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SERVIÇO PUBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DE MARABÁ
CURSO DE AGRONOMIA

RELATÓRIO DE ATIVIDADE DE CAMPO

Docente: Profª D.Sc. Noemi Miyasaka Porro


Discente: Tiago Sousa de Oliveira

Marabá/PA
Maio/2013
RELATÓRIO

INTRODUÇÃO

A agricultura familiar detém 60% do pessoal que trabalha na agricultura no Brasil. A


produção por hectare dessas famílias fica acima da média dos estabelecimentos agrícola,
exceção para a região Sudeste onde existe uma pequena vantagem dos outros
segmentos, esses estabelecimentos agrícolas tem se apontado mais competente em
relação a geração de emprego, á produção de alimentos e à produção por unidade de
área, sendo um benefício na proteção ambiental porque para a mesma quantidade de
produção se usa uma área menor. Segundo estudos realizados a agricultura familiar se
mostra predominante no estado do Pará, demonstrando sua grande importância, onde
82% dos estabelecimentos rurais são familiares, ocupando 76 % do pessoal da
agricultura regional e gerando 58% do valor total da produção agrícola (HURTIENNE,
1999). Esses dados ilustram uma grande importância da agricultura familiar, tanto na
esfera econômica, quanto no aspecto ambiental, ou ainda sob os aspectos sociais. Essa
importância econômica e social vem se mostrando importante no campo das políticas
públicas, resultado das reivindicações das organizações dos trabalhadores rurais
(VEIGA, 1991). Tendo em vista essas questões, a Universidade como um agente de
apoio ao processo de transformação social e como um fator de desenvolvimento
regional, tem buscado qualificar profissionais capazes de perceber de uma maneira mais
holística as características e problemas inerentes aos agricultores familiares.
O relatório é parte da avaliação da disciplina de Antropologia Rural, ofertada no sexto
período do curso de Agronomia da Universidade Federal do Pará, campus de Marabá, a
matéria foi ministrada pela Prof. D. Sc. Noemi Miyasaka Porro.
O objetivo desse estudo foi identificar possíveis problemáticas para prováveis estudos
futuro.
O exercício foi realizado na antiga fazenda TIBIRIÇA, que foi ocupada por um grupo
de pessoas em 22 de Fevereiro de 2003, o local fica á 13 km da cidade de Marabá,
sentido a Vila Brejo do Meio. Segundo relatos dos ocupantes da fazenda, a mesma tinha
uma área de 400 alqueires legalizados e 200 alqueires empossados pelo produtor.
A partir de informações de trabalhadores que atuavam na antiga fazenda, esse grupo de
pessoas – ex-agricultores, agricultores, trabalhadores urbanos, representantes políticos e
sindicais, e etc. - se reuniram no bairro Jardim União da cidade de Marabá, e lá
articularam a ocupação da área. Primeiro acamparam na beira da estrada do Rio Preto,
permanecendo por um ano e quatro meses, depois que saiu o laudo do INCRA (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) dando a fazenda como improdutiva, o
grupo ocupa a área da fazenda.
No início do acampamento eram 185 famílias que ficaram na beira da estada, mas
depois de algum tempo só restaram 76 que permaneceram na ocupação. Foi realizado
um sorteio para distribuição dos lotes, 60 famílias foram contempladas, com uma área
de 10 alqueires, mas hoje com as vendas de alguns lotes ou parte do lotes, o
acampamento esta dividido em 86 lotes.

METODOLOGIA
Para podermos ir ao acampamento realizar o estudo no Acampamento Cristo Rei, a
Prof.ª Noemi fez contato com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que realiza trabalhos
na área. O técnico Sávio que trabalha na CPT passou o contato do representante dos
acampados, denominado Seu Caboco. O representante do acampamento marcou o local
aonde iríamos nos encontrarmos para que ele nos levasse até o local de estudo.
Deslocamos-nos de Van até o ponto de encontro, que foi a casa do primeiro agricultor
visitado como mostra a Figura 2.
Os matérias utilizados para coleta de dados foram: um gravador, câmera digital e
caderno de anotações. Pedimos autorização dos moradores para gravar, fotografar e
anotar. A coleta de dados foi realizada em alguns momentos em grupos de famílias e
em famílias isoladas umas das outras.
A terra ocupada é a antiga fazenda TIBIRIÇA, que esta localizada 13 km da cidade de
Marabá, sentido vila Brejo do Meio, as margens do rio Itacaiunas, conforme a FIGURA
1. Segundo os moradores o acampamento tem 600 alqueires, sendo que apenas 400
alqueires são legalizados pelo antigo fazendeiro, os outros 200 alqueires foram
indevidamente apropriados.
FIGURA 1: Localização do acampamento.

Fonte: Adaptada do Google earth, 2013.

A Figura 1 mostra como seria o acesso a área, também nos da uma idéia da distância da
cidade de Marabá para o acampamento as margens do rio Itacaiunas, como a possível
área total, informações fornecidas pelas famílias do acampamento.
Os dados coletados foram obtidos através de uma reunião das lideranças e de alguns
moradores que participaram do início da ocupação. Essa reunião foi realizada na casa de
um agricultor, onde alunos, professora, lideranças e famílias, tiveram uma primeira
conversa para podermos ser orientados e obter informações mais gerais da ocupação.
Depois fomos divididos em dois grupos, um seguiu mais para beira do rio Itacaiunas, já
o outro na qual eu estava participando, seguimos a estrada que fica beira da reserva,
próximo ao igarapé que tem na área. Fomos em um grupo de nove alunos, onde
visitamos três famílias.
Nas residências de cada família foi pedida a autorização para gravar a conversa e
fotografar a família. Tivemos uma conversa com cada família, levantando questões
pertinentes a ocupação, como chegaram no local, se já eram agricultores, formas de
produção e outros assuntos relacionados a cada família.
Devido algumas famílias não estar nos seus lotes e a distância de um lote para outro ser
longe, em alguns casos, o grupo de nove alunos optou em não se separar, pois corria o
risco de não ter família para um dos grupos entrevistar. A conversa foi coletiva, onde
cada grupo de três pessoas foi gravando e anotando as questões que achavam mais
interessante para seu relatório.

DISCRIÇÃO DOS REGISTROS.


As visitas nas casas das famílias nos forneceram informações sobre a vida da família do
acampado, assim como seus meios de produção, perspectivas futuram para a família e o
lote, essas informações serviram para relacionar com as informações obtidas na
disciplina de antropologia rural, também podem servir para futuras pesquisas. Os lotes
visitados podem ser observar na Figura 2.
O primeiro morador visitado foi a do seu João Teles, é um senhor de 73 anos, cheio de
alegria e muito engraçado, gosta prosear, casado, tem sete filhos, mas nem os filhos e
nem a esposa moram com ele no lote, tem residência na cidade de Marabá, que foi
adquirida através da venda de dois alqueires de seu lote, na residência na cidade fica soa
esposa.
Veio do estado do Maranhão, onde seus pais tinham terra. Começou a trabalhar desde
pequeno na construção civil, foi para Iraque trabalhar na edificação de uma ferrovia,
viveu lá por três anos, com o dinheiro adquirido por este trabalho, comprou um pedaço
de terra no Maranhão. Como sua mulher é natural do Pará e a família da esposa tem
uma terra no município de Itupiranga, ela sempre teve vontade de voltar para o Pará.
Atendendo um desejo da esposa, seu João acabou vendendo a terra no Maranhão e
vindo morar em Marabá. Nesta cidade seu João trabalhou com forro de gesso, hoje
quem desenvolve essa atividade é um de seus filhos.
Esta no acampamento desde o início, veio para a ocupação através de convite de um
visinho/amigo chamado Ribamar, “ ele disse: ‘sô se num gosta de terra?’eu disse: rapaz
pra comer não! Mas pra trabalhar!, ai ele disse: ‘eu tou acula no acampamento, você não
quer ir tirar um pedaço de terra?’”. Segundo seu João ao chegando no acampamento
alguns acampados fizeram alguns comentários com relação a ele, por não ser agricultor,
“ rapaz aqui não tem nada pra forra não”, seu João “eu não vim pra cá pra trabalhar com
forro não”.
Sua produção é destinada apenas para consumo da família. Passa o dia no lote, porem
pode ir a cidade duas vezes por semana ou de 15 em 15 dias. Quando precisa ir para
cidade, se desloca a pé até a estrada do rio Preto para poder pegar um transporte, mas
em algumas vezes os filhos buscam seu João no lote. O acampado planta mandioca,
algumas bananas, urucum e outras espécies frutíferas, além disso, cria galinha e porco,
apesar de ter pastagem no lote, não cria gado e nem pretende trabalhar com esses
animais, “o gado só da resultado se tiver condições de mexer, de dez vacas em
diante...agente mexer com gado tem que ter estrutura, se não tiver estrutura não vai
mexer com gado, não tem resultado”. Para realizar algumas atividades seu João precisa
contratar trabalhadores diaristas, pois sua força de trabalho não é suficiente.
Na sua residência não tem energia, mas ele pretende colocar, esse investimento seria
arriscado segundo o acampado, por que eles ainda não têm posse dos lotes, “o pessoal
parece que não tem força de vontade ou fica com medo de fazer algum beneficio e de
repente sair... eu meti os peitos, se ganhar! ganhou!”.
Segundo seu João o lote adquirido não é para ter uma grande produtividade, pois de
certa forma ele já tem uma idade avançada, o lote para seu João é visto como forma de
garantir uma vida mais tranquila, “eu já não tenho mais idade pra ta na cidade
trabalhando, eu fui acostumado a trabalhar desde novo, e a pessoa que é acostumado a
trabalhar, ele não aquieta, lá na rua eu não aguento o trampo da cidade, então eu arrumei
isso aqui pra ficar aqui né! Eu não paro né! De jeito nem um! Aqui se torna muito
melhor”.
A segunda família que visitamos é a família de Raimundo da Dalva, com 45 anos, tem 5
filhos, os filhos mais velhos, um de 11 anos e o outro de 14 anos, são os que lhe ajudam
na unidade de produção, segundo o agricultor, se esses dois filhos não ajudassem com a
força de trabalho, eles não teriam como se manter no lote. Seu Raimundo é natural do
estado do Maranhão, veio daquele estado para o Pará com seus pais e compraram uma
terra na região de Cajazeiras, município de Itupiranga, foi criado pela avó que era
natural do Ceará, no Maranhão trabalhava na agricultura, mas não para eles próprios.
Sua esposa é natural do Pará. O acampado é filho de agricultor, sempre trabalho na zona
rural, ele relata que trabalhou um ano em uma serraria na vila Brejo do Meio. Antes de
virem para o acampamento moravam no P.A Alegria no Brejo do Meio na terra do
sogro. Hoje tem cinco alqueires os outros cinco dividiu com um amigo.
Foi informado sobre a ocupação através de amigos/companheiros do brejo, que iria ter
uma reunião no bairro Jardim União, nessa reunião segundo relatos de seu Raimundo
estiveram presentes cerca de 100 famílias. Ele participou desde início da ocupação
participou de todo processe e no ano de 2005 foi feito os cortes da terra, onde ele foi
sorteado com um lote.
A família produz fava, feijão, milho, cupuaçu, maracujá, banana e hortaliças em geral, a
família também tem criação de galinha, a venda das hortaliças é realizada pela esposa
em Marabá no sindicato. Eles preferem fazer a venda dos seus produtos, pois podem
conseguir um maior lucro com venda direta para o consumidor, para seu Raimundo a
venda para o atravessador tem uma grande perda do valor do produto, “a gente que
produz, agente perde muito vendendo pra atravessador... o cara vem comprar aqui paga
25% e vai ganhar 75%, quer dizer que a maior parte fica pra ele, igual o cara tava me
falando ‘agente tem que trabalhar menos e ganha mais’”.
Da reserva a família extrai alguns produtos como, castanha-do-Pará, abacaba, açaí,
babaçu e cupuaçu, em outra épocas ele caçava na reserva, hoje ele não caça mais, pois
sua vista não permite.
Sua família não trabalha com gado e nem pretende trabalhar com esse tipo de produção,
“o gado dá muito trabalho, o gado agente tem que desmata e hoje em dia agente não
pode desmatar”. Um sonho que seu Raimundo tem e de produzir peixe e pretende
realizá-lo antes de morrer. Também pensa em investir na irrigação, porque segundo ele
os solos da sua terra são muito duros no período seco.
Tem vontade de deixar de ser agricultor, principalmente pelo fato de esta com
problemas de saúde e não tem como produzir em maiores quantidades. Quando fizemos
essa pergunta sua resposta foi: “vontade é muita, muita vontade, agora, só que a
condição financiara da gente não dá pra esse tipo de coisa, eu tenho assim, por que num
é vontade assim de abandonar o trabalho, é por que ultimamente não to podendo
trabalhar mesmo, eu to quase parado”. Sua esposa relata que não pretende sair da terra,
por que sempre morou na zona rural. Seu filho Wemerson de seis anos diz que gosta do
local de morada e que se fosse pra ir morar na cidade ele não queria ir.
Uma visão da terra para seu Raimundo seria a reprodução familiar, principalmente a
educação de seus filhos. Ele relatou que quando criação fugia do trabalho para estudar,
“o pouco que eu sei, foi eu fugindo de casa pra aprender”. A prioridade dos estudos de
seus filhos e constatada na sua fala: “eu não tenho nada pra dar pra eles, a única coisa
que eu posso dar pra eles é os estudo, eu posso ta fazendo qualquer coisa aqui em casa,
se eu chamar eles e eles estiverem com caderno na mão, pois ali já eles de mão, por que
o que eu quero que eles facem os estudos mesmo, embora eles não facem nada”.
A terceira família que fizemos o levantamento foi a do seu João Bala, as informações
obtidas desse acampado, não foram muitas, pois tínhamos combinado com o outro
grupo de nos encontramos na casa de outro acampado e nosso tempo já tinha esgotado.
Ele é do estado do Piauí. Segundo o seu João, ele chegou no Pará 15 de junho de 1987,
e ficou na região da vale, município de Marabá, começou a trabalhar com 9 anos, tem
oito filhos, dois dos filhos moram na cidade e ajudam na renda familiar. Sua produção
consiste nas culturas de arroz, milho, mandioca e na criação de galinha. Sua área tem
cinco alqueires. Não produz muito, pois parte do seu lote esta na área da reserva e não
pode desmatar, pois os órgãos que fiscalizam acabam multando aqueles que
descumprem as leis, mesmo que esse desmatamento se para a alimentação da família,
“as roças que agente faz é pequena, na época que agente faz uma roça maior o pessoal
do IBAMA fica em cima, que nem eles fizeram com cumpade meu, o cabra fez uma
roça faz três anos, ano passado ele fez na paiada e o IBAMA multou ele”. Da sua área
total não desmatou nem um alqueire, segundo seu relato. Em algumas áreas ele já vem
produzindo a pelo menos três anos, acarretando numa baixa produtividade. Sua filha
Liliane se fosse pra sair do lote, ela não queria sair. Na hora da entrevista além da filha
Liliane, estavam na casa os outros filhos Diego de dez anos, Douglas de sete anos,
Eduardo de três anos.
Segundo o relato do seu João Bala sua produção é baixa, em muitos casos essa
produção não supria as necessidades da família, sendo a renda complementada pelos
filhos que moram na cidade.
FIGURA 2: Lotes visitados durante o exercício.

Fonte: Google earth, 2013.


Na figura 2 estão o ponto de encontro que é a casa do agricultor 1, o ponto agricultor 2 é
a casa do seu João Teles, o ponto agricultor 3 é casa do Raimundo da Dalva e o ponto
agricultor 4 é a casa do seu João Bala. Nessa imagem podemos ver parte da reserva
relatado pelos acampados.

REFERÊNCIAS
HURTIENNE, T. Agricultura familiar na Amazônia oriental: uma comparação dos
resultados da pesquisa socioeconômica sobre fronteiras agrárias sob condições
históricas e agroecológicas diversas. Novos Cadernos. NAEA. v. 2, n.1. Junho de 1999.
Belém, PA.

VEIGA, J. E. O desenvolvimento agrícola: uma visão histórica. São Paulo: EDUSP:


Editura HUCITEC, 1991. 219p.

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