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Desordem do Processamento Sensorial (DPS) em Crianças com

Desordem do Espectro do Autismo (DEA): Abordagem das Técnicas de


Integração Sensorial E-mail

Avaliação do Usuário: / 10

PiorMelhor

Trabalho realizado por:

Prof. Ubyrajara Nery Graça Gomes.

* Fisioterapeuta formado pela Faculdade Alvorada, Brasília, DF;


professor especialista da disciplina de Fisioterapia Geral do curso de
graduação em Fisioterapia da Faculdade Alvorada, Brasília, DF;
Engenheiro Eletricista Eletrônico formado pela Faculdade de
Engenharia General Roberto Lisboa, Rio de Janeiro, RJ;especialista
em Análise de Sistemas pela WT - WORKTIME e Universidade de
Brasília – UNB.

Orientador: Prof. Frederico Augusto Ribeiro Clemente.

* Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia Neurológica pela


Universidade Estadual da Paraíba; coordenador do curso de
Fisioterapia da Faculdade Alvorada, Brasília, DF.

Contato: frederico.clemente@gmail.com
Resumo

Crianças com Desordem do Processamento Sensorial (DPS)


normalmente mostram sinais de problemas com conexões de longa-
distância que integram diferentes áreas de seus cérebros, com o
cerebelo (que ajuda a regular e a “aliviar” as respostas e percepções
diferentes do cérebro), e com os lobos frontais (que ajudam a
coordenar as atividades cerebrais). Muitas crianças com Desordem do
Espectro do Autismo (DEA) apresentam DPS. Dessa forma são
hipersensíveis ou hipossensíveis à luz, ao barulho e ao toque. Para
algumas pessoas, essas diferenças podem ser superintensas, e como
resultado, tornam-se incapazes de participar de atividades típicas em
conjunto. Existe alta incidência de dificuldades de processamento
sensorial em crianças com DEA. A Terapia de Integração Sensorial é a
abordagem clínica convencional para tratamento da DPS. Esse tipo de
terapia é feita na forma de ginástica, movimentos educacionais e
educação física adaptativa. A criança é conduzida por meio de uma
série de exercícios que a ajudam a responder acuradamente e
apropriadamente às informações sensoriais.

Palavras chaves: processamento sensorial, Desordem do Espectro do


Autismo, integração sensorial, exercícios.
Abstract

Children with Sensory Processing Disorder (SPD) typically show signs of


problems with the long-distance connections that integrate different
areas of their brains, with the cerebellum (which helps to regulate
and 'smooth out' the brain's different perceptions and responses), and
with the frontal lobes (which help coordinate brain activities). Many
Children with Autism Spectrum Disorder (ASD)have SPD. That is, they
may be hyper-sensitive or under-sensitive to light, noise, and touch.
For some people, these differences can be overwhelming, and as a
result they are unable to take part in typical community activities. A
high incidence of sensory processing difficulties exists in children with
ASD.Sensory Integration Therapy isthe mainstream clinical approach
to treating DPS.This type of therapy takes the form of gymnastics,
movement education, and adaptive physical education. The child is
led through a series of exercises that help him or her respond
accurately and appropriately to sensory data.

Keywords: sensory processing, Autism Spectrum Disorder, sensory


integration, exercises.

1- Introdução

A Desordem de Processamento Sensorial (DPS), também chamada de


Disfunção da Integração Sensorial, é uma desordem neurológica
caracterizada por causar dificuldades na assimilação, processamento
e resposta às informações sensoriais acercado ambiente e dos sentidos
do próprio corpo do indivíduo (auditivo, táctil, olfativo, gustativo,
visual, vestibular e proprioceptivo). Os índices de disfunção de
processamento sensorial podem ser maiores que 90% em indivíduos
com a Desordem do Espectro do Autismo (DEA) (BARANEKet al., 2006;
TOMCHEK e DUNN, 2007).

Originariamente conceituada pela Dra. A. Jean Ayres, terapeuta


ocupacional e neurocientista, a teoria da integração sensorial ilustra
que existe uma relação entre os déficits em processar as sensações do
corpo e do ambiente resultando em dificuldades motoras, de
aprendizado e/ou de padrões funcionais de comportamento (BUNDY E
MURRAY, 2002). Tanto em indivíduos com DEA quanto naqueles com
DPS idiopática apresentam características comportamentais e
fisiológicas atribuídas às dificuldades de processamento sensorial que
são qualitativamente e quantitativamente diferentes das crianças de
desenvolvimento típico (KEINTZ E DUNN, 1997).

Segundo PFEIFFERet al. (2005), crianças com dificuldades de


processamento sensorial normalmente sofrem de baixa autoestima,
ansiedade, depressão ou agressão, que resultam em problemas de
participação social, de autorregulação e de habilidades
sensoriomotoras debilitadas.A disfunção da integração sensorial é
devido à debilidade dos sistemas vestibular, proprioceptivo e táctil.
(WILBARGER, 1995).

Segundo KRANOWITZ (2005), o processamento sensorial envolve:


recepção e detecção, integração, modulação, discriminação sensorial
e habilidades motoras com base sensorial.

A DPS é uma nova terminologia que inclui padrões e subtipos sob o


guarda-chuva da desordem sensorial. (BIEL e PESKE, 2009).De acordo
com o Diagnostic Manual for InfancyandEarlyChildhood(2008), a
taxonomia da DPS identifica três características principais da
desordem:

1- Desordem da Modulação Sensorial (DMS) – Tipo I

Refere-se à dificuldade de regular e organizar as respostas do estímulo


sensorial. As respostas podem variar dependendo do tipo do estímulo
sensorial e do contexto. Divide-se em três subtipos:

* Hiper-responsividade sensorial: é uma tendência para responder


estímulos sensoriais mais rapidamente, mais intensivamente e com
longa duração;

* Hiporesponsividade sensorial: tendência a não responder ao


estímulo sensorial;

* Desejo pela sensação/busca sensorial: tendência de desejar


estímulos sensoriais intensos e incomuns.

2- Desordem da Descriminação Sensorial (DDS) – Tipo II

Refere-se à dificuldade de interpretar as qualidades da informação


sensorial.

3- Desordem Motora de Base Sensorial (DMBS) – Tipo III


Possui dois subtipos:

* Postural: problema com a postura e o controle postural, devido


a problemas sensoriais;

* Dispraxia: problema para planejar, dar sequência e executar


ações motoras, devido a problemas sensoriais.

Desordem do Espectro do Autismo e Processamento Sensorial

De acordo com BLUESTONE (2005), autismo é um transtorno


neurológico/neurobiológico complexo manifestado em três sintomas
clássicos: interação social debilitada, dificuldade em comunicação
verbal e não-verbal e atividades e interesses severamente limitados.
Esses sintomas normalmente surgem nos primeiros três anos de vida e
podem perpetuar-se por toda vida. A Desordem do Espectro do
Autismo pode variar de moderada a severa e inclui autismo (que
abrange indivíduos com inabilidade profunda a indivíduos de alto
funcionamento), Síndrome de Aspergere Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento sem outra especificação (BIEL e PESKE, 2009).

Com relação à resposta sensorial anormal, os comprometimentos


globais com a modulação e resposta do estímulo sensorial têm sido
amplamente relatados na literatura, descrevendo os padrões
comportamentais e as características do autismo (ADRIENet al., 1993,
BARANEK, 1999; KIENTZ E DUNN, 1997; RAPIN, 1991).
As diferenças no processamento auditivo é um dos distúrbios mais
relatados no processamento sensorial com toda a gama de respostas
atípicas percebidas. Mais de 17.000 crianças com autismo vistas pelo
AutismResearchInstitute (RIMLAND e EDELSON, 1995),
aproximadamente 40% foram relatadas por terem sintomas por
sensibilidade a sons. Em seu livro, GRANDIN (1986), uma conhecida
professora com autismo, fala abertamente sobre sua sensibilidade a
sons e como isso causava impactos em seu comportamento.

A resposta visual também é relatada na literatura. A evasão do


contato visual e o uso ineficiente da fixação do olhar foram descritos
como características iniciais do autismo (BARANEK, 1999; GILLBERG E
COLEMAN, 2000).

A hiper-resposta ao estímulo táctil também foi relatada na literatura


(BARANEK, FOSTER E BERKSON, 1997; CESARONI E GARBER, 1991;
GRANDIN, 1995).

Disfunções de atenção e excitação também foram relatadas (DAWSON


E LEW, 1989; ORNITZ, GUTHRIE E FARLEY, 1977, 1978; RAPIN, 1991) e
podem ser explicadas com relação às deficiências no estímulo de
modulação sensorial. Estudos anteriores de Ornitz e colegas (1977,
1978) descreveram um padrão de “perturbações na modulação
sensorial e motilidade”.

Nas funções discriminativas do processamento sensorial, dados


empíricos de avaliações clínicas (ADRIENet al., 1987; GILLBERG et al.,
1990), relatório dos pais (DAHLGREEN E GILLBERG, 1989; ERMER E
DUNN, 1998; WALTING, DEITZ E WHITE, 2001) e análise retrospectiva
de vídeo (BARANEK, 1999; ADRIENet al., 1992) sugerem que
características de comportamento de crianças com autismo atribuídas
ao processamento sensorial diferem-se qualitativamente de crianças
com outras desordens de comportamento e de crianças de
desenvolvimento típico.

Os achadosdiferenciam grupos de pessoas com autismo pelo padrão


sensoriomotor para investigar as respostas diferenciais às várias
intervenções (HUEBER E DUNN, 2001).

Terapia de Integração Sensorial (IS) para a Desordsem do Espectro do


Autismo

“Sensações que fazem uma criança feliz tendem a ser integrativas.”


(Jean Ayres)

A terapia de integração sensorial (IS), baseada no trabalho da Dra.


Jean Ayres, é dirigida para focar diretamente no processamento
neurológico da informação sensorial como base para aprendizado de
habilidades motoras ou acadêmicas de alto nível (BARANEK, 2002).

Segundo KINNEALY E MILLER (1993), a teoria da Dra. Ayres continua a


ser desenvolvida e modificada por pesquisadores e clínicos do mundo
todo. Ela descreve a forma na qual o cérebro trabalha como um todo
com o objetivo de melhorar a habilidade funcional. Cinco suposições
estão na base da teoria e do uso das técnicas de integração sensorial:
1- Existe plasticidade no sistema nervoso central, assim os
procedimentos de intervenção baseados na teoria da IS podem
modificar o cérebro efetivamente;

2- O processo sensorial integrativo ocorre em uma sequência de


desenvolvimento;

3- O cérebro funciona como um todo integrado, mas é composto


de sistemas que são hierarquicamente organizados;

4- Evidentemente uma resposta adaptativa promove integração


sensorial, e a habilidade de produzir uma resposta adaptativa é
baseada na IS;

5- Uma unidade interna existe para desenvolver integração


sensorial, que é manifestada por meio da participação em atividades
sensoriomotoras.

De acordo com KRANOWITZ (2005), o terapeutavai atuar com o


objetivo de usar a IS para melhorar a participação social, autoestima,
autorregulação e habilidades sensoriomotoras das crianças. O
fisioterapeuta trabalha com técnicas que favorecem a integração
sensorial e com atividades que envolvem o fortalecimento do controle
muscular da criança e a coordenação motora, especialmente dos
músculos largos, utilizando massagens, banhos com hidromassagem,
ultrassons, entre outras técnicas.
2- Materiais e Métodos

Embora fosse interessante avaliar com mais acuidade a eficácia das


técnicas de integração sensorial disponíveis para o autismo no Brasil,
devido ao tempo curto e à necessidade de se expor no país um tema
ainda muito pouco explorado, o enfoque desse trabalho foi apenas de
abordar a metodologia e a importância das técnicas de IS em uma
criança de 9 anos de idade, do sexo masculino, portadora da DEA e da
DPS, por um período de 6 meses. Algumas avaliações das técnicas
também foram feitas durante o período.

A criança possuía características que correspondiam ao critério de


diagnóstico da DEA de acordo com a CID-10, nas áreas de: dificuldade
de interação social, dificuldades de comunicação, padrões restritos,
repetitivos e estereotipados de comportamento.

Uma combinação de avaliação clínica por fisioterapeutas


especializados e relatos dos pais da criança foram usados para
classificar a mesma como tendo características da DPS.

Para melhor organização e classificação dos sintomas apresentados


pela criança, os mesmos foram descritos em tabelas conforme se
segue abaixo:
DESORDENS DE MODULAÇÃO SENSORIAL

Sentido

Hiper-reatividade ou Hiper-responsividade

Hiporeatividade ou Hiporesponsividade

Busca Sensorial

Táctil

Não apresenta

Não apresenta

Não apresenta

Vestibular

Não apresenta

Não apresenta
- Gosta de ficar de cabeça para baixo

Proprioceptivo

-Evita algumas atividades nos parques de diversão que exigem


estímulo muscular mais forte.

Não apresenta

- Gosta de ser abraçado com mais força.

Visual

- Pouca atenção nos trabalhos de mesa.

- Resposta lenta com a aproximação de objetos

Não apresenta

Auditivo
- Tampa os ouvidos com sons altos

Não apresenta

Não apresenta

Olfativo

Não apresenta

Não apresenta

- Gosta de cheirar pessoas, alimentos, às vezes gosta de odores mais


fortes, como o de café.

Gustativo

- Evita alguns alimentos dependendo da textura.

Não apresenta

- Gosta de sabores mais pronunciados.


DESORDENS DE DISCRIMINAÇÃO SENSORIAL

Táctil

- Dificuldade para vestir a roupa, não consegue fechar botões.

Vestibular

Não apresenta

Proprioceptivo

-Desajeitado para posicionar os membros enquanto se veste e para


pedalar a bicicleta.

- Não consegue regular os movimentos suavemente, usando muita


força ou pouca força para segurar lápis, brinquedos, para abrir portas,
chutar bola e pedalar a bicicleta.

Visual

Não apresenta
DESORDENS MOTORAS COM BASE SENSORIAL

Problemas Posturais

Componentes do Movimento

- Pode ter tensão ou pouco tônus muscular, dificuldade para agarrar


objetos e para mantê-los em uma posição estável.

- Dificuldade para flexionar e estender os membros completamente.

- Dificuldade para levantar peso, girar e arremessar uma bola.

Equilíbrio

- Perde um pouco o equilíbrio para mudar de posição.

Coordenação Bilateral

- Dificuldade para usar os dois lados do corpo juntos para pular


simetricamente, agarrar a bola, bater palmas.
Dispraxia

Componentes da Práxis

- Dificuldade em conceber a execução de uma ação nova e complexa;


dar sequência aos passos e organizar o movimento do corpo para fazê-
lo.

- Desajeitado

Tabela 1: Principais sintomas de DPS apresentados pela criança


durante a avaliação.

Foram selecionados exercícios de fácil execução seguindo-se, na


medida do possível, o nível de desenvolvimento da criança. Uma
parte das atividades foi feita em salas de fisioterapia e a outra parte
foi feita em casa pelos pais.A escolha dos exercícios teve
embasamento lúdico dentro do recomendado pelas principais
literaturas sobre o assunto, e as atividades foram preparadas para que
pudessem ser prazerosas e divertidas para a criança. Os exercícios
foram feitos por um período de entre 40 minutos até duas horas
diariamente.
Atividades com massa de modelar: trabalho lúdico associado a
brincadeiras que estimulam os sentidos ao amassar, pinçar, enrolar,
espremer e esticar a massa de modelar, com as mãosou utilizando
objetos (espremedor de batatas, rolos, formas, etc.) em diferentes
atividades. Trabalha a discriminação táctil, propriocepção,
motricidade fina e planejamento motor.

Caminhar sobre texturas diferentes: trata-se de uma trilha para


caminhada feita com carpetes, veludos, papel bolha, tecidos grossos,
tapetes com superfície que imitam pêlos, caixa de ovos, almofadas
preenchidas com feijão e vários tipos de papéis com texturas
diferentes. Trabalha a discriminação táctil, atenção, habilidades
oculomotoras, discriminação visual-espacial, equilíbrio,
propriocepção, cinestesia e planejamento motor.

“Sanduíche”: é uma forma de se promover massagem utilizando


colchonete e bola terapêutica. Trabalhao sistema táctil e
proprioceptivo, discriminação táctil e organização vestibular.

Cama elástica: usa-se a cama elástica com ou sem objetos. Trabalha o


estímulo vestibular, fortalecendo a propriocepção e a motricidade
grossa. Com a música em ritmo com o pulo, trabalha-se a memória,
discriminação auditória, e coordenação ouvido-corpo. Estimula-se o
centro da fala e da linguagem no cérebro.

Exercícios/brincadeiras a dois: brincadeiras com exercícios corporais


em par.Trabalha a resistência à gravidade, movimentos em direções
diferentes, flexões e extensões musculares que estimulam o sistema
vestibular. Trabalham-se também os sistemas táctil e proprioceptivo,
e ainda fortalecimento da postura corporal e controle muscular.
Atividades com corda: puxar a corda, andar sobre a corda alternando
movimentos, pular corda e simular rapel. Trabalha o aumento da
consciência corporal, controle e planejamento motor, estabilidade
postural e todas as funções da propriocepção, além de equilíbrio,
tônus muscular, coordenação bilateral, discriminação táctil,
discriminação auditória, ritmo, atenção visual e concentração.

Soprar balões: encher balões com sopro trabalhando formas. Trabalha


o desenvolvimento das habilidades oral-motoras, discriminação táctil
(sentir o balão enchendo e mudando o formato).

Coordenação de movimentos: brincadeiras com sequência de


movimentos. Trabalha o planejamento motor, consciência corporal,
coordenação bilateral, linguagem, interação social (estimula
brincadeiras em grupo).

Trilha com obstáculos: usam-se obstáculos em uma trilha para


trabalhar diversos tipos de movimentos. Trabalha o planejamento
motor, exercita o sentido cinestésico muscular, integração dos
sentidos em geral.

3-Resultados e Discussão

Durante o período da verificação da abordagem das técnicas de IS e


da avaliação dos exercícios, o maior obstáculo foi tornar as atividades
interessantes para a criança. Ficou muito nítida a necessidade de se
trabalhar de forma divertida, prazerosa e responsiva para se obterem
a atenção e a cooperação da criança com autismo.

BARANEK (2002) afirma que um componente necessário da terapia de


integração sensorial é uma abordagem centrada na criança,
colocando os desafios na medida certa e enquadrando a criança em
brincadeiras com interações significantemente afetivas e apropriadas
para seu momento de desenvolvimento.

O foco da criança para a execução das atividades propostas foi


motivado por meio de brincadeiras que lhe originava interesse e não
por meio de tarefas repetitivas de enfoque comportamental.

Dentro do tempo limitado da experimentação, certamente não foi


possível conferir a eficácia das técnicas de maneira geral, mas foi
possível ter uma noção interessante da abordagem dos exercícios de
IS utilizados com a criança como terapia para o autismo.

Nos primeiros dias da aplicação das técnicas, a criança mostrou-se um


pouco resistente e desconfiada, porém à medida que as atividades
foram mais centradas em suas motivações, ela mesma se foi
familiarizando com os exercícios gradualmente e foi mostrando-se aos
poucos bem participativa.

As atividadesnas quais a criança mostrou-se mais cooperativa e


interessada foram as que incluíam toque (massagem), como na
brincadeira “sanduíche”, as atividades na cama elástica e as
atividades em par. Percebeu-se que a criança após ganhar confiança
na execução das tarefas mostrou-se mais interativa, menos agitada e
mais atenta.

FIELD et al.(1997) analisou os efeitos da massoterapia em crianças


com autismo e observou que a mesma apresentava efeitos calmantes
e de melhorias na comunicação social.

Houve atividades nas quais a criança não mostrou muito interesse em


participar, como as que requeriam exercícios com a corda. Percebeu-
se que a criança ficava mais isolada e menos focada no decorrer dos
exercícios, mostrando muitas vezes insegurança para realizar as
tarefas.

Segundo KRANOWITZ (2003), as crianças fora de sincronia (com DPS)


têm dificuldades em fazer a conexão sensoriomotora. Como suas
melhores tentativas são muitas vezes inadequadas e insatisfatórias,
essas crianças desistem de tentar ou perdem o interesse.

Nesse caso, em que se observou resistência da criança, ficou clara a


necessidade de tornar as tarefas mais fáceis e menos exigentes com
relação às habilidades motoras.

Nos exercícios de trilha, tanto para caminhar em texturas diferentes,


quanto para pular obstáculos, a criança mostrou interesse limitado,
quando a atividade tinha sequência mais longa, porém em trajetos
mais curtos e repetidos escolhidos pela própria criança, ela mesma se
mostrou muito interativa e segura.
KRANOWITZ (2003) acrescenta ainda que se deve permitir à criança
que faça as atividades a sua maneira, desde que seja seguro. Dessa
forma, a própria criança mostrará o que ela precisa.

Nas demais atividades, como trabalhar com massa de modelar e


soprar balões observou-se considerável participação da criança,
embora ela ainda não tivesse adquirido habilidades para soprar e
conseguir encher um balão sozinha e nem de motricidade fina para
manipular a massinha mais detalhadamente.

Durante a execução das atividades foi notada a necessidade de


intervalos e do término delas quando a criança apresentava sinais de
cansaço ou estresse.

Na prática de sua terapia que inclui técnicas de IS para crianças com


autismo, BLUESTONE (2005) recomenda a monitoração de cada
atividade, para que se esteja atento aos sinais de estresse, que são:
vermelhidão dos ouvidos, alteração da coloração facial, alteração da
frequência respiratória, mudanças no tônus muscular, perda do foco
visual, falta de colaboração em atividades que a criança já domina,
queixas de náusea, tontura e desorientação. Recomenda-se parar as
atividades assim que esses sinais forem percebidos.

De maneira geral, durante as abordagens das técnicas de IS com a


criança, foi relatado pelos pais melhorias no sono, mais participação
nas tarefas de casa, melhorias de algumas habilidades motoras como
manipulação dos talheres e outros objetos.

No período de avaliação não foram notadas melhorias nos movimentos


estereotipados e nem em várias outras atividades de motricidade fina,
porém a criança começou a apresentar mais interesse nas tentativas
em se trabalhar esses aspectos e, por conseguinte, os exercícios serão
continuados para futura avaliação.

4-Conclusões

Embora o período de avaliação tenha sido curto, foi possível perceber


vários aspectos positivos das técnicas de IS como técnica
complementar no tratamento da DEA associado à DPS.

Ficou evidente que as técnicas de IS aplicadas foram mais facilmente


aceitas pela criança quando trabalhadas de forma lúdica, responsiva,
divertida, respeitando seu nível de desenvolvimento e habilidade.
Ficou claro também a necessidade de se respeitar o tempo de
tolerância da criança, mantendo-se a atenção nos sinais de seu
estresse durante a execução das atividades.

Apesar das técnicas de IS serem recomendadas e aplicadas


normalmente por terapeutas ocupacionais, nesse trabalho as técnicas
foram estabelecidas e aplicadas por fisioterapeutas, moldando-se
perfeitamente as atividades propostas em salas de fisioterapia
adaptadas para esse tipo de atividade.

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Obs;

- Todo direito e responsabilidade do conteúdo são do seu autor.

- Publicado em 24/09/2014.

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