo de velocidades de corte de máxima
eficiência. Como é mostrado na Figura 16.5.
• avanço
• profundidade de corte
• parâmetros x e K da equação de Taylor
• número de ferramentas
244
Figura 16.6. Custo de fabricação por peça versus tamanho do lote [1].
245
economicamente vantajoso, isto é, além deste ponto, a ferramenta 1 passa a gerar
lucros. Na faixa r2, a utilização da ferramenta 1 é mais vantajosa que a ferramenta 2,
pois os lucros são maiores com a utilização dessa ferramenta. A ferramenta 2 só
passa a gerar lucros no ponto n2. No ponto n1,2 o ganho é o mesmo para as duas
ferramentas, e este ponto é definido como o ponto de equilíbrio. Além desse ponto
(faixa r3) é mais vantajoso usar a ferramenta 2.
246
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
247
CAPÍTULO 17
CONSIDERAÇÕES AO MATERIAL DA PEÇA
• baixa dureza
• baixa ductilidade
• baixo limite de escoamento
• baixo índice de encruabilidade
• alta condutividade térmica
• baixa reatividade química com a ferramenta e com a atmosfera
• baixa tenacidade
• sem tendência à formação de APC.
248
turbinas, câmaras de combustão, etc. As ligas de níquel tem estrutura CFC, e as
boas propriedades à elevadas temperaturas são obtidas por:
I. precipitação de fases gama primária (γ‘), que também são CFC, composto de
Ni3Al;
II. soluções sólidas, sendo que os principais elementos são o Cr e o Co;
III. precipitação de carbonetos. Os principais são de Cr, Ti, Mo, W, Fe e Nb.
Até a última década, o metal duro da classe K (ISO K10-K40) era considerado
o melhor material de ferramenta para usinar as superligas. As cerâmicas disponíveis
naquele tempo ainda eram muito frágeis para usinar as superligas [3,4]. Entretanto,
com a introdução da nova geração de ferramentas cerâmicas, principalmente
aquelas à base de nitreto de silício (incluindo os SIALONS), as aluminas + Whiskers
(SiC) e as mistas (aluminas + carbonetos de titânio), o problema da falta de
tenacidade foi sensivelmente reduzido, e permitiu que as cerâmicas fossem
utilizadas na usinagem destas ligas, proporcionando um aumento de 14 vezes na
taxa de remoção de material comparando com o metal duro (15 cm3/min para o
metal duro, contra 215 cm3/min para SIALON [5]).
Ao usar metal duro, o ângulo de saída deve ser pequeno, altos avanços e
baixas velocidades de corte (≈ 30m/min) [4]. O desgaste de flanco é crítico, embora
a cratera pode se desenvolver. Vários mecanismos de desgaste podem estar
presentes, mas abrasão foi encontrada como o mais importante [6]. Trent [2]
entretanto sugeriu que, devido à alta resistência das ligas de níquel, as tensões na
249
zona de fluxo são muito altas, o que causa a destruição da aresta de corte por
cisalhamento e deformação por tensão de compressão agindo à elevadas
temperaturas.
a) titânio puro;
b) ligas alpha ou quasi-alpha;
c) ligas alpha-beta;
d) ligas beta.
250
fase beta. A referênica [17] apresenta uma revisão geral dos problemas relacionados
com a usinagem desse importante grupo de materiais. Os principais problemas na
usinagem do titânio são [17]:
Até hoje, a ferramenta mais indicada para atacar o problema, não é ainda da
classe cerâmica, mas continua sendo o metal duro da classe K. Para a maioria dos
cortes interrompidos, o aço-rápido deve ser a escolha correta, enquanto que no
torneamento e no fresamento frontal as ferramentas de metal duro devem ser
escolhidas. A melhor classe de metal duro encontrada [17] foi a C-2 e a pior a C-8
(código da indústria americana), que se igualam às classes K20 e PO1 (código ISO),
respectivamente. Quando usinando com ferramenta da classe K o mecanismo de
desgaste predominante, tanto no flanco como na superfície de saída é a difusão
[22]. Neste processo, há a dissolução dos WX e a formação de TiC [23].
251
a deformação plástica da aresta de corte também pode ser responsável pela
rejeição de ferramenta de metal duro.
Como regra geral, o aço puro carbono, com teor de carbono menor que 0,3%
deve estar em seu estado de maior dureza possível, para se obter uma boa
usinabilidade. Isto é obtido quando ele é trefilado a frio e possui uma granulação
fina. Para altos teores de carbono (C > 7%) melhores resultados de usinabilidade
são obtidos quando a estrutura esferoidal estiver presente. Nos aços ligas, os
elementos de liga são adicionados, geralmente, para aumentar a dureza e produzir
uma matriz mais resistente, tendo uma maior tendência ao encruamento. Do ponto
de vista de usinabilidade os aços ligas produzirão melhores resultados que os aços
comuns ao carbono (com o mesmo teor de carbono), quando a dureza daqueles
forem menores que as dos aços comuns.
252
Adições de enxofre (juntamente com o manganês), chumbo ou telúrio levam à
produção de aços-de-livre-corte (ou aços de corte-fácil). Os aços desoxidados com
cálcio geram menos desgaste nas ferramentas de corte, do que quando a
desoxidação é feita com o silício. O mecanismo preciso com que essas adições
atuam, melhorando a usinabilidade, ainda não está totalmente esclarecido
(possivelmente pela formação de uma camada com constituintes de menores
resistências ao cisalhamento que a própria matriz), mas elas permitem velocidades
de corte mais elevadas, proporcionam vidas de ferramentas maiores, melhores
acabamentos superficiais, menores forças de corte, menores temperaturas de corte,
menores potências consumidas e melhor controle dos cavacos [28].
253
17.4. USINAGEM DE FERRO FUNDIDO
Grupo 2 – Usinagem moderada: Neste grupo, as ligas de cobre tem alta ductilidade,
o que promove um alto consumo de potência e dificuldade de se obter bom
acabamento. Quanto aos cavacos, eles apresentam a forma de espirais ou em
hélice.
Grupo 3 – Usinagem difícil: São as ligas de difícil usinagem. Eles tem baixa
resistência e alta ductilidade, com grande tendência ao arrancamento. Os cavacos
formados são longos e contínuos.
254
Geralmente, na usinagem deste metal, são utilizadas ferramentas de aço-
rápido ou metal duro e ambos os desgastes de flanco ou cratera podem ocorrer.
Estudos detalhados dos mecanismos de desgastes na usinagem de cobre não é
abundante.
255
[2]. As ferramentas utilizadas são os aços-rápidos e os metais duros, e o
acabamento superficial é bom tanto em baixa como em alta velocidades de corte. Os
cavacos formados são geralmente quebradiços, mesmo à altas velocidades de
corte. A estrutura hexagonal é provavelmente a maior responsável pela baixa
ductilidade do magnésio, promovendo pequena área de contato cavaco-ferramenta.
Na realidade, o único problema que pode ocorrer na usinagem do magnésio, é a
possibilidade de ignição do cavaco, a altas velocidades de corte.
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