Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Introdução
NOS ÚLTIMOS QUARENTA e cinco anos, as culturas ocidentais anteriormente
desinformadas tornaram-se constantemente conscientes da ideia da
iluminação. Embora a busca pela iluminação dificilmente seja uma
preocupação dominante, uma vibrante subcultura de buscadores se
desenvolveu desde a invasão de swamis, lamas e roshis da América no final
dos anos 60. Do ponto de vista de uma vida individual, quarenta e cinco anos é
muito tempo, mas, do ponto de vista de uma cultura capaz de atender às
necessidades dos que buscam a libertação, ela é realmente muito pequena.
Culturas dedicadas ao conhecimento de objetos materiais evoluem de forma
relativamente rápida. O desenvolvimento de uma cultura científica, psicológica
ou literária sofisticada leva muito mais tempo - algumas centenas de anos,
talvez.
i
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
Não pensei nisso na época, mas parece que ele era profético. A razão é
simples: muitos buscadores têm trabalhado diligentemente por si mesmos
durante anos e amadureceram como seres humanos. Consequentemente, eles
estão bem preparados para entender a mensagem contraintuitiva e radical do
Vedanta - a saber: apesar das aparências em contrário, a realidade é uma
consciência não-dual. O que isto significa e como isso beneficia os seres
humanos em sua busca pela libertação da limitação é o assunto deste livro.
ii
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
Embora seja inspirador, não é apenas mais uma vaga leitura inspirada.
~ James Swartz
iii
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
Capítulo I
O que eu quero?
Motivações
É muito importante ver a realidade como ela é, não como você acha que é
ou quer que seja. Todos estão orgulhosos de seu conhecimento espiritual,
1
Veda significa “conhecimento” em Sânscrito e anta significa “fim”. A palavra
composta “Vedanta” tem dois significados: (1) o conhecimento que finaliza a busca por
conhecimento e (2) o conhecimento consagrado no final de cada um dos quatro
Vedas. Os Vedas são os textos existentes mais antigos sobre o tema da consciência,
o Ser pleno.
1
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
então você terá uma tendência a avaliar o Vedanta de acordo com as suas
próprias ideias, mas isso não funciona. Depois de ter escutado os
ensinamentos, você deve avaliar o que sabe com referência ao que escutou, e
não o contrário. Se você avaliar o ensino com referência às suas crenças e
opiniões, você falhará. O sentimento de incompletude, separação e limitação
permanecerá.
Uma vez que você tenha escutado o ensinamento completo, como ele é,
você pode deixar suas crenças e opiniões interagirem com a verdade,
mantendo aquelas que fazem sentido e descartando aquelas que não fazem.
Este, o segundo estágio da autoinvestigação, é a reflexão ou a contemplação.
Se você se render a esse processo, terá sucesso.
Você não obterá conhecimento parcial ou será enganado por uma pessoa
“iluminada” se escutar o Vedanta, porque é uma tradição comprovada pelas
escrituras. Se você conhece a fonte dessa grande sabedoria, pode verificar se
estou ensinando a verdade ou apenas o que penso ou acredito. Ensinar as
escrituras também me protege. Se você tem algum desentendimento com algo
2
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
que você escuta, o desentendimento será com o ensino, não comigo. Escutar
coisas que você não gosta é inevitável. Por favor, não me culpe. Eu sou uma
boa pessoa e não quero incomodá-lo, mas às vezes tenho que dar más
notícias.
Todo mundo quer ser livre e feliz, sentir-se pleno e completo. Se você
acha que existe outra razão pela qual você está aqui na Terra nesse corpo, a
autoinvestigação não é para você. Quando as pessoas querem ser livres e
felizes, elas perseguem coisas que acreditam que as tornarão livres e felizes.
3
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
pessoas não têm tempo para buscar o prazer. Em nosso mundo, os luxos
tornaram-se necessidades.
4
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
autoestima trabalham duro para se tornarem santas e boas. Este esforço para
ser virtuoso é muito triste porque nada está realmente errado com você.
A felicidade existe?
Todo mundo se sente feliz por um minuto ou dois, uma hora, uma semana ou
um mês. Isso prova que a felicidade existe. Mas de onde vem isso?
Quando você consegue o que quer, você se sente livre, feliz, pleno e completo.
Isso significa que o sentimento de felicidade - plenitude - completude -
liberdade vem do objeto? Você não persegue as coisas para se tornar infeliz.
Você busca o que busca porque acredita que a alegria está de alguma forma
contida no objeto.
5
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
Você vai a uma reunião. Você vê alguém que se encaixa em sua fantasia. Seus
olhos se encontram na sala. Você sente um arrepio excitante.
Se você não pode aceitar esse fato agora, ainda podemos ensiná-lo.
Vamos aceitar sua alegação de que a felicidade está nos objetos. Antes de
prosseguirmos, deixe-me fazer a seguinte pergunta: Que tipo de felicidade é
essa? Você não pode afirmar que é felicidade permanente. Quando a
experiência termina, a sua sensação de incompletude retorna e você tenta se
reconectar com o mesmo objeto ou você procura um novo objeto. Você pode
argumentar que a felicidade objetiva funciona se você puder ficar conectado
com as coisas que parecem te fazer feliz. Mas os objetos vêm e vão. Nenhum
objeto fica permanentemente em sua vida. A única constante sou eu, o sujeito!
O Vedanta afirma que a natureza do sujeito é uma bem-aventurança ilimitada.
É uma afirmação que vamos provar de várias maneiras. Mas se você está
apegado à sua crença no valor dos objetos para a felicidade, por favor, aceite
provisoriamente a nossa visão como uma hipótese de trabalho e ouça esses
ensinamentos. Você pode mudar de ideia.
Objetos não funcionam como fonte de felicidade por uma razão muito
simples: eu busco plenitude embora eu já seja pleno. Eu faço isso porque não
sei quem eu sou.
6
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
desvantagem. Todo ganho implica uma perda. Por exemplo, você se apaixona
e descobre a intimidade. Mas você também sofre de apego. Viver na casa dos
seus sonhos te faz feliz, mas para isso você tem que pagar uma hipoteca e
uma quantia alta por trinta anos, o que não te faz feliz. A vida é assim. Não há
como vencer o sistema e obter apenas o lado positivo das experiências da
vida. Como diz o poeta, a vida é “alegria e tristeza entrelaçadas”. É um jogo de
soma zero.
Definição de um Objeto
Se algo é conhecido por mim, ele não pode ser ‘Eu’. Objetos físicos,
pensamentos, emoções e minhas experiências no mundo são objetos
conhecidos por mim.
7
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
tentar experienciá-lo lá fora, você não pode. Não importa o quão perto você
chegue do cachorro, é sempre um objeto em sua mente. Você não pode
simplesmente pular de seu corpo-mente e experienciar objetos, porque os
objetos não estão localizados onde eles parecem estar. Eles sempre parecem
estar longe de nós, mas não estão. Aqui está uma das afirmações
contraintuitivas do Vedanta: os objetos não são reais. Quando dizemos que
eles não são reais, queremos dizer que eles nunca permanecem os mesmos
de segundo para segundo e eles são compostos de partes. Qual parte do
cachorro é realmente o cachorro? O cabelo, os dentes, as patas, o nariz? E se
o cachorro é o nariz, o que é o nariz? É uma agregação de partículas que
mudam de acordo com várias leis naturais. Então, qual partícula é a partícula
do nariz? Quando você chega muito perto do cachorro, ele é apenas uma
porção de pelos.
Definição de Real
Algo é real se nunca muda. Objetos não são reais, porque eles mudam. Se
você pensar sobre isso com cuidado, esse fato irá perturbá-lo porque você não
perseguiria objetos se soubesse que eles eram irreais.
8
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
Assim, vemos que os objetos não estão longe de nós em um mundo "lá
fora". Eles são experienciados e conhecidos "em" nós. Se levarmos nossa
investigação um pouco mais adiante, chegaremos ao fato que é a base do
Vedanta, o conhecimento que nos liberta da dependência de objetos:
descobriremos que a realidade é não-dual e que não podemos depender de
objetos porque eles são nós mesmos. Se nossa análise é verdadeira - e é -
9
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
Os Objetos Sou Eu
A mosca na sopa da dualidade é esta: o corpo não pode ser você, porque é um
objeto conhecido por você da mesma maneira que qualquer outro objeto é
conhecido por você. Como o corpo, você não é suas emoções ou seus
pensamentos ou qualquer coisa que acontece com você, porque todos esses
objetos são conhecidos por você. Minha mão sou eu, mas eu não sou a minha
mão. Se minha mão for removida, ainda sou o mesmo. Claro, se eu sou o
corpo, não sou o mesmo. Eu sou um corpo com uma mão.
2
A palavra “consciência" é sinônima de "conhecimento" (como princípio
conhecedor). Ambas se referem ao "Eu" real, o "sujeito". Evito propositalmente usar os
termos sânscritos Brahman e Paramatma porque não temos como avaliá-los fora da
tradição Sânscrita. Ambas as palavras também referem-se à consciência plena
(chaitanyam e chetena) vista de ângulos ligeiramente diferentes. E não há diferença
entre elas. Costumo favorecer a palavra “conhecimento" ou "consciência-plena"
porque a mente ocidental tende a ver a ”consciência” como objetos que aparecem na
mente, o que cria um problema, porque o objetivo da autoinvestigação é distinguir a
consciência da mente, e dos objetos que aparecem nela.
10
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
Definição de Não-Dualidade
Faz uma enorme diferença saber que tudo é realmente você, não alguém
ou outra coisa. O conflito praticamente desaparece e os pequenos conflitos que
se desenvolvem são facilmente resolvidos. Além disso, faz uma diferença
igualmente grande saber que você está livre dos objetos.
Para registro, essa pessoa - aquela que você está tentando mudar ou se
livrar - permanece quando você sabe quem você é. Ela só é conhecida por ser
um objeto não separado de você, consciência, a testemunha não-
experienciada. Aquela pessoa, que lhe causa tantos problemas, é um problema
só porque você se identifica com ela. Quando você entende claramente que
não é exclusivamente essa pessoa e se identifica com quem você realmente é,
ela aparece como uma boa amiga, uma inimiga sem dentes ou, na pior das
hipóteses, apenas um pacote divertido de tendências irracionais. Você pode se
sentir um pouco tolo quando percebe que foi enganado pela dualidade e que
você é, na verdade, consciência, a testemunha não-experienciadora. Não se
11
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
repreenda por ter pensado ser a consciência experienciadora por tanto tempo.
Todos são enganados pela dualidade.
12
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
Eu preciso de dinheiro para segurança, mas meu desejo de gastar (o quão bom
é o dinheiro se você não pode gastá-lo?) me deixa inseguro. Quanto mais
prazer recebo, mais prazer eu desejo. Querer é doloroso. Eu quero ter o poder
de ser livre do meu senso de inadequação e pequenez, mas o poder depende
de circunstâncias que não estão sob meu controle, fazendo com que eu me
sinta impotente. Eu quero ser perfeito, mas quanto mais perfeito eu me torno,
mais as imperfeições ocultas vêm à luz. Eu quero aproveitar a intimidade de
um relacionamento, mas para consegui-lo eu preciso estar ligado ao objeto,
então eu perco a minha liberdade. Se eu quero ser livre, tenho que sacrificar a
intimidade. E a lista continua.
A Quarta Busca
Nada está errado com os objetos em si. Mas eles são apenas um meio
indireto para a felicidade temporária. Como o objetivo real de perseguir objetos
é a libertação, eu preciso de um caminho direto. Neste caminho, eu vou
diretamente para a felicidade. Eu entendo claramente que os objetos não vão
ajudar. Você não é uma pessoa madura, espiritualmente saudável, qualificada
para a investigação, a menos que você entenda esse ensinamento sobre
objetos.
13
A ESSÊNCIA da ILUMINAÇÃO: VEDANTA, a CIÊNCIA da CONSCIÊNCIA
de uma coisa para outra, nunca encontrando sucesso em uma coisa, porque
acreditam que algo mais funcionará melhor ou mais rápido.
14