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CAAML-1202 OSTENSIVO

MANUAL DE COMBATE A INCÊNDIO

MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE


MARQUES DE LEÃO

2017
OSTENSIVO CAAML-1202

MANUAL DE COMBATE A INCÊNDIO

MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE


MARQUES DE LEÃO

2017

FINALIDADE: TÉCNICA

2ª REVISÃO
OSTENSIVO CAAML-1202

ATO DE APROVAÇÃO

Aprovo, para emprego na Marinha do Brasil, a 2ª revisão da publicação CAAML-1202


– MANUAL DE COMBATE A INCÊNDIO.

NITERÓI, RJ.
Em 4 de setembro de 2017.

EDUARDO AUGUSTO WIELAND


Capitão de Mar e Guerra
Comandante
ASSINADO DIGITALMENTE

AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC

Em ______/______/______ CARIMBO

OSTENSIVO - II - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

ÍNDICE

Ato de Aprovação..................................................................................................................... II
Índice........................................................................................................................................ III
Introdução................................................................................................................................. VII

CAPÍTULO 1 - NATUREZA DO FOGO

1.1 -A combustão .................................................................................................................... 1-1


1.2 - Métodos de transmissão de calor..................................................................................... 1-8
1.3 - Eletricidade Estática ......................................................................................................... 1-10

CAPÍTULO 2 - INCÊNDIO

2.1 - Definição ...................................................................................................................... 2-1


2.2 - A dinâmica do incêndio................................................................................................. 2-1
2.3 - Principais causas de incêndio ....................................................................................... 2-4
2.4 - Métodos de Extinção de incêndios ............................................................................... 2-5
2.5 - Classificação dos Incêndios .......................................................................................... 2-8
2.6 - Medidas Preventivas ...................................................................................................... 2-12
2.7 - Redução dos riscos de incêndio nas Praças de Máquinas ............................................. 2-14
2.8 - Perigos adicionais com o navio em período de reparo .................................................. 2-15
2.9 - Perigos adicionais quando em combate ........................................................................ 2-16

CAPÍTULO 3 - AGENTES EXTINTORES

3.1 - Definição ........................................................................................................................ 3-1


3.2 - Água ............................................................................................................................... 3-1
3.3 - Espuma ........................................................................................................................... 3-3
3.4 - Vapor .............................................................................................................................. 3-4
3.5 - Gás Carbônico ................................................................................................................ 3-4
3.6 - Compostos halogenados ................................................................................................. 3-5
3.7 - Compostos halocarbonados ............................................................................................ 3-6
3.8 - Pó Químico .................................................................................................................... 3-7

OSTENSIVO - III - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

3.9 - Quadro resumo de agentes extintores ............................................................................ 3-9

CAPÍTULO 4 - EXTINTORES PORTÁTEIS

4.1 - Generalidades ................................................................................................................. 4-1


4.2 - Extintores de água pressurizada ..................................................................................... 4-2
4.3 - Extintores de espuma mecânica pressurizada................................................................. 4-3
4.4 - Extintores de dióxido de carbono (CO2) ....................................................................... 4-4
4.5 - Extintores de pó químico pressurizado .......................................................................... 4-6
4.6 - Extintores de incêndio a halon........................................................................................ 4-8
4.7 - Extintores a pó químico seco para metais combustíveis ................................................ 4-9
4.8 - Extintores Classe “K” .................................................................................................... 4-10
4.9 - Extintores sobre rodas (carretas) .................................................................................... 4-11
4.10 - Inspeção e Manutenção................................................................................................. 4-15
4.11 - Observações Gerais ...................................................................................................... 4-16
4.12 - Identificação dos extintores portáteis ........................................................................... 4-17
4.13 - Distribuição dos extintores portáteis ............................................................................ 4-18

CAPÍTULO 5 - EQUIPAMENTOS QUEM EMPREGAM ÁGUA NO COMBATE A


INCÊNDIO

5.1 - Generalidades ............................................................................................................... 5-1


5.2 - Bombas e redes de incêndio ......................................................................................... 5-1
5.3 - Tomadas de incêndio .................................................................................................... 5-1
5.4 - Válvulas das redes de incêndio, sanitária e derivações ............................................... 5-3
5.5 - Mangueiras de incêndio e acessórios ........................................................................... 5-3
5.6 - Esguichos variáveis ...................................................................................................... 5-9
5.7 - Esguichos de ataque (“Firefighter”) e de cortina de água (“Waterwall”) ................... 5-11
5.8 - Canhão de água ............................................................................................................. 5-12

CAPÍTULO 6 - EQUIPAMENTOS QUE EMPREGAM ESPUMA NO COMBATE


A INCÊNDIO

6.1 - Generalidades .............................................................................................................. 6-1

OSTENSIVO - IV - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

6.2 - Equipamentos para misturar os componentes da espuma............................................... 6-4


6.3 - Estações geradoras de espuma ........................................................................................ 6-7

CAPÍTULO 7 - SISTEMAS FIXOS DE COMBATE, DETECÇÃO E ALARME DE


INCÊNDIO

7.1 - Generalidades ................................................................................................................ 7-1


7.2 - Operação ........................................................................................................................ 7-2
7.3 - Sistemas de borrifo com água ....................................................................................... 7-2
7.4 - Sistema de Neblina de Água (“watermist”) .................................................................. 7-4
7.5 - Sistemas de borrifo com CO2 ........................................................................................ 7-6
7.6 - Sistemas de borrifo com halon ...................................................................................... 7-8
7.7 - Sistemas de detecção e alarme de incêndio .................................................................. 7-10
7.8 - Manutenção dos sistemas de combate a incêndio ........................................................ 7-11

CAPÍTULO 8 - PROTEÇÃO E SEGURANÇA

8.1 - Generalidades ................................................................................................................. 8-1


8.2 - Proteção contra queimaduras .......................................................................................... 8-1
8.3 - Proteção do aparelho respiratório ................................................................................... 8-3
8.4 - Máscara contra gases irritantes e tóxicos ....................................................................... 8-6
8.5 - Câmera de Imagem Térmica (“ TIC – Thermal ImageCamera”) ................................... 8-9
8.6 - Capacete de Proteção ...................................................................................................... 8-10
8.7 - Oxímetro (Medidor de taxa de oxigênio) ....................................................................... 8-11
8.8 - Explosímetro................................................................................................................... 8-11
8.9 - Detector Drager .............................................................................................................. 8-12

CAPÍTULO 9 - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO

9.1 - Generalidades ................................................................................................................. 9-1


9.2 - Descompressão e entrada forçada ou compulsória ......................................................... 9-1
9.3 - Técnicas de Combate a Incêndio Classe “A” ................................................................. 9-2
9.4 - Técnicas de Combate a Incêndio Classe “B” ................................................................. 9-7
9.5 - Técnicas de Combate a Incêndio Classe “C”.................................................................. 9-8
9.6 - Técnicas de Combate a Incêndio Classe “K” ................................................................. 9-9

OSTENSIVO -V- REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

9.7 - A preparação para a reentrada em um compartimento ................................................... 9-10


9.8 - Reentrada em compartimentos sinistrados ..................................................................... 9-12
9.9 - Observações e recomendações ....................................................................................... 9-14

CAPÍTULO 10 - PROCEDIMENTO DE COMBATE A INCÊNDIO EM NAVIO DE


GUERRA

10.1 - Cenário ......................................................................................................................... 10-1


10.2 - Propósitos do Combate a Incêndio ............................................................................... 10-3
10.3 - Isolamento do compartimento – limites de incêndio e fumaça .................................... 10-3
10.4 - Fainas de esgoto, rescaldo, remoção de fumaça e teste de atmosfera .......................... 10-12
10.5 - A faina completa de combate a incêndio ...................................................................... 10-18
10.6 - Controle da situação ..................................................................................................... 10-26
10.7 - Lista de Verificação para a faina de combate a incêndio .............................................. 10-27
10.8- Incêndios em Praças de Máquinas ................................................................................. 10-28

CAPÍTULO 11 - PROCEDIMENTO DE COMBATE A INCÊNDIO EM PLATA-


FORMA DE POUSO E DECOLAGEM

11.1 - Propósito ....................................................................................................................... 11-1


11.2 - Incêndios especiais ........................................................................................................ 11-1
11.3 - Procedimentos de combate a incêndio de aeronaves .................................................... 11-3

ANEXOS
ANEXO A -Modelo de KILL CARD ...................................................................................... A-1
ANEXO B - Modelo de Quadro de Controle para Máscara.................................................... B-1
ANEXO C - Modelo de Quadro de Controle da Máscara EDBA ........................................... C-1
ANEXO D - Modelo de Papeleta de Controle das Contenções .............................................. D-1
ANEXO E - Modelo de Tabela de Plotagem de Feridos ........................................................ E-1

OSTENSIVO - VI - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
INTRODUÇÃO

1 - PROPÓSITO
Esta publicação tem o propósito de apresentar o combate a incêndio a bordo dos navios
da Marinha do Brasil, em especial os de combate, incluindo suas plataformas de pouso e
decolagem, considerando os equipamentos de combate a incêndio, os equipamentos de
proteção e as técnicas empregadas.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em onze capítulos e cinco anexos. No Capítulo 1 são
apresentados os conceitos básicos atinentes à natureza do fogo e aos elementos da combustão.
No Capítulo 2 são descritos a dinâmica, a classificação e os métodos de extinção de incêndios,
além das medidas preventivas contra incêndios. No Capítulo 3 são expostos os agentes
extintores e suas aplicações. O Capítulo 4 discorre sobre o emprego, a operação, a
identificação, a manutenção e a distribuição dos extintores portáteis. No Capítulo 5 são
indicados os equipamentos que utilizam a água no combate a incêndio. No Capítulo 6 são
apontados os equipamentos que utilizam a espuma no combate a incêndio. No Capítulo 7 são
descritos os sistemas fixos de combate, detecção e alarme de incêndio. No Capítulo 8 são
exibidos os equipamentos de proteção e segurança. O Capítulo 9 narra as técnicas de combate
a incêndios. No Capítulo 10 são demonstradas a faina completa e as técnicas de combate a
incêndio em navios de combate. No Capítulo 11 são apresentados os procedimentos de
combate a incêndio em plataformas de pouso e decolagem.
Os anexos complementam as informações dos capítulos e apresentam modelos
empregados no CAv.
3 - PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES
Esta publicação é a segunda revisão do CAAML-1202 – Manual de Combate a Incêndio.
Dentre as alterações implementadas, destacam-se:
a) No capítulo 2, correção da ocorrência do “rollover”, que passa a ser considerado na
fase inicial do incêndio e não na fase de desenvolvimento;
b) Inclusão da figura das fases do incêndio e do “flashover” no capitulo 2;
c) Foi inserido texto a respeito do halon e do Protocolo de Montreal no capítulo 2;
d) Inclusão do item - Incêndio Classe “K”;
e) Inclusão do item - Redução de riscos de incêndio nas praças de máquinas;
f) Inclusão do item - Perigos adicionais com o navio em período de reparo;
g) Inclusão do item - Perigos adicionais quando em combate;

OSTENSIVO - VII - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
h) No capítulo 3, retirado Neblina de Baixa Velocidade por estar em desuso na MB;
i) Incluída referência, Portaria nº005/2011 do INMETRO, no capítulo 4;
j) Atualizada características dos extintores de CO2, de pó químico, no capítulo 4;
k) Inclusão do item - Extintores da classe K;
l) Inclusão da pesagem de extintores de CO2 na rotina mensal e atualização das rotinas
de manutenção;
m) Inclusão da representação gráfica para identificação de extintores para incêndios classe
“K”;
n) Incluídas particularidades das mangueiras adotadas;
o) No capítulo 5, retirado item sobre aplicadores e esguichos universais e Inclusão do
subitem-Esguicho Firefighter e atualização do texto;
p) Inclusão do subitem - Esguicho Waterwall e atualização do texto;
q) Inclusão do subitem Esguicho Ship Protector;
r) Inclusão dos seguintes itens a respeito do AFFF: Embalagens disponíveis,
Compatibilidade, Miscibilidade e Quadro de propriedades;
s) Retirada do antigo subitem Esguicho universal para neblina de alta e com aplicador
para neblina de baixa, pois encontra-se em desuso;
t) No capítulo 7, foram incluídos os seguintes subítens para melhorar a didática:
Detectores de fumaça e dos gases da combustão, Detectores de chama e calor e Detectores de
temperatura;
u) Inclusão do item 7.7 – Manutenção dos Sistemas de Combate a Incêndio;
v) Exclusão do item antigo - Sistemas com dispositivo de duplo agente;
w) Exclusão do item antigo - Sistemas que utilizam pó químico;
x) Exclusão do item antigo - Sistemas com Gases inertes;
y) Substituição do item Máscaras com tambor-gerador de oxigênio pelo item Máscaras
com filtro;
z) Inclusão sobre a qualidade do ar comprimido para Aparelhos de Respiração
Autônoma;
aa) Exclusão do item - letra “a” – Capacete de proteção “STH – SLIM TANK HELMET”;
bb) No capítulo 8, Inclusão do subitem – Explosímetros Digitais;
cc) No capítulo 8, exclusão do item atinente à lâmpada de segurança;
dd) Inclusão do item - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS CLASSE “K”, no
capítulo 9; e
ee) Alterada para 60ºC a temperatura da reentrada (anteriormente 100ºC).

OSTENSIVO - VIII - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
4 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA 411 – Manual de Publicações da
Marinha, em PMB, não controlada, ostensiva, técnica e manual.
5 - SUBSTITUIÇÃO
Esta publicação substitui a 1ª revisão do CAAML 1202 – Manual de Combate a Incêndio,
aprovado em 2005, e será sucedida pelo COMOPNAV-702, de mesmo nome, por ocasião de sua
aprovação.

OSTENSIVO - IX - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
CAPÍTULO 1
NATUREZA DO FOGO

1.1 – A COMBUSTÃO
Há fogo quando há combustão, que é definida como uma reação química de oxidação,
na qual uma substância combustível reage com o comburente, ativada pelo calor (elevação de
temperatura), com desprendimento de energia luminosa, calor e gases combustíveis.
1.1.1 – Tetraedro do fogo
Para facilitar a compreensão, costuma-se representar os elementos básicos da
combustão por um triângulo equilátero, conhecido por triângulo do fogo (Fig. 1.1).

Fig. 1.1 - Triângulo do fogo

Considerada a afinidade química entre o combustível e o comburente como mais uma


condição para a existência do fenômeno da combustão, o triângulo do fogo evolui para o
tetraedro do fogo (Fig. 1.2), que representa a união dos quatro elementos essenciais do fogo,
a temperatura de ignição, o Combustível, o Comburente e a Reação Química em Cadeia.

Fig. 1.2 - Tetraedro do fogo

1.1.2 – O Comburente
É todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz de fazê-lo
entrar em combustão.

OSTENSIVO - 1-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

O oxigênio é o comburente mais facilmente encontrado na natureza. O oxigênio existe


no ar atmosférico em uma quantidade aproximada de 21%. Normalmente, não ocorre chama
quando a concentração de oxigênio no ar é inferior a 13%.
1.1.3 – O Combustível
É toda a substância capaz de queimar e alimentar a combustão (madeira, papel, pano,
estopa, tinta, alguns metais etc). É o elemento que serve de campo de propagação ao fogo.
Dentre as diversas classificações que podemos atribuir aos combustíveis, interessam ao nosso
estudo as seguintes:
- Quanto ao estado físico:
Sólidos (carvão, madeira, pólvora etc.);
Líquidos (gasolina, álcool, éter, óleo de linhaça etc.); e
Gasosos (metano, etano, etileno, butano etc.).
- Quanto à volatilidade:
Voláteis - são os combustíveis que, nas condições normais de temperatura e pressão,
desprendem vapores capazes de se inflamarem (álcool, éter, benzina etc.) e
Não voláteis - são os combustíveis que desprendem vapores inflamáveis após
aquecimento acima da temperatura ambiente (óleo combustível, óleos lubrificantes, óleo de
linhaça etc.), considerando as condições normais de pressão.
- Quanto à presença do comburente:
Com comburente – combustível que possui em sua própria estrutura molecular o
comburente (pólvoras, cloratos, nitratos, celulóide e metais combustíveis, tais como: lítio,
zircônio, titânio etc.), neste caso a combustão poderá ocorrer em atmosfera com
concentrações de oxigênio inferiores a 13%; e
Sem comburente – não possui o comburente na sua estrutura molecular (madeira, papel,
tecidos etc.), há necessidade de ser alimentado por uma fonte de comburente.
A velocidade da queima de um combustível depende de sua capacidade de combinar
com oxigênio sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com o oxigênio).
a) Combustíveis Sólidos
A maioria dos combustíveis sólidos transformam-se em vapores e, então, reagem com o
oxigênio. Outros sólidos (ferro, parafina, cobre, bronze) primeiro transformam-se em líquidos,
e posteriormente em gases, para então se queimarem.
Quanto maior a superfície exposta, mais rápido será o aquecimento do material e,
consequentemente, o processo de combustão.

OSTENSIVO - 1-2 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

b) Combustíveis Líquidos
Os líquidos inflamáveis têm algumas propriedades físicas que dificultam a extinção do
calor, aumentando o perigo para os homens que combatem o fogo. Os líquidos assumem a
forma do recipiente que os contém. Se derramados, os líquidos tomam a forma do piso, fluem
e se acumulam nas partes mais baixas.
Tomando como base o peso da água, cujo litro pesa 1 quilograma, classificamos os
demais líquidos como mais leves ou mais pesados. É importante notar que a maioria dos
líquidos inflamáveis são mais leves que água e, portanto, flutuam sobre esta. Os líquidos
combustíveis recebem identificações em seus recipientes (Fig.l.3). Outra propriedade a ser
considerada é a solubilidade do líquido, ou seja, sua capacidade de misturar-se à água.

Fig l.3 - Recipiente para armazenar líquido inflamável

Os líquidos derivados do petróleo (conhecidos como hidrocarbonetos) têm pouca


solubilidade, ao passo que líquidos como álcool, acetona (conhecidos como solventes polares)
têm grande solubilidade, isto é, podem ser diluídos até um ponto em que a mistura (solvente
polar + água) não seja inflamável. A volatilidade é a facilidade com que os líquidos liberam
vapores, e tem grande importância, porque quanto mais volátil for o líquido, maior a
possibilidade de haver fogo, ou mesmo explosão. Chamamos de voláteis os líquidos que
liberam vapores a temperaturas menores que 20° C.
c) Combustíveis Gasosos
Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente
em que estão contidos. Os combustíveis gasosos são armazenados em recipientes, sob pressão
(Fig. 1.4). Se o peso do gás é menor que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o
peso do gás é maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e caminha na direção do
vento, obedecendo os contornos do terreno.

OSTENSIVO - 1-3 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 1.4 - Recipiente para armazenar gás

Para o gás queimar, há necessidade de que esteja em uma mistura ideal com o ar
atmosférico, e, portanto, se estiver numa concentração fora de determinados limites, não
queimará. Cada gás, ou vapor, tem seus limites próprios. Por exemplo, se num ambiente há
menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina, não haverá combustão, pois a
concentração de vapor de gasolina nesse local está fora do que se chama de mistura ideal, ou
limites de inflamabilidade; isto é, ou a concentração deste vapor é inferior ou é superior aos
limites de inflamabilidade.

LIMITES DE INFLAMABILIDADE
Concentração
Combustíveis
Limite inferior Limite superior
Metano 1,4% 7,6%
Propano 5% 17%
Hidrogênio 4% 75%
Acetileno 2% 85%
Tabela 1.1 – Limites de inflamabilidade por combustível

d) Processos de Queima
O início da combustão requer a conversão do combustível para o estado gasoso, o que
se dará por aquecimento. Gases combustíveis são obtidos, a partir de combustíveis sólidos,
pela pirólise. Pirólise é a decomposição química de uma matéria ou substância através do
calor .
Como regra geral, os materiais combustíveis queimam no estado gasoso.
Submetidos ao calor, os sólidos e os líquidos combustíveis se transformam em gás
para se inflamarem. Como exceção e como casos raros, há o enxofre e os metais alcalinos
(potássio, cálcio, magnésio etc), que se queimam diretamente no estado sólido.

OSTENSIVO - 1-4 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

e) Perigos da Radiação Eletromagnética ao Combustível (HERF – High-Energy


Radio Frequency)
Uma mistura de vapor de combustível / ar acima do Limite Mínimo Explosão pode
ser inflamada quando um campo de radio frequência de alta energia induz arco entre duas
superfícies de metal próximas. O incêndio causado por HERF é normalmente um risco nos
casos de combustíveis com baixos pontos de ignição. Podem ser citados como exemplo, o
risco decorrente de reabastecimento de gasolina em conveses abertos, ventilações de
combustíveis, entradas de combustíveis abertas ou combustíveis derramados em locais em
que transmissores de alta energia, como radares de busca estejam operando.
Precauções como o controle de emissões eletromagnéticas e a restrição de algumas
transmissões devem ser normatizadas em procedimentos de segurança específicos, como por
exemplo, nos casos de abastecimentos em conveses abertos.

1.1.4 - A temperatura
Os vapores emanados de um combustível inflamam-se na presença do comburente, a
partir de determinada temperatura.
Temperatura - Grandeza termodinâmica intensiva, comum a todos os corpos que
estão em equilíbrio térmico, que expressa a quantidade de calor existente num corpo ou no
ambiente (Fig. 1.5).

Fig. 1.5 - Pontos de temperatura

Temperatura de Ignição - é a temperatura necessária para que a reação química ocorra


entre o combustível e o comburente, produzindo gases capazes de entrarem em combustão.
Ponto de Fulgor - é a temperatura mínima na qual um combustível desprende gases
suficientes para serem inflamados por uma fonte externa de calor, mas não em quantidade
suficiente para manter a combustão. A chama aparece, porém logo se extingue, não mantendo
a combustão.
OSTENSIVO - 1-5 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

Ponto de Combustão - é a temperatura do combustível, acima da qual ele desprende


gases em quantidade suficiente para serem inflamados por uma fonte externa de calor e
continuarem queimando, mesmo quando retirada esta fonte.
Ponto de Ignição - é a temperatura necessária para inflamar os gases que estejam se
desprendendo de um combustível, só com a presença do comburente.
1.1.5 - Reação química em cadeia
A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas
atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o
oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo
constante. O fogo age em um corpo, decompondo-o em partes cada vez menores.
1.1.6 - Intensidade da Combustão
É conhecido por intensidade da combustão o volume de chamas que se desprende de um
incêndio. Naturalmente, um palito de fósforo apresentará uma intensidade de combustão
muito menor do que uma pilha de lenha, devido à menor quantidade de combustível. Além da
quantidade de combustível, devemos, também, considerar a área superficial do combustível,
porque a concentração da mistura combustível e ar (oxigênio) produzirá uma intensidade de
combustão maior ou menor em função dessa mistura. Assim, quanto maior a área superficial,
maior será a concentração da mistura ar/combustível e, em consequência, maior será a
intensidade da combustão.
A concentração do comburente é outro fator que devemos considerar quando um
incêndio está ocorrendo com pequena intensidade num ambiente confinado (onde a
concentração de oxigênio já atingiu níveis reduzidos) e uma porta é bruscamente aberta.
Subitamente, sob o impacto do aumento da concentração de oxigênio ambiente, o fogo se
reanima e aumenta de intensidade.
1.1.7 - Formas de combustão
As combustões podem ser classificadas conforme a sua velocidade em: completa,
incompleta, espontânea e explosão. Dois elementos são preponderantes na velocidade da
combustão: o comburente e o combustível; o calor entra no processo para decompor o
combustível. A velocidade da combustão variará de acordo com a porcentagem do oxigênio
no ambiente e as características físicas e químicas do combustível.
a) Combustão Completa
É aquela em que a queima produz calor e chamas e se processa em ambiente rico em
oxigênio.

OSTENSIVO - 1-6 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

b) Combustão Incompleta
É aquela em que a queima produz calor e pouca ou nenhuma chama, em ambiente
pobre em oxigênio.
c) Combustão Espontânea
Certos materiais orgânicos, em determinadas circunstâncias, podem, por si só, entrar em
Combustão. Entre as substâncias mais suscetíveis de combustão espontânea destacam-se os
tecidos impregnados de óleo, os vernizes, os pós metálicos, o sisal, a madeira e a serragem.
Os materiais fibrosos tornam-se particularmente perigosos quando impregnados com óleos
animais ou vegetais. Embora seja um fenômeno pouco falado, a combustão espontânea é mais
comum do que se poderia pensar.
Ocorre também na mistura de determinadas substâncias químicas, quando a combinação
gera calor e libera gases em quantidade suficiente para iniciar combustão, como, por exemplo,
água e sódio.
d) Explosão
É a queima de gases (ou partículas sólidas), em altíssima velocidade, em locais
confinados, com grande liberação de energia e deslocamento de ar. Combustíveis líquidos,
acima da temperatura de fulgor, liberam gases que podem explodir (num ambiente fechado)
na presença de uma fonte de calor (Fig. 1.6).

Fig. 1.6 - Explosão e líquido inflamável

1.1.8 - Produtos da combustão


Quando duas substâncias reagem entre si, se transformam em outras substâncias.
Estes produtos finais resultantes da combustão, que dependerão do tipo do combustível,
normalmente são: Gás Carbônico (CO2, Monóxido de Carbono (CO), fuligem, cinzas, vapor
d'água, mais calor e energia luminosa.
Dependendo do combustível poderemos ter vários outros produtos, inclusive tóxicos ou
Irritantes.

OSTENSIVO - 1-7 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Exemplos: - PVC ........................................... CO e Ácido Cloridrico (HCI).


- Isopor e outros plásticos ........... CO.
- Poliuretano ................................ CO e Gás Cianídrico (HCN).
Riscos dos Produtos da Combustão:
CO2 - em alta concentração provoca asfixia.
CO - venenoso, podendo provocar morte.
Gás cianídrico - altamente venenoso, provoca morte.
1.2 – MÉTODOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR
Há três métodos de transmissão de calor: Irradiação, Condução e Convecção. O estudo
desses métodos permite a visualização de vários fenômenos peculiares aos incêndios,
principalmente no que diz respeito a sua propagação.
1.2.1- Irradiação
É a transmissão de calor que se processa sem a necessidade de continuidade molecular
entre a fonte calorífica e o corpo que recebe calor. É a transmissão de calor que acompanha
geralmente a emissão de luz. Ondas de calor irradiam em todas as direções, a não ser se
bloqueadas, e atingem os objetos, aquecendo-os (Fig. 1.7). O caso típico de calor radiante é o
calor do Sol.

Fig. 1.7 – Irradiação

1.2.2 - Condução
É a transmissão de calor que se faz de molécula para molécula, por contato físico,
através de um movimento vibratório que as anima e permite a comunicação de uma para outra
(Fig. 1.8).

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Fig. 1.8 - Condução através de dutos

As anteparas e pisos que limitam os compartimentos incendiados atingem temperaturas


que ultrapassam a de ignição da maioria dos materiais encontrados a bordo. É por isto que,
quando ocorre um incêndio em um compartimento, devem ser inspecionados imediatamente
os compartimentos adjacentes, principalmente os que ficam acima. Todo material existente
nesses compartimentos deve ser retirado ou afastado das anteparas, ao mesmo tempo em que
estas devem ser resfriadas, visto que a própria tinta que as reveste se inflama com facilidade.
1.2.3 - Convecção

Fig. 1.9 – Convecção

É o método de transmissão de calor característico dos líquidos e gases. Consiste na


formação de correntes ascendentes no seio da massa fluida, devido ao fenômeno da dilatação
e consequente perda de densidade da porção de fluido mais próxima da fonte calorífica (Fig.
1.9). Porções mais frias ocupam o lugar próximo à fonte calorífica, antes ocupado pelas
porções que subiram, formando-se assim o regime contínuo das correntes de convecção.
Quanto ao aspecto da propagação de incêndios, a convecção pode ser responsável pelo
alastramento de incêndios a compartimentos bastante distantes do local de origem do fogo.
Em edifícios, este fenômeno se dá através dos poços dos elevadores ou vãos de escadas,
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atingindo muitos andares acima de onde está ocorrendo o incêndio, especialmente onde
houver portas ou janelas abertas que permitam a passagem da coluna ascendente de gases
aquecidos. A legislação que rege a construção civil determina que as escadas internas, de
acesso aos pavimentos de um prédio, sejam isoladas por portas à prova de fogo, de forma a
evitar tais efeitos.
Nos navios, essas correntes de convecção ocorrem através dos dutos de ventilação que,
por esse motivo, devem ter suas válvulas de interceptação fechadas nas seções que atravessam
a área incendiada. Muitas vezes, devido à falta dessa providência, incêndios aparentemente
inexplicáveis, longe do foco principal, poderão se formar e inutilizar todo o trabalho de
extinção realizado no compartimento no qual o fogo se originou.
1.3 - ELETRICIDADE ESTÁTICA
Eletricidade estática é o acúmulo de potencial elétrico de um corpo em relação a outro,
geralmente em relação à terra. Forma-se, na grande maioria dos casos, por atrito, sendo
praticamente impossível de ser eliminada. A providência que pode ser tomada é impedir o seu
acúmulo antes que atinja potenciais perigosos (capazes de fazer produzir uma faísca),
aterrando-se o equipamento a ela sujeito, isto é, ligando-se a carcaça do equipamento à terra,
por meio de um condutor. Quase todos os equipamentos estão sujeitos a atrito e, portanto, à
formação de eletricidade estática. A faísca da descarga elétrica, somada à presença de
combustíveis ou misturas explosivas nas proximidades, poderá ocasionar uma combustão. Por
isso, no transporte e manuseio de líquidos voláteis deverão ser tomados cuidados específicos.
Antigamente, os caminhões-tanque transportadores de líquidos inflamáveis levavam
correntes na parte traseira que, ao se arrastarem pelo chão, descarregavam a eletricidade
estática formada. Modernamente, não se usam mais tais correntes. Antes de ser iniciada a
faina de carga ou descarga do líquido, o chassi do caminhão é ligado à terra por um fio
metálico. As mangueiras que descarregam líquidos e gases combustíveis devem ser dotadas
de bocal metálico que, por sua vez, deve ser conectado eletricamente ao tanque receptor, antes
de ser iniciada a descarga. Evita-se, assim, que a eletricidade estática gerada pelo atrito do
fluido com a mangueira possa originar uma centelha entre o bocal e o tanque.

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CAPÍTULO 2
INCÊNDIO
2.1 - DEFINIÇÃO
Fogo - Desenvolvimento simultâneo de calor e luz, que é produto da combustão de
matérias inflamáveis, como, por exemplo, a madeira, o carvão e o gás.
Incêndio - Fogo que lavra com intensidade, causando destruição e, às vezes, prejuízos.
2.2 - A DINÂMICA DO INCÊNDIO
Os incêndios podem ser separados em quatro diferentes estágios: fase inicial; fase de
desenvolvimento; incêndio desenvolvido e fase de queda de intensidade.
2.2.1 - Fase Inicial
A temperatura média do compartimento ainda não está muito elevada, e o fogo está
localizado próximo ao foco do incêndio (Fig. 2.1).

Fig. 2.1 - Incêndio na fase inicial

Caso não ocorra a extinção do incêndio, poderá ocorrer o “rollover”, também conhecido
como lean flashover (Fig. 2.2), que é o fenômeno no qual os gases da combustão não
queimados no incêndio misturam-se ao ar e se inflamam na parte superior do compartimento,
devido à alta temperatura naquela área (são bolas de fogo que se formam na parte superior
docompartimento). As altas temperaturas concentram-se próximas ao foco do incêndio, e a
fumaça proveniente da combustão forma uma camada quente na parte superior do
compartimento.

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Fig. 2.2 - Aparecimento de um "rollover"


2.2.2 - Fase de Desenvolvimento
É a fase de transição entre a fase inicial e a do incêndio totalmente desenvolvido. Ocorre
em um período relativamente curto de tempo e pode ser considerada um evento do incêndio
(combustão súbita generalizada). Trata-se do momento no qual a temperatura da camada
superior de fumaça atinge temperaturas em torno de 600ºC.
A característica principal desta fase é o repentino espalhamento das chamas a todo o
material combustível existente no compartimento. Este fenômeno, conhecido pelo nome de
"flashover" (Fig. 2.3), é um dos principais causadores de acidentes graves com o pessoal
envolvido no combate ao incêndio.

Fig. 2.3 - Surgimento de um "flashover"


A teoria do “flashover” foi elaborada pelo cientista britânico P.H. Thomas, nos anos 60,
e foi usada para descrever o crescimento do incêndio até o ponto onde se torna um incêndio
totalmente desenvolvido.
A partir do aparecimento do “flashover”, entra-se na fase de incêndio desenvolvido
(Fig. 2.4).
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Temperatura do Ar

Tempo
Fig. 2.4 – As fases do incêndio e o "Flashover"

2.2.3 - Incêndio Desenvolvido


Todo o material do compartimento está em combustão, sendo a taxa de queima limitada
pela quantidade de oxigênio remanescente. A sobrevivência do pessoal que estiver no local é
improvável. Chamas podem sair por qualquer abertura, e os gases combustíveis existentes na
fumaça se queimam assim que encontram ar fresco. O acesso a esse incêndio é praticamente
impossível, sendo necessário um ataque indireto ao mesmo. Incêndios em praças de máquinas
ou provocados pelo impacto de armamento inimigo atingem este estágio rapidamente.
2.2.4 - Fase de queda de intensidade e “backdraft”
Quase todo o material combustível já foi consumido e o incêndio começa a se extinguir.
Após a extinção do incêndio, em casos específicos, pode ocorrer o fenômeno do
reaparecimento. Em um incêndio que tenha se extinguido por ausência de oxigênio, como por
exemplo, em um compartimento estanque que tenha sido completamente isolado, vapores
combustíveis podem estar presentes. Quando ar fresco for admitido nessa atmosfera rica em
vapores combustíveis e gases explosivos e com temperatura próxima à de ignição, os três
elementos do triângulo do fogo estarão novamente presentes e poderá ocorrer uma ignição
explosiva, fenômeno também conhecido por “backdraft” ou “backdraught” (Fig. 2.5).

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Fig. 2.5 - Apresentação de um "backdraft" na fase de queda de intensidade

As condições a seguir podem indicar uma situação de “Backdraft”:


- fumaça sob pressão, num ambiente fechado;
- fumaça escura, tornando-se densa, mudando de cor (cinza e amarelada) e saindo do
ambiente em forma de lufadas;
- calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta);
- pequenas chamas ou inexistência destas em ambientes fechados onde houve um
incêndio;
- resíduos da fumaça impregnando o vidro das janelas;
- pouco ruído em ambientes fechados onde houve um incêndio; e
- movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura é feita (em
alguns casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas).
2.3 - PRINCIPAIS CAUSAS DE INCÊNDIO
Podemos afirmar, com segurança, que o mais eficiente método de combater incêndios é
evitar que eles tenham início.
Excetuados, evidentemente, os incêndios originados por danos em combate, a grande
maioria de ocorrências de incêndios é derivada de falhas humanas, pela não observância dos
cuidados na utilização do material, pela manutenção deficiente dos equipamentos e pelo

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desconhecimento das precauções de segurança.


As principais causas de incêndios a bordo de navios, são as seguintes:
- cigarros e fósforos atirados em locais impróprios;
- trapos e estopas embebidos em óleo ou graxa;
- acúmulo de gordura nas telas e dutos de extração da cozinha;
- serviços com equipamento de solda elétrica ou oxiacetileno;
- não observância de todos os compartimentos adjacentes aos que estão sendo realizados
serviços de corte ou solda;
- equipamentos elétricos ligados, desnecessariamente, por período de tempo
considerável;
- porão com acúmulo de óleo ou lixo;
- vasilhames destampados contendo combustíveis voláteis;
- uso desnecessário de materiais combustíveis;
- instalações e equipamentos elétricos deficientes;
- materiais inflamáveis ou combustíveis de bordo, tais como óleos, graxas, tintas,
solventes etc., armazenados indevidamente;
- presença de vazamentos em sistemas de óleo combustível e lubrificante;
- presença de óleo combustível ou lubrificante em isolamento térmico de descargas de
motores;
- partes aquecidas de máquinas próximas a redes de óleo;
- uso de ferramentas manuais ou elétricas em tanques não devidamente desgaseificados,
ou nos compartimentos adjacentes a esses tanques;
- fritadores elétricos superaquecidos; e
- lâmpadas sem proteção.
2.4 - MÉTODOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS
2.4.1 - Abafamento
O primeiro método básico de extinção de incêndios é o abafamento, que consiste em
reduzir a quantidade de oxigênio abaixo do limite de 13% (Fig. 2.6).

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Fig. 2.6 - Retirada do comburente

Não havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo. Como
exceções, estão os materiais que têm oxigênio em sua composição e queimam sem
necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgânicos e o fósforo branco.
Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o
combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar
próxima de 8%, quando não haverá mais combustão. Colocar uma tampa sobre um recipiente
contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela
acesa, são duas experiências práticas que mostram que o fogo se apagará tão logo se esgote o
oxigênio em contato com o combustível.
Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores,
vapor d’água, espumas, pós, gases especiais etc. (Figs. 2.6-A, 2.6-B e 2.6-C).

Fig. 2.6-A Fig. 2.6-B Fig. 2.6-C


Extinção por abafamento

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2.4.2 - Resfriamento
É o método mais antigo de se apagar incêndios, sendo seu agente universal a água.
Consiste em reduzirmos a temperatura de um combustível, ou da região onde seus gases estão
concentrados, abaixo da temperatura de ignição, extinguindo o fogo.
Raciocinando com o triângulo do fogo, isto consiste em afastar o lado referente à
temperatura de ignição.
Com apenas dois lados (combustível e comburente), não há fogo (Fig. 2.7).

Fig. 2.7 - Retirada da temperatura

Cabe ressaltar que somente por resfriamento podem ser extintos os incêndios de
combustíveis que tenham comburente em sua estrutura íntima (pólvora, celulóide etc.). Esses
incêndios não podem ser extintos por abafamento (Fig. 2.8).

Fig. 2.8 - Resfriamento em tanques de gás

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2.4.3 - Isolamento
Consiste na retirada do combustível, o que geralmente é utilizado quando não dispomos
de equipamentos adequados para combater o incêndio. Como exemplo, podemos citar o
fechamento de uma válvula de gás ou retirada de material inflamável das proximidades de um
foco de incêndio (Fig. 2.9).
Alguns manuais consideram a retirada do material como um método de extinção, porém
consideraremos apenas como uma etapa do processo de extinção, haja vista que se baseia na
retirada do material combustível.

Fig. 2.9 - Retirada do combustível

2.4.4 - Quebra da reação em cadeia


Processo de extinção de incêndios em que determinadas substâncias são introduzidas na
reação química da combustão, com o propósito de inibi-la. Neste caso é criada uma condição
especial (por um agente que atua em nível molecular) em que o combustível e o comburente
perdem, ou têm em muito reduzida, a capacidade de manter a reação em cadeia. A reação só
permanece interrompida enquanto houver a efetiva presença do agente extintor, que deverá
ser mantido até o resfriamento da área, natural ou por um dos meios conhecidos.
Um dos agentes extintores por quebra da reação em cadeia mais conhecido na Marinha
do Brasil é o halon, que é um agente extintor de compostos químicos formados por elementos
halogênios (flúor, cloro, bromo e iodo), porém, sua fabricação foi banida pelo Protocolo de
Montreal, por ser nocivo à camada de ozônio. De acordo com o próprio Protocolo, seu uso é
permitido para fins militares e extinção de incêndio em Navios.
2.5 - CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS
A Associação Brasileira de Normas Técnica – ABNT, por meio da NBR 12693,
classifica os incêndios de acordo com os materiais neles envolvidos. Essa classificação é feita

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para determinar os agentes extintores adequados para cada tipo de incêndio.


2.5.1 - Incêndio classe “A”
São os que se verificam em materiais fibrosos ou sólidos, que formam brasas e deixam
resíduos. São os incêndios em madeira, papel, tecidos, borracha e na maioria dos plásticos
(Fig. 2.10).

Fig. 2.10 - Incêndio classe A – madeira

Método de extinção:
Necessita de resfriamento para a sua extinção, isto é, do uso de água ou soluções que a
contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão
abaixo do seu ponto de ignição (Fig. 2.11).
O emprego de pó químico irá apenas retardar a combustão, não agindo na queima em
profundidade.

Fig. 2.11 - Uso de água para extinção de incêndio classe A

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2.5.2 - Incêndio classe “B”


São os que se verificam em líquidos inflamáveis (óleo, querosene, gasolina, tintas,
álcool etc.) e também em graxas e gases inflamáveis (Fig. 2.12).

Fig. 2.12 - Incêndio classe B - líquido combustível

Método de extinção:
Necessita para a sua extinção do abafamento ou quebra da reação em cadeia. No caso
de líquidos muito aquecidos (acima do ponto de ignição), é necessário também resfriamento
(Fig. 2.13).

Fig. 2.13 - Extinção de incêndio classe B com uso de espuma

2.5.3 - Incêndio classe “C”


São os que se verificam em equipamentos e instalações elétricas, enquanto a energia
estiver alimentada, como, por exemplo, um motor elétrico ligado (Fig. 2.14).

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Fig. 2.14 - Incêndio classe C


Método de extinção:
Para a sua extinção é necessário um agente extintor que não conduza a corrente elétrica
(Fig. 2.15) e utilize o princípio de abafamento ou quebra da reação em cadeia.

Fig. 2.15 - Extinção de incêndio classe C

2.5.4 - Incêndio classe “D”


São os que se verificam em metais como lítio e cádmio (em baterias), magnésio (em
motores), selênio, antimônio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio e zircônio.
São exemplos de metais combustíveis. É caracterizado pela queima em altas temperaturas e
por reagir com extintores comuns (principalmente os que contenham água).
Método de extinção:
Para a sua extinção, são necessários agentes extintores especiais (pós químicos
especiais) que se fundem em contato com o metal combustível, formando uma espécie de
capa que o isola do ar atmosférico, interrompendo a combustão pelo princípio de abafamento.
Os pós químicos especiais são compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio,
cloreto de bário, monofosfato de amônia, grafite seco (Fig. 2.8).

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2.5.5 - Incêndio classe “K”


São os que se verificam em gordura animal, vegetal e têm sido por muito tempo a
principal causa de incêndios em cozinhas. A natureza especifica desses incêndios é diferente
da maior parte dos outros incêndios, mesmo aqueles que envolvem outros líquidos
inflamáveis como gasolina, óleo combustível e lubrificante.
Nos Estados Unidos esta nova classe de incêndio foi reconhecida pela NFPA (National
Fire Protection Association), através da norma NFPA 10.
Os óleos de cozinha usados para fritura têm uma faixa ampla de temperaturas de
autoignição, que pode ocorrer em qualquer intervalo de 288°C a 385°C.
Depois de ocorrida a autoignição, o óleo mudará ligeiramente sua composição ao queimar-se,
tornando a nova temperatura de autoignição mais baixa que a original. Com isso o incêndio
tornar-se-á autossustentável, a menos que a massa inteira de óleo seja resfriada a uma
temperatura abaixo desta nova.
Método de extinção:
O agente extintor ideal é o Pó Químico Umedecido, que consiste numa solução de água
com Acetato de Potássio, Carbonato de Potássio, Citrato de Potássio ou uma combinação
destes compostos.
A água da composição tem a função de resfriamento do produto, permitindo que a
temperatura permaneça abaixo do ponto de autoignição. Enquanto isso, através de uma reação
de saponificação dos agentes extintores (C2H3KO2; NaHCO3; C6H5K3O7) com o produto,
ocorre a formação de uma camada superficial de espuma que impede o contato do óleo com o
oxigênio do ar.
2.6 - MEDIDAS PREVENTIVAS
Considerando-se que, na prática, a eclosão de um incêndio a bordo não pode ser
definitivamente impedida, especialmente em situações de guerra, é necessário que se adotem
providências não só de prevenção de incêndios, mas também aquelas que venham a atenuá-lo,
quando ele for inevitável.
Algumas dessas providências fazem parte das próprias normas de construção naval,
enquanto outras se fazem intimamente ligadas à doutrina do Controle de Avarias – CAv,
cabendo ao pessoal de bordo zelar pelo seu cumprimento. A manutenção da doutrina do CAv,
inclusive a detecção e correção de irregularidades observadas que venham a apresentar riscos
de incêndios a bordo é de responsabilidade de todos a bordo, cabendo ao Encarregado do
CAv, sua supervisão, com a ajuda dos Encarregados das Divisões, Fiel de CAv do Navio,
OSTENSIVO - 2-12- REV.2
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Fiéis de CAv das Divisões e do pessoal de serviço.


Uma adequada prevenção de incêndio deve incluir, conforme já visto, a limitação da
presença de materiais combustíveis a bordo, bem como o controle daqueles que podem ser
introduzidos para o atendimento de determinadas conveniências ou exigências do serviço,
observadas ainda as situações de guerra e de paz.
As providências de prevenção e limitação de incêndios a bordo, no que diz respeito ao
material inflamável, abordadas nas diversas publicações de Controle de Avarias, podem,
então, ser resumidas em cinco aspectos básicos:
2.6.1 - Eliminação do material desnecessário à operação militar do navio
O navio deve ter conhecimento dos riscos existentes decorrentes da existência desse
material e de material estranho a bordo, sua localização e as medidas especiais, se necessário,
a serem tomadas caso ocorra alguma avaria, confeccionando, para tal, uma Tabela de
Inflamáveis. Todo material introduzido a bordo deve ser relacionado e a sua localização
informada ao Encarregado do Controle de Avarias – EncCAv.
A faina de preparar o navio para o combate deve prever a utilização dessa Tabela de
Inflamáveis, para que sejam removidos de bordo, ou sejam reduzidas as suas quantidades.
2.6.2 - Especificação do material de bordo
O projeto das unidades navais deve prever a mínima utilização de equipamentos e
acessórios compostos por materiais combustíveis.
2.6.3 - Armazenamento e proteção do material combustível
Não armazenar, se possível, material combustível acima da linha d’água, inclusive no
convés principal.
Quando não puder ser evitado o armazenamento de material combustível no convés
principal ou na superestrutura, o mesmo deverá ser acondicionado e posicionado de forma que
possa ser lançado facilmente ao mar. Deverá, também, ficar localizado o mais a ré possível, a
fim de que a fumaça e as chamas, no caso de incêndio, não venham a interferir com a
manobra do navio.
É essencial que não seja deixado nenhum combustível volátil nas proximidades das
aspirações dos compartimentos internos do navio.
Os locais adequados para armazenar material combustível são os compartimentos
localizados abaixo da linha d’água. Para aumentar a proteção devem ser usados
compartimentos localizados junto ao casco e o material deverá ser armazenado afastado das
anteparas, para evitar o perigo de calor irradiado no caso de incêndio no compartimento
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OSTENSIVO CAAML-1202

adjacente.
Todos os combustíveis líquidos, particularmente aqueles que desprendem vapores
altamente inflamáveis ou explosivos, devem ser guardados em recipientes próprios com
tampa hermética.
A armazenagem de líquidos inflamáveis tais como tintas, vernizes, óleos e graxas deve
ser feita em compartimento apropriado, com ventilação forçada.
A armazenagem de materiais nos dutos de descarga de gases de Praças de Máquinas
deve ser proibida.
Deve-se ter especial atenção ao material dos invólucros de sobressalentes, geralmente
feitos de material combustível. Assim que possível, estes sobressalentes devem ser
desempacotados para serem armazenados e os invólucros jogados fora.
2.6.4 - Limitação da quantidade de materiais inflamáveis ao mínimo necessário à
operação em vista
Essa limitação será mais fácil de ser planejada em tempo de paz, quando a duração de
cada comissão pode ser estimada com rigor.
2.6.5 - Manutenção do navio nas suas melhores condições de resistência ao fogo
Pode ser alcançada por meio da realização de frequentes inspeções, de modo a manter
os riscos de incêndio reduzidos ao mínimo, e da contínua conscientização da tripulação
quanto à necessidade de manter o navio seguro, o que é alcançado através do adestramento
individual, por equipes e para os quartos de serviço, e de notas em Plano de Dia.
2.7 - REDUÇÃO DE RISCOS DE INCÊNDIO NAS PRAÇAS DE MÁQUINAS
São apresentadas abaixo algumas ações a executar e metas a serem atingidas de modo a
se eliminar ou reduzir os riscos de incêndio nas Praças de Máquinas, através da eliminação ou
contenção de pequenos vazamentos, manuseio de combustíveis, realização de adestramentos
etc.:
- inspecionar frequentemente os sistemas de recebimento, armazenamento e
transferência de óleos combustíveis e lubrificantes quanto a vazamentos, incluindo seus
flanges, válvulas, elipses e demais itens;
- estabelecer normas de segurança para o manuseio de óleos combustíveis (diesel ou de
aviação) quando retirados do sistema em que trabalham;
- testar e inspecionar os sistemas que envolvem inflamáveis, após reparos;
- doutrinar, educar e treinar todo o pessoal para a redução dos riscos de incêndio,
realizando adestramentos de procedimentos do pessoal após detecção de vazamentos e no
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combate a um princípio de incêndio em praça de máquinas, ainda na fase de avaria


operacional, assim como promovendo frequentes exercícios de combate a incêndio em praça
de máquinas para todo o navio;
- incentivar todas as práticas de prevenção a incêndios, como:
1) Inspeção visual de todos os sistemas que trabalham com inflamáveis, nas rotinas de
pré-acendimento ou após longos períodos sem utilização;
2) Manutenção e fechamento de todas as tampas dos tubos de sondagem e redes de
amostragem, suas respectivas válvulas e bujões de drenagem dos tanques de óleos;
3) Parada e reparo imediato de qualquer vazamento de óleo;
4) Limpeza constante de qualquer pequeno vazamento de óleo que não puder ser sanado
imediatamente;
5) Manutenção da limpeza de dutos de ventilação e extração quanto a resíduos de óleo;
6) Manutenção rigorosa da limpeza dos porões quanto a qualquer vestígio de óleo,
trapos embebidos em óleo ou lixo;
7) Não utilização dos compartimentos de acesso a chaminés como depósitos;
8) Depósito de óleos contaminados em tanques existentes para este fim;
9) Manutenção rigorosa do material de CAv; e
10) Manutenção rigorosa dos acessórios estanques das praças de máquinas.
2.8 - PERIGOS ADICIONAIS COM O NAVIO EM PERÍODO DE REPARO
São apresentadas abaixo situações ou fainas que apresentam risco de incêndio ou
explosão a bordo, por ocasião do período de manutenção de um navio:
– grande quantidade de fainas de corte e solda simultâneas e falta de controle e
supervisão durante esse tipo de serviço;
– numerosos painéis energizados e cabos elétricos com muitas emendas;
– existência de grande quantidade de pessoal estranho a bordo;
– grande quantidade de acessórios de CAv retirados, afetando a estanqueidade do
navio, prejudicando o estabelecimento da condição de fechamento de material, em
decorrência a limitação de avarias, e permitindo o espalhamento da fumaça;
– guarnição reduzida a bordo e interrupção de comunicações interiores, com
consequente demora na disseminação de um alarme geral; e
– rede de incêndio, sistemas de esgoto, comandos à distância, sistemas fixos de
extinção de incêndio em reparo ou operando com restrições.

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2.9 - PERIGOS ADICIONAIS QUANDO EM COMBATE


São apresentadas abaixo situações ou fainas que aumentam o risco de incêndio ou
explosão a bordo e a intensidade dos danos sofridos, por ocasião do navio em combate:
– ondas de calor e deslocamento de ar devido às explosões externas e internas;
– estilhaços aquecidos;
– alagamentos progressivos, com grande quantidade de óleo combustível entrando em
contato com as superfícies aquecidas;
– centelhas de equipamentos elétricos avariados;
– rompimento de trechos de redes de sistemas vitais;
– baixas de pessoal, prejudicando o guarnecimento dos Reparos de CAv; e
– interrupção momentânea ou permanente de energia elétrica e/ou comunicações, em
parte ou em todo o navio.

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CAPÍTULO 3
AGENTES EXTINTORES
3.1 - DEFINIÇÃO
Agente extintor é qualquer material empregado para resfriar, abafar as chamas ou
quebrar a reação em cadeia, oriundas de uma combustão, proporcionando sua extinção.
Os agentes extintores de uso mais difundido a bordo são a água, a espuma, o vapor, o
CO2, os compostos halogenados, o pó químico e a solução aquosa de carbonato de potássio
(APC), porém existem outros, como o pó químico ABC.
3.2 - ÁGUA
Aplicação:
Agente extintor de uso mais comum, é aplicada nas formas de jato sólido e neblina de
alta velocidade. Atua principalmente por resfriamento, devido à sua propriedade de absorver
grande quantidade de calor, podendo atuar também, quando em forma de vapor, por
abafamento. O jato sólido (Fig. 3.1) consiste em um jorro de água, lançado em alta pressão
por meio de um esguicho com orifício circular de descarga. Sob esta forma, a água atinge o
material incendiado com violência e penetra em seu interior. É o meio por excelência para a
extinção de incêndios classe “A”, onde o material tem de ser bem encharcado de água para
garantir a extinção total do fogo e impedir seu ressurgimento.

Fig. 3.1 – Jato sólido

Em alguns casos, como incêndios em colchões e travesseiros, é conveniente que o


material seja mergulhado na água, garantindo-se assim que não permaneçam brasas no seu
interior.
A água, aplicada sob a forma de gotículas, tem aumentada, em muito, sua superfície de
contato com o material incendiado, propiciando um rápido decréscimo da temperatura no
ambiente em que ocorre o fogo (extinção por resfriamento). A neblina de alta (Fig. 3.2) pode

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ser utilizada para auxiliar a extinção de incêndios classe “A”, reduzindo as chamas
superficiais e permitindo que as equipes se aproximem mais do foco do incêndio, o que
facilitará sua extinção definitiva com jato sólido. Na ausência de espuma, também é altamente
eficiente na extinção de incêndios classe “B”, onde a aplicação de jato sólido provocaria um
turbilhonamento no seio do líquido inflamado, aumentando o vulto do incêndio.

Fig. 3.2 - Neblina de alta velocidade


A água, sob qualquer das três formas em que é empregada, extingue incêndios por
resfriamento, isto é, diminuindo a temperatura das substâncias abaixo de sua temperatura de
ignição. No entanto, quando se joga água sobre uma substância em combustão, parte desta
água se transforma em vapor, que tem uma ação de abafamento. Dizemos, então, que a água
extingue incêndios principalmente por resfriamento e, secundariamente, por
abafamento.
Cuidados:
Todos os agentes extintores apresentam efeitos secundários sobre o material ou sobre o
pessoal, requerendo cuidados adicionais para sua seleção e emprego, a fim de evitar-se que
ocorram acidentes ou que o material venha a sofrer danos maiores do que aqueles que tenham
sido causados pela ação do fogo.
– A água, especialmente a água salgada, é boa condutora de eletricidade e não deve,
portanto, ser utilizada na extinção de incêndios em equipamentos energizados (classe “C”).
No entanto, na total ausência de agentes extintores adequados, poderá ser aplicada na
forma de neblina de alta velocidade, devendo ser mantida pelo utilizador uma distância de,
pelo menos, dois metros dos equipamentos energizados, a fim de diminuir o risco de choque
elétrico.
– Requer providências efetivas quanto ao esgoto. Fainas prolongadas podem causar a
redução da reserva de flutuabilidade, por excesso de peso da água embarcada, bem como dar
origem à formação de superfície livre, banda permanente ou redução de estabilidade por

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OSTENSIVO CAAML-1202

acréscimo de peso alto.


– Quando utilizada em jato sólido, pode avariar equipamentos frágeis, como
equipamentos eletrônicos.
– Reduz a resistência de isolamento de equipamentos e circuitos, principalmente
em se tratando de água salgada.
– Pode originar acidentes se, sob a forma de jato sólido, for dirigida sobre o
pessoal à curta distância, principalmente se atingir o rosto.
3.3 - ESPUMA
Aplicação – É um agente extintor aplicado preferencialmente em incêndios classe “B”,
podendo ser também utilizada em incêndios classe “A”.
Usa-se a espuma mecânica, que é a espuma produzida pelo batimento da água, LGE
(líquido gerador de espuma) e ar, através do princípio de Venturi. A espuma mecânica atua
flutuando sobre a superfície do líquido inflamado e isolando-o da atmosfera (Fig. 3.3).

Fig. 3.3 - Eficiência da aplicação de espuma

Espuma Mecânica – Empregada para produção de grandes volumes de espuma por


meio de equipamentos que misturam proporcionalmente o líquido gerador com ar e água.
A água representa aproximadamente 85% (em peso) da composição da espuma, tendo
um efeito secundário na extinção do incêndio. Concluímos então que a espuma extingue o
incêndio principalmente por abafamento e, secundariamente, por resfriamento.
Cuidados:
– Sendo condutora de eletricidade, pode causar acidentes se utilizada contra
equipamentos elétricos energizados.
– Reduz a resistência de isolamento de equipamentos e circuitos elétricos e eletrônicos.
– Alguns tipos possuem propriedades corrosivas sobre diversos materiais.
– Produz irritação na pele e, principalmente, nos olhos.

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3.4 - VAPOR
Aplicação:
O vapor de água pode ser utilizado como agente extintor, por abafamento.
Evidentemente, por sua temperatura normalmente elevada, não tem nenhuma ação de
resfriamento.
Usa-se o vapor para extinguir incêndios classe “B”, principalmente em porões de praças
de caldeiras, tanques de carga e praças de máquinas de navios a vapor, quando esses incêndios
se mostram insensíveis a outros métodos. O uso de vapor obriga ao isolamento do
compartimento, que fica inoperante.
Cuidados:
– Requer a retirada de todo o pessoal do compartimento.
– Submete todos os equipamentos contidos no compartimento a uma temperatura
elevada.
3.5 - GÁS CARBÔNICO
Aplicação:
O gás carbônico é um gás inerte que não alimenta a combustão, agindo na redução do
comburente (oxigênio) a níveis abaixo de 16%, sendo empregado como agente extintor por
abafamento, criando, ao redor do corpo em chamas, uma atmosfera pobre em oxigênio.
É especialmente indicado para incêndios classe “C”, por ser um mau condutor de
eletricidade. O CO2 é amplamente utilizado extintores portáteis, sendo empregado em
incêndios das classes “B” e “C”.
O CO2 é um agente limpo, que pode ser configurado com sistemas de alta ou baixa
pressão. O sistema de baixa pressão é recomendado para aplicações onde são necessárias
grandes quantidades de CO2. O sistema de alta pressão é recomendado para perigos menores
ou espaços limitados.
Cuidados:
– Pode causar acidentes por asfixia quando utilizado em ambientes fechados e sem
ventilação.
– Pode causar queimaduras na pele e principalmente nos olhos, se dirigido à curta
distância sobre o pessoal.
– A descarga das ampolas de CO2 pode dar origem à formação de cargas de eletricidade
estática. Não é indicada, portanto, a utilização das ampolas de CO2 para saturação de
ambientes onde existam misturas inflamáveis, mas apenas para combate a incêndios já em

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OSTENSIVO CAAML-1202

evolução.
3.6 - COMPOSTOS HALOGENADOS
Aplicação:
Os compostos halogenados são utilizados atualmente apenas em sistemas fixos. O mais
conhecido e utilizado na Marinha do Brasil é o halon. O Protocolo de Montreal (16/09/87)
identificou o halon como uma das numerosas combinações que requerem limitações de uso e
produção, devido a sua implicação na destruição da camada de ozônio. Uma emenda no
Protocolo original (01/01/94), resultou na proibição de sua produção, sendo adquirido
atualmente em bancos de coleta e usado em meios militares dos países signatários do
Protocolo.
Quando liberado, o halon forma uma nuvem de gás, com aspecto incolor, inodoro e
densidade cinco vezes maior que a do ar.
Ele extingue o fogo através da quebra da reação em cadeia, atuando a nível molecular.
Na Marinha do Brasil são utilizados dois tipos: o halon 1211 e o 1301.
O halon 1211 (BCF) é o agente ideal para a extinção de incêndios em módulos de
motores e turbinas. O BCF é mais tóxico que o halon 1301, não podendo ser usado em um
compartimento ainda guarnecido.
Os agentes halogenados apresentam baixa toxidez quando armazenados em condições
normais, ditadas pelos fabricantes.
Cuidados:
– O halon 1301, numa concentração entre 5 e 7%, não causa efeito danoso caso a
exposição seja de até cinco minutos. Em uma concentração entre 7 e 10 %, em caso de
exposição por um período de um minuto, alguns sintomas se fazem notar, como perda da
coordenação motora e redução da acuidade mental, sem, contudo, ocorrer a incapacitação do
indivíduo. Para concentração acima de 10%, durante um minuto de exposição a pessoa ficará
totalmente incapacitada. Se o período for maior que um minuto, ocorrerá o desmaio e
possivelmente a morte.
– Para o halon 1211, em uma concentração de até 4%, é aceitável a permanência no
ambiente por cinco minutos, no máximo. Em concentração de 4 a 5%, o máximo aceitável é
um minuto de permanência. Acima de 5%, é recomendável evitar qualquer contato ou
exposição ao agente. Se alguma pessoa sofrer os efeitos de ter respirado o halon, deve ser
removida para um local de ar fresco até que seja prestado o devido socorro médico.
– Quando um incêndio for extinto por um agente qualquer derivado de hidrocarbonetos

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OSTENSIVO CAAML-1202

halogenados, alguns cuidados deverão ser tomados, pois, além dos subprodutos comuns
oriundos da combustão, o halon se decompõe a 500º C (900º F), formando diversos elementos
tóxicos que podem causar a morte quase instantânea. Portanto, sabendo-se que o halon foi
utilizado para extinguir incêndio em um compartimento, para se efetuar a reentrada será
obrigatoriamente necessário o uso de um equipamento autônomo de respiração, observando-
se um tempo mínimo de quinze minutos após ter sido comprovada a extinção do incêndio pela
redução da temperatura no compartimento.
3.7 - COMPOSTOS HALOCARBONADOS
Aplicação:
O gás halocarbonado é um agente extintor que tem como componentes primários um ou
mais componentes orgânicos que contenham um ou mais dos seguintes elementos: fluorino,
bromino clorino ou iodino. São considerados gases limpos, pois não deixam resíduo após a
evaporação quando na supressão do incêndio e são não condutores elétricos.
São aplicáveis, dentro de suas limitações, em riscos específicos de equipamentos e
ocupações onde um meio de combate não condutor elétrico é essencial ou desejável e onde a
limpeza pós combate por outro meio apresente problemas.
Cuidados:
Esses gases não devem ser usados em fogos envolvendo os seguintes materiais, amenos
que tenham sido testados e considerado aprovados pela autoridade com jurisdição:
-Certos químicos ou misturas químicas, com nitrato de celulose e pólvora, que são
susceptíveis a oxidação rápida na ausência de ar.
- Metais reativos, como lítio, sódio, potássio, magnésio, titânio, zircônio, urânio e
plutônio.
- Metais hídricos.
- Químicos capazes de entrar em auto-decomposição térmica, como certos peróxidos
orgânicos e hidrazina.
Os principais agentes halocarbonados listados são:
a) Heptafluoropropano (designação - HFC227ea (FM-200) e fórmula - CF3CHFCF3)
É considerado o substituto mais eficiente do Halon 1301, não altera significativamente o
nível de O2, resfria a nível molecular (físico-químico) e possibilita um reduzido espaço de
armazenamento (até 7 x - CO2 ou gases inertes) por ser armazenado liquefeito. Acima de
1300°F forma subprodutos tóxicos na supressão e apresenta custo elevado.

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OSTENSIVO CAAML-1202

b)Trifluorometano (designação - HFC-23 (FE-13) e fórmula - CHF3),


Pentafluoretano - (designação - HFC-125 (FE-25 ou E EECCAARROO- --2 225 55T
TTMM) e fórmula - CHF2CF3), Hexafluoropropano (designação - HFC-236fa (FE-36) e
fórmula - CF3CH2CF3)
São utilizados em sistemas de inundação total, cobrindo grandes áreas de baixa
temperatura e teto alto, combatem o incêndio resfriando a nível molecular, ou seja, as
moléculas do agente entram em contato com a frente de chamas e absorvem o calor
quebrando a estrutura molecular do fogo.
Possuem um custo elevado, sendo de utilização quando o bem a ser protegido é de valor
considerado ou a continuidade da operação é crítica. Apresentam subproduto tóxico na
supressão e são aplicados preferencial em áreas normalmente não ocupadas.
c) NAF-SIII
Possui como agente o HCFC Blend A(NAF-SIII), sua designação química é o
diclorofluoretano, tem como fórmula CHC12CF3 - 4,75 + CHClF2 - 82% + CHClFCF3 -
9,5% e é usado para sistemas de inundação total em áreas normalmente ocupadas.
d) NAF-S125 (HFC-125) - Pentafluoroetano com D-limoneno
Reduz a quantidade de combinação ácida do subproduto da supressão, é comercializado
em baixa e alta pressão (com nitrogênio a 360 e 600 psi) e foi recentemente listado.
e) NovecTM 1230 - Fluorinado de ketono nanofluoro pentano
Possui reatividade química e fotolítica sendo rapidamente dissipado na troposfera por
fotólise (interação com a radiação ultravioleta), é comercializado pela 3M e foi recentemente
listado.
3.8 - PÓ QUÍMICO
3.8.1 - Pó químico seco
Aplicação:
Os pós químicos secos são substâncias constituídas de bicarbonato de sódio,
bicarbonato de potássio ou cloreto de potássio, que, pulverizadas, formam uma nuvem de pó
sobre o fogo, extinguindo-o. O pó químico extingue o fogo através do método de extinção
química, pois faz a quebra da reação em cadeia, atuando a nível molecular e também por
abafamento. É empregado para combate a incêndios em líquidos inflamáveis, (classe “B”)
podendo ser utilizado também em incêndios de equipamentos elétricos energizados (classe
“C”). O pó deve receber um tratamento anti-higroscópico para não umedecer, evitando assim a solidificação
no interior do extintor.

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OSTENSIVO CAAML-1202

Cuidados:
– Os produtos empregados na sua composição são não-tóxicos. Entretanto, a descarga
de grandes quantidades pode causar uma dificuldade temporária de respiração, durante e
imediatamente após a descarga, podendo também interferir seriamente com a visibilidade.
– Exigem recomendações para limpeza.
– Podem dar origem a maus contatos e baixas de isolamento em equipamentos elétricos
e eletrônicos.
Os principais PQS são:
a) Purple-K (PKP) – É um agente extintor à base de bicarbonato de potássio, muito
eficiente na extinção de incêndios em líquidos inflamáveis em forma pulverizada e em gases
inflamáveis, atacando a reação em cadeia necessária para sustentar a combustão. A substância
química seca é codificada com a cor violeta, com o propósito de identificação. É capaz de
extinguir incêndios da classe “B” e é obrigatório para a classe “C”.
O bicarbonato de potássio é ligeiramente alcalino e pode ser corrosivo a superfícies que
são afetadas através de resíduo alcalino. Em incêndios classe “C”, deixará resíduos de difícil
remoção. O PKP pode ser empregado para o combate a incêndio em copas, cozinhas, dutos,
fritadeiras e chapas quentes.
b) Plus Fifty®(PQS) - A base da substância química seca é o bicarbonato de sódio,
contendo aditivos químicos secos, que o mantém com uma vazão livre e não higroscópico. A
substância química seca é codificada com a cor azul clara, com o propósito de identificação. É
capaz de extinguir incêndios da classe “B” e é obrigatório para a classe “C”.
O bicarbonato de sódio é ligeiramente alcalino e pode ser corrosivo em superfícies que
são afetadas por resíduo alcalino.
c) Pó Químico ABC (FORAY) - Fosfato de monoamônia + sulfato de amônia. A
substância química seca é codificada com a cor amarela, com o propósito de identificação.
Pode ser usado em alguns tipos de incêndios da classe “A” e “B” e é obrigatório para a classe
“C”.
O fosfato de monoamônia é ligeiramente ácido na presença de umidade, o que resulta
em propriedades corrosivas moderadas. O fosfato de monoamônia derrete quando aquecido a
uma temperatura de 149ºC (300°F), formando uma camada que adere a uma superfície. A
camada permanecerá aderente até mesmo depois que a superfície se resfrie. Esta camada,
quando exposta a umidade, também é ácida.

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OSTENSIVO CAAML-1202

d) Pó Químico Seco Especial – (MET-L-X) – É empregado exclusivamente no


combate a incêndios em metais combustíveis (classe “D”).
3.8.2 - Solução aquosa de pó químico (APC)
É a solução aquosa de carbonato de potássio (Aqueous Potassium Carbonate ou APC).
Esta solução é usada a bordo de alguns navios para extinguir incêndios em óleos comestíveis
e gorduras em geral, nas fritadeiras, ventilações da cozinha e dutos de extração. É o agente
extintor para os incêndios da classe “K”.
A técnica frequentemente usada no combate a fogo de gorduras líquidas, envolvendo
óleos e banhas não-saturadas de origem animal ou vegetal, é a aplicação de solução alcalina
como o APC, que em contato com a superfície em chamas, gera uma espuma parecida com a
do sabão, impedindo o contato do ar com a superfície em chamas. A espuma leve de sabão
contém vapor e causa bolhas de CO2 e glicerina que flutuam na superfície do óleo em chamas.
3.9 - QUADRO RESUMO DE AGENTES EXTINTORES
O Quadro 3.1 a seguir apresenta um resumo dos agentes extintores mais vistos nos
navios da Marinha do Brasil. É importante saber que este assunto não se encerra nos agentes
apresentados, pois a cada dia, novas pesquisas são realizadas, novos testes são feitos, novos
agentes extintores são inventados e os antigos são aperfeiçoados e melhorados.
O Quadro ilustra ainda informações mínimas necessárias dos agentes extintores mais
encontrados nas Organizações Militares da Marinha do Brasil.

Incêndio
Método de
Agente extintor Classe
Classe “B” Classe “C” Classe “D” Classe “K” extinção
“A”
Água – jato Resfriamento
Eficiente Não Não Não Não
sólido (Abafamento)
Água – neblina Resfriamento
Eficiente Eficiente Eficiente1 Não Não
de alta (Abafamento)
Pouco Pouco Abafamento
Espuma Eficiente Não Não
Eficiente Eficiente (Resfriamento)
2
Vapor Não Eficiente Não Não Não Abafamento
Gás Carbônico Pouco Abafamento
Eficiente Eficiente Não Não
(CO2) Eficiente (Resfriamento)
Composto Pouco Extinção Química
Eficiente Eficiente Não Não
Halogenado Eficiente (Abafamento)

OSTENSIVO - 3-9 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Incêndio
Método de
Agente extintor Classe
Classe “B” Classe “C” Classe “D” Classe “K” extinção
“A”
Compostos Pouco Extinção Química
Eficiente Eficiente Não Não
Halocarbonados Eficiente (resfriamento)
Pouco Extinção Química
PQS – PKP Eficiente Eficiente3, 4 Não Não
Eficiente (abafamento)
PQS – PLUS Extinção Química
Não Eficiente Eficiente 4 Não Não
FIFTY (abafamento)
Extinção Química
PQS – ABC Eficiente5 Eficiente Eficiente5 Não Não
(abafamento)
Extinção Química
PQS – MET-L-X Não Não Não Eficiente Não
(abafamento)
Solução Aquosa Extinção Química
Não Não Não Não Eficiente
de Pó Químico (abafamento)

Quadro 3.1 - Agentes extintores por classe de incêndio


LEGENDAS:
1
Mantendo-se uma distância de pelo menos 2 m.
2
Seu uso obriga isolamento do compartimento.
3
Deixará resíduos de difícil remoção.
4
Pode ser corrosivo em superfícies que são afetadas por resíduo alcalino.
5
Propriedades corrosivas moderadas e, quando exposto a umidade, também é ácido.

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OSTENSIVO CAAML-1202
CAPÍTULO 4
EXTINTORES PORTÁTEIS
4.1 - GENERALIDADES
Extintores são recipientes metálicos que contêm em seu interior agente extintor para o
combate imediato e rápido a princípios de incêndio. Podem ser portáteis ou sobre rodas,
conforme o tamanho e a operação. Os extintores portáteis também são conhecidos
simplesmente por extintores e os extintores sobre rodas, por carretas. O grau de proteção que
oferecem não equivale ao das instalações fixas e automáticas, mas, se empregados
adequadamente, são eficientes em extinguir o fogo em seus momentos iniciais.
O emprego de extintores portáteis para combater princípios de incêndios nunca deve
retardar o guarnecimento de recursos de maior vulto, uma vez que, caso o combate com
equipamento portátil fracasse, já estarão em andamento providências para fazer recursos de
maior porte chegarem ao local, permitindo o combate ao incêndio antes que ele atinja grandes
proporções.
São muitos os tipos de extintores portáteis. As variações que apresentam entre si
prendem-se, principalmente, às diferenças entre os agentes extintores e ao propelente
utilizado. Os agentes extintores, logicamente, são determinados em função da classe de
incêndio a que se destina o equipamento. O propelente diz mais respeito ao aspecto prático de
sua utilização.
Os extintores de fabricação nacional e os importados, comercializados no Brasil, são
obrigatoriamente certificados, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação – SBC,
conforme os requisitos estabelecidos na regra Específica de Certificação de Extintores de
Incêndio, aprovada pelo INMETRO1.
O êxito no emprego dos extintores dependerá de:
– distribuição apropriada dos aparelhos;
– inspeção periódica da área a proteger;
– manutenção adequada e eficiente; e
– pessoal habilitado para o manuseio correto.
Os extintores devem conter uma carga mínima de agente extintor em seu interior,
chamada de unidade extintora e que é especificada na norma NBR 12693 e é obtida por
meio de ensaio prático para definir o mínimo do poder de extinção de um extintor em função
do risco e da natureza do fogo.

1
Portaria n. 111, de 28/SET/1999 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
OSTENSIVO - 4-1 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
4.2 - EXTINTORES DE ÁGUA PRESSURIZADA
O propelente (ar comprimido) e o agente extintor são armazenados no cilindro e a
descarga é controlada por meio da válvula de fechamento (Fig. 4.1).

CARACTERÍSTICAS
Capacidade 10 litros
Aplicação Incêndios Classe “A”
Alcance mínimo do jato 4 metros*
Tempo mínimo de descarga 50 segundos*

*De acordo com a Portaria nº5/2011 do INMETRO


Fig. 4.1 – Extintor de água
pressurizada
Funcionamento – A pressão interna expele a água quando o gatilho é acionado.
Operação – Remover o extintor do suporte, suspendendo-o pela alça inferior. Retirar a
seguir o pino de segurança e pressionar o gatilho para realizar um teste, levar o extintor
para o local do incêndio e pressionar o gatilho dirigindo o jato para a base das chamas.
Após extinto o fogo, dirigir o jato sobre o material ainda incandescente até encharcá-lo
(Figs. 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
Manutenção – Os extintores à base de água devem sofrer recarga em um intervalo
máximo de cinco anos2. A água utilizada na recarga deve ser potável

Fig 4.2 Fig 4.3

2
NBR12962
OSTENSIVO - 4-2 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 4.4 Fig. 4.5


Manuseio e operação de extintor de água pressurizada

4.3 - EXTINTORES DE ESPUMA MECÂNICA PRESSURIZADA


Funcionamento – A mistura de água e líquido gerador de espuma (LGE) já está sob
pressão, sendo expelida quando acionado o gatilho. Ao passar pelo esguicho lançador,
ocorrem o arrastamento do ar atmosférico e o batimento, formando a espuma (Fig. 4.6).
Operação – Remover o extintor do suporte, suspendendo-o pela alça inferior. Retirar a
seguir o pino de segurança e pressionar o gatilho para realizar um teste, levar o extintor para o
local do incêndio e pressionar o gatilho, lançando a espuma contra uma antepara (Figs. 4.7 e
4.8).

CARACTERÍSTICAS
10 litros (mistura de
Capacidade água e Líquido
Gerador de Espuma)
Incêndios Classes “A”
Aplicação
e “B”
Alcance mínimo do jato Não aplicável *
Tempo mínimo de 50 segundos *
descarga
Fig. 4.6 – Extintor de espuma
*De acordo com a Portaria nº5/2011 do INMETRO
mecânica pressurizada

OSTENSIVO - 4-3 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
Manutenção – Nas Fragatas classe “Greenhalgh” podem ser recarregados a bordo e a
frequência de substituição do agente extintor deve ser as recomendações do fabricante.

Fig. 4.7 Fig. 4.8


Manuseio e operação do extintor de espuma mecânica pressurizada

4.4 - EXTINTORES DE DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)


O extintor consiste de um cilindro de aço sem costura, no qual é comprimido o CO2 a
uma pressão de 850 lb/pol.2. (Fig. 4.9).Um extintor de CO2normalmente está localizado
dentro de 10 metros de um equipamento energizado com alto potencial de incêndio.
Funcionamento – O gás é armazenado sob pressão e liberado quando acionado o
gatilho.
Cuidados – Segurar pelo punho do difusor, quando da operação. Os extintores de
dióxido de carbono, com difusor de metal, não devem ser empregados em incêndios da classe
“C”, por apresentarem o risco de choque elétrico. Quando empregados em ambientes
confinados, o operador deverá fazê-lo com cuidado, a fim de não sofrer os efeitos decorrentes
da baixa percentagem de oxigênio que restará para a respiração. Não podem ser usados em
incêndios da classe “D”. São eficientes contra pequenos incêndios da classe “A”, controlando-
os até a chegada do agente indicado para esse tipo de incêndio.

OSTENSIVO - 4-4 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

CARACTERÍSTICAS
Capacidade 1 a 2 kg 4 a 6 kg
Aplicação Incêndios classes “B” e “C”.
Alcance mínimo
Não aplicável*
do jato
Tempo mínimo de 1 a 2 kg – 8 segundos*
descarga 4 a 6 kg – 13 segundos*
Fig. 4.9 – Extintor de CO2

*De acordo com a Portaria nº5/2011 do INMETRO

Operação – Remover o extintor do suporte, suspendendo-o pela alça inferior, retirar a


seguir o pino de segurança e pressionar o gatilho para realizar um teste, levar o extintor para o
local do incêndio, pressionar o gatilho de forma intermitente e efetuar lançamento com o
difusor em movimentos laterais (Figs. 4.10, 4.11, 4.12, 4.13 e 4.14). Em quase todos os tipos
de incêndio, a descarga deve ser dirigida para a base das chamas e, após sua extinção, deve
ser mantido o jato para permitir um maior resfriamento e prevenir o possível reavivamento do
fogo.
Manutenção:
a) Pesagem -os extintores portáteis de CO2 devem ser pesados mensalmente e logo
após a recarga, devendo o registro ser feito em etiqueta própria afixada próxima ao extintor.
b) Recarga- O agente deve ser recarregado a cada 12 meses ou ao final da garantia
dada pelo fabricante do extintor, em concordância com os itens 4.2.3.5 da Portaria Nº 5/2011
do INMETRO, ou ainda, quando houver perda superior a 10% da carga nominal declarada.
A obrigatoriedade da recarga anual é decorrente da necessidade da realização da revisão de 2º
escalão por empresa habilitada, descrita no item 4.2.3.1 da Portaria Nº 5/2011 do INMETRO,
que dentre outras rotinas, contemplam:
- A desmontagem total do extintor e pintura quando necessário;
- Verificação da necessidade de executar teste hidrostático;
- Limpeza e desobstrução (limpeza interna) de todos os componentes sujeitos a
entupimento;
- Regulagem da válvula de alívio;
- Regulagem estática do regulador de pressão;

OSTENSIVO - 4-5 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
- Avaliação de todos os componentes, mediante a realização de ensaios pneumáticos
de componentes e eventuais substituições;
- Verificação do indicador de pressão quanto a vazamentos;
- Execução de recarga e pressurização do extintor de incêndio;
- Colocação de trava, lacre e fixação de selo de identificação de conformidade;e
- Fixação de etiqueta auto-adesiva com a garantia do serviço;
c) Teste Hidrostático – os extintores portáteis de dióxido de carbono devem passar por
teste hidrostático a cada cinco anos; ou quando for inelegível ou não existir a data da
fabricação ou último teste realizado; ou ainda, quando houver corrosão no recipiente ou em
partes que possam ser submetidas à pressão.

Fig. 4.10 Fig 4.11 Fig. 4.12

Fig. 4.13 Fig. 4.14


Manuseio e operação de extintor de CO2
4.5 - EXTINTORES DE INCÊNDIO A PÓ QUÍMICO PRESSURIZADO
Os extintores a bicarbonato de sódio foram originalmente conhecidos como “pó
químico”, sendo esta denominação mantida para todos os extintores com agente extintor em
pó, exceto aqueles para incêndios classe “D”.
Como propelente, emprega o CO2, nitrogênio ou ar comprimido, isentos de umidade, a
fim de não granular o pó (Fig. 4.15).
OSTENSIVO - 4-6 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 4.15 – Extintor de pó químico pressurizado

CARACTERÍSTICAS
Capacidade De 1 a 4 kg, de 4 a 12 kg
Aplicação Incêndios classes “B” e “C”. Classe “D”, utilizando pó químico seco
especial
Alcance mínimo
Não aplicável*
do jato
Tempo mínimo 1 a 4 kg 4 a 12 kg
de descarga 08 segundos

*De acordo com a portaria nº5/2011 do INMETRO

Funcionamento – O pó sob pressão é expelido quando o gatilho é acionado.


Cuidados – Os extintores a pó químico não são efetivos em incêndio classe “D” e
podem, inclusive, causar reações químicas violentas. Somente o pó químico seco especial
(exemplo: MET-L-X) deve ser usado em incêndios classe “D”.
Operação – Remover o extintor do suporte, suspendendo-o pela alça inferior. Retirar a
seguir o pino de segurança e pressionar o gatilho para realizar um teste, levar o extintor para o
local do incêndio e pressionar o gatilho. O jato deve ser dirigido sobre as chamas,
movimentando-se o esguicho rapidamente de um lado para outro. Alguns extintorestêm alta
velocidade na saída do esguicho e, quando usados em líquidos inflamáveis emcamada
espessa, devem ser aplicados a uma distância de 2 a 2,5 m.
Manutenção – O agente extintor deve ser substituído no período máximo definido pelo
fabricante.

OSTENSIVO - 4-7 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
4.6 - EXTINTORES DE INCÊNDIO A HALON
Os extintores de incêndio a halon (Fig. 4.16) utilizam basicamente o halon 1211 e halon
1301.
CARACTERÍSTICAS
Capacidade 1, 2, 4 e 6 kg
Aplicação Incêndios classes “B” e “C”.
Alcance mínimo do
Não aplicável
jato
Tempo mínimo de Até 8 segundos*
descarga
Fig. 4.16 – Extintor de
halon *De acordo com a Portaria nº5/2011 do INMETRO*

Funcionamento – O gás sob pressão é liberado quando acionado o gatilho. O halon é


pressurizado pela ação de outro gás (expelente), geralmente nitrogênio.
São particularmente empregados em incêndios de equipamentos eletrônicos, por não
deixarem resíduos. O halon não está sendo mais fabricado, devido ao Protocolo de Montreal,
porém ainda é utilizado em algumas Organizações Militares.
Operação – Remover o extintor do suporte, suspendendo-o pela alça inferior. Retirar a
seguir o pino de segurança e pressionar o gatilho para realizar um teste, levar o extintor para o
local do incêndio e pressionar o gatilho. O jato deve ser dirigido para a base das chamas. Em
incêndios de líquidos inflamáveis, em recipientes, o jato deve ser orientado contra a parede
oposta, sobre as chamas. Logo que possível, o operador deve direcionar o jato em torno do
fogo, a fim de cobrir a maior área possível durante o período de descarga do extintor (Figs.
4.17, 4.18, 4.19, 4.20).
Manutenção– Estes agentes extintores devem ser substituídos a cada cinco anos ou
quando a pressão lida no indicador de pressão, indicar valores fora da faixa de operação.

OSTENSIVO - 4-8 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 4.17 Fig. 4.18

Fig. 4.19 Fig. 4.20


Operação e manuseio de extintor de halon

4.7 - EXTINTORES A PÓ QUÍMICO SECO PARA METAIS COMBUSTÍVEIS


Esses extintores são normalmente conhecidos como extintores a “pó seco” e utilizados
em incêndios da classe “D”.
O pó mais comumente empregado é o MET-L-X (cloreto de sódio com fosfato
Tricálcio), aditivo termoplástico e metal estearato. O pó não é tóxico, não é combustível, não
é abrasivo e não conduz eletricidade.
Geralmente o propelente é o dióxido de carbono. O pó forma uma camada sólida,
impedindo o contato do oxigênio com as chamas, extinguindo-as.
É importante que a camada sólida não seja partida, o que permitiria entrada de oxigênio
e consequente intensificação das chamas.
O pó tem a característica de aderir em superfícies quentes, envolvendo perfis irregulares
e fundidos. Os extintores que contêm o MET-L-X são indicados para incêndios que envolvem
sódio, potássio, ligas de sódio potássio e magnésio.
Operação – Remover o extintor do suporte. Perfurar o selo da ampola e pressionar o
gatilho para realizar um teste, levar o extintor para o local do incêndio e pressionar o gatilho,
OSTENSIVO - 4-9 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
apontando o esguicho para a base das chamas. Cobrir o metal incendiado com uma camada de
pó, sem deixar falhas. À medida que as chamas diminuírem de intensidade, reduzir a pressão
no esguicho e manter o jato sobre a área incendiada. (Fig. 4.21).

Fig. 4.21 – Operação e manuseio de extintor de pó químico especial

Partículas de metais combustíveis misturadas com lubrificantes de máquinas queimam


rápida e violentamente. Devido à grande quantidade de calor desprendida neste caso, nem
sempre é possível a aproximação ao local do incêndio para aplicar corretamente o agente
extintor.
4.8 - EXTINTORES CLASSE “K”
Os extintores de agente úmido Classe K, contém uma solução especial de Acetato de
Potássio, diluída em água que, quando acionado, é descarregada com um jato tipo neblina
(pulverização) como em um sistema fixo. O fogo é extinto por resfriamento e pelo efeito
asfixiante da espuma (saponificação).
Operação – Este equipamento é dotado de um aplicador, que permite ao operador se
posicionar de forma segura da superfície em chamas, não espalhando óleo quente ou gordura.
Em relação a extinção e a segurança do pessoal é o melhor extintor portátil para cozinhas
comerciais/industriais (Fig. 4.22).
Equipamentos típicos a serem protegidos: fritadeiras, frigideiras, grelhas, assadeiras
etc.

OSTENSIVO - 4-10 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

CARACTERÍSTICAS
Capacidade 06 Litros
Aplicação Incêndios classes “K”
Tempo de
90 segundos
descarga

Fonte: www.protege.ind.br

Fig. 4.22 – Extintor classe “K”

4.9 - EXTINTORES SOBRE RODAS (CARRETAS)


São aparelhos com maior quantidade de agente extintor, montados sobre rodas para
serem conduzidos com facilidade. As carretas recebem o nome do agente extintor que
transportam, como os extintores portáteis.
Devido ao seu tamanho e a sua capacidade de carga, a operação destes aparelhos obriga
o emprego de, pelo menos, dois operadores.
As carretas podem ser de água, espuma mecânica, pó químico seco e gás carbônico.
4.9.1 - Carreta de Água
CARACTERÍSTICAS
Capacidade 75 a 150 litros

Aplicação Incêndio classe “A”


Alcance médio do jato 13 metros
Tempo de descarga para 75
180 segundos
litros
Fig. 4.23-Carreta de
água

Funcionamento – Acoplado ao corpo da carreta há um cilindro de gás comprimido


(caso seja pressão injetada) que, quando aberto, pressuriza-a, expelindo a água após acionado
o gatilho.
Operação – Conduzir a carreta equilibrando o peso sob o eixo das rodas, retirar a
mangueira do suporte, romper o lacre e pressurizar a carreta abrindo o registro do cilindro de
gás (caso seja pressão injetada) e dirigir o jato para a base do fogo. No tipo pressurizado, a
pressão interna expele a água quando o gatilho é acionado (Figs. 4.24, 4.25, 4.26, 4.27).

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OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 4.24 Fig. 4.25

Fig. 4.26 Fig. 4.27


Operação e manuseio da carreta de água tipo pressurizada
4.9.2 - Carreta de Espuma Mecânica

CARACTERÍSTICAS

Capacidade 75 a 150 litros (mistura de água e


LGE)
Aplicação Incêndios classes “A” e “B”
Alcance médio do jato 7,5 metros
Tempo de descarga
180 segundos
para 75 litros
Fig. 4.28 – Carreta de espuma
mecânica
Funcionamento – Há um cilindro de gás comprimido acoplado ao corpo do extintor
que, sendo aberto, pressuriza-o, expelindo a mistura de água e LGE, quando acionado o
gatilho. No esguicho lançador é adicionado ar à pré-mistura, ocorrendo batimento, formando
espuma.
Operação – Conduzir a carreta equilibrando o peso sob o eixo das rodas, retirar a

OSTENSIVO - 4-12 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
mangueira do suporte, romper o lacre e pressurizar a carreta abrindo o registro do cilindro de
gás (caso seja pressão injetada) e lançar a espuma contra uma antepara (Figs. 4.29, 4.30, 4.31,
4.32 - Carreta Pressurizada).

Fig. 4.29 Fig. 4.30

Fig. 4.31 Fig. 4.32


Operação e manuseio da carreta de espuma mecânica
4.9.3 - Carreta de Pó Químico Seco
CARACTERÍSTICAS
Capacidade 20 kg a 100 kg
Aplicação Incêndios classes “B” e “C”.
Classe “D”, utilizando PQS
especial
Tempo de descarga, 120 segundos
para 20 kg
Fig. 4.33 – Carreta de
Pó Químico Seco
Funcionamento –Junto ao corpo do extintor há um cilindro de gás comprimido que, ao
ser aberto, pressuriza-o, expelindo o pó quando acionado o gatilho.
Operação – Conduzir a carreta equilibrando o peso sob o eixo das rodas, retirar a

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OSTENSIVO CAAML-1202
mangueira do suporte, romper o lacre e pressurizar a carreta abrindo o registro do cilindro de
gás e dirigir o jato por sobre o fogo (Figs. 4.34, 4.35, 4.36, 4.37).

Fig. 4.34 Fig. 4.35

Fig. 4.36 Fig. 4.37


Operação e manuseio da carreta de pó químico seco
4.9.4 - Carreta de Gás Carbônico

CARACTERÍSTICAS
Capacidade 25 kg a 50 kg
Aplicação Incêndios classes “B” e “C”
Alcance médio do
3 metros
jato
Tempo de descarga
60 segundos
para 30 kg

Fig. 4.38 – Carreta de


Funcionamento – O gás carbônico, sob pressão, é liberado
Gás Carbônico quando acionado o gatilho.
Operação – Conduzir a carreta equilibrando o peso sob o

OSTENSIVO - 4-14 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
eixo das rodas, retirar a mangueira do suporte, romper o lacre e pressurizar a carreta abrindo o
registro do cilindro de gás e dirigir o jato para a base do fogo fazendo movimentos laterais
com o difusor (Figs. 4.39, 4.40, 4.41, 4.42, 4.43).

Fig. 4.39 Fig. 4.40 Fig.4.41

Fig. 4.42 Fig. 4.43


Operação e manuseio da carreta de gás carbônico
4.10 -INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO
4.10.1 -Inspeção
As inspeções são exames periódicos, efetuados por pessoal habilitado que se
realizam no extintor de incêndio, com a finalidade de verificar se este permanece em
condições originais de operação. Nas inspeções são verificados: localização, acesso,
visibilidade, rótulo de identificação, lacre e selo do IPEM, peso, danos físicos, obstrução no
bico ou na mangueira, peças soltas ou quebradas e pressão nos manômetros.
Todo extintor deve possuir um registro para controle das inspeções.
4.10.2 -Manutenção
Entende-se como manutenção o serviço efetuado no extintor de incêndio, com a
finalidade de manter suas condições originais de operação. O SMP de um extintor é baseado
no manual do fabricante. A manutenção é requerida sempre após a utilização do extintor de

OSTENSIVO - 4-15 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
incêndio, quando indicado por uma inspeção, ou de acordo com a frequência prevista em manual3,
incluindo qualquer reparo ou substituição que seja necessário, podendo, ainda, envolver a
necessidade de recarga e/ou ensaio hidrostático.
A seguir é apresentada uma rotina de manutenções recomendadas. Porém, deve ser
observado o estipulado pelo fabricante, em caso de divergências.
Semanais: Verificar acesso, visibilidade e sinalização.
Mensais: Verificar se o bico ou a mangueira estão obstruídos ou em mal estado de
conservação, verificar a pressão indicada no manômetro (se houver), o lacre, o pino de
segurança, a existência do cartão de controle de verificação de pesagem e o peso do extintor.
De acordo com a NBR 12962, a inspeção dos extintores sujeitos a intempéries e/ou
condições especialmente agressivas deve ser realizada com maior frequência.
Semestrais: Instalações de terra e sistemas fixos, verificar se o bico ou a mangueira
estão obstruídos ou em mal estado, observar a pressão do manômetro (se houver), o lacre, o
pino de segurança, existência do cartão de controle de verificação de pesagem e se o peso do
extintor estiver com perda superior a 10% da carga nominal declarada, deverá ser recarregado.
Anuais: Executar manutenção de segundo nível4.
Quinquenais: Fazer o teste hidrostático, que é a prova a que se submete o extintor a
cada 5 anos ou toda vez que o aparelho sofrer acidentes, tais como: batidas, exposição a
temperaturas altas, ataques químicos ou corrosão. Deve ser efetuado por pessoal habilitado e
com equipamentos especializados. Neste teste, o aparelho é submetido a uma pressão de 2,5
vezes a pressão de trabalho, isto é, se a pressão de trabalho é de 14 kgf/cm2, a pressão de
prova será de 35 kgf/cm2. Este teste é precedido por uma minuciosa observação do aparelho,
para verificar a existência de danos físicos.
4.11 - OBSERVAÇÕES GERAIS
– Os extintores portáteis são muito eficazes em princípios de incêndios;
– Agentes extintores tais como água e areia, lançados a balde, constituem um recurso
de razoável eficiência para controle de princípios de incêndios. É um recurso simples e
econômico indicado como alternativa para locais isolados, onde os riscos de incêndio sejam
pequenos, e o espaço e a estética não constituam problema;
– Os extintores que utilizam substâncias químicas sob pressão devem ser testados
hidrostaticamente em intervalos regulares e quando o extintor apresentar ação da corrosão ou
avarias mecânicas. Extintores que apresentam sinais de corrosão,
Deformações no cilindro, ou que tenham sido reforçados por meio de solda ou outro

3
A Portaria 005/2011 do INMETRO regulamenta o assunto.
OSTENSIVO - 4-16 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
processo mecânico, devem ser substituídos por novos extintores já testados hidrostaticamente;
– Os extintores portáteis, que utilizam agentes em estado gasoso ou em pó, podem ser
ineficazes se empregados ao ar livre sob condições de vento forte.
4.12 - IDENTIFICAÇÃO DOS EXTINTORES PORTÁTEIS
O local onde ficam instalados os extintores deve ser marcado com um sinal, indicando a
classe de incêndio para o qual aquele extintor é adequado.
Extintores utilizados em incêndios classe “A” são identificados por meio de um
triângulo verde contendo a letra A.

Fig. 4.44 – Representação gráfica de um extintor portátil utilizado em incêndios classe “A”

Extintores utilizados em incêndios classe “B” são identificados por meio de um


quadrado vermelho contendo a letra B.

Fig. 4.45 – Representação gráfica de um extintor portátil utilizado em incêndios classe “B”

Extintores utilizados em incêndios classe “C” são identificados por meio de um


círculo azul contendo a letra C.

Fig. 4.46 – Representação gráfica de um extintor portátil utilizado em incêndios classe “C”

Extintores utilizados em incêndios classe “D” são identificados por meio de uma estrela
amarela de cinco pontas contendo a letra D.

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OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 4.47 – Representação gráfica de um extintor portátil utilizado em incêndios classe “D”

Extintores utilizados em incêndios classe “K” são identificados por meio de um


quadrado preto contendo a letra K.

Fig. 4.48 – Representação gráfica de um extintor portátil utilizado em incêndios classe “K”

4.13 - DISTRIBUIÇÃO DOS EXTINTORES PORTÁTEIS


A correta distribuição dos extintores está diretamente ligada à área que vai ser
protegida.
De forma simplificada, serão adotadas as seguintes classificações de risco de incêndio
para as instalações e edificações da Marinha do Brasil, de acordo com a DGMM-0602 Rev. 1:
a) pequeno risco – prédios ou ocupações com baixa carga de combustível (material
existente na sua estrutura e ocupação, possível de queimar em caso de incêndio), tais como:
prédios residenciais, refeitórios e similares;
b) médio risco – prédios e instalações com carga de combustível um pouco maior, tais
como: prédios de escritórios, hotéis, hospitais, escolas, creches e afins, locais de reunião de
público e garagem sem abastecimento;
c) grande risco – prédios que utilizem material de construção de maior carga
combustível ou em função de suas próprias peculiaridades, tais como: instalações industriais e
comerciais, depósitos, laboratórios, oficinas, cozinhas, lavanderias, casa de máquinas, postos
de serviços e abastecimento para veículos automotores, paióis de produtos ou materiais
embalados, centros de processamento de dados, entre outros que possam receber esta
classificação; e
d) risco especial – como o próprio nome pressupõe, tratam-se de instalações elocais de
maior perigo, tais como: depósitos de combustíveis, fábrica oudepósito de munição e

OSTENSIVO - 4-18 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
explosivos, locais destinados ao pouso e decolagem deaeronaves, píer ou cais para navios,
grandes depósitos em geral e instalaçõesnucleares.
Os extintores portáteis devem ser selecionados e posicionados com base no material
combustível efetivamente existente na área a proteger. Além do problema relativo à seleção
do extintor, é importante considerar a posição relativa desses equipamentos junto à área ou
dos pontos por eles protegidos. Algumas vezes devem ser propositadamente posicionados
próximos aos pontos com risco em potencial, entretanto, como na maioria das vezes o exato
local não pode ser previsto, devem ser estrategicamente posicionados, dentro de certas regras
gerais, devendo ser observados os seguintes princípios básicos:
– distribuição uniforme;
– fácil acesso; e
– posicionamento em local visível.
Os extintores suspensos em cabides devem ser posicionados com certos limites de altura
em relação ao piso e em função do peso total que possuem. Existem regras particulares para
distribuição de extintores, definindo potência mínima em relação à área de risco, cálculo do
número de extintores por área e em relação ao material existente.

OSTENSIVO - 4-19 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
CAPÍTULO 5
EQUIPAMENTOS QUE EMPREGAM ÁGUA NO COMBATE A INCÊNDIO
5.1 - GENERALIDADES
Os equipamentos e acessórios utilizados para o emprego de água no combate a incêndio,
tanto em navios como em instalações de terra, devem obedecer a regras de padronização,
como a Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida no Mar (SOLAS) e a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Neste capítulo, serão descritos os equipamentos mais
usados para o combate a incêndios no mar.
5.2 - BOMBAS E REDES DE INCÊNDIO
A rede de incêndio consiste em um sistema de canalizações que alimenta, através de
bombas que constantemente o mantêm pressurizado, tomadas de incêndio e sistemas de
borrifo.

A pressão da rede de incêndio é da ordem (pressão ideal) de 100 libras/pol.2

(aproximadamente 6,89 bar), sendo que é necessária uma pressão mínima de 75 libras/pol.2

(aproximadamente 5,17 bar) na rede de incêndio e 70 libras/pol.2 (aproximadamente 4,83 bar)


no terminal das mangueiras para a operação de quase todos os equipamentos produtores de
espuma (exemplo de exceção: FB 5X).
Em navios de guerra, as canalizações e bombas da rede de incêndio ficam localizadas
nas partes mais protegidas do navio, a fim de reduzir o risco de avarias em combate. No
convés principal, procura-se reduzir ao mínimo o número de canalizações horizontais.
5.3 - TOMADAS DE INCÊNDIO
As tomadas de incêndio são dispositivos instalados na rede de incêndio para a captação
da água para o combate a incêndio. A bordo, são instaladas nas canalizações horizontais ou
nas extremidades das derivações verticais.
Nas instalações de terra essas tomadas são conhecidas como hidrantes, que podem ser
públicos, quando pertencerem à rede de distribuição pública, e particulares, quando instalados
em edifícios residenciais, comerciais e industriais.
Nos navios de grande e médio porte essas tomadas são de 2½" de diâmetro reduzidas,
quando necessário, para 1½". Nesses navios, as tomadas poderão ser duplas. Nos navios de
pequeno porte, salvo algumas exceções, todas as tomadas são de 1½".A Figura 5.1 a seguir
mostra como deve ficar organizada uma tomada de incêndio, com duas mangueiras, a bordo.

OSTENSIVO - 5-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig 5.1 – Tomada de incêndio a bordo


A localização das tomadas de incêndio obedece, normalmente, aos seguintes critérios:-
nos navios de grande e médio porte, são posicionadas de modo que qualquer ponto do navio
possa ser alcançado com duas mangueiras de 15,25m (50 pés) de comprimento;
- nos navios de pequeno porte, são dispostas de modo que se possa alcançar qualquer
ponto do navio com uma mangueira de 15,25m (50 pés) de comprimento; e
- as tomadas do convés principal ficam elevadas de 0,30m do piso e dispostas
horizontalmente e, nas cobertas abaixo, ficam dispostas a 1,50m do piso.
Em alguns navios, as tomadas de incêndio podem ter um ralo especial que permite sua
limpeza automática (ralo autolimpante) (Fig. 5.2).

Fig. 5.2 – Ralo autolimpante e disposição das mangueiras

Tais ralos têm a descarga com diâmetro igual ao da tomada onde são instalados e são
empregados para a retirada de incrustações diversas que, com a trepidação do navio e os

OSTENSIVO - 5-2 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
choques provocados pelas explosões e disparos da artilharia, podem soltar-se da rede e
obstruir os esguichos e pulverizadores. Recomenda-se abrir e fechar periodicamente os ralos,
com a máxima pressão na rede, de modo a descarregar as incrustações que estejam em início
de formação. Havendo oportunidade, normalmente em períodos de reparo as seções da rede
de incêndio são retiradas para inspeção e limpeza.
5.4 - VÁLVULAS DAS REDES DE INCÊNDIO, SANITÁRIA E DERIVAÇÕES
As válvulas normalmente instaladas na rede de incêndio, sanitária e nas derivações são
de interceptação, redutora e de segurança.
Válvulas de interceptação – são encontradas na rede de incêndio e nas suas derivações
verticais ou horizontais. Têm por finalidade permitir a segregação da rede em partes
independentes e o isolamento de seções avariadas, visando o reparo e o contorno. Algumas
dessas válvulas podem ser manobradas à distância.
Em qualquer ocasião, o estado das válvulas e a situação da rede de incêndio deverá ser
do perfeito conhecimento do pessoal do CAv. Esse pessoal deve também ter exato
conhecimento das manobras a executar para prontamente isolar ou restabelecer a alimentação
de qualquer parte da rede. Quando necessário, as bombas portáteis são utilizadas para
alimentar partes segregadas da rede de incêndio.
Válvulas redutoras – são instaladas nas derivações da rede de incêndio que alimentam

a rede sanitária. A pressão normal da rede sanitária é de 35 lb/pol.2 (aproximadamente 2,41


bar), sendo as válvulas redutoras ajustadas para esse valor.
Válvulas de segurança – são instaladas na rede sanitária e, em geral, disparam com
uma pressão 10% acima da prevista.
5.5 - MANGUEIRAS DE INCÊNDIO E ACESSÓRIOS
Mangueira de incêndio é o equipamento de combate a incêndio constituído de um duto
flexível dotado de juntas de união, destinado a conduzir água sob pressão. O revestimento
interno do duto é um tubo de borracha que impermeabiliza a mangueira, evitando que a água
saia do seu interior. É vulcanizada em uma capa de fibra. A capa do duto flexível é uma lona,
confeccionada de fibras naturais ou sintéticas, que permite à mangueira suportar alta pressão
de trabalho, tração e as difíceis condições do serviço de combate a incêndio. As juntas de
união são fixadas nas extremidades, e são peças metálicas, que servem para unir seções de
mangueiras entre si ou ligá-las a outros equipamentos hidráulicos.
Algumas mangueiras adotadas na Marinha do Brasil (MB) são as do tipo lona dupla e se
apresentam nos diâmetros de 1½" e 2½". As seções são de 15,25 m (50 pés) de comprimento,
com união macho em uma extremidade e fêmea na outra (Fig 5.3). Ao ser feita referência a

OSTENSIVO - 5-3 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
uma seção de mangueira, fica estabelecido que se trata do comprimento padrão de 50 pés
(15,25 metros). Na MB, existem mangueiras com as extremidades roscadas, com engate
rápido (padrão inglês) e com engate rápido STORZ (Fig. 5.4).

Fig 5.3 - Extremidade roscada macho fêmea Fig 5.4 - Extremidade engate rápido STORZ

Nas Fragatas Classe Greenhalgh, NDCC Alte Saboia e Garcia D'Ávila existem dois
tipos de mangueiras: a tipo 2 (equivalente à mangueira de 1½”) e a tipo 3 (equivalente à
mangueira de 2½”). São encontradas a bordo nos tamanhos: 60 pés (somente tipo 3), 40 pés,
20 pés e 6 pés. Os terminais macho e fêmea das mangueiras são comuns, independente do
diâmetro. Os engates são chamados de acoplamentos instantâneos e, no início da
pressurização pode ocorrer um pequeno vazamento que cessa quando a pressão de trabalho
for atingida.
As mangueiras tipo 2 estão localizadas nas tomadas de incêndio no interior do navio e
nos reparos de CAv. As tipo 3 encontra-se nas tomadas externas do navio, nos reparos de
CAv e são utilizadas para descarga nas fainas de esgoto.
Ao pressurizar uma mangueira de incêndio, é desejável que se abra lenta e
continuamente a tomada de incêndio para evitar danos nas percintas dos acoplamentos.
Particularidades:
Manutenção: Todas as mangueiras deverão ser inspecionadas semanalmente, a fim de
ser verificado acúmulo de água. Devem ser retirados dos seus respectivos suportes pelo
menos uma vez por mês e novamente colhidas. Trimestralmente, todas as mangueiras devem
ser submetidas a testes de pressão de 1,5 vezes a pressão de trabalho.
Acondicionamento:
As mangueiras tipo 3 de 60 pés são disponibilizadas em cabides duplo na área do
hangar para utilização em conjunto ao FB 10X.
Cabides externos: As mangueiras de 40 pés tipo 2 deverão estar aduchadas na parte
mais interna do cabide e conectada ao hidrante e ao esguicho do tipo waterwall, enquanto a de

OSTENSIVO - 5-4 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
20 pés deve permanecer na parte mais externa do cabide, enrolada, para movimentação por
um operador.
Cabide internos: As mangueiras de 40 pés tipo 2 deverão estar aduchadas na parte
mais interna do cabide e conectada ao hidrante e ao esguicho do tipo firefighter, enquanto a de
20 pés deve permanecer na parte mais externa do cabide, enrolada, disponível para transporte.
Observação – Os corredores das praças de máquinas permaneceram com 2 mangueiras
tipo 2 de 40 pés, sendo uma acoplada ao hidrante e com esguicho firefighter e outra enrolada
para pronto uso (Fig. 5.5).

Fig. 5.5 - Cabide


5.5.1 - Acondicionamento da Mangueiras
São demonstradas a seguir maneiras de dispor as mangueiras, em função do local de
guarda.
a) Aduchada
É de fácil manuseio, tanto no combate a
incêndio, como no transporte. O desgaste do duto é
pequeno por ter apenas uma dobra.
(Fig. 5.6)

Fig. 5.6 – Acondicionamento em aducha


Forma de Aduchamento:
É realizado por dois militares, a partir da mangueira sobreposta.
Preparação – A mangueira deve ficar totalmente estendida no solo e as torções, que

OSTENSIVO - 5-5 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

porventura ocorrerem, devem ser eliminadas.


Uma das extremidades deve ser conduzida e colocada de modo que fique sobre a outra,
mantendo uma distância de 90 cm entre as juntas de união, ficando a mangueira sobreposta. A
extremidade macho deve ficar por dentro para preservar a rosca.
Aduchamento – Enrolar, começando pela dobra, tendo o cuidado de manter as voltas
ajustadas.
Para ajustar as voltas é necessário que outro homem evite folgas na parte interna.
Parar de enrolar quando atingir a junta de união da parte interna e trazer a outra junta de
união sobre as voltas. (Figs. 5.7-A, 5.7-B e 5.7-C)

Fig. 5.7-A

Fig. 5.7-B Fig. 5.7-C


Passos para acondicionar em aducha por dois homens

b) Zigue-zague com a mangueira em pé com gomos paralelos


O acondicionamento em zigue-zague em pé pode ser feito com os gomos colocados
parcialmente sobrepostos, distribuindo-se paralelamente sobre o estrado.
As mangueiras após colhidas são acondicionadas no convés (Fig. 5.8-A) e cobertas
abaixo (Fig. 5.8-B). Quando ao lado da tomada há dois suportes para mangueiras, cada uma
com duas seções, em geral, somente uma das mangueiras fica ligada (Fig. 5.8-B).

OSTENSIVO - 5-6 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 5.8-A – Acondicionamento no convés

Fig. 5.8-B – Acondicionamento cobertas abaixo

5.5.2 - Acessórios
Conexões e reduções
No caso da tomada se localizar em uma das cobertas do navio, torna-se sempre
necessário o emprego da redução especial Y, onde ficarão permanentemente ligadas uma ou
duas seções de 1½" (Fig. 5.9).

Fig. 5.9 – Conexões e reduções

Mesmo em convés aberto, a manipulação das mangueiras de 2½" sob pressão é bastante
difícil. Elas são mais utilizadas para dar maior extensão a linhas de mangueiras, alimentando
duas outras de 1½" com emprego de uma redução em Y.
A união dupla fêmea é utilizada especialmente para unir duas mangueiras ligadas à
tomada de incêndio (que têm rosca macho), para efeito de contorno da rede.

OSTENSIVO - 5-7 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

A redução em “Y” é empregada para o desdobramento de uma mangueira de 2½" em


duas de 1½"; ou para permitir que duas mangueiras de 1½" sejam conectadas a uma tomada
de 2½".
As uniões são confeccionadas em bronze, o que as torna naturalmente dotadas de certa
resistência à corrosão. Isso, porém, não dispensa a limpeza e proteção por um lubrificante
adequado. As uniões não devem sofrer choques que possam deformá-las ou causar mossas aos
seus fios de rosca. As uniões macho são mais sujeitas a avarias nos fios de rosca, já a união
fêmea tende ao emperramento do seu anel deslizante. A limpeza das uniões não visa o aspecto
estético e, portanto, não devem ser utilizados materiais abrasivos para limpeza, no propósito
de “polir os amarelos”. As roscas devem ser protegidas por uma leve camada de graxa macia
(do tipo utilizado para rolamentos), com o cuidado de evitar que o lubrificante atinja as partes
de lona e borracha. A graxa deve ser substituída sempre que se verifiquem indícios de
ressecamento ou aderência de poeira.
As uniões fêmeas possuem em seu interior um anel de borracha que é responsável pela
perfeita vedação. É importante que essa junta seja mantida no alojamento e que esteja sempre
em bom estado, sem sinais de ressecamento. Ao ser efetuada a limpeza e a lubrificação dos
fios de rosca, retire a junta para exame e recoloque-a no lugar antes de aplicar o novo
lubrificante. A graxa não deve atingir a junta de borracha.
As mangueiras só devem ser pressurizadas após levadas o mais próximo possível do
local de início do ataque, pois é mais fácil seu manuseio enquanto sem pressão.
As mangueiras, depois de terminada a preparação, são pressurizadas e o equipamento é
testado.
Quando houver a necessidade de se estender longas linhas de mangueiras, devido às
rupturas da rede de incêndio ou existência de grande quantidade de fumaça, deve-se estender
linhas de mangueiras de 2½". Apenas próximo à área sinistrada são colocadas reduções em
“Y” para adaptar linhas de mangueira de 1½".
5.5.3 - Transporte
O transporte da mangueira aduchada deverá ser com a parte metálica voltada para trás e
para baixo e para o correto lançamento deve-se segurar a parte metálica interna da aducha,
pisando na parte externa efetuando-se o lançamento para vante junto ao solo.
5.5.4 - Conservação
As mangueiras deverão ser conservadas limpas, não sendo, porém, indicado lavá-las, a
não ser no caso de ficarem sujas de óleo ou graxa (estes produtos atacam a borracha). Nesses
casos, deverão ser lavadas com água doce, escova macia e sabão ou detergente neutro. Não
OSTENSIVO - 5-8 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

utilizar escova de arame ou qualquer produto abrasivo.


Após a lavagem, as mangueiras deverão ser bem enxaguadas e postas a secar
estendidas, preferencialmente à sombra. Todas as mangueiras deverão ser inspecionadas
semanalmente, a fim de se verificar a presença de umidade. Devem ser retiradas dos seus
suportes pelo menos uma vez por mês e novamente colhidas, de modo que as dobras não
fiquem no mesmo ponto em que se encontravam. A parte inferior da mangueira, quando no
cabide, deve ficar pelo menos a 15 cm do piso.
5.6 - ESGUICHOS VARIÁVEIS
Os esguichos variáveis são equipamentos empregados para a proteção do pessoal e no
combate a incêndio.
Os primeiros modelos desse tipo apresentavam um anel de controle de vazão que podia
ser regulado em 60, 95 ou 125 galões por minuto (GPM). Esses esguichos não produziam jato
sólido, apenas neblinas de espuma em diversos formatos e débitos. Devido a seu uso ser
específico para a produção de espuma, cujo agente é a ESPUMA FORMADORA DE
PELÍCULA AQUOSA – AFFF (“AQUEOUS FILM FORMING FOAM”), esses esguichos
receberam o nome de “esguicho AFFF”. Por apresentar o recurso de controle do débito de
espuma (60, 95 ou 125 gpm), os “esguichos AFFF” passaram a ser conhecidos, também,
como “esguichos de vazão variável” (Fig. 5.10).

Fig. 5.10 - Esguicho de vazão variável


Com o aprimoramento das técnicas e o surgimento de novas necessidades, os
“esguichos AFFF” receberam duas alterações:
– possibilidade de produzir jato sólido; e
– vazão constante, pré-designada, de 95 ou 125 GPM (deixou de ser esguicho de
VAZÃO VARIÁVEL e passou a ser chamado de ESGUICHO VARIÁVEL).
Os esguichos com anel regulador foram alterados e passaram a ser fornecidos apenas
com 95 GPM ou 125 GPM, ambos de 1½". O esguicho de 2½" é fornecido somente em 250

OSTENSIVO - 5-9 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

GPM. Os esguichos de 95 GPM deverão ser utilizados nas praças de máquinas, em


mangueiras simples com misturador entrelinha ou estação geradora, ou nos dispositivos de
“duplo agente”. Os esguichos de 125 GPM deverão ser utilizados nos convôos e hangares.
Com essas alterações introduzidas nos esguichos, eles perderam a propriedade de
controlar o débito. Como exemplos, temos o esguicho AFFF com punho e gatilho (Fig. 5-11)
e o esguicho com neblina e jato sólido (Fig. 5-12). Passaremos a chamá-los, então, de
“esguicho variável” para distingui-los dos demais esguichos em uso na MB.

Fig. 5.11 – Esguicho AFFF com punho e gatilho


Fig. 5.12 – Esguicho com neblina e jato sólido

As principais diferenças entre os modelos existentes dizem respeito à existência ou não


de punho e ao material utilizado em sua confecção (latão ou plástico), ou seja, não afetam seu
funcionamento. Todos apresentam o mesmo princípio: o difusor dispõe de um movimento de
aproximação e afastamento do corpo do esguicho pela rotação de uma luva roscada na
extremidade de saída. Esse movimento permite uma variação da forma dada à neblina, desde
um leque de 110° até jato sólido (alguns ainda não têm jato sólido, apenas uma neblina com
um leque menor). O fechamento, em sua maioria, é feito por uma alavanca, porém, em alguns
desses esguichos, pode-se fechar a água pela luva roscada do difusor.
O esguicho variável (de 1½" ou 2½") foi introduzido na Marinha com o recebimento de
novos navios provenientes da Marinha Norte-Americana. Esse esguicho praticamente
substituiu o esguicho universal naquela Marinha e, como consequência, eliminou o uso do
aplicador de neblina. Uma grande vantagem é possibilitar a produção de espuma, quando
usando um esguicho variável de 1½" a 95 gpm associado a um misturador entrelinha (de
1½"). O esguicho variável produz padrões desde jato sólido até neblina larga (cone de 90º a
110º, dependendo do fabricante), passando por neblina estreita (cone de 30º) e neblina média
(cone de 60º), semelhante à neblina de alta velocidade.

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5.7 - ESGUICHOS DE ATAQUE (“FIREFIGHTER”) E DE CORTINA DE ÁGUA


(“WATERWALL”)
Os esguichos de ataque e de cortina de água são semelhantes ao esguicho variável. O de
ataque é usado para se efetuar o ataque ao incêndio e tem uma vazão de cerca de 15 ton/h e o
de cortina de água é empregado para a proteção do pessoal envolvido na faina e possui uma
vazão de cerca de 45 ton/h.
5.7.1 - Esguicho de Ataque (Firefighter)
Esguicho destinado ao ataque ao fogo e possui vazão de 15 ton/h, sendo encontrado em
todas as tomadas de incêndio internas do navio e nos reparos de CAv.
Trata-se de um esguicho spray jato, que ao abrir (sentido horário) debitará a água em
forma de spray e conforme for aumentando está abertura vai se formando um jato.
Em função da possibilidade em formar uma cortina quando aberto de ¼ de volta, poderá
ser utilizado como esguicho de proteção individual. A posição de ataque ideal ao fogo
consiste em abri-lo de ½ de volta quando formará um arco de 60 graus que é ideal para o
fogo. Durante seu armazenamento deverá ser mantido totalmente fechado (Fig.5.13).

Fig. 5.13 – Esguicho de ataque


5.7.2 - Esguicho de Proteção ou Parede d’água (Waterwall)
Esguicho destinado a prover proteção das turmas de combate ao incêndio com vazão de
45 ton/h, sendo por isso, encontrado apenas na tomada de incêndio dos conveses externos, nos
reparos de CAv e nas portas de acesso às praças de máquinas e nas caixas das Câmeras de
Imagem Térmica (TIC). Trata-se de um esguicho jato-spray, que ao abrir (sentido anti-
horário) debitará a água para efetuar o isolamento do compartimento sinistrado do navio,
posicionando-o perpendicularmente ao acesso ao compartimento. Durante seu armazenamento
deverá ser mantido totalmente fechado (Fig. 5.14).

OSTENSIVO - 5-11 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 5.14 – Esguicho de proteção inglês


Obs. Devido ao seu alto fluxo, cuidados com relação ao esgoto de compartimentos
devem ser tomados quando utilizando estes esguichos.
5.7.3 - Esguicho de Escotilhão (Ship protector ou Waterwall fixo)
Fica fixo às quinas dos escotilhões. É do tipo waterwall, com ângulo de dispersão de 90
graus e vazão aproximada de 10 toneladas por hora. Eles são usados na fase inicial de um
incêndio com a finalidade de proteger o navio contra dispersão de fumaça e permitir que as
turmas de incêndio possam acessar compartimentos em piso inferior com maior facilidade,
sem a necessidade de fechamento do escotilhão (Fig. 5.15).

Fig. 5.15 –Esguicho de escotilhão

5.8 - CANHÃO DE ÁGUA


Os navios como as Corvetas da Classe Imperial Marinheiro, e alguns Rebocadores de
Alto Mar, são dotados de canhões de água, que servem para prestar auxílio a navios
sinistrados (Fig. 5.16).

Fig. 5.16 – Canhão de água

OSTENSIVO - 5-12 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
CAPÍTULO 6
EQUIPAMENTOS QUE EMPREGAM ESPUMA NO COMBATE A INCÊNDIO
6.1 - GENERALIDADES
A espuma é o agente indicado para extinção de incêndios classe “B”, em especial os de
grande vulto. Como já visto no capítulo 3, a espuma extingue incêndios principalmente por
abafamento e secundariamente por resfriamento.
A principal finalidade do uso de espuma em CBINC é a extinção de incêndios em
combustíveis ou na maioria dos líquidos inflamáveis, tendo excelentes características de
penetração, além de ser superior à água na extinção de incêndios da classe “B”, por sua
característica de abafamento e resfriamento (Fig. 6.1).

Fig. 6.1 – Atuação da espuma

O jato de espuma deve ser dirigido para uma antepara, de onde ela escorrerá para a
superfície do líquido inflamado. Nunca se deve dirigir o jato de espuma diretamente sobre as
chamas, pois esta ação pode fazer com que o combustível se espalhe.
Quando utilizando equipamentos que produzem espuma para combater incêndio é
necessário que seja efetuado o teste antes da entrada do compartimento. Caso exista uma
cobertura de espuma anterior, o jato direto pode quebrá-la, permitindo que gases inflamáveis
escapem. Isso geralmente resulta na propagação do incêndio, ou numa reignição do
combustível.
Quando o incêndio ocorrer em líquidos derramados, torna-se eficiente represar o líquido
com a própria espuma, empurrando-a aos poucos sobre o líquido inflamado. O jato em forma
de neblina deve ser usado para produzir uma aplicação mais suave e reduzir a mistura da
espuma com o combustível.
A espuma contorna obstáculos com facilidade, sendo indicada para incêndios em praças

OSTENSIVO - 6-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
de caldeiras e de máquinas, ou onde a superfície do líquido em chamas for interrompida por
muitos obstáculos.
A espuma mecânica, de uso mais comum na MB, é obtida pela simples mistura do
agente (líquido gerador) com água, que é agitada em presença do ar.
Para produção de espuma mecânica, na MB, são empregados basicamente dois tipos de
líquido gerador: o mais antigo é tradicionalmente conhecido como “Aerofoam”. O outro, de
uso mais recente, e que apresenta algumas vantagens quanto ao desempenho, é o AFFF, que
não é tóxico nem corrosivo, possui maior estabilidade do concentrado em estoque e maior
fluidez da espuma na superfície do líquido em chamas (Fig. 6.2). A espuma, de um modo
geral, é constituída, em peso, de cerca de 85 % de água, e, em volume, de cerca de 90% de ar
ou CO2.Os líquidos geradores de espuma são denominados de acordo com a porcentagem em
que é realizada a mistura com a água. Na MB, de um modo geral, é utilizado o AFFF 6%
(proporção de 6% de LGE para 94% de água).

Fig. 6.2 – Recipiente com AFFF


Obs.: As bombonas de AFFF dispostas em cabides para pronto uso devem estar com os
lacres rompidos.
Compatibilidade
Não é aconselhável a mistura de LGE de diferentes fabricantes, porém em caso de
necessidade, um ensaio de miscibilidade deve ser realizado, maiores informações podem ser
obtidas nas Normas ABNT NBR 15511 e 11830, a garantia dos LGE misturados passa a ser
de responsabilidade do fabricante do último fornecimento.
Miscibilidade
Os LGE produzidos no Brasil possuem a mesma natureza química (sintéticos). Portanto
podem ser utilizados simultaneamente no combate a incêndios e também podem ser
misturados no mesmo tanque de estocagem, desde de que sejam do mesmo tipo e dosagem.
No entanto, as normas ABNT NBR 15511 e 11830 estabelecem critérios de teste de
compatibilidade para mistura de LGE no mesmo tanque de estocagem de diferentes
fabricantes.

OSTENSIVO - 6-2 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Tempo de vida (Shelf Life)


É o termo usado para descrever o tempo total que o LGE permanece estável, sem
alteração significativa em suas características de desempenho. O tempo de vida do LGE
AFFF 6% é superior a 15 anos, desde que armazenado em suas embalagens originais ou em
tanques especialmente projetados para este fim e ainda na faixa de temperatura recomendada
(2º C a 49º C).

Propriedades à 25º C

Aparência Líquido transparente

Massa específica (g/ml) 1,03

Ph 7,5 – 8,5
Temperatura de armazenamento
mínima 2º C
Temperatura de armazenamento
máxima 49º C
Tabela 6.1 – Propriedades do LGE a 25º C
O líquido gerador da espuma, quando misturado com água, provê três vantagens na
extinção de fogo:
– uma película é formada na superfície do combustível, impedindo que este desprenda
vapores de hidrocarbonetos;
– a camada de espuma efetivamente isola o oxigênio da superfície do combustível; e
– a água contida na espuma permite contornar obstáculos, dando mais flexibilidade ao
combate a incêndio.
A espuma pode ser obtida de várias formas, dependendo do material existente nas
diversas classes de navios. Borrifo de porões, borrifo de teto ou lançamento de espuma
usando esguichos FB 5X / FB 10X / NPU de modo adequado, são algumas formas de utilizar
a espuma, fazendo a selagem dos vapores combustíveis e prevenindo o ressurgimento do
incêndio.
Pelo menos uma das linhas de mangueira para combate a incêndio classe “B” deve ser
com espuma. Caso todo o LGE seja utilizado por ocasião do combate a um incêndio, deve ser
utilizada água em neblina de alta velocidade, tomando-se o devido cuidado para não
romper a película de espuma produzida anteriormente.

OSTENSIVO - 6-3 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
Os esguichos FB 5X, FB 10X e NPU não conferem proteção ao homem, devendo ser
utilizada, conforme a situação, outra linha de mangueira com neblina de alta velocidade. Os
esguichos do tipo variável produzem espuma e dão proteção ao mesmo tempo.
6.2 - EQUIPAMENTOS PARA MISTURAR OS COMPONENTES DA ESPUMA
São apresentados a seguir alguns equipamentos utilizados para realizar a mistura dos
componentes da espuma:
6.2.1 - Esguicho NPU (Navy Pick-Up Unity) com tubo de aspiração
Destina-se a introduzir ar na mistura água x líquido gerador, para formar a espuma. Pode
ser usado, para este fim, com qualquer tipo de misturador entrelinhas instalado antes dele.
Pode, também, fazer o duplo papel de misturador e introdutor de ar, utilizando-se um tubo de
aspiração a ele conectado. Neste caso, não se usa o misturador entrelinhas (Fig. 6.3).

Fig. 6.3 – Esguicho NPU


6.2.2 - Esguicho FB 5X e FB 10X
Esses equipamentos operam com água da rede de incêndio e são usados para misturar
água e AFFF na correta proporção, bem como provocar a reação da mistura para produzir
espuma mecânica.

Fig. 6.4 – FB 5X Fig. 6.5 – FB 10X


OSTENSIVO - 6-4 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
a) FB 5X
O FB 5X (Fig. 6.4) é um esguicho leve que produz, aproximadamente, 60 galões (230
litros) de espuma por minuto, com a pressão de 80 psi (6 bar) da rede de incêndio. Para
aspiração de AFFF dos recipientes de 20 litros, acopla-se o tubo de aspiração dotado de
engate rápido. O fornecimento contínuo de espuma com a pressão de 80 psi (6 bar) consome
12 litros do agente por minuto, de modo que recipientes sobressalentes deverão sempre estar
posicionados para pronto uso nas imediações do incêndio. Este esguicho pode ser usado em
conjunto com sistemas fixos de espuma nas praças de máquinas, para conduzir a espuma de
conveses superiores para locais onde possa se espalhar sobre a superfície do óleo em chamas
nos porões. É importante mencionar que as tomadas desses sistemas deverão estar sempre
fechadas quando este não estiver em uso.
O FB 5X pode ser operado através de misturador entrelinhas, pelo fechamento do tubo
de aspiração.
b) FB 10X
O esguicho FB 10X (Fig. 6.5), é aplicado nos locais onde se necessita alta produção de
espuma. Este equipamento produz cerca de 120 galões (455 litros) de espuma por minuto.
Cada tomada de incêndio prevista para seu uso deve portar um edutor (tipo entrelinhas)
afixado antes do acoplamento da mangueira. O dispositivo de aspiração do AFFF é preso ao
corpo do edutor e possui uma válvula de corte rápido.
O edutor aspira e passa a mistura de AFFF e água através de mangueiras para o FB
10X, onde recebe o ar antes de ser lançado pelo esguicho. Para produzir uma espuma de
qualidade aceitável, a pressão mínima na rede de incêndio deverá ser de 80 psi (6bar). Quando
em uso contínuo, esse equipamento consome aproximadamente 25 litros de AFFF por
minuto, de modo que é prudente manter-se suplemento disponível nas proximidades. Uma
alavanca na extremidade de saída do esguicho opera um conjunto de defletores, com os quais
é possível optar, dependendo da situação, por um jato de espuma de maior alcance ou por um
lançamento em leque, de menor alcance. Os recipientes de AFFF deverão ser estocados em
armários nas proximidades de cada tomada de incêndio designada para o uso do FB 10X.
6.2.3 - Misturador Entrelinhas
Apresenta grande vantagem de poder ser instalado fora do limite primário de fumaça,
que facilita o abastecimento contínuo de líquido gerador sem que os homens tenham a
necessidade de usar equipamento de proteção (Fig. 6.6).

OSTENSIVO - 6-5 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 6.6 – Misturador entrelinhas FBU 5X

O misturador deve trabalhar em linhas de mangueira de mesmo diâmetro, ou seja, um


misturador de 2½", não pode ser utilizado em uma linha de mangueira de 1½", pois as
pressões envolvidas na redução não permitem arrastamento do líquido gerador. (Fig. 6.7).

Fig. 6.7 – Funcionamento de um misturador entrelinhas

6.2.4 - Misturador tipo “FW”


Semelhante ao misturador entrelinhas, tem como diferença uma válvula para graduação
da porcentagem do líquido (Fig. 6.8). Esta válvula é graduada de 1% a 6% e deve ser ajustada
de acordo com a tabela abaixo:

OSTENSIVO - 6-6 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
CLASSE DE INCÊNDIO AGENTE EXTINTOR GRADUAÇÃO DA VÁLVULA
A Água (jato sólido) 1
B Água (neblina) 2
B Espuma a 3% 3, 4 ou 5
B Espuma a 6% 5 ou 6
Tabela 6.2 – Ajuste do Misturador tipo FW

Fig. 6.8 – Misturador tipo FW

Observa-se que o misturador não introduz o ar. Este é acrescentado na mistura água-
líquido em outra parte da linha, depois do misturador (em um esguicho NPU, por exemplo).
6.3 - ESTAÇÕES GERADORAS DE ESPUMA
Locais de grande risco de incêndios classe “B” exigem recursos de maior vulto para
geração de espuma (Fig. 6.9).

Fig. 6.9-Estação geradora de espuma

Estações centrais, de alta capacidade, produzem a mistura água x líquido gerador, que é
canalizada para os canhões e as tomadas de incêndio especiais localizadas em diversos pontos
de bordo, especialmente no hangar, convoo e praças de máquinas.
Os componentes básicos de uma estação geradora de espuma são:
– um tanque com capacidade para armazenagem e pronta utilização do líquido gerador
de espuma;
OSTENSIVO - 6-7 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
– um filtro instalado entre a rede de incêndio e a estação;
– uma válvula de tipo especial, instalada entre o filtro e o misturador. Ela pode ser aberta
por uma válvula piloto acionada por solenoide;
– um misturador; e
– uma bomba de recalque de água que eleva a pressão da rede de incêndio.
6.3.1 - Operação da Estação
Quando o equipamento produtor de espuma de alta capacidade é posto a funcionar,
todas as bombas de incêndio deverão ser utilizadas, para assegurar o máximo suprimento de
água. A pressão na entrada do misturador deverá ser mantida entre 100 e 150 psi (7 e 10 bar).
Uma pressão mínima de 70 psi (5 bar) é necessária nos esguichos de espuma para que se
produza espuma com a consistência desejada para o combate a incêndios. As estações de
espuma são projetadas para suprir quatro esguichos de 2½" operando simultaneamente. Os
esguichos são do tipo variável ou NPU. Podem existir recursos para acionamento remoto do
sistema junto às tomadas de espuma. As mangueiras devem estar conectadas às válvulas, para
pronta utilização.
As estações fixas produtoras de espuma devem ser sempre guarnecidas em postos de
combate e de postos de voo, por no mínimo três homens.
Tão logo a estação entre em funcionamento, será iniciada a alimentação do tanque com
líquido gerador e isto deverá ser mantido de forma contínua. Caso o seu funcionamento se
prolongue por muito tempo, deverá der providenciado reforço de pessoal. É necessário que se
mantenha constante vigilância sobre o indicador de nível do tanque, para mantê-lo
convenientemente abastecido.
Se for considerado que todas as bombonas de reserva de líquido gerador possam vir a
ser consumidas antes da extinção do incêndio, o encarregado do CAv deverá ser avisado, para
que ordene um novo suprimento.
A utilização das mangueiras de espuma é, de modo geral, idêntica à das mangueiras de
incêndio. Para maior facilidade de manuseio, as mangueiras deverão ser primeiramente
estendidas no convés e só depois disso é que deverão ser submetidas à pressão de
funcionamento.

OSTENSIVO - 6-8 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
CAPÍTULO 7
SISTEMAS FIXOS DE COMBATE, DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO
7.1 - GENERALIDADES
Os Sistemas Fixos de Combate a Incêndio têm por objetivo distribuir o agente extintor
através de tubulações até o setor protegido, em quantidade suficiente para a perfeita extinção
do princípio de incêndio, podendo ser empregados de duas maneiras:
– Inundação total – É o sistema instalado para proteção de grandes áreas, como praças
de máquinas, compartimentos de líquidos inflamáveis, hangares e paióis de tinta.
– Aplicação local – É o sistema utilizado para proteção de equipamentos, como por
exemplo: geradores, turbinas, painéis e também computadores. Este modo de instalação,
também conhecido como modular, é diferenciado dos demais pelo uso de um difusor para
cada ampola.
As instalações, em geral, compõem-se basicamente de:
– Cilindros;
– Canalização e Difusores; e
– Elementos de Comando.
Cilindros – O Agente Extintor é armazenado em cilindros de aço, a 360 PSI (25 Bar), a
21ºC, em estado líquido e pressurizado com nitrogênio, que serve como propelente. Os
cilindros são dotados de tubo sifão e válvulas que se mantém fechadas pela própria pressão do
interior dos cilindros. Existem duas classes de cilindros:
– Cilindros mestres; e
– Cilindros escravos.
Os cilindros mestres são aqueles que possuem meios próprios de acionamento
(elementos de comando). Os cilindros escravos são aqueles que dependem dos cilindros
mestres para serem acionados (utilizados apenas em sistemas com mais de um cilindro).
Canalização e Difusores – A tubulação projetada para condução do agente extintor até
o(s) setor(es) protegido(s) é de aço-carbono, sem costura, ASTM-A-106 SCH 40 e conexões
de ferro maleável classe 20, roscadas.
Nos pontos de descarga, o agente extintor escoa através de difusores especialmente
desenhados para permitir uma rápida e homogênea mistura com o ar. Todos os orifícios são
definidos através de cálculos hidráulicos próprios para cada agente extintor.
Quando descarregado, o agente líquido vaporiza nos difusores e é uniformemente
distribuído por toda a área protegida.

OSTENSIVO - 7-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
Elementos de Comando – Os cilindros mestres possuem um Atuador Automático
(solenoide) e um Atuador Manual. Estes comandos atuam diretamente na válvula do cilindro.
O acionamento de qualquer um dos comandos provocará a descarga do cilindro mestre.
7.2 - OPERAÇÃO
Existem as seguintes formas de operação desses sistemas:
7.2.1 - Automática
A operação automática se inicia quando o painel central do sistema de detecção e
alarme recebe os sinais de alarme de mais de um detector. O painel identifica estes sinais
como sendo incêndio e, após um tempo pré-determinado (60 s), aciona a solenoide da válvula
do cilindro, abrindo-a e liberando o gás.
7.2.2 - Manual Automática
A operação manual automática é feita através de um Acionador Manual. Este tipo de
acionador está instalado próximo ao acesso principal da área protegida. Após sua atuação, o
funcionamento é análogo ao descrito para a operação automática, porém o disparo é imediato.
7.2.3 - Manual
A operação manual é feita diretamente na “cabeça de comando elétrico” montada na
válvula do cilindro. Destravando-se o pino existente na cabeça e atuando a válvula do
cilindro, inicia-se a descarga do gás.
7.3 - SISTEMAS DE BORRIFO COM ÁGUA
Também denominados de sistemas de chuveiro automático. Destinam-se,
genericamente, a proteger áreas contra o fogo e, quando operando automaticamente, possuem
a vantagem de atuar logo no início do incêndio, impedindo assim que o fogo alcance maiores
proporções (Fig. 7.1).

Fig. 7.1 – Sistema de chuveiro automático

A bordo, o tipo mais antigo de sistema fixo de borrifo consiste em uma derivação da
rede de incêndio e se destina geralmente à proteção dos paióis de munição e praças de

OSTENSIVO - 7-2 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
municiamento. Entre a rede de incêndio e os compartimentos protegidos existe uma válvula
de interceptação, normalmente aberta e travada por um cadeado. A seguir, há uma válvula
com comando à distância, pela qual se faz a operação do sistema. Logo após essa válvula, há
um dispositivo que permite o teste de operação da rede. A rede de borrifo pode ser constituída
por simples tubulações perfuradas em espaços regulares, ou dispor de pulverizadores
especiais.
A rede de borrifo pode ser operada automaticamente, sendo a válvula de controle atuada
por um sistema de servocomando, sensível ao aumento de temperatura.
Sistemas semelhantes, de operação manual, dotados de controle local e comando à
distância, são instalados nos hangares dos navios aeródromos ou outros locais onde o
manuseio de gasolina ou outros inflamáveis torne a área potencialmente perigosa. Podem ser
dotados de pulverizadores destinados à formação de neblina de baixa velocidade, ou de
pulverizadores do tipo “chuveiro”, destinados a formar uma cortina de água. No caso dos
hangares, as redes de borrifo são dispostas transversalmente, de forma a facilitar a limitação
da área incendiada.
Um sistema muito empregado, tanto a bordo como em instalações de terra, é o que
utiliza os chuveiros automáticos. A rede de borrifo, nesse caso, é mantida sob pressão no
compartimento a proteger. Os chuveiros entram em ação independentemente, quando
sensibilizados pelo calor. Assim, somente entram em operação aqueles pulverizadores
próximos ao fogo. No instante em que qualquer chuveiro é acionado, o fluxo da água na rede
faz soar o alarme do sistema. Tal sistema tem como vantagens a pronta ação de combate ao
fogo, logo em seu início, e o fato de somente serem utilizados os pulverizadores necessários,
o que evita prejuízos adicionais gerados pelo alagamento generalizado do compartimento. A
ação do alarme, na maior parte das vezes, é informar a necessidade do fechamento da água,
visto que o incêndio propriamente dito já deve ter sido debelado.
A rede de borrifo é mantida carregada com água doce através de uma mangueira
flexível, procedente da rede de aguada, no propósito de reduzir os problemas de corrosão.
Os chuveiros automáticos são conhecidos como “SPRINKLERS”. Basicamente,
consiste em uma válvula que é mantida na posição de fechada através de um elemento
sensível ao calor. O rompimento desse elemento permite a abertura da válvula, cuja descarga
se faz sob forma de borrifo. O tipo mais conhecido possui como elemento sensível uma
ampola de vidro. A ampola contém um líquido, cuja expansão faz com que ela se rompa ao ser
atingida a temperatura nominal de funcionamento (Fig. 7.2).

OSTENSIVO - 7-3 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 7.2 – Chuveiro automático com elemento sensível tipo ampola de vidro

Outros tipos de chuveiros podem utilizar ligas metálicas de baixo ponto de fusão como
elemento sensível (fusível). Como exemplos, temos o chuveiro com elemento de solda, o
convencional, o lateral e o do tipo especial (Fig. 7.3). O rompimento dessa peça por ocasião
do aumento de temperatura faz operar o sistema.

Fig. 7.3 – Tipos de chuveiros automáticos

7.4 - SISTEMA DE NEBLINA DE ÁGUA (WATERMIST)


Os sistemas de neblina de água utilizam bicos injetores especialmente fabricado (Fig.
7.4), capazes de produzir uma neblina de finas gotículas de água. O Fogo é extinguido por
uma combinação de vaporização, deslocamento de oxigênio, e a diluição de gases
inflamáveis. Projetado e testado para materiais da Classes A e B.

OSTENSIVO - 7-4 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 7-4 – Bico injetor especial

O Sistema de neblina de água extingue o fogo pelos seguintes processos:


– Retira o calor dos materiais em combustão e consequentemente evitando a
autoignição.
– O vapor de água produzido reduz a concentração de oxigênio no ar, inibindo as
chamas.
– Absorve o calor irradiado entre o fogo e os agentes inflamáveis, diminuindo a
propagação do incêndio.
– Remove as partículas de fumaça e dilui os gases tóxicos.
A neblina d´água controla o incêndio e resfria significativamente o compartimento
sinistrado, mantendo os produtos da combustão (CO e CO2) no compartimento a um nível
baixo. As condições térmicas e a baixa concentração de gases no compartimento, resultantes
da aplicação da neblina d´água, proporcionam segurança satisfatória para que a turma de
incêndio possa entrar imediatamente no local.
A descarga de neblina d´água cria forte dinâmica misturando os produtos de combustão
com o vapor no compartimento, tendo um papel importante, apagando o incêndio e reduzindo
o impacto da convecção do ar na extinção do incêndio.
Pode ser usado para aplicação local (Fig. 7-5) ou inundação total (Fig. 7-6).

Fig. 7.5 – Sistema fixo de aplicação local no involucro da turbina

OSTENSIVO - 7-5 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 7-6 – Sistema de inundação total no compartimento de bombas de transferência de óleo

7.5 - SISTEMAS DE BORRIFO COM CO2


Os sistemas fixos de CO2 são instalados a bordo com a finalidade de saturar a atmosfera
no interior dos compartimentos que apresentam maiores riscos de incêndio. Exceto no que se
refere às manobras para descarga do gás e às suas dimensões, as ampolas de CO2 empregadas
nos sistemas fixos são semelhantes às ampolas dos extintores portáteis. As instalações fixas de
CO2 podem ser de dois tipos: o de mangueira em sarilho e o de descarga direta à distância.
7.5.1 - Mangueira em sarilho
O tipo de mangueira em sarilho (Fig. 7.7) consiste em duas ampolas ligadas a uma
seção de mangueira especial para CO2, colhida em um sarilho e com um difusor na
extremidade. Próximo ao difusor há uma válvula que controla a descarga do gás. A válvula
próxima do difusor, como no caso dos extintores portáteis, permite uma interrupção
temporária, mas a vedação não será perfeita e só será conseguida após a substituição do selo
da ampola.

Fig. 7.7 – Instalação fixa de CO2, tipo mangueira em sarilho

7.5.2 -Descarga direta


O tipo de descarga direta (Fig. 7.8) consiste em duas ou mais ampolas que descarregam
para uma canalização que leva o CO2aos compartimentos protegidos pelo equipamento.

OSTENSIVO - 7-6 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 7.8 – Sistema de descarga direta

Um cabo de arame vai do mecanismo de disparo das válvulas das ampolas até uma
caixa para partida à distância, com tampa de vidro, localizada fora do compartimento onde se
encontram as ampolas. Para descarregar o CO2 é necessário quebrar o vidro e puxar a
alavanca. Em algumas instalações, existem alavancas para descarga de CO2 em cada ampola;
em outras, apenas duas ampolas são comandadas pelo cabo de arame, e as demais são abertas
por válvulas automáticas de pressão. De um modo geral, as diferenças encontradas de um
fabricante para outro são pequenas.
Antes de empregar o CO2 como agente abafador, deve ser verificado se todos os acessos
ao compartimento estão fechados e as ventilações estão paradas (ou serão paradas
automaticamente ao se abrir o CO2). A descarga das ampolas, uma vez iniciada, não poderá
mais ser interrompida. O sistema de descarga direta pode ser aplicado para inundação total
(Fig. 7.9) ou aplicação local (Fig. 7.10).

OSTENSIVO - 7-7 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 7.9 – Sistema com inundação total Fig. 7.10 – Sistema com aplicação local

Fig 7.11 – Sistema fixo de CO2 em funcionamento

7.6 - SISTEMAS DE BORRIFO COM HALON


Em condições normais, o gás halon é incolor, possui alta densidade (cinco vezes a do
ar), é inodoro, possui baixo ponto de ebulição, baixa viscosidade, não deixa resíduos quando
usado e não é corrosivo.
Por estas características, o halon é recomendado para proteção a Centros de
Processamento de Dados (CPD), painéis de controle automatizados e todas as fontes de
incêndio classe “C” que requeiram um agente “limpo” para extinção de incêndio.
O halon é um composto químico formado basicamente de cloro, flúor e carbono. Os
tipos mais comuns utilizados na Marinha do Brasil (MB) são o Halon 1211 e o Halon 1301.
Esses agentes extinguem o fogo por abafamento e têm a propriedade de suprimir ou
isolar os elementos químicos envolvidos, quebrando assim a reação em cadeia.

OSTENSIVO - 7-8 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
7.6.1 - Emprego do Halon
Na MB, o agente normalmente utilizado em sistema fixo é o Halon 1301. Encontra-
se em desuso, devido ao Protocolo de Montreal, porém seu uso para fins militares (combate a
incêndio em Navios) é permitido. Em caso de um disparo acidental do halon 1301, num
compartimento onde não exista fogo, o pessoal pode ser exposto a uma concentração de 5 a
7% por até cinco minutos, e, no caso do halon 1211 em uma concentração de até 4%, é
aceitável também a permanência no ambiente por no máximo cinco minutos. Contudo, nos
dois casos o compartimento deverá ser obrigatoriamente evacuado.
O sistema de extinção por inundação total pode ser disposto a bordo de duas
maneiras:
– estação central de halon; e
– bancada local.
A instalação de um ou de outro sistema depende do espaço disponível, quantidade e
volume dos compartimentos a serem protegidos e distância entre estes compartimentos. A
estação central de halon é composta de um compartimento onde estão instaladas todas as
ampolas com redes que se encaminham para os diversos compartimentos a serem protegidos
(Fig. 7.12).

Fig. 7.12 – Sistema de estação central de halon

7.6.2 - Vantagens do halon


– para instalações em estação central, requer menor espaço ocupado pelas ampolas, em
comparação com o CO2;
– apresenta baixo nível de toxidez. É classificado como o menos tóxico dos agentes
halogenados;
– descarrega normalmente entre dez e vinte segundos, resultando na rápida extinção do
incêndio se comparado com os dois minutos de descarga do CO2;
– baixa porcentagem por volume necessário do agente extintor quando comparado com
o CO2;

OSTENSIVO - 7-9 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
– quando aplicado em inundação total é extremamente dispersivo e é capaz de penetrar
eficazmente em locais onde outros agentes não atuam satisfatoriamente;
– por ser um agente “limpo”, não requer limpeza após seu uso;
– não é condutor elétrico;
– não é corrosivo; e
– não afeta a estabilidade de navios quando aplicado, em comparação com a utilização
de água.
7.6.3 - Desvantagens do halon
– necessidade de evacuação do compartimento antes de sua utilização;
– não apresenta efeito de resfriamento;
– alto custo;
– as facilidades para recarga são limitadas, comparativamente com o CO2;
– ineficaz em incêndios de classe “D”;
– não é utilizado em incêndios classe “A”, pois, apesar de extinguir as chamas, não
resfria o material, mantendo o potencial para reativação do incêndio; e
– é necessária a parada, antes da descarga, de todos os motores de combustão interna
que aspiram diretamente do compartimento protegido. Essa aspiração pelos motores pode
reduzir significativamente a quantidade do agente descarregado no ambiente, reduzindo ou
anulando o efeito extintor. Por outro lado, foi constatado que o Halon “excita” os motores de
combustão interna, ao contrário do CO2, que provoca a parada dos motores por falta de
oxigênio.
7.7 - SISTEMAS DE DETECÇÃO E ALARME DE INCÊNDIO
Permitem que princípios de incêndios sejam, com presteza, informados por intermédio
de um sinal de alarme. Existem dois tipos: o humano e o automático.
– O humano é o melhor detector, porém nem sempre é possível sua presença em todas
as situações e lugares.
– o automático tem como finalidades descobrir rapidamente o princípio de incêndio,
executar um plano de alarme preestabelecido e colocar em ação um plano de emergência.
O sistema MINERVA, por exemplo, instalado em diversas classes de navios, consiste
basicamente em detectores posicionados em vários compartimentos (exceto hangar e
sanitários), que se ligam ao “Console do Controle de Avarias” situado no Centro de Controle
da Máquina. Qualquer detector, quando atuado, faz soar no painel um alarme sonoro,
acompanhado de um alarme visual.
Os sensores existentes podem ser para detecção dos gases da combustão, de chama ou
de aumento de temperatura (Fig. 7.13).
OSTENSIVO - 7-10 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 7.13 – Tipos de sensores


7.7.1 - Detectores de fumaça e dos gases da combustão
Os detectores dos gases da combustão são classificados da seguinte forma:
– iônico – detectam os produtos da combustão pela influência destes sobre a corrente
elétrica numa câmara de ionização; e
– óptico – a detecção se dá medindo os efeitos (escurecimento ou dispersão) da
interferência das partículas da fumaça sobre o sensor de luz (detector fotoelétrico).
7.7.2 - Detectores de chama e calor
Os detectores de chama captam a radiação infravermelha e ultravioleta emitida pela
chama.
7.7.3 - Detectores de temperatura
Os detectores de temperatura são classificados da seguinte forma:
– termostático – detectam quando a temperatura ambiente ultrapassa um valor
específico durante um tempo determinado; e
– termo velocímetro – detecta se a velocidade com que a temperatura se eleva
ultrapassa um valor específico durante um tempo determinado.
Os detectores instalados a bordo são, normalmente, de dois tipos: o sensível à fumaça e
a gases de combustão em geral, instalado em praticamente todos os compartimentos, e o
sensível ao calor, instalado nas cozinhas.
7.8 - MANUTENÇÃO DOS SISTEMAS DE COMBATE A INCÊNDIO
As praças de máquinas das diversas classes de navios da MB são servidas por uma
variedade de sistemas e equipamentos de combate a incêndio, como sistemas fixos de CO2 ou
HALON, sistemas de borrifo de teto ou porão, equipamentos de produção de espuma,
estações geradoras de espuma, sarilhos de espuma e pó químico (dispositivo de duplo agente),
sarilhos de CO2, extintores de pó químico, espuma e CO2, tomadas de incêndio e outros.

OSTENSIVO - 7-11 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
O CAv lida com situações de emergência, portanto os equipamentos devem estar em
excelentes condições de funcionamento, merecendo especial atenção dos encarregados das
incumbências. Para exemplificar, são apresentadas a seguir, algumas preocupações com
equipamentos e acessórios:
7.8.1 - Sistemas fixos:
– existência de instruções claras e objetivas de operação (check-list), afixadas em locais
de fácil visualização e leitura;
– verificação da pesagem e da pressão das ampolas, bem como do posicionamento das
válvulas para pronta operação;
– verificação do funcionamento dos dispositivos de fechamento dos flaps de dutos de
ventilações e extrações e de parada dos respectivos motores;
– verificação da estanqueidade das portas de acesso à praça de máquinas,
principalmente em relação ao estado de conservação de suas borrachas;
– confeccionar um check-list de todos os acessórios estanques que devem ser fechados
antes do lançamento;
– Manter sempre fechados os dutos de lançamento de espuma nos porões, após a
realização dos lançamentos; e
– verificar o correto funcionamento de alarmes sonoros e visuais, no interior da praça
de máquinas.
7.8.2 - Sistemas de borrifo:
– existência de instruções claras e objetivas de operação (check-list), afixadas em
local de fácil visualização e leitura;
– verificação de entupimentos das redes e “sprinklers”, e do posicionamento das
válvulas para pronta operação;
– verificação de possíveis entupimentos nas redes;
– verificação do estado das redes, mangotes e comandos à distância; e
– verificação do funcionamento do dispositivo de partida das estações de produção de
espuma, onde for o caso.
7.8.3 - Estações geradoras de espuma e dispositivo de duplo agente:
– existência de instruções claras e objetivas de operação, afixadas em local de fácil
visualização e leitura;
– verificação do posicionamento das válvulas para pronta operação;
– verificação do estado das válvulas e proporcionador e sua correta operação;
– verificação da quantidade de espuma nos tanques para pronto uso;
– verificação da pressão das ampolas de nitrogênio;
OSTENSIVO - 7-12 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
– verificação do estado do pó químico armazenado na respectiva ampola; e
– verificação do estado dos mangotes de espuma e pó químico, e de seus respectivos
esguichos.

OSTENSIVO - 7-13 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
CAPÍTULO 8
PROTEÇÃO E SEGURANÇA
8.1 - GENERALIDADES
Todo o material que tem como propósito básico proteger o homem que combate um
incêndio, contra quaisquer fatores que coloquem em risco sua integridade física, é conhecido
como equipamento de proteção.
Durante a fase de preparação para um combate a um incêndio, devem-se prover três
tipos básicos de proteção aos componentes do grupo:
– proteção contra queimaduras;
– proteção ao aparelho respiratório; e
– proteção contra choques na cabeça.

8.2 - PROTEÇÃO CONTRA QUEIMADURAS


Quem engaja em fainas de combate a incêndio necessita de proteção contra o calor.
8.2.1 - Roupa de proteção
Certas formas de aplicação da água (neblina de alta e baixa velocidade) e de espuma
(neblina de espuma) oferecem boa proteção contra o calor radiante, porém a proteção básica
individual está diretamente ligada à vestimenta.
a) Proteção Básica
Na ausência de roupas especiais, o uso de vestimentas à base de algodão oferece
proteção significativa contra o calor irradiante de um incêndio. Por esse motivo, adotou-se o
macacão como vestimenta padrão a bordo dos navios em viagem. O uso de roupas de baixo
(cuecas, meias e camisetas) de algodão também é recomendável, na medida em que tecidos
sintéticos poderão queimar e grudar na pele quando submetidos ao calor.
Como complementos, para proteção das mãos e cabeça, utilizam-se as luvas e capuzes
antiexposição (antiflash) (Fig. 8.1).

OSTENSIVO - 8-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 8.1 – Roupa de proteção básica.


O capuz deve ser utilizado por dentro do macacão e fixado junto ao pescoço pela gola
do macacão. Para a proteção básica, é obrigatório o uso da bota de convés.
b) Roupas de Aproximação
Os componentes dos reparos devem estar vestidos com
uniforme de combate completo, inclusive capacetes com
lanterna, capuz e luva antiexposição ou luvas para trabalhos
pesados, com exceção dos componentes da Turma de Suporte
“B”, que devem estar vestidos com roupas de aproximação
tipo “Fearnought” inglesa ou “FFE-Firefighting Coverall”
americana (Fig. 8.2).
As altas temperaturas existentes nos incêndios e a
grande quantidade de vapor produzida quando a água entra em
contato com o material em combustão, ou anteparas e pisos
quentes, são ameaças ao pessoal envolvido na faina de
combate a incêndio. O vapor penetra nas luvas e capuz,
provocando queimaduras.
O uso da roupa de aproximação protege o pessoal,
permitindo um ataque eficaz, por um tempo maior. As botas
de borracha com proteção de aço e cano alto são de elevada
necessidade, além do uso de luvas resistentes à alta
temperatura (luvas de CBINC) e Capacetes com lanterna tipo
Fig. 8.2 – Roupa de aproximação
mineiro. Relembra-se que o uso da roupa de aproximação não
tipo “Fearnought”
dispensa o uso do macacão operativo por baixo (Fig. 8.3).

OSTENSIVO - 8-2 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 8.3 – Roupa de aproximação tipo “Firefighting”

c) Roupas de Penetração
As roupas de penetração são usadas nas fainas de combate a incêndio onde o militar
poderá ficar em contato direto com as chamas ou altas temperaturas.
As roupas aluminizadas devem ser vestidas sobre o macacão. Constam de calças, paletó,
botas, luvas e capuz com visor. Modernamente, roupas de lã de vidro e aluminizadas estão
substituindo as roupas de amianto. A superfície aluminizada reduz a absorção do calor
radiante (Fig. 8.4).

Figura 8.4– Roupa de Penetração


8.3 - PROTEÇÃO DO APARELHO RESPIRATÓRIO
É fundamental identificar os quatro riscos mais comuns encontrados em incêndios com
a exposição do aparelho respiratório:
– falta de oxigênio;
OSTENSIVO - 8-3 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

– temperaturas elevadas;
– fumaça; e
– gases tóxicos.
8.3.1 - Falta de oxigênio
O processo de combustão consome oxigênio (O2) e, ao mesmo tempo, produz gases
tóxicos. Estes ocupam o lugar do O2 ou diminuem sua concentração. Quando a concentração
de O2 está abaixo de 18%, o corpo humano reage com aumento da frequência respiratória,
como se estivesse sendo submetido a um esforço físico maior.
O quadro a seguir mostra os sintomas causados pela deficiência de O2, considerando
diferentes porcentagens de O2 no ar respirado:

Porcentagem de O2 Efeitos Sobre o Corpo Humano


no ar respirado
21% Condição normal.
17% Alguma perda de coordenação motora. Aumento na frequência
respiratória para compensar a baixa concentração de O2.
12% Vertigem, dor de cabeça e fadiga.
9% Inconsciência.
6% Morte em poucos minutos por parada respiratória e concorrência
de parada cardíaca.
Observações:
1) Os dados não podem ser considerados absolutos, pois não levam em conta as
diferentes capacidades respiratórias e o tempo de exposição.
2) Os sintomas descritos acima ocorrem considerando-se apenas a redução da
concentração de O2. Quando ocorrer a presença de gases tóxicos, poderão ocorrer
outros sintomas.
Quadro 8.1 – Efeitos sobre o corpo humano da redução de oxigênio no ar.
8.3.2 - Temperaturas elevadas
A exposição ao ar aquecido pode causar danos ao aparelho respiratório. Quando as
temperaturas excedem 60 ºC, pode-se considerar que o calor é excessivo, e quando o ar
preenche rapidamente os pulmões pode causar baixa da pressão sanguínea e danos ao sistema
circulatório. Um dos riscos é o edema pulmonar, que pode causar morte por asfixia. O fato de
se respirar ar puro e fresco logo depois não torna o dano reversível de imediato.

OSTENSIVO - 8-4 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

8.3.3 - Fumaça
A fumaça é constituída principalmente por partículas de carbono (C, CO e CO2) em
suspensão. O tamanho das partículas é que determina a quantidade que, quando inalada,
penetrará nos pulmões.
8.3.4 - Gases tóxicos
Um incêndio pode gerar a exposição a substâncias tóxicas e irritantes. No entanto, não é
possível prever quais serão essas substâncias. A inalação simultânea de substâncias tóxicas ou
irritantes pode ter efeitos mais graves do que quando são inaladas separadamente.
A inalação de gases tóxicos pode determinar vários efeitos no corpo humano. Alguns
gases causam danos diretamente aos tecidos dos pulmões e perda de suas funções. Outros
gases não têm efeito direto nos pulmões, mas quando entram na corrente sanguínea, inibem a
capacidade dos glóbulos vermelhos transportarem O2.
a) Monóxido de Carbono (CO)
O monóxido de carbono destaca-se entre os gases tóxicos. A maioria das mortes em
incêndios ocorre por causa do monóxido de carbono (CO). Este gás sem cor e sem odor está
presente em todo incêndio e a queima incompleta é responsável pela formação de grande
quantidade de CO. Pode-se entender que fumaça escura indica altos níveis de CO.
A hemoglobina existente no sangue é responsável pela troca gasosa. O CO combina-se
com a hemoglobina de forma irreversível, inutilizando-a. Quando grande parte da
hemoglobina do sangue se combina com CO, pode-se morrer por falta de oxigênio.
Num ambiente, a concentração de 0,05% de monóxido de carbono no ar já é perigosa.
Ainda que a concentração de CO no ambiente seja maior que 1%, não ocorrem sinais que
permitam a fuga do local em tempo hábil.
Em baixos níveis de concentração de CO, ocorrem dor de cabeça e tontura (que são
avisos antecipados), antes da incapacitação.
b) Outros Gases
Além do CO existem outros gases tóxicos e asfixiantes que causam efeitos prejudiciais
à saúde do homem.
Exemplos:
– cloreto de hidrogênio (HCl);
– cianeto de hidrogênio (HCN);
– dióxido de carbono (CO2);
– óxido de nitrogênio (NO); e
– fosgênio (COCl2).
OSTENSIVO - 8-5 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202

8.4 - MÁSCARAS CONTRA GASES IRRITANTES E TÓXICOS


Em um incêndio, é normal a formação de gases irritantes aos olhos e às vias
respiratórias. Dependendo do material em combustão, é possível também a formação de gases
tóxicos. Determinados tipos de máscaras dotadas de filtros (normalmente de carvão ativado)
permitem a respiração em atmosferas assim contaminadas, desde que essa atmosfera disponha
ainda de um percentual adequado de oxigênio.
Quando o incêndio ocorre em ambientes confinados, é praticamente certo o acúmulo
desses gases, enquanto que paralelamente se verifica a redução do percentual de oxigênio.
Nesses casos, é necessário que sejam utilizadas máscaras que possam prover uma atmosfera
restrita respirável em seu interior. Diz-se restrita por não ser dependente do ar exterior,
comunicando-se com o ambiente externo, quando o faz, apenas para a exalação.
8.4.1 - Máscaras com filtros
As máscaras que dispõem apenas de filtros são impróprias para as fainas de combate a
incêndio e não serão consideradas neste manual.
As máscaras que podem prover atmosfera restrita são as máscaras com ampola de ar
comprimido.
8.4.2 - Máscaras com ampolas de ar comprimido
Estas máscaras funcionam debitando automaticamente a quantidade de ar necessária
para cada inalação. Existem vários fabricantes, porém todas as máscaras operam dentro de um
mesmo princípio de funcionamento.
São compostas de um conjunto de máscara facial contra gases, suporte básico e de
formato anatômico, cilindro de ar comprimido, válvula de demanda automática, sinal acústico
de alarme e manômetro.
a) Drager Lubeca PA 54
O cilindro trabalha com a pressão de 200 bar, que é reduzida para a pressão média e
constante de 5 bar. O seu volume é de 7 litros de ar a 200 bar, que equivalem a 1400 litros de
ar na pressão atmosférica normal. Quando o cilindro atinge 50 bar, soa um alarme. Sua
autonomia é de aproximadamente 25 minutos (Fig. 8.5).
É possível se adaptar um dispositivo de comutação para respiração através de
mangueira de ar comprimido, abastecendo por longo tempo o usuário da máscara.

OSTENSIVO - 8-6 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 8.5 – Máscara Drager Lubeca PA 54

b) BASCCA (Breathing Apparatus, Self Contained, Compressed Air)


O cilindro trabalha com a pressão de 207 bar e possui a capacidade de 1400 litros de ar
no modelo padrão (ampola de aço-carbono) e 1210 litros de ar para a versão não-magnética
(ampola de fibra de carbono)(Fig. 8.6).
Quando o cilindro está totalmente carregado, no modelo padrão, possibilita uma
autonomia de 27 minutos até o disparo do apito alarme, ou de 25 minutos na versão não-
magnética.
Após o alarme ainda permanecem sete minutos de ar para a utilização.

Fig 8.6 – Máscara BASCCA (não-magnética)

c) Máscaras autônomas MSA mod. 401


O cilindro trabalha com a pressão de 150 bar e possui capacidade de 1270 litros de ar.
Quando totalmente carregada dá uma autonomia de trinta minutos.

OSTENSIVO - 8-7 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 8.7 – Máscara MSA Mod. 401

8.4.3 – Máscara para Escape de Emergência


Os navios devem ter a bordo máscaras de escape de emergência. Entre as máscaras
existentes podemos mencionar: ELSA (Emergency Life Support Apparatus) e EEBD
(Emergency Escape Breathing Device). Essas máscaras foram concebidas apenas para o
escape de pessoal de locais tomados por fumaça espessa, e por isto, não podem ser
empregadas em fainas de combate a incêndio ou nas fainas de CAv.
As máscaras ELSA (Fig. 8.8) são recarregáveis com duração de oito minutos. As
máscaras EEBD são descartáveis, tendo uma vida útil de quinze anos após sua fabricação e
duram 15 minutos (Fig. 8.9).

Fig. 8.9 – Máscara EEBD


Fig. 8.8 – Máscara ELSA

8.4.4 - Qualidade do Ar comprimido para Aparelhos de Respiração Autônoma


No intuito de aumentar o nível de segurança do pessoal envolvido em combate a
incêndios e respectivos adestramentos, recomenda-se aos navios observar o preconizado na

OSTENSIVO - 8-8 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

nota 1 do Anexo A da NBR 12543 - Equipamentos de Proteção Respiratória e no item 5.1 da


Nacional Fire Protection Association (NFPA)- 1989, que trata das especificações da
qualidade do ar respirável e estabelece a frequência trimestral para a realização da análise
para apresentar os laudos da qualidade do ar produzido pelas estações de recarga.
8.5 - CÂMERA DE IMAGEM TÉRMICA (TIC-Thermal Image Camera)
Esta câmera é um equipamento que capta a diferença da radiação infravermelha de
objetos com diferença de temperatura de pelo menos 4 ºF, permitindo detectar diferentes
perfis de temperatura em um ambiente. Pode detectar pontos mais quentes ou mais frios em
um local, diferenciando-os pelo tipo de apresentação. Pode ser usada para localizar focos de
incêndio através da fumaça, neblina de água ou espuma, homens em ações de salvamento em
locais tomados por fumaça, vazamentos de vapor, verificar a qualidade de isolamentos
térmicos, etc. (Fig. 8.10 e 8.11)

Fig. 8.10 – Câmera de Imagem Térmica P 4428 – EEV

Fig. 8.11 Câmera de Imagem Térmica K-90 Talisman - ISG

Os equipamentos acima são os modelos encontrados nos navios da Esquadra. A TIC é


de uso obrigatório pelo “team leader” da turma de suporte “B” e pelo grupo responsável pela

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faina de rescaldo no compartimento. No entanto, é um recurso muito útil para o combate a


incêndios em qualquer tempo, devendo ser providenciada o quanto antes para a cena de ação.
Limitações:
− água, poeira e fuligem, quando depositadas na lente da câmera, distorcem a imagem,
devendo ser feita a limpeza da lente com um pano limpo;
− a câmera não deve ser usada para localizar focos de incêndio através de janelas de
vidro. Além do infravermelho não atravessar algumas superfícies de vidro, o calor refratado
pode dar falsa indicação ao operador;
− quando exposta a um calor excessivo, a imagem apresentada pela câmera poderá ficar
saturada (cinza ou branca) e ela só retornará ao funcionamento normal quando apontada para
uma direção menos quente. Para uma melhor imagem do fogo, a câmera deve ser posicionada
de tal forma que o fogo apareça nas bordas do visor; e
− o “spray” formado pela cortina d'água da linha de proteção forma uma barreira óptica
que a câmera não consegue penetrar. A imagem apresentada fica opaca. A linha de proteção
deverá sair da direção do fogo, em um movimento rápido, a fim de permitir a localização do
fogo pelo “team leader”.
8.6 - CAPACETE DE PROTEÇÃO
– Capacete de bombeiro cor vermelha com lanterna para turma de incêndio
Utilizado pela turma de suporte “B” em conjunto com a roupa de aproximação (Fig.
8.12).

Fig.8.12 - Capacete de bombeiro

– Capacete de segurança aba total na cor terra


Utilizado por todas as turmas dos reparos de CAv, quando o reparo estiver
guarnecido em qualquer condição, exceto a turma de suporte “B” (Fig. 8.13).

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Fig. 8.13 - Capacete de segurança

8.7 - OXÍMETRO (MEDIDOR DE TAXA DE OXIGÊNIO)


O sistema mais usado é o de detecção por uma
célula eletrolítica. Nele a corrente elétrica, produzida
pela célula, é proporcional a porcentagem de
oxigênio que passa por uma solução salina. Através
de um amperímetro, a porcentagem de oxigênio no
ar, ou de uma mistura gasosa, pode ser
imediatamente determinada. (Fig. 8.14)
Fig. 8.14 – Oxímetro

8.8 - EXPLOSÍMETRO
Os “indicadores de vapores” de hidrocarbonetos usados a bordo dos navios são
conhecidos como explosímetros (Fig 8.15). São instrumentos para rápida detecção e medição
de gases ou vapores combustíveis no ar.

Fig. 8.15 – Modelos de explosímetros

8.8.1-Explosímetros Digitais
Existem no mercado explosímetros mais avançados e capazes de fornecerem medidas
mais precisas: são os explosímetros digitais (Fig. 8.16). A desvantagem deste equipamento é a
necessidade anual de aferição.
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Fig. 8.16 – Explosímetro Digital Portátil Mod. EXP-1000

8.9 - DETECTOR DRAGER


É um detector químico de gases composto, em síntese, por uma bomba de ar manual e
por tubos de reagentes químicos. Cada tipo de gás a ser pesquisado requer um tubo com
reagente próprio, que fica inutilizado após o uso. Para a medição, são rompidas as
extremidades do tubo, que é inserido na bomba. Depois de realizado o acionamento manual
da bomba, observa-se a indicação da mudança de cor do tubo. O valor numérico obtido dá a
medida da concentração do gás (Fig. 8-17).

Fig. 8.17 – Detector Drager e tubos

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CAPÍTULO 9
TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO
9.1 - GENERALIDADES
Técnica de combate a incêndio é a utilização correta dos meios disponíveis para
extinguir incêndios com maior segurança e com um mínimo de danos durante o combate.
As fainas de combate a incêndio podem enquadrar-se em duas situações distintas quanto
ao tipo de ataque:
– Ataque Direto – quando os militares conseguem entrar no compartimento e atacar o
foco do incêndio; e
– Ataque Indireto – os militares podem ter acesso ao compartimento, mas não
alcançam a base do fogo devido à presença de obstáculos, ou as condições do compartimento
(fase de desenvolvimento) não permitem a entrada no recinto, impossibilitando o ataque
direto ao fogo. Água em forma de neblina ou jato sólido é lançada para o interior do
compartimento através de qualquer acessório ou abertura, ou é lançada para sobre a base do
fogo, para controlar o incêndio. Após a melhora das condições, passa-se para o ataque direto.
Os procedimentos específicos de cada tipo de ataque serão descritos a seguir.
9.2 - DESCOMPRESSÃO E ENTRADA FORÇADA OU COMPULSÓRIA
As altas temperaturas e grande quantidade de fumaça presentes num incêndio dificultam
sobremaneira o acesso das equipes para o efetivo combate. O aumento da quantidade de calor
e a fumaça gerada vai prosseguir durante a fase de incêndio desenvolvido, até a fase de queda
de intensidade. Nessa situação, pode ser necessário descomprimir um compartimento para
permitir que as elevadas temperaturas baixem para níveis menores e que se reduza a
quantidade de fumaça, permitindo à equipe avançar para promover a aplicação direta ou
indireta do agente extintor.
A faina de descompressão compreende a abertura de algum acessório, ou fazendo um
furo na chapa, da parte superior do compartimento sinistrado, permitindo a liberação desses
gases quentes para a atmosfera. O compartimento, portanto, deve estar imediatamente inferior
a um convés aberto, ou a um compartimento grande que seja adjacente a um convés aberto
(hangar de uma fragata, “well deck” nos navios-doca).
Equipamentos para entrada compulsória deverão ser empregados, conforme necessário,
para viabilizar o acesso a compartimentos afetados pelo fogo. Esses equipamentos incluem
cortador de parafusos, martelo de malho e alavanca, unidade portátil de oxiacetileno ou de
corte exotérmico e sistema portátil hidráulico de entrada e salvamento.

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O pessoal deve estar com roupa de proteção completa, pois ao ser feita essa abertura,
fogo, fumaça e vapor vão sair pela mesma.
9.3 - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS CLASSE “A”
As fainas de combate a incêndio a bordo de navios têm como fator essencial a rapidez
da ação dos descobridores e da turma de ataque.
Qualquer demora que permita ao fogo ganhar vulto, e em consequência a fumaça se
espalhar nas proximidades do sinistro, se as ventilações não forem paradas rapidamente, vai
mudar a característica de um incêndio em um compartimento para um incêndio em uma área.
As fainas de combate a incêndio classe “A” podem se enquadrar em duas situações
distintas, bem definidas, cada qual com diferentes métodos de ataque (todas consideram a
utilização de roupa de aproximação para combate a incêndio):
9.3.1 - Entrada no compartimento e ataque direto ao foco do incêndio
Situação vigente: Existe a possibilidade de entrar no compartimento e atacar o fogo
diretamente.
A técnica a ser utilizada, por meio de um ataque direto, é simplesmente atacar o foco
do incêndio para sua extinção (Fig. 9.1), atentando para o seguinte:
– manter-se abaixado e se possível seco;
– se não existe perigo de choque elétrico conhecido, entrar no compartimento e
aplicar diretamente água na base do fogo;
– utilizar jato/neblina de forma intermitente, para minimizar a produção de vapor;
– resfriar os gases quentes da combustão;
– não aplicar água nas anteparas e teto; e
– estabelecer as contenções – resfriar quando necessário.

Fig.9.1 – Ataque direto a um incêndio classe “A”

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9.3.2 - Ataque indireto com resfriamento dos gases da combustão


Situação vigente: A aplicação direta de água sobre a base do fogo não é possível,
exigindo a entrada no compartimento para aplicação indireta de água.
É um tipo de ataque indireto empregado na situação em que é possível o acesso ao
compartimento, mas ainda não se consegue atacar o incêndio diretamente devido à alta
temperatura, ou devido à existência de algum obstáculo (Fig. 9.2). Esse método é americano e
é conhecido como FOG ATTACK.

Fig. 9.2 – Ataque indireto a um incêndio classe “A” - “Fog attack” - Ganhando o controle do incêndio

Para que se proceda o ataque deve-se atentar para o seguinte:


– manter-se abaixado e se possível seco;
– o ataque, visando o controle do incêndio, deve ser efetuado empregando o esguicho
variável em cone de 60º (neblina de alta), o jato de neblina (60º) é orientado a 45º da
horizontal em direção à camada de gases quentes, aplicado por cerca de 2 ou 3 segundos e
feito uma pausa, a fim de se avaliar a situação e permitir que o vapor produzido se dissipe,
não é recomendável empregá-lo com esguicho universal;
– utilizar neblina de forma intermitente, direcionada para a camada de gases quentes
sobre o incêndio, para controlar o incêndio no compartimento, causando uma redução da
temperatura do compartimento e redução do calor irradiado, diminuindo gradualmente a
quantidade de chamas, possibilitando atacar diretamente o fogo;
– realizar pausas para minimizar a produção de vapor e para reavaliar a situação do
incêndio;
– avançar para atingir a base do fogo. Ajustar o esguicho para jato sólido/neblina; e
– estabelecer as contenções – resfriar quando necessário.

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9.3.3 - Ataque indireto com posterior entrada no compartimento
Situação vigente: As Altas temperaturas não permitem o acesso ao compartimento,
porém existe a possibilidade da aplicação direta de água sobre a base do fogo com jato sólido
desde o acesso ao compartimento (Fig. 9.3).

Fig. 9.3 – Ataque indireto a um incêndio classe “A”

Para que se proceda o ataque deve-se atentar para o seguinte:


– se não existe perigo de choque elétrico conhecido, então deve-se atingir a base do
fogo com jato sólido intermitente desde o acesso;
– manter-se abaixado e se possível seco;
– utilizar o método “fog attack”, se necessário;
– estabelecer as contenções – resfriar quando necessário; e
– quando a temperatura permitir, entrar no compartimento atacando o foco do
incêndio, conforme está previsto para o ataque direto.
OBS.: Empregar uma cortina de fumaça para proteger o militar do esguicho do calor e
do vapor gerado.
9.3.4 - Ataque direto com descompressão
Situação vigente: Altas temperaturas não permitem o acesso ao compartimento
sinistrado, porém existe a possibilidade de ser feito um furo no piso do compartimento
imediatamente superior ao mesmo, para que haja uma rápida redução da temperatura e
posterior ataque direto ao fogo (Fig. 9.4).

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Fig. 9.4 – Ataque direto a um incêndio classe “A” com descompressão para a atmosfera

Para que se proceda o ataque deve-se atentar para o seguinte:


– abrir um acessório ou fazer uma abertura na parte superior do compartimento;
– não direcionar a água da contenção superior para a abertura;
– após a redução da temperatura, entrar no compartimento e aplicar diretamente a
água sobre a base do fogo; e
– estabelecer as contenções – resfriar quando necessário.
9.3.5 - Ataque indireto através de aberturas no teto e antepara
Situação vigente: Altas temperaturas não permitem o acesso ao compartimento
sinistrado, porém existe a possibilidade de ser feito um furo no piso e antepara do
compartimento imediatamente superior ao mesmo, para que se faça o ataque indireto (Fig.
9.5).

Figura 9.5 – Ataque indireto a um incêndio classe “A”

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Para que se proceda o ataque deve-se atentar para o seguinte:
– forçar o ataque através da abertura de acessório ou fazer aberturas no teto e
anteparas;
– aplicação indireta de água para a redução da temperatura;
– resfriar o compartimento, aplicando água em neblina desde um acessório ou fazer
aberturas em anteparas ou teto;
– após a redução da temperatura, empregar um dos métodos anteriores; e
– estabelecer as contenções – resfriar quando necessário.
Caso seja impossível o ataque direto ou indireto ao incêndio, qualquer recurso pode e
deve ser utilizado, como, por exemplo, prender um esguicho em um aplicador ou pedaço de
madeira, usando como extensor, possibilitando lançar água no interior do compartimento.
9.3.6 - Ataque indireto com descompressão
Situação vigente: Altas temperaturas não permitem o acesso ao compartimento
sinistrado, porém existe a possibilidade de ser feito um furo no teto e na antepara do mesmo,
para que se faça o ataque indireto e possa descomprimir para a atmosfera reduzindo a
temperatura no compartimento (Fig. 9.6).

Fig. 9.6 – Ataque indireto a um incêndio classe “A” com descompressão para a atmosfera

Para que se proceda o ataque deve-se atentar para o seguinte:


– abrir um acessório ou fazer uma abertura na parte superior do compartimento;
– forçar o ataque através da abertura de acessório ou fazer aberturas no teto e
anteparas para resfriar o compartimento;
– aplicação indireta de água em neblina para a redução da temperatura;
– aplicação direta de água sobre a base do fogo, após a redução da temperatura;
– não direcionar a água da contenção superior para a abertura;

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– após a redução da temperatura, empregar um dos métodos anteriores; e
– estabelecer as contenções – resfriar quando necessário.
9.3.7 - Recomendações adicionais para o ataque indireto
– aplicar água continuamente por cerca de 5 a 10 minutos no início do ataque;
– o acessório através do qual a água está sendo lançada deve ser aberto apenas o
suficiente para a passagem do esguicho ou do jato de água;
– se for necessário fazer uma abertura (furo), deve ser cortado apenas o suficiente
para a passagem do esguicho ou aplicador;
– se necessário, o aplicador pode ser deixado aberto desguarnecido, sob vigilância, se
as condições, isto é, o vapor e a fumaça, forçarem o afastamento do militar;
– se necessário, utilizar uma cortina ou cobertor de fumaça para reduzir a quantidade
de vapor que sai do compartimento;
– os militares devem se posicionar de maneira a se protegerem do calor irradiado e da
exposição ao vapor;
– se atacando através de um agulheiro, um método é posicionar o esguicho e arriar o
agulheiro sobre a mangueira, reduzindo a quantidade de vapor e fumaça que saem do
compartimento;
– o ataque direto subsequente deve ser iniciado assim que possível;
– se não for possível manter o ataque, isolar o compartimento, manter a contenção e
voltar a realizar o ataque de 2 a 3 minutos depois, repetindo tal procedimento enquanto
necessário; e
– o aplicador de neblina de baixa pode ser utilizado, mas preferencialmente empregar
esguicho variável em neblina, o que vai permitir o ataque logo que possível com o mesmo
esguicho.
9.4 - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO CLASSE “B”
O combate a um incêndio dessa classe envolve o problema da grande produção de
fumaça negra e as altas temperaturas produzidas, principalmente em se tratando de fogo em
óleo pulverizado ou espalhado numa grande área. Incêndios em paióis de tintas produzem
grande quantidade de gases altamente tóxicos.
Os agentes extintores a serem utilizados são espuma AFFF, Pó Químico e APC (Aqueus
Potassium Carbonate). Na sua ausência, água pode ser utilizada, devendo ser previsto, no
entanto, um período maior de combate a incêndio, um maior desgaste do pessoal, um maior
número de militares e ampolas, grandes danos devido ao tempo excessivo para a extinção do
incêndio e grande risco de recrudescimento do mesmo.

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Devido à suas características e ao grande risco que representam, na maioria dos navios
os compartimentos onde existe grande quantidade de combustíveis, tintas, graxas etc. são
servidos por sistemas fixos de extinção de incêndio do tipo borrifo de espuma ou água, ou
alagamento por CO2 / HALON.
9.4.1 - Incêndio em Praça de Máquinas
As praças de máquinas são ambientes de alta temperatura, onde existe grande
quantidade de combustíveis e lubrificantes e grande quantidade de equipamentos elétricos
energizados.
Nos navios, a ocorrência de vazamentos de óleos combustíveis ou lubrificantes podem
ocorrer por fadiga de material, falta de manutenção adequada ou má condução.
As dificuldades inerentes a um incêndio em uma praça de máquinas são:
– grande quantidade de fumaça negra, provocando perda de visibilidade em cerca de 2
min., dificultando a evacuação da Praça afetada e impossibilitando encontrar os focos de
incêndio;
– dificuldades de acesso, pois a descida vertical representa risco para o pessoal, e o
fogo e fumaça se concentram na parte superior da praça de máquinas;
– as altas temperaturas envolvidas num incêndio classe “B”.
Os navios devem possuir um Procedimento de Combate a Incêndio em Praça de
Máquinas, visando disseminar a metodologia específica a ser adotada na ocorrência de um
grande vazamento de óleo combustível (ou lubrificante) ou um incêndio classe “B” em suas
praças de máquinas. Além disso, a utilização adequada de cada sistema e equipamento de
combate a incêndio de bordo, empregado nessa situação, deve ser de conhecimento de todos.
Essa faina envolve ações complexas, com grande quantidade de pessoal e material,
requerendo organização, conhecimento da cena de ação, interação e rigorosa coordenação do
pessoal, sendo essencial o uso de Listas de Verificação pelas diversas estações envolvidas.
Mais detalhes sobre essa situação serão expostos no Capítulo 10.
9.5 - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO CLASSE “C”
Os procedimentos para combate a incêndio dessa Classe visam à segurança do militar e
à preservação da capacidade de combate do navio ou de operação do equipamento.
Incêndios em equipamentos energizados devem ser combatidos com CO2, que é um
agente extintor limpo, ou com PQS. Este último deixará resíduos que podem ser de difícil
remoção, ou até mesmo danificar relés ou contatos elétricos delicados.

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Fainas de combate a incêndio Classe “C” são mantidas como dessa classe até que se
mostre impossível controlar e extinguir o mesmo sem a utilização de grande quantidade de
água.
A sequência de ações são como a seguir:
– desalimentar o equipamento;
– iniciar o combate ao fogo, verificando a necessidade de abrir ou não portas de
gabinetes ou painéis. Se for necessário, é recomendável a utilização de luvas isolantes para
tal;
– empregar preferencialmente CO2, porém, se for necessário utilizar água, aguardar
autorização do Comando, pois equipamentos vitais ou mesmo sistemas podem ser avariados.
Se for autorizado, utilizar água em neblina de alta velocidade a uma distância mínima de 2
metros. Utilizar água doce se disponível. Não utilizar jato sólido ou aplicador de neblina;
– manter o difusor fora do painel ou gabinete, tomando o cuidado de não ter nenhum
contato físico com partes possivelmente alimentadas, para prevenir choque elétrico; e
– extintores para serem empregados em painéis que possuem local para injeção de CO2
devem ser adequados para tal e ter proteção isolante.
9.6 - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO CLASSE “K”
Esse tipo de incêndio geralmente é resultante do sobreaquecimento do óleo utilizado
nos fritadores, da falta de atenção do pessoal que os utilizam e da deficiência na manutenção
da limpeza dos dutos e telas de extração de cozinhas.
As cozinhas e copas devem possuir em local de fácil visualização, instruções claras e
objetivas para a desalimentação dos equipamentos (isolamento elétrico) e parada de
ventilações/fechamento de flaps (isolamento mecânico).
Os fatores que contribuem para a intensidade do fogo e sua propagação são:
• demora na descoberta do incêndio;
• dutos e telas da extração sujos e cheios de óleo; e
• espalhamento do fogo para as proximidades por má utilização do agente extintor.
O sinal de sobreaquecimento é a produção de fumaça branca sobre o óleo do fritador,
que deverá ser desligado e tampado por, pelo menos, cinco minutos, a fim de causar
abafamento e aguardar o óleo resfriar.
Se ocorrer o incêndio, deve ser dado imediatamente o alarme, desalimentado o
equipamento e iniciado o ataque.

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9.7 - A PREPARAÇÃO PARA A REENTRADA EM UM COMPARTIMENTO
Após uma tentativa inicial de combate a um incêndio em um compartimento ou em uma
área, dependendo das proporções do mesmo, pode ser necessário adotar os seguintes
procedimentos: isolar o compartimento, incrementar as contenções, realizar o isolamento
mecânico e elétrico, empregar algum tipo de Sistema Fixo, se disponível, e reiniciar o ataque
ao incêndio com pessoal melhor protegido e melhor equipado.
A preparação do pessoal e material para esse novo ataque deve ser a mais rápida
possível.
As mangueiras devem ser preparadas sob orientação do líder ou investigador, que
verificam se as linhas não estão se cruzando, formando cocas etc.
O ideal é a preparação das linhas estendidas fazendo um “S” na extensão da área de
acesso.
Dependendo da classe do navio, pode ser necessária a preparação de três linhas de
mangueira, sendo uma “linha de proteção do navio”, que deve ser posicionada no ponto de
acesso ao compartimento, fazendo a proteção através da selagem do mesmo, reduzindo a
saída de fogo, gases quentes e fumaça. Essa linha pode correr pelo alto, fixada através de
ganchos tipo “S”, para não interferir com as linhas de mangueira de combate a incêndio.
As mangueiras só devem ser pressurizadas após levadas o mais próximo possível do
local de início do ataque, pois é mais fácil seu manuseio enquanto sem pressão.
Se após o abandono do compartimento for efetuado o lançamento do HALON ou CO2
através de Sistema Fixo, serão necessários pelo menos 15 minutos, ou três quedas de
temperatura, sendo a última temperatura inferior a 60º C, para essa reentrada, aguardando a
reação química e extinção pelo HALON ou a extinção total por abafamento pelo CO2.
As mangueiras, após terminada a preparação, são pressurizadas e o equipamento é
testado.
Um esquema alternativo, utilizando extensões com mangueiras de 2,5 pol. ou passagens
de mangueiras por anteparas, também é aceitável.
As condições do compartimento afetado devem ser verificadas antecipadamente,
sentindo a temperatura das anteparas próximas ao acesso que será utilizado. Além disso, é
necessário confirmar se esse é o acesso mais seguro. As condições poderão ser verificadas
através do visor existente na porta, se houver.
A reentrada no compartimento sinistrado deve ser precedida por um briefing aos
militares que a farão. Esse briefing deve ser ministrado por um militar conhecedor do
compartimento e deverá contar com o apoio de um roteiro (checklist) e croquis do compartimento.

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O briefing deverá ser conciso e abordar, ao menos, os três tópicos a seguir:
− Descrição detalhada das características do compartimento sinistrado;
− Relembrar procedimentos emergenciais e de segurança específicos de controle de
avarias;e
− Transmitir confiança e motivar os componentes da turma de reentrada.
A turma de reentrada deverá ser composta por, pelo menos oito militares, de preferência
voluntários, distribuídos da seguinte forma: um team leader, um militar na mangueira de selagem,
dois militares na linha de proteção, dois na linha de ataque e dois para pagar/retirar “cocas” de
mangueiras.
9.7.1 - Processo de abertura do acesso e entrada no compartimento
a) Portas
A abertura de um acesso do tipo porta vertical pode ser feita de duas maneiras:
- se a abertura for para fora (Fig. 9.7), um dos militares deve garantir uma abertura
gradual, utilizando as mãos (com luvas) ou os pés (com botas), também sob proteção de uma linha
de mangueira em neblina de alta velocidade ou padrão semelhante; e
– se a porta abrir para dentro (Fig. 9.8), é recomendável passar um cabo de segurança
para garantir uma abertura gradual, sob proteção de uma linha de mangueira em neblina de alta
velocidade ou padrão semelhante.

Fig. 9.7 – Porta abrindo para fora Fig. 9.8 – Porta abrindo para dentro

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Na existência de uma linha de proteção do navio, essa já deve estar posicionada


para fazer essa proteção quando da abertura do acessório.
O posicionamento dos militares (dos esguichos) vai depender da classe do incêndio
e do tipo de esguicho utilizado. Em um incêndio classe “B”, quando empregando esguichos
tipo FB5(X) ou NPU, essa linha de mangueira sempre precisa de uma linha de proteção, pois
o tipo de jato não provê proteção ao militar. A linha de proteção se posiciona ligeiramente
adiantada, sendo o jato de espuma utilizado através da mesma.
Uma distância suficiente deverá ser mantida entre as linhas de mangueiras para
permitir-lhes manobrabilidade.
Quando por problemas de dificuldade de acesso for necessário empregar apenas
uma linha de mangueira com esguicho variável ou universal, antes da mangueira de ataque
penetrar no compartimento, uma segunda mangueira deve estar pronta e guarnecida de modo
a prestar auxílio à primeira, como reserva.
b) Escotilhas
O acesso vertical a um compartimento é o mais difícil. Quando da abertura do
mesmo, grande quantidade de fumaça e gases quentes (e chamas) vão se espalhar para a área
de acesso. Os militares devem estar protegidos, e uma linha de proteção ou uma das linhas de
mangueira deve imediatamente se posicionar para reduzir tal efeito.
O processo de descida a ser apresentado aqui considera a existência de um acesso
vertical, como uma escotilha, seguida por uma escada vertical ou quase vertical.
Para o ataque quase vertical, se a escada permitir que o militar desça de frente, a
posição ideal é trazer o esguicho sobre o ombro.
9.8 - REENTRADA EM COMPARTIMENTOS SINISTRADOS
9.8.1 - Incêndio Classe “A”
– estabelecer uma linha de proteção do navio ou linha de selagem (neblina de água)
no acesso a ser aberto. Essa linha permanece nessa posição durante todo a faina, prevenindo
ou reduzindo a passagem do calor e fumaça para a área da reentrada. Essa linha corre pelo
teto, fixada com ganchos tipo “S”;
– com o dispositivo pronto, equipamento testado e equipe posicionada, faz-se o
resfriamento da escotilha de acesso. O Líder da Turma de Incêndio (“Team Leader”)
determina a abertura e travamento da escotilha, enquanto o número 1 da linha de proteção e o
militar da linha de proteção do navio mantém a água aberta resfriando o acesso;

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OSTENSIVO CAAML-1202
– a mangueira de ataque é arriada aberta, através da neblina produzida pelas linhas
de proteção e linha de selagem, até cerca da metade da altura do compartimento e feito um
movimento circular na mesma, de modo que a água do esguicho cubra uma grande área
próxima ao acesso, resfriando o compartimento;
– a mangueira de ataque então é içada, e o número 1 dessa linha assume o lugar do
número 1 da linha de proteção.
– o número 1 da linha de proteção passa a mangueira para o seu número 2 (ou “team
leader”, na falta deste), e se posiciona na parte superior da escada (sob proteção da linha de
proteção do navio, se houver). Quando seus ombros estiverem na altura da gola da escotilha, o
número 1 recebe o esguicho aberto e o prende com seus braços, de modo que a neblina seja
direcionada para trás de seu corpo, protegendo-o. Inicia a descida. Ao chegar na parte inferior
da escada, dá três chutes na mesma, sinalizando que está em posição, se posiciona de frente e
direciona seu esguicho para o foco do incêndio. Afasta-se da escada, agacha-se e aguarda a
chegada do resto da turma;
– o número 1 da linha de ataque passa a mangueira para o seu número 2 (ou “team
leader”, na falta deste), e se posiciona na parte superior da escada. Quando seus ombros
estiverem na altura da gola da escotilha, o número 1 recebe o esguicho aberto e o prende com
seus braços, de modo que a neblina seja direcionada para trás de seu corpo, protegendo-o.
Inicia a descida. Ao chegar na parte inferior da escada, dá três chutes na mesma, sinalizando
que está em posição, se posiciona de frente e direciona seu esguicho para o foco do incêndio.
Afasta-se da escada, posicionando-se ao lado do número 1 da linha de proteção, agacha-se e
aguarda a chegada do “team leader”;
– o líder da turma de incêndio (o operador da câmara de imagem térmica) é o
terceiro militar a descer. Apenas após a sua chegada e seu posicionamento atrás dos números
1 das linhas de proteção e ataque, a localização do foco do incêndio e a verificação que todos
estão protegidos, o ataque é iniciado;
– os demais militares coordenam a descida das mangueiras, “pagando a mangueira”
suavemente conforme necessário, e se distribuem ao longo das linhas de mangueiras,
descendo quando necessário; e
– o líder da turma de incêndio deve ser o primeiro a render a turma de ataque.
9.8.2 - Incêndio classe “B”
– estabelecer uma linha para proteção do navio (neblina de água) no acesso a ser
aberto. Essa linha permanece nessa posição durante todo a faina, prevenindo ou reduzindo a

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OSTENSIVO CAAML-1202
passagem do calor e fumaça para a área da reentrada. Essa linha corre pelo teto, fixada com
ganchos tipo “S”;
– com o dispositivo pronto, equipamento testado e equipe posicionada, faz-se o
resfriamento da escotilha de acesso. O Líder da Turma de Incêndio (“Team Leader”)
determina a abertura e travamento da escotilha, enquanto o número 1 da linha de proteção e o
militar da linha de proteção do navio mantém a água aberta, resfriando o acesso;
– o componente da linha de ataque faz um breve lançamento de espuma na escada e
na área de acesso;
- o número 1 da linha de proteção passa a mangueira para o seu número 2, e se
posiciona na parte superior da escada, sob proteção das duas linhas de mangueira. O número 1
então recebe o esguicho aberto e o prende com seus braços, de modo que a neblina seja
direcionada para trás de seu corpo, protegendo-se e inicia a descida. Ao chegar na parte
inferior da escada, dá três chutes na mesma sinalizando que está em posição, afasta-se da
escada e se posiciona de frente para o foco do incêndio, se visível, e aguarda a chegada da
linha de ataque;
– o número 1 da linha de ataque passa a mangueira para o seu número 2, e se
posiciona na parte superior da escada, sob proteção da linha de proteção do navio. O número
1 então recebe o esguicho fechado e o prende com seus braços, de modo que a neblina / jato
seja direcionada para trás de seu corpo, protegendo-se, e inicia a descida. Ao chegar na parte
inferior da escada, dá três chutes na mesma sinalizando que está em posição, afasta-se da
escada e se posiciona ao lado da linha de proteção;
– o líder da turma de incêndio é o terceiro a descer e apenas após a sua chegada, a
localização do foco do incêndio com a câmara de imagem térmica e a verificação que todos
estão protegidos (inclusive o pessoal na escada), o ataque é iniciado;
– os demais coordenam a descida das mangueiras, “pagando a mangueira”
suavemente conforme necessário, e se distribuem ao longo das linhas de mangueiras,
descendo quando necessário, se posicionando entre as linhas de mangueira; e
– o líder da turma de incêndio deve ser o primeiro a render a turma de suporte “A”.
9.9 - OBSERVAÇÕES E RECOMENDAÇÕES:
a) o ataque a incêndio deve ser feito, sempre que possível, em uma única direção,
coordenadamente, quer empregando extintores ou mangueiras;
b) o ataque conjunto, com dois extintores ou duas linhas de mangueira, é sempre mais
eficaz que o ataque singelo, apesar de, às vezes, ser impossível colocar dois militares na faina
se o espaço for restrito;

OSTENSIVO - 9-14 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
c) na impossibilidade de o ataque ser feito com duas linhas de mangueira, pode ser
utilizada apenas uma, estando uma segunda linha pronta para entrar em ação, caso necessário,
já devendo estar guarnecida e pressurizada antes da entrada da primeira linha no
compartimento;
d) o jato do extintor deve ser dirigido para a base da chama no caso de CO2, e sobre a
chama no caso de PQS;
e) o ataque conjunto não deve partir de direções opostas, pois pode colocar em risco a
segurança do grupo menos agressivo ou, por exemplo, que sofra algum problema em sua linha
de mangueira, como cocas. Se for necessário realizar o ataque indireto coordenado de
diferentes direções, é essencial que exista um meio de comunicação eficiente entre as duas
turmas de incêndio;
f) durante o ataque ao foco do incêndio com esguichos, a água ou espuma deve ser
dirigida sobre o fogo de baixo para cima, fazendo movimentos de modo a afastar dos
militares, e dirigindo para cima, os gases quentes e o vapor produzido. Esse procedimento
também é válido para a realização de contenções;
g) no momento em que se ataca o fogo com espuma ou água, deve ser esperado uma
violenta reação da combustão, deslocando os gases quentes e produzindo uma “bola de fogo”
(roll-over) que pode vir a se deslocar na direção da turma de incêndio. O líder da turma de
incêndio deve certificar-se de que todos estão protegidos para iniciar o ataque. No ataque
inicial ao fogo, esses militares devem se manter abaixados, até que diminua esse tipo de
reação;
h) os militares combatendo o incêndio devem sempre procurar se proteger do calor
irradiado atrás de obstáculos;
i) deve ser levado em consideração que, na fase inicial, o material que está queimando
provavelmente está concentrado apenas na parte inferior do compartimento. Com um pouco
mais de tempo (growth stage), o material na parte superior (cabos elétricos, isolamento
térmico, luminárias etc.) começa a se incendiar. Após um período longo, quase todo o
material na parte inferior já queimou, restando algumas brasas, mas a concentração de gases
quentes e material incandescente está na parte superior do compartimento. Essas
considerações visam orientar a turma de incêndio para que, na ausência de visibilidade e da
Câmara de Imagem Térmica, seguindo seus sentidos (sensação de calor e audição) e essas
observações, dirija o jato do agente extintor sobre a localização provável dos focos de
incêndio;

OSTENSIVO - 9-15 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
j) se possível, água não deve ser aplicada incessantemente. Sua utilização intermitente
reduz a formação de vapor, a quantidade de água embarcada e permite uma reavaliação
constante da situação do incêndio. O tempo de aplicação de água pode ser aumentado quando
menor quantidade de vapor começar a ser produzida, levando-se em consideração também a
quantidade de água embarcada;
k) a água deve ser dirigida para a área em combustão, não cegamente dentro da
fumaça.
A prática de aplicar água continuamente e sem um padrão estabelecido com todos os
esguichos durante o ataque deve ser desencorajada. Esse procedimento provoca um distúrbio
no balanço térmico do compartimento, fazendo com que seja produzida grande quantidade de
vapor antes que os militares tenham a chance de avançar em direção ao fogo, reduzindo ainda
mais a visibilidade e impedindo ver o caminho a seguir e onde está localizado o foco do
incêndio, criando ainda problemas de alagamentos e afetando a estabilidade;
l) o pessoal que já foi empregado na faina, após a rendição, deve ser levado para um
lugar fresco e com ventilação adequada; ser umedecido na cabeça, faces, braço etc. e receber
grande quantidade de água gelada (de 0,5 a 1 litro) para repor o líquido perdido na faina;
m) em situações com grande quantidade de fumaça, Cyalume pode ser utilizado para
marcar componentes dos Reparos, escadas, portas, saídas etc.;
n) quando o ataque a um incêndio tiver que ser feito desde o convés acima, as
seguintes considerações são importantes:
– o piso desse convés estará muito quente, apresentando-se como mais um fator para
aumentar a fadiga do pessoal, principalmente para aqueles vestidos com roupa de proteção;
– o rodízio desse pessoal deverá ser realizado em menor tempo;
– as botas de CAv serão imprescindíveis, sendo recomendável a utilização de dois
pares de meias de algodão;
– deve ser evitado segurar nos corrimões, para não ter as mãos queimadas. O uso de
luvas extras por dentro das luvas de combate a incêndio será necessário para proteger de
queimaduras nas mãos, se for necessário segurar em corrimões quando da descida;
– o ataque a incêndio deve ser feito através de uma escotilha e não por meio de um
agulheiro, pois a evacuação urgente de um compartimento através de um agulheiro, com
máscara, será extremamente difícil;
– os balaústres nos acessos aos compartimentos em conveses inferiores devem ser
retirados, pois os mesmos dificultam a entrada do pessoal e o manuseio das mangueiras;

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OSTENSIVO CAAML-1202
– ao ser aberta a escotilha, apesar da grande quantidade de fumaça e gases quentes
que invadirão as proximidades, deve ser tomado cuidado em prender a escotilha em sua
posição correta, como precaução de segurança, antes do início da descida dos militares; e
– o líder decidirá quanto à utilização de cobertor de fumaça na escotilha aberta para a
descida, levando em consideração: que a fumaça e os gases quentes vão tomar conta do
convés acima imediatamente, antes mesmo de se conseguir instalar o cobertor; que o mesmo
vai dificultar a comunicação entre o pessoal que descer e o pessoal que permanecer em cima;
que vai dificultar a entrada do pessoal no compartimento, podendo causar acidentes; e que,
como fator positivo, após o fogo ser extinto, vai reduzir a quantidade de ar fresco entrando no
compartimento.
o) a bordo dos navios, a fumaça e os gases quentes se concentram na parte superior de
compartimentos e corredores. Esse fato deve ser considerado para o combate a incêndio, para
a realização de contenções e para a limitação da fumaça;
p) em grandes incêndios, o tempo de permanência geralmente será limitado pela
resistência do pessoal em permanecer na área e será menor que o tempo de utilização das
máscaras, sendo, portanto, necessário prever a rendição com antecedência; e
q) a elevação da temperatura em um incêndio provoca aumento de pressão em locais
confinados. A água ao se transformar em vapor irá se expandir, elevando mais essa pressão e
forçando violentamente os gases quentes e a fumaça a se deslocarem pelos dutos de
ventilações, passagens de portas e escotilhas, etc.

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OSTENSIVO CAAML-1202
CAPÍTULO 10
PROCEDIMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO EM NAVIOS DE GUERRA
10.1 - CENÁRIO
Não é difícil de se imaginar um cenário de média proporção, mas de grandes
consequências. Por exemplo, um incêndio provocado por uma faina de corte e solda que tenha
se propagado em um pequeno compartimento, onde existia grande quantidade de material
combustível, além de grande quantidade de cabos elétricos atravessando o mesmo.
Considerando-se que o ataque inicial não foi eficaz, esse pequeno incêndio começou a
queimar o revestimento das anteparas e os cabos elétricos, produzindo grande quantidade de
fumaça tóxica, em muito pouco tempo. Em menos de 1 minuto, mais material combustível
começou a queimar, produzindo chamas maiores e a fumaça, agora densa, impedia a
aproximação do pessoal que tentava ajudar a dominar esse pequeno incêndio e dificultando o
trabalho da turma de ataque, sem a devida roupa de proteção.
Neste caso, o líder, numa tentativa de combater o incêndio, deixou-se levar pela
situação e permaneceu envolvido pela fumaça. Apesar de perder quase dois minutos, agora
estava mais preocupado em retornar à sua posição e começar a dar as ordens aos militares e
falar com a Estação Central do CAv (ECCAv). Essa fumaça, também, já tomava conta dos
corredores próximos, sendo aspirada pelas extrações da área. O contínuo fornecimento de
oxigênio proveniente dos dutos de ventilação garantiu a continuação do processo da queima
no compartimento. Nesses primeiros segundos, o Encarregado do CAv (EncCAv) chegou à
ECCAv e ainda não sabia bem onde era o incêndio, nem a sua extensão, pois havia grande
quantidade de fumaça e as informações eram insuficientes. A primeira medida tomada por ele
foi confirmar a parada de todas as ventilações e extrações do navio e das unidades de ar-
condicionado.
A única medida tomada por todos no navio foi estabelecer a Condição de Fechamento
ZULU, que na área do incêndio não foi atingida tão cedo, pois alguns tripulantes ainda
tentavam vencer aquela ameaça.
Como fator complicador, dois militares que trabalhavam na recarga de 12 cilindros
reserva que haviam sido utilizados num adestramento ficaram retidos, com esses cilindros, no
compartimento de recarga de ampolas, que estava dentro dos limites de fumaça, sem
comunicação com qualquer estação do navio.
A situação do navio, decorridos três (3) minutos, era a seguinte:
– o navio estava com três bombas de incêndio funcionando;
– todos os sistemas de ventilação e extração estavam parados;

OSTENSIVO - 10-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
– a energia já foi passada para bordo;
– o ENCCAv recebera a informação de que não havia circuitos de 440 V no
compartimento;
– três componentes da turma de suporte “A”, somente com máscaras e capuz e luvas
antiexposição, já haviam assumido a faina da turma de ataque, que havia se dirigido para a
enfermaria de combate com problemas de asfixia e olhos afetados pela fumaça;
– os componentes das turmas de suporte “B” ainda estavam se preparando;
– o Chefe do Departamento de Máquinas (CHEMAQ) recebeu a informação de uma
das Praças de Máquinas, que um dos operadores locais estava ausente….
Decorridos quatro (4) minutos, o CHEMAQ recebeu a informação que quatro militares
do Armamento e Máquinas não puderam se dirigir a seus postos em Condição I (Máquina do
Leme), pois não conseguiram passar pela fumaça.
O ENCCAv recebeu a informação de que o isolamento mecânico do compartimento
havia sido realizado.
O ENCCAv recebeu a informação do Encarregado do Reparo (EncRep) III que a área
do Reparo estava sendo tomada pela fumaça, e que o Reparo ia se deslocar para outra posição;
o ENCCAv ordenou a permanência no local e a verificação do estabelecimento correto dos
limites de fumaça, confirmando-os com os EncRep II e III.
O EncRep I informou que as contenções estavam sendo realizadas, mas que a
temperatura no convés acima do incêndio estava muito alta. O EncRep III informou que não
podia mandar mais que dois militares para fazer a contenção, pois não possuía mais máscaras,
pois as duas últimas disponíveis estavam sendo utilizadas por eletricistas. O ENCCAv
ordenou então ao EncRep II o envio de quatro militares com máscaras para auxiliar na
contenção na área do incêndio.
O CHEMAQ ordenou que os militares que guarneciam a Máquina do Leme se
incorporassem aos reparos de CAv.
O LÍDER informou ao EncRep que não conseguia se aproximar da área, pois existe
muita fumaça no local e solicitou a descompressão do compartimento e remoção ativa da
fumaça. O EncRep negou a descompressão devido à localização do mesmo, mas determinou a
remoção ativa da fumaça.
Decorridos cinco (5) minutos, o CHEMAQ foi informado que dois militares estavam no
Compartimento de Carga de Ampolas por ocasião do início do incêndio. O CHEMAQ
informou ao COMANDO que havia tripulantes presos em um compartimento dentro dos
limites de fumaça e precisavam ser resgatados.

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OSTENSIVO CAAML-1202
O ENCCAv tomou conhecimento de que possuía dois militares a resgatar, que sua
reserva de cilindros fora reduzida de um número desconhecido, que o incêndio estava se
propagando para um compartimento vizinho, que seus limites de fumaça estão muito grandes
e não estavam sendo eficazes, que necessitava remanejar pessoal.
Esse cenário, simples a princípio, mostra como as coisas podem se complicar em um
incêndio.
Se as comunicações não estiverem perfeitas, se não houver uma boa coordenação entre
as estações, se não houver um profundo conhecimento de CAv disseminado pelo navio, se
não houver um rigoroso programa de adestramento de CAv e se não houver uma manutenção
adequada de todo o material do CAv, esses problemas se somarão aos ocorridos no exemplo
acima.
10.2 - PROPÓSITOS DO COMBATE A INCÊNDIO
Os propósitos do CBINC são:
– proteção do pessoal contra os efeitos do fogo e da fumaça; e
– limitação, controle e redução de danos materiais causados por incêndios a bordo, em
tempo de paz ou de guerra, utilizando os recursos disponíveis pelo navio.
Para que esses propósitos sejam alcançados é necessário que cada membro da tripulação
tenha conhecimento suficiente sobre:
– ataque inicial a um incêndio;
– agentes extintores a serem utilizados;
– procedimentos gerais para cada classe de incêndio;
– contenção de incêndios;
– limitação de fumaça;
– manutenção da condição de fechamento do material;
– distribuição e localização dos compartimentos dos navios;
– organização básica e funções dos membros do CAv nas fainas de CBINC;
– transmissão de informações;
– significado das marcas de classificação dos acessórios estanques;
– uso de equipamento de proteção individual; e
– noções de primeiros socorros.
10.3 - ISOLAMENTO DO COMPARTIMENTO - LIMITES DE INCÊNDIO E
FUMAÇA
10.3.1 - Isolamento mecânico e elétrico

OSTENSIVO - 10-3 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
O completo isolamento do compartimento, exceto a iluminação, é necessário para evitar
o aumento do incêndio pela adição de inflamáveis (combustíveis) e de oxigênio do ar
(comburente), ou para evitar os perigos para os tripulantes e para as instalações elétricas.
Todo o esforço deve ser feito no sentido de fechar e/ou isolar os sistemas e
equipamentos que poderão causar incêndios secundários ou tem o potencial de aumentar a sua
intensidade. A área afetada deve ser mecânica e eletricamente isolada na máxima extensão
possível.
O Comandante poderá decidir não isolar tal área ou sistemas se eles forem essenciais
para a segurança, mobilidade ou capacidade de combate do navio. As Prioridades do
Comando devem ser levadas sempre em consideração.
Cada navio deve possuir Listas de Verificação para isolamento elétrico e Mecânico dos
compartimentos. As Listas de Verificação dos Compartimentos comuns podem ser
complementadas com essas informações, ou podem ser confeccionados “KILL CARDS” dos
mesmos (anexo A).
Essas listas devem incluir todas as chaves, disjuntores, etc. para o isolamento elétrico e
válvulas, flapes que devem ser fechadas para o isolamento mecânico.
Devem possuir a localização, designação, função, equipamento / sistema servido etc.
O emprego de um código de cores ou marcas adequado para rápida localização dos
circuitos a serem desalimentados e válvulas a serem fechadas tem se mostrado eficaz,
reduzindo o tempo para isolar os compartimentos.
Os seguintes fatores devem ser considerados, para se isolar um compartimento,
inclusive uma Praça de Máquinas:
a) Isolamento mecânico
Todo o esforço deve ser feito para isolar os sistemas que tenham potencial de alimentar
ou aumentar o incêndio. Isso inclui os seguintes sistemas nos quais as ações devem se
concentrar:
I) sistema de óleo combustível, suas bombas de recalque, de serviço, de transferência e
purificadores centrífugos, tanques de armazenamento, serviço e gravidade;
II) sistema de combustível de aviação ( JP-5 ), seus tanques de armazenamento, de
serviço, filtros coalescentes, bombas etc.;
III) sistema de óleo lubrificante, bombas de óleo lubrificante e purificadores, tanques de
armazenamento e gravidade, bombas etc.;
IV) sistemas hidráulicos;
V) sistema de ar comprimido; e

OSTENSIVO - 10-4 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
VI) sistemas de vapor.
Quando iniciando a ação de parar e/ou isolar os equipamentos/sistemas descritos acima,
os seguintes fatores deverão ser considerados:
– onde existem comandos a distância, os mesmos devem ser verificados e testados
frequentemente quanto a sua correta operação;
– deve ser evitado o “efeito cascata” das avarias sobre os equipamentos dos
compartimentos não-afetados necessários a manter a propulsão, geração de energia elétrica e
rede de incêndio, sistemas de vapor e ar, compressores de ar e tanques próximos aos limites
de incêndio devem ser objeto de especial preocupação; e
– não deve ser tentado nenhum tipo de transferência de óleos combustíveis ou
lubrificantes por ocasião de um incêndio. A única ação necessária em relação aos tanques de
óleo combustível e lubrificantes para evitar o aumento do incêndio devido a vazamento de seu
conteúdo é o completo isolamento dos mesmos e, se possível, o resfriamento de suas
anteparas. O esvaziamento rápido em emergência de tanques deve ser estudado para cada
situação em questão, de acordo com o previsto no procedimento de combate a incêndio em
praça de máquinas.
b) Isolamento elétrico
O isolamento elétrico completo é muito difícil de se obter, em virtude do grande número
de cabos no interior e atravessando um determinado compartimento. A razão pela qual se
efetua o isolamento elétrico é prover maior segurança aos envolvidos na faina.
Todos os equipamentos elétricos, com exceção da iluminação, devem ser isolados nos
Centros de Distribuição de Energia ou Quadros de Distribuição Principais, de Emergência, da
PCI, nos Painéis de Distribuição, etc.
A prioridade para desalimentar os circuitos é sempre para os de 440VAC. Assim que
desalimentados esses circuitos, o EL deve comunicar ao Reparo tal fato, e então prosseguir
para os circuitos de 115VAC, 50VCC etc.
As ações de CBINC não devem ser atrasadas por desconhecimento da situação dos
circuitos elétricos. Todos devem tomar a precaução de se manterem pelo menos dois (02)
metros afastados de possíveis riscos de choque elétrico, como cabos elétricos pegando fogo,
motores elétricos etc. e utilizarem neblina de alta velocidade ou jato de cerca de 60º nos
esguichos variáveis, para não correrem risco de choque elétrico.
Mesmo estando desalimentados os circuitos de 440 V não se pode garantir que os cabos
que passam pelo compartimento estão desalimentados. Portanto, as precauções de segurança
devem ser mantidas até o final da faina.

OSTENSIVO - 10-5 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
As chaves, os disjuntores e fusíveis necessários a essa tarefa devem ser claramente
marcados, preferencialmente com código de cores, conforme já citado.
A iluminação do compartimento afetado não deve ser desalimentada a princípio, com o
incêndio sob controle. O benefício trazido pela manutenção da iluminação e o pouco risco
envolvido compensa tal procedimento. O líder deve decidir se a iluminação deve ser
desalimentada, por exemplo se surgir algum risco aos militares, como centelhamento.
Nas situações em que o navio já estiver escurecido, isto é, com iluminação encarnada
nos corredores e passagens, a ocorrência de um incêndio requer que a iluminação normal
branca seja rapidamente restabelecida, facilitando o trabalho do pessoal envolvido na faina.
Os circuitos de iluminação só devem ser desalimentados se o incêndio ficar fora de
controle e o compartimento for ser evacuado para lançamento de CO2 / HALON.
10.3.2 - Limites de incêndio
Qualquer barreira física pode ser um limite de incêndio.
Limites primários ideais para o fogo são as anteparas transversais, conveses, pisos e
tetos que o circundam. Os limites secundários são geralmente estabelecidos nas zonas de fogo
ou nas subdivisões estanques.
Esses limites primários devem ser, se possível, definidos por anteparas e conveses
estanques imediatamente adjacentes ao compartimento afetado e que deverão ser, no mínimo,
estanques à fumaça. Especial atenção deve ser dada aos limites superiores de incêndio, pois
experiências mostram que o fogo se espalha verticalmente muito mais rápido do que
lateralmente.
Pode ser necessário resfriar o compartimento por todos os lados, particularmente
quando o fogo está em estágio avançado, inclusive pelo costado.
Os limites primários e secundários do incêndio devem ser estabelecidos imediatamente
para confinar o fogo e prevenir a sua propagação, permitir a monitoragem da temperatura das
anteparas desses limites primários e a realização das contenções onde necessário.
O material combustível exposto nos conveses e anteparas deve ser removido de modo a
evitar sua combustão e o consequente alastramento do fogo.
Nem sempre é possível realizar as contenções nesses limites primários. O problema de
incêndios em locais confinados ou com corredores estreitos é a dificuldade de circundar o
compartimento sinistrado e realizar uma contenção eficaz.
Os adestramentos devem prever tal situação. Teoricamente, as contenções podem ser
realizadas nos limites primários, mas, na prática, os imediatamente adjacentes ao incêndio e
dentro do limite primário de fumaça trarão uma dificuldade muito grande para o pessoal.

OSTENSIVO - 10-6 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
a) Contenções
Observações relativas às fainas de contenção:
– as contenções devem ser realizadas em todos os limites primários de um
incêndio, inclusive em conveses abertos e costado;
– as contenções em incêndios em praças de máquinas devem incluir os dutos de
aspiração de ventilações e descarga de extrações, admissão para motores e turbinas e suas
respectivas descarga de gases, em toda a sua extensão, por todos os conveses;
– as contenções não devem ser realizadas em anteparas ou pisos cuja
temperatura esteja permitindo que sejam tocadas;
– os limites de um incêndio formados por estruturas de alumínio requerem atenção
especial para a contenção;
– o pessoal envolvido na contenção vertical nos pisos em grandes incêndios deve,
preferencialmente, estar calçando botas de CBINC;
– o pessoal envolvido na contenção dentro dos limites primários de fumaça devem estar
usando máscaras autônomas;
– as contenções devem ter especial preocupação nos compartimentos que possuam
ampolas de gases comprimidos, líquidos combustíveis etc.;
– equipamentos elétricos ou eletrônicos nos limites de incêndio, assim como
compartimentos de distribuição de energia, devem ser desalimentados na medida do possível,
de acordo com as prioridades estabelecidas pelo Comando (Prioridades do Comando). Água
deve ser usada para molhar esses limites com balde e lambaz ou panos. Se necessário, usar
água em neblina de uma mangueira com pouca pressão formando apenas uma camada em
“cortina” pela antepara, evitando molhar e avariar desnecessariamente os equipamentos com
água salgada. Os painéis elétricos podem ser cobertos com plásticos. Se possível, “racks”
podem ter seus cartões retirados para evitar avarias nos mesmos;
– a água proveniente das contenções deve ser permanentemente esgotada; e
– os dutos de descarga de Praças de Máquinas, muitas vezes utilizados erradamente
como “paióis”, representam um risco adicional para a propagação do incêndio.
10.3.3 - Limites, controle e remoção de fumaça
A experiência de incêndios ocorridos em nossa Marinha e na de outros países mostra
que geralmente a fumaça causa muito mais baixas de pessoal que o fogo, além disso
impossibilita: o ataque ao incêndio ou mesmo a aproximação ao compartimento e o trânsito a
bordo. É de grande importância a conscientização da tripulação para o estabelecimento e
manutenção dos limites de fumaça.

OSTENSIVO - 10-7 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
a) Limites de fumaça
Serão estabelecidos ao mesmo tempo que os limites do incêndio. Cortinas de fumaça e
mesmo a neblina de água podem reduzir o espalhamento da fumaça.
O estabelecimento desses limites compreende o fechamento de acessórios estanques ou
não e o isolamento de dutos dos sistemas de ventilação da área afetada através do fechamento
das válvulas, tampas e flapes existentes nos mesmos.
Os limites primários de fumaça ideais são as anteparas estanques a gases que envolvem
a área de acesso ao compartimento afetado e ao incêndio. Portas comuns, cortinas de fumaça
ou quaisquer obstáculos que efetivamente evitem o espalhamento da fumaça além dos
mesmos não podem ser definidos como limites de fumaça, porém a sua pequena eficácia
deve ser levada em conta durante toda a faina.
O estabelecimento de limites de fumaça para o espaço afetado visa reduzir: o fluxo de ar
fresco para o local do incêndio e o espalhamento da fumaça. Confinar de imediato a fumaça
para definir a área do sinistro e permitir: o acesso do pessoal ao incêndio e estabelecer o local
de organização das equipes de combate a incêndio.
Esses limites também são importantes para permitir a realização das contenções em
áreas livres de fumaça, dispensando o uso de mais máscaras.
O uso rápido e efetivo das cortinas/cobertores como limitadores de fumaça dificulta sua
propagação para além dos compartimentos afetados.
Os limites secundários de fumaça deverão ser estabelecidos em torno dos limites
primários, para monitorar o espalhamento da fumaça e permitir uma área safa para o pessoal
sem máscara. Nesses limites (secundários), a fumaça pode ser retirada constantemente, ou
mantida uma pressão ligeiramente positiva a fim de evitar que seja tomado por fumaça.
Esses limites devem ser estabelecidos no primeiro minuto da faina.
Para incêndios classe “B” em Praças de Máquinas, essa zona que compreende os limites
primários e secundários recebe o nome de zona de abafamento. Essa zona de abafamento tem
como objetivo criar uma atmosfera parada, sem fluxo de ar, para evitar a adição de ar fresco
nesses limites e ao incêndio, devido à presença de gases quentes provenientes da queima
incompleta de combustíveis. O contato desses gases quentes com o ar fresco pode formar uma
mistura explosiva, por “fecharem” o triângulo do fogo. É fundamental a manutenção rigorosa
desses limites devido ao risco envolvido.
É recomendável que seja postado um vigia em cada acessório que dê acesso ao limite
primário, a fim de garantir a manutenção do mesmo. A colocação de vigias é geralmente

OSTENSIVO - 10-8 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
necessária dependendo do nível de adestramento do pessoal, pois uma falha na manutenção
desses limites pode até eliminar as chances de sobrevivência do navio.
Somente o pessoal equipado com máscara de combate a incêndio poderá entrar nos
limites primários. As máscaras só devem ser utilizadas quando houver fumaça ou quando
ordenado pelo Líder da Cena de Ação.
O EncRep decidirá, com assessoria do Líder da Cena de Ação e Investigador, através da
informação de onde há a presença de fumaça, onde estabelecer os limites, informando essa
decisão ao Líder da Cena de Ação, ao Investigador e à ECCAv.
A ECCAv deve analisar a decisão do EncRep e alterar os limites se necessário,
informando ao EncRep. A intenção é sempre diminuir esses limites, levando em consideração,
por exemplo, que os compressores de ar para a recarga das ampolas não podem aspirar de
dentro de uma área com fumaça. Após isso, os limites devem ser divulgados pelo fonoclama.
O ENCCAv e o EncRep plotam os limites no Quadro de Avarias e determinam o
estabelecimento dos limites secundários, através de contato com os outros reparos, se
necessário.
I) Cortinas de fumaça
As cortinas ou cobertores de fumaça são compostos, por exemplo, por duas peças de
lona ou plástico reforçado que se trespassam, fechadas com a utilização de duas faixas de
velcro, que garantem uma melhor vedação. São fixadas às golas de passagem das portas ou
escotilhas quando necessário, através de grampos, ou permanecem instaladas nas principais
passagens dos navios, corredores longos etc.
Podem ser utilizadas cortinas ou cobertores de fumaça nos acessórios que devam ser
frequentemente abertos para permitir a passagem de pessoal e material para o combate a
incêndio, ou em acessórios avariados, funcionando como um limite de fumaça, porém devem
ser mantidas bem fechadas, com um militar postado como vigia.
Na falta da disponibilidade de cortinas apropriadas, outro material semelhante pode ser
utilizado, sendo selecionado primeiro os mais resistentes ao fogo, como lonas, cobertores
resistentes ao fogo etc. Se necessário, esse material deve ser mantido molhado. A utilização
de grampos tipo “C” permite sua fixação nas golas de passagens ou de escotilhas. Ressalta-se
a observação quanto à menor eficácia das cortinas como limite de fumaça.
b) Controle de fumaça
O controle da fumaça compreende o estabelecimento de procedimentos para os sistemas
de ventilação do navio, associado ao estabelecimento dos limites de fumaça (primários, AV e
AR, e secundários, AV e AR).

OSTENSIVO - 10-9 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
É recomendável que os navios possuam Planos de Controle de Fumaça por área afetada,
indicando os limites de fumaça, as rotas para remoção da fumaça e os sistemas e
equipamentos a serem utilizados.
I) Procedimentos para os sistemas de ventilação
Entende-se como sistema de ventilação o conjunto de ventilações e extrações do navio.
Quando for ser tratado apenas de ventilações ou extrações, será assim especificado.
Existem dois procedimentos básicos:
– realizar a parada imediata de todos os sistemas de ventilação e ar-condicionado
através do “CRASH STOP” em todo o navio; e
– realizar a parada desses sistemas nos controladores na área do sinistro e em todo o
navio, estando a critério do líder o momento dessa parada.
Independente do critério e das possibilidades de cada navio, com a evolução da faina
todos os sistemas de ventilação dentro dos limites primários devem ser parados, assim como
todas as válvulas dos dutos de ventilações e extrações que possam alimentar com ar fresco a
área do incêndio ou conduzir a fumaça para outros pontos do navio devem ser fechadas.
O ideal é que todos os sistemas de ventilações de bordo sejam parados nos primeiros
instantes que se detecta fumaça. Com a redução do movimento de ar pelo navio, pode-se
descobrir mais facilmente a exata ou provável localização da origem da mesma. Além disso,
diminui-se o fluxo de ar fresco para a área sinistrada enquanto ainda não tenham sido
fechados os respectivos flapes.
Exercícios realizados com granadas de fumaça mostram a dificuldade de conhecer a
origem do incêndio após o espalhamento da mesma. Incidentes ocorridos em nossa Marinha
mostraram a dificuldade de uma apreciação exata da situação, devido à fumaça que
prejudicou a adoção de medidas eficazes de combate a incêndio e dificultou a utilização de
equipamentos e pessoal.
A realização desses exercícios com geradores de fumaça permitem aos ENCCAv e ao
pessoal envolvido conhecer o espalhamento da fumaça em seu navio, possibilitando um
planejamento das ações de controle e limitação da fumaça por área do navio.
Se o navio dispõe de sistemas de “CRASH STOP ” de sistemas de ventilação e ar-
condicionado, o mesmo deve ser usado. Esses sistemas são típicos de navios procedentes da
Marinha Inglesa ou construídos no Brasil, como as Corvetas classe “Inhaúma”, o NE “Brasil”
e a Corveta “Barroso”.

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Nos navios que não dispõem de “CRASH STOP”, a parada obrigatória desses sistemas
não pode ser imediata, logo, a decisão de se realizar a parada das ventilações e extrações na
área do sinistro pode ser feita a critério do líder.
Nesses navios, o sistema de ventilação pode ser deixado operando quando do primeiro
ataque ao sinistro.
É necessário compreender que tal decisão está pautada na explicação de que a utilização
cuidadosa das ventilações e extrações pode permitir um tempo de permanência maior para o
pessoal do CBINC, nos primeiros minutos de faina, enquanto o fogo está ainda sob controle,
com melhor visibilidade, possibilitando o ataque ao foco do incêndio. A razão principal é que
essa troca de ar proporciona maior possibilidade de permanência no local e sobrevivência,
sendo importante para o pessoal que está se retirando do ambiente e para os primeiros a dar
combate ao fogo, ainda não equipados com equipamento autônomo de respiração.
Os sistemas de ventilação devem ser parados, em qualquer situação, quando a equipe
com máscaras chegar ao local ou quando o espaço for abandonado.
Deve-se considerar ainda que, desde que um simples sistema de ventilação a bordo dos
navios frequentemente serve a vários compartimentos, o uso descontrolado ou prematuro da
ventilação poderá resultar na propagação do fogo e fumaça além dos limites estabelecidos.
No caso de incêndio em praça de máquinas, uma extração permanece em
funcionamento nos primeiros minutos, enquanto militares com máscaras autônomas não se
apresentarem para o ataque ao incêndio. Nesse caso (e sempre que forem deixados os sistemas
de ventilação para garantir maior tempo de permanência no local), as descargas da extração
devem ser verificadas. Elas podem estar localizadas em pontos de difícil acesso e devem ser
de conhecimento do pessoal do Controle de Avarias. Esses locais são possíveis focos de
incêndio, se o incêndio ganhar grandes proporções nos primeiros momentos, antes da parada
dos motores e fechamento de flapes. No caso das descargas de Praças de Máquinas se
localizarem em dutos de descarga, os mesmos devem ser investigados quanto a focos
secundários de incêndio.
II) Restabelecimento das ventilações
Após a realização da parada das ventilações, extrações e ar-condicionado, o ENCCAv
deve, com o apoio dos eletricistas ou do CAv-EL, restabelecer, rápida e criteriosamente, esses
sistemas que servem áreas fora dos limites de fumaça, levando sempre em consideração as
suas prioridades e as Prioridades do Comando. Por exemplo, se a prioridade for
COMBATER, o primeiro passo pode ser fornecer ar-condicionado ao COC e os
computadores dos sistemas de armas, para restabelecer a capacidade de combate do navio. A

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manutenção da área compreendida entre os limites de fumaça primário e secundário sem
fumaça também merece grande prioridade, como já citado anteriormente. A sequência ideal à
a seguinte:
– restabelecer a ventilação para os sistemas essenciais à manutenção das Prioridades do
Comando e à vida do navio ;
– restabelecer a ventilação para áreas não atingidas pelo fogo ou fumaça;
– conter a fumaça nos limites estabelecidos;
– remover a fumaça entre os limites secundário e primário; e
– remover a fumaça após extinção do incêndio.
III) Remoção ativa da fumaça
Entende-se por remoção ativa aquela realizada durante o incêndio, fora dos limites
primários de fumaça. Requer, no entanto, extremo cuidado pois uma rota errada pode levar ar
fresco para a área do incêndio, aumentando a intensidade do fogo.
Os seguintes itens são pertinentes:
– pode ser realizada sem problemas em incêndios classe “A” ou “C”;
– em incêndios classe “B”, a remoção ativa na zona de abafamento só pode ser
realizada se a temperatura estiver baixa e com atenção especial, pois é provável a presença de
gases combustíveis que em contato com o ar fresco podem vir a explodir ou entrar em
combustão;
– essa faina visa deixar safas as áreas de contenção, as áreas de concentração do
pessoal e as demais áreas vitais ao navio;
– pode ser feita através da utilização criteriosa dos sistemas de ventilações do navio,
inclusive filtros NBQR; e
– podem ser utilizadas ventilação natural ou forçada, após o estabelecimento das rotas a
serem utilizadas.
10.4 - FAINAS DE ESGOTO, RESCALDO, REMOÇÃO DE FUMAÇA E TESTE DE
ATMOSFERA
10.4.1 - Esgoto
A remoção de água deve iniciar tão logo quanto possível. O pessoal a ser empregado
nesta faina deve possuir conhecimento específico sobre o assunto, tendo especial atenção
quanto aos efeitos da água de CBINC na estabilidade do navio. Em paralelo à faina de
CBINC, pode ser iniciado o esgoto da Praça afetada, para a remoção do líquido combustível
derramado, porém a camada de espuma não deve ser removida.

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O esgoto do compartimento já deve ter sido completado antes de se terminar a faina de
remoção da fumaça, pela possibilidade da existência de gases diluídos na água.
Após essas etapas terem terminado, o compartimento deve ter sua atmosfera testada, ou
seja, os testes de oxigênio, gases explosivos e gases tóxicos devem ser realizados. Se o
resultado for positivo quanto ao oxigênio e negativo quanto aos gases, o compartimento pode
ser considerado ventilado.
10.4.2 - Rescaldo
A faina de rescaldo consiste em uma das fainas mais importantes do combate a
incêndio, pois ela tratará de uma investigação minuciosa no compartimento sinistrado a fim
de se resgatar vítimas, descobrir possíveis focos de incêndio sob os escombros, verificar se há
material inflamável a ser separado e removido, qual a melhor forma de se esgotar a água
embarcada, e se há a necessidade de se remover os escombros.
Quando possível, e dependendo das prioridades do comando, o Encarregado do CAv
deve utilizar militares que não participaram diretamente do combate ao incêndio para a
realização do rescaldo. Esses militares estarão mais descansados e, portanto, menos
suscetíveis a erros.
Todos os envolvidos no rescaldo devem vestir o EPI adequado à faina, que neste caso é
a roupa de aproximação completa com máscara de respiração autônoma e capacete.
Se houver a suspeita de que existem vítimas dentro do compartimento sinistrado,
encontrá-las será a primeira preocupação do líder do rescaldo. O bom uso da câmera de
imagem térmica é fundamental para a localização dos acidentados. A varredura com a câmera
também servirá para se determinar possíveis focos de incêndio sob os escombros. Fiações
elétricas, espaços entre forros e anteparas e dutos de ar-condicionado são locais bastante
propícios a se encontrar focos e de difícil visualização com a câmera de imagem térmica. A
equipe de rescaldo deve ter especial atenção para que não sejam danificados ainda mais os
equipamentos existentes no compartimento.
O Reparo de CAv deverá prover à cena de ação as ferramentas apropriadas, como o
machado de CAv, a marreta, o pé-de-cabra, a pá ou o balde metálico.
Outra tarefa da Turma de Rescaldo é identificar e isolar o material inflamável ainda não
incinerado. Dentro da exequibilidade, esse material deve ser retirado do compartimento
ou, pelo menos, resfriado de forma que uma nova combustão não seja iniciada.
Mesmo que a ECCAv decida qual será o método de esgoto que será empregado, é o
líder da Turma de Rescaldo quem determinará o quanto ele é aceitável, pois muitas vezes,
desentupir um ralo obstruído por escombros para escoar a água pode causar mais transtornos

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do que a instalação de um edutor portátil ou de uma bomba submersível. Em contrapartida, a
altura da coluna d'água embarcada pode não ser suficiente para que esses equipamentos
esgotem o compartimento satisfatoriamente. Nesses casos, componentes da Turma de
Rescaldo farão uso de baldes metálicos para efetivar o esgoto. Capacetes fazem parte do EPI
da Turma de Rescaldo e, definitivamente, não devem ser utilizados para esgoto.
Após o término dessa criteriosa inspeção chamada rescaldo, e com a certeza de que não
restam focos de incêndio e o material inflamável está identificado e protegido, o navio está
pronto para iniciar a próxima fase do combate à avaria: a Remoção da Fumaça.
10.4.3-Remoção da fumaça
Após o incêndio estar extinto, gases combustíveis podem estar presentes. Para todas as
classes de incêndio, o monóxido de carbono (CO) será o gás predominante.
Apesar de inflamável, quantidades grandes de CO devem ser produzidas para se atingir
a concentração explosiva (de 12,5% a 74%). Grande concentração de CO que ainda não
entrou em combustão está associada a incêndios em locais confinados que queimaram por
longos períodos.
Em incêndios classe “A” ou “C”, a remoção de fumaça pode ter início assim que o fogo
for extinto, ou seja, assim que não for mais observada chama viva, facilitando a faina de
remoção de escombros. Nesse caso, o sistema de ventilação instalada do navio pode ser
utilizado, após verificação de sua integridade elétrica. Não existem registros de incidentes
ocorridos na remoção de fumaça de incêndios dessas classes devido à utilização desses
sistemas de ventilação.
Em incêndios classe “A”, o material em brasa pode vir a entrar em ignição novamente
quando ventilado, portanto é fundamental ter a garantia de que a turma de prevenção está
estabelecida, que conhece sua função e que o local está resfriado para se iniciar essa faina.
Em incêndios classe “B”, a faina de remoção da fumaça deve iniciar tão logo os gases e
o compartimento tenham sido resfriados o suficiente para não haver perigo de reignição e
após a constatação de que não há mais risco de incêndio.
O método mais seguro e recomendável de remoção de fumaça em qualquer classe de
incêndio e em qualquer navio é a utilização de sistema de ventilações potentes, como das
Praças de Máquinas, cozinha e filtros NBQR.
Fainas de remoção de fumaça de Praças de Máquinas podem ser feitas usando
ventilação positiva de praças de máquinas adjacentes, criando uma sobrepressão na mesma,
na área de acesso e na praça sinistrada; esse canal de vento expulsa a fumaça pelos dutos de
extração e ventilação da praça afetada (cujas tampas e flapes já devem estar abertos).

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Fainas de remoção de fumaça em geral podem ser feitas, usando sobrepressão em um
convés, oriunda de ventilações de praças de máquinas, expulsando a fumaça por um acessório
aberto para a atmosfera.
Para incêndios classe “A” ou “C”, pode-se, invertendo a manobra, usar a extração de
uma Praça de Máquinas para criar uma depressão em determinado convés, usando uma
abertura para a atmosfera, uma ventilação funcionando, e arrastar para essa Praça esses gases.
Isso não deve ser feito após um incêndio classe “B”, pois pode arrastar os gases explosivos
para uma praça ainda guarnecida e com equipamentos funcionando, com a presença de pontos
quentes.
No caso de navios com a Praça guarnecida, a extração de fumaça, por esse último
método pode colocar em risco a vida do pessoal no local ou mesmo impedir a operação dos
equipamentos devido à perda da visibilidade.
As fainas devem trocar pelo menos 95% do ar contaminado. Isso vai ser obtido após a
realização de quatro trocas desse ar contaminado por ar fresco, o que pode ser conseguido
após cerca de 15 minutos de ventilação forçada usando ventilação positiva. Os planos dos
sistemas de ventilação do navio devem ser consultados para o planejamento dessas fainas e o
cálculo de tempo necessário para a mesma.
As fainas de remoção de fumaça (e de remoção ativa de fumaça) devem levar em conta
os seguintes aspectos:
– o primeiro objetivo deve ser sempre a extinção do fogo;
– quando um incêndio classe “B” tiver sido extinto, gases combustíveis podem estar
presentes. A centelha produzida por interruptores, disjuntores e controladores pode facilmente
inflamar esses gases;
– disjuntores que tiverem desarmado ou que foram desarmados devem ser mantidos
nessa posição até que o sistema em que atuam possam ser verificados;
– os sistemas de ventilação deverão ser inteiramente inspecionados para averiguação de
sua integridade mecânica e elétrica e para certificar-se de que estão livres de fogo ou material
fundido antes de serem reutilizados;
– a remoção de fumaça deve ser efetuada com grande precaução devido à possibilidade
da presença de gases explosivos;
– no caso de o navio haver sofrido avarias por impacto acima da linha d’água, tais
aberturas podem ser utilizadas para a remoção da fumaça;

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– os métodos de remoção de fumaça devem ser escolhidos levando em consideração
que é importante manter o controle da fumaça, ou seja, conhecer para onde a mesma estará
indo e os riscos impostos;
– quando necessário, o rumo do navio deve ser alterado para melhorar o vento relativo
a fim de favorecer a faina;
– ninguém deverá adentrar os limites da fumaça sem proteção respiratória, até que a
área tenha sido liberada após teste de atmosfera; e
– a fumaça ao ser removida pode ser direcionada para uma área com pessoal sem
proteção respiratória, onde os gases tóxicos podem prejudicar esse pessoal, ou ainda onde
existam pontos quentes, onde os gases explosivos possam vir a entrar em combustão. Por
exemplo, a remoção de fumaça após um incêndio em uma Praça de Máquinas deve ser sempre
por pressão positiva oriunda de ventilação em outra praça, forçando os gases quentes e a
fumaça para a atmosfera através dos dutos de extração e ventilação da praça afetada. Se for
necessário que a fumaça e os gases passem por áreas guarnecidas, deve ser alertado em
fonoclama e através dos circuitos de comunicações interiores tal fato.
As observações acima levam em consideração uma situação de paz, sem ameaça externa
que obrigue a manutenção de rigorosa condição de fechamento do material com o navio em
combate, ou uma condição de contaminação NBQR. Em qualquer situação de combate, as
fainas de remoção devem ser feitas preferencialmente através das praças de máquinas,
utilizando-se motores de ventilação e filtros NBQR.
10.4.4 - Teste de atmosfera
A remoção de fumaça da área contaminada deve terminar antes do teste de atmosfera.
O explosímetro não é confiável quando exposto à umidade excessiva ou grande
quantidade de partículas em suspensão produzidas no incêndio, e requer oxigênio suficiente
para funcionar corretamente. O oxímetro, aparelho de teste de O2, utiliza sensores que são
particularmente sensíveis à sujeira e à umidade. Se alguma tentativa for feita para determinar
o percentual de oxigênio contido na fumaça de um compartimento, o sensor se tornará
permanentemente inoperante. Portanto, a remoção de fumaça será feita sem o conhecimento
da situação dos gases explosivos no compartimento.
Quando o compartimento estiver ventilado, ou livre de fumaça, deve ser parada a
remoção da fumaça e conduzidos os testes de Oxigênio (O2+), de gases combustíveis (E-) e de
gases tóxicos (GT-), nessa sequência. O nível de oxigênio deve estar no limite inferior de
explosão, de 20% a 22%, e todos os gases explosivos devem estar a menos de 10% do limite
mínimo para a explosão. Todos os gases tóxicos devem estar abaixo dos valores máximos

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suportáveis, antes do compartimento ser declarado seguro para a entrada de pessoal sem
máscaras de combate a incêndio (Tabela 10.1).
No caso de utilização de lâmpada de segurança, o teste de gases explosivos deve ser
realizado antes do teste de O2. A bordo, o pessoal componente dos reparos de CAv deve ter
conhecimento sobre a condução desses testes, mas o pessoal obrigatoriamente qualificado
deve ser o seguinte:
– encarregado do CAv;
– fiel de CAv do navio ou de serviço;
– líderes dos Reparo; e
– Investigadores.
Esse pessoal deve ser adestrado constantemente, assim como o respectivo material deve
ser corretamente mantido, em virtude dos riscos à vida humana envolvidos.
Após um incêndio, devem ser realizados testes com o Detector de Gases Tóxicos
DRAGER para os seguintes gases:
– monóxido de carbono;
– bióxido de carbono;
– hidrocarbonetos;
– gás clorídrico (geralmente subproduto da queima de isolamento de cabos elétricos);
– gás cianídrico (geralmente subproduto da queima de isolamentos térmicos); e
– gás fluorídrico (resultante da decomposição do HALON em contato com o calor).
GÁS VALOR MÁXIMO ADMISSÍVEL
MONÓXIDO DE CARBONO 50 ppm
DIÓXIDO DE CARBONO 0,5 % vol.
HIDROCARBONETOS 100 ppm
GÁS CLORÍDRICO 5 ppm
GÁS CIANÍDRICO 8 ppm
GÁS FLUORÍDRICO 25 ppm
GÁS SULFÍDRICO 10 ppm
Tabela 10.1 - Valores máximos admissíveis para gases
Os testes devem ser conduzidos no centro e nos quatro cantos do compartimento, no
alto e no piso.
Na impossibilidade de realização desse teste, ou quando alguns tipos de gases não
puderem ser testados, deve ser mantida a ventilação do compartimento por mais quinze
minutos, porém o Comando deve ser informado dessa limitação e dos riscos da existência de
gases tóxicos no compartimento sinistrado.

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10.5 - A FAINA COMPLETA DE COMBATE A INCÊNDIO
10.5.1 - O ataque inicial
O militar que descobrir o incêndio deve disseminá-lo imediatamente, utilizando os
meios de comunicações disponíveis; assim que tiver certeza de que alguém tomou
conhecimento do alarme, deve retornar ao local e iniciar o primeiro combate, para tentar
apagar o fogo.
A informação do incêndio deve chegar a um dos locais do navio que possua fonoclama,
onde será disseminada, devendo ser especificada: a classe do incêndio; o local, dizendo o
nome do compartimento e o número; e a Estação de Reparo a ser guarnecida, se no porto com
parte da guarnição licenciada. Por ocasião desta disseminação não se deve usar expressões
como: “…. Fragata Abolição incêndio real no compartimento….” ou “…. Fragata Abolição
isto não é um exercício, incêndio….”
Os incêndios ou grandes vazamentos de óleo em praça de máquinas devem ser
combatidos obrigatoriamente em condição I ou IA (Postos de CAv).
A Estação Central do CAv e os reparos deverão utilizar a simbologia de plotagem de
avarias para o acompanhamento dos incêndios e alagamentos conforme apresentado no
diagrama “SIMBOLOGIA PADRÃO DE PLOTAGEM DE AVARIAS”, que se encontra no
CAAML-1201 REV.2.
Por ocasião do guarnecimento de Postos de Combate/Postos de CAv os militares dos
reparos deverão retirar seus coletes salva-vidas e estes serão armazenados na área do reparo.
A descoberta com atraso da existência de um incêndio é caracterizada pela presença de
fumaça ou de seu cheiro, já se espalhando pelo navio através de dutos de ventilação e de ar-
condicionado e corredores, sendo quase sempre impossível determinar a origem do mesmo,
trazendo dificuldades para o pessoal.
No caso de um incêndio (ou alagamento) a bordo em época de paz, ao ser ordenado o
guarnecimento de Postos de Combate/Postos de CAv, os militares que estiverem próximos a
um princípio de incêndio não devem se dirigir aos seus postos em Condição I/IA, mas
verificar antes se já há militares em número suficiente para lidar com a situação. A rapidez no
ataque inicial é fundamental, e a ameaça ao navio nesse momento é o incêndio (alagamento),
portanto não adianta abandonar a área para, por exemplo, guarnecer um reparo de torpedo,
pois não há nenhuma ameaça submarina presente.
O que foi exposto acima não significa que todos devem se dirigir ao local da avaria, mas
o que se pretende é que, pelo menos, alguns tripulantes deem apoio à faina enquanto a turma
de ataque não estiver no local.

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O pessoal que participa do ataque inicial, seja o descobridor ou a turma de ataque, deve
estar vestido de forma apropriada, para sua própria proteção e para permitir um ataque mais
eficiente. É comum, quando da realização de adestramentos, componentes das turmas de
ataque se dirigirem ao local do sinistro com chinelos, calção e camiseta, pretendendo diminuir
o tempo de reação. Tal procedimento, num caso real, colocará em risco o militar e causará
atraso ao início da faina. Os componentes dos grupos de CAv de serviço, quando fora do
expediente, devem estar especialmente preocupados com o uniforme que estiverem usando.
Salienta-se que as estatísticas de Marinhas Amigas mostram que cerca de 90% dos incêndios
são extintos nos primeiros dois minutos, 5% nos primeiros dez minutos, e os 5% restantes
ultrapassam 5 a 10 horas, sendo metade destes últimos ocorridos em Praças de Máquinas.
Não se deve esquecer que todos a bordo, do marinheiro mais moderno ao Comandante
do navio, devem conhecer os procedimentos básicos de controle de avarias e os principais
equipamentos de CAv e sua utilização.
Se o navio estiver em Combate e um incêndio for causado por um impacto a bordo,
ainda em Condição III, a prioridade de guarnecimento é do posto em Condição I.
Ao encontrar muita fumaça ou outra indicação de um grande incêndio através de uma
porta ou escotilha, o descobridor deve dar o alarme e iniciar imediatamente a limitação da
fumaça na área, a contenção e a preparação do material de combate a incêndio, aguardando os
componentes do Reparo, devidamente equipados, para iniciar o ataque. Se as indicações são
de um pequeno incêndio, o descobridor deve ter cautela e proteger-se para iniciar qualquer
medida para extinção desse incêndio.
A velocidade do ataque inicial é essencial, mas se essa ação falhar, uma avaliação
cuidadosa da situação é tão importante quanto a velocidade da mesma.
Em um incêndio classe “A” ou “B”, caso seja difícil efetuar o ataque inicial com
extintor devido à presença excessiva de fogo ou fumaça, o descobridor deve tentar utilizar a
mangueira mais próxima em neblina, mesmo que sozinho – é claro que isso depende do porte
do militar, tentando manter o incêndio sob controle. Em qualquer situação deve ser mantida
uma distância de pelo menos dois (02) metros do incêndio, evitando o risco de choque
elétrico, caso haja algum circuito de 440V alimentado nas proximidades do foco do incêndio.
Em um incêndio classe “C”, tal ação deve ser evitada, para que não se utilize água em
um compartimento como a Estação Rádio, Compartimento dos Computadores ou COC/CIC,
Compartimento dos Conversores, Quadros Elétricos, Painéis de CDE’s, que podem tornar o
navio incapacitado de operar.

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Não sendo possível esse ataque inicial, o descobridor deve pesar a situação e considerar
que, se existe o risco de propagação de incêndio, deve isolar o compartimento. Tal situação,
no entanto, deve ser evitada, pois após o fechamento da porta não teremos mais conhecimento
do que está ocorrendo no interior do compartimento, e o ataque só poderá ser continuado com
a turma de incêndio equipada (reentrada).
O pessoal dando o combate inicial só se retira da área após rendido pelo pessoal da
turma de ataque, devendo transmitir a essa turma, nesse momento, o máximo de informações
a respeito da origem e localização do fogo, perigos no compartimento, ações já tomadas etc.
A turma de ataque toma as ações necessárias, como já citado anteriormente.
10.5.2 - Ataque contínuo
a) Ações imediatas
As seguintes ações devem ser implementadas pelo navio, nesses primeiros um ou dois
minutos de faina:
I) Os militares de serviço no Centro de Controle de Máquinas, normalmente os
Motoristas (MO), colocam pelo menos duas bombas de incêndio na linha, de preferência
situadas em praças de máquinas diferentes. A seguir desalimentam os equipamentos em
funcionamento no local da avaria, se houver, e providenciam o isolamento mecânico do
compartimento;
II) Os Eletricistas (EL) têm as seguintes responsabilidades:
- executar o “CRASH STOP” do Sistemas de Ar Condicionado e de Ventilações e
Extrações do navio, exceto no caso de incêndio em Praça de Máquinas ;
- partir outro gerador, ou passar a energia para bordo (no caso de navio atracado),
colocando dois geradores na linha, de preferência em praça de máquinas diferentes;
- dividir a planta elétrica com cada gerador alimentando uma bomba de incêndio;
- realizar o isolamento elétrico do compartimento sinistrado, e logo após dos
compartimentos dos limites primários do incêndio, onde serão feitas as contenções, se
necessário. Especial atenção deve ser dada à iluminação, que deve permanecer alimentada; e
- fechar os flapes dos dutos de ventilação e extração que servem a área sinistrada.
b) Ações subsequentes
A sequência de ações subsequentes prevê:
– o líder do reparo após avaliação do sinistro, no local, transmite para a turma de ataque
as suas orientações: o emprego do agente extintor mais adequado e a melhor forma de efetuar
este combate. Após a passagem dessas informações, o líder se retira do local indo se
posicionar fora do limite primário de fumaça.

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OSTENSIVO CAAML-1202
– ao serem rendidos pela turma de incêndio (turma de suporte “A”), a turma de ataque
reporta as ações já tomadas, e se apresenta ao líder, no local de controle da faina.
– equipamentos não necessários diretamente ao combate do incêndio não deverão ser
trazidos para o local do sinistro.
– o Líder orienta a faina na área, auxiliado pelo Investigador, quanto às contenções, e
mantém contato constante com o líder da turma de incêndio e o EncRep, através de rádio
transceptor portátil ou do mensageiro.
– o Líder fará contínuo relato da situação do incêndio. A troca de informações entre o
Líder, o EncRep, líder da turma de incêndio e o investigador inclui (mas não se limita a)
informações sobre:
• localização do incêndio;
• classe do incêndio;
• chegada da turma de ataque/incêndio ao local;
• localização da fumaça;
• material necessário para a faina;
• isolamento mecânico;
• isolamento elétrico;
• limites de incêndio e fumaça estabelecidos;
• necessidade de pessoal e material de apoio;
• envio/chegada de turma de ataque, incêndio, rendições, material de apoio etc.;
• tempo de máscaras do pessoal;
• necessidade de ventilar áreas com fumaça, para contenção ou concentração de pessoal;
• situação do incêndio: fora de controle, sob controle, fogo extinto;
• utilização de algum sistema fixo: espuma, borrifo, CO2 / Halon etc.;
• turma de prevenção estabelecida;
• rescaldo;
• solicitação de remoção de fumaça, método e rota a serem utilizados;
• compartimento resfriado;
• resultados de teste de atmosfera; e
• avarias na área.
– a Turma de Contenção estabelece as contenções nos limites primários de incêndio,
executando o resfriamento das anteparas, e providencia o esgoto de compartimentos e
diminuição de superfície livre, sempre que necessário. Esse pessoal deve retirar anteparas
OSTENSIVO - 10-21 - REV.2
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falsas ou tetos rebaixados, permitindo realizar uma contenção mais efetiva. Por exemplo, o
fogo pode se alastrar pela borracha isolante da cabeação elétrica oculta pelas placas de
acabamento decorativo.
– o Investigador verifica todos os compartimentos da área quanto à presença de fogo ou
fumaça. Ele irá constantemente circular o perímetro do incêndio, informando a situação dos
limites do incêndio para o Líder e solicitando ajuda, conforme necessário, de modo a manter
esses limites.
– o EncRep e ENCCAv devem determinar os limites de fumaça, disseminar em
fonoclama e escalar vigias.
– por ordem do ENCCAv, determinadas ventilações e extrações podem ser alimentadas
para: extrair a fumaça e permitir a permanência do pessoal dos Reparos entre os limites
primários e secundários de fumaça; restabelecer as condições de habitabilidade fora dos
limites secundários de incêndio; restabelecer as condições de combate do navio, por exemplo
renovando o ar e resfriando compartimentos como o COC/CIC; e ventilar locais com pessoal
preso necessitando de ar.
– as necessidades de pessoal e material de apoio já devem começar a ser levantadas
pelo ENCCAv junto aos EncRep.
– nessa altura da faina, caso o incêndio se verifique num compartimento com Sistema
fixo de CO2 ou HALON, o Líder deve certificar se o incêndio pode ser controlado ou não, e se
é passível de causar avarias maiores. Nesse caso, pede permissão a ECCAv para disparar o
sistema. O ENCCAv, analisando a situação, pode determinar ou não a utilização do Sistema
fixo.
– os seguintes aspectos devem ser analisados para considerar um incêndio fora de
controle e a possibilidade ou não de continuar o ataque:
• o incêndio ocupa uma área grande do compartimento?
• a temperatura interna está muito elevada?
• o fogo está colocando em risco a vida do pessoal combatendo o incêndio?
• a quantidade de fumaça no compartimento é grande e está se espalhando rapidamente?
• existe risco de explosões ou propagação do incêndio?
• existe alguma dúvida em relação a alguma das situações acima?
Respostas afirmativas para, no mínimo, uma dessas questões classificam a situação
como incêndio fora de controle, determinando a evacuação do compartimento e o disparo do
Sistema Fixo.

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OSTENSIVO CAAML-1202
O objetivo principal da utilização do sistema fixo é extinguir incêndios de forma mais
rápida, sem colocar em risco a vida do pessoal e a segurança do navio. Dessa forma, ela é
mandatória quando as condições citadas forem atendidas, ou seja, quando a capacidade
disponível de recursos móveis de combate a incêndio (linhas de mangueira, turmas de suporte
e respectivos equipamentos) não forem suficientes para extinguir o incêndio sem colocar em
risco a vida do pessoal e houver possibilidade do incêndio causar maiores avarias do que
aquelas já existentes, comprometendo a segurança do navio.
Para a avaliação do Comandante do navio sugere-se considerar os fluxogramas a seguir
apresentados. Entretanto, convém ressaltar que as configurações descritas visam estabelecer
critérios para subsidiar o processo decisório do Comandante. Aspectos como, condições
materiais e operativas do navio, níveis de adestramento, condições físicas e mentais da
tripulação, também serão fatores do processo decisório do Comandante. Dentre eles, podem
ser ressaltados: nível de adestramento; condições de estanqueidade do compartimento
sinistrado; situação operativa e as próprias características do navio.

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OSTENSIVO CAAML-1202

Fluxograma 10.1

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OSTENSIVO CAAML-1202

Fluxograma 10.2
– novas tentativas podem ser feitas em melhores condições, ou após o uso de algum
sistema fixo, quando disponível.
– um preparo do pessoal de combate a incêndio com melhor roupa de proteção, estudo
do melhor acesso a ser utilizado, abertura de acessórios para descompressão (redução da
temperatura e pressão no interior do compartimento) etc. podem ser necessários nessa
situação.
– todos os esforços devem ser envidados para que a avaria seja limitada na sua
progressão, até a extinção do material combustível naquele compartimento ou a ordem de
abandono do navio.
– o EnCCAv deve utilizar o fonoclama sempre que for determinar ações a serem
executadas, imediatamente, por turmas situadas em locais de difícil trânsito ou de difícil

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OSTENSIVO CAAML-1202
contato para os EncRep. Sempre que uma ordem for dada pelo fonoclama, deve ser cobrado o
“pronto” dos militares designados para a faina.
10.6 - O CONTROLE DA SITUAÇÃO
10.6.1 - Lista de verificação para o controle da situação da avaria
As fainas de Controle de Avarias, tanto de combate a incêndio como de alagamento são,
em geral, fainas que demandam grande quantidade de pessoal e material, complexidade de
ações, necessidade de boas comunicações e boa coordenação.
Qualquer faina, por mais complexa que seja, como um combate a incêndio em Praça de
Máquinas por exemplo, pode ser analisada sob alguns aspectos que possibilitam, se
acompanhados com cuidado, determinar o andamento da situação. Esses itens, se associados a
uma constante reavaliação, permitem o Controle da Situação, verificando se as ordens
determinadas estão sendo cumpridas e se, após cumpridas, estão alcançando o efeito desejado.
Os pontos a serem considerados para avaliar o controle da situação da avaria são:
a) Situação do incêndio / alagamento:
Chegada da turma de incêndio no local; limites de incêndio; contenções; isolamento
mecânico e elétrico.
b) Situação da fumaça:
Limites de fumaça, colocação de vigias; sistemas de ventilação e ar condicionado;
fechamento de válvulas, flapes e tampas para isolamento de áreas.
c) Situação dos sistemas de CAv:
Pressão da rede de incêndio; disponibilidade de energia elétrica; disponibilidade de ar
comprimido para máscaras (compressores de ar, estações de recarga ); disponibilidade de
edutores para esgoto.
d) Controle do apoio logístico para a cena de ação:
Pessoal e material; rotas a utilizar; apoio de grupos de socorro externo.
e) Comunicações:
Comunicação eficaz com as estações envolvidas; recursos alternativos de
comunicações; controle através do fonoclama; informação ao comando e ao CHEMAQ do
andamento das ações.
f) Coordenação:
Coordenação correta das ações ordenadas entre as estações envolvidas; atendimento às
prioridades do comando.
Esses pontos podem ser utilizados para qualquer faina. É recomendável possuir afixado
próximo ao Quadro de Plotagem de Avarias uma lista de verificação contendo esses itens. Um

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OSTENSIVO CAAML-1202
questionamento frequente desses itens vai permitir correções em ordens mal interpretadas e
procedimentos incorretos.
Outros pontos relativos ao controle eficiente do pessoal e material envolvidos são:
– durante uma faina de combate a incêndio de longa duração, o revezamento e a
reutilização de pessoal já empregado são fundamentais. Ter militares prontos para a rendição
não depende somente do tempo de ar das máscaras, mas também da fadiga de quem está
exposto ao calor intenso. Esse mesmo militar, ao ser rendido, deve ser colocado pronto para a
ação o mais breve possível, através do fornecimento de água fresca e alimentos;
– uma quantidade suficiente de água e gelo deve estar disponível nas proximidades dos
reparos ou local de concentração do pessoal;
– a necessidade de utilizar bombas portáteis do tipo P-250 ou P-100 por longos
períodos requer uma quantidade grande de combustível para as mesmas; e
– a utilização de rádios transceptores portáteis requer a utilização de baterias reservas.
10.7 - LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA A FAINA DE COMBATE A INCÊNDIO
10.7.1 - Considerações imediatas
a) Qual a classe do incêndio?
b) Qual a localização exata do incêndio?
c) Qual a situação da Rede de Incêndio (bombas na linha, pressão)?
d) Qual a situação do acesso ao local do incêndio?
e) Que acessórios de CBINC serão necessários? Estão disponíveis?
f) O que está sendo ameaçado de imediato?
g) Estabelecimento dos limites de incêndio:
– Onde devem ser feitas as contenções para que o fogo não se alastre?
– Há algum compartimento em especial (paiol de munição, paiol de tintas, etc.)?
h) Estabelecimento dos limites de fumaça:
– Existe alguma limitação para o estabelecimento dos limites previstos para a área do
sinistro ?
I) Foi feito “CRASH STOP” de ventilações e extrações? As válvulas dos dutos de
ventilações e extrações foram fechadas?
j) Isolamento elétrico: Os circuitos elétricos foram desalimentados?
k) Foi realizado o isolamento mecânico do compartimento?
10.7.2 - Considerações concorrentes
a) A quantidade de militares e máscaras é suficiente na área do reparo/sinistro?

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b) É aconselhável o alagamento preventivo de paióis de munição, tintas e inflamáveis
existentes na área da faina?
c) A fumaça está dando uma falsa estimativa do verdadeiro local da base do incêndio?
d) O Comando está bem informado da situação?
e) Serão necessários reforços de pessoal e materiais de outras áreas?
f) A estabilidade do navio está sendo considerada? A água embarcada (CBINC +
CONTENÇÃO) está sendo esgotada?
g) Algum equipamento elétrico ou eletrônico deve ser coberto ou retirado para fainas de
contenção?
10.7.3 - Considerações quando o incêndio estiver extinto
a) A turma de prevenção foi estabelecida?
b) O fogo está realmente extinto? Foi realizado rescaldo e verificado possíveis focos de
incêndio? O material inflamado foi separado e molhado?
c) Pode ser iniciada a remoção de fumaça? Qual o melhor método e a melhor rota de
remoção de fumaça?
d) É seguro partir as ventilações ou ar-condicionado da área? Vão auxiliar na faina?
e) Foram realizados os testes de atmosfera?
f) Quais as limitações impostas ao navio decorrentes da avaria?
g) Foram removidos os escombros?
10.8 - INCÊNDIOS EM PRAÇA DE MÁQUINAS
As praças de máquinas caracterizam-se por serem ambientes de alta temperatura,
possuindo grandes quantidades de combustíveis, lubrificantes e equipamentos elétricos
energizados.
Os incêndios da classe “B” podem ter como origem vazamentos de óleo combustível ou
lubrificante, resultando em emissão de grande quantidade de fumaça negra e gases tóxicos. A
grande quantidade de fumaça negra produzida vai causar a perda de visibilidade na área,
dificultando a visualização dos focos de incêndio, impossibilitando a permanência no local
sem máscara apropriada e, também, dificultando o abandono da praça. As dificuldades de
acesso para o combate a incêndio com descida vertical, fogo, fumaça na parte superior da
praça e as altas temperaturas envolvidas são outra parte do problema.
A complexidade das ações, com grande quantidade de pessoal e material, requer
organização, rigorosa coordenação e o uso de listas de verificação pelas diversas estações
envolvidas. Essa faina de controle de avarias requer adestramento, a prática constante de
exercícios e uma correta e frequente manutenção do material de CAV.

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OSTENSIVO CAAML-1202
Devem ser criadas, em cada navio, listas de verificação que incluam cada ação a ser
tomada, desde a fase em que se busca sanar uma avaria operacional, enquanto for apenas um
vazamento, até a fase de combate a um incêndio na praça de máquinas, se as ações citadas
anteriormente não atingirem o efeito desejado. Essas listas especificam o que deve ser feito
em cada estação e a sequência em que as ações devem ser preferencialmente tomadas, no mar
ou no porto. As listas devem estar disponíveis na Estação Central de CAV, Centro / Estação
de Controle da Máquina, Reparo das Praças de Máquinas, Estação Secundária de CAV, e de
posse do líder da Cena de Ação.
10.8.1 - Definições
a) Grande Vazamento de Óleo
É qualquer vazamento de óleo combustível ou lubrificante sob forma pulverizada, ou
um vazamento visível e incontrolável, com óleo se espalhando para fora do sistema em que
opera. Um vazamento sob forma pulverizada é o que apresenta maior risco, devido à maior
facilidade de vir a se inflamar e, quando inflamado, produzir grande quantidade de calor e
fumaça.
b) Pequeno Vazamento de Óleo
É um gotejamento ou merejamento visível de óleo combustível ou lubrificante, oriundo
de uma rede, flange, conexão, junta, etc.
c) Controle de Fumaça
O controle de fumaça compreende o estabelecimento de procedimentos para os sistemas
de ventilação do navio (principalmente das praças de máquinas), e o estabelecimento dos
limites de fumaça (primários, AV e AR, e secundários, AV e AR), para limitar ou reduzir o
espalhamento da fumaça produzida no incêndio.
d) Parede D’Água e Cortina de Aproximação
Esta parede é um dos padrões de jato ou neblina de água (ou espuma) produzidos por
esguichos do tipo variável, que se caracteriza pela formação de um cone de 110º a 180º,
dependendo do modelo do esguicho utilizado. Essa parede, ou cortina, oferece proteção ao
militar do calor irradiado pelo incêndio, ou pode ser utilizada para fazer a selagem de um
acessório aberto.
e) Linha de proteção do Navio
Linha de proteção do navio é a linha de mangueira com esguicho utilizada para
produção de neblina de baixa velocidade, parede d’água ou cortina de aproximação, que deve
ser posicionada no ponto de acesso ao compartimento.

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OSTENSIVO CAAML-1202
Ela fará a proteção através da selagem do acesso ao mesmo, evitando, ou reduzindo, a
saída de fogo, gases quentes ou fumaça. Essa linha deve correr pelo alto, fixada através de
ganchos tipo “S”, para não interferir com as linhas de mangueira que descerão na Praça de
Máquinas.
f) Cortinas e cobertores de fumaça
As cortinas de fumaça são peças de lona ou plástico reforçado, podendo ser compostas
por duas partes que se transpassam, fechadas com a utilização de velcro, para garantir melhor
vedação. São fixadas às golas de passagem das portas ou escotilhas através de grampos.
Podem ser utilizadas cortinas, ou cobertores, de fumaça nos acessórios que devam ser
frequentemente abertos para permitir a passagem de pessoal e material para o combate a
incêndio, ou em acessórios avariados, funcionando como um limite de fumaça. Porém, devem
ser mantidas bem fechadas e com um militar como vigia. A utilização de grampos tipo “C”
permite sua fixação nas golas de passagens ou de escotilhas.
g) Zona de abafamento
É a zona compreendida entre os limites primários e secundários de fumaça. É criada
para se estabelecer uma atmosfera parada, sem fluxo de ar, para evitar a adição de ar fresco
nessa zona e no incêndio, devido ao perigo que representa a presença de gases quentes
provenientes da queima incompleta de combustíveis.
O contato desses gases quentes com o ar fresco pode formar uma mistura explosiva, por
“fecharem” o tetraedro do fogo.
10.8.2 - Redução de riscos de incêndio nas praças de máquinas e manutenção dos
sistemas de combate a incêndio.
a) Medidas de prevenção
São apresentadas abaixo algumas ações a executar e metas a serem atingidas de modo a
se eliminar ou reduzir os riscos de incêndio nas Praças de Máquinas, através da extinção ou
contenção de pequenos vazamentos, manuseio de combustíveis, implementação de
adestramentos etc.:
– inspecionar frequentemente os sistemas de recebimento, armazenamento e
transferência de óleos combustíveis e lubrificantes quanto a vazamentos, incluindo seus
flanges, válvulas, elipses etc., quanto à sua integridade;
– estabelecer normas de segurança para o manuseio de óleos combustíveis diesel ou de
aviação quando retirados do sistema em que trabalham;
– testar e inspecionar os sistemas que envolvem inflamáveis, após reparos;

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OSTENSIVO CAAML-1202
– doutrinar, educar e treinar todo o pessoal para a redução dos riscos de incêndio,
realizando adestramentos de procedimentos do pessoal após detecção de vazamentos e no
combate a um princípio de incêndio em praça de máquinas, ainda na fase de avaria
operacional, assim como promovendo frequentes exercícios de combate a incêndio em praça
de máquinas para todo o navio;
– incentivar todas as práticas de prevenção a incêndios, como:
I) inspeção visual de todos os sistemas que trabalham com inflamáveis, nas rotinas de
pré-acendimento ou após longos períodos sem utilização;
II) manutenção e fechamento de todas as tampas dos tubos de sondagem e suas
respectivas válvulas, tampas das redes de amostragem e respectivas válvulas e bujões de
drenagem dos tanques de óleos;
III) parada e reparo imediato de qualquer vazamento de óleo;
IV) limpeza constante de qualquer pequeno vazamento de óleo que não puder ser
sanado imediatamente;
V) manutenção da limpeza de dutos de ventilação e extração quanto a resíduos de óleo;
VI) manutenção rigorosa da limpeza dos porões quanto a qualquer vestígio de óleo,
trapos embebidos em óleo ou lixo;
VII) não utilização dos compartimentos de acesso a chaminé como depósito;
VIII) depósito de óleos contaminados em tanques existentes para este fim;
IX) manutenção rigorosa do material de CAv; e
X) manutenção rigorosa dos acessórios estanques das praças de máquinas.
b) Manutenção dos sistemas de combate a incêndio
As Praças de Máquinas das diversas classes de navios da Marinha são servidas por uma
variedade de sistemas e equipamentos de combate a incêndio, como: Sistemas Fixos de CO2
ou HALON; Sistemas de Borrifo de Teto ou Porão; equipamentos de produção de espuma,
como Estações Geradoras de Espuma; Sarilhos de Espuma e Pó Químico (dispositivo de
duplo agente) ; sarilhos de CO2 ; extintores de pó químico, espuma e CO2 ; tomadas de
incêndio etc.
As necessidades do CAv, como sempre, são imediatas e em situações de emergência,
portanto os equipamentos devem estar em excelentes condições de funcionamento, merecendo
especial atenção dos encarregados das incumbências. Para exemplificar, são apresentadas a
seguir algumas preocupações com equipamentos, que normalmente vão exigir a imediata ação
corretiva:
I) Sistemas fixos

OSTENSIVO - 10-31 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
– quanto à existência de instruções claras e objetivas de operação, afixadas em local de
fácil visualização e leitura;
– quanto à pesagem ou pressão das ampolas, bem como o posicionamento das válvulas
para pronta operação;
– quanto ao funcionamento dos dispositivos de fechamento de flapes de dutos de
ventilações e extrações e parada dos respectivos motores.
II) Sistemas de borrifo
– quanto à existência de instruções claras e objetivas de operação, afixadas em local de
fácil visualização e leitura;
– quanto a entupimentos das redes e “sprinklers”, e posicionamento das válvulas para
pronta operação;
– quanto ao estado das redes, mangotes e comandos a distância;
– quanto ao funcionamento do dispositivo de partida das estações de produção de
espuma, onde for o caso.
III) Estações geradoras de espuma e dispositivo de duplo agente
– quanto à existência de instruções claras e objetivas de operação, afixadas em local de
fácil visualização e leitura;
– quanto ao posicionamento das válvulas para pronta operação;
– quanto ao estado das válvulas, proporcionador e sua correta operação;
– quanto à quantidade de espuma nos tanques para pronto uso;
– quanto à pressão das ampolas de Nitrogênio;
– quanto ao estado do pó químico armazenado na respectiva ampola;
– quanto ao estado dos mangotes de espuma e pó químico, e de seus respectivos
esguichos etc.
10.8.3 - Sistemas e agentes de combate a incêndio
Em se tratando de incêndios classe “B” em Praça de Máquinas, existem a bordo dos
navios diversos sistemas e equipamentos de combate a incêndio, com suas possibilidades e
limitações, as quais devem ser de conhecimento de todo o pessoal de bordo.
Ressalta-se que o agente extintor ideal para o combate a incêndio dessa classe é a
espuma AFFF.
A utilização de agentes a baixas temperaturas, em um incêndio em um motor que está
ou estava em funcionamento, deve ser considerada, pois a preocupação com uma possível
avaria com um equipamento pode vir a provocar um incêndio fora de controle em toda a
Praça de Máquinas, destruindo a mesma.

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A utilização de agentes como espuma ou água pode ser feita, mesmo na proximidade de
equipamentos elétricos energizados, desde que tomadas as precauções de segurança
necessárias, ou seja, usar o agente em neblina de alta velocidade, a pelo menos 2,0 (dois)
metros de distância.
a) Possibilidades e limitações
I) Água salgada
A rede de incêndio deve ser usada para a produção de espuma AFFF, para o serviço de
contenção no resfriamento de pisos e anteparas das áreas adjacentes ao incêndio e para a
extinção de focos de incêndio classe “A” na área de contenção.
Na ausência de AFFF, linhas de mangueira com neblina de água de alta velocidade
podem ser usadas, apesar de não ser o agente extintor apropriado, sendo o emprego de duas
linhas de mangueiras recomendável. Nesses incêndios, quando utilizando água, os militares
devem trabalhar usando um padrão de neblina de alta velocidade, movimentando o esguicho
rapidamente, procurando afastar as chamas da superfície do combustível.
A utilização de somente água salgada deve prever um período maior de combate a
incêndio, um maior desgaste do pessoal, um maior número de militares e ampolas/tambores
geradores de oxigênio, grandes danos devido ao tempo excessivo para a extinção do incêndio
e grande risco de recrudescimento do mesmo.
Incêndios em combustíveis leves como gasolina são de difícil extinção com a utilização
de água apenas.
Por ocasião da aproximação ao foco do incêndio ou da reentrada, sempre que possível,
água pode ser usada para proteção ao avanço e resfriamento das superfícies quentes. A
utilização da mesma não deve ser contínua, reduzindo-se assim a quantidade de vapor gerada.
A economia de espuma é fundamental, devido à quantidade limitada de líquido gerador AFFF
existente a bordo.
II) Dióxido de carbono – CO2
O uso do CO2 em extintores portáteis tem suas limitações devido às suas próprias
características de utilização, à pequena distância do foco do incêndio (cerca de 1,5 m.). O uso
desses extintores é eficiente em incêndios Classe “C”. Seu emprego em incêndio Classe “B”
só é eficiente quando utilizado em focos em pequenas áreas ou em locais confinados.
Quando disponíveis em sistema de ampola e sarilho, sua utilização provê melhor
rendimento, porém deve ser usado com cuidado, pois o mesmo pode vir a matar por asfixia os
militares envolvidos na faina, devido às grandes quantidades utilizadas, devendo ser utilizada
máscara de combate a incêndio.

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OSTENSIVO CAAML-1202
O sistema fixo de CO2 é aquele que possui grande quantidade de ampolas, cuja
capacidade permite o alagamento do compartimento e a extinção do incêndio por abafamento.
Tal sistema requer alguns cuidados para seu uso, como a total evacuação do compartimento, a
parada do sistema de ventilação (geralmente automática) e o isolamento total do
compartimento, com fechamento dos acessórios que permitem a comunicação do local com a
atmosfera, que possibilitariam a perda do CO2.
O sistema fixo de CO2 deve ser utilizado quando o incêndio for considerado fora de
controle. Assim que tiver sido tomada a decisão de evacuar o compartimento, o mesmo deve
ser totalmente isolado mecânica e eletricamente, e após isso efetuado o disparo do CO2.
III) Espuma AFFF
A espuma AFFF é o resultado da mistura de água salgada com o concentrado AFFF a
6%. É um agente extintor que permite a extinção do incêndio por abafamento e resfriamento,
sendo o principal agente a ser utilizado em incêndios classe “B”, e altamente eficaz em
incêndios classe “A”.
A espuma pode ser obtida de diversas formas em diversas classes de navios, como em
extintores portáteis, proveniente de Estações Geradoras de Espuma, Dispositivos de Duplo
Agente Espuma-PKP, tomadas de incêndio com misturador entrelinhas apropriado e esguicho
variável ou esguicho FB5(X)- MK2, ou tomadas de incêndio e esguicho FB5(X) / FB(5)(X)-
MK2 / NPU, utilizando seu próprio tubo de aspiração.
Borrifos de porões, borrifos de teto ou lançamento de espuma usando FB5(X) /
FB(5)(X)-MK2 / NPU nas tomadas apropriadas também são outras formas de utilizar a
espuma, conforme descrito a seguir.
O borrifo de espuma de porão, ou o lançamento da mesma nas tomadas de espuma, faz a
selagem dos vapores combustíveis e previne o ressurgimento do incêndio, devendo ser
utilizada nas seguintes situações:
– ocorrência de grande vazamento de óleo combustível ou lubrificante;
– incêndios em Praças de Máquinas;
– após a evacuação do compartimento, se o combate inicial foi feito com água,
afetando a camada inicial de espuma; e
– antes da reentrada no compartimento afetado.
O borrifo de teto deve ser usado após a evacuação do compartimento e antes da
reentrada, onde disponível.
Preferencialmente, pelo menos uma das linhas de mangueira para combate a incêndio
classe “B” deve ser sempre com espuma, a menos que a mesma tenha se esgotado, quando

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OSTENSIVO CAAML-1202
então deve ser utilizada água em neblina de alta velocidade, tomando o devido cuidado para
não romper a película de espuma produzida anteriormente.
O misturador entrelinhas requer alguma atenção especial para ser utilizado. O
misturador deve ser instalado numa tomada de incêndio ou após uma seção de mangueira,
fora do limite primário de fumaça, para dispensar o uso de mais uma máscara de combate a
incêndio.
Se o conjunto for de 1,5 pol., podem ser utilizadas no máximo 3 (três) seções de
mangueira nessa linha, e sendo empregada com elevação máxima de um convés. Se utilizada
em convés inferior ao do misturador, podem ser utilizadas até 5 (cinco) seções de mangueira.
Os misturadores entrelinhas foram projetados para serem utilizados com esguicho de
mesmo débito que o misturador e sofrem perda de eficiência devido à perda de carga na
mangueira, em reduções e cocas. Ainda, devem trabalhar com pressão de 100 psi (7 bar) na
entrada do mesmo.
O conjunto americano, utilizado com mangueiras de 1,5 pol., possui seu misturador
entrelinhas (INLINE AFFF EDUCTOR – 95 GPM) e esguicho variável (VARY-NOZZLE –
95 GPM) compatíveis.
O conjunto inglês, utilizado com mangueiras de 2 pol. nas fragatas classe “Greenhalgh”,
usa misturador (PORTABLE INLINE INDUCTOR – FBU(5)X – 225 LPM) e o esguicho
FB5(X) - MK2 (225 LPM ) também compatíveis entre si.
Ambos foram criados em substituição ao NPU ou FB5(X), que não oferecem a
mobilidade necessária aos componentes da Turma de Incêndio para vencer obstáculos ou
escadas no combate a incêndio. O misturador deve ainda trabalhar em linhas de mangueira de
mesma dimensão, ou seja, um misturador de 2,5 pol. não pode ser utilizado numa linha de
mangueira de 1,5 pol., pois as pressões envolvidas na redução não permitem o funcionamento
(arrastamento do líquido gerador) do mesmo.
IV) Pó químico
O pó químico, ou PKP (Purple-K-Powder), é um agente extintor extremamente eficaz
para o combate a incêndios classe “B”. Sua utilização proveniente de extintores portáteis ou
sarilhos (do dispositivo de duplo agente ESPUMA-PKP) permite o combate a focos de
incêndio em óleo pulverizado, em áreas planas limitadas ou em locais confinados.
Deve ser tomado o cuidado para evitar aspirar o pó químico, que pode provocar
problemas de respiração, e a sua utilização provoca a redução da visibilidade na área, devendo
ser usado em jatos curtos sobre o foco do incêndio.
V) Dispositivo de duplo agente - TAFES (Twin Agent Fire Extinguishing System)

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OSTENSIVO CAAML-1202
O Dispositivo de duplo agente foi concebido para o combate a incêndio em áreas
localizadas, nos porões e estrados. O Sistema não foi criado para o combate a um incêndio
fora de controle.
É composto por um sarilho com dois mangotes e dois esguichos, um para espuma e
outro para pó químico. A espuma é produzida numa Estação Geradora, geralmente localizada
no convés de Controle de Avarias; o pó químico está armazenado em uma ampola e é
impelido sob a pressão de nitrogênio proveniente de outra ampola. O pó químico pode ser
utilizado independentemente ou em conjunto com a espuma. O nitrogênio também coloca em
funcionamento a estação geradora de espuma, se a mesma estiver com a válvula de três vias
para operação remota. A manobra de válvulas e a correta operação do sistema devem ser
verificados frequentemente, como previsto no SMP.
Deve ser utilizado imediatamente na ocorrência de incêndio, usando o pó químico, no
princípio do incêndio, dirigindo o jato sobre as chamas, tentando extingui-lo ou controlá-lo,
enquanto é tentado o isolamento da fonte do óleo que está alimentando o fogo.
Simultaneamente, a espuma é utilizada na ocorrência do vazamento a fim de espalhar o óleo
vazado, jogando-o para o porão, para fazer a selagem dos vapores combustíveis, para o
resfriamento das superfícies aquecidas nas proximidades do incêndio ou vazamento e prover
proteção adicional ao pessoal.
VI) HALON
O sistema fixo de HALON utiliza o gás Halon 1301 para a extinção de incêndios fora
de controle, devendo ser operado assim que o compartimento for evacuado e isolado. Esse
sistema, assim como o Sistema fixo de CO2 , possui ampolas cuja capacidade permite o
alagamento do compartimento e a extinção do incêndio pela interrupção da reação em cadeia.
Tal sistema também requer cuidados para seu uso, como a total evacuação do compartimento,
a parada do Sistema de ventilação (geralmente automática) e o isolamento total do
compartimento, com o fechamento dos acessórios que permitem a comunicação do local com
a atmosfera, que possibilitariam a perda do HALON. Alguns sistemas permitem o disparo do
HALON desde o compartimento afetado, ou seja, os militares no compartimento disparam o
gás e evacuam imediatamente o mesmo.
VII) BCF
O BCF é o gás Halon 1211, e é usado para a extinção de incêndios em módulos de
motores e turbinas. O BCF é mais tóxico que o Halon 1301, não podendo ser usado com o
compartimento ainda guarnecido. As demais precauções de segurança para sua utilização são
as mesmas que as do Halon 1301.

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OSTENSIVO CAAML-1202
VIII) Vapor de abafamento
O Vapor age por abafamento no combate a um incêndio, reduzindo a concentração de
oxigênio. Enquanto a atmosfera é mantida cheia de vapor, a reignição é evitada.
A alta temperatura do vapor não permite uma queda da temperatura do compartimento,
e assim que a fonte do vapor é isolada, o mesmo começa a se condensar, provocando uma
depressão, que faz com que os gases combustíveis e o ar se espalhem novamente no local.
Nessa ocasião, existe uma grande chance de o incêndio reiniciar. A própria temperatura do
vapor é alta o suficiente para que muitos combustíveis na Praça de Máquinas venham a
desprender vapores explosivos e entrem em ignição.
b) Considerações para a escolha do equipamento para combate a um incêndio
classe “B”.
A escolha correta do equipamento a ser utilizado deve ser feita levando em
consideração, se possível, uma avaliação na cena de ação, a informação fornecida pelo
descobridor ou com informações dadas pela turma de ataque quanto ao porte do incêndio
(intensidade da combustão, quantidade de fumaça, localização etc. ).
Devem ser considerados os seguintes aspectos:
– o volume de óleo que vazou e se foi derramado ou pulverizado;
– a área ocupada pelo líquido inflamável, se em local confinado ou não;
– a possibilidade de rapidamente isolar a fonte de vazamento;
– com que rapidez o fogo, o calor e a fumaça estão ameaçando os militares no combate
a incêndio e sua possibilidade de abandonar o local.
I) Incêndio em óleo derramado em locais confinados ou pequenas áreas
Utilizar extintores portáteis de pó químico ou CO2 ; pó químico e espuma do dispositivo
de duplo agente; espuma de extintores portáteis, estação geradora, de conjunto esguicho
variável ou FB5(X)-MK2 com entrelinhas apropriado, ou de esguichos NPU / FB5(X) /
FB5(X)-MK2. Em último caso, água salgada apenas, trabalhando com um padrão de neblina
de alta velocidade, movimentando o esguicho rapidamente, procurando afastar as chamas da
superfície do combustível. Se a área for maior que 1 m2, não é recomendável o emprego de
extintor de CO2.
II) Incêndio em óleo derramado em grandes áreas
Em incêndios em óleo derramado em maiores quantidades, o uso de extintor portátil não
é recomendável. O incêndio deve ser combatido com CO2 proveniente de sistema de ampola e
sarilho; pó químico e espuma de dispositivo de duplo agente; espuma de estação geradora, de
conjunto esguicho variável ou FB5(X)-MK2 com entrelinhas apropriado, ou de esguichos

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OSTENSIVO CAAML-1202
NPU / FB5(X)-MK2 / FB5(X). Em último caso, água salgada apenas, trabalhando com um
padrão de neblina de alta velocidade, movimentando o esguicho rapidamente, procurando
afastar as chamas da superfície do combustível. Quando utilizando o dispositivo de agente
duplo, empregá-lo conforme citado no item 7.6.
III) Incêndio em óleo pulverizado
No caso de óleo pulverizado, geralmente o fogo é de alta intensidade e de quase
impossível aproximação, com grande quantidade de fumaça, calor intenso e rápida produção
de gases tóxicos. Se for possível combater o incêndio, o mesmo deve ser feito
preferencialmente com pó químico, eficaz nesse tipo de incêndio, ou AFFF.
Se possível, deve ser tentado isolar a fonte, parar os equipamentos da praça, isolar o que
for possível, vestir as máscaras de escape de emergência, onde disponível, e evacuar o local.
Esse tipo de incêndio pode se tornar fora de controle em segundos, sendo o isolamento da
fonte a ação mais importante.
Incêndios em vazamento de óleo pressurizado cuja fonte não pode ser rapidamente e
completamente isolada devem ser considerados fora de controle. Na existência de sistemas
fixos de CO2 ou HALON, deve ser preparado o emprego de tais sistemas. Nos navios que não
possuem tais sistemas, o combate deve ser tentado com militares com roupa de proteção,
empregando duas linhas de mangueira, sendo, se possível, pelo menos uma de espuma e a
outra linha de proteção em neblina, tendo sempre em mente que a camada de espuma já
formada não pode ser rompida, se a linha de proteção for de água salgada.
c) O ataque a incêndio. Observações e recomendações.
O ataque a incêndio deve ser sempre feito em uma única direção, coordenadamente, seja
empregando extintores ou mangueiras. O ataque conjunto, com dois extintores ou duas linhas
de mangueira, é sempre mais eficaz que o ataque singelo, apesar de as vezes ser impossível
colocar dois militares na faina se o espaço for restrito.
O ataque conjunto nunca deve partir de direções opostas, pois colocará em risco a
segurança do grupo menos agressivo ou, por exemplo, que sofra algum problema em sua linha
de mangueira, como cocas. Se for necessário realizar o ataque indireto coordenado de
diferentes direções, é essencial que exista um meio de comunicação eficiente entre as duas
turmas de incêndio. Na impossibilidade de o ataque ser feito com duas linhas de mangueira,
pode ser utilizada apenas uma linha, estando uma segunda linha pronta para entrar em ação,
caso necessário, já devendo estar guarnecida e pressurizada antes da entrada da primeira linha
no compartimento.

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No momento em que se ataca o fogo com espuma ou água, deve ser esperada uma
violenta reação da combustão, deslocando os gases quentes para cima e produzindo uma “bola
de fogo” que pode vir a se deslocar na direção da turma de incêndio. O líder da turma de
ataque deve se certificar que todos estão protegidos para iniciar o ataque. No ataque inicial ao
fogo, esses militares devem se manter o mais abaixado possível, até que diminua esse tipo de
reação. Aqueles que estão combatendo o incêndio devem sempre procurar se proteger do
calor irradiado atrás de obstáculos.
Deve ser levado em consideração que na fase inicial o material que está queimando
provavelmente está concentrado apenas na parte inferior do compartimento. Com um pouco
mais de tempo, o material na parte superior (cabos elétricos, isolamento térmico, luminárias
etc.) começa a se incendiar.
Após mais um período de tempo, quase todo o material na parte superior já queimou,
restando algumas brasas, mas a concentração de gases quentes e material incandescente está
na parte superior do compartimento. Essas considerações visam orientar a turma de incêndio
para que, na ausência de visibilidade e de uma Câmara de Imagem Térmica, seguindo seus
sentidos (sensação de calor e audição), dirija o jato do agente extintor sobre a localização
provável dos focos de incêndio.
Em situações com grande quantidade de fumaça, “cialume” pode ser utilizado para
marcar componentes dos reparos, escadas, portas, saídas, etc.. Os militares devem evitar
segurar nos corrimões para não queimar as mãos. O uso de luvas extras por dentro das luvas
de combate a incêndio será necessário para proteger as mãos de queimaduras, se for
necessário segurar em corrimões quando da descida. O ataque a incêndio deve ser feito
através de uma escotilha, e não através de um agulheiro, pois a evacuação urgente de um
compartimento através de um agulheiro, com máscara, será extremamente difícil.
10.8.4 - Ações em um grande vazamento de óleo, sem incêndio
a) Grande vazamento de óleo
Um grande vazamento de óleo deve ser considerado um risco à segurança do navio tão
grande quanto um incêndio, devendo ser tratado como tal e cujas ações corretivas devem ser
pré-planejadas e tomadas imediatamente.
Serão apresentadas a seguir as principais providências a serem tomadas, na sequência
que as mesmas devem preferencialmente ocorrer.
I) Ações imediatas
- Informar o vazamento

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No descobrimento de um grande vazamento, a disseminação de tal ocorrência deve ser
imediata, de modo que tal informação chegue ao Chefe de quarto da Máquina e este tome as
providências necessárias, informando imediatamente ao Oficial de Quarto ou de Serviço, para
que o alarme seja dado pelo fonoclama e sejam guarnecidos Postos de Combate/Postos de
CAv.
- Isolar o vazamento
Na primeira detecção de um vazamento de óleo, todo o esforço deverá ser feito para
defletir, reduzir o fluxo ou isolar o óleo, de modo a minimizar a possibilidade do óleo atingir
algum "ponto quente" da Praça de Máquinas, o que acarretaria a sua ignição. O uso de trapos
ou baldes podem muitas vezes evitar um grande incêndio. A atuação em local ou remoto,
fechando válvulas de interceptação, parando bombas e equipamentos, permite o controle e
isolamento do vazamento.
- Ativar e aplicar a espuma / espalhar o óleo
O pessoal na cena de ação ativa a espuma do dispositivo de duplo agente, ou guarnece
uma mangueira com esguicho FB5(X) / FB5(X)-MK2 / NPU usando o AFFF, para remover o
óleo acumulado nos estrados, equipamentos e anteparas, espalhando o mesmo e jogando-o no
porão, cobrindo-o com a espuma posteriormente;
Na indisponibilidade de espuma, usar água salgada. Em alguns navios, tal ação pode
ocorrer ao mesmo tempo em que é lançado espuma através das tomadas ou do borrifo de
porão, portanto a utilização de água não deve comprometer a camada de espuma em
formação.
- Preparar para lançamento de espuma
O Chefe de quarto da Máquina deve providenciar que a estação geradora de espuma seja
guarnecida para eventual recompletamento do tanque, ou que seja preparado e efetuado o
lançamento de espuma no porão através das tomadas existentes no convés.
- Colocar ventilação negativa na Praça afetada
O Chefe de quarto deve providenciar que as ventilações da Praça afetada sejam paradas,
mantendo somente as extrações em funcionamento.
II) Ações concorrentes
- Isolar o maquinário que estiver operando nas proximidades do vazamento para
controlar a avaria. Parar ou manter em funcionamento os equipamentos localizados em
espaços não afetados, a fim de manter a propulsão, sistema de ar comprimido, geração de
energia e pressão na rede de incêndio.
III) Remoção do óleo

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- Remover o óleo para os tanques de óleo contaminado, ou esgotá-lo para o mar, se a
situação assim permitir.
10.8.5 - Ações em um grande vazamento de óleo, com incêndio.
a) Incêndio classe “B” em Praça de Máquinas (navio no mar)
Um incêndio pode irromper de um vazamento não-detectado ou resultar do contato do
óleo que está vazando com superfícies quentes. Algumas ações abaixo citadas são tomadas
ainda em condição III, como parte de procedimentos de Avarias Operacionais, enquanto
ocorre o guarnecimento da condição I/IA, porém essa fase de transição não pode permitir que
ações não venham a ser tomadas. Para tal, essas ações devem ser funcionais para a condição
III, e designadas também para componentes dos grupos dos reparos, que receberão o pronto
das mesmas ou darão prosseguimento nas tarefas iniciadas pelo pessoal de serviço.
Os militares, tomando as ações iniciais, só abandonam o local após rendidos pelo
pessoal dos reparos, informando-lhes das ações já executadas.
I) Ações imediatas
- Informar o incêndio
O incêndio deve ser disseminado rapidamente de modo que a informação chegue ao
Chefe de Quarto da Máquina, para que o mesmo possa ser divulgado em fonoclama e sejam
guarnecidos rapidamente os Postos de Combate.
- Isolar a fonte / dar o primeiro combate
O descobridor deve tentar isolar e/ou defletir a fonte do vazamento que está
alimentando o incêndio e iniciar imediatamente o combate com extintor portátil.
Se grande quantidade de fogo e fumaça estiverem presentes, guarnecer máscaras de
escape de emergência, onde houver, e deixar o compartimento se possível fechando o acesso
utilizado para sair. Não usar as máscaras de escape para combater o incêndio. Após deixar o
local, informar ao líder e ao Encarregado do Reparo da situação do incêndio, localização,
providências tomadas, perigos nas proximidades, se há alguém na Bravo etc.
- Efetuar o lançamento de espuma / guarnecer a estação geradora de espuma.
Deve ser efetuado o lançamento de espuma no porão através das tomadas existentes no
convés ou através do sistema de borrifo de porão, de modo a prover a selagem dos vapores
combustíveis do óleo derramado no porão.
Evitar o uso de espuma proveniente da mesma estação geradora para o combate a
incêndio e para o borrifo.

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OSTENSIVO CAAML-1202
Nos navios que possuem estação geradora de espuma, o Chefe de Quarto ou o EncRep
deve providenciar o imediato guarnecimento da mesma para garantir o recompletamento de
seu tanque, por um militar do quarto de serviço ou do reparo de CAV.
- Prevenir e controlar avarias
Deve ser providenciado o isolamento do maquinário que estiver operando nas
proximidades do vazamento para controlar a avaria. Além disso, deve-se parar ou manter em
funcionamento os equipamentos localizados em espaços não-afetados, a fim de manter a
propulsão, geração de energia e pressão na rede de incêndio.
- Alterar o sistema de ventilação para os compartimentos Providenciar que o sistema de
ventilação seja colocado como a seguir:
- Na Praça de Máquinas afetada
Colocar pressão negativa, ou seja, parar a ventilação, colocar apenas um motor de
extração ou colocar a extração em alta e a ventilação em baixa.
- Na Praça de Máquinas não-afetada
Colocar pressão positiva. Isso visa prevenir que fumaça existente nas proximidades
devido ao incêndio no compartimento afetado penetre no compartimento não-afetado. Se a
fumaça for aspirada dos conveses abertos, mudar as ventilações de modo a aspirar do bordo
oposto, se possível, ou manobrar o navio de modo a colocar as entradas de ar livres de
fumaça.
A decisão de parar o sistema de ventilações deverá ser tomada na cena de ação. No
combate inicial a incêndio, a extração da fumaça e renovação de ar provê maior tempo de
permanência na área do descobridor e/ou turma de ataque, que estarão sem as máscaras de
combate a incêndio, permitindo extinguir o incêndio ainda no seu princípio. Geralmente, o
sistema de ventilações deverá ser parado quando a turma de suporte “A” ou turma de
incêndio, com máscaras, render a turma de ataque na cena de ação ou quando o
compartimento tiver que ser evacuado.
As descargas das extrações podem estar localizadas em pontos de difícil acesso, e
devem ser de conhecimento do pessoal do Controle de Avarias.
Esses locais são possíveis focos de incêndio, se o incêndio ganhar grandes proporções
nos primeiros momentos, antes da parada dos motores e fechamento dos flapes. No caso
dessas descargas se localizarem em dutos de descarga, os mesmos devem ser investigados
quanto a focos secundários de incêndio.
II) Ações concorrentes

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Essas são as ações a serem tomadas se houver disponibilidade de tempo e pessoal, na
fase de transição de condição III para condição I/IA, podendo ser tomadas já em condição
I/IA:
- providenciar o envio de extintores extras à cena de ação; e
- providenciar o isolamento mecânico e elétrico da Praça de Máquinas afetada, com
exceção de equipamentos de combate a incêndio, iluminação e ventilação.
III) Ações de controle de avarias
- Estabelecer os limites de incêndio e fumaça em torno do compartimento afetado, a fim
de prevenir a propagação do incêndio e o espalhamento da fumaça;
- Disseminar pelo fonoclama: “Limite primário de incêndio entre as cavernas --- e --- no
convés (es), limite secundário de incêndio entre as cavernas --- e --- no convés(es), limite
primário de fumaça entre as cavernas --- e --- no convés(es) e limite secundário de fumaça
entre as cavernas --- e - -- no convés(es)”.
- Realizar as contenções, tendo especial atenção à propagação do incêndio nos seus
limites verticais. Se necessário, deve ser providenciado o isolamento elétrico e mecânico
nesses limites;
- Providenciar a rápida rendição da turma de ataque pela turma de suporte “A” ou turma
de suporte “B”;
- Providenciar a rendição dos componentes da turma de suporte “A” pela turma de
suporte “B”;
- Providenciar, se necessário, a rendição dos componentes da turma de incêndio (turma
de suporte “B”) antes do término do tempo de suas máscaras;
- No caso de incêndio fora de controle, preparar para lançamento de HALON / CO2,
onde disponível;
- Realizar, paralelamente ao combate a incêndio, o esgoto do compartimento, se
necessário; e
- Providenciar, após a extinção do incêndio e o resfriamento da área, a remoção da
fumaça, o esgoto do compartimento e o teste da atmosfera do compartimento.
b) Incêndio classe “B” em Praça de Máquinas “fora de controle” (navio no mar)
Um incêndio classe “B” sendo alimentado por uma fonte de vazamento que não pode
ser isolada ou ocorrendo há muito tempo, pode se tornar um incêndio fora de controle. Nesses
casos, o compartimento pode estar sendo evacuado por militares do quarto de serviço ou pela
turma de ataque ou incêndio.
I) Evacuação

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OSTENSIVO CAAML-1202
A decisão de evacuação do compartimento é uma das mais críticas a serem tomadas
pelo mais antigo na cena de ação ou pelo CHEFE DE QUARTO/ENCCAV/CHEMAQ.
As seguintes condições devem ser levadas em consideração para se avaliar o porte do
incêndio, e a possibilidade ou não de continuar o ataque:
- a fonte do vazamento, se pressurizada, pode ser isolada?
- o incêndio ocupa uma área pequena?
- é possível controlar o incêndio?
Respostas afirmativas para as questões acima são uma boa indicação de que o combate a
incêndio pode prosseguir, porém outras questões existem:
- existe o perigo de o pessoal ser cercado pelo fogo?
- a quantidade de fumaça no compartimento é grande e está se espalhando rapidamente?
- existe alguma dúvida em relação a alguma das questões acima?
Respostas afirmativas para estas novas questões determinam a evacuação do
compartimento, e novas tentativas serem feitas em melhores condições, após o uso de Sistema
fixo ou, na sua indisponibilidade, após um preparo do pessoal de combate a incêndio com
melhor roupa de proteção, estudo do melhor acesso a ser utilizado e emprego de material de
fora da Praça de Máquinas (PM) (Observar Fluxograma 10.1 e 10.2).
Uma vez tomada essa decisão, todo o pessoal na PM deve abandonar a mesma,
colocando as máscaras individuais de escape de emergência, quando disponíveis, caso não
estiverem utilizando máscaras de combate a incêndio, e usando o caminho mais rápido e
seguro, sob proteção de uma linha de mangueira.
O pessoal que evacuou a PM deve então se dirigir ao Líder e ao reparo que presta apoio
preferencial à PM afetada e informar a situação do incêndio e os sistemas e equipamentos que
puderam ser isolados.
Após a saída de todo o pessoal, cuja presença será verificada pelo mais antigo e pelo
Líder e informada à ECCAv, todos os acessórios estanques deverão ser fechados e isolados.
Nos navios que dispõe de borrifo de teto, tal dispositivo pode ser utilizado nesse
momento.
Se disponível um Sistema fixo de HALON ou CO2 , após cumpridos todos os requisitos
para seu emprego, o mesmo deve ser utilizado rapidamente.
Deve ser então realizada uma Remoção de Fumaça se a área de acesso estiver
contaminada, permitindo melhores condições para a preparação para a reentrada.
Uma rigorosa contenção deve ser mantida em todos os limites primários do incêndio.

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OSTENSIVO CAAML-1202
A remoção da fumaça na área de acesso ao incêndio após isolamento do mesmo não
deve ser tentada se houver suspeita quanto às condições da estrutura do piso, pois pode
ocorrer o colapso da mesma e o fogo se espalhar para o navio.
II) Lançamento do CO2 / HALON
As seguintes ações devem ser verificadas quanto à sua execução pela ECCAv e Reparo
da área, antes da autorização para o lançamento:
- se o sistema de ventilação da PM foi parado e os flapes e tampas dos dutos de extração
e ventilação foram fechados;
- se foi realizado o completo isolamento mecânico e elétrico da Praça afetada, inclusive
iluminação, tampas de tubos de lançamento de espuma etc.;
- se foi verificado o posicionamento das válvulas do sistema fixo; e
- se todo o pessoal que estava no compartimento realmente abandonou o mesmo.
Antes do lançamento do CO2 ou HALON, deve ser previsto novo lançamento de AFFF
no porão através das tomadas ou do borrifo de espuma a fim de recobrir o porão. Deve existir
registrado no procedimento dos navios a quantidade de tambores geradores de espuma por
tomada a ser lançado ou o tempo de borrifo de espuma a fim de cobrir todo o porão. O
imediato guarnecimento dos tambores geradores de espuma para lançamento nas tomadas ou
recompletamento da estação geradora de espuma será fundamental para combater o incêndio.
Um exemplo de como calcular a quantidade de tambores de líquido gerador de espuma
é usando o seguinte método, quando utilizando esguicho FB5(X):
O consumo de água é o indicado no esguicho, de 225 lpm a 5,5 bar de pressão (o
consumo de espuma é de 13,5 lpm, ou 6% de 225 lpm ).
O fator de expansão da espuma é de cerca de 10 vezes, devido à mistura de ar, para esse
esguicho.
Pode ser mostrado que, para se produzir uma camada de espuma de 10 cm, ou cerca de
4 pol. ( a experiência mostra que assim se obterá uma espessura mínima de espuma de 5 cm,
ou cerca de 2 pol. no porão ), em um compartimento L metros de comprimento por W metros
de largura, com N tomadas de lançamento de espuma, serão necessários :

T = 0,03. L. W
N

Onde T é a quantidade de tambores de 20 litros de líquido gerador em cada tomada de


espuma.

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OSTENSIVO CAAML-1202
c) A preparação para a reentrada
Após a evacuação do compartimento, é efetuado o lançamento do HALON/CO2, se
disponível, sendo então necessário aguardar pelo menos 15 minutos para a reentrada,
aguardando a reação química e extinção pelo HALON ou a extinção total pelo CO2. Nos
navios que não possuem sistema fixo, a preparação das mangueiras deve ser rápida, para que
se reinicie o ataque logo que prontos.
Nada pode ser feito, em relação ao incêndio, nesse período. Devem ser mantidas as
contenções, e através da monitoragem das temperaturas dos limites do compartimento, é
verificado se o incêndio foi ou não controlado. Podem ser utilizados, para tal, termômetros
colocados nos pisos e anteparas. Três quedas consecutivas de temperatura, sendo a última
medição inferior a 60º C, permitem a reentrada do pessoal.
Se as indicações são de que o agente extintor não foi eficaz, através do aumento dessas
temperaturas, deve ser preparado então o imediato reataque ao incêndio, pelo acesso mais
seguro, mesmo antes dos 15 minutos.
Enquanto é feito o acompanhamento da situação, deve ser providenciada uma rápida
remoção da fumaça na área de acesso ao compartimento, se a temperatura desses gases
quentes permitirem a execução de tal faina. Em incêndios classe “B”, a remoção de fumaça só
pode ser realizada se a temperatura estiver baixa e com atenção especial, pois é provável a
presença de gases combustíveis, que em contato com o ar fresco podem vir a explodir ou
entrar em combustão.
Será então possível substituir cilindros e preparar as linhas de mangueiras numa área
sem fumaça, visualizando as ações e economizando ar comprimido, vital numa faina longa de
combate a incêndio.
As mangueiras devem ser preparadas por cerca de três militares, sob orientação do líder
ou investigador, que verificam se as linhas não estão se cruzando, formando cocas etc. O ideal
é a preparação das linhas estendidas na extensão da área de acesso, ou fazendo um “S”.
Dependendo da classe do navio, pode ser necessária a preparação de três linhas de mangueira,
sendo uma de “proteção do navio”, que deve ser posicionada no ponto de acesso ao
compartimento, fazendo a selagem do mesmo, evitando a saída de fogo, gases quentes e
fumaça. Essa linha deve correr pelo alto, fixada através de ganchos tipo “S”, para não
interferir com as linhas de mangueira que descerão na praça de máquinas.
As mangueiras, após terminada a preparação, são pressurizadas e o equipamento é
testado.

OSTENSIVO - 10-46 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
Enquanto é realizada a preparação do dispositivo de mangueiras, os militares que farão
a reentrada devem estar sendo preparados com roupa de proteção completa e máscaras, sob
supervisão do EncRep e controladores de máscaras. Após estarem prontos, recebem um
“briefing” que tem por finalidade mostrar os principais equipamentos e obstáculos na PM. O
briefing deve ser realizado por um militar com experiência na PM sinistrada, com auxílio de
um plano ou croquis, que permita fácil visualização.
O “briefing” deve ser realizado fora do limite primário de fumaça, preferencialmente
em uma coberta de rancho, permitindo que o pessoal da reentrada permaneça sentado
descansando até o momento de serem empregados.
Quando for ser realizada a reentrada, todos se dirigem juntos à área de acesso, são
colocadas as máscaras e é iniciado a respiração através das mesmas em Pressão Positiva no
mesmo momento, sob controle dos Controladores de Máscaras.
d) Mangueiras
Além do que já foi descrito no artigo 5.5 são apresentadas a seguir algumas variações
possíveis, dependendo dos equipamentos de cada navio, para utilização das mangueiras para
combate a incêndio classe “B” com espuma, espuma e água ou apenas água.
Esse dispositivo de mangueiras deve ser utilizado na reentrada ao incêndio, após o
compartimento ter sido evacuado, pois considera-se que todo o material de combate a
incêndio da BRAVO será perdido. Na fase de ataque inicial ou em um ataque contínuo, o
material usado é o existente nas Praças de Máquinas, porém adotando dispositivo semelhante
ao citado abaixo.
Deve ser sempre considerado que, para o combate a incêndio, para penetrar no
compartimento e para a reentrada, o método mais seguro e eficiente se obtém utilizando linhas
de mangueiras de espuma.
As diversas configurações vão variar por classe de navio, sendo apresentados aqui, na
ordem de prioridade e eficácia, alguns exemplos:
- uma linha de espuma de ataque com esguicho variável proveniente de estação
geradora e outra linha de espuma de proteção com esguicho variável proveniente de uma
tomada de incêndio com misturador entrelinhas apropriado;
- uma linha de espuma de ataque com esguicho variável ou esguicho NPU/FB5(X)
proveniente de uma tomada de incêndio com misturador entrelinhas apropriado e outra linha
de espuma de proteção com esguicho variável de outra tomada com misturador entrelinhas
apropriado;

OSTENSIVO - 10-47 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
- uma linha de espuma de ataque com esguicho variável ou esguicho NPU/FB5(X)
proveniente de uma tomada de incêndio com misturador entrelinhas apropriado e outra linha
de proteção, com esguicho variável (ou waterwall) em neblina de água de 90º ou universal em
neblina de água de alta velocidade, de outra tomada;
- duas linhas de água, com esguicho variável/ waterwall em neblina, provenientes de
tomadas de incêndio diferentes; e
- uma linha de água com esguicho variável em neblina de alta velocidade proveniente de
uma tomada de incêndio e outra linha de água com esguicho, em neblina proveniente de outra
tomada.
Quando empregando esguichos tipo FB5(X) ou NPU, essa linha de mangueira sempre
precisa de uma linha de proteção, pois o tipo de jato não provê proteção ao utilizador. A linha
de proteção se posiciona ligeiramente adiantada, sendo o jato de espuma utilizado através da
proteção.
O processo de entrada pode ocorrer de forma lenta e gradual. Os militares devem
utilizar a água como proteção e a utilização de espuma AFFF só deve ser iniciada, se possível,
após a localização do foco do incêndio, economizando líquido-gerador. As comunicações
entre os componentes das linhas de mangueira são fundamentais para o sincronismo do
avanço. O acionamento do tubo de aspiração pelo pessoal do misturador, que estará distante,
dependerá da chegada do pedido de “espuma” pelos militares portando a mangueira, e não
será interrompido até solicitação de “cortar espuma”. Qualquer método de sinalização sonora
eficiente pode ser usado para comunicação entre esses militares.
Na impossibilidade de usar espuma apenas, o emprego simultâneo de água e espuma
não pode comprometer o emprego da última, que será o agente extintor, sendo a água a linha
de proteção e reserva.
A utilização de somente água salgada deve prever um período maior de combate a
incêndio, um maior desgaste do pessoal, um maior número de militares e ampolas de
oxigênio, grandes danos devido ao tempo excessivo e grande risco de recrudescimento do
incêndio.
10.8.6 - Controle da fumaça
A utilização das ventilações e extrações conforme apresentado anteriormente visa
permitir maior tempo de permanência para o pessoal no combate a incêndio enquanto ainda
sob controle, com melhor visibilidade, possibilitando atacar o foco do incêndio, e ainda evitar
o espalhamento da fumaça dentro dos limites já estabelecidos.

OSTENSIVO - 10-48 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
A utilização de uma ventilação negativa tem como único propósito permitir a extinção
do incêndio pelo descobridor ou turma de ataque, e deve ser imediatamente parada após o
posicionamento do líder fora do limite primário de fumaça.
O uso de limites de fumaça para o espaço afetado visa reduzir o espalhamento da
fumaça, confinar de imediato a mesma, estabelecer uma zona de abafamento e permitir
estabelecer o local de organização das equipes de combate a incêndio.
Essa zona de abafamento deve ser pelo menos o Limite Primário de incêndio. O
objetivo é ser criada uma atmosfera parada, sem fluxo de ar, para evitar a adição de ar ao
incêndio e o espalhamento de gases quentes e fumaça.
Os Limites Primários de fumaça devem ser definidos rapidamente, usando anteparas,
acessórios estanques a fumaça, portas comuns, cortinas de fumaça, imediatamente próximos
ao incêndio. Deve ser postado um vigia em cada acessório que dê acesso ao Limite Primário,
a fim de garantir a manutenção do mesmo.
Todos os sistemas de ventilação dentro desses limites (primários) devem ser parados,
assim como todas as válvulas dos dutos de ventilações e extrações que possam alimentar com
ar a área do incêndio ou conduzir a fumaça para outros pontos do navio devem ser fechadas.
Os Limites Secundários de fumaça deverão ser estabelecidos em torno dos Limites
Primários, para monitorar o espalhamento da fumaça e permitir uma área safa para o pessoal
sem máscara.
Somente o pessoal equipado com máscara de combate a incêndio poderá entrar nos
limites de fumaça Primários, e também nos Secundários se a fumaça estiver se espalhando. As
máscaras, porém, só devem ser utilizadas quando realmente houver fumaça, ou quando
ordenado pelo Líder da Cena de Ação.
Podem ser utilizadas cortinas ou cobertores de fumaça nos acessórios que devam
permanecer abertos para permitir a passagem de pessoal e material para o combate a incêndio,
representando um limite de fumaça, porém devem ser mantidas bem fechadas, com um militar
postado como vigia.
Essas cortinas ou cobertores de fumaça são fixadas às golas de passagem das portas ou
escotilhas quando necessário, através de grampos, ou permanecem instaladas nas principais
passagens dos navios, corredores longos etc.
A experiência de incêndios ocorridos em nossa marinha ou de outros países mostra que
geralmente a fumaça causa muito mais baixas de pessoal que o fogo, impossibilita o ataque ao
incêndio ou mesmo a aproximação à área de acesso, dificulta ou impossibilita o trânsito a

OSTENSIVO - 10-49 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
bordo para obter material de combate a incêndio etc., sendo, portanto, de grande importância
o endoutrinamento de todo o pessoal para estabelecer e manter os limites de fumaça.
A colocação de vigias, como já citado, é geralmente necessária, dependendo do nível de
adestramento do navio, pois uma falha na manutenção desses limites pode até eliminar as
chances de sobrevivência do navio.
Todos os navios devem possuir em seus procedimentos uma lista dos limites de fumaça
e acessórios a serem fechados para cada Praça de Máquinas e Planos de Controle de Fumaça,
indicando esses limites, as rotas para remoção da fumaça e os sistemas e equipamentos
utilizados.
Não deve ser adotado, durante o incêndio, o procedimento de gerar uma pressão
positiva ou negativa no convés de acesso à Praça afetada, abrindo as portas das outras Praças
de Máquinas com ventilação positiva ou negativa, a fim de controlar a fumaça. Tal
procedimento abriria espaços para a propagação do incêndio através desse convés.
Por ocasião do reataque ou reentrada no compartimento, a turma de incêndio pode
encontrar uma explosão ou um retrocesso da chama, ou mesmo uma intensificação do fogo
devido à abertura e entrada de oxigênio no local. Nessa ocasião, deve ser previsto um
posicionamento seguro para a turma de incêndio e deve ser controlada rigorosamente a zona
de abafamento, não sendo permitida a abertura de nenhum acessório que comunique esse
limite primário com o secundário.
10.8.7 - Isolamento do compartimento
O completo isolamento mecânico e elétrico do compartimento, exceto a iluminação, é
necessário para evitar o aumento do incêndio pela adição de inflamáveis e de oxigênio do ar
ou para evitar os perigos para as instalações elétricas.
O isolamento do compartimento também é tratado em termos de isolar o incêndio nos
limites do mesmo e realizar as contenções, evitando a propagação do incêndio para os
compartimentos adjacentes.
Cada navio deve possuir em pasta organizada uma relação de válvulas, flapes e outros
acessórios para isolamento mecânico das Praças de Máquinas, assim como uma relação com
todas as chaves, disjuntores, etc. para o Isolamento Elétrico das mesmas. Essas relações
devem possuir a localização, designação, função, equipamento / sistema servido etc.
Sugere-se o emprego de um código de cores ou marcas adequado para rápida
localização dos circuitos a serem desalimentados e válvulas a serem fechadas.

OSTENSIVO - 10-50 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
a) Isolamento mecânico
Para isolamento mecânico dos sistemas das praças de máquinas deve ser observada a
seguinte prioridade:
- sistema de óleo combustível, suas bombas de recalque, de serviço, de transferência e
purificadores centrífugos, tanques de armazenamento, serviço e gravidade; sistema de
combustível de aviação (JP-5), seus tanques de armazenamento, de serviço, filtros
coalescentes, bombas, etc.;
- sistema de óleo lubrificante, bombas de óleo lubrificante e purificadores, tanques de
armazenamento e gravidade, bombas, etc.;
- sistemas hidráulicos;
- sistema de ar comprimido;
- sistemas de vapor; e
- válvulas de interceptação da estação geradora de espuma "AFFF" do convés para as
estações de espuma da praça afetada (se o incêndio ficar fora de controle).
Quando iniciando a ação de parar e/ou isolar os equipamentos/sistemas descritos acima,
os seguintes fatores deverão ser considerados:
I) Nem todos os itens acima possuem isolamento e/ou parada em remoto. Portanto, a
parada no local deve ser executada imediatamente, juntamente com as atividades de combate
a incêndio. O isolamento desses sistemas deve incluir, pelo menos, os tanques de
combustíveis e lubrificantes através do isolamento de suas válvulas e as das anteparas a eles
adjacentes. Todo o pessoal que faz serviço nas Praças de Máquinas deve conhecer as
manobras de isolamento no próprio local dos itens descritos acima.
II) Onde existem comandos à distância, os mesmos devem ser verificados e testados
frequentemente quanto a sua correta operação.
III) Deve ser evitado o "efeito cascata" das avarias sobre os equipamentos dos
compartimentos não-afetados necessários a manter a propulsão, geração de energia elétrica e
rede de incêndio. Sistemas de vapor e ar, compressores de ar e tanques próximos aos limites
de incêndio devem ser objeto de especial preocupação. O estabelecimento de comunicações
entre as Praças de Máquinas será fundamental para prevenir ou minimizar o "efeito cascata".
IV) Não deve ser tentado nenhum tipo de transferência de óleos combustíveis ou
lubrificantes por ocasião de um incêndio. A única ação necessária em relação aos tanques de
óleo combustível para evitar o aumento do incêndio devido ao vazamento de seu conteúdo é
ao completo isolamento dos mesmos.

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OSTENSIVO CAAML-1202
V) Deve ser levado em consideração o esvaziamento rápido em emergência dos tanques
que não puderem ser isolados ou que sofreram avaria estrutural, que possuírem esse sistema
de esvaziamento, cujo conteúdo estiver alimentando o incêndio, ou que alimentem uma PM
que esteja com um incêndio fora de controle. Nas fragatas classe Niterói e Greenhalgh, por
exemplo, a utilização do sistema de esvaziamento rápido de tanques requer cuidadosa
avaliação.
b) Isolamento elétrico
O isolamento elétrico das Praças de Máquinas deverá ser efetuado conforme já descrito
anteriormente.
c) Limites do incêndio
Cada navio deve possuir uma lista com os respectivos limites de incêndio de cada Praça
de Máquinas.
10.8.8 - A reentrada no compartimento.
Não será aqui considerada a entrada da turma de incêndio para rendição da turma de
ataque/suporte “A” no local, num ataque contínuo, ou seja, dando prosseguimento ao combate
na cena de ação, com o conhecimento de que o incêndio não está fora de controle.
A situação aqui tratada considera as ações a serem tomadas após a evacuação do
compartimento, em um incêndio fora de controle, avaliado pela turma de incêndio no local.
É chamado reentrada o reinício do ataque ao incêndio, após um abandono do
compartimento, seguido ou não do emprego de Sistema fixo e lançamento de espuma, tendo
sido o fogo extinto ou não com essas ações.
a) Considerações para a reentrada no caso de o fogo não ter sido extinto, ou da não
existência de sistema fixo
- Uma rápida reentrada no compartimento com a consequente extinção do fogo é a
primeira meta a atingir. Quanto mais o fogo queimar fora de controle mais difícil será sua
extinção;
- A reentrada na PM afetada deve ser tentada imediatamente após a turma de ataque ter
evacuado e o isolamento mecânico, e elétrico se possível, terem sido feitos, inclusive a parada
das ventilações e extrações;
- A reentrada deve ser feita por uma porta estanque, escotilha ou túnel de escape, desde
que não esteja obstruída pelo fogo. As condições do compartimento afetado devem ser
verificadas antes da reentrada, sentindo a temperatura das anteparas próximas ao acesso que
será utilizada, se é realmente o acesso mais seguro e observando as condições através do visor
existente na porta, se houver;

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OSTENSIVO CAAML-1202
- Deve-se ter em mente que os gases quentes estão concentrados na parte superior da
Bravo. Na possibilidade de realizar a reentrada pelo túnel de escape, apesar das dificuldades
inerentes, tal acesso deve ser o mais indicado, permitindo a chegada ao piso inferior da PM,
onde as temperaturas estão mais baixas, para iniciar o ataque ao incêndio;
- Deve ser efetuado novo lançamento de espuma antes da abertura do acesso, através de
tomadas de espuma ou borrifo de porão ou borrifo de teto;
- Várias tentativas podem ser necessárias até que se consiga entrar no compartimento;
- Devem ser assumido que as mangueiras de incêndio e os sarilhos de espuma no
interior da Praça de Máquinas, onde houver, estão destruídos, até que verificado o contrário;
- Por ocasião da abertura do acesso ao compartimento afetado, a área do limite primário
de fumaça deve estar sem fluxo de ar, prevenindo o espalhamento de fumaça e gases tóxicos;
- Uma vez dentro do compartimento, localizar, extinguir e prevenir o fogo.
Isolar e cobrir todos os inflamáveis com espuma "AFFF". Para economizar "AFFF"
deverá ser usado água salgada para o resfriamento do compartimento após o fogo ser extinto,
tendo-se o cuidado de não remover a camada de espuma já aplicada.
I) A reentrada após possível fogo extinto
- Os navios deverão utilizar esquemas apresentando a distribuição das linhas de
mangueira, e suas respectivas tomadas, que serão utilizadas por ocasião da reentrada. É
apresentado, no exemplo da Fig 10.1, ao final deste capítulo, o esquema que deverá ser
montado para uma reentrada em Bravo I de uma Fragata classe Greenhalgh.
- Aguardar pelo menos 15 minutos para a atuação do agente extintor. Isso permite o
resfriamento parcial do local, prevenindo o recrudescimento do incêndio quando o oxigênio
entrar no compartimento;
- Efetuar lançamento de espuma nos porões por 2 minutos ou de acordo com o
estabelecido para a classe do navio, antes da reentrada no compartimento;
- As condições do compartimento afetado e da área de acesso devem ser verificadas
antes da entrada, sentindo a temperatura das anteparas próximas ao acesso que será utilizada,
se é realmente o acesso mais seguro e observando as condições através do visor existente na
porta, se houver.
Considerar a reentrada pelo túnel de escape, onde houver;
- Por ocasião da abertura do acesso ao compartimento afetado, a área do limite primário
de fumaça deve estar sem fluxo de ar, prevenindo o espalhamento de fumaça, gases quentes e
gases tóxicos;

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- Uma vez dentro do compartimento, localizar, extinguir focos de incêndio e prevenir o
seu recrudescimento. Certificar-se de que a fonte do vazamento de óleo está isolada, e que não
há outros vazamentos. Isolar e cobrir todos os inflamáveis com espuma "AFFF". Para
economizar "AFFF" deverá ser usado água salgada para o resfriamento do compartimento
após o fogo ser extinto, tendo-se o cuidado de não remover a camada de espuma já aplicada.
10.8.9 - Rescaldo, remoção da fumaça, teste de atmosfera e esgoto do compartimento.
O rescaldo, a remoção de fumaça, teste de atmosfera e esgoto das praças de máquinas
serão realizados conforme citado em itens anteriores.

Fig 10.1 - Esquema de reentrada na Bravo I de uma F classe Greenhalgh

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CAPÍTULO 11
PROCEDIMENTO DE COMBATE A INCÊNDIO EM PLATAFORMA DE POUSO E
DECOLAGEM
11.1 - PROPÓSITO
Este capítulo tem o propósito apresentar os procedimentos para o combate a incêndio
em plataformas de pouso e decolagem, definir as responsabilidades e manter o pessoal
envolvido em operações aéreas familiarizado com as características básicas das aeronaves
envolvidas.
11.2 - INCÊNDIOS ESPECIAIS
Incêndios Especiais são aqueles que necessitam de agentes extintores específicos, visto
que os agentes convencionais encontrados normalmente a bordo são ineficazes.
Os metais alcalinos constituem um grande problema para as equipes responsáveis pelo
combate a incêndio, pois, na maioria das vezes, reagem violentamente ao contato com a água,
resultando no recrudescimento do incêndio ou em uma explosão. Assim, o estudo dos metais
empregados na construção da estrutura das aeronaves é de fundamental importância em
virtude de sua extrema sensibilidade ao calor.
11.2.1 - Materiais utilizados na estrutura de aeronaves
Os metais de um modo geral, com exceção daqueles pertencentes à classe “D”, são
normalmente considerados materiais não inflamáveis.
a) Alumínio
É um metal leve com boa condutividade elétrica e térmica. Nas suas formas usuais, não
apresenta risco na maioria dos incêndios. No entanto, seu ponto de fusão é de 660 ºC (1220
ºF), baixo o bastante para causar a destruição de uma estrutura não protegida. O alumínio não
se inflama espontaneamente e também não é considerado tóxico. As principais formas de
extinção de incêndios em alumínio são:
– Resfriamento com neblina de alta;
– Abafamento com espuma ou areia; e
– Alijamento para o mar.
b) Magnésio
É um metal branco brilhante, macio, dúctil e maleável. É usado como metal base para
endurecimento e fortalecimento de ligas utilizadas em estruturas. Seu ponto de fusão é de
648,8 ºC (1200 ºF). Na forma de pequenas partículas, entra em combustão, mas nas formas
sólidas maiores necessita de aquecimento acima de seu ponto de fusão para incendiar-se.
O magnésio se caracteriza pela queima violenta, intenso calor e uma forte luz branca e
brilhante. Quando aquecido ou queimando, reage violentamente com água e demais agentes
OSTENSIVO - 11-1 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
comuns encontrados a bordo. Os agentes extintores recomendados para combater incêndios
em magnésio são:
I) TRIMETHOXY BOROXINE (TMB)
O TMB é um produto químico, utilizado no estado líquido, sem água, desenvolvido
para uso nos “incêndios brancos” da combustão do magnésio e lançado de um recipiente
pressurizado, portátil, de 2 ½ galões (9,5 litros). Quando este líquido entra em contato com o
magnésio em combustão, ele queima com uma pequena chama verde, convertendo-se
quimicamente no seu principal componente, o óxido bórico. O óxido bórico deposita-se no
magnésio na forma de uma cobertura vítrea que imediatamente interrompe o acesso do
oxigênio ao metal em combustão;
II) MET-L-X
Dentre os agentes indicados para os incêndios em metais combustíveis como o
magnésio, o MET-L-X é mais comumente empregado. É composto de cloreto de sódio,
fósforo tricálcico e metal estearato (sais e esteres de ácido esteárico). Um aditivo
termoplástico que sob a ação do fogo une as partículas de cloreto de sódio, formando uma
massa sólida. Este agente possui a forma de pó, não é tóxico, não alimenta a combustão, não é
abrasivo e não conduz eletricidade. Geralmente o propelente é o bióxido de carbono (CO2). O
pó forma uma camada sólida, impedindo o contato do oxigênio com as chamas, extinguindo
por abafamento. É importante que a camada sólida não seja partida, o que permitiria a entrada
de oxigênio e consequente intensificação das chamas. O pó tem características de aderir em
superfícies quentes, envolvendo perfis irregulares e fundidos.
NOTAS
– O magnésio em combustão decompõe o jato sólido de água (H2O) nos seus elementos
básicos, separando as moléculas de hidrogênio (H), do oxigênio (O2), ambos inflamáveis, o
que poderá causar violenta explosão. O CO2 e o PKP terão pouco ou nenhum efeito extintor
sobre o magnésio em combustão.
– Cerca de 60% da fuselagem das aeronaves, são fabricadas em duro alumínio, 20% em
fibra de vidro e 20% policarbonato. Em algumas aeronaves, a porcentagem de alumínio
poderá evoluir para até 90%. Neste caso, a forma mais eficaz de combater o incêndio em sua
estrutura é a utilização da espuma mecânica (AFFF).
c) Titânio
O titânio é um metal branco, muito resistente, mais leve que o aço e se funde a 2000 ºC
(3632º F). É misturado com o aço para obtenção de ligas resistentes a altas temperaturas.
Entra em combustão facilmente quando disposto na forma de lâminas microscópicas e é
explosivo na forma de pó. Nas formas sólidas maiores oferece muito baixo risco de incêndio,
OSTENSIVO - 11-2 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
porém não é considerado tóxico. Os agentes extintores recomendados para extinguir incêndios
em titânio são:
MET-L-X;
NEBLINA DE ALTA;
AREIA OU TERRA SECA; e
ALIJAMENTO PARA O MAR.
11.2.2 - Outros metais combustíveis e seus agentes recomendados
– POTÁSSIO: MET-L-X, Fosfato de amônia;
– ZIRCÔNIO: LIGTH-X, Fosfato de amônia;
– ZINCO: Fosfato de amônia;
– LÍTIO: LITH-X, fosfato de amônia; e
– SÓDIO: MET-L-X e LIGHT-X (não usar CO2 ou PKP, pois estes agentes combinam-
se com a fumaça tóxica de sódio formando uma mistura altamente nociva).
Na ausência destes agentes extintores, poderão ser utilizados, em caráter de emergência,
neblina de alta, areia ou terra seca ou ainda o alijamento para o mar.
11.2.3 - Óleo hidráulico
O óleo hidráulico é utilizado em várias partes do sistema das aeronaves. Este óleo
normalmente é empregado a elevadas pressões e quando vaza, pulveriza-se numa névoa,
tornando-se explosivo. Os agentes extintores recomendados são:
– CO2;
– Pó químico;
– Espuma; e
– Neblina de alta velocidade.
11.3 - PROCEDIMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO DE AERONAVES
A ocorrência do acidente aéreo implica na possibilidade de perdas de vidas humanas
e/ou de material de alto custo. A bordo ele poderá assumir proporções ainda maiores,
colocando em risco a segurança do próprio navio. Por mais rígidos que sejam os padrões de
manutenção e segurança adotados, as aeronaves – como qualquer outro engenho mecânico –
sempre se acharão sujeitas a falhas que, somadas às decorrentes do fator humano, podem
produzir acidentes com graves consequências.
11.3.1 - Finalidade e atribuições da equipe de crache
As estatísticas apontam que cerca de 70% dos acidentes aeronáuticos ocorrem durante o
pouso e a decolagem. Esta proporção é aumentada quando falamos de operações aeronavais,
nas quais o pouso e a decolagem são realizados em plataformas móveis de tamanho reduzido,
onde o risco da ocorrência de um acidente é maior. Com base em todos esses fatores, a equipe
OSTENSIVO - 11-3 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
de “crache” foi criada com a finalidade de minimizar as graves consequências de um acidente
aéreo a bordo, sob dois tipos de atribuições:
a) Primárias
– Combater incêndios; e
– Salvar a tripulação.
b) Secundárias
– Alijar/remover a aeronave acidentada; e
– Reserva da equipe de manobra.
11.3.2 - Definições e responsabilidades
a) Equipe de “Crache”
Equipe orgânica do navio que, em caso de “crache” da aeronave a bordo, executará as
tarefas de combate a incêndio de aviação, de salvamento da sua tripulação e, se for o caso, de
alijamento da aeronave acidentada.
Compete à Equipe de “Crache”:
– Preparar, checar e manter em condições de pronto emprego, todos os equipamentos
contra incêndio e de salvamento disponíveis; e
– Em caso de crache da aeronave, combater o incêndio, se houver, resgatar a sua
tripulação e alijar os destroços, se necessário.
b) Equipe da lancha de prontidão ou bote inflável
Equipe orgânica do navio, responsável pelo resgate da tripulação em caso de “crache”
na água.
Compete à equipe de Lancha de Prontidão:
– Preparar, checar e manter em condições de pronto emprego a lancha de prontidão ou
bote inflável e equipamentos necessários; e
– Resgatar a tripulação da aeronave acidentada ou pousada no mar.

OSTENSIVO - 11-4 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

Fig. 11.1 - “Crache” na água

c) Oficial de Crache
É a função acumulada pelo Oficial de Lançamento e Pouso (OLP), que em caso de
acidente a bordo, coordenará as ações da equipe de crache durante as fainas de combate a
incêndio, remoção ou alijamento de destroços da aeronave acidentada.
Compete ao Oficial de “Crache”:
– Caso haja fogo, assumir de imediato o controle da faina, determinando o setor de
abordagem da aeronave pela turma de ataque;
– Solicitar à manobra a redução da velocidade do navio, a fim de facilitar o combate a
incêndio;
– Determinar o fechamento total da porta do hangar;
– Informar ao Comandante do navio a situação do sinistro; e
– Ao término da faina de combate a incêndio, solicitar a presença do médico ou
enfermeiro para proceder à retirada da tripulação;
– No caso de alijamento da aeronave, solicitar a permissão ao Comandante do navio
para fazê-lo; e
– Ao término da faina, dar o pronto ao Comandante do navio.
d) Líder de “Crache”
É a função exercida por um Sargento, cuja responsabilidade é auxiliar o Oficial de
“Crache” em suas atribuições, sendo ele o elo entre a equipe de “crache” e o respectivo
oficial.
Compete ao Líder de “Crache”:
– Por ocasião da prontificação do navio para as operações aéreas, verificar a presença
da equipe e informar as devidas faltas ao OLP;
– Supervisionar a manutenção e guarda do material de “crache”, bem como a sua
OSTENSIVO - 11-5 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
disposição ordenada e racional durante as operações aéreas; e
– Em caso de acidente, conduzir a equipe durante a faina de combate a incêndio.
e) Equipe de salvamento
São os auxiliares diretos do médico e/ou enfermeiro na operação de salvamento da
tripulação da aeronave acidentada.
Compete à Equipe de Salvamento:
– Em caso de acidente, cumprir os procedimentos de cabine (alijamento de portas, corte
de combustível, de bateria e frear o rotor); e
– Por ocasião da remoção das vítimas, auxiliar o médico e/ou enfermeiro nos primeiros
socorros e na imobilização e transporte das vítimas, se necessário.
f) Médico
É o oficial médico responsável pela coordenação das ações de salvamento da tripulação
da aeronave acidentada.
Compete ao Médico da Equipe de “crache”:
– Coordenar os primeiros socorros e prestar assistência médica às vítimas da aeronave
acidentada, no local, conforme a necessidade; e
– Orientar a retirada e transporte das vítimas.
g) Enfermeiro
É a praça especialista em enfermagem que, por ocasião do salvamento, é o encarregado
de prestar os primeiros socorros às vítimas.
Compete ao Enfermeiro da Equipe de “Crache”:
– Desconectar o plug do capacete;
– Afastar o microfone;
– Soltar ou cortar o tirante do capacete (jugular);
– Içar a viseira e fixá-la nessa posição;
– Folgar manualmente o capacete, segurando-o sob os fones, e removê-lo girando-o
ligeiramente para vante;
– Aplicar o colar cervical;
– Soltar ou cortar os tirantes do equipamento de sobrevivência individual;
– Soltar ou cortar os cintos de segurança;
– Remover e transportar os acidentados; e
– Auxiliar o médico no desempenho de suas funções.
11.3.3 - Composição de equipes
As equipes de crache deverão ser formadas de acordo com a classe de apoio do navio a
que se destinam. Em outras palavras, se o navio for dotado de convoo, o que implica em
OSTENSIVO - 11-6 - REV.2
OSTENSIVO CAAML-1202
pouso e decolagem de aeronaves além das fainas de pick-up e VERTREP, a equipe deverá ser
formada de modo que atenda a todas as suas necessidades, relacionadas tanto com a
operatividade quanto com a segurança. Do mesmo modo, se o navio for dotado de Área de
Transferência (ATr), o que implica apenas no emprego do gancho e/ou do guincho de
helicóptero, a composição da equipe deverá obedecer aos mesmos critérios.
A equipe de “crache” é, normalmente, composta da seguinte forma:
a) Para navios dotados de Plataforma de Voo (pousos e decolagens):
- Um oficial – oficial de “crache” (exercido pelo OLP);
- Um SG – líder de “crache”;
- Dois CB/MN – salvamento (vestem roupas especiais de proteção);
- Três CB/MN – operadores das linhas de espuma;
- Três CB/MN – operadores das linhas de proteção;
- Um oficial (Md) – médico; e
- Um SG/CB-EF – enfermeiro.
Obs.: Os navios dotados de canhão de espuma providenciarão o seu guarnecimento por
um elemento devidamente qualificado.
b) Para navios apenas com Área de Transferência – ATr (Pick-up e VERTREP):
- Um oficial – oficial de “crache” (exercido pelo OLP);
- Um SG – líder de “crache”;
- Três CB/MN – Manobreiros de carga/descarregador da eletricidade estática; e
- Um Reparo do Grupo de CAv, que deverá permanecer guarnecido durante as
operações aéreas e um SG/CB-EF – Enfermeiro.
c) Equipe da lancha de prontidão ou do bote inflável:
- Dois SG/CB-MG, podendo ser substituídos por duas praças cursadas em
NATSALV;e
- Tripulação necessária para manobrar a embarcação.
11.3.4 - Características dos componentes da equipe de “crache”
Tendo em vista o perigo e o tipo de missão que lhes é destinada, os componentes da
equipe de crache deverão ser selecionados dentre os membros da tripulação, a fim de dotar a
equipe de elementos com as seguintes características:
- Liderança;
- Agilidade;
- Iniciativa;
- Coragem;
- Paciência: e
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- Compleição física robusta (pelos menos dois).
A liderança é uma característica fundamental a ser destacada tanto no Oficial quanto no
Líder de “Crache”, uma vez que caberá a eles, respectivamente, a coordenação e condução da
equipe.
11.3.5 - Equipamentos e ferramentas utilizados pela equipe de “crache”
Os equipamentos e ferramentas abaixo apresentados são requisitos básicos e
obrigatórios para operação com aeronaves, de acordo com as normas em vigor da MB:
a) Tomadas de incêndio
Todas as áreas em que se realizam operações aéreas (Convoo, Área de “VERTREP”,
Área de “PICK UP”, Área de Reabastecimento em Voo e Hangar), deverão ser alcançáveis
por mangueiras alimentadas a partir de, pelo menos, duas tomadas de incêndio, as quais
deverão ser adjacentes, e posicionadas, preferencialmente, em ambos os bordos do convoo.
b) Extintores
I) Para uso no Convoo:
– Dois extintores portáteis de CO2 de seis quilogramas, com suporte para instalação em
cabide de antepara; e
– Um cilindro de pó químico de no mínimo setenta quilogramas em carreta.
II) Para uso no Hangar
– Dois extintores portáteis de CO2 de seis quilogramas, com suporte para instalação em
antepara, adicionais aos previstos no item I; e
– Dois extintores de pó químico de oito ou doze quilogramas, com suporte para
instalação em cabide de antepara, adicionais ao previsto no item I.
III) Para uso em áreas de “VERTREP”, “PICK UP” e “HIFR”
– Dois extintores portáteis de CO2 de seis quilogramas, com suporte para instalação em
cabide de antepara; e
– Dois extintores de pó químico de oito ou doze quilogramas com suporte para
instalação em cabide de antepara.
c) Ferramentas de crache e salvamento
Deverão ser guardadas em armário, nas proximidades do Convoo, disposta na Área de
“VERTREP”, na Área de “PICK UP” ou Área de Reabastecimento em Voo, conforme a
figura abaixo:
1) Um machado de CAV;
2) Um Corta Fio (tesourão para corte de cabos de aço);
3) Um pé-de-cabra com unha, de 30 ou 36 polegadas de comprimento;
4) Um arco de serra para metal;
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5) Uma chave de fenda com cabo isolado de ¼ de polegada;
6) Um alicate universal isolado, de 8 polegadas;
7) Uma faca de marinheiro e/ou faca em “V”; e
8) Uma lanterna de antepara ou jator elétrico (para os navios de Níveis de Operação I e
II).

Fig. 11.2 – Ferramentas de Crache

d) Roupa Especial de Combate a Incêndio


Dois conjuntos completos, que permitam a aproximação ao fogo (apenas para os navios
da Classe de Apoio 1, 2, e 3).
e) Embarcação de Salvamento
Uma lancha ou bote inflável para salvamento de tripulações.
11.3.6 - Fases de uma faina de “crache”
A fim de agir de forma ordenada e racional, uma faina de crache é dividida em três
fases:
– Faina de combate a incêndio;
– Salvamento da tripulação; e
– Alijamento da aeronave acidentada.
a) Faina de Combate a Incêndio
O potencial elevado para a ocorrência do incêndio durante o “crache”, advém da
coexistência de um volume considerável de combustível acondicionado em reservatórios de
frágil estrutura, componentes girando em altas rotações, sistema de combustão com altas
temperaturas e sistemas elétricos energizados.
A primeira ação por parte de equipe deverá ser o combate a incêndio, uma vez que os
sobreviventes, assim como a própria estrutura da aeronave, não resistirão por muito tempo.
Desta forma, o sucesso ou insucesso no combate a um incêndio dependerá da capacidade de
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OSTENSIVO CAAML-1202
se avaliar a situação, observando com eficiência e rapidez os vários fatores, aplicando os
princípios básicos e decidindo que providências deverão ser tomadas.
Convêm lembrar que a combustão é uma reação química que ocorre com a presença do
combustível, do comburente e da temperatura adequada. A técnica de combate a incêndios
consiste em suprimir um ou mais destes elementos. Como o combustível não pode ser
retirado, os meios de extinção baseiam-se no isolamento do comburente ou na diminuição da
temperatura, ou ainda na supressão desses dois fatores ao mesmo tempo.
O agente extintor mais usado para extinguir incêndios em aeronaves é a espuma
mecânica. Por sua ação de abafamento e resfriamento e pela possibilidade de ser empregada
em grande quantidade em um curto espaço de tempo.
No uso da espuma, alguns aspectos devem ser levados em consideração:
– Emprego de equipamentos adequados;
– Líquido gerador de boa qualidade e em quantidade suficiente; e
– Elementos da equipe adestrados.
Para combater o incêndio, o navio deverá ter, pelo menos, duas linhas de mangueiras,
uma de espuma e outra de água, sendo que será utilizada com aplicador de 4 pés de
comprimento, esguicho waterwall ou firefigther.
Uma faina de combate a incêndio de aviação poderá ocorrer nas seguintes situações:
– Incêndio durante a partida do motor; e
– Incêndio após o “Crache”.
I) Incêndio durante a partida do motor:
Por ocasião da partida do motor, caso seja observada alguma indicação de fogo, o OLP
alertará o piloto através do sinal preconizado de fogo no motor (oito deitado). O piloto
executará, então, os procedimentos de emergência preconizados, enquanto o elemento da
equipe que guarnece o extintor de CO2 deverá acioná-lo, procurando dirigir o jato para uma
das janelas laterais das carenagens que cobrem o motor. Fracassadas essas tentativas, antes
que o incêndio comece a ganhar maiores proporções, a equipe de crache entrará em ação
utilizando os agentes extintores indicados.
II) Incêndio após o ‘Crache”:
Havendo um acidente no convôo, o oficial de “crache” deverá assumir imediatamente o
controle da faina, coordenando as seguintes ações:
– O setor de abordagem da aeronave acidentada, sempre que possível, será a favor do
vento;
– Porta do hangar totalmente fechada;
– Guarnecer as linhas de mangueiras: uma de espuma e uma de proteção;
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OSTENSIVO CAAML-1202
– Líder de “Crache” conduzir os militares da linha de espuma ao avanço em direção ao
fogo até atingir uma distância em que o jato de espuma obtenha sua melhor eficiência;
– A linha de proteção deverá prover aos componentes da linha de espuma, uma barreira
de neblina de baixa velocidade de água;
– Os dois militares de aproximação devem permanecer próximos à porta do hangar,
com a carreta de pó químico (P-100) em condições de pronto uso.
Além da linha de proteção, o aplicador poderá ser utilizado das seguintes maneiras:
– Apagar as chamas no interior da fuselagem;
– Apagar as chamas de pontos elevados da aeronave;
– Resfriar os tanques de combustíveis;
– Resfriar o interior da cabine; e
– Resfriar o armamento.

Fig. 11.3 – Crache em convôo


b) Faina de Salvamento de Tripulação
Uma vez extinto o fogo ou eliminado o risco de sua ocorrência, deverá ser iniciada a
faina de resgate dos tripulantes. Esta fase será realizada em duas etapas:
I) Primeira etapa
Os militares com roupas especiais deverão aproximar-se da aeronave, levando em mãos
um machado de CAV e um instrumento cortante (faca em “V” ou marinheiro) e executarão os
seguintes procedimentos:
– Retirar a porta;
– Cortar o combustível;
– Desligar bateria; e
– Frear o rotor.
II) Segunda etapa
O enfermeiro e os militares de salvamento, orientados pelo médico, executarão a
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OSTENSIVO CAAML-1202
remoção dos tripulantes do interior da aeronave, observando os seguintes procedimentos:
– Identificar a vítima a ser prioritariamente removida, através de uma rápida avaliação
da situação dos acidentados. O acidentado será abordado pelas costas por um elemento da
equipe que, sob a supervisão do médico ou enfermeiro, deverá preocupar-se inicialmente em
manter a cabeça e o pescoço das vítimas imóveis e alinhados com o restante da coluna
vertebral;
– O médico ou enfermeiro iniciará a retirada do capacete de voo, obedecendo à
seguinte sequência:
– Desconectar o plug do capacete;
– Afastar o microfone;
– Soltar ou cortar o tirante do capacete (jugular);
– Içar a viseira e fixá-la nessa posição;
– Folgar manualmente o capacete segurando-o sob os fones, removê-lo girando
ligeiramente para vante e aplicar o colar cervical;
– Soltar ou cortar os tirantes do equipamento de sobrevivência individual;
– Soltar ou cortar os cintos de segurança; e
– Na retirada do acidentado, este terá o corpo inclinado levemente para frente, sem que
se permita curvatura nos seguimentos cervical, torácico e lombar da coluna vertebral; e
conduzido à maca para posterior transporte e atendimento na enfermaria.
c) Remoção ou alijamento da aeronave acidentada e seus destroços
Esta fase compreende não só a remoção da aeronave acidentada, mas também a
execução de todos os reparos de emergência na plataforma de pouso, seus acessórios e
equipamentos, permitindo prosseguir com as operações aéreas o mais rápido possível.
A remoção e/ou alijamento dos destroços ficarão a critério do Comandante do navio,
face às várias situações que possam se apresentar. Em situação que ponha em risco a
segurança do navio ou em combate, provavelmente, ele decidirá por lançar os destroços ao
mar, uma vez que a plataforma de voo deverá ficar desimpedida o mais cedo possível para o
prosseguimento das operações. Para isso, o Oficial de “Crache” deverá tomar os seguintes
procedimentos:
– Solicitar permissão ao Comandante do navio;
– Retirar as peias e os calços;
– Arriar totalmente as redes de proteção; e
– Avaliar se uma guinada com grande inclinação poderá facilitar o deslizamento dos
destroços.
Em tempo de paz, o Comandante poderá decidir por manter os destroços a bordo,
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OSTENSIVO CAAML-1202
visando facilitar o trabalho da Comissão de Investigação de Acidentes Aeronáuticos
(Cominativo).
11.3.7 - Flexibilidade dos procedimentos
Todos devem ter em mente que não há dois craches iguais. Assim, os procedimentos e a
sequência prevista na faina são doutrinários, porém não constituem regra única, sendo,
portanto, flexíveis.
Grande ênfase deve ser dada ao adestramento, priorizando a perfeita compreensão, por
parte de todos os componentes, dos vários aspectos que uma situação de emergência pode
apresentar, visando uma eficiente utilização dos recursos do navio.
11.3.8 - Liderança e ação eficiente
Há necessidade de que seja desenvolvido um forte sentido de liderança pelo Oficial de
“Crache” e pelo Líder do “Crache”, sendo o primeiro responsável pela coordenação de toda a
faina e o segundo pela condução da equipe para combater o sinistro. A natural excitação e
nervosismo por parte da equipe quando ocorre um acidente, pode transformar o pessoal em
uma massa incontrolável e a faina numa atividade desordenada e confusa. Por essa razão,
torna-se mais necessário um trabalho de equipe bem coordenado onde os atributos de
liderança devem ser postos em prática.
11.3.9 - Considerações gerais
Analisando as fases de um “crache”, verificamos que um acidente é sempre único e
singular, o que torna difícil prever as melhores medidas a serem tomadas. Entretanto, o líder
da faina deve ter conhecimento, adestramento e bom senso para rapidamente avaliar a
situação do sinistro, pois em muitas ocasiões pode ser viável dar combate a incêndio
simultaneamente à retirada dos tripulantes.
Deve-se ter sempre em mente:
– O incêndio poderá ocorrer a qualquer momento;
– É primordial o fator tempo numa faina de salvamento;
– A equipe deverá ser um conjunto selecionado, harmonioso e altamente especializado,
tendo em vista a missão que lhe cabe executar;
– O adestramento constante dos membros da equipe é o fator que mais contribui para o
êxito das operações;
– Os navios e as aeronaves devem estar sempre preparados a atender as exigências de
segurança de toda espécie;
– Quando ocorrer um “crache”, deve-se considerar a possibilidade de incêndio
imediatamente após o impacto, inclusive durante a fase de salvamento;
– Um incêndio em aeronave caracteriza-se pela tendência de atingir uma grande
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OSTENSIVO CAAML-1202
intensidade num pequeno espaço de tempo, bem como acarretar um grande risco às pessoas a
serem salvas;
– Os locais sob a responsabilidade da equipe de crache devem estar sempre limpos,
arrumados e conservados, pois todo o profissional competente reconhece que a limpeza e a
organização influem diretamente no poder operacional de qualquer atividade; e
– Antes da remoção dos destroços da aeronave, seus tanques de combustível deverão
ser esvaziados, bem como a área que a circunda deve ser abundantemente lavada e limpa de
todo e qualquer líquido inflamável derramado. As peças de magnésio deverão ser isoladas
com pó seco, a fim de evitar a sua reignição. Assim, deverá estar presente um militar portando
um extintor durante toda a faina de remoção.

OSTENSIVO - 11-14 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
ANEXO A
MODELO DE KILLCARD
NOME:
LOCALIZAÇÃO:
KILL CARD N0 ________

CONTROLES DAS VENTILAÇÕES PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA

MOTOR CONTROLE TAMPAS E FLAPES NO COMPARTIMENTO ADJACENTES AO


(LOCAL/CLASSIF.) COMPARTIMENTO

VENTILAÇÃO

ISOLAMENTO ISOL. MECÂNICO


EXTRAÇÃO ELÉTRICO (LOCAL / CLASSIF.)

VENTILAÇÃO NATURAL

( LOCAL / CLASSIF. )

PROCEDIMENTOS:
REMOÇÃO

DE
FUMAÇA

LOCALIZAÇÃO / PROCEDIMENTOS: EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO


ACESSÓRIO

PARA
DENTRO DO COMPARTIMENTO FORA DO
ESGOTO
COMPARTIMENTO

FIXO PORTÁTIL FIXO PORTÁTIL


OUTROS

ACESSÓRIOS DE
Cav

(LOCAL / CLASSIF.)

ESQUEMA DO COMPARTIMENTO COMPARTIMENTOS ADJACENTES


ACIMA:

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OSTENSIVO CAAML-1202

ANEXO B
QUADRO DE CONTROLE PARA MÁSCARA
A B C D E F G
MÁSCARA OPERADOR FUNÇÃO PRESSÃO TEMPO HORA INÍCIO HORA PREP. HORA INÍCIO HORA FIM
nº CILINDRO P/ APITO RENDIÇÃO RETORNO AMPOLA

INSTRUÇÕES PARA A FAINA:


1 – Anote o número da máscara que será usada;
2 – Complete as colunas “A”, “B” e “D”;
3 – Use a tabela ao lado para preencher a coluna “C”;
4 – Some as colunas “C” e “D” e complete a coluna “F”;
5 – Subtraia 7 minutos da coluna “F” e complete a coluna “E”;
6 – Some 7 minutos à coluna “F” e complete a coluna “G”;
7 – Verifique se os tirantes da máscara facial estão na posição correta;
8 – Verifique se a válvula de demanda está no modo “Pressão Positiva”;
9 – Verifique se o Operador realizou o Teste de Selagem;
10 – Se o Operador não se apresentar até a “Hora do Fim da Ampola” (coluna “G”), informe imediatamente ao Encarregado do Reparo; e
11 – A utilização de máscaras com pressão menor que 180 BAR só deve ser autorizada com o conhecimento do Oficial de CAv/OFSVC.

OSTENSIVO – B-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

TABELA DE TEMPO APROXIMADO


DE UTILIZAÇÃO DA MÁSCARA
PRESSÃO (BAR) TEMPO PARA O APITO
300 40 min
282 37 min
267 35 min
252 33 min
237 31 min
222 29 min
207 27 min
200 26 min
195 25 min
180 23 min
165 20 min
150 18 min
135 15 min
120 13 min

OSTENSIVO – B-2 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
ANEXO C

QUADRO DE CONTROLE DE MÁSCARA EDBA

A B C D F E
MÁSCARA PRESSÃO TEMPO HORA INÍCIO HORA FIM
nº OPERADOR FUNÇÃO CILINDRO P/ APITO HORA INÍCIO RETORNO AMPOLA

INSTRUÇÕES PARA O INÍCIO DA FAINA:


1 – Anote o número da máscara que será usada;
2 – Complete as colunas “A”, “B” e “D”;
3 – Use a tabela ao lado para preencher a coluna “C”;
4 – Some as colunas “C” e “D” e complete a coluna “F”;
5 – Subtraia 7 minutos da coluna “F” e complete a coluna “E”;
6 – Some 7 minutos à coluna “F” e complete a coluna “G”;
7 – Verifique se os tirantes da máscara facial estão na posição correta;
8 – Verifique se a válvula de demanda está no modo “Pressão Positiva”;
9 – Verifique se o Operador realizou o Teste de Selagem;
10 – Se o Operador não se apresentar até a “Hora do Fim da Ampola” (coluna “G”), informe imediatamente ao Encarregado do Reparo; e
11 – A utilização de máscaras com pressão menor que 180 BAR só deve ser autorizada com o conhecimento do Oficial de CAv/OFSVC.

OSTENSIVO - C-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

TABELA DE TEMPO DE UTILIZAÇÃO DA MÁSCARA

PRESSÃO TEMPO PARA O PRESSÃO TEMPO PARA O


(BAR) APITO (BAR) APITO
300 60 min 160 36 min
280 58 min 140 32 min
260 55 min 130 30 min
240 50min 120 28min
220 48 min 110 26 min
200 a 207 45 min 100 24 min
180 40 min 55 12 min

OSTENSIVO - C-2 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202

ANEXO D

PAPELETA DE CONTROLE DAS CONTENÇÕES

MONITORAGEM DE TEMPERATURA (°C)


COMPARTIMENTO NÚMERO HORA HORA HORA HORA HORA HORA HORA

OSTENSIVO - D-1 - REV.2


OSTENSIVO CAAML-1202
ANEXO E
MARINHA DO BRASIL
NAVIO XXXXX
TABELA DE PLOTAGEM DE FERIDOS

ROTA DE
Nº BORDO NOME HORA TIPO DE ACIDENTE REMOVIDO (H)
REMOÇÃO

OSTENSIVO - E-1 - REV.2

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